Yusuf ibn 'Abd al-Rahman al-Fihri
Iúçufe ibne Abderramão Alfiri | |
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Morte | 759 |
Etnia | Árabe |
Progenitores | Pai: Abderramão |
Ocupação | Uale e general |
Religião | Islamismo |
Iúçufe Abderramão[1] (ou Abederramão,[2] Abderramane[3] e Abederramane[4]) Alfiri[5] (em árabe: يوسف بن عبد الرحمن الفهري; romaniz.: Yusuf ibn 'Abd al-Rahman al-Fihri)[6] foi uale (governador) omíada de Narbona na Septimânia e do Alandalus de 732 a 759, governando independentemente após o colapso do Califado Omíada de Damasco em 750. Em 755, após anos de exílio, herdeiro omíada e futuro Abderramão I (r. 756–788) desembarcou no Alandalus e Iúçufe o enfrentou pelo controle da região, mas terminou derrotado.
Vida
[editar | editar código-fonte]Iúçufe era filho de Abderramão[7] e descendente de Uqueba ibne Nafi, fundador de Cairuão.[8] Após a Batalha de Poitiers de 732, foi nomeado uale de Narbona, de acordo com a Crônica de Moissac, onde ficou no comando de operações militares. Diz-se que por quatro anos invadiu e saqueou o Baixo Ródano, e em 735 conquistou Arles.[9] Como muitos de seus antecessores, lutou para controlar as brigas entre os berberes (a maior parte de sua base de poder) e os árabes, e também teve que lidar com disputas perenes entre as tribos árabes adenanitas e catanitas que compunham suas forças.[10]
Após a instabilidade da Revolta Berbere (739–743) no Alandalus, foi concluído um acordo entre diferentes facções árabes para que houvesse alternância do cargo de uale.[11] Em 746, foi nomeado uale do Alandalus[12] e após anos de mandato, se recusou a resignar. Concomitantemente, em 750, os omíadas foram derrubados em Damasco. Foi apontado inclusive que realmente governava como rei (maleque), e não governador (uale). Depois de se tornar governante, conduziu um censo,[11] que foi utilizado pelo bispo Hostégesis de Málaga à produção duma lista de contribuintes de impostos e da jizia. O bispo fazia então visitas anuais para garantir que os impostos fossem cobrados corretamente.[13]
Em 755, Iúçufe tentou uma revolta em Saragoça e lançou uma campanha contra os bascos de Pamplona, mas o destacamento enviado foi aniquilado.[14] No mesmo ano, o príncipe omíada Abderramão ibne Moáuia, que havia fugido da Síria em 750 para escapar dos abássidas, desembarcou na costa sul do Alandalus.[15] Com a sua chegada, os andalusinos se dividiram. No geral, as forças iemenitas se aliaram ao omíada, enquanto seus rivais caicitas e modaritas mantiveram-se leais a Iúçufe.[16] Após uma falhada tentativa de acordo, Iúçufe foi derrotada na Batalha de Muçara,[17] fora de Córdova, em março de 756.[18] Ainda conseguiu fugir do campo de batalha para o norte e seguir em direção a Toledo, quiçá primeiro tentando recuperar Sevilha, mas falhou. Pode ter sido morto em sua retirada para Toledo, enquanto outros relatos o localizam naquela fortaleza ainda por dois ou três anos, onde foi morto por alguns de seus próprios homens.[19]
Ver também
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Precedido por Abderramão ibne Catir Alami |
Uale do Alandalus 746 — 756 |
Sucedido por Abderramão I (como emir) |
Referências
- ↑ Alves 2014, p. 59; 571.
- ↑ Serrão 1977, p. 57.
- ↑ Losa 1982, p. 39.
- ↑ Ocidente 1955, p. 101.
- ↑ Cruz 1952, p. 13.
- ↑ Fernandes 2016, p. 40, nota 23; 41.
- ↑ Fernandes 2016, p. 32.
- ↑ Hitti 1970, p. 504.
- ↑ Collins 1989, p. 91.
- ↑ Gerli 2003, p. 4.
- ↑ a b Wolf 2000, p. 156.
- ↑ Herbers 2006, p. 351.
- ↑ Imamuddin 1981, p. 58.
- ↑ Trask 1996, p. 12.
- ↑ Kennedy 2014, p. 31.
- ↑ Collins 1989, p. 122.
- ↑ Al-Sulami 2004, p. 207.
- ↑ Imamuddin 1961, p. 37.
- ↑ Collins 1989, p. 132.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Al-Sulami, Mishal Fahm (2004). The West and Islam: Western Liberal Democracy Versus the System of Shura. Londres: Routledge
- Alves, Adalberto (2014). Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. Lisboa: Leya. ISBN 9722721798
- Coelho, António Borges (1972). Portugal Na Espanha Árabe: Organização, Prólogo E Notas de António Borges Coelho Vol. I. Lisboa: Seara Nova
- Collins, Roger (1989). The Arab Conquest of Spain 710-797. Oxônia: Wiley-Blackwell. ISBN 0-631-19405-3
- Cruz, Antônio da (1952). Prosódia de nomes próprios pessoais e geográficos. Petrópolis: Editora Vozes
- Fernandes, Paulo Manuel Quintas de Almeida (2016). Matéria das Astúrias. Ritmos e realizações da expansão asturiano-leonesa no actual centro de Portugal. Séculos VIII-X (PDF). Coimbra: Universidade de Coimbra
- Gerli, E. Michael (2003). Medieval Iberia: An Encyclopedia. Nova Iorque e Londres: Routledge
- Herbers, Klaus. Geschichte Spaniens im Mittelalter: vom Westgotenreich bis zum Ende des 15. Jahrhunderts. Estugarda: W. Kohlhammer
- Hitti, Philip Khuri (1970). History of the Arabs from the Earliest Times to the Present. Londres: Macmillan
- Imamuddin, S. M. (1961). A Political History of Muslim Spain. Daca: Najmah
- Imamuddin, S. M. (1981). Muslim Spain - 711-1492 A.D: A Sociological Study. Leida e Nova Iorque: Brill
- Kennedy, Hugh (2014). Muslim Spain and Portugal: A Political History of Al-Andalus. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-1317870418
- Losa, António (1982). «Colecção de moedas árabes do Museu de Pio XII (Braga)». Guimarães. Revista Guimarães
- «Ocidente». 49. 1955
- Serrão, Joaquim Veríssimo (1977). História de Portugal: Estado, pátria e nação (1080-1415). Lisboa: Editorial Verbo
- Trask, R. Larry (1996). The History of Basque. Londres: Routledge
- Wolf, Kenneth Baxter (2000). Conquerors and Chroniclers of Early Medieval Spain. Liverpul: Imprensa da Universidade de Liverpul