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Série 1400 da CP

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Série 1400
Série 1400 da CP
Locomotiva n.º 1422, na Estação Ferroviária de Porto-São Bento.
Descrição
Propulsão Diesel-eléctrica
Fabricante English Electric e SOREFAME
Modelo LD 844 C
Ano de fabricação 1967-1969
Locomotivas fabricadas 67
Classificação UIC Bo' Bo'
Tipo de serviço Regional

InterRegional
Manobras

Características
Bitola Bitola Ibérica (1668 mm)
Comprimento 12,720 m
Largura 3,260 m
Altura 4,355 m
Peso da locomotiva 64,4 ton
Tipo de combustível Gasóleo
Fabricante do motor English Electric
Motor primário Motor Diesel
Limite de RPM 850 rpm
Tipo de motor 8CSVT
Gerador 1 (CO EE 819)
Motores de tração 4 (EE 548)
Número de cilindros 8 V
Tipo de transmissão Elétrica
Tração múltipla 3
Performance
Velocidade máxima 105 km/h
Potência total 1370 cv
Potência disponível para tração 1330 cv
Esforço de tração 2400 Kg
Sistema de freio Ar e Vácuo
Itens de segurança Homem Morto

CONVEL

Operação
Ano da entrada em serviço 1967-1969
Proprietário atual Comboios de Portugal

Medway
Takargo
Somafel
Ferrocentral (Argentina)
Linea San Martin (Argentina)
Ferrobaires (Argentina)
Trenes de Buenos Aires (Argentina)

Situação Ao serviço

A Série 1400 (90 94 1 101401-4 a 90 94 1 101467-5), igualmente conhecidas como English Electric, é um tipo de locomotiva a tracção diesel-eléctrica, que entrou ao serviço da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses entre 1967 e 1969,[1] e que continua ao serviço da sua sucessora, a empresa Comboios de Portugal.[2]

Na década de 1960, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses empenhou-se num processo de modernização, principalmente através da aquisição de material circulante a gasóleo e eléctrico,[3] de forma a expandir a frota e substituir o material circulante a vapor.[4][5] Assim, inseriu uma cláusula relativa à aquisição de locomotivas a gasóleo de linha, no seu plano de investimentos para 1965 a 1967, no âmbito do Plano Intercalar de Fomento.[6] No entanto, este ponto não foi incluído pelo governo quando enviou a proposta às Câmaras Parlamentares, mas concedeu que poderia ser futuramente discutido, caso se conseguissem encontrar fontes de financiamento adequadas, especialmente através de créditos no estrangeiro.[6] O parecer da Câmara Corporativa considerou indispensável a compra das locomotivas, devido à necessidade de racionalizar as operações ferroviárias, e a importância que estas possuíam na indústria nacional.[6] Pouco depois desta discussão se tornar pública, apareceram propostas de várias firmas internacionais, que defenderam este investimento, e garantiram que existiam boas fontes de financiamento disponíveis.[6]

Locomotiva 1404 na Estação de Livração, em 1993.

Encomenda e entrada ao serviço

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A Companhia já tinha ponderado que deviam ser adquiridas cinquenta locomotivas, das quais quarenta deviam ser montadas em território nacional, de forma a defender a indústria portuguesa, devendo desta forma utilizar materiais que pudessem ser trabalhados por fábricas nacionais.[6] Com base nestas condições, apareceram nove propostas, que foram estudadas pelo Conselho de Administração da CP, tendo sido escolhida a firma britânica English Electric, que apresentou a melhor oferta.[4] Esta decisão baseou-se igualmente nas dimensões daquela empresa, e pelo seu prestígio no Reino Unido e no estrangeiro.[6] Por outro lado, devido à sua nacionalidade britânica, esta encomenda foi considerada como parte da antiga aliança entre os dois países.[6] Assim, foi encomendado à English Electric um conjunto de cinquenta locomotivas[3] diesel-eléctricas, que seriam destinadas aos serviços de passageiros e mercadorias.[6]

A cerimónia da assinatura do contrato teve lugar em 10 de Novembro de 1965, na sala de reuniões do Conselho de Administração da Companhia.[6] O financiamento para esta operação foi assegurado por meio de créditos ao banco Lazard Brothers, de Londres, tendo as garantias bancárias sido prestadas pelo Banco de Fomento Nacional.[6][4] O contrato previa a entrega de dez locomotivas até doze meses após a assinatura, devendo as restantes quarenta unidades ser construídas nas instalações das Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, e entregues ao ritmo de cinco locomotivas por mês.[6] O contrato teve um valor de 257.547.000 escudos, ou 3.187.463 libras.[6] Para o fabrico em Portugal, a English Electric comprometeu-se a prestar apoio técnico à SOREFAME.[6]

Pormenor da placa da locomotiva número 1449.

As primeiras dez locomotivas foram construídas pela English Electric, no Reino Unido,[7][3] tendo a primeira sido transportada desde Liverpool até ao Entreposto de Alcântara, onde chegou nos primeiros dias de Janeiro de 1967.[3] As restantes vieram ainda durante esse ano.[5]

As unidades restantes foram montadas nas instalações da Amadora da SOREFAME,[3][8] entre 1967 e 1969, com autorização da fabricante britânica.[7][5] Foram afectas às oficinas de Contumil, junto à cidade do Porto.[9] No entanto, a entrega do segundo lote de locomotivas sofreu vários atrasos, o que provocou uma escassez de material motor no Norte do país, forçando o deslocamento de várias locomotivas a vapor do Sul para aquela zona.[10]

Em 1973, a CP assinou um contrato com a empresa Montreal Locomotive Works, para o fornecimento de vinte locomotivas diesel-eléctricas, de forma a substituir um número igual de locomotivas da Série 1400 nas linhas não electrificadas no centro de Portugal.[11] Assim, estas unidades poderiam ser deslocadas para a região Norte, onde iriam revezar cerca de trinta locomotivas a vapor, que eram as últimas de via larga em território nacional.[11]

Rebocando composição de passageiros (longo curso) em Santa Apolónia, 2011.

A locomotiva 1439 esteve envolvida no desastre de Moimenta-Alcafache, na Linha da Beira Alta, em 19 de Setembro de 1985.[8] Em 1989, encontravam-se a rebocar o serviço Expresso Estremadura, entre Lisboa e Badajoz.[12]

Em 1991, uma locomotiva foi afecta ao depósito de Tunes-Faro para rebocar os comboios de ligação aos InterRegionais entre Lisboa e o Algarve.[13] Em 1999, as locomotivas da Série 1200 acabaram os seus serviços no Algarve, sendo substituídas, no Ramal de Lagos, por comboios constituídos pelas English Electric e por carruagens Sorefame A9y no Ramal de Lagos.[13] Já anteriormente, as English Electric tinham estado a substituir a Série 1200, nas linhas de relevo mais acidentado.[14] Estas locomotivas também afastaram a Série 1500 para as regiões no Sul de Portugal.[5]

1464: Somafel (2008)
1445: Takargo (2011)
Locomotivas 1400 ao serviço de operadores privados de carga.

Em Dezembro de 2000, a locomotiva 1407 sofreu um acidente junto a Ermida, na Linha do Douro.[8] Em 2001, a continuidade desta série ao serviço estava assegurada, sendo apenas abatidas as unidades cujo custo de reparação de avarias ou acidentes fosse muito elevadas; previa-se que as locomotivas número 1424 e 1453 fossem integradas no espólio do Museu Nacional Ferroviário, tendo esta última sido decorada com o esquema de cores original, azul e branco.[15] Neste ano, algumas das locomotivas encontravam-se a rebocar as composições dos serviços Regional, como o entre Portalegre e Entroncamento, e InterRegional.[8]

Em 2003, duas das locomotivas foram abatidas pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses, uma vez que foram consideradas desnecessárias para o serviço comercial.[16]

Em 2004, existiam 24 locomotivas desta série ao serviço da divisão CP Carga da empresa Comboios de Portugal, número que já tinha sido reduzido a 23 em 2005.[17] Nesta altura, outras quatro locomotivas encontravam-se afectas à divisão de longo curso daquela operadora.[18] Em 2008, estavam a ser utilizadas nos comboios turísticos na Linha do Douro, traccionando carruagens históricas.[19]

Devido ao seu elevado número e à diversidade de condições em que operam, foram as unidades que sofreram mais acidentes.[8]

Esta série era originalmente composta por 67 locomotivas diesel-eléctricas,[20][1] com a numeração 1401 a 1467.[2] Podem atingir uma velocidade máxima de 105 km/h.[2][20] Esta foi até então a mais série mais numerosa de locomotivas diesel-eléctricas da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[9][5] Foram baseadas no modelo LD 844 da firma britânica English Electric, sendo portanto correspondentes à Série 20 da operadora British Rail.[5] Apresentam uma potência média e a sua condução é considerada fácil, sendo portanto aptas para todo o tipo de serviços, excepto os comboios rápidos; desta forma, circularam por toda a rede nacional de via larga.[5] Os rodados apresentam uma configuração em Bo' Bo',[15] e a transmissão é eléctrica.[2] O motor de tracção tem uma potência de utilização de 1330 Cv.[15]

Ficha técnica

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  • Tipo de tracção: Diesel-eléctrica[20]
  • Partes Mecânicas (fabricante): Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas[12]
  • Ano de Entrada ao Serviço: 1967 / 1969[2]
  • Tipo (fabricante): LD 844 C[5]
  • Número de unidades construídas: 67 (1401-1467)[2][20]
  • Velocidade máxima: 105 km/h[2][20][4]
  • Motores de tracção (fabricante): English Electric[12]
  • Disposição dos rodados: Bo' Bo'[15][4]
  • Transmissão (fabricante): English Electric[8]
  • Transmissão (tipo): Eléctrica[2]
  • Motor diesel de tracção:
    • Potência de utilização: 1330 Cv[15]

Lista de material

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legenda; contagem
: qt. estado
110✔︎
9 ao serviço
510♦︎
2 cedidas
710⏩︎
17 vendidas, em Portugal
750⏭︎
11 vendidas, no estrangeiro
810⛛︎
8 abatidas
840⚒︎
1 em reparação
880✖︎
19 demolidas
67(total)
: a observações
1401
880✖︎
2004 Demolida após acidente.[carece de fontes?]
1402
880✖︎
2015 Demolida[carece de fontes?]; estivera no Depósito do Barreiro desde pelo menos 2009, após acidente em 2004.[21]
1403
880✖︎
1979 Demolida após colisão com a 1420 em Valongo.[carece de fontes?]
1404
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1405
750⏭︎
2009 Vendida à Ferrobaires (Argentina).[22]
1406
880✖︎
2005 Demolida após acidente na Ferradosa.[carece de fontes?]
1407
880✖︎
2000 Demolida após o Desastre Ferroviário de Ermida.
1408
110✔︎
2020 Ao serviço da C.P., afeta ao Depósito de Santa Apolónia.[carece de fontes?]
1409
750⏭︎
2001 Vendida aos T.B.A. (Argentina).[23]
1410
750⏭︎
2006 Vendida para à F.C. (Argentina).[24][23]
1411
810⛛︎
2020 Abatida ao serviço: parqueada no Barreiro.[carece de fontes?]
1412
710⏩︎
2020 Recuperada após acidente em Braga, a 29 de Dezembro de 1992.[25] Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1413
110✔︎
2020 Ao serviço da C.P.,[26] afeta ao Depósito de Contumil; esquema de pintura original.[carece de fontes?]
1414
880✖︎
2020 Demolida devido a incêndio;[carece de fontes?] estava abatida ao serviço no Depósito de Contumil, à venda desde 2018.[27]
1415
110✔︎
2020 Ao serviço da C.P., afeta ao Depósito de Contumil.[carece de fontes?]
1416
880✖︎
2020 Demolida após acidente.[carece de fontes?]
1417
750⏭︎
2006 Vendida à L.S.M. (Argentina).[23]
1418
750⏭︎
2006 Vendida à L.S.M. (Argentina).[23]
1419
880✖︎
2020 Demolida;[porquê?][carece de fontes?] estava abatida ao serviço no Depósito de Contumil, à venda desde 2018.[27]
1420
880✖︎
1979 Demolida após colisão com a 1403 em Valongo.[8]
1421
750⏭︎
2007 Vendida à Ferrobaires (Argentina).[carece de fontes?]
1422
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1423
750⏭︎
2007 Vendida à F.C. (Argentina).[carece de fontes?]
1424
110✔︎
2020 Ao serviço da C.P., afeta ao Depósito de Contumil; esquema de pintura original.[28]
1425
750⏭︎
2007 Vendida à F.C. (Argentina).[carece de fontes?]
1426
880✖︎
2015 Demolida.[porquê?][carece de fontes?]
1427
840⚒︎
2022 Em reparação no Barreiro.
1428
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1429
110✔︎
2020 Ao serviço da C.P., afeta ao Depósito de Santa Apolónia.[29]
1430
880✖︎
1989 Demolida após queda ao Rio Tejo entre Barca da Amieira e Ródão.[8]
1431
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1432
110✔︎
2022 Ao serviço da C.P., afeta ao Depósito de Contumil.
1433
880✖︎
1973 Demolida após colisão com a 1443 entre Casa Branca e Alcáçovas.[8]
1434
880✖︎
2015 Demolida.[porquê?][carece de fontes?]
1435
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1436
110✔︎
2021 Ao serviço da C.P..[30]
1437
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1438
110✔︎
2020 Ao serviço da C.P., afeta ao Depósito de Contumil.[carece de fontes?]
1439
880✖︎
1985 Demolida após colisão com a 1961 no desastre de Moimenta-Alcafache.[8]
1440
750⏭︎
2006 Vendida à L.S.M. (Argentina).[23]
1441
510♦︎
2009 Ao serviço da Somafel.[31]
1442
810⛛︎
2020 Abatida ao serviço.[carece de fontes?]
1443
880✖︎
1973 Demolida após colisão com a 1433 entre Casa Branca e Alcáçovas.[8]
1444
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1445
510♦︎
2010 Ao serviço da Takargo.[32]
1446
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1447
810⛛︎
2020 Abatida ao serviço.[carece de fontes?]
1448
750⏭︎
2010 Vendida à F.C. (Argentina).[33][23]
1449
710⏩︎
2008 Vendida à Takargo.[34]
1450
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1451
810⛛︎
2020 Abatida ao serviço.[carece de fontes?]
1452
880✖︎
2009 Demolida[carece de fontes?] após ter estado encostada em Contumil devido a acidente em 2009.[35]
1453
810⛛︎
2001 Abatida ao serviço; esquema de pintura original.[carece de fontes?]
1454
810⛛︎
2020 Abatida ao serviço,[carece de fontes?] após ter estado encostada no Poceirão.[36]
1455
110✔︎
2020 Ao serviço da C.P., afeta ao Depósito de Contumil. [carece de fontes?]
1456
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1457
810⛛︎
2020 Abatida ao serviço.[carece de fontes?]
1458
880✖︎
2015 Demolida após colisão com a 1909 no Poceirão;[carece de fontes?] estivera anteriormente encostada no Barreiro.[37]
1459
880✖︎
2015 Demolida;[porquê?][carece de fontes?] estivera anteriormente encostada no Barreiro.[38]
1460
880✖︎
2015 Demolida.[porquê?][carece de fontes?]
1461
840⚒︎
2020 Em reparação no Barreiro.[39]
1462
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1463
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1464
710⏩︎
2011 Vendida à Somafel.[40]
1465
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1466
710⏩︎
2020 Vendida à Medway.[carece de fontes?]
1467
750⏭︎
2006 Vendida aos T.B.A. (Argentina).[23]

Em 2018 foram postos à venda no Depósito de Contumil quatro bogies originários de (duas, três, ou quatro) locomotivas desta série,[27] seguramente produto de desmontagem de unidades apenas parcialmente danificadas.[carece de fontes?]

Referências

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  • MARTINS, João Paulo; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de; LEVY, Maurício; AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
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Ligações externas

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