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Francesco Morosini

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Francesco Morosini
Francesco Morosini
Doge de Veneza
Reinado 3 de abril de 1688-6 de janeiro 1694
Antecessor(a) Marcantonio Giustinian
Sucessor(a) Silvestro Valier
Nascimento 26 de fevereiro de 1618
  Veneza, República de Veneza
Morte 6 de janeiro de 1694 (75 anos)
  Nauplia, Grécia
Sepultado em Igreja de Santo Estêvão (Veneza), Veneza
Dinastia Morosini
Pai Pietro Morosini
Mãe Maria Morosini
Medalha em honra do doge Morosini pelos feitos militares na Guerra da Moreia.

Francesco Morosini (Veneza, 26 de fevereiro de 1618 - Náuplia, 6 de janeiro de 1694) foi o 108.º Doge de Veneza entre 1688 e 1694, durante o auge da Grande Guerra Turca. Foi o responsável pela destruição do Partenon, em Atenas, em 1687.

Nascido em família nobre, filho de Pietro e de Maria Morosini (prima do pai), segundo as crónicas da época a vida de Francesco Morosini foi transtornada em tenríssima idade pela estranha morte da mãe (afogada quando tentava salvar a vida do marido que tinha caído à água) o que fez com que durante muito tempo suspeitasse da inocência do pai. Talvez este episódio e a consequente má relação com a nova madrasta tenham feito nele um espírito rebelde e belicoso. Encaminhado para os estudos clássicos, mostrou-se mais interessado nas batalhas e na estratégia, alistando-se cedo nas armadas venezianas. Demasiado empenhado nas armas nunca se casou. Teve dois irmãos.

Carreira militar

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Jovem marinheiro durante os anos trinta do século XVII, só o rebentar da guerra contra os turcos em 1644 e uma notável fortuna da sua família lhe permitiram dar livre curso aos seus instintos e à sua capacidade de forma completa. Quase perdida a ilha de Creta, só se manteve em poder de Veneza a cidade de Heraclião, a capital da ilha, que rapidamente ficou sob ataque do inimigo. Nomeado comandante das forças terrestres na cidade por duas vezes (1646-1661 e 1667-1669) conseguiu organizar as suas tropas até ao ponto de a cidade resistir durante 23 anos. As terríveis batalhas reduziram a escombros a cidade e preencheram com cemitérios militares a ilha (entre os venezianos houve cerca de 30 000 mortos e cerca de 80 000 entre os turcos), mas a situação mudou consideravelmente.

Em 6 de setembro de 1669, dada a impossibilidade objectiva de maior resistência, Morosini assina um acordo de paz com o inimigo e cedeu a cidade. No entanto conseguiu no acordo preservar algumas fortalezas próximas. A capitulação foi gloriosa e honrosa para os derrotados venezianos, que puderam levar a artilharia de Creta, conservaram na ilha as fortalezas de Suda, Espinalonga e Carabus e os turcos devolveram Clissa na Dalmácia. Os muçulmanos finalmente comprometeram-se a não entrar na cidade durante doze dias para deixar partir livremente todos aqueles que quisessem fazê-lo. Quando os turcos entraram em Heraclião encontraram apenas apenas dois monges gregos, três judeus e uma pobre mulher em toda a ilha que tinha até então uma população de 22 000 almas.

A sua excessiva autonomia (e desvio de dinheiros públicos) custou-lhe um processo em 1670 por insubordinação e apropriação inadequada que, no entanto, o inocentou. O fim da guerra e da relativa calma que se seguiu por algum tempo, fê-lo mudar para Friul. Parecia o início da sua reforma após uma juventude cheia de eventos e privilégios, mas a República, apesar de estar militarmente e economicamente prostrada, não aceitou o tratado de 1669 mas sim a proposta da Áustria para aliar-se a Veneza na sua guerra contra o Império Otomano em 1683, para vingar a afronta sofrida.

Morosini, um dos últimos grandes comandantes venezianos, foi rapidamente nomeado chefe militar. Nos anos seguintes (1683-1687), com uma frota relativamente pequena e equipamento de fraca qualidade conseguiu vitórias admiráveis nas fortalezas da ilha tidas por inconquistáveis.

Além de ameaçar as fronteiras do Império Otomano no Mar Mediterrâneo, em 1684 conquistou a ilha de Santa Maura (Lêucade). Em 1685 foi a vez de Córon e Maina. Em 1686, com o seu tenente Otto Wilhelm Königsmarck, um sueco que entrara ao serviço da República, tomou a Ilha Navarino, Modon, Argo e Náuplia e em 1687 todo o Peloponeso exceto Monemvasia e Mistras, estava em suas mãos e, em seguida, apoderou-se de Patras e Lepanto por Corinto e de Atenas.

Durante o cerco de Atenas, em 26 de setembro de 1687, um morteiro atingiu o parcialmente destruído Partenon, que os muçulmanos utilizavam como depósito de pólvora. Foi nessa época que se desmoronou o telhado do templo, que até então tinha permanecido milagrosamente intacto.

Em 1687, por seu mérito no campo de batalha, obteve do Senado veneziano, algo que nunca antes acontecera, o título de peloponesíaco e um busto de bronze em sua honra (coisa proibida para as pessoas em vida e raríssima para os já falecidos). A inscrição indica "Francisco Morosini, Peloponnesiaco, adhuc vivendi, Senatus" ("O Senador Francesco Morosini, Peloponesíaco, ainda vivo")[1].

Refutada a sua candidatura ao dogado em 1684, com a morte de Marcantonio Giustinian (23 de março de 1688) a 3 de abril de 1688 foi eleito doge de Veneza. A noticia chegou-lhe durante um cerco e para o honrar, a sua coroação teve lugar na presença dos seus soldados entusiastas. Voltou a Veneza em 1690, cansado de tantas expedições, para gozar de tratamentos de favor e privilégios que nunca tivera antes.

Durante este período observou-se uma certa vaidade excessiva que destruiu um pouco a fama de grande homem que obtivera com as suas vitórias. Demasiado arrogante para os senadores e demasiado vaidoso para o povo, decidiu-se enviá-lo novamente para chefiar as tropas visto que os generais que o tinham substituído não se encontravam à sua altura.

Em maio de 1693 partiu de Veneza com a sua frota e rapidamente se lançou em novas batalhas e cercos voltando a retomar o caminho das vitórias (três batalhas em poucos meses). Morosini, porém, era já velho, e não conseguia aguentar o peso físico e moral de uma expedição militar. Doente, foi trasladado para a cidade peloponésica de Náuplia, onde morreu em 6 de janeiro de 1694.

Depois da sua morte, foi erigido um grande arco de mármore no Palácio Ducal de Veneza, enquanto que o seu gato, ao qual Morosini estava muito apegado, foi embalsamado e exposto no Museu Correr.

Referências

  1. Finlay, George (1856). The History of Greece under Othoman and Venetian Domination. Londres: William Blackwood and Sons. p. 220 


Precedido por
Marcantonio Giustinian
Doge de Veneza (108.º)
1688 - 1694
Sucedido por
Silvestro Valier