Resumo.
A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma históri... more Resumo. A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma história social das idéias na acepção do termo; e bem distante passa da construção de uma história problema, preocupada com a elaboração de um objeto de estudo comparativo que busque unificar o campo das “ciências do homem”. É a multiplicação dos pontos de vista o que funda o poder da análise, nos diz Revel (2002, p.47). Para um campo do saber que se pretende baseado em método, muito fica de fora na construção dos relatos históricos apresentados pelos livros didáticos adotados pelas escolas públicas brasileiras. Em busca de um enriquecimento destes conteúdos, propomos uma leitura dos acontecimentos um pouco mais atenta à heterogeneidade dos grupos e personagens que compuseram a História do Brasil. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo, portanto, recuperar uma corrente de pensamento e um grupo que a expressa socialmente ainda que de forma despercebida pela história tradicional que hoje se apresenta aos estudantes de história: os maçons e a sua relevante, porém pouco conhecida participação nos acontecimentos históricos. Analisaremos aqui, com este objetivo específico, a sua inserção nas páginas dos livros didáticos atuais. Desta forma, entendemos que a compreensão da atuação da maçonaria enquanto lócus de sociabilidade e transmissão de novas idéias no espaço social deve ser objeto de maiores estudos que ressaltem a relevância de sua participação nos acontecimentos históricos. Esta é a proposta deste estudo. Aproveitando a oportunidade que se apresenta, no momento em que, nas escolas públicas, o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD 2012, oferece ao corpo docente a escolha do livro didático a ser trabalhado nas salas de aula do ensino médio, elaboramos uma leitura analítica de 12 das 19 obras oferecidas para esta escolha na disciplina de História. Buscamos analisar a inserção por parte dos autores, do tema “Maçonaria” em suas obras. Para tanto, nos valemos dos recursos teóricos de Barthes (1973), Veyne (1976), Foucault (1996) e Revel (2002), em suas abordagens e considerações, respectivamente, sobre prazer, inventário das diferenças e suas constantes, sociedade de discurso e tempo social. Descobrimos que pouco ou quase nada se escreve sobre tal assunto, limitando-se, na totalidade das obras observadas, o tema a ser trabalhado em poucas linhas, no que tange à História do Brasil, repetidamente em um mesmo e único tópico, notadamente no tocante às Conjurações Baiana e Mineira, à Independência do Brasil e à “questão religiosa”, ao final do Segundo Império. Quanto à História Geral, nada foi encontrado em todo o conjunto analisado. A seguir, apresentamos o desenvolvimento das observações feitas, obra a obra.
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A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma históri... more Resumo. A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma história social das idéias na acepção do termo; e bem distante passa da construção de uma história problema, preocupada com a elaboração de um objeto de estudo comparativo que busque unificar o campo das “ciências do homem”. É a multiplicação dos pontos de vista o que funda o poder da análise, nos diz Revel (2002, p.47). Para um campo do saber que se pretende baseado em método, muito fica de fora na construção dos relatos históricos apresentados pelos livros didáticos adotados pelas escolas públicas brasileiras. Em busca de um enriquecimento destes conteúdos, propomos uma leitura dos acontecimentos um pouco mais atenta à heterogeneidade dos grupos e personagens que compuseram a História do Brasil. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo, portanto, recuperar uma corrente de pensamento e um grupo que a expressa socialmente ainda que de forma despercebida pela história tradicional que hoje se apresenta aos estudantes de história: os maçons e a sua relevante, porém pouco conhecida participação nos acontecimentos históricos. Analisaremos aqui, com este objetivo específico, a sua inserção nas páginas dos livros didáticos atuais. Desta forma, entendemos que a compreensão da atuação da maçonaria enquanto lócus de sociabilidade e transmissão de novas idéias no espaço social deve ser objeto de maiores estudos que ressaltem a relevância de sua participação nos acontecimentos históricos. Esta é a proposta deste estudo. Aproveitando a oportunidade que se apresenta, no momento em que, nas escolas públicas, o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD 2012, oferece ao corpo docente a escolha do livro didático a ser trabalhado nas salas de aula do ensino médio, elaboramos uma leitura analítica de 12 das 19 obras oferecidas para esta escolha na disciplina de História. Buscamos analisar a inserção por parte dos autores, do tema “Maçonaria” em suas obras. Para tanto, nos valemos dos recursos teóricos de Barthes (1973), Veyne (1976), Foucault (1996) e Revel (2002), em suas abordagens e considerações, respectivamente, sobre prazer, inventário das diferenças e suas constantes, sociedade de discurso e tempo social. Descobrimos que pouco ou quase nada se escreve sobre tal assunto, limitando-se, na totalidade das obras observadas, o tema a ser trabalhado em poucas linhas, no que tange à História do Brasil, repetidamente em um mesmo e único tópico, notadamente no tocante às Conjurações Baiana e Mineira, à Independência do Brasil e à “questão religiosa”, ao final do Segundo Império. Quanto à História Geral, nada foi encontrado em todo o conjunto analisado. A seguir, apresentamos o desenvolvimento das observações feitas, obra a obra.
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A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma história social das idéias na acepção do termo; e bem distante passa da construção de uma história problema, preocupada com a elaboração de um objeto de estudo comparativo que busque unificar o campo das “ciências do homem”. É a multiplicação dos pontos de vista o que funda o poder da análise, nos diz Revel (2002, p.47). Para um campo do saber que se pretende baseado em método, muito fica de fora na construção dos relatos históricos apresentados pelos livros didáticos adotados pelas escolas públicas brasileiras. Em busca de um enriquecimento destes conteúdos, propomos uma leitura dos acontecimentos um pouco mais atenta à heterogeneidade dos grupos e personagens que compuseram a História do Brasil. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo, portanto, recuperar uma corrente de pensamento e um grupo que a expressa socialmente ainda que de forma despercebida pela história tradicional que hoje se apresenta aos estudantes de história: os maçons e a sua relevante, porém pouco conhecida participação nos acontecimentos históricos. Analisaremos aqui, com este objetivo específico, a sua inserção nas páginas dos livros didáticos atuais. Desta forma, entendemos que a compreensão da atuação da maçonaria enquanto lócus de
sociabilidade e transmissão de novas idéias no espaço social deve ser objeto de maiores estudos que ressaltem a relevância de sua participação nos acontecimentos históricos. Esta é a proposta deste estudo. Aproveitando a oportunidade que se apresenta, no momento em que, nas escolas públicas, o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD 2012, oferece ao corpo docente a escolha do livro didático a ser trabalhado nas salas de aula do ensino médio, elaboramos uma leitura analítica de 12 das 19 obras oferecidas para esta escolha na disciplina de História. Buscamos analisar a inserção por parte dos autores, do tema “Maçonaria” em suas obras. Para tanto, nos valemos dos recursos teóricos de Barthes (1973), Veyne (1976), Foucault (1996) e Revel (2002), em suas abordagens e considerações, respectivamente, sobre prazer, inventário das diferenças e suas constantes, sociedade de discurso e tempo social. Descobrimos que pouco ou quase nada se escreve sobre tal assunto, limitando-se, na totalidade das obras observadas, o tema a ser trabalhado em poucas linhas, no que tange à História do Brasil, repetidamente em um mesmo e único tópico, notadamente no tocante às Conjurações Baiana e Mineira, à Independência do Brasil e à “questão religiosa”, ao final do Segundo Império. Quanto à História Geral, nada foi encontrado em todo o conjunto analisado.
A seguir, apresentamos o desenvolvimento das observações feitas, obra a obra.
A historiografia tradicional apresentada pelos livros didáticos não contempla uma história social das idéias na acepção do termo; e bem distante passa da construção de uma história problema, preocupada com a elaboração de um objeto de estudo comparativo que busque unificar o campo das “ciências do homem”. É a multiplicação dos pontos de vista o que funda o poder da análise, nos diz Revel (2002, p.47). Para um campo do saber que se pretende baseado em método, muito fica de fora na construção dos relatos históricos apresentados pelos livros didáticos adotados pelas escolas públicas brasileiras. Em busca de um enriquecimento destes conteúdos, propomos uma leitura dos acontecimentos um pouco mais atenta à heterogeneidade dos grupos e personagens que compuseram a História do Brasil. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo, portanto, recuperar uma corrente de pensamento e um grupo que a expressa socialmente ainda que de forma despercebida pela história tradicional que hoje se apresenta aos estudantes de história: os maçons e a sua relevante, porém pouco conhecida participação nos acontecimentos históricos. Analisaremos aqui, com este objetivo específico, a sua inserção nas páginas dos livros didáticos atuais. Desta forma, entendemos que a compreensão da atuação da maçonaria enquanto lócus de
sociabilidade e transmissão de novas idéias no espaço social deve ser objeto de maiores estudos que ressaltem a relevância de sua participação nos acontecimentos históricos. Esta é a proposta deste estudo. Aproveitando a oportunidade que se apresenta, no momento em que, nas escolas públicas, o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD 2012, oferece ao corpo docente a escolha do livro didático a ser trabalhado nas salas de aula do ensino médio, elaboramos uma leitura analítica de 12 das 19 obras oferecidas para esta escolha na disciplina de História. Buscamos analisar a inserção por parte dos autores, do tema “Maçonaria” em suas obras. Para tanto, nos valemos dos recursos teóricos de Barthes (1973), Veyne (1976), Foucault (1996) e Revel (2002), em suas abordagens e considerações, respectivamente, sobre prazer, inventário das diferenças e suas constantes, sociedade de discurso e tempo social. Descobrimos que pouco ou quase nada se escreve sobre tal assunto, limitando-se, na totalidade das obras observadas, o tema a ser trabalhado em poucas linhas, no que tange à História do Brasil, repetidamente em um mesmo e único tópico, notadamente no tocante às Conjurações Baiana e Mineira, à Independência do Brasil e à “questão religiosa”, ao final do Segundo Império. Quanto à História Geral, nada foi encontrado em todo o conjunto analisado.
A seguir, apresentamos o desenvolvimento das observações feitas, obra a obra.