Jornalista, gestora e produtora cultural. Mestre e Doutora em Cultura e Desenvolvimento pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia. Pesquisadora do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (www.cult.ufba.br) e colaboradora da Unidad de Investigación en Economía de la Cultura (www.econcult.eu). Sua dissertação de mestrado foi premiada na categoria "pesquisa em andamento" na edição do Rumos Itaú Cultural 2007. Atuou na administração pública da cultura no estado da Bahia/Brasil como Coordenadora de Integração Regional (2007/2008), Assistente do Conselho Estadual de Cultura (2008/2009), Assessora de Transversalidades da Cultura (2011/2012) e Superintendente de Desenvolvimento Territorial da Cultura (2012/2014). Atuou como professora substituta da Universidade Federal da Bahia para os cursos de graduação em jornalismo e produção cultural (2007/2009). Coordenou a produção de eventos e pesquisas acadêmicas como o curso Política e Gestão Culturais (2009), o projeto Políticas culturais, democracia e conselhos de cultura (2010) (www.conselhosdecultura.ufba.br) ou o XI Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura - Enecult (2015), dentre tantos outros. Supervisors: Antonio Albino Canelas Rubim and Paulo Cesar Miguez
Políticas Culturais, Democracia e Conselhos de Cultura , 2010
Neste artigo, nos propomos a analisar a presença dos conselhos estaduais de cultura do Brasil na ... more Neste artigo, nos propomos a analisar a presença dos conselhos estaduais de cultura do Brasil na Internet. Consideramos esta uma condição capital para a superação da imagem de “torre de marfim” destes colegiados. Apostamos na hipótese de que a Internet, enquanto esfera pública, cria oportunidades para os conselhos de cultura do Brasil se reinventarem, ao investirem em, pelo menos, três pontos chaves: a efetividade, a transparência e a participação.
Financiamento e Fomento à Cultura nas Regiões Brasileiras, 2017
Este texto integra o livro "Financiamento e fomento à cultura nas regiões brasileiras", fruto de ... more Este texto integra o livro "Financiamento e fomento à cultura nas regiões brasileiras", fruto de pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT/UFBA) entre 2016/2017, financiada pelo Ministério da Cultura do Brasil. São analisados individualmente e comparativamente as fontes de fomento e financiamento à cultura (fundos e leis de incentivo, em especial) dos estados brasileiros de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal, entes federados componentes da região centro-oeste do Brasil.
Parte integrante da publicação intitulada "Gestão Cultural", esse artigo traça um panorama histór... more Parte integrante da publicação intitulada "Gestão Cultural", esse artigo traça um panorama histórico da gestão cultural no Brasil, identificando seu nascedouro no Brasil Colônia e reconhecendo seus diferentes momentos de reinvenção e adaptação até os dias atuais. Essa profissão não regulamentada no país é considerada sob suas variadas nuances, sem perder de vista seu importante papel na organização do campo cultural brasileiro, muito além das artes e do patrimônio.
Percepções: cinco questões sobre políticas culturais, 2010
A gestão da “coisa” pública vem ganhando novos traços diante da institucionalização do campo da c... more A gestão da “coisa” pública vem ganhando novos traços diante da institucionalização do campo da cultura. Política pública de cultura pressupõe participação da sociedade civil na esfera de decisão e formulação das políticas, não apenas na implementação e na execução (DAGNINO, 2005). Essa noção de política pública de cultura chama atenção para o fato de que os desafios do campo cultural, neste momento, são ainda maiores do que o rompimento com arcaicas estruturas do Estado brasileiro e do modus operandi de seus dirigentes. Antes da burocracia estatal, existem barreiras históricas de comodismo social. Mais precisamente: uma tradição de não participação. Se os velhos anos de ditadura despertaram a população para a luta, para a cobrança de espaços públicos de participação, os novos anos neoliberais conduzem à acomodação. Qualificadas de modo específico pelo Estado, surgiram, então, inúmeras organizações não estatais com o propósito de absorver as atividades que normalmente deveriam ser desempenhadas pelo poder público. Além de justificar a participação da sociedade civil no uso do dinheiro público, conferem-se agilidade e eficiência na execução das atividades que, em princípio, seriam morosamente realizadas pela máquina burocrática do Estado. A fim de compreender o funcionamento dessa participação social no campo cultural, propõe-se a seguir o vislumbre de dois casos muito particulares encontrados, respectivamente, em São Paulo e em Salvador: o Memorial do Imigrante e o Museu Rodin Bahia. Ambos tiveram sua gestão conduzida por organizações sociais.
Políticas culturais: conjunturas e territorialidades, 2017
A construção de políticas culturais democráticas e participativas demanda uma série de esforços c... more A construção de políticas culturais democráticas e participativas demanda uma série de esforços conjugados. Durante quase uma década, a Bahia tentou reinventar a sua política cultural, romper amarras históricas e conciliar interesses comuns entre o estado e a sociedade civil. Este texto propõe-se a apresentar e discutir os dispositivos de participação na política cultural baiana, engendrados nos últimos oito anos, durante as duas primeiras gestões da recém- recriada Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) (2007-2015): Conferência Estadual de Cultura; Fórum de Dirigentes Municipais de Cultura; Colegiados Setoriais, temáticos e territoriais de cultura; e Conselho Estadual de Cultura. É importante deixar claro que a autora deste artigo ocupou cargos de confiança na SecultBA de 2011 a 2014. A visão aqui descrita, portanto, mescla a vivência como gestora pública e a formação como pesquisadora em políticas culturais.
No cenário cultural baiano da última década foi emblemática a constituição de redes de agentes cu... more No cenário cultural baiano da última década foi emblemática a constituição de redes de agentes culturais, com destaque para a Associação de Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia (Adimcba) e a Comissão Estadual de Pontos de Cultura da Bahia (CEPdC-BA). Prenhes dos novos paradigmas da política cultural brasileira, elas ainda não foram capazes de conciliar o discurso (ideal), que agrega seus membros, da prática (real), que os desagrega. Mas não por isso devem deixar de ser reconhecidas em seu papel catalisador do desenvolvimento da cultura no estado, enquanto atores estratégicos das políticas públicas.
SENNA: Se eu considerar como experiência ampla, real, de políticas culturais no plural, a minha e... more SENNA: Se eu considerar como experiência ampla, real, de políticas culturais no plural, a minha experiência é no Ministério da Cultura na gestão Gilberto Gil, como Secretário Nacional do Audiovisual. Mas se a gente considerar de uma maneira mais restrita, eu também poderia mencionar a organização, digamos assim, na gestão por algum tempo da Escola Internacional de Cinema e Televisão (em San Antonio De Los Baños, Cuba), porque não é apenas uma escola, pois assume outras características também. E nesta linha eu ...
O conceito de economia criativa não nasce no meio acadêmico. Surge no ambiente de gestão pública ... more O conceito de economia criativa não nasce no meio acadêmico. Surge no ambiente de gestão pública e governamental. O discurso da “nação criativa”, utilizado pela primeira vez na Austrália em 1994, carregava o compromisso de renovação da gestão pública a partir dos impactos provocados pela globalização e novas tecnologias da informação e comunicação. Três anos depois, a Grã-Bretanha aderia a esta nova via e elegia 13 setores criativos (creative industry) capazes de alavancar o desenvolvimento do país. A propriedade intelectual apresentava-se como o mais promissor ativo da economia contemporânea. Após vinte anos, a economia criativa ganhou adeptos na gestão pública local, nacional e intergovernamental e nos estudos acadêmicos em todo o mundo. Embora seus defensores lhe atribuam a possibilidade de subverter as relações de produção vigentes - rompendo com a concentração do poder nas mãos dos detentores dos meios de produção, já que a criatividade, o talento e a inovação são intangíveis e, portanto, não empossáveis - , há um descompasso gritante entre o discurso e a efetiva tradução da economia criativa em políticas públicas para a proteção da diversidade cultural e promoção do desenvolvimento humano, especialmente nos países em desenvolvimento. Este artigo é fruto de pesquisa de doutorado em fase inicial e pretende discutir e analisar panoramicamente a economia criativa sob a perspectiva da política pública, considerando como fontes de pesquisa os relatórios Creative Economy (Economia Criativa) 2008 e 2010 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Este texto analisa a incorporação do tema da cultura digital nas políticas culturais brasileiras,... more Este texto analisa a incorporação do tema da cultura digital nas políticas culturais brasileiras, particularmente do Ministério da Cultura do Governo Federal. Num percurso histórico que alcança a primeira gestão do Governo Lula, observamos uma tentativa de construção de uma política muito tímida que se pauta em três eixos fundamentais: 1) o estímulo à criação de um polo de conteúdos digitais nacionalmente; 2) a disponibilidade de acervos culturais dentro do suporte digital; e 3) a disseminação de uma “cultura de uso” dentro do governo.
Um rápido panorama analítico das políticas culturais executadas pela Secretaria da Cultura e Turi... more Um rápido panorama analítico das políticas culturais executadas pela Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia à luz de conceitos teóricos desenvolvidos por estudiosos da área da cultura é o objetivo central deste artigo. A recorrência a este “background” conceitual e a conseqüente confrontação da teoria e da prática, especificamente na realidade baiana, permitiu apontar possíveis limitações das políticas culturais executadas num período de doze anos, 1995 a 2006, de existência da Secretaria.
O texto analisa as conexões históricas entre as políticas de cultura e políticas de comunicação
d... more O texto analisa as conexões históricas entre as políticas de cultura e políticas de comunicação do estado brasileiro a partir do surgimento dos meios de comunicação de massa no país. O ponto de partida é a década de 1930, durante a ditadura de Getúlio Vargas, quando o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), através de instrumentos como o rádio, o cinema e a imprensa, tornou-se responsável pela transmissão da ideologia do Estado Novo e suposta garantia de “homogeneidade” cultural, enquanto o Ministério da Educação e Saúde Pública investiu no poder educativo dos veículos de massa . Com o fim da II Guerra Mundial e posterior ascensão do presidente Juscelino Kubistchek, observa-se a ampliação e expansão de uma sociedade de massa, com o crescimento do rádio, do cinema, dos jornais e revistas e a introdução da televisão no Brasil. A pujante produção cultural, que alterava gradualmente o consumo e o comportamento da população nos centros urbanos do país, era também resultado do arrefecimento do controle do estado sobre os meios de comunicação em consolidação. Durante o governo João Goulart, a efervescência cultural se aprofunda e ganha cunho político, engajada na conscientização popular. Neste período, também é mantida a ausência do estado na condução de políticas de cultura e de comunicação. Com o retorno de um regime ditatorial ao poder, a partir de 1964, os anos de silêncio do estado, em termos de políticas para as áreas de cultura e comunicação, são interrompidos. O estado militar, em seus longos anos de vigência, retoma o controle sobre os meios de comunicação de massa e investe efetivamente na consolidação da indústria cultural brasileira. Por fim, o texto alcança o período democrático no Brasil, quando o circuito midiático se afirma como principal circuito cultural do país, regido pela autonomia de produção de conteúdos por grandes conglomerados de comunicação nacionais e internacionais, onde ainda é possível observar um abismo entre as políticas de cultura e políticas de comunicação. De um lado, embora se amplie a intervenção do estado sobre o campo cultural, na medida em que o Ministério da Cultura adota um conceito (de cultura) que suplanta os limites das artes e incorpora os hábitos, valores e modos de vida, os investimentos em políticas públicas voltadas para cultura midiática ainda é incipiente. De outro lado, o atual Ministério das Comunicações concentra-se, primordialmente, em normatizações técnicas, regulamentação e fiscalização das concessões de TV, rádio e telecomunicações. Compreendida enquanto objeto da indústria cultural, delegada ao mercado, a cultura midiática não é alvo prioritário das políticas culturais, muito menos das políticas de comunicação. Contraditoriamente, é responsabilidade da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República a gestão da TV Pública brasileira, através da Empresa Brasil de Comunicação. As apostas no processo de reconhecimento dos vínculos fundamentais entre comunicação e cultura e na evolução de uma produção, distribuição e consumo da cultura midiática de forma mais democrática estão assentadas, hoje, na realização das I Conferência Nacional de Comunicação e II Conferência Nacional de Cultura.
Esta dissertação consistiu na análise das políticas culturais desenvolvidas pela Secretaria da Cu... more Esta dissertação consistiu na análise das políticas culturais desenvolvidas pela Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia (SCT), durante seus doze anos de existência. O período estudado compreendeu um momento particular da intervenção do estado na área da cultura, quando se conciliou, pela primeira vez no Brasil, no âmbito estadual, as pastas de cultura e turismo da administração pública. A SCT ainda guarda a especificidade de ter sido gerida durante todo o seu percurso, ininterruptamente, por um único Secretário, sob a batuta de um mesmo partido político. Este estudo foi empreendido através da investigação dos relatórios de governo, publicações da SCT e diários oficiais dos doze anos considerados, além da realização de entrevistas e recorrência a referências outras relativas ao período em estudo. A análise demonstrou que a política cultural da SCT esteve subordinada à política de turismo, na medida em que a cultura foi instrumentalizada como “diferencial” do produto turístico Bahia; o poder público baiano tinha um projeto para a cultura muito bem delineado, com objetivos traçados desde a década de 1970; as influências neoliberais não foram determinantes nas políticas culturais baianas, haja vista que o estado não delegou ao mercado o poder decisório sobre o campo da cultura e manteve-se fortemente presente; as políticas culturais baianas no período em estudo foram marcadas pelo uso de expedientes anti-democráticos que visavam garantir privilégios político-econômicos ao grupo no poder e seus seguidores.
Portal Cultural - formação e qualificação de agentes culturais, 2018
Numa abordagem bastante simplificada, esse texto discute os principais conceitos e a aplicação em... more Numa abordagem bastante simplificada, esse texto discute os principais conceitos e a aplicação empírica dos termos "produção cultural" e "gestão cultural". Foi desenvolvido a pedido do projeto Portal Cultural - formação e qualificação de agentes culturais e compõe o módulo do curso realizado em 2018 pela Associação Movimento Cultural Afoxé Guian Filhos de Oxalá, de Feira de Santana, Bahia.
Políticas Culturais, Democracia e Conselhos de Cultura , 2010
Neste artigo, nos propomos a analisar a presença dos conselhos estaduais de cultura do Brasil na ... more Neste artigo, nos propomos a analisar a presença dos conselhos estaduais de cultura do Brasil na Internet. Consideramos esta uma condição capital para a superação da imagem de “torre de marfim” destes colegiados. Apostamos na hipótese de que a Internet, enquanto esfera pública, cria oportunidades para os conselhos de cultura do Brasil se reinventarem, ao investirem em, pelo menos, três pontos chaves: a efetividade, a transparência e a participação.
Financiamento e Fomento à Cultura nas Regiões Brasileiras, 2017
Este texto integra o livro "Financiamento e fomento à cultura nas regiões brasileiras", fruto de ... more Este texto integra o livro "Financiamento e fomento à cultura nas regiões brasileiras", fruto de pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT/UFBA) entre 2016/2017, financiada pelo Ministério da Cultura do Brasil. São analisados individualmente e comparativamente as fontes de fomento e financiamento à cultura (fundos e leis de incentivo, em especial) dos estados brasileiros de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal, entes federados componentes da região centro-oeste do Brasil.
Parte integrante da publicação intitulada "Gestão Cultural", esse artigo traça um panorama histór... more Parte integrante da publicação intitulada "Gestão Cultural", esse artigo traça um panorama histórico da gestão cultural no Brasil, identificando seu nascedouro no Brasil Colônia e reconhecendo seus diferentes momentos de reinvenção e adaptação até os dias atuais. Essa profissão não regulamentada no país é considerada sob suas variadas nuances, sem perder de vista seu importante papel na organização do campo cultural brasileiro, muito além das artes e do patrimônio.
Percepções: cinco questões sobre políticas culturais, 2010
A gestão da “coisa” pública vem ganhando novos traços diante da institucionalização do campo da c... more A gestão da “coisa” pública vem ganhando novos traços diante da institucionalização do campo da cultura. Política pública de cultura pressupõe participação da sociedade civil na esfera de decisão e formulação das políticas, não apenas na implementação e na execução (DAGNINO, 2005). Essa noção de política pública de cultura chama atenção para o fato de que os desafios do campo cultural, neste momento, são ainda maiores do que o rompimento com arcaicas estruturas do Estado brasileiro e do modus operandi de seus dirigentes. Antes da burocracia estatal, existem barreiras históricas de comodismo social. Mais precisamente: uma tradição de não participação. Se os velhos anos de ditadura despertaram a população para a luta, para a cobrança de espaços públicos de participação, os novos anos neoliberais conduzem à acomodação. Qualificadas de modo específico pelo Estado, surgiram, então, inúmeras organizações não estatais com o propósito de absorver as atividades que normalmente deveriam ser desempenhadas pelo poder público. Além de justificar a participação da sociedade civil no uso do dinheiro público, conferem-se agilidade e eficiência na execução das atividades que, em princípio, seriam morosamente realizadas pela máquina burocrática do Estado. A fim de compreender o funcionamento dessa participação social no campo cultural, propõe-se a seguir o vislumbre de dois casos muito particulares encontrados, respectivamente, em São Paulo e em Salvador: o Memorial do Imigrante e o Museu Rodin Bahia. Ambos tiveram sua gestão conduzida por organizações sociais.
Políticas culturais: conjunturas e territorialidades, 2017
A construção de políticas culturais democráticas e participativas demanda uma série de esforços c... more A construção de políticas culturais democráticas e participativas demanda uma série de esforços conjugados. Durante quase uma década, a Bahia tentou reinventar a sua política cultural, romper amarras históricas e conciliar interesses comuns entre o estado e a sociedade civil. Este texto propõe-se a apresentar e discutir os dispositivos de participação na política cultural baiana, engendrados nos últimos oito anos, durante as duas primeiras gestões da recém- recriada Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) (2007-2015): Conferência Estadual de Cultura; Fórum de Dirigentes Municipais de Cultura; Colegiados Setoriais, temáticos e territoriais de cultura; e Conselho Estadual de Cultura. É importante deixar claro que a autora deste artigo ocupou cargos de confiança na SecultBA de 2011 a 2014. A visão aqui descrita, portanto, mescla a vivência como gestora pública e a formação como pesquisadora em políticas culturais.
No cenário cultural baiano da última década foi emblemática a constituição de redes de agentes cu... more No cenário cultural baiano da última década foi emblemática a constituição de redes de agentes culturais, com destaque para a Associação de Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia (Adimcba) e a Comissão Estadual de Pontos de Cultura da Bahia (CEPdC-BA). Prenhes dos novos paradigmas da política cultural brasileira, elas ainda não foram capazes de conciliar o discurso (ideal), que agrega seus membros, da prática (real), que os desagrega. Mas não por isso devem deixar de ser reconhecidas em seu papel catalisador do desenvolvimento da cultura no estado, enquanto atores estratégicos das políticas públicas.
SENNA: Se eu considerar como experiência ampla, real, de políticas culturais no plural, a minha e... more SENNA: Se eu considerar como experiência ampla, real, de políticas culturais no plural, a minha experiência é no Ministério da Cultura na gestão Gilberto Gil, como Secretário Nacional do Audiovisual. Mas se a gente considerar de uma maneira mais restrita, eu também poderia mencionar a organização, digamos assim, na gestão por algum tempo da Escola Internacional de Cinema e Televisão (em San Antonio De Los Baños, Cuba), porque não é apenas uma escola, pois assume outras características também. E nesta linha eu ...
O conceito de economia criativa não nasce no meio acadêmico. Surge no ambiente de gestão pública ... more O conceito de economia criativa não nasce no meio acadêmico. Surge no ambiente de gestão pública e governamental. O discurso da “nação criativa”, utilizado pela primeira vez na Austrália em 1994, carregava o compromisso de renovação da gestão pública a partir dos impactos provocados pela globalização e novas tecnologias da informação e comunicação. Três anos depois, a Grã-Bretanha aderia a esta nova via e elegia 13 setores criativos (creative industry) capazes de alavancar o desenvolvimento do país. A propriedade intelectual apresentava-se como o mais promissor ativo da economia contemporânea. Após vinte anos, a economia criativa ganhou adeptos na gestão pública local, nacional e intergovernamental e nos estudos acadêmicos em todo o mundo. Embora seus defensores lhe atribuam a possibilidade de subverter as relações de produção vigentes - rompendo com a concentração do poder nas mãos dos detentores dos meios de produção, já que a criatividade, o talento e a inovação são intangíveis e, portanto, não empossáveis - , há um descompasso gritante entre o discurso e a efetiva tradução da economia criativa em políticas públicas para a proteção da diversidade cultural e promoção do desenvolvimento humano, especialmente nos países em desenvolvimento. Este artigo é fruto de pesquisa de doutorado em fase inicial e pretende discutir e analisar panoramicamente a economia criativa sob a perspectiva da política pública, considerando como fontes de pesquisa os relatórios Creative Economy (Economia Criativa) 2008 e 2010 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Este texto analisa a incorporação do tema da cultura digital nas políticas culturais brasileiras,... more Este texto analisa a incorporação do tema da cultura digital nas políticas culturais brasileiras, particularmente do Ministério da Cultura do Governo Federal. Num percurso histórico que alcança a primeira gestão do Governo Lula, observamos uma tentativa de construção de uma política muito tímida que se pauta em três eixos fundamentais: 1) o estímulo à criação de um polo de conteúdos digitais nacionalmente; 2) a disponibilidade de acervos culturais dentro do suporte digital; e 3) a disseminação de uma “cultura de uso” dentro do governo.
Um rápido panorama analítico das políticas culturais executadas pela Secretaria da Cultura e Turi... more Um rápido panorama analítico das políticas culturais executadas pela Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia à luz de conceitos teóricos desenvolvidos por estudiosos da área da cultura é o objetivo central deste artigo. A recorrência a este “background” conceitual e a conseqüente confrontação da teoria e da prática, especificamente na realidade baiana, permitiu apontar possíveis limitações das políticas culturais executadas num período de doze anos, 1995 a 2006, de existência da Secretaria.
O texto analisa as conexões históricas entre as políticas de cultura e políticas de comunicação
d... more O texto analisa as conexões históricas entre as políticas de cultura e políticas de comunicação do estado brasileiro a partir do surgimento dos meios de comunicação de massa no país. O ponto de partida é a década de 1930, durante a ditadura de Getúlio Vargas, quando o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), através de instrumentos como o rádio, o cinema e a imprensa, tornou-se responsável pela transmissão da ideologia do Estado Novo e suposta garantia de “homogeneidade” cultural, enquanto o Ministério da Educação e Saúde Pública investiu no poder educativo dos veículos de massa . Com o fim da II Guerra Mundial e posterior ascensão do presidente Juscelino Kubistchek, observa-se a ampliação e expansão de uma sociedade de massa, com o crescimento do rádio, do cinema, dos jornais e revistas e a introdução da televisão no Brasil. A pujante produção cultural, que alterava gradualmente o consumo e o comportamento da população nos centros urbanos do país, era também resultado do arrefecimento do controle do estado sobre os meios de comunicação em consolidação. Durante o governo João Goulart, a efervescência cultural se aprofunda e ganha cunho político, engajada na conscientização popular. Neste período, também é mantida a ausência do estado na condução de políticas de cultura e de comunicação. Com o retorno de um regime ditatorial ao poder, a partir de 1964, os anos de silêncio do estado, em termos de políticas para as áreas de cultura e comunicação, são interrompidos. O estado militar, em seus longos anos de vigência, retoma o controle sobre os meios de comunicação de massa e investe efetivamente na consolidação da indústria cultural brasileira. Por fim, o texto alcança o período democrático no Brasil, quando o circuito midiático se afirma como principal circuito cultural do país, regido pela autonomia de produção de conteúdos por grandes conglomerados de comunicação nacionais e internacionais, onde ainda é possível observar um abismo entre as políticas de cultura e políticas de comunicação. De um lado, embora se amplie a intervenção do estado sobre o campo cultural, na medida em que o Ministério da Cultura adota um conceito (de cultura) que suplanta os limites das artes e incorpora os hábitos, valores e modos de vida, os investimentos em políticas públicas voltadas para cultura midiática ainda é incipiente. De outro lado, o atual Ministério das Comunicações concentra-se, primordialmente, em normatizações técnicas, regulamentação e fiscalização das concessões de TV, rádio e telecomunicações. Compreendida enquanto objeto da indústria cultural, delegada ao mercado, a cultura midiática não é alvo prioritário das políticas culturais, muito menos das políticas de comunicação. Contraditoriamente, é responsabilidade da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República a gestão da TV Pública brasileira, através da Empresa Brasil de Comunicação. As apostas no processo de reconhecimento dos vínculos fundamentais entre comunicação e cultura e na evolução de uma produção, distribuição e consumo da cultura midiática de forma mais democrática estão assentadas, hoje, na realização das I Conferência Nacional de Comunicação e II Conferência Nacional de Cultura.
Esta dissertação consistiu na análise das políticas culturais desenvolvidas pela Secretaria da Cu... more Esta dissertação consistiu na análise das políticas culturais desenvolvidas pela Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia (SCT), durante seus doze anos de existência. O período estudado compreendeu um momento particular da intervenção do estado na área da cultura, quando se conciliou, pela primeira vez no Brasil, no âmbito estadual, as pastas de cultura e turismo da administração pública. A SCT ainda guarda a especificidade de ter sido gerida durante todo o seu percurso, ininterruptamente, por um único Secretário, sob a batuta de um mesmo partido político. Este estudo foi empreendido através da investigação dos relatórios de governo, publicações da SCT e diários oficiais dos doze anos considerados, além da realização de entrevistas e recorrência a referências outras relativas ao período em estudo. A análise demonstrou que a política cultural da SCT esteve subordinada à política de turismo, na medida em que a cultura foi instrumentalizada como “diferencial” do produto turístico Bahia; o poder público baiano tinha um projeto para a cultura muito bem delineado, com objetivos traçados desde a década de 1970; as influências neoliberais não foram determinantes nas políticas culturais baianas, haja vista que o estado não delegou ao mercado o poder decisório sobre o campo da cultura e manteve-se fortemente presente; as políticas culturais baianas no período em estudo foram marcadas pelo uso de expedientes anti-democráticos que visavam garantir privilégios político-econômicos ao grupo no poder e seus seguidores.
Portal Cultural - formação e qualificação de agentes culturais, 2018
Numa abordagem bastante simplificada, esse texto discute os principais conceitos e a aplicação em... more Numa abordagem bastante simplificada, esse texto discute os principais conceitos e a aplicação empírica dos termos "produção cultural" e "gestão cultural". Foi desenvolvido a pedido do projeto Portal Cultural - formação e qualificação de agentes culturais e compõe o módulo do curso realizado em 2018 pela Associação Movimento Cultural Afoxé Guian Filhos de Oxalá, de Feira de Santana, Bahia.
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para a cobrança de espaços públicos de participação, os novos anos neoliberais conduzem à acomodação. Qualificadas de modo específico pelo Estado, surgiram, então, inúmeras organizações não estatais com o propósito de absorver as atividades que normalmente deveriam ser desempenhadas pelo poder público. Além de justificar a participação da sociedade civil no uso do dinheiro público, conferem-se agilidade e eficiência na execução das atividades que, em princípio, seriam morosamente realizadas pela máquina burocrática do Estado. A fim de compreender o funcionamento dessa participação social no campo cultural, propõe-se a seguir o vislumbre de dois casos muito particulares encontrados, respectivamente, em São Paulo e em Salvador: o Memorial do Imigrante e o Museu Rodin Bahia. Ambos tiveram sua gestão conduzida por organizações sociais.
Após vinte anos, a economia criativa ganhou adeptos na gestão pública local, nacional e intergovernamental e nos estudos acadêmicos em todo o mundo. Embora seus defensores lhe atribuam a possibilidade de subverter as relações de produção vigentes - rompendo com a concentração do poder nas mãos dos detentores dos meios de produção, já que a criatividade, o talento e a inovação são intangíveis e, portanto, não empossáveis - , há um descompasso gritante entre o discurso e a efetiva tradução da economia criativa em políticas públicas para a proteção da diversidade cultural e promoção do desenvolvimento humano, especialmente nos países em desenvolvimento.
Este artigo é fruto de pesquisa de doutorado em fase inicial e pretende discutir e analisar panoramicamente a economia criativa sob a perspectiva da política pública, considerando como fontes de pesquisa os relatórios Creative Economy (Economia Criativa) 2008 e 2010 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
do estado brasileiro a partir do surgimento dos meios de comunicação de massa no país. O
ponto de partida é a década de 1930, durante a ditadura de Getúlio Vargas, quando o
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), através de instrumentos como o rádio, o
cinema e a imprensa, tornou-se responsável pela transmissão da ideologia do Estado Novo e
suposta garantia de “homogeneidade” cultural, enquanto o Ministério da Educação e Saúde
Pública investiu no poder educativo dos veículos de massa . Com o fim da II Guerra Mundial
e posterior ascensão do presidente Juscelino Kubistchek, observa-se a ampliação e expansão
de uma sociedade de massa, com o crescimento do rádio, do cinema, dos jornais e revistas e a
introdução da televisão no Brasil. A pujante produção cultural, que alterava gradualmente o
consumo e o comportamento da população nos centros urbanos do país, era também resultado
do arrefecimento do controle do estado sobre os meios de comunicação em consolidação.
Durante o governo João Goulart, a efervescência cultural se aprofunda e ganha cunho político,
engajada na conscientização popular. Neste período, também é mantida a ausência do estado
na condução de políticas de cultura e de comunicação. Com o retorno de um regime ditatorial
ao poder, a partir de 1964, os anos de silêncio do estado, em termos de políticas para as áreas
de cultura e comunicação, são interrompidos. O estado militar, em seus longos anos de
vigência, retoma o controle sobre os meios de comunicação de massa e investe efetivamente
na consolidação da indústria cultural brasileira. Por fim, o texto alcança o período
democrático no Brasil, quando o circuito midiático se afirma como principal circuito cultural
do país, regido pela autonomia de produção de conteúdos por grandes conglomerados de
comunicação nacionais e internacionais, onde ainda é possível observar um abismo entre as
políticas de cultura e políticas de comunicação. De um lado, embora se amplie a intervenção
do estado sobre o campo cultural, na medida em que o Ministério da Cultura adota um
conceito (de cultura) que suplanta os limites das artes e incorpora os hábitos, valores e modos
de vida, os investimentos em políticas públicas voltadas para cultura midiática ainda é
incipiente. De outro lado, o atual Ministério das Comunicações concentra-se,
primordialmente, em normatizações técnicas, regulamentação e fiscalização das concessões
de TV, rádio e telecomunicações. Compreendida enquanto objeto da indústria cultural,
delegada ao mercado, a cultura midiática não é alvo prioritário das políticas culturais, muito
menos das políticas de comunicação. Contraditoriamente, é responsabilidade da Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República a gestão da TV Pública brasileira, através
da Empresa Brasil de Comunicação. As apostas no processo de reconhecimento dos vínculos
fundamentais entre comunicação e cultura e na evolução de uma produção, distribuição e
consumo da cultura midiática de forma mais democrática estão assentadas, hoje, na realização
das I Conferência Nacional de Comunicação e II Conferência Nacional de Cultura.
para a cobrança de espaços públicos de participação, os novos anos neoliberais conduzem à acomodação. Qualificadas de modo específico pelo Estado, surgiram, então, inúmeras organizações não estatais com o propósito de absorver as atividades que normalmente deveriam ser desempenhadas pelo poder público. Além de justificar a participação da sociedade civil no uso do dinheiro público, conferem-se agilidade e eficiência na execução das atividades que, em princípio, seriam morosamente realizadas pela máquina burocrática do Estado. A fim de compreender o funcionamento dessa participação social no campo cultural, propõe-se a seguir o vislumbre de dois casos muito particulares encontrados, respectivamente, em São Paulo e em Salvador: o Memorial do Imigrante e o Museu Rodin Bahia. Ambos tiveram sua gestão conduzida por organizações sociais.
Após vinte anos, a economia criativa ganhou adeptos na gestão pública local, nacional e intergovernamental e nos estudos acadêmicos em todo o mundo. Embora seus defensores lhe atribuam a possibilidade de subverter as relações de produção vigentes - rompendo com a concentração do poder nas mãos dos detentores dos meios de produção, já que a criatividade, o talento e a inovação são intangíveis e, portanto, não empossáveis - , há um descompasso gritante entre o discurso e a efetiva tradução da economia criativa em políticas públicas para a proteção da diversidade cultural e promoção do desenvolvimento humano, especialmente nos países em desenvolvimento.
Este artigo é fruto de pesquisa de doutorado em fase inicial e pretende discutir e analisar panoramicamente a economia criativa sob a perspectiva da política pública, considerando como fontes de pesquisa os relatórios Creative Economy (Economia Criativa) 2008 e 2010 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
do estado brasileiro a partir do surgimento dos meios de comunicação de massa no país. O
ponto de partida é a década de 1930, durante a ditadura de Getúlio Vargas, quando o
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), através de instrumentos como o rádio, o
cinema e a imprensa, tornou-se responsável pela transmissão da ideologia do Estado Novo e
suposta garantia de “homogeneidade” cultural, enquanto o Ministério da Educação e Saúde
Pública investiu no poder educativo dos veículos de massa . Com o fim da II Guerra Mundial
e posterior ascensão do presidente Juscelino Kubistchek, observa-se a ampliação e expansão
de uma sociedade de massa, com o crescimento do rádio, do cinema, dos jornais e revistas e a
introdução da televisão no Brasil. A pujante produção cultural, que alterava gradualmente o
consumo e o comportamento da população nos centros urbanos do país, era também resultado
do arrefecimento do controle do estado sobre os meios de comunicação em consolidação.
Durante o governo João Goulart, a efervescência cultural se aprofunda e ganha cunho político,
engajada na conscientização popular. Neste período, também é mantida a ausência do estado
na condução de políticas de cultura e de comunicação. Com o retorno de um regime ditatorial
ao poder, a partir de 1964, os anos de silêncio do estado, em termos de políticas para as áreas
de cultura e comunicação, são interrompidos. O estado militar, em seus longos anos de
vigência, retoma o controle sobre os meios de comunicação de massa e investe efetivamente
na consolidação da indústria cultural brasileira. Por fim, o texto alcança o período
democrático no Brasil, quando o circuito midiático se afirma como principal circuito cultural
do país, regido pela autonomia de produção de conteúdos por grandes conglomerados de
comunicação nacionais e internacionais, onde ainda é possível observar um abismo entre as
políticas de cultura e políticas de comunicação. De um lado, embora se amplie a intervenção
do estado sobre o campo cultural, na medida em que o Ministério da Cultura adota um
conceito (de cultura) que suplanta os limites das artes e incorpora os hábitos, valores e modos
de vida, os investimentos em políticas públicas voltadas para cultura midiática ainda é
incipiente. De outro lado, o atual Ministério das Comunicações concentra-se,
primordialmente, em normatizações técnicas, regulamentação e fiscalização das concessões
de TV, rádio e telecomunicações. Compreendida enquanto objeto da indústria cultural,
delegada ao mercado, a cultura midiática não é alvo prioritário das políticas culturais, muito
menos das políticas de comunicação. Contraditoriamente, é responsabilidade da Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República a gestão da TV Pública brasileira, através
da Empresa Brasil de Comunicação. As apostas no processo de reconhecimento dos vínculos
fundamentais entre comunicação e cultura e na evolução de uma produção, distribuição e
consumo da cultura midiática de forma mais democrática estão assentadas, hoje, na realização
das I Conferência Nacional de Comunicação e II Conferência Nacional de Cultura.