Golpe de 18 de Brumário
Golpe de 18 de Brumário do Ano VIII | |
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O general Bonaparte no Conselho dos Quinhentos, por François Bouchot. | |
Outros nomes | Coup d'état of 18 Brumaire |
Participantes | Napoleão Bonaparte Emmanuel Joseph Sieyès Charles-Maurice de Talleyrand Paul Barras Charles-François Lebrun |
Localização | Paris, França |
Data | 9 de novembro de 1799 |
Resultado | |
Anterior | Campanha do Egito (1798) |
Posterior | Segunda Coligação (1799) |
O Golpe de 18 de Brumário do Ano VIII (de acordo com o Calendário Republicano Francês) foi um golpe de Estado ocorrido na Primeira República Francesa em 9 de novembro de 1799, que colocou fim ao regime do Diretório e à Revolução Francesa, dando início à Era Napoleônica.[1]
Contexto
[editar | editar código-fonte]O regime do Diretório, que governava a França desde 1795, estava marcado pela corrupção de seus dirigentes, por inúmeros golpes de Estado, pela agitação popular e militar e por uma profunda crise econômica. À esquerda e à direita, desde jacobinos até monarquistas, o Diretório era golpeado com críticas e levantes. Até mesmo entre seus defensores, a burguesia, havia uma crescente insatisfação contra o regime.
Por outro lado, nacionalismo, glórias militares e ideais de igualdade fascinavam os franceses nesse período. Nesse contexto, o jovem Napoleão Bonaparte valia-se de suas ações militares no Egito e de sua vitória sobre os exércitos ítalo-austríacos para criar sua imagem de herói nacional. O general recebeu uma recepção apoteótica quando retornou a Paris e, em seguida, começou a planejar um golpe de Estado com outros conspiradores.[1]
Napoleão, ainda que jovem, destacou-se como um dos mais respeitáveis generais do Exército Francês durante a Revolução. Sua habilidade na guerra devia-se principalmente à verdadeira reforma que empreendeu no meio militar, concedendo vantagens, motivação, profissionalização e, sobretudo, a infusão de um espírito nacional aos soldados. O exército de Napoleão foi o primeiro exército da história ligado à ideia de "nação", ao contrário dos exércitos tradicionais da época, associados à aristocracia.[2]
A burguesia e membros do Diretório - em particular o Diretor Emmanuel Joseph Sieyès - perceberam que o general Bonaparte era o homem certo para consolidar um novo regime. Propuseram-lhe, então, que utilizasse a força de suas tropas para assumir o governo.
Golpe
[editar | editar código-fonte]Numa ação eficaz, apesar de tumultuada, Napoleão cercou o Conselho dos Quinhentos e forçou a demissão dos membros do Diretório, tomando o poder para si.[2] Grande parte do Conselho protestou furiosamente, assim como os diretores Louis Gohier e Jean-François-Auguste Moulin, que tentaram resistir ao golpe, porém, sem sucesso.
No momento do golpe, deputados exigiram respeito à Constituição de 1795 (Ano III), ao que Napoleão respondeu:[3]
A Constituição! Vocês mesmos a destruíram! Vocês a violaram em 18 de Frutidor; a violaram em 22 de Floreal; a violaram em 30 de Prairial. Ela já não tem o respeito de ninguém!
Em plena crise política e econômica, os promotores do golpe criaram o Consulado, estabelecendo um novo regime na França, protagonizado por Napoleão Bonaparte, que assumiu o título de Primeiro Cônsul. O golpe foi acolhido com entusiasmo por grande parte da população e, principalmente, pela burguesia, que aspirava à paz, à ordem interna e à normalização das atividades econômicas. Por outro lado, os conspiradores acreditavam que acabariam por reduzir a importância de Napoleão, utilizando-o apenas como a "espada" que levaria a cabo o movimento golpista.[4]
Consequências
[editar | editar código-fonte]Após o Golpe de 18 de Brumário, uma nova Constituição foi redigida e os poderes da República se concentraram nas mãos de três cônsules: Napoleão Bonaparte, Roger Ducos e o próprio Sieyès,[5] sendo os dois últimos substituídos logo em seguida por Jean-Jacques-Régis de Cambacérès e Charles-François Lebrun.
Posteriormente, Napoleão dominaria completamente o cenário político, tornando-se Cônsul Vitalício, em 1802, e Imperador dos Franceses, em 1804.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b «Hoje na História: Napoleão dá o golpe do 18 Brumário». Opera Mundi. Consultado em 2 de abril de 2016
- ↑ a b «Era Napoleônica». História do Mundo. Consultado em 2 de abril de 2016
- ↑ Doyle, William (2002). The Oxford history of the French Revolution. Internet Archive. [S.l.]: Oxford University Press. p. 375
- ↑ Doyle, p. 375.
- ↑ Crook, Malcolm (1999). «The Myth of the 18 Brumaire». H-France Napoleon Forum. Consultado em 12 de dezembro de 2007. Cópia arquivada em 18 de janeiro de 2008
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Doyle, William (1990). The Oxford History of the French Revolution 2 ed. Oxford; New York: Oxford University Press. ISBN 9780199252985
- Lefebvre, Georges; Soboul, Albert (1962). The Directory. London: Routledge and Kegan Paul. OCLC 668426465
- Lefebvre, Georges. The French Revolution Volume II: from 1793 to 1799 (1964) pp 252–56
- Ludwig, Emil (1927). «Book Two: The Torrent». In: Allen, George. Napoleon (PDF) (em inglês). Traduzido por Eden, Paul; Cedar, Paul 2nd ed. London, United Kingdom of Great Britain: Unwin Brothers, Ltd. pp. 53–164. Consultado em 15 de junho de 2021
- Rapport, Michael (Janeiro de 1998). «Napoleon's rise to power». History Today
- Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.