https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/1894
O artigo apresenta algumas contri... more https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/1894 O artigo apresenta algumas contribuições da filosofia wittgensteiniana para a teologia filosófica. Para isso, divide-se em dois momentos. O objetivo do primeiro momento é, por assim dizer, o esclarecimento da semântica do discurso teológico. Veremos que, de acordo com Wittgenstein, a significância deste discurso depende, necessariamente, da ligação das doutrinas com performances; dito de outro modo, as sentenças teológicas só são significativas quando ligam-se às vidas dos usuários da linguagem de um ponto de vista prático e valorativo e não meramente teórico. Ao não cumprir esse critério a doutrina precisaria ser rejeitada ou refraseada (esclarecer o conceito de refraseamento também é objetivo do primeiro momento). Veremos que este, digamos, método teológico, pode ser encontrado, mutatis mutandis, tanto na primeira quanto na segunda filosofia de Wittgenstein. O objetivo do segundo momento é a discussão de um estudo de caso sobre a doutrina da predestinação. Tal discussão nos mostrará de que modo o próprio Wittgenstein aplica o seu método teológico, esclarecido por nós no primeiro momento do artigo.
O ponto de partida desta tese é a frase “Eu não sou um homem religioso, mas não consigo deixar de... more O ponto de partida desta tese é a frase “Eu não sou um homem religioso, mas não consigo deixar de ver todo problema a partir de um ponto de vista religioso” (frase-W) dita por Wittgenstein em uma conversa com o amigo e ex-aluno Maurice Drury. Nosso objetivo é apresentar uma interpretação que articule a frase-W com a filosofia de Wittgenstein. Para tanto, e com o foco principalmente na primeira fase da obra, argumentamos que a filosofia wittgensteiniana implica duas ideias teologicamente importantes. A primeira sustenta que a realidade contém uma esfera valorativo/religiosa, porém, esta não pode ser expressa proposicionalmente. Segue-se dessa ideia a possibilidade de uma vivência contemplativa e esclarecidamente silenciosa. A segunda estabelece um método de trabalho para a filosofia da religião e para a teologia. Veremos que, a despeito da indizibilidade, é possível elaborar um discurso teológico significativo, no entanto, os critérios de sentido devem ser necessariamente práticos. Em outras palavras, neste contexto, as frases devem se relacionar com as vidas e as condutas daqueles que as utilizam. Dividimos a tese em quatro capítulos, os dois primeiros são negativos e os dois últimos positivos. Nos capítulos 1 e 2 discutimos aquilo que o ponto de vista religioso de Wittgenstein não é. No primeiro, nós apresentamos e mostramos as limitações da interpreção analógica da frase-W, proposta por Norman Malcolm no seminal ensaio “Wittgenstein: a Religious Point of View?”. No segundo, discutimos e refutamos as interpretações panteístas da primeira filosofia wittgensteniana. Nos capítulos 3 e 4 discutimos, respectivamente, a primeira e a segunda ideia do ponto de vista religioso de Wittgenstein, citadas acima. Mostramos que estas ideias se seguem logicamente e, mais que isso, são o cume da primeira filosofia de Wittgenstein.
No livro This complicated form of life, Newton Garver apresenta uma interpretação curiosa da prim... more No livro This complicated form of life, Newton Garver apresenta uma interpretação curiosa da primeira filosofia de Wittgenstein. Baseando-se em algumas passagens dos Notebooks e, principalmente, em considerações sobre a ‘ontologia’ do Tractatus logico-philosophicus, o comentador conclui que a filosofia wittgensteiniana, ao menos em sua primeira fase, implica uma posição místico-religiosa panteísta. Mais precisamente, Garver utiliza um argumento abdutivo para (supostamente) mostrar que o panteísmo seria a melhor explicação para o fato de existirem, segundo ele, duas ontologias no Tractatus, a saber, uma ontologia de fatos e uma ontologia de objetos. O objetivo deste texto é apresentar e refutar esta interpretação. Após reconstruir com detalhes a posição de Garver, apresentarei dois argumentos contra ela. No primeiro, mostrarei que a interpretação do comentarista implica uma ideia inaceitável, segundo a qual o Deus panteísta seria fundamentado ao invés de ser o fundamento, como é comumente entendido nas tradições panteístas. No segundo, mostrarei que é possível explicar de forma plausível a ‘ontologia’ de fatos e de objetos presente no Tractatus, sem apelar ao panteísmo.
Muitos teístas argumentam que a ocorrência de milagres é prova cabal da existência de Deus. Parti... more Muitos teístas argumentam que a ocorrência de milagres é prova cabal da existência de Deus. Partindo de algumas ideias de Wittgenstein, pretendo mostrar que essa postura teísta é equivocada, dado que a essência do fato milagroso seria o deslumbramento e posterior mudança de vida que ele pode ocasionar no observador e não um fenômeno inexplicável, sendo mais compreensível ao postularmos a existência de um autor divino para ele. O milagre não prova a existência de Deus, mas proporciona uma possibilidade para que o observador aceite uma cosmovisão religiosa. Por outro lado, dizer que um fato não é milagroso, pois explicações científicas ou filosóficas desmistificam-no, também é equivocado. Tentarei mostrar que a aura divina de um evento não precisa necessariamente desaparecer após encontrarmos uma explicação para ele. Por fim, mostrarei que esta compreensão wittgensteiniana dos milagres pode ser considerada compatível com a tradição cristã, contrariando uma primeira impressão que ela nos causa.
O ensaio pretende reconstruir e discutir quatro objeções ao argumento ontológico apresentadas por... more O ensaio pretende reconstruir e discutir quatro objeções ao argumento ontológico apresentadas por Kant na famosa seção "Da impossibilidade de uma prova ontológica da existência de Deus" contida na Crítica da razão pura (CRP, A592-B620 – A602-B630). O primeiro argumento questionará a inteligibilidade do conceito de Deus; o segundo tentará mostrar que proposições do tipo “X não existe” nunca geram autocontradição; o terceiro pretenderá elucidar que o empreendimento de uma prova ontológica é autocontraditório, devido a uma ambiguidade na compreensão do termo “existência”; o quarto se baseia na célebre tese "existência não é um predicado". Além da reconstrução dos argumentos, apresentaremos também algumas críticas às estratégias de Kant.
Palavras-chave: Kant - Argumento ontológico – Provas da existência de Deus - Filosofia da religião
Neste texto, discutiremos a proposta interpretativa de Putnam das Palestras sobre crença religios... more Neste texto, discutiremos a proposta interpretativa de Putnam das Palestras sobre crença religiosa (Palestras) de Wittgenstein. Em dois artigos de 1992, Putnam discute esse complexo texto do corpus wittgensteiniano. As Palestras são apenas anotações de alunos, recolhidas e publicadas por Cyril Barret em 1966. São difíceis de ser compreendidas dado que o texto é fragmentado, in-completo, algumas vezes até não gramatical. Em certas passagens não fica claro se a ideia transmitida é de Wittgenstein ou de algum dos interlocutores. Por estar em um período transi-cional, no qual as ideias maduras de Wittgenstein estão ainda em desenvolvimento, as Palestras são de extrema importância para os interessados em uma interpretação mais precisa da obra wittgensteiniana. Obviamente, além da importância exegética e histórica, o texto pode ser estu-dado devido ao tema: crença e linguagem religiosa. Aqueles que se ocupam com filosofia da religião, se querem compreender as visões de Wittgenstein sobre o tema, precisam necessaria-mente passar pelas Palestras, pois é o texto onde o assunto é tratado de forma mais direta e com certa continuidade. Dividiremos o texto em dois momentos: primeiramente discutiremos algu-mas das ideias contidas nas Palestras, principalmente a concepção de que, apesar das aparên-cias, crentes e não-crentes religiosos não estariam contradizendo um ao outro. No segundo momento, apresentaremos e discutiremos a forma pela qual Putnam refuta duas interpretações prima facie plausíveis das Palestras: uma interpretação via incomensurabilidade entre o discurso religioso e não religioso e uma interpretação emotivista da linguagem religiosa. A exegese de Putnam é negativa, no sentido de nos mostrar como não compreender a linguagem religiosa através de lentes wittgensteinianas.
Neste ensaio apresentaremos e discutiremos a posição de Linda Zagzebski sobre os casos Gettier. N... more Neste ensaio apresentaremos e discutiremos a posição de Linda Zagzebski sobre os casos Gettier. Não falaremos da solução zagzebskiana a tal problema, mas sim que os casos Gettier, segundo a filósofa, são inevitáveis devido a comum e razoável declaração de que é possível crer justificadamente em uma proposição, mas no fim das contas a proposição ser falsa. Em outras palavras, dado que a relação entre verdade e justificação é próxima, mas não inviolável, os casos Gettier não podem ser evitados. Antes de discutirmos as ideias de Zagzebski, apresentaremos uma refutação do artigo “Truth and Evidence”, de Robert Almeder, no qual o autor pretendeu defender que justificação implica verdade. Se Almeder estivesse correto os argumentos de Zagzebski, como veremos, não seriam sólidos.
No §373 das Investigações Filosóficas, Wittgenstein, após dizer “que espécie de objeto alguma coi... more No §373 das Investigações Filosóficas, Wittgenstein, após dizer “que espécie de objeto alguma coisa é, é dito pela gramática” faz a famosa anotação “(teologia como gramática)”. Neste texto, pretendo apresentar uma interpretação dessa anotação, argumentando que as proposições religiosas, revelam proposições gramaticais de um sistema de referência específico, no caso, religioso. Muitos filósofos e teólogos pensam que proposições do tipo “Deus existe”, “Deus julgará os homens conforme as suas obras” e outros similares, devem ser tratadas como proposições factuais, pressupondo assim que o discurso da teologia seja realista. Mostrarei que tratar a teologia dessa forma é transformá-la em uma vazia metafísica que não consegue distinguir (cf. Zettel §458) entre declarações conceituais e declarações factuais. O papel da teologia, como sugere Wittgenstein, é regrar o uso de palavras dentro da prática lingüística religiosa. Boa teologia deve oferecer gramática, não metafísica.
Palavras-chave: Wittgenstein – Gramática filosófica - Filosofia da Religião – Teologia
A dissertação tem como principal objetivo apresentar uma interpretação da filosofia da religião d... more A dissertação tem como principal objetivo apresentar uma interpretação da filosofia da religião de Wittgenstein, mostrando como as ideias do filósofo, referentes às crenças religiosas, são melhor compreendidas quando contrapostas às pressuposições de uma tradicional interpretação da religião, que chamaremos de visão factual das crenças religiosas. Mostraremos que dois pressupostos da visão factual não se sustentam frente ao enfoque wittgensteiniano, a saber, tratar Deus como se fosse um objeto entre objetos e considerar as proposições religiosas como proposições empíricas, que para serem justificadas precisariam se basear em evidências. A abordagem wittgensteiniana mostrará que ao analisarmos a gramática do conceito ―Deus‖ e a categoria lógico/gramatical das proposições religiosas, os pressupostos da visão factual revelam confusões. Para melhor apresentação da pesquisa dividimos o texto em três capítulos. No primeiro capítulo, apresentaremos os pressupostos da visão factual através da reconstrução dos clássicos argumentos em favor da existência de Deus, o argumento ontológico, cosmológico e físico-teológico. No segundo capítulo apresentaremos as ideias de Wittgenstein em relação às crenças religiosas, mostrando como elas se afastam radicalmente da visão factual. No terceiro capítulo apresentaremos algumas objeções e possíveis respostas.
Síntese dos problemas filosóficos discutidos no Livro XI das Confissões de Agostinho. Palestra ap... more Síntese dos problemas filosóficos discutidos no Livro XI das Confissões de Agostinho. Palestra apresentada na Universidade Estadual do Norte do Paraná. Segundo semestre de 2019.
https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/1894
O artigo apresenta algumas contri... more https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/1894 O artigo apresenta algumas contribuições da filosofia wittgensteiniana para a teologia filosófica. Para isso, divide-se em dois momentos. O objetivo do primeiro momento é, por assim dizer, o esclarecimento da semântica do discurso teológico. Veremos que, de acordo com Wittgenstein, a significância deste discurso depende, necessariamente, da ligação das doutrinas com performances; dito de outro modo, as sentenças teológicas só são significativas quando ligam-se às vidas dos usuários da linguagem de um ponto de vista prático e valorativo e não meramente teórico. Ao não cumprir esse critério a doutrina precisaria ser rejeitada ou refraseada (esclarecer o conceito de refraseamento também é objetivo do primeiro momento). Veremos que este, digamos, método teológico, pode ser encontrado, mutatis mutandis, tanto na primeira quanto na segunda filosofia de Wittgenstein. O objetivo do segundo momento é a discussão de um estudo de caso sobre a doutrina da predestinação. Tal discussão nos mostrará de que modo o próprio Wittgenstein aplica o seu método teológico, esclarecido por nós no primeiro momento do artigo.
O ponto de partida desta tese é a frase “Eu não sou um homem religioso, mas não consigo deixar de... more O ponto de partida desta tese é a frase “Eu não sou um homem religioso, mas não consigo deixar de ver todo problema a partir de um ponto de vista religioso” (frase-W) dita por Wittgenstein em uma conversa com o amigo e ex-aluno Maurice Drury. Nosso objetivo é apresentar uma interpretação que articule a frase-W com a filosofia de Wittgenstein. Para tanto, e com o foco principalmente na primeira fase da obra, argumentamos que a filosofia wittgensteiniana implica duas ideias teologicamente importantes. A primeira sustenta que a realidade contém uma esfera valorativo/religiosa, porém, esta não pode ser expressa proposicionalmente. Segue-se dessa ideia a possibilidade de uma vivência contemplativa e esclarecidamente silenciosa. A segunda estabelece um método de trabalho para a filosofia da religião e para a teologia. Veremos que, a despeito da indizibilidade, é possível elaborar um discurso teológico significativo, no entanto, os critérios de sentido devem ser necessariamente práticos. Em outras palavras, neste contexto, as frases devem se relacionar com as vidas e as condutas daqueles que as utilizam. Dividimos a tese em quatro capítulos, os dois primeiros são negativos e os dois últimos positivos. Nos capítulos 1 e 2 discutimos aquilo que o ponto de vista religioso de Wittgenstein não é. No primeiro, nós apresentamos e mostramos as limitações da interpreção analógica da frase-W, proposta por Norman Malcolm no seminal ensaio “Wittgenstein: a Religious Point of View?”. No segundo, discutimos e refutamos as interpretações panteístas da primeira filosofia wittgensteniana. Nos capítulos 3 e 4 discutimos, respectivamente, a primeira e a segunda ideia do ponto de vista religioso de Wittgenstein, citadas acima. Mostramos que estas ideias se seguem logicamente e, mais que isso, são o cume da primeira filosofia de Wittgenstein.
No livro This complicated form of life, Newton Garver apresenta uma interpretação curiosa da prim... more No livro This complicated form of life, Newton Garver apresenta uma interpretação curiosa da primeira filosofia de Wittgenstein. Baseando-se em algumas passagens dos Notebooks e, principalmente, em considerações sobre a ‘ontologia’ do Tractatus logico-philosophicus, o comentador conclui que a filosofia wittgensteiniana, ao menos em sua primeira fase, implica uma posição místico-religiosa panteísta. Mais precisamente, Garver utiliza um argumento abdutivo para (supostamente) mostrar que o panteísmo seria a melhor explicação para o fato de existirem, segundo ele, duas ontologias no Tractatus, a saber, uma ontologia de fatos e uma ontologia de objetos. O objetivo deste texto é apresentar e refutar esta interpretação. Após reconstruir com detalhes a posição de Garver, apresentarei dois argumentos contra ela. No primeiro, mostrarei que a interpretação do comentarista implica uma ideia inaceitável, segundo a qual o Deus panteísta seria fundamentado ao invés de ser o fundamento, como é comumente entendido nas tradições panteístas. No segundo, mostrarei que é possível explicar de forma plausível a ‘ontologia’ de fatos e de objetos presente no Tractatus, sem apelar ao panteísmo.
Muitos teístas argumentam que a ocorrência de milagres é prova cabal da existência de Deus. Parti... more Muitos teístas argumentam que a ocorrência de milagres é prova cabal da existência de Deus. Partindo de algumas ideias de Wittgenstein, pretendo mostrar que essa postura teísta é equivocada, dado que a essência do fato milagroso seria o deslumbramento e posterior mudança de vida que ele pode ocasionar no observador e não um fenômeno inexplicável, sendo mais compreensível ao postularmos a existência de um autor divino para ele. O milagre não prova a existência de Deus, mas proporciona uma possibilidade para que o observador aceite uma cosmovisão religiosa. Por outro lado, dizer que um fato não é milagroso, pois explicações científicas ou filosóficas desmistificam-no, também é equivocado. Tentarei mostrar que a aura divina de um evento não precisa necessariamente desaparecer após encontrarmos uma explicação para ele. Por fim, mostrarei que esta compreensão wittgensteiniana dos milagres pode ser considerada compatível com a tradição cristã, contrariando uma primeira impressão que ela nos causa.
O ensaio pretende reconstruir e discutir quatro objeções ao argumento ontológico apresentadas por... more O ensaio pretende reconstruir e discutir quatro objeções ao argumento ontológico apresentadas por Kant na famosa seção "Da impossibilidade de uma prova ontológica da existência de Deus" contida na Crítica da razão pura (CRP, A592-B620 – A602-B630). O primeiro argumento questionará a inteligibilidade do conceito de Deus; o segundo tentará mostrar que proposições do tipo “X não existe” nunca geram autocontradição; o terceiro pretenderá elucidar que o empreendimento de uma prova ontológica é autocontraditório, devido a uma ambiguidade na compreensão do termo “existência”; o quarto se baseia na célebre tese "existência não é um predicado". Além da reconstrução dos argumentos, apresentaremos também algumas críticas às estratégias de Kant.
Palavras-chave: Kant - Argumento ontológico – Provas da existência de Deus - Filosofia da religião
Neste texto, discutiremos a proposta interpretativa de Putnam das Palestras sobre crença religios... more Neste texto, discutiremos a proposta interpretativa de Putnam das Palestras sobre crença religiosa (Palestras) de Wittgenstein. Em dois artigos de 1992, Putnam discute esse complexo texto do corpus wittgensteiniano. As Palestras são apenas anotações de alunos, recolhidas e publicadas por Cyril Barret em 1966. São difíceis de ser compreendidas dado que o texto é fragmentado, in-completo, algumas vezes até não gramatical. Em certas passagens não fica claro se a ideia transmitida é de Wittgenstein ou de algum dos interlocutores. Por estar em um período transi-cional, no qual as ideias maduras de Wittgenstein estão ainda em desenvolvimento, as Palestras são de extrema importância para os interessados em uma interpretação mais precisa da obra wittgensteiniana. Obviamente, além da importância exegética e histórica, o texto pode ser estu-dado devido ao tema: crença e linguagem religiosa. Aqueles que se ocupam com filosofia da religião, se querem compreender as visões de Wittgenstein sobre o tema, precisam necessaria-mente passar pelas Palestras, pois é o texto onde o assunto é tratado de forma mais direta e com certa continuidade. Dividiremos o texto em dois momentos: primeiramente discutiremos algu-mas das ideias contidas nas Palestras, principalmente a concepção de que, apesar das aparên-cias, crentes e não-crentes religiosos não estariam contradizendo um ao outro. No segundo momento, apresentaremos e discutiremos a forma pela qual Putnam refuta duas interpretações prima facie plausíveis das Palestras: uma interpretação via incomensurabilidade entre o discurso religioso e não religioso e uma interpretação emotivista da linguagem religiosa. A exegese de Putnam é negativa, no sentido de nos mostrar como não compreender a linguagem religiosa através de lentes wittgensteinianas.
Neste ensaio apresentaremos e discutiremos a posição de Linda Zagzebski sobre os casos Gettier. N... more Neste ensaio apresentaremos e discutiremos a posição de Linda Zagzebski sobre os casos Gettier. Não falaremos da solução zagzebskiana a tal problema, mas sim que os casos Gettier, segundo a filósofa, são inevitáveis devido a comum e razoável declaração de que é possível crer justificadamente em uma proposição, mas no fim das contas a proposição ser falsa. Em outras palavras, dado que a relação entre verdade e justificação é próxima, mas não inviolável, os casos Gettier não podem ser evitados. Antes de discutirmos as ideias de Zagzebski, apresentaremos uma refutação do artigo “Truth and Evidence”, de Robert Almeder, no qual o autor pretendeu defender que justificação implica verdade. Se Almeder estivesse correto os argumentos de Zagzebski, como veremos, não seriam sólidos.
No §373 das Investigações Filosóficas, Wittgenstein, após dizer “que espécie de objeto alguma coi... more No §373 das Investigações Filosóficas, Wittgenstein, após dizer “que espécie de objeto alguma coisa é, é dito pela gramática” faz a famosa anotação “(teologia como gramática)”. Neste texto, pretendo apresentar uma interpretação dessa anotação, argumentando que as proposições religiosas, revelam proposições gramaticais de um sistema de referência específico, no caso, religioso. Muitos filósofos e teólogos pensam que proposições do tipo “Deus existe”, “Deus julgará os homens conforme as suas obras” e outros similares, devem ser tratadas como proposições factuais, pressupondo assim que o discurso da teologia seja realista. Mostrarei que tratar a teologia dessa forma é transformá-la em uma vazia metafísica que não consegue distinguir (cf. Zettel §458) entre declarações conceituais e declarações factuais. O papel da teologia, como sugere Wittgenstein, é regrar o uso de palavras dentro da prática lingüística religiosa. Boa teologia deve oferecer gramática, não metafísica.
Palavras-chave: Wittgenstein – Gramática filosófica - Filosofia da Religião – Teologia
A dissertação tem como principal objetivo apresentar uma interpretação da filosofia da religião d... more A dissertação tem como principal objetivo apresentar uma interpretação da filosofia da religião de Wittgenstein, mostrando como as ideias do filósofo, referentes às crenças religiosas, são melhor compreendidas quando contrapostas às pressuposições de uma tradicional interpretação da religião, que chamaremos de visão factual das crenças religiosas. Mostraremos que dois pressupostos da visão factual não se sustentam frente ao enfoque wittgensteiniano, a saber, tratar Deus como se fosse um objeto entre objetos e considerar as proposições religiosas como proposições empíricas, que para serem justificadas precisariam se basear em evidências. A abordagem wittgensteiniana mostrará que ao analisarmos a gramática do conceito ―Deus‖ e a categoria lógico/gramatical das proposições religiosas, os pressupostos da visão factual revelam confusões. Para melhor apresentação da pesquisa dividimos o texto em três capítulos. No primeiro capítulo, apresentaremos os pressupostos da visão factual através da reconstrução dos clássicos argumentos em favor da existência de Deus, o argumento ontológico, cosmológico e físico-teológico. No segundo capítulo apresentaremos as ideias de Wittgenstein em relação às crenças religiosas, mostrando como elas se afastam radicalmente da visão factual. No terceiro capítulo apresentaremos algumas objeções e possíveis respostas.
Síntese dos problemas filosóficos discutidos no Livro XI das Confissões de Agostinho. Palestra ap... more Síntese dos problemas filosóficos discutidos no Livro XI das Confissões de Agostinho. Palestra apresentada na Universidade Estadual do Norte do Paraná. Segundo semestre de 2019.
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O artigo apresenta algumas contribuições da filosofia wittgensteiniana para a teologia filosófica. Para isso, divide-se em dois momentos. O objetivo do primeiro momento é, por assim dizer, o esclarecimento da semântica do discurso teológico. Veremos que, de acordo com Wittgenstein, a significância deste discurso depende, necessariamente, da ligação das doutrinas com performances; dito de outro modo, as sentenças teológicas só são significativas quando ligam-se às vidas dos usuários da linguagem de um ponto de vista prático e valorativo e não meramente teórico. Ao não cumprir esse critério a doutrina precisaria ser rejeitada ou refraseada (esclarecer o conceito de refraseamento também é objetivo do primeiro momento). Veremos que este, digamos, método teológico, pode ser encontrado, mutatis mutandis, tanto na primeira quanto na segunda filosofia de Wittgenstein. O objetivo do segundo momento é a discussão de um estudo de caso sobre a doutrina da predestinação. Tal discussão nos mostrará de que modo o próprio Wittgenstein aplica o seu método teológico, esclarecido por nós no primeiro momento do artigo.
https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/1894
desaparecer após encontrarmos uma explicação para ele. Por fim, mostrarei que esta compreensão wittgensteiniana dos milagres pode ser considerada compatível com a tradição
cristã, contrariando uma primeira impressão que ela nos causa.
Palavras-chave: Kant - Argumento ontológico – Provas da existência de Deus - Filosofia da religião
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https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/1894
desaparecer após encontrarmos uma explicação para ele. Por fim, mostrarei que esta compreensão wittgensteiniana dos milagres pode ser considerada compatível com a tradição
cristã, contrariando uma primeira impressão que ela nos causa.
Palavras-chave: Kant - Argumento ontológico – Provas da existência de Deus - Filosofia da religião
Palavras-chave: Wittgenstein – Gramática filosófica - Filosofia da Religião – Teologia