Baumgarten que redigiu a biografia A vida e o caráter de Alexander Baumgarten [Alexander Baumgart... more Baumgarten que redigiu a biografia A vida e o caráter de Alexander Baumgarten [Alexander Baumgartens Leben und Charakter] um ano depois da morte de seu mestre [N. do T.]. 4 Christian Wolff (1679-1754), filósofo alemão, professor na Universidade de Halle, onde Baumgarten se formará e posterior-mente lecionará. Continuador da "teoria da harmonia preestabelecida" de Leibniz, foi perseguido por pietistas e, por ordem do rei Frederico Guilherme I da Prússia, obrigado ao exílio entre os anos de 1723 e 1740 [N. do T.]. Chama a atenção o quanto as aparições mais extraordinárias dependem de causas externas, não só no reino dos espíritos mas também na república dos filósofos. As diferentes conjunturas e situações de vida fornecem à maneira de pensar as suas diversas direções, e é especialmente a tonalidade da instrução, por assim dizer, a primeira roupagem da jovem alma, que mais contribui para a forma com que ela posterior-mente aparecerá para o mundo. Tudo isso é válido também par...
Para Leibniz, a realização da alma neste mundo depende de uma constante elaboração de si mesma co... more Para Leibniz, a realização da alma neste mundo depende de uma constante elaboração de si mesma com vistas a uma compreensão cada vez mais completa da Criação. O propósito do presente trabalho é mostrar, em linhas gerais, que o lugar da filosofia do autor da teoria da harmonia preestabelecida na história da estética resulta desse mesmo princípio, isto é, de que o correto posicionamento da alma no mundo confere a ela ao mesmo tempo as características de beleza e perfeição.
O objetivo do presente artigo e mostrar como a teoria da arte de Sulzer se encontra apoiada na ca... more O objetivo do presente artigo e mostrar como a teoria da arte de Sulzer se encontra apoiada na caracterizacao das faculdades cognitivas, remontando, portanto, a psicologia empirica desenvolvida pela escola leibniziana. A partir dos conceitos de fabula e invencao fica claro que a criacao poetica depende mais de observacao do que esta dado do que de uma invencao em sentido propriamente dito, quer dizer, do ultrapassamento da natureza pelo espirito. Esse modo de colocar as coisas permite identificar a atividade criadora com a do leitor, que sao igualmente movidos pelo desafio de reconhecer a articulacao reciproca entre as diversas partes de um significado universal da natureza humana. PALAVRAS-CHAVE : Fabula. Invencao. Poetica. Psicologia empirica. Estetica. ABSTRACT The aim of this article is to show how Sulzer’s theory of art is based on the characterization of cognitive faculties, therefore referring to the empirical psychology developed by the Leibnizian school. From the concepts o...
O presente artigo tem por objetivo contrapor duas posicoes diferentes sobre a relacao de causa e ... more O presente artigo tem por objetivo contrapor duas posicoes diferentes sobre a relacao de causa e efeito formuladas alguns anos depois da publicacao da Critica da Razao Pura de Kant, a partir da analise de uma serie de artigos de C.G. Selle e M. Herz publicados na revista Mensario Berlinense. A despeito do carater pontual e pouco detalhado do tratamento dispensado a questao pelos autores, o interesse aqui e mostrar que a compreensao de conceitos como inferencia causal, analogia e demonstracao esta longe de ser uma unanimidade, principalmente quando se trata de satisfazer as necessidades mais pragmaticas de ciencias como a medicina.
A natureza ilusória da sensibilidade, desde sempre evidente pelas dificuldades presentes na obten... more A natureza ilusória da sensibilidade, desde sempre evidente pelas dificuldades presentes na obtenção de conhecimento verdadeiro de si mesmo e do mundo, encontra em Sulzer um remédio que surpreende por sua estratégia inaudita. Em vez de recomendar o controle das sensações e paixões por meio das faculdades superiores, quer dizer, do entendimento e da razão — o que se tornou, por assim dizer, uma máxima filosófica — Sulzer defende que a ilusão só pode ser dissipada por um retorno constante à sensibilidade, até que ela aprenda a lidar consistentemente com os seus conteúdos.
Crítico do Iluminismo e das ciências que se orientavam pelo estabelecimento de leis universalment... more Crítico do Iluminismo e das ciências que se orientavam pelo estabelecimento de leis universalmente válidas, consagrou-se a Herder um papel determinante no movimento contrário à metafísica no século XVIII. O presente artigo pretende demonstrar que essa perspectiva é apenas parcialmente correta. Na medida em que transpõe elementos da tese da harmonia preestabelecida de Leibniz para o terreno da psicologia, Herder não se livra completamente de suas implicações. Ao contrário, conserva deles justamente o que continua dotado de sentido quando expresso em termos de relação entre corpo e alma, isto é, quando passível de experiência sensorial.
Trata-se de compreender os pressupostos da filosofia concreta pretendida por Johann Gottfried Her... more Trata-se de compreender os pressupostos da filosofia concreta pretendida por Johann Gottfried Herder (1744-1803) em uma série de textos redigidos durante as décadas de 1760-70. Se, por um lado, Herder demonstra afinidade com a mesma harmonia preestabelecida que está na base de leibnizianos como Gottsched e Baumgarten, por outro, ele aprofunda a discussão sobre a origem do conhecimento humano ao reduzir a importância de juízos de valor universal e acentuar a necessidade de uma aproximação constante das sensações que se agitam obscuramente no fundo da alma. Disso resulta uma concepção inusitada de sabedoria, a qual depende de uma renúncia à posse confortável de conhecimentos abstratos e da aceitação da natureza cambiante e apenas parcialmente perscrutável daquilo que nos move. Se com isso perde-se a certeza, abre-se em contrapartida uma dimensão essencialmente ativa e sensível de realização no mundo.
A analogia entre pintura e poesia, tal qual sugerida na Carta aos Pisões de Horácio, não foi inte... more A analogia entre pintura e poesia, tal qual sugerida na Carta aos Pisões de Horácio, não foi interpretada de modo homogêneo pela estética alemã do começo do século XVIII. Como tentaremos mostrar, em alguns autores essa analogia está muito mais atrelada ao caráter sensível como um todo da arte do que propriamente a uma referência imagética. Por um lado, isso pode ser constatado na obra crítica de Gottsched, que procura atenuar a importância do aspecto descritivo na poesia. Encontramos, por outro lado, na investigação teórica de Baumgarten uma abordagem segundo a qual o que une as diversas artes não é o seu compromisso com o sentido da visão ou mesmo a primazia da imagem pictórica sobre o discurso poético, mas sim o de estarem situadas naquele plano que definiu como abaixo do limiar da razão.
Para Leibniz, a realização da alma neste mundo depende de uma constante elaboração de si mesma co... more Para Leibniz, a realização da alma neste mundo depende de uma constante elaboração de si mesma com vistas a uma compreensão cada vez mais completa da Criação. O propósito do presente trabalho é mostrar, em linhas gerais, que o lugar da filosofia do autor da teoria da harmonia preestabelecida na história da estética resulta desse mesmo princípio, isto é, de que o correto posicionamento da alma no mundo confere a ela ao mesmo tempo as características de beleza e perfeição.
Chama a atencao o quanto as aparicoes mais extraordinarias dependem de causas externas, nao so no... more Chama a atencao o quanto as aparicoes mais extraordinarias dependem de causas externas, nao so no reino dos espiritos mas tambem na republica dos filosofos. As diferentes conjunturas e situacoes de vida fornecem a maneira de pensar as suas diversas direcoes, e e especialmente a tonalidade da instrucao, por assim dizer, a primeira roupagem da jovem alma, que mais contribui para a forma com que ela posterior- mente aparecera para o mundo. Tudo isso e valido tambem para Alexander Gottlieb Baumgarten. A sua primeira educacao esteve aos cuidados de um filologo; poderia ser ela favoravel para outra coisa senao o latim e a poesia? E como chegou a eles sob os cuidados de um filologo? Como nao ver o latim e a poesia como florescencias, frutos, mais como um brinquedo que um instrumento, mais como um doce sobre a lingua que um alimento. Assim era o jovem Baumgarten, que todo dia se acreditava incompleto se nao compusesse versos em latim, que podia digerir melhor o sermao de domingo se o forcas...
O presente trabalho tem por objetivo reconstruir o conceito de ciência do sensível na obra do fil... more O presente trabalho tem por objetivo reconstruir o conceito de ciência do sensível na obra do filosofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762). Partimos do pressuposto de que a investigacão das faculdades do conhecimento empreendida pelo autor na ...
Baumgarten que redigiu a biografia A vida e o caráter de Alexander Baumgarten [Alexander Baumgart... more Baumgarten que redigiu a biografia A vida e o caráter de Alexander Baumgarten [Alexander Baumgartens Leben und Charakter] um ano depois da morte de seu mestre [N. do T.]. 4 Christian Wolff (1679-1754), filósofo alemão, professor na Universidade de Halle, onde Baumgarten se formará e posterior-mente lecionará. Continuador da "teoria da harmonia preestabelecida" de Leibniz, foi perseguido por pietistas e, por ordem do rei Frederico Guilherme I da Prússia, obrigado ao exílio entre os anos de 1723 e 1740 [N. do T.]. Chama a atenção o quanto as aparições mais extraordinárias dependem de causas externas, não só no reino dos espíritos mas também na república dos filósofos. As diferentes conjunturas e situações de vida fornecem à maneira de pensar as suas diversas direções, e é especialmente a tonalidade da instrução, por assim dizer, a primeira roupagem da jovem alma, que mais contribui para a forma com que ela posterior-mente aparecerá para o mundo. Tudo isso é válido também par...
Para Leibniz, a realização da alma neste mundo depende de uma constante elaboração de si mesma co... more Para Leibniz, a realização da alma neste mundo depende de uma constante elaboração de si mesma com vistas a uma compreensão cada vez mais completa da Criação. O propósito do presente trabalho é mostrar, em linhas gerais, que o lugar da filosofia do autor da teoria da harmonia preestabelecida na história da estética resulta desse mesmo princípio, isto é, de que o correto posicionamento da alma no mundo confere a ela ao mesmo tempo as características de beleza e perfeição.
O objetivo do presente artigo e mostrar como a teoria da arte de Sulzer se encontra apoiada na ca... more O objetivo do presente artigo e mostrar como a teoria da arte de Sulzer se encontra apoiada na caracterizacao das faculdades cognitivas, remontando, portanto, a psicologia empirica desenvolvida pela escola leibniziana. A partir dos conceitos de fabula e invencao fica claro que a criacao poetica depende mais de observacao do que esta dado do que de uma invencao em sentido propriamente dito, quer dizer, do ultrapassamento da natureza pelo espirito. Esse modo de colocar as coisas permite identificar a atividade criadora com a do leitor, que sao igualmente movidos pelo desafio de reconhecer a articulacao reciproca entre as diversas partes de um significado universal da natureza humana. PALAVRAS-CHAVE : Fabula. Invencao. Poetica. Psicologia empirica. Estetica. ABSTRACT The aim of this article is to show how Sulzer’s theory of art is based on the characterization of cognitive faculties, therefore referring to the empirical psychology developed by the Leibnizian school. From the concepts o...
O presente artigo tem por objetivo contrapor duas posicoes diferentes sobre a relacao de causa e ... more O presente artigo tem por objetivo contrapor duas posicoes diferentes sobre a relacao de causa e efeito formuladas alguns anos depois da publicacao da Critica da Razao Pura de Kant, a partir da analise de uma serie de artigos de C.G. Selle e M. Herz publicados na revista Mensario Berlinense. A despeito do carater pontual e pouco detalhado do tratamento dispensado a questao pelos autores, o interesse aqui e mostrar que a compreensao de conceitos como inferencia causal, analogia e demonstracao esta longe de ser uma unanimidade, principalmente quando se trata de satisfazer as necessidades mais pragmaticas de ciencias como a medicina.
A natureza ilusória da sensibilidade, desde sempre evidente pelas dificuldades presentes na obten... more A natureza ilusória da sensibilidade, desde sempre evidente pelas dificuldades presentes na obtenção de conhecimento verdadeiro de si mesmo e do mundo, encontra em Sulzer um remédio que surpreende por sua estratégia inaudita. Em vez de recomendar o controle das sensações e paixões por meio das faculdades superiores, quer dizer, do entendimento e da razão — o que se tornou, por assim dizer, uma máxima filosófica — Sulzer defende que a ilusão só pode ser dissipada por um retorno constante à sensibilidade, até que ela aprenda a lidar consistentemente com os seus conteúdos.
Crítico do Iluminismo e das ciências que se orientavam pelo estabelecimento de leis universalment... more Crítico do Iluminismo e das ciências que se orientavam pelo estabelecimento de leis universalmente válidas, consagrou-se a Herder um papel determinante no movimento contrário à metafísica no século XVIII. O presente artigo pretende demonstrar que essa perspectiva é apenas parcialmente correta. Na medida em que transpõe elementos da tese da harmonia preestabelecida de Leibniz para o terreno da psicologia, Herder não se livra completamente de suas implicações. Ao contrário, conserva deles justamente o que continua dotado de sentido quando expresso em termos de relação entre corpo e alma, isto é, quando passível de experiência sensorial.
Trata-se de compreender os pressupostos da filosofia concreta pretendida por Johann Gottfried Her... more Trata-se de compreender os pressupostos da filosofia concreta pretendida por Johann Gottfried Herder (1744-1803) em uma série de textos redigidos durante as décadas de 1760-70. Se, por um lado, Herder demonstra afinidade com a mesma harmonia preestabelecida que está na base de leibnizianos como Gottsched e Baumgarten, por outro, ele aprofunda a discussão sobre a origem do conhecimento humano ao reduzir a importância de juízos de valor universal e acentuar a necessidade de uma aproximação constante das sensações que se agitam obscuramente no fundo da alma. Disso resulta uma concepção inusitada de sabedoria, a qual depende de uma renúncia à posse confortável de conhecimentos abstratos e da aceitação da natureza cambiante e apenas parcialmente perscrutável daquilo que nos move. Se com isso perde-se a certeza, abre-se em contrapartida uma dimensão essencialmente ativa e sensível de realização no mundo.
A analogia entre pintura e poesia, tal qual sugerida na Carta aos Pisões de Horácio, não foi inte... more A analogia entre pintura e poesia, tal qual sugerida na Carta aos Pisões de Horácio, não foi interpretada de modo homogêneo pela estética alemã do começo do século XVIII. Como tentaremos mostrar, em alguns autores essa analogia está muito mais atrelada ao caráter sensível como um todo da arte do que propriamente a uma referência imagética. Por um lado, isso pode ser constatado na obra crítica de Gottsched, que procura atenuar a importância do aspecto descritivo na poesia. Encontramos, por outro lado, na investigação teórica de Baumgarten uma abordagem segundo a qual o que une as diversas artes não é o seu compromisso com o sentido da visão ou mesmo a primazia da imagem pictórica sobre o discurso poético, mas sim o de estarem situadas naquele plano que definiu como abaixo do limiar da razão.
Para Leibniz, a realização da alma neste mundo depende de uma constante elaboração de si mesma co... more Para Leibniz, a realização da alma neste mundo depende de uma constante elaboração de si mesma com vistas a uma compreensão cada vez mais completa da Criação. O propósito do presente trabalho é mostrar, em linhas gerais, que o lugar da filosofia do autor da teoria da harmonia preestabelecida na história da estética resulta desse mesmo princípio, isto é, de que o correto posicionamento da alma no mundo confere a ela ao mesmo tempo as características de beleza e perfeição.
Chama a atencao o quanto as aparicoes mais extraordinarias dependem de causas externas, nao so no... more Chama a atencao o quanto as aparicoes mais extraordinarias dependem de causas externas, nao so no reino dos espiritos mas tambem na republica dos filosofos. As diferentes conjunturas e situacoes de vida fornecem a maneira de pensar as suas diversas direcoes, e e especialmente a tonalidade da instrucao, por assim dizer, a primeira roupagem da jovem alma, que mais contribui para a forma com que ela posterior- mente aparecera para o mundo. Tudo isso e valido tambem para Alexander Gottlieb Baumgarten. A sua primeira educacao esteve aos cuidados de um filologo; poderia ser ela favoravel para outra coisa senao o latim e a poesia? E como chegou a eles sob os cuidados de um filologo? Como nao ver o latim e a poesia como florescencias, frutos, mais como um brinquedo que um instrumento, mais como um doce sobre a lingua que um alimento. Assim era o jovem Baumgarten, que todo dia se acreditava incompleto se nao compusesse versos em latim, que podia digerir melhor o sermao de domingo se o forcas...
O presente trabalho tem por objetivo reconstruir o conceito de ciência do sensível na obra do fil... more O presente trabalho tem por objetivo reconstruir o conceito de ciência do sensível na obra do filosofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762). Partimos do pressuposto de que a investigacão das faculdades do conhecimento empreendida pelo autor na ...
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