APOSTILA HISTÓRIA DA ARTE
DISCIPLINA: ARTE
PROFESSORA: ÂNDREA.
1. A arte na Pré-História
2. A arte no Egito
3. A arte na Grécia
4. A arte em Roma
5. A arte na Idade Média
CAPÍTULO 1 – A ARTE NA PRÉ-HISTóRIA.
A Pré-História é um dos períodos mais fascinantes da história humana. Devido à sua longa duração, os historiadores a dividiram em períodos. Tomando-se como base o desenvolvimento técnico, são considerados os seguintes períodos: Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais.
Paleolítico é o chamado “Idade da Pedra Lascada” que vai do surgimento do ser humano até cerca de 12 mil anos atrás; o Neolítico é “Idade da Pedra Polida” que vai de 12 mi até 6 mil anos atrás e Idade dos Metais que é o período de 6 mi anos atrás até o desenvolvimento da escrita.
Como é anterior ao surgimento da escrita, não se tem nenhum documento ou relato escrito desse período: tudo o que se sabe sobre os ancestrais pré-históricos é resultado de pesquisas de antropólogos e historiadores. Eles reconstituíram a cultura humana pré-histórica com base nos objetos encontrados em várias regiões do mundo e nas pinturas e gravações do interior de muitas cavernas na Europa, no norte da África, na Ásia e no continente americano.
A ARTE NO PALEOLÍTICO: O NATURALISMO.
Esse período foi chamado de “Idade da Pedra Lascada” porque as armas e os instrumentos de pedra produzidos pelos grupos humanos eram “lascados” para adquirir bordas cortantes.
São do Paleolítico as primeiras manifestações artísticas de que se tem registro, como as pinturas encontradas nas cavernas de Chauvet e Lascaux, na França e de Altamira, na Espanha.
As primeiras expressões da arte eram muito simples. Consistiam em traços feitos nas paredes das cavernas, ou nas mãos em negativo. Somente muito tempo depois de dominar a técnica das mãos em negativo é que o homem pré-histórico começou a desenhar e a pintar animais.
Para fazer essas pinturas, o artista do Paleolítico obtinha primeiramente um pó colorido a partir da trituração de rochas. Depois, por um canudo, soprava esse pó sobre a mão encostada na parede da caverna: a área em volta da mão ficava colorida; a parte coberta permanecia sem pintura. Assim, ele obtinha uma silhueta da mão, como no negativo de uma fotografia.
A principal característica dos desenhos e pinturas do período é o naturalismo: o artista representava os seres do modo como os via de determinada perspectiva, ou seja, reproduzia a natureza tal qual sua visão captava.
O artista do Paleolítico fez também esculturas. Nelas nota-se o predomínio das figuras femininas e a ausência de figuras masculinas. Entre esses trabalhos, destaca-se a Vênus de Willendorf. Essa escultura de pedra foi encontrada pelo arqueólogo Josef Szombathy em 1908, perto da cidade Willendorf, na Áustria e data aproximadamente 24 mil anos atrás. Observando-se a escultura, veem-se alguns aspectos: a cabeça sem diferenciação evidente em relação ao pescoço, os seios volumosos, o ventre saliente, as grandes nádegas.
A ARTE NO NEOLÍTICO: COMEÇA UM NOVO ESTILO.
O período Neolítico foi chamado “Idade da Pedra Polida” porque nele se desenvolveu a técnica de produzir armas e instrumentos com pedras polidas por atrito, que as tornava afiadas.
Nesse período deu-se a chamada Revolução Neolítica; o início da agricultura e da domesticação de animais, que permitiu ao homem a substituição da vida nômade, errante, por uma vida mais estável. Esse fato transformou a historia humana pois, com a fixação dos grupos humanos, houve um rápido aumento populacional e o desenvolvimento dos primeiros núcleos familiares, e a divisão do trabalho nas comunidades.
A partir daí o homem criou técnicas como a da tecelagem e a da cerâmica e construiu as primeiras moradias. Como ele já havia conseguido produzir fogo pelo uso do atrito, pode, com o tempo, derreter e trabalhar metais.
A arte do Neolítico refletiu todas essas conquistas técnicas. O poder de observação e os aguçados sentidos do caçador-coletor do Paleolítico deram lugar à atividade mental e reflexiva do camponês do Neolítico. Como consequência, o estilo naturalista foi substituído por um estilo mais simples e geométrico, com sinais e figuras que mais sugerem do que reproduzem os seres. É a grande transformação na história da arte.
Observa-se nas pinturas do Neolítico que, em vez de uma representação que busca imitar a natureza, as figuras apresentam poucos traços e poucas cores. As formas são apenas sugeridas.
Não foram apenas as características das formas representadas que sofreram mudanças. Os temas também mudaram: o homem passou a ser representado em suas atividades cotidianas e coletivas. E surgiu um novo desafio para o artista: sugerir movimento por meio da imagem fixa. Pinturas com cenas de danças coletivas, evidenciam que o artista Neolítico venceu esse desafio de modo eficiente, com a evidente intenção de transmitir a ideia de movimentos pela posição dos braços e das pernas.
Essa preocupação com o movimento levou à criação de figuras mais leves, ágeis, pequenas, com poucas cores. Com o tempo, essas figuras reduziram-se a traços e linhas muito simples, mas capazes de transmitir sentido a quem as vê. Delas surgiria depois a primeira forma de escrita: a escrita pictográfica, na qual os seres e as ideias são representados por desenhos.
CAPÍTULO 2 – IDADE ANTIGA: A ARTE NO EGITO.
Desenvolvida às margens do rio Nilo, na África, a civilização egípcia foi uma das mais importantes da Antiguidade. De organização social bastante complexa e riquíssima em realizações culturais, produziu uma escrita bem estruturada, graças a qual podemos conhecer muitos detalhes dessa civilização.
A expressão artística egípcia refletiu com profundidade cada momento histórico dessa civilização. Nos três períodos em que se costuma dividir sua história – o Antigo Império, o Médio Império e o Novo Império – o Egito conheceu um desenvolvimento, em que a arte teve papel de destaque.
Entre todos os aspectos de sua cultura, a religião seja, talvez, o mais relevante. Tudo no Egito era orientado por ela. Para os egípcios, eram as práticas rituais que asseguravam a felicidade nesta vida e a existência depois da morte. A religião permeava toda a vida egípcia, interpretando o Universo, justificando a organização social e política, determinando o papel das classes sociais, e orientando toda a produção artística.
UMA ARTE DEDICADA À VIDA DEPOIS DA MORTE.
A arte desenvolvida pela cultura egípcia refletiu suas crenças fundamentais. Segundo essas crenças, a vida humana podia sofrer interferência dos deuses. Alem disso, a vida após a morte era considerada mais importante do que a existência terrena. Assim, desde seu início a arte egípcia concretizou-se nos túmulos e nos objetos, como estatuetas e vasos deixados junto aos mortos. Também a arquitetura egípcia realizou-se sobretudo nas tumbas e nas construções mortuárias.
As tumbas dos primeiros faraós eram réplicas da casa em que moravam. Já as pessoas sem posição social de destaque eram sepultadas em construções retangulares muito simples, as mastabas, que deram origem às grandes pirâmides, que viriam a ser construídas mais tarde.
As obras arquitetônicas mais famosas, são as pirâmides do deserto de Gizé, construídas por ordem de três importantes faraós do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos.
A maior dessas três pirâmides é a de Quéops: tem 146 metros de altura e ocupa uma área de 54.300 metros quadrados. Esse monumento revela o domínio técnico da arquitetura egípcia: não foi utilizada nenhuma especie de argamassa entre os blocos de pedra que formam suas imensas paredes.
No Egito antigo eram também construídas esfinges, figuras fantásticas, por exemplo, com corpo de leão e cabeça humana, cuja finalidade era guardar os túmulos. Junto às pirâmides encontra-se a mais conhecida delas, a esfinge do faraó Quéfren. É uma obra gigantesca: tem 20 metros de altura e 74 metros de comprimento. Sua cabeça representa o faraó Quéfren, porém a ação erosiva dos ventos e das areias do deserto deu-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e misterioso.
UMA ARTE DE CONVENÇÕES.
Como já foi dito, a arte egípcia estava ligada à religião, servindo de veículo para a difusão dos preceitos e das crenças religiosas. Por isso obedecia a uma série de padrões e regras, o que limitava a criatividade ou a imaginação pessoal do artista. O artista egípcio criou uma arte anônima, pois a obra deveria revelar perfeito domínio das técnicas de execução, e não o estilo de quem a executava
Entre as regras seguidas na pintura e nos baixos-relevos, destaca-se a lei da frontalidade, uma verdadeira marca da arte egípcia. De acordo com ela, a arte não deveria apresentar uma reprodução naturalista, que sugerisse ilusão de realidade: pelo contrário, diante de uma figura humana retratada frontalmente, o observador deveria reconhecer claramente tratar-se de uma representação.
Nas imagens das pinturas egípcias veem-se as características determinadas pela lei da frontalidade: o tronco das figuras representado de frente, enquanto a cabeça, as pernas e os pés vistos de perfil e o olho visto de frente.
No Antigo Império, a escultura foi a manifestação artística que ganhou as mais belas representações.
CAPÍTULO 3 - IDADE ANTIGA - GRÉCIA.
Dos povos da Antiguidade, os que apresentaram produção cultural mais livre foram os gregos. É verdade que, ao estabelecer relações com o Egito e o Oriente Próximo, os gregos sentiram grande admiração pela produção artística desses povos. Mas, se inicialmente eles imitaram os egípcios, com o tempo criaram uma arquitetura, escultura e pintura próprias, movidos por concepções muito diferentes das egípcias.
Convictos de que o ser humano ocupava especial lugar no Universo, os gregos não se submeteram a imposições de reis ou sacerdotes. Para eles, o conhecimento expressado pela razão, estava acima da crença em qualquer divindade. Do ponto de vista da sua produção artística, são relevantes os seguintes períodos históricos da Grécia antiga:
- período arcaico – da formação das cidades-Estados, em meados do século VII a.C., até a época das Guerras Grego-Pérsicas, no século V a.C.;
- período clássico – das Guerras Greco-Pérsica até o fim da Guerra do Peloponeso, no século IV a.C.;
-período helenístico – do século IV a.C., até o século II a.C.
Em 146 a.C., a Grécia viria a ser dominada por Roma.
A ARTE NOS PERÍODOS ARCAICO E CLÁSSICO.
Do período clássico merece destaque o século V a.C., chamado Século de Péricles, época em que a atividade intelectual, artistica e política refletiu o esplendor da cultura Helênica.
A EVOLUÇÃO DA ESCULTURA.
Aproximadamente no fim do século VII a.C., os gregos começaram a esculpir grandes figuras masculinas em mármore. Nelas ainda era evidente a influencia da escultura egípcia, tanto nas formas como na técnica de esculpir grandes blocos. O artista grego, porém, já acreditava que a escultura não deveria apenas se assemelhar a seu modelo: ela teria de ser também um objeto belo em si mesmo.
Tanto quanto o escultor egípcio, o escultor grego do período arcaico apreciava a simetria natural do corpo humano. Para deixar clara ao observador essa simetria, ele esculpia as figuras masculinas nuas, eretas, em rigorosa posição frontal e com o peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é chamado kouros, palavra que significa “homem jovem”.
Diferentemente da arte egípcia, cuja produção tinha uma função religiosa, a arte grega não estava submetida a convenções rígidas; por isso, pode evoluir livremente. Assim, com o tempo, para o escultor grego a postura rígida e forçada do kouros passou a ser insatisfatória.
Na busca do artista grego pela superação da rigidez das estátuas, o mármore mostrou-se um material inadequado: pesado demais, quebrava-se sob seu próprio peso, quando determinadas partes do corpo não estava apoiadas. Os braços estendidos de uma estátua, por exemplo, corriam sério risco de se quebrarem.
Para solucionar o problema, os escultures começaram a trabalhar com bronze, liga metálica que é mais resistente que o mármore e permitia criar figuras que expressassem melhor a ideia de movimento. Vê-se um exemplo disso na escultura Zeus de Artemísio, figura de bronze, provável representação de Zeus. Seus braços e pernas mostram uma atividade vigorosa, porém o seu tronco traduz imobilidade.
O problema da imobilidade do tronco persiste também na famosa estátua Discóbolo, de Miron, produzida na mesma época do Zeus de Artemísio.
A ARQUITETURA: AS ORDENS DÓRICA E JÔNICA.
Na arquitetura grega, as edificações que despertam maior interesse são os templos, construídos não para reunir pessoas em seu interior para o culto religioso, mas para proteger da chuva e do sol as esculturas de suas divindades.
A ordem jônica sugeria mais leveza e era mais ornamentada que a dórica.
Além dos frontões, as métopas e os frisos também eram decorados com esculturas. Por serem quase quadradas, as métopas não ofereciam maior dificuldade na composição da cena a ser representada.
A PINTURA EM CERÂMICA.
Na Grécia, como em outras civilizações, a pintura apareceu como elemento de decoração da arquitetura. A pintura grega, porém, encontrou também uma forma de realização na área da cerâmica. Os vasos gregos são conhecidos não só pelo equilíbrio da forma, mas também pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a ornamentação.
A princípio, além de servir para rituais religiosos, esses vasos eram usados para armazenar água, vinho, azeite, mantimentos e outras coisas. À medida que passaram a revelar uma forma equilibrada e um trabalho de pintura harmonioso, tornaram-se também objetos artísticos.
As pinturas dos vasos representavam pessoas em suas atividades diárias e cenas da mitologia grega. Inicialmente o artista pintava, em negro, a silhueta das figuras. A seguir gravava o contorno e as marcas interiores com um instrumento pontiagudo, que retirava a tinta preta, deixando linhas nítidas.
O maior pintor de figuras negras foi Exéquias.
Por volta de 530 a.C., Eutímedes introduziu uma grande mudança na arte de pintar vasos: inverteu o esquema de cores, deixando as figuras na cor natural do barro cozido e pintando o fundo de negro. Teve início, com isso, a série de figuras vermelhas. O efeito obtido com essa inversão cromática foi, sobretudo, uma maior vivacidade das figuras.
O PERÍODO HELENÍSTICO.
Os historiadores modernos deram o nome de helenística à cultura iniciada sob o poder de Alexandre e seguida até o domínio da Grécia pelos romanos. Todas as transformações históricas do período, sobretudo o desaparecimento da independência das cidades-estados, dando lugar à formação de reinos imensos, interferiram na arte grega.
A ESCULTURA.
A escultura do século IV a.C., apresentava traços bem característicos. Um deles era a representação, sob forma humana, de conceitos e sentimentos, como a paz, o amor, a liberdade, a vitória.
Outro traço marcante foi o surgimento do nu feminino, pois, nos períodos arcaico e clássico, representa-se a figura feminina sempre vestida. Praxíteles esculpiu uma Afrodite nua que acabou sendo sua obra mais famosa.
Mas o grande desafio e a grande conquista da escultura do período helenístico foram a representação de grupos de figuras que sugerissem mobilidade e fossem belos de todos os ângulos.
A ARQUITETURA.
Vivendo em vastos reinos e não mais em comunidades constituídas por cidades-estado, os gregos do período helenístico substituíram seu senso de cidadania pelo individualismo.
Isso se refletiu imediatamente na arquitetura das moradias. Se no século V a.C., as casas eram muito modestas e apenas os edifícios públicos eram suntuosos, a partir do século IV a.C. elas receberam maior cuidado e, com o tempo, ganharam mais espaço e conforto.
A substituição do espírito comunitário pelo sentimento individualista manifestou-se também no teatro: o coro, muito valorizado nas representações teatrais do período clássico por desempenhar a ação do povo ou de grupos humanos, passou para segundo plano. A ênfase maior deslocou-se para o desempenho dos atores.
Essa mudança refletiu-se na arquitetura dos teatros. Na Grécia clássica, eles eram divididos em três partes distintas: a orquestra, espaço circular onde o coro e os artistas representavam ou dançavam; uma espécie de arquibancada em semicírculo, construída na encosta de uma colina e reservada aos espectadores; e o palco, onde os atores se preparavam para entrar em cena e eram guardados os cenários e as roupas usadas nas representações. Pode-se citar o Teatro de Epidauro.
Construído no século IV a.C., durante o período clássico. Acomodava cerca de 14 mil espectadores e tornou-se famoso pela perfeição da acústica.
Com o passar do tempo, os atores tornaram-se mais importantes para a ação dramática, e a arquitetura teatral teve de se adaptar a essa nova realidade. A adaptação na construção do palco foi a principal alteração desse teatro. No período clássico, havia na frente do palco uma fachada de um só andar chamada proscenio, onde eram apoiados os cenários. Toda a ação dramática ocorria no espaço circular. No século II a.C., os atores já se apresentavam mais isolados do publico e sua ação ganhava destaque. A orquestra deixou de ser um espaço circular completo e o local destinado aos espectadores tornou-se mais concentrado.
CAPÍTULO 4– A ARTE EM ROMA.
O aparecimento da cidade de Roma, presumivelmente em 753 a.C., está envolto em lendas e mitos. A formação cultural dos romanos foi influenciada principalmente por gregos e etruscos, que ocuparam diferentes da península itálica entre os séculos XII e VI a.C., e contribuíram para que Roma se tornasse o centro de um vasto império.
A ARQUITETURA.
Um dos legados culturais mais importantes deixados pelos etruscos aos romanos foi o uso do arco e da abóbada nas construções. Esses dois elementos arquitetônicos permitiram aos romanos criar amplos espaços internos, livres do excesso de colunas.
Antes da invenção do arco, o vão entre uma coluna e outra era limitado pelo tamanho do entablamento horizontal. Este tamanho não podia ser muito grande, pois, quanto maior a viga, maior a tensão sobre ela, e a pedra, que era o material mais resistente usado nas construções da época, não suporta grandes tensões. Daí os templos gregos serem repletos de colunas, o que acarreta a redução do espaço para circulação.
O arco foi uma conquista que permitiu ampliar o vão entre uma coluna e outra. Nele o centro não sofre maior sobrecarga que as extremidades, e assim as tensões são distribuídas de forma mais homogênea. Além disso, como o arco é construído com blocos de pedra, a tensão comprime esses blocos e lhes dá maior estabilidade.
No final do século I, Roma já havia superado as influencias grega e etrusca e estava pronta para desenvolver criações artísticas independentes e originais.
A CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA DO TEATRO.
Graças ao uso de arcos e abóbadas, herdados dos etruscos, os romanos construíram edifícios bem amplos, sobretudo os anfiteatros. Destinados a abrigar muitos espectadores, esses anfiteatros alteraram a planta do teatro grego. Assim, usando ordens de arcos sobre postas, os construtores romanos obtiveram apoio para construir o local destinado ao público – o auditório.
Com essa solução arquitetônica, não era mais necessário assentar o auditório nas encostas de colinas, como faziam os gregos. A primeira consequência disso foi a possibilidade de construir tais edifícios em qualquer lugar, com qualquer topografia.
Essa maior liberdade na construção favorecia um tipo de espetáculo muito apreciado pelo povo romano: as lutas de gladiadores, que podiam ser vistas de qualquer ângulo. Não havia a necessidade de um palco em frente para um auditório em semicírculo.
Assim, o anfiteatro caracterizava-se por um espaço central elíptico onde se dava o espetáculo, e, circundando esse espaço, um auditório, composto de um grande numero de filas de assentos que formavam uma arquibancada. Exemplo de anfiteatro é o Coliseu de Roma, o mais belo dos anfiteatros romanos.
Externamente esse edifício era ornamentado por esculturas, que ficavam dentro dos arcos, e por tres ordens de colunas gregas. Essas colunas, na verdade eram meias colunas, pois ficavam presas à estrutura das arcadas. Não tinham a função de sustentar a construção, mas apenas de ornamentá-la.
A ESCULTURA.
Embora fossem grandes admiradores da arte grega, os romanos, por temperamento, eram muito diferentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são em geral uma representação das pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os gregos.
Ao entrar em contato com os gregos, os escultures romanos sofreram forte influencia das concepções helenísticas de arte, mesmo não abdicando de um interesse muito próprio: representar os traços característicos do retratado. O resultado desse contato foi uma acomodação entre a concepção artística romana e a grega.
A ESCULTURA GRECO-ROMANA DE A COR.
Estamos habituados a ver as esculturas greco-romanas na cor original do mármore, que não se imagina que elas possam ter sido um dia, coloridas. Em nossa cultura, essa monocromia das estátuas clássicas tornou-se sinônimo de bom gosto estético.
Entretanto, se sabe que elas eram originalmente coloridas e que os pigmentos aplicados sobre o mármore não resistiram à ação do tempo. Para chegar às cores originais, arqueólogos e outros especialistas dedicaram-se a vários estudos, lançando mão de modernos equipamentos, que permitiram detectar fragmentos dos pigmentos.
O resultado desse trabalho foi a público em 2004, numa exposição organizada pelo Museu Vaticano, em Roma. Na ocasião, roram exibidas réplicas coloridas de importantes obras da Antiguidade.
CAPÍTULO- 5 IDADE MÉDIA ARTE ROMÂNICA
No período iniciado no século V e conhecido como Idade Média, a vida social e econômica deslocou-se da cidade para o campo. Sem condições propícias para o desenvolvimento das artes, a evolução cultural no campo manteve-se praticamente nula. Os mosteiros eram muito pobres e neles também foi difícil estabelecer uma atividade artística.
No século VII, as únicas fontes de preservação da cultura greco-romana eram as escolas voltadas para a formação do clero. Somente a Igreja continuava a contratar construtores, carpinteiros, marceneiros, vitralistas, decoradores, escultores e pintores, pois as eram os únicos edifícios públicos que ainda se construíam.
Em 800, quando Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente, teve inicio um intenso desenvolvimento cultural. O poder real uniu-se ao poder papal e Carlos tornou-se protetor da cristandade.
O ESTILO ROMÂNICO NA ARQUITETURA.
O nome românico foi criado para designar as obras arquitetônicas dos séculos XI e XII, na Europa, cuja estrutura se assemelhava à das construções dos antigos romanos. Seus aspectos mais significativos são a utilização da abóbada, dos pilares maciços que a sustentam e das paredes espessas com aberturas estreitas usadas como janelas.
O primeiro aspecto que chama a atenção nas igrejas românicas é o tamanho: elas são sempre grandes e sólidas. Daí serem chamadas “fortalezas de Deus”.
As igrejas românicas podiam ser construídas com abóbadas de dois tipos: a abóbada de berço e a abóbada de aresta.
A abóbada de berço era simples: consistia num semicírculo – o arco pleno – ampliado lateralmente pelas paredes. Apresentava duas desvantagens: o excesso de peso do teto de alvenaria, que podia provocar serios desabamentos, e a reduzida luminosidade interna, resultante das janelas estreitas. A abertura de grandes vãos era impraticável, por enfraquecer as paredes e aumentar o risco de desabamento.
O ESTILO ROMÂNICO NA PINTURA.
Os pintores românicos caracterizaram-se como verdadeiros muralistas. A pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, favorecidas pelas formas arquitetônicas: as abóbadas e as paredes laterais com poucas aberturas criavam grandes superfícies. Na pintura mural era utilizada a técnica do afresco.
Os murais tinham como modelo as ilustrações dos livros religiosos, pois naquela época era intensa, nos conventos, a produção de manuscritos decorados à mão com cenas bíblicas.
Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. A pintura românica praticamente não registrou assuntos profanos. Para as igrejas e os mosteiros, geralmente eram escolhidos temas como a criação do mundo e do ser humano, o pecado original, a arca de Noé, os símbolos dos evangelistas e Cristo em majestade.
O mural tem no centro a figura de Jesus Cristo, cercado de anjos. Ele expressa bem as duas características essenciais da pintura românica: a deformação e o colorismo. A deformação, na verdade, traduzia os sentimentos religiosos e a interpretação mística que o artista fazia da realidade. A figura de Cristo, por exemplo, era sempre maior que as demais. Sua mão e seu braço, no gesto de abençoar, tinham proporções intencionalmente exageradas para que o gesto fosse valorizado por quem contemplasse a pintura. Os olhos, muito abertos e expressivos, evidenciavam sua intensa vida espiritual. O colorismo traduziu-se no emprego de cores chapadas, uniformes, sem preocupação com meio-tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza.
PINTURA “A FRESCO”: UMA TÉCNICA ANTIGA E DE DIFÍCIL EXECUÇÃO.
O termo afresco, hoje é sinônimo de pintura mural. Originalmente, porém, era uma técnica de pintura sobre paredes úmidas. Vem daí o seu nome.
Nesse tipo de pintura, a preparação da parede é muito importante. Sobre sua superfície é aplicada uma camada de cal que, por sua vez, é coberta com uma camada de gesso fina e bem lisa. É sobre esta última camada que o pintor executa sua obra. Ele deve trabalhar com a argamassa ainda úmida, pois com a evaporação da água, a cor adere ao gesso e o gás carbônico do ar combina-se com a cal, transformando-a em carbonato de cálcio e completando a adesão do pigmento à parede.
O afresco se distingue das outras técnicas porque, uma vez seca a argamassa, a pintura se incorpora ao reboco, tornando-se parte integrante dele. Nas demais técnicas, a pintura permanece como uma película aplicada sobre o fundo. Além disso, como a parede deve permanecer úmida para receber a tinta, a camada de gesso tem de ser colocada aos poucos: se uma área já pronta não receber pintura, precisará ser retirada e aplicada posteriormente. Essa é a razão pela qual ao observar-se um afresco de perto, pode-se notar os vários pedaços em que foi sucessivamente executado.
IDADE MÉDIA - ARTE GÓTICA
No século XII, teve início uma economia fundamentada no comércio. Como consequência, o centro da vida social deslocou-se do campo para as cidades e surgiu uma nova classe social: a burguesia urbana. A cidade voltou a ser o lugar onde as pessoas se encontravam e trocavam informações. Novamente era o centro renovador dos conhecimentos, da arte e da própria organização social.
No começo do século XII, a arte românica ainda era a predominante, mas já começavam a aparecer mudanças que conduziriam a uma profunda revolução na arquitetura, principalmente na arte de projetar e construir grandes edifícios.
A ARQUITETURA NO SÉCULO XII.GÓTICA.
No século XII uma nova arquitetura foi ganhando espaço.
Esta nova maneira de construir surgiu na França por volta de 1140, quando foi construída a abadia de Saint-Denis. A primeira diferença que se nota entre uma igreja gótica e uma igreja românica é a fachada: enquanto a igreja românica em geral apresenta um único portal, a igreja gótica tem três portais. Estes, por sua vez, dão acesso às três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.
O aspecto mais importante da arquitetura gótica é a abóbada de nervuras, que difere muito da abóbada de arestas da arquitetura românica, pois deixa visíveis os arcos ogivais, que formam sua estrutura.
A consequência estética mais importante da introdução dos pilares foi a substituição das sólidas paredes com janelas estreitas, do estilo românico, pela combinação de pequenas áreas de parede com grandes áreas preenchidas por vidros coloridos e trabalhados, chamados vitrais.
Entre os séculos XII e XVI foi construída a catedral Notre-Dame de Chartres. Entre os muitos aspectos de sua arquitetura, destaca-se o portal principal, conhecido como Portal Régio e considerado pelos historiadores da arte como um dos mais belos conjuntos escultóricos do mundo. A exemplo das demais construções góticas, o Portal Régio é formado por um portal central e dois laterais, diversamente dos portais da igreja Saint-Denis, porém os três dão acesso à nave central da igreja.
Cada um desses portais apresenta um tímpano inteiramente preenchido por trabalhos de escultura. Os três narram diferentes momentos da vida de Cristo. O tímpano central apresenta um Cristo em Majestade cercado pelos símbolos que representavam os quatro evangelistas. O tímpano à esquerda do observador mostra a Ascensão de Cristo ao céu após a ressurreição. No da direita, está Maria com o Menino Jesus no colo.
As delicadas colunas que ladeiam cada porta atraem a atenção do visitante da catedral de Chartres. Nelas, veem-se representações de reis e rainhas do Antigo Testamento, requintadamente trabalhadas nos traços fisionômicos e nos drapeados das roupas.
Em 1160 iniciou-se a construção da catedral de Notre-Dame de Paris, uma das maiores igrejas góticas do mundo.
A ESCULTURA.
De modo geral a escultura gótica estava associada à arquitetura. Nos tímpanos dos portais ou no interior das grandes igrejas, os trabalhos escultóricos enriqueciam as construções e documentavam na pedra os aspectos da vida humana mais valorizados na época.
É interessante destacar dois exemplos de escultura que ornamentam duas igrejas alemãs: O cavaleiro, datada de cerca de 1235 que está na catedral de Bamberg e a Nobre Uta esculpida depois de 1249 que está na catedral de Naumburg.
A PINTURA GÓTICA.
A pintura gótica desenvolveu-se nos seculos XIII, XIV e início do século XV, quando começou a ganhar novos aspectos que prenunciavam o Renascimento. Sua principal característica foi a procura do realismo na representação das figuras.
No século XIII o pintor mais importante foi Cenni di Pepo (1240-1302), nascido em Florença e conhecido como Cimabue. Seu trabalho ainda foi influenciado pelos ícones bizantinos mas já apresentava uma nítida preocupação com o realismo ao representar a figura humana. Cimabue procurou, por meio da postura dos corpos e do drapeado das roupas, dar algum movimento às figuras de anjos e santos, entretanto não chegou a realizar plenamente a ilusão da profundidade do espaço.
VITRAIS: A LUZ MULTICOLORIDA DAS CATEDRAIS GÓTICAS.
Os vitrais são feitos de vidros coloridos, que ao deixar passar a luz do sol, criam um ambiente interno sereno e cheio de cores. Sua produção envolvia várias etapas. Primeiro derretia-se o vidro na fornalha e acrescentavam-se a ele diversos produtos químicos que os tornavam colorido e translucido. Depois faziam-se as placas de vidro, em geral pelo método que produzia o chamado vidro antique. Nesse método, o artesão acumulava uma pequena quantidade de vidro fundido na extremidade de um tubo e imediatamente começava a soprar por ele, até formar uma bolha de vidro de forma cilíndrica. A seguir, cortava suas duas extremidades, como se tirasse uma tampa de cada lado, obtendo assim um cilindro oco. Depois cortava esse cilindro ainda quente em sentido longitudinal e o achata-va até obter uma placa. Cada placa depois de resfriada era recortada com uma ponta de diamante, segundo o desenho previamente determinado para o vitral.
Na etapa seguinte o artesão pintava com tinta opaca preta os detalhes da figura, como os traços fisionômicos. Por fim todas essas pequenas placas pintadas eram encaixadas umas nas outras por uma moldura metálica, chamada perfil de chumbo. Juntas formavam grandes composições – os vitrais – que eram colocadas nas aberturas das paredes das catedrais.
A ARTE DOS MANUSCRITOS ILUSTRADOS.
Os manuscritos eram feitos em várias etapas e dependiam do trabalho de várias pessoas. Primeiro era necessário curtir de modo especial a pele dos cordeiros ou vitelas. Essa pele curtida chamava-se velino. Nas oficinas dos mosteiros ou nos atelies de artistas leigos, os trabalhadores cortavam as folhas de velino no tamanho em que seria o livro. O velino tinha a função hoje dada ao papel. Em seguida os copistas transcreviam textos sobre as páginas já cortadas. Ao realizar essa tarefa deixavam espaços que seriam preenchidos pelos artistas com as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos e as capitulares – as letras maiúsculas ricamente trabalhadas com que se iniciava o texto. Todo esse trabalho decorativo ficou conhecido com o nome de iluminura.
Fonte: Graça Proença. História da Arte.
Editora Ática, São Paulo. 2007. Páginas 5 – 113.