ISSN 2175-1838
http://doi.org/10.7213/2175-1838.15.001.DS06
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A sinodalidade em nível paroquial
Sinodality at parish level
Victor Hugo Pereira Paivaa
Curitiba, PR, Brasil
Felipe Sérgio Koller
Curitiba, PR, Brasil
b
Resumo
O caminho que a Igreja tem feito ao longo do pontificado de Francisco para o resgate da sinodalidade interpela também o
âmbito da paróquia como rede de comunidades. Como dimensão constitutiva da Igreja, a sinodalidade abrange todos os
seus níveis. A Igreja da América Latina e do Brasil, desde a sua recepção do Concílio Vaticano II, é atravessada por
experiências de sinodalidade, instando continuamente a uma renovação paroquial que torne cada pequena comunidade
cristã sujeito da ação pastoral. Voltando o olhar para essa história, e para a experiência atual do Sínodo 2021-2024, é
possível apontar caminhos para o amadurecimento sinodal de nossas comunidades, no que tange à relação entre ministros
ordenados e leigos, aos organismos de participação e à celebração da liturgia.
Palavras-chave: Sinodalidade. Paróquia. Igreja da América Latina. Papa Francisco. Participação ativa.
Abstract
The path that the Church has taken throughout the pontificate of Francis to retrieve synodality also challenges the sphere
of the parish as a network of communities. As a constitutive dimension of the Church, synodality encompasses all its levels.
The Church in Latin America and Brazil, since its reception of the Second Vatican Council, has been crossed by experiences
of synodality, continually urging for a parish renewal that makes each small Christian community a subject of pastoral action.
Turning our gaze to this history, and to the current experience of the 2021-2024 Synod, it is possible to point out ways for
the synodal maturation of our communities, regarding the relationship between ordained ministers and lay people, the
participation organisms and the celebration of the liturgy.
a
b
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, PR, Brasil. Mestrando em Teologia, e-mail: paiva-victor@hotmail.com
Faculdade São Basílio Magno (FASBAM), Curitiba, PR, Brasil. Doutor em Teologia, e-mail: felipe@oficinadenazare.com
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 15, n. 1, 2023
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A sinodalidade em nível paroquial
Keywords: Sinodality. Parish. Latin American Church. Pope Francis. Active participation.
Introdução
Dez anos depois da eleição de Jorge Mario Bergoglio à sé de Roma, a palavra “sinodalidade” já não é uma
desconhecida em nossas comunidades – eleito em março de 2013, Francisco usou essa palavra mais de cem vezes em
seu magistério, num grande contraste com seus antecessores imediatos, que a usaram apenas cinco (São João Paulo
II) e duas (Bento XVI) vezes. A essa altura, sobretudo depois de iniciado o atual percurso sinodal, a ser concluído em
2024, também não deveria ser uma novidade completa a compreensão da sinodalidade não como um slogan
passageiro, mas como dimensão constitutiva da Igreja (FRANCISCO, 2015).
A Igreja latino-americana, ademais, já conhecia a sinodalidade, se não de nome, ao menos como prática –
certo, não em todas e possivelmente não na maioria de suas comunidades. Isso porque, por um lado, principalmente
a partir da recepção do Concílio Vaticano II (1962-1965), o caminho da Igreja nesta região ficou marcado pelas
assembleias gerais do seu episcopado, uma prática sinodal por excelência; por outro, as mesmas assembleias, em
seus documentos finais, firmaram de modo cada vez mais sólido ao longo das últimas décadas a opção por uma
renovação paroquial em que se sobressai o aspecto comunitário, também em relação à tomada de decisões, na
atenção à formação de pequenas comunidades. Expressão disso são as comunidades eclesiais de base, “escola de
sinodalidade na América Latina” (PINAS, 2022).
A paróquia como rede de comunidades é, pois, âmbito de exercício da sinodalidade. Há uma sinodalidade
diocesana, uma sinodalidade paroquial (FRANCISCO, 2016) – a essa luz, Francisco reformou recentemente, com a
Constituição Apostólica In Ecclesiarum Communione (2023), a estrutura da Diocese de Roma, entendendo-a como
chamada a ser exemplo para outras Igrejas locais. “Caminhar em sinodalidade significa que toda a comunidade
diocesana ou paroquial caminha junto. Todos são povo de Deus” (FRANCISCO, 2018). Na verdade, em qualquer esfera,
“a pastoral não pode não ser sinodal, ou seja, capaz de dar forma a um ‘caminhar juntos’” (FRANCISCO, 2019). Este
artigo pretende, assim, abordar a sinodalidade nesse nível paroquial, à luz do percurso de retomada da sinodalidade
no catolicismo desde o Concílio Vaticano II e sobretudo no pontificado de Francisco, mas também a partir da herança
da Igreja latino-americana e brasileira, oferecendo indicações que possam fundamentar e fortalecer a dinâmica
sinodal no âmbito paroquial.
O resgate da sinodalidade
A palavra sinodalidade deriva do termo sínodo, conhecido dos cristãos da Igreja patrística, marginalizado por
séculos pelo Ocidente e que retorna em nossos dias com força e destaque. Esse termo era utilizado para designar as
assembleias dos bispos ao longo de boa parte da história da Igreja. De origem grega, a palavra sínodo significa
“caminhar juntos”, expressando “o caminho feito conjuntamente pelo povo de Deus”, de modo que “recorda os
conteúdos mais profundos da Revelação” (COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL, 2018, n. 3). Dessa forma, só é
possível compreender profundamente o que é sínodo para a fé cristã a partir da eclesiologia do povo de Deus, uma
das doutrinas mais importantes do Concílio Vaticano II.
A Igreja como povo de Deus no Vaticano II
Embora o Concílio Vaticano II não tenha utilizado nenhuma vez em seus documentos o termo “sinodalidade”,
ele foi o grande propulsor da base teológica da sinodalidade a partir da sua eclesiologia. O Vaticano II concebeu a
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Igreja como mistério e como povo de Deus. Em sua Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium, o Concílio
começa por tratar do que é comum, nos dois primeiros capítulos – o Mistério da Igreja e o Povo de Deus –, para
depois, nos capítulos seguintes, tratar do que distingue – a hierarquia, o episcopado, os leigos e os religiosos, todos
chamados à santidade.
Tal compreensão eclesiológica como povo de Deus vem superar a antiga imagem da Igreja enquanto societas
inaequalis – sociedade desigual – que foi se impondo “como categoria teológica fundamental a partir do século XII”
(AQUINO JÚNIOR, 2022, p. 97). Nesta concepção, a Igreja estaria dividia em duas classes de cristãos: os clérigos e os
leigos, diferentes em dignidade. Diante disso, “o Concílio Vaticano II deu passos decisivos para superar essa visão
distorcida da Igreja como ‘sociedade desigual’ [...]. E fez isso com base na categoria ‘povo de Deus’” (AQUINO JÚNIOR,
2021, p. 58). Tal categoria foi, portanto, a contribuição mais importante do Vaticano II para a compreensão da Igreja,
que, por se entender como “povo de Deus”, corrige a antiga e distorcida compreensão de si mesma como “sociedade
desigual”:
Povo de Deus expressa o amor misericordioso de Deus para com o ser humano em sua história, e antecede a
qualquer decisão histórico-existencial do ser humano; [...] esse Povo tem por cabeça Cristo; por condição a
dignidade e a liberdade dos filhos de Deus; por lei o mandamento novo do amor a Deus e ao próximo; por meta
o Reino de Deus, já iniciado por ele, até a consumação em Cristo pela força do Espírito Santo (CALIMAN, 2015,
p. 759-760).
“A eclesiologia da Lumen Gentium é o pressuposto para a sinodalidade” (CZERNY, 2021), pois a imagem de
povo de Deus inverte e supera a imagem piramidal na qual um serviço se coloca acima do outro em dignidade: papa
acima do bispo, bispo acima do padre, padre acima dos leigos e das religiosas e religiosos. Francisco, ao falar da
relação entre local e global, propõe uma imagem mais refinada que a do círculo, que pode inspirar também a nossa
eclesiologia: a do poliedro, que enfatiza as características da pluralidade e da diversidade, que no círculo podem
tender à uniformidade ou homogeneização (CARIAS, 2023, p. 36-39).
A questão é que vivemos um momento delicado de transição, em que o novo – plenamente enraizado na
grande tradição – começa a se esboçar enquanto o antigo – devedor de uma compreensão limitada da tradição –
ainda prevalece. A teóloga francesa Nathalie Becquart (2021), subsecretária do Sínodo dos Bispos, entende que hoje
coexistem dois modelos eclesiais: o primeiro, desenvolvido após o Concílio de Trento, propõe uma visão do padre
centrada no culto, visto como um homem do sagrado, separado dos leigos. O segundo modelo parte da eclesiologia
do Vaticano II, em sua redescoberta da tradição dos primeiros séculos, e torna a colocar no centro a comum dignidade
de todos os batizados e batizadas. Essa visão compreende o presbítero como sendo parte do povo de Deus, numa
relação intrínseca com a comunidade, onde todos são chamados à santidade, todos são discípulos missionários e
devem construir juntos a comunidade eclesial. Em outras palavras, há um modelo eclesial clerical que caminha
paralelo e contrastante a um modelo eclesial sinodal.
Neste cenário, a sinodalidade é uma fecunda resposta aos desafios da evangelização nos tempos atuais, pois
se traduz “numa Igreja peregrina, uma Igreja em movimento, uma Igreja do povo de Deus, onde cada um possui uma
voz, é escutado e toma parte ativa, qualquer que seja a sua idade, o seu sexo ou o seu estado de vida” (BECQUART,
2021). A sinodalidade é um modus vivendi et operandi, um modo de ser e de agir, é um estilo e também uma forma.
Assim compreendemos a profundidade das palavras do Papa Francisco (2015) quando diz que “o caminho da
sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”. Não se trata de um modismo,
um novo nome para os mesmos eventos ou um elemento a acrescentar, mas da própria maneira como a Igreja
compreende a si mesma e realiza a sua missão.
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A sinodalidade em nível paroquial
Sínodo como processo
O Papa Francisco (2015) assume que caminhar juntos “é um conceito fácil de exprimir em palavras, mas não
é assim fácil pô-lo em prática”. Já os padres conciliares, como esforço de efetiva sinodalidade na Igreja, solicitaram
ao Papa Paulo VI, durante o Concílio Vaticano II, o resgate do Sínodo dos Bispos, instituição típica das províncias
eclesiásticas desde os primeiros séculos do cristianismo (COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL, 2018, n. 26), de
modo que o episcopado do mundo inteiro pudesse contribuir mais concretamente com a missão do Papa. Recuperar
um instrumento sinodal como esse não seria, porém, tarefa fácil depois de séculos de uma concepção mais
centralizadora de Igreja no Ocidente:
Quando de sua criação, tal como acontece na Igreja Ortodoxa, pensou-se no Sínodo dos Bispos como um
organismo deliberativo, mas sempre funcionou como consultivo, inclusive com pouca participação do Povo de
Deus em sua preparação, realizado praticamente somente com a presença de bispos delegados e sem que
publicassem suas conclusões (BRIGHENTI, 2020, p. 310).
É buscando recuperar este desejo dos padres conciliares que o Papa Francisco tem se empenhado em
fortalecer a sinodalidade da Igreja e a colegialidade episcopal. Ao afirmar que o caminho da sinodalidade é o caminho
que Deus espera da Igreja do terceiro milênio, Francisco coloca o Sínodo dos Bispos como expressão e a serviço da
sinodalidade da Igreja. Em suas palavras: “O Sínodo dos Bispos é apenas a manifestação mais evidente dum
dinamismo de comunhão que inspira todas as decisões eclesiais” (2015), ou seja, a sinodalidade é mais ampla que o
Sínodo dos Bispos e o Sínodo dos Bispos está a serviço da sinodalidade – o que ficou ainda mais claro quando, após a
Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (2022), a Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos passou a se chamar
simplesmente Secretaria Geral do Sínodo, sem o qualificativo que restringia o órgão ao episcopado.
No discurso pelos 50 anos do Sínodo dos Bispos, Francisco lançava as bases para uma mudança jurídica e
organizacional na Assembleia do Sínodo dos Bispos que se materializaria três anos depois, em 2018, com a
Constituição Apostólica Episcopalis Communio (EpC). Com esse documento, o Papa confirmou a Assembleia do Sínodo
dos Bispos como um processo com três fases sucessivas: a fase preparatória, a fase celebrativa e a fase de atuação
(EpC, art. 4º). Esse novo modelo de realização da Assembleia do Sínodo dos Bispos foi exercitado, pela primeira vez,
no Sínodo de 2019 e, tendo sido este um laboratório inicial, o Papa convocou o Sínodo de 2023 para tratar
especificamente sobre a sinodalidade, com o tema: “Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão”.
O Sínodo 2021-2024
O Sínodo convocado para 2023 e, em seguida, ampliado para uma segunda assembleia em 2024, representa
uma nova fase na história do resgate da sinodalidade na Igreja Católica, na senda do Concílio Vaticano II. O Sínodo
2021-2024 foi organizado em três fases sucessivas: a diocesana, a continental e a da Igreja Universal. A primeira foi
realizada de outubro de 2021 a agosto de 2022, com o objetivo de fazer a escuta nas bases. Foi enviado às igrejas
particulares o Documento Preparatório com reflexões iniciais acerca da sinodalidade e um vade-mécum contendo as
orientações metodológicas para este processo de escuta. Nestas orientações havia também o questionário com as
perguntas-chave deste processo de consulta, que se desmembravam da questão fundamental: “Uma Igreja sinodal,
ao anunciar o Evangelho, ‘caminha em conjunto’. Como é que este ‘caminho em conjunto’ está a acontecer hoje na
vossa Igreja local? Que passos é que o Espírito nos convida a dar para crescermos no nosso ‘caminhar juntos’?”.
Na conclusão da primeira fase, as sínteses geradas pela escuta em cada igreja particular, com o limite de
10 laudas, foram unidas em uma única síntese pela equipe formada em cada Conferência Episcopal e enviadas à
Secretaria Geral do Sínodo. A escuta deu origem ao Documento da Etapa Continental (DEC), publicado em outubro
de 2022 como subsídio norteador dos trabalhos da segunda fase do processo sinodal nas Assembleias Continentais.
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O DEC colheu os frutos das sínteses que chegaram de 112 das 114 Conferências Episcopais do mundo; das 15 Igrejas
Orientais Católicas; de 17 dos 23 Dicastérios da Cúria Romana; dos Conselhos dos Superiores Religiosos e dos
Institutos de Vida Consagrada; das Associações e Movimentos de fiéis leigos; além de contributos individuais e
sugestões recolhidas nas redes sociais. Trata-se do mais amplo processo de escuta já realizado na história da Igreja
Católica, superando todas as expectativas (DEC, n. 5).
Em sua primeira parte, o DEC apresenta os frutos e as ervas daninhas deste processo sinodal. Dentre os
frutos e as sementes, fala-se da alegria da experiência realizada no processo e do reforço do sentimento de pertença
à Igreja e a tomada de consciência de que a Igreja não são só os presbíteros e os bispos (DEC, n. 16). No conjunto das
ervas daninhas, destacam-se: a dificuldade em compreender o que significa sinodalidade (DEC, n. 17); a resistência
perante o que se propõe (DEC, n. 18); o medo, sobretudo por parte do clero, de que o sínodo introduza a democracia
na Igreja (DEC, n. 19); o ceticismo sobre a real eficácia ou intenção do processo (DEC, n. 18); o temor de falar
livremente e o cansaço (DEC, n. 19); e os abusos espirituais, sexuais, econômicos, de autoridade e de consciência, que
são uma ferida aberta (DEC, n. 20).
Há uma mística que perpassa toda a redação do DEC, iluminada pela passagem do livro do profeta Isaías:
“Alarga o espaço da tua tenda, estende as lonas das tuas moradas, não te detenhas, alonga as cordas, firma bem as
estacas” (Is 54,2). Na busca de compreender melhor qual a identidade e a missão da Igreja, o texto apresenta algumas
imagens como a da família e a de uma casa. Porém, a imagem eclesiológica de destaque é a da Igreja como essa
tenda: espaço de comunhão, lugar de participação e base para a missão (DEC, n. 11). A tenda é a habitação do povo
que peregrina no deserto rumo à sua terra. O convite é para alargar o espaço da tenda, antes de tudo, estendendo
as lonas, de modo que se possa proteger também os que ainda se encontram fora. Em segundo lugar, esticar as cordas,
de modo a equilibrar as tensões necessárias para o sustento da tenda. O importante é que as cordas não estejam
nem frouxas demais, para que o vento não a leve embora, nem apertadas demais, de modo que se partam por
qualquer ventilação, levando a tenda abaixo. Em terceiro lugar as estacas, que asseguram a solidez, mas
permanecendo capazes de serem movidas conforme o caminhar do povo (DEC, n. 26). Em suma:
É assim que muitas sínteses imaginam a Igreja: uma morada ampla, mas não homogênea, capaz de dar abrigo a
todos, mas aberta, que deixa entrar e sair (cf. Jo 10,9), e em movimento para o abraço com o Pai e com todos os
outros membros da humanidade (DEC, n. 27).
Segundo o Documento, no centro do processo sinodal, portanto, há a imagem e o desejo da “Igreja capaz de
uma inclusão, de pertença mútua e de profunda hospitalidade” (DEC, n. 31), como bem expressam as palavras de um
grupo paroquial dos Estados Unidos: “Em vez de nos comportamos como guardas que procuram excluir os outros da
mesa, devemos esforçar-nos mais para estarmos certos de que as pessoas saibam que todos podem encontrar aqui
um lugar e uma casa” (DEC, n. 31). Esse caminho para uma maior inclusão, segundo a escuta realizada nas bases, se
dá de modo gradual: primeiro é preciso escutar, depois converter as atitudes e as estruturas a partir do que se escutou,
reconhecendo que são as periferias que levam a Igreja a pôr decididamente em prática o Evangelho (DEC, n. 32).
Tudo parte, portanto, da escuta. Sem escuta não pode haver a tão sonhada sinodalidade, não pode haver
conversão, não pode haver vivência do Evangelho. As sínteses do mundo inteiro falam das dificuldades que temos
para escutar: faltam processos comunitários de escuta e discernimento; temos presente uma cultura individualista
que isola as pessoas e fragmenta as relações; há disparidades socioeconômicas que privilegiam as pessoas ricas e
instruídas; e há também o medo de comprometer-se pastoralmente (DEC, n. 33).
Junto a essas dificuldades, um desafio que muito se destaca é o clericalismo (DEC, n. 19). As sínteses não são
anticlericais, mas manifestam o desejo de que os sacerdotes sejam melhor formados, mais bem acompanhados e
menos isolados (DEC, n. 58), pois “embora longa, a formação nos seminários está orientada a preparar o clero para
um estilo de vida sacerdotal e não consegue formá-lo para a coordenação pastoral” (DEC, n. 83). A escuta às bases
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manifesta o desejo do povo por lideranças mais relacionais e colaborativas, com a vivência de uma autoridade que
gere solidariedade e corresponsabilidade entre os membros da comunidade (DEC, n. 59).
Quando se falam das estruturas ou da forma concreta da sinodalidade, o documento pede mais
representantes do clero e do laicato nas conferências episcopais, de modo a articular melhor a sinodalidade e a
colegialidade episcopal (DEC, n. 75). Quanto aos instrumentos que já existem, como os conselhos pastorais,
econômicos, episcopais e presbiterais, há o desejo de que não sejam apenas consultivos, mas também lugares onde
se tomam decisões com base no discernimento conjunto (DEC, n. 78).
Diversos outros elementos e reflexões estão presentes neste documento. Porém, este é ainda um pequeno
vislumbre das discussões que já estão e continuarão a ser feitas durante este processo no que diz respeito à vivência
de uma Igreja sinodal. Durante a segunda fase, que está em vigor, as Equipes Sinodais de cada Igreja Local trabalham
em cima do DEC para elaborar uma nova contribuição das Igrejas a ser enviada, desta vez, para as Assembleias
Continentais. Essas Assembleias discernem, dentre outras coisas, as prioridades, os temas recorrentes e os apelos à
ação que devem ser discutidos durante a Primeira Sessão da Assembleia sinodal em outubro de 2023. Ao fim das
Assembleias Continentais, serão enviados à Secretaria do Sínodo os Documentos Finais contendo suas conclusões, a
partir do qual será elaborado o Instrumentum laboris da Assembleia.
A paróquia como rede de comunidades
O convite à sinodalidade exige a revisão de todas as estruturas eclesiais, incluindo uma das mais básicas e
enraizadas delas que é a paróquia. Mas a busca de uma renovação estrutural da paróquia não é uma novidade de
momento, muito menos na Igreja da América Latina e do Brasil. Na trilha da caminhada da Igreja latino-americana
nas assembleias gerais do seu episcopado, são dois os recentes documentos da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) que tratam diretamente sobre a Paróquia: Comunidade de comunidades: uma nova paróquia (Doc. 100)
e as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 (Doc. 109). Ambos constatam que a
paróquia como temos hoje precisa ser renovada para poder continuar sendo eficaz – ainda que tal convite à
renovação paroquial já venha de décadas. É possível, portanto, entender este chamado como um empenho já em
andamento pela estruturação da sinodalidade, mesmo que essa palavra não fosse tão utilizada antes do pontificado
de Francisco.
Surgimento e evolução da paróquia
Antes de tudo é preciso fazer memória de como a concepção de paróquia se construiu em sua eclesialidade
para poder entender a renovação proposta. A Igreja nasce como pequeno grupo, ao redor de uma mesa, em relação
de fraternidade e comensalidade. Após a efusão do Espírito em Pentecostes, a comunidade apostólica sai em missão
pelo mundo conhecido, formando novas comunidades espelhadas na experiência fundante de Jesus de Nazaré morto
e ressuscitado. Embora diversas, essas comunidades possuíam características comuns como a celebração do primeiro
dia da semana nas casas, o vínculo com os apóstolos e a forte ênfase na relação comunitária de pertença.
Conforme o cristianismo se difundia para além do mundo judaico, as comunidades cristãs passavam a se
organizar de maneira mais alinhada com a vida da sociedade, valorizando a dimensão territorial e também
administrativa. Aos poucos, “a relação igreja-casa se enfraqueceu, criaram-se, no final do século III, locais fixos
chamados domus ecclesiae, para as diversas reuniões da comunidade, sob a direção de um presbítero”
(Doc. 100, n. 112). A partir do século IV, quando o cristianismo foi legalizado e, depois, feito religião oficial do Império
Romano, surgiu a paróquia, uma estrutura eclesial rural, distante das cidades. Os séculos seguintes marcaram a
consolidação da paróquia como estrutura fundamental, conforme os presbíteros que as presidem iam ganhando
maior autonomia. Quando a paróquia chegou também às cidades, como local fixo onde manifestar a fé, diminuiu
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“a força da pequena comunidade com seus muitos carismas para fortalecer as unidades paroquiais territoriais”
(Doc. 100, n. 112).
Com poucas transformações estruturais durante o período medieval, a estrutura paroquial chegou ao Brasil
com os colonizadores portugueses, onde se tornou “a única instância institucional do catolicismo no país” (Doc. 100,
n. 119). Enquanto os leigos, batizados nas desobrigas, ficavam, sobretudo, nas capelas do interior, onde faziam suas
devoções populares para alimentar a fé, a paróquia, com sede na cidade ou na vila, “ficou sendo identificada como o
lugar exclusivo do padre” (Doc. 100, n. 121). Os fiéis procuravam a paróquia para receber os sacramentos nos tempos
de preceito, sem real vínculo comunitário eclesial.
A partir da renovação do Vaticano II
O Concílio Vaticano II, com a eclesiologia do Povo de Deus, favoreceu a redescoberta da paróquia como lugar
de experiência de vida comunitária. A recepção do Concílio na América Latina buscou concretizar essa inspiração,
sobretudo através das grandes Assembleias Gerais do episcopado. Em 1968, na Conferência de Medellín,
constatou-se que, até aquele momento, “a Igreja contou principalmente como uma pastoral de conservação, baseada
numa sacramentalização com pouca ênfase numa prévia evangelização” (DMd, n. 6,1). Assumindo nessa ocasião
a missão de ser uma Igreja comprometida com a justiça no continente, os bispos sugeriam a criação de comunidades
eclesiais nas paróquias, que “deveriam se basear na Palavra de Deus, de modo que seus membros tivessem
sentimento de pertença e pudessem viver a solidariedade entre si” (Doc. 100, n. 131).
Em 1979, a Conferência de Puebla entendeu a paróquia como “centro de coordenação e animação de
comunidades, grupos e movimentos”, ampliando “o horizonte de comunhão e de participação” (DPb, n. 644).
As comunidades eclesiais pedidas por Medellín foram então chamadas comunidades eclesiais de base, que Puebla
definiu do seguinte modo:
Enquanto comunidade, integra a famílias, adultos e jovens, numa íntima relação interpessoal na fé. Enquanto
eclesial, é comunidade de fé, esperança e caridade; celebra a Palavra de Deus na vida, através da solidariedade e
compromisso com o mandamento novo do Senhor; e torna presente e atuante a comunhão visível com os
legítimos pastores [...]. É de base por ser constituída de poucos membros, em forma permanente e à guisa de
célula da grande comunidade (DPb, n. 641).
É importante perceber também a entrada de grupos e movimentos na definição de paróquia, o que favorece
mais a dimensão afetiva do que territorial no que toca ao vínculo à comunidade. Gradativamente, essa estrutura vai
sendo teoricamente reconfigurada e a pequena comunidade vai sendo resgatada de muito longe na experiência cristã,
até a paróquia ser efetivamente entendida na Conferência de Santo Domingo, em 1992, não mais como um “centro
de coordenação” mas como “comunidade de comunidades e movimentos” (SD, n. 58). Santo Domingo entenderá
ainda a missão da paróquia como a “de evangelizar, de celebrar a liturgia, de fomentar a promoção humana, de fazer
progredir a inculturação da fé nas famílias, nas CEBs, nos grupos e movimentos apostólicos, e através deles, em toda
a sociedade” (SD, n. 58).
A Conferência de Santo Domingo também reconheceu “a lentidão no processo de renovação paroquial”
(Doc. 100, n. 136). Como resposta e esta situação, os bispos sugerem retomar a proposta de Medellín e setorizar a
paróquia em pequenas comunidades (Doc. 100, n. 136). Ao mesmo tempo que cresceu a consciência da paróquia
como uma “rede de comunidades” (SD, n. 58), para além do sacramentalismo que a assolou durante os séculos, cresce
também a presença dos movimentos eclesiais que caminham paralelos e, por vezes, até divergentes das comunidades,
embora estejam nelas inseridos.
Em 2007, a Conferência de Aparecida reconheceu que as paróquias são “células vivas da Igreja”, chamadas
a ser “casas e escolas de comunhão” e disse que um dos maiores desejos da Conferência foi o “de uma corajosa ação
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A sinodalidade em nível paroquial
renovadora das Paróquias” (DAp, n. 170). O desenho da paróquia permanece o de uma rede de comunidades “onde
se recebe e se acolhe a Palavra, onde se celebra e se expressa na adoração do Corpo de Cristo, e assim é a fonte
dinâmica do discipulado missionário” (DAp, n. 172). Para essa renovação, sugere-se “abandonar estruturas obsoletas
de pastoral e situações de mera conservação para assumir a dimensão missionária da renovação paroquial”
(Doc. 100, n. 137).
Nesse panorama, podemos perceber como desde Medellín a Igreja latino-americana vem insistindo em uma
renovação para que a paróquia passe de uma estrutura clientelista e sacramentalista, organizada em matriz e capelas,
focada no trabalho com as multidões e os eventos, para uma rede de pequenas comunidades vivas de discípulos
missionários de Jesus Cristo. As últimas conferências reconhecem que este caminho de renovação está atrasado e
esse atraso também se deve à falta de compreensão do que são as pequenas comunidades. Os bispos do Brasil
reconhecem o “heroísmo abnegado” das lideranças paroquiais, que não medem esforços para evangelizar, porém,
ao mesmo tempo, reconhecem que nas paróquias há pouca experiência de real vida comunitária e falta
disponibilidade para ir ao encontro dos outros (Doc. 109, n. 71). Devido a isso, essa conversão pastoral proposta à
paróquia se apresenta como um “desafio irrenunciável” (Doc. 109, n. 33).
A pequena comunidade eclesial missionária
Inspiradas nas primeiras comunidades cristãs, a forma de ser Igreja que está sendo proposta é a pequena
comunidade: um pequeno grupo de pessoas (como o grupo de Jesus) que se conhecem, partilham a vida e
cuidam-se uns dos outros como discípulos missionários. As últimas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja
no Brasil chamam-nas de pequenas comunidades eclesiais missionárias. Elas se formam em ruas, quarteirões,
condomínios, edifícios, unidades habitacionais, bairros populares, vilas ou grupos por afinidades (casais, jovens,
universitários, trabalhadores de um mesmo lugar, etc.). São pequenos grupos que se reúnem para partilhar a Palavra
e a vida, buscando luzes para viver a fé cristã no seu dia a dia.
Diante desse caminho, não podemos continuar pensando que ser Igreja é apenas reunir-se em uma
assembleia dominical para celebrar a Palavra ou a Missa e de lá sair sem qualquer vínculo comunitário, permanecendo
com a mentalidade do “cada um por si, Deus por todos”. É urgente aprender com os primeiros cristãos que ser
verdadeiramente Igreja é viver em comunidade e na comunidade estar em comunhão com todo o povo de Deus.
Essas comunidades são organizadas em rede, pois é importante que “elas não estejam isoladas” e caminhem em
comunhão com a Igreja particular, justamente por meio da coordenação paroquial (Doc. 109, n. 34).
Nessa configuração, a assembleia que se reúne na celebração dominical é assembleia formada por irmãos e
irmãs que fazem parte de pequenas comunidades, que se conhecem, que sentem alegria na presença e tristeza na
ausência uns dos outros, coisa que o “vínculo de multidão” não permite. Na pequena comunidade, ninguém passa
despercebido, ninguém é invisível, cada um é necessário, é valorizado e sente-se parte. A proposta é de que as
pequenas comunidades eclesiais missionárias sejam expressão visível da Igreja casa nos mais variados ambientes. Por
isso, não basta reunir. Para ser comunidade é preciso criar um lar, fazer amizade; aprender a se sentir “unidos aos
outros de tal maneira que sintamos a vida um pouco mais humana” (Doc. 109, n. 5).
Ser Igreja casa é criar lar e o lar é lugar do olhar, do abraço e do afeto: olhar o outro e ver nele um irmão,
imagem de Deus; acolhê-lo e perceber nele alguém que partilha de um desejo comum, como diz São Paulo: “Que o
amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimando-vos reciprocamente” (Rm 12,10). Não se trata
de criar novas estruturas, mas de recuperar as relações verdadeiramente humanas. Nas pequenas comunidades,
a “revolução da ternura” (EG, n. 88) proposta pelo Papa Francisco é a grande marca, junto à semeadura do Reino de
Deus na sociedade. Se buscamos uma Igreja mais fraterna, um mundo mais irmão e solidário, devemos começar pela
pequena comunidade.
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 15, n. 1, 2023
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A sinodalidade em nível paroquial
Segundo os bispos do Brasil, as pequenas comunidades eclesiais missionárias “oferecem ambiente e meios
para a iniciação à vida cristã e para uma formação sólida, integral e permanente”, sendo “espaços propícios para o
crescimento espiritual, por meio da partilha da experiência de fé e da fidelidade a Jesus Cristo e a seu Evangelho nos
contextos em que se encontram” (Doc. 109, n. 35). Por tudo isso, é preciso ter a coragem de mudar. Colocar a pequena
comunidade no centro da ação evangelizadora das paróquias implica assumir sua multiplicação e acompanhamento
como tarefa principal.
O Papa Francisco insiste que “o tempo é superior ao espaço” (EG 222) e que, por isso, é preciso se preocupar
não tanto com resultados imediatos, mas sobretudo com ações que desencadeiem processos. Não há trabalho
pastoral que gere frutos instantaneamente. O trabalho de conversão pastoral não se dá do dia para a noite. Mas é
preciso se convencer de que o tempo das multidões e da “evangelização dos eventos” acabou. Eventos passam e a
multidão se dispersa. Agora é a hora das pequenas comunidades, onde é Igreja não apenas a pessoa que está servindo
numa pastoral e sim todos aqueles e aquelas que vivem o vínculo comunitário na sua rua, no seu bairro, em comunhão
com a paróquia e com a diocese.
É agora a hora das pequenas comunidades. É a hora de voltar ao essencial. Mais do que inventar estruturas
e organismos novos, precisamos de uma nova mentalidade, de uma nova forma de vivenciar a experiência eclesial
nas bases, com espírito mais humano, comunitário, fraterno e missionário, gerador de uma nova cultura do encontro.
Essas comunidades, organizadas em rede, são uma potência de renovação das paróquias e de toda a Igreja Católica.
Nela, não participam apenas os que exercem função de liderança, quem tem mais ou menos influência junto aos
padres, mas todos os batizados. Todos têm direito de falar e, também, o dever de escutar os outros. O projeto de
setorização e conversão da paróquia em pequenas comunidades é via de vivência concreta da sinodalidade.
O caminho sinodal e a paróquia
A renovação sinodal da paróquia começa por compreendê-la como espaço onde construir e cuidar das
relações. Esse é um chamado que não poderá ser compreendido sob a ótica dos eventos e celebrações de massa que
a paróquia realiza, e sim desde as pequenas comunidades. A pequena comunidade é escola de sinodalidade na
medida em que favorece a mútua escuta nos momentos de partilha, a tomada conjunta de decisões,
a corresponsabilidade de todos e a inclusão. As palavras de Becquart reverberam essa afirmação:
Uma Igreja sinodal é uma Igreja relacional onde todo o povo de Deus caminha junto, onde todos, batizados
discípulos missionários, qualquer que seja a sua vocação e a sua posição, se reencontram na interdependência e
na mutualidade. O padre não existe, portanto, fora da comunidade. Não está separado das pessoas junto das
quais exerce o seu ministério. Quando damos prioridade à vocação batismal, já não podemos separar clero e
leigos, como faz o modelo clerical. O pastor é aquele que de alguma forma “representa” a comunidade de que
faz parte. Todos juntos são chamados a ser uma comunhão em missão animada pelo Espírito Santo, uma
comunidade missionária onde cada um participa no discernimento (BECQUART, 2021).
De fato, são dois os obstáculos que dificultam que a comunidade local se assuma como sujeito da ação
pastoral, o que é indispensável para o exercício da sinodalidade: o clericalismo, que se opõe à consideração pelo
sensus fidelium, e a concepção de uma Igreja-massa, antitética a uma Igreja Povo, estruturada como rede de
pequenas comunidades (BRIGHENTI, 2022a, p. 352). Diante disso, é necessário repensar as estruturas, as
metodologias e as concepções referentes ao exercício do ministério ordenado e à participação efetiva e concreta de
todos no discernimento comunitário, de modo a colocá-las a serviço de uma superação desses obstáculos.
Por outro lado, na medida em que a sinodalidade é decorrência da própria identidade da Igreja, é importante
pensá-la e vivê-la a partir da liturgia, expressão ritual do mistério eclesial. A experiência litúrgica de nossas
comunidades, quando ainda não permeada séria e vitalmente pela renovação promovida pelo movimento litúrgico e
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 15, n. 1, 2023
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A sinodalidade em nível paroquial
pelo Concílio Vaticano II, pode se constituir como um terceiro obstáculo à sua compreensão como sujeito eclesial.
Vamos nos deter sobre esses três obstáculos, levantando essas problemáticas e os caminhos possíveis em meio a elas.
Os presbíteros na paróquia sinodal
É preciso compreender o lugar do presbítero, de modo especial do pároco, como um ministro inserido e
incluído no seio da comunidade – dentro dela, e não diante dela. O Papa Francisco afirma com clareza que “a imensa
maioria do povo de Deus é constituída por leigos. A seu serviço está uma minoria: os ministros ordenados” (EG 102).
Com isso, Francisco situa os ministérios ordenados como serviços e não como poderes. Essa compreensão é uma
redescoberta da própria identidade do ordenado a partir das origens da Igreja.
Santo Agostinho já dizia: “Para vós sou bispo, convosco sou cristão” (Sermões, 340,1), recordando que antes
do ministério ordenado há a graça batismal que situa os presbíteros como parte do Povo de Deus. “Convosco sou
cristão”: “Convosco”! Não “acima de vós”, “separados de vós”, “distantes de vós”, mas “convosco”, isto é, fazendo
parte. Santo Agostinho continua seu sermão dizendo que “ser bispo é um cargo; ser cristão, uma graça. Ser bispo é
um perigo; ser cristão é salvação”. Também hoje, na Igreja, se beira sempre o “perigo do cargo” e, para não cair nesta
armadilha, é preciso ter viva a consciência da graça batismal e da comum dignidade que compartilhamos.
O presbítero exerce a missão de pastorear o povo, como sinal do Cristo Bom Pastor. Porém, pastoreio e
presidência não significam precedência e, sim, serviço. Trata-se de uma relação que é uma via de mão dupla.
Os presbíteros servem ao povo, mas também dele recebem. São parte do povo que pastoreiam e chamados viver em
comunhão com ele, estar junto dele nas suas angústias e alegrias, desafios e sonhos, para o servir melhor e receber
com humildade essa vida e essa fé do povo, que sustentam a sua vida e a sua fé de cristão e ministro da Igreja.
Quem assume como pároco a responsabilidade por uma paróquia, tendo pouca capacidade de escutar os
demais, causará graves danos. Aquela paróquia correrá o risco de ter que desistir de continuar no caminho pastoral
feito até o momento da sua chegada. O padre que, ao assumir uma paróquia, chega com a pretensão de começar
tudo de novo, em geral acaba desgastando as energias dos agentes pastorais, especialmente daqueles que são
testemunhas da história daquela paróquia. Eles, é claro, perceberão os comportamentos do novo pároco como um
abuso contra a identidade da comunidade paroquial que, obviamente, terá que crescer também graças ao seu
ministério, mas não começa a existir a partir do momento de sua chegada.
Em uma paróquia sinodal, os presbíteros são, portanto, os primeiros artesãos da comunhão, o que não é
uma coisa automática e fácil. É preciso tempo, ternura e discernimento nas palavras, no jeito de falar com as pessoas
e, também, de corrigi-las fraternalmente e de deixar-se corrigir. Seus braços de presbíteros devem ser braços
alargados que envolvem a todos e todas, mesmo aqueles que não são canonicamente ilibados, numa comunhão
profunda e visível. Braços que não servem para impor, nem para fazer barreira, mas abraçam, tecem relações e
confirmam na unidade da fé e da caridade. Neste abraço, o povo está em comunhão com ele e, ele, em comunhão
com o povo.
O presbítero é também o promotor da participação de todos e todas. Para tanto, é fundamental saber
escutar, o que é mais do que simplesmente ouvir; é ouvir e levar em consideração o que se ouve, ouvir com o coração,
como falou o Papa Francisco em sua Mensagem para o 56° Dia Mundial das Comunicações Sociais (2022). O que não
se pode é ter a pretensão de achar que já se sabe o que os fiéis pensam ou não pensam. Para promover faz-se
necessário que o presbítero favoreça concretamente a ação do Espírito Santo na comunidade que preside,
valorizando, apoiando o exercício dos organismos de participação na paróquia e trabalhando para que todos os fiéis
entendam a importância desses organismos. Além disso, urge proporcionar, também, para as pessoas que não fazem
parte desses instrumentos de participação, ocasiões de encontro onde elas possam ser ouvidas, de tal modo que
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 15, n. 1, 2023
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A sinodalidade em nível paroquial
ninguém chegue a pensar que o Espírito Santo, para falar à comunidade, tenha a obrigação de passar primeiro por
um crivo desse ou daquele ministério ou lhe pedir a bênção.
A promoção da participação se dá através de atitudes concretas e simples. Se os padres, em lugar de tomar
as decisões e de resolver os problemas sozinhos, de dar tudo pronto, começarem a conversar sobre as diversas
questões com o povo, este é um passo na busca de uma paróquia mais sinodal. Porque os problemas – e esse é “o”
problema – não podem ficar reservados a alguns “especialistas” na medida em que dizem respeito à comunidade
toda. Um caminho para isso é nas celebrações dominicais e nos diversos encontros da comunidade, começar a
apresentar aos fiéis – a todos, de forma aberta – as questões e os desafios que vão surgindo, como por exemplo: um
problema de infraestrutura, a questão da indiferença religiosa, da ausência das crianças, dos jovens e dos casais novos,
da pouca participação, etc. “Em tua opinião, qual é a causa da pouca participação na vida da comunidade, e o que é
preciso fazer para promovê-la?”. Num dia se faz a provocação: “O que pensam sobre isso? Rezem em casa e reflitam
para partilhar com todos depois”.
Na semana seguinte, volta-se ao assunto, deixando que falem. Alguns poderão falar o que todos já sabem,
o que o padre já tinha em mente, mas certamente surgirão novos olhares sobre a questão. É possível que, no começo,
não sejam muitos os que responderão a esse convite, mas alguns aceitarão, pois a ação do Espírito é independente
da dimensão quantitativa. Uma Igreja participativa deve, antes de tudo, envolver todos os batizados para
confrontar-se sobre os problemas da Igreja, porque da Igreja fazem parte todos os batizados. Se os ministros
ordenados começam a agir mais assim, esse será um grande e concreto passo da prática sinodal a qual somos
chamados.
Quando esse método eclesial de pensar juntos se afirma não como ocasional, se determina aos poucos uma
sensibilidade, uma atenção respeitosa para com a opinião de todos, uma atitude e um estilo que não é de negação e
de contraposição e, então, se instaura a tendência à composição, à síntese, à integração, à valorização de toda
contribuição, registrando também as divergências como questões que necessitam de maior aprofundamento e
discernimento. Tendo consultado o maior número possível de pessoas, organismos de participação, como os
conselhos e as assembleias pastorais, fazem o discernimento para se chegar à melhor decisão.
Os organismos de participação
Além da vivência da sinodalidade nas relações ordinárias entre cristãos ordenados e não ordenados na base
da comunidade paroquial, se faz necessária à sua aplicação em instâncias concretas, pois, como afirma o Cardeal
Mario Grech (2020), “a sinodalidade introduz todos os níveis da vida e da missão da Igreja numa dinâmica de
circularidade fecunda”. No arcabouço legal da Igreja encontram-se dois organismos importantes: a assembleia e o
conselho pastoral.
A Assembleia Pastoral é o principal instrumento de participação na paróquia. Ela é lugar de discernimento,
de tomada das grandes decisões e de fazer os planejamentos pastorais. Já o Conselho Pastoral é o organismo
ordinário de participação. Compete a ele zelar pelo cumprimento das decisões tomadas na Assembleia e tomar outras
decisões menores, diante das realidades que vão surgindo ao longo da realização das assembleias.
É verdade que, canonicamente, tratam-se de órgãos consultivos e não deliberativos. Há possivelmente aqui
um caminho a trilhar. Porém, numa Igreja marcada por uma dinâmica sinodal, esse delineamento jurídico não deve
impedir que esses órgãos sejam espaços de escuta franca e deliberação concreta, sob a liderança do pároco. Não é
possível imaginar, por exemplo, que uma posição de coordenação vivida de modo sinodal pense ser sábio tomar uma
decisão unilateral quando há grandes resistências, ainda que o direito canônico atualmente o permita.
Na experiência eclesial latino-americana e brasileira, é possível encontrar outros organismos importantes,
tais como os conselhos de assuntos econômicos das paróquias, que favorecem que seja organizada de maneira mais
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 15, n. 1, 2023
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A sinodalidade em nível paroquial
conjunta e participativa não apenas a ação evangelizadora, mas também a gestão financeira e patrimonial da
comunidade.
Também a formação de equipes de coordenação ou de conselhos coordenadores nas comunidades, nas
pastorais e nos serviços são uma boa alternativa. Para uma Igreja sinodal é preciso passar da lógica “do(a)
coordenador(a)” para a lógica de uma “Equipe de Coordenação”. Eis um belo desafio: envolver as pessoas, formar
equipes e capacitar estas equipes para o trabalho conjunto, para o planejamento e a avaliação realizados na
comunhão e na participação em vista da missão. Essas equipes são chamadas a exercer o seu serviço sempre em
articulação com o Conselho de Pastoral Paroquial, onde uma pessoa da equipe deve ter assento. Ela nunca deve
sentir-se “dona da comunidade”, como quem comanda, pois a comunidade é de todos os batizados e a equipe é sua
servidora.
Ademais, o processo de escuta do Sínodo 2021-2024 já deixa como legado um método de escuta ou
conversação espiritual apreciado no mundo inteiro, como afirma o Documento da Etapa Continental: “Este tipo de
cooperação deveria tornar-se uma das ‘leis não escritas’ da cultura da Igreja” (n. 17). Este método foi uma orientação
do Documento Preparatório para os grupos de escuta sinodal das bases. Em síntese, após 4 pessoas falarem, faz-se
3 minutos de silêncio orante, de modo que cada um/a se pergunte: o que Deus está me dizendo na fala destes irmãos?
É uma medida que Francisco já havia tomado para a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 2018.
Certamente esse método pode se tornar ordinário na vida das comunidades paroquiais e utilizado em diversas
circunstâncias para favorecer o discernimento comunitário que caracteriza a dinâmica sinodal.
Outra metodologia que contribui com a tecedura de uma paróquia sinodal é o método da escuta participativa
que pode ser aplicado em todos os instrumentos sinodais. Esse método supõe quatro fases ou passos fundamentais:
consulta, discernimento, tomada de decisão e aplicação ou implementação. A consulta pode ser realizada, formal ou
informalmente, através de um pedido de opinião ou conselho, e precisa se dar com o máximo de membros da
comunidade que for possível. O segundo passo é o discernimento, feito por aqueles que são membros do conselho,
da assembleia ou da equipe, que analisam o que foi fruto da consulta e se propõem a questão: o que o Espírito Santo
está nos dizendo e nos pedindo? Apenas a partir do discernimento conjunto é que será possível tomar uma decisão
também conjunta. Decisão tomada, é hora de implementá-la. Quanto mais envolvemos as pessoas desde o início do
processo, mais elas irão sentir-se responsáveis, acreditar e trabalhar pela implementação das decisões.
Liturgia e sinodalidade
Para além do delineamento do exercício do ministério presbiteral na comunidade e do funcionamento dos
órgãos de participação, é importante recordar que a sinodalidade se radica na própria identidade da Igreja, o que faz
o nosso olhar se voltar à sua expressão ritual, à sua constituição como assembleia sacerdotal na celebração litúrgica.
Se levamos a sério que a liturgia, nas palavras da Constituição Sacrosanctum Concilium, é “a meta para a qual se
encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força” (n. 10) e que “contribui em sumo grau para
que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira
Igreja” (n. 2), então é preciso também dar a devida atenção ao laço entre experiência litúrgica e experiência sinodal.
De fato, desde o início do movimento litúrgico, no começo do século XX, a promoção da liturgia é toda atravessada
pela palavra-chave participação, não por acaso um termo indissociável da noção de sinodalidade.
Foi São Pio X quem, no motu proprio Tra le sollecitudini (1903), afirmou pela primeira vez que “a participação
ativa nos sacrossantos mistérios e na oração pública e solene da Igreja” é a “primária e indispensável fonte” donde
os fiéis haurem o “espírito cristão”. Trabalhado em seguida por Lambert Beauduin, a noção de “participação”
decodificou o que se chamou de “questão litúrgica”, isto é, a tomada de consciência da relação entre experiência
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 15, n. 1, 2023
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A sinodalidade em nível paroquial
ritual e experiência de fé. Em outras palavras, a participação litúrgica é formadora da pessoa e da comunidade, como
sublinhou Romano Guardini (2023). Partindo desse autor fundamental para o movimento litúrgico, Francisco explica:
São gestos e palavras que põem ordem dentro do nosso mundo interior fazendo-nos viver sentimentos, atitudes,
comportamentos. Não são a enunciação de um ideal em que procuramos inspirar-nos, mas são uma ação que
implica o corpo na sua totalidade, ou seja, no seu ser unidade de alma e corpo (DD 51).
Apoiando-se na noção de participação ativa na liturgia, o movimento litúrgico teve um profundo impacto
eclesiológico. Ele “levou a efeito um avanço qualitativo, passando de uma visão jurídica de Igreja para uma visão
orgânica”, o que “foi ratificado oficialmente pela Igreja nas encíclicas Mysticis corporis Christi (1943) e Mediator Dei
(1947), de Pio XII” (GERHARDS; KRANEMANN, 2012, p. 137). A partir daí é possível afirmar o seguinte, para tomar
como exemplo novamente a obra de Guardini:
Guardini antecipa a virada eclesiológica que se daria na Igreja católica com o Concílio Vaticano II. A Igreja que
cresce nas almas é uma igreja que vem de baixo; sobretudo, é a uma igreja que se constitui ritual e
simbolicamente na liturgia. Portanto, vem de baixo no sentido em que o local passa a ser a condição de
possibilidade do universal, e vem de dentro no sentido em que a reunião em assembleia volta a ganhar
importância, relativizando ou colocando no seu justo lugar as dimensões institucional e jurídica, por um lado, e
as dimensões da interioridade do sujeito, por outro lado (CARDITA, 2023).
Essa dinâmica de interpelação recíproca entre liturgia e eclesiologia caracterizou o ensinamento dos padres
conciliares. Acolhendo as grandes linhas do movimento litúrgico e ordenando uma reforma geral do rito romano,
a Sacrosanctum Concilium continha “aquisições que, como se veria mais tarde, constituíam orientações prenhes da
concepção complexiva da Igreja, capazes de condicionar todo o trabalho posterior do concílio” (ALBERIGO, 2006,
p. 75). Assim, o tratamento que a Constituição deu à questão da participação ativa serviu como princípio para
a assembleia conciliar moldar também a eclesiologia do Vaticano II na Lumen Gentium (O’MALLEY, 2014, p. 153-154).
Essa relação entre liturgia e eclesiologia, porém, não se dá somente no campo da teoria, na história do
desenvolvimento da doutrina, mas no cotidiano concreto das comunidades. Uma paróquia sinodal se radica na
experiência de ser assembleia sacerdotal, sujeito da liturgia que celebra pela participação no único Corpo de Cristo
pelo batismo e na diversidade de seus ministérios. “A pastoral de conjunto, orgânica, integrada, mais do que ser o
resultado de programas elaborados, é a consequência do colocar no centro da vida da comunidade a celebração
eucarística dominical, fundamento da comunhão”, diz Francisco (DD 37). Não é por acaso que os ataques a uma
concepção de Igreja sinodal venham, em geral, dos mesmos grupos que recusam ou condicionam a reforma litúrgica.
“A problemática é antes de mais eclesiológica” (DD 31).
O rito romano, como consta nos livros litúrgicos oriundos da reforma, manifesta o rosto da Igreja como um
rosto comunitário, sinodal, em que ninguém é “estranho” ou “espectador mudo”, para usar palavras da Sacrosanctum
Concilium (n. 48), mas todos são parte de um único Corpo, de um único Povo – participação que se dá palpavelmente,
ritualmente. Com a Carta Apostólica Desiderio Desideravi, porém, Francisco quis chamar a atenção para a qualidade
do nosso agir ritual, a grande questão do movimento litúrgico, sem a qual as reformas nos livros podem ser de pouca
ajuda. Faz parte, assim, da busca de uma Igreja mais sinodal a atenção a uma liturgia celebrada de modo mais pleno,
na linha das intuições desenvolvidas no movimento litúrgico e acolhidas pelo Concílio e pela reforma litúrgica.
Considerações finais
Não seria nenhum exagero considerar que a paróquia, entendida como rede de comunidades, é a pedra de
toque de uma Igreja sinodal. É que ali acontecem justamente as relações mais imediatas, mais concretas, que se
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A sinodalidade em nível paroquial
tecem no ambiente eclesial. É, pois, aí que vemos se a sinodalidade trata-se de algo real, que configura o modo de
ser Igreja, ou se, ao contrário, é um tema de discussão entre outros, um passatempo das elites de especialistas.
Daí a importância de, em certo sentido, inverter a ordem da nossa atenção: se a sinodalidade apareceu nos
últimos anos como uma discussão da Igreja Universal, é preciso cuidar para que não se perca de vista esse âmbito
mais imediato da paróquia e das pequenas comunidades. É ali, na espessura da existência concreta, que a
comunidade eclesial pode se manifestar como sinal e instrumento de comunhão (LG 1) no meio do mundo, como
peregrinação comunitária, como sínodo que se radica em uma ontologia da alteridade e que, assim, manifesta a
comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo (KOLLER, 2022).
Para isso fazem-se necessárias não apenas boas intenções, mas a revisão das estruturas e a formação de uma
identidade cristã que seja desde a sua raiz atravessada por um dinamismo relacional. Trata-se de redescobrir “a
‘mística’ de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica
que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação
sagrada” (EG 87). Como membros do mesmo povo, podemos colher a sabedoria do cristianismo do primeiro milênio,
bem como a luminosa herança da Igreja latino-americana, para que a sinodalidade seja fecunda no hoje de nossas
comunidades.
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RECEBIDO: 30/01/2023
APROVADO: 06/04/2023
Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 15, n. 1, 2023
RECEIVED: 01/30/2023
APPROVED: 04/06/2023
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