Este artigo analisa noções de lar, comunidade e espiritualidades negras como espaços de cura e em... more Este artigo analisa noções de lar, comunidade e espiritualidades negras como espaços de cura e empoderamento do sujeito negro em Home, de Toni Morrison. Com base em conceitos do campo dos estudos do trauma, antropologia cultural e estudos da religião, a análise examina o retorno dos protagonistas Cee e Frank à cidade onde cresceram como uma reflexão sobre trauma, história negra, o corpo negro e espiritualidades negras. A análise se concentra nos rituais, terapias e manifestações negras de espiritualidade que comunidades negras têm desenvolvido como meios para se obter cura física e psicológica.
Este artigo discute alguns poemas da escritora afro-americana Phillis Wheatley, publicados em Poe... more Este artigo discute alguns poemas da escritora afro-americana Phillis Wheatley, publicados em Poems on Various Subjects, Religious and Moral, no contexto dos debates em pauta no século XVIII acerca da humanidade dos negros. O argumento principal é que, embora sutil em suas observações devido a sua posição social frágil, Wheatley faz uso da poesia para confrontar interpretações racistas de textos bíblicos, bem como de teorias pseudocientíficas que visavam caracterizar o sujeito negro como intelectualmente e culturalmente inferior ao euro-americano. A análise demonstra que Wheatley se posiciona com autoridade diante dessas afirmações, tornando-se assim precursora de movimentos de vindicação da cultura negra que ganhariam proeminência mais tarde em narrativas autobiográficas de escravos, sermões, canções folclóricas e ensaios abolicionistas. As reflexões sobre raça, religião, nação e cidadania que norteiam a análise se baseiam, principalmente, em teorizações desenvolvidas por Henry Lou...
Este ensaio examina Our Nig, publicado em 1859 e considerado o primeiro romance escrito por uma m... more Este ensaio examina Our Nig, publicado em 1859 e considerado o primeiro romance escrito por uma mulher afrodescendente nos Estados Unidos, como uma crítica ao racismo contra os negros residentes nos estados do Norte do país, região normalmente vista pelos negros sulistas como solidária à causa abolicionista. À luz de insights provenientes da antropologia cultural e da geografia social, o texto discutirá como Harriet E. Wilson representa a formação de espaços e lugares racializados, que acabam se tornando ferramentas de dominação e exploração da mão de obra negra. Através dos abusos à personagem central do romance, a mulata Frado, Wilson discute a racialização dos lugares em uma residência em particular, a da família Bellmont. No entanto, fica evidente que o escopo crítico do romance é bem mais amplo. Além de expor ideologias raciais oitocentistas que sustentavam a demarcação racial dos espaços, ao usar a casa como metáfora para a nação, a autora traz à tona uma contradição inerente no pensamento abolicionista: por um lado, a abominação da escravidão; por outro, a segregação e a exclusão social do sujeito negro.
Este artigo analisa noções de lar, comunidade e espiritualidades negras como espaços de cura e em... more Este artigo analisa noções de lar, comunidade e espiritualidades negras como espaços de cura e empoderamento do sujeito negro em Home, de Toni Morrison. Com base em conceitos do campo dos estudos do trauma, antropologia cultural e estudos da religião, a análise examina o retorno dos protagonistas Cee e Frank à cidade onde cresceram como uma reflexão sobre trauma, história negra, o corpo negro e espiritualidades negras. A análise se concentra nos rituais, terapias e manifestações negras de espiritualidade que comunidades negras têm desenvolvido como meios para se obter cura física e psicológica.
Este artigo discute alguns poemas da escritora afro-americana Phillis Wheatley, publicados em Poe... more Este artigo discute alguns poemas da escritora afro-americana Phillis Wheatley, publicados em Poems on Various Subjects, Religious and Moral, no contexto dos debates em pauta no século XVIII acerca da humanidade dos negros. O argumento principal é que, embora sutil em suas observações devido a sua posição social frágil, Wheatley faz uso da poesia para confrontar interpretações racistas de textos bíblicos, bem como de teorias pseudocientíficas que visavam caracterizar o sujeito negro como intelectualmente e culturalmente inferior ao euro-americano. A análise demonstra que Wheatley se posiciona com autoridade diante dessas afirmações, tornando-se assim precursora de movimentos de vindicação da cultura negra que ganhariam proeminência mais tarde em narrativas autobiográficas de escravos, sermões, canções folclóricas e ensaios abolicionistas. As reflexões sobre raça, religião, nação e cidadania que norteiam a análise se baseiam, principalmente, em teorizações desenvolvidas por Henry Lou...
Este ensaio examina Our Nig, publicado em 1859 e considerado o primeiro romance escrito por uma m... more Este ensaio examina Our Nig, publicado em 1859 e considerado o primeiro romance escrito por uma mulher afrodescendente nos Estados Unidos, como uma crítica ao racismo contra os negros residentes nos estados do Norte do país, região normalmente vista pelos negros sulistas como solidária à causa abolicionista. À luz de insights provenientes da antropologia cultural e da geografia social, o texto discutirá como Harriet E. Wilson representa a formação de espaços e lugares racializados, que acabam se tornando ferramentas de dominação e exploração da mão de obra negra. Através dos abusos à personagem central do romance, a mulata Frado, Wilson discute a racialização dos lugares em uma residência em particular, a da família Bellmont. No entanto, fica evidente que o escopo crítico do romance é bem mais amplo. Além de expor ideologias raciais oitocentistas que sustentavam a demarcação racial dos espaços, ao usar a casa como metáfora para a nação, a autora traz à tona uma contradição inerente no pensamento abolicionista: por um lado, a abominação da escravidão; por outro, a segregação e a exclusão social do sujeito negro.
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Papers by Jose de Paiva dos Santos
insights provenientes da antropologia cultural e da geografia social, o texto discutirá como Harriet E. Wilson representa a formação de espaços e lugares racializados, que acabam se tornando ferramentas de dominação e exploração da mão de obra negra. Através dos abusos à personagem central do romance, a mulata Frado, Wilson
discute a racialização dos lugares em uma residência em particular, a da família Bellmont. No entanto, fica evidente que o escopo crítico do romance é bem mais amplo. Além de expor ideologias raciais oitocentistas que sustentavam a demarcação racial dos espaços, ao usar a casa como metáfora para a nação, a autora traz à tona uma contradição inerente no pensamento abolicionista: por um lado, a abominação da escravidão; por outro, a segregação e a exclusão social do sujeito negro.
insights provenientes da antropologia cultural e da geografia social, o texto discutirá como Harriet E. Wilson representa a formação de espaços e lugares racializados, que acabam se tornando ferramentas de dominação e exploração da mão de obra negra. Através dos abusos à personagem central do romance, a mulata Frado, Wilson
discute a racialização dos lugares em uma residência em particular, a da família Bellmont. No entanto, fica evidente que o escopo crítico do romance é bem mais amplo. Além de expor ideologias raciais oitocentistas que sustentavam a demarcação racial dos espaços, ao usar a casa como metáfora para a nação, a autora traz à tona uma contradição inerente no pensamento abolicionista: por um lado, a abominação da escravidão; por outro, a segregação e a exclusão social do sujeito negro.