Tema do Mar Egeu
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Tema do(a) Império Bizantino | |||||
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Mar Egeu por volta de 900, mostrando o Tema do Mar Egeu no centro e ao norte. | |||||
Líder | estratego | ||||
Período | Idade Média | ||||
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O Tema do Mar Egeu (em grego: θέμα τοῦ Αἰγαίου Πελάγους; romaniz.: thema tou Aigaiou Pelagous) ou simplesmente Tema do Egeu foi um tema (província civil-militar) bizantino fundado em meados do século IX. Como um dos três temas navais do Império Bizantino, seu objetivo principal era prover navios e tripulações para a marinha bizantina, mas também servia como uma circunscrição administrativa.
História
[editar | editar código-fonte]O tema tem as suas origens na antiga província romana das Ilhas (em latim: Insulae; em grego: Nήσοι), que abrangias ilhas do leste e sudeste do mar Egeu chegando até Tênedos. O termo Aigaion Pelagos aparece pela primeira vez como uma circunscrição administrativa no início do século VIII, através de selos de diversos de seus comerciários (kommerkiarioi; oficiais de alfândega). Um deles, datado de 721-722, chega mesmo a fazer referência a um oficial encarregado de todas as ilhas gregas, possivelmente implicando na extensão da antiga província sobre as ilhas do norte e do oeste do Egeu também.[1] Militarmente, as ilhas do Egeu estavam sob o domínio dos carabisianos e, posteriormente, do Tema Cibirreota durante os séculos VII e VIII.[2] A partir daí, porém, dois comandos separados aparecem no Egeu: o "drungário do Mar Egeu", aparentemente controlando a metade setentrional, e o "drungário das 'Doze Ilhas'" (Dodecaneso - as Cíclades) ou "do Golfo (Kolpos)", encarregado do sul. Este último comando eventualmente evoluiu para se tornar o Tema de Samos, enquanto que o primeiro se tornou o Tema do Egeu, abrangendo tanto as ilhas do Egeu setentrional quanto o Dardanelos e a costa sul do Propôntida.[1][3][4] O Tema do Egeu deve ter sido criado em 843, pois seu estratego não aparece no Taktikon Uspensky de 842-843, que ainda lista o drungário, mas já aparece ativo em Lesbos no mesmo ano.[5]
O Tema do Egeu serviu como um tema regular, subdividido em turmas e bandoss e com uma guarnição completa de oficiais militares, civis e fiscais. Nas áreas do Dardanelos e do Propôntida, porém, o drungário e, posteriormente, o estratego do Egeu provavelmente dividia sua autoridade com o conde do Tema Opsiciano, a quem a jurisdição sobre estes territórios pertencia. O conde dos opsicianos provavelmente manteve a autoridade sobre a administração civil e a defesa local, enquanto que o Tema Egeu cuidava unicamente de equipar os navios e conseguir tripulações para manejá-los. Um processo similar ocorria no Tema de Samos também.[6] Esta teoria é reforçada pelo fato de que os opsicianos e especialmente os eslavos (esclabesianos, sklabesianoi) que viviam no Tema Opsiciano aparecem servindo como fuzileiros no século X.[7] De acordo com o imperador bizantino Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959), no início do século X o tema incluía Lesbos (a capital do estratego), Lemnos, Imbros e Tênedos, Quios (posteriormente transferida para Samos), as Espórades e as Cíclades.[8][9] De acordo com Hélène Ahrweiler, as Cíclades foram provavelmente transferidas para ele quando o comando naval de Dodecaneso/Golfo foi repartido e o Tema de Samos fundado a partir de seus restos no final do século IX.[10] Em 911, as forças do Tema do Egeu somavam 2 610 remadores e 400 fuzileiros.[11]
A província sobreviveu até o final do século X e início do XI, quando ela foi progressivamente sendo dividida em comandos menores. Conforme as Cíclades e as Espórades, Quios e a região de Abidos passaram a ter seus próprios estrategos, o Tema Egeu se tornou uma província puramente civil abrangendo somente a costa do Propôntida e a região à volta de Constantinopla.[12] Pelo final do século XI, o que restava da antiga frota do tema foi incorporada na marinha imperial unificada em Constantinopla sob o comando de um mega-duque.[13] Depois disso, em algum momento do século XII, o Tema do Egeu parece ter sido incorporado pelo Tema Opsiciano numa única província, conforme atestado no Partitio terrarum imperii Romaniae de 1204.[14] O tema deixou de existir quando o Império Bizantino foi conquistado pela Quarta Cruzada neste mesmo ano.
Referências
- ↑ a b Nesbitt 1994, p. 110–112.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 26.
- ↑ Ahrweiler 1966, p. 76–81.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 26–27.
- ↑ Oikonomides 1972, p. 46–47.
- ↑ Nesbitt 1994, p. 109, 112.
- ↑ Ahrweiler 1966, p. 402.
- ↑ Ahrweiler 1966, p. 76–79, 132–133 (Note #5).
- ↑ Nesbitt 1994, p. 123, 139, 141.
- ↑ Ahrweiler 1966, p. 108.
- ↑ Treadgold 1995, p. 67, 76.
- ↑ Ahrweiler 1966, p. 132–133.
- ↑ Nesbitt 1994, p. 112.
- ↑ Ahrweiler 1966, p. 79.
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Aegean Sea (theme)», especificamente desta versão.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ahrweiler, Hélène (1966). Byzance et la Mer: La Marine de Guerre, la Politique et les Institutiones Maritimes de Byzance aux VIIe–XVe Siècles (em francês). Paris: Presses universitaires de France
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium (em inglês). Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-504652-6
- Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (1994). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art, Volume 2: South of the Balkans, the Islands, South of Asia Minor (em inglês). Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9
- Oikonomides, Nicolas (1972). Les Listes de Préséance Byzantines des IXe et Xe Siècles (em francês). Paris: Editions du Centre National de la Recherche Scientifique
- Treadgold, Warren T. (1995). Byzantium and Its Army, 284–1081 (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-3163-2