GABRIELLY CRUVINEL FERNANDES
ESTRESSE NEONATAL RESULTA EM ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS E NEUROQUÍMICAS DURADOURAS
Dissertação
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Saúde da Universidade
do Extremo Sul Catarinense UNESC, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre
em Ciências da Saúde.
Orientador: Prof. Drº. João
Luciano de Quevedo
Coorientadora: Profª Drª Gislaine
Zilli Réus
CRICIÚMA
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
F363e
Fernandes, Gabrielly Cruvinel.
Estresse neonatal resulta em alterações comportamentais e
neuroquímicas duradouras / Gabrielly Cruvinel Fernandes. –
2017.
91p. : il. ; 21 cm.
Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul
Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Saúde, Criciúma, SC, 2017.
Orientação: João Luciano de Quevedo.
Coorientação: Gislaine Zilli Réus.
1. Transtorno depressivo maior. 2. Estresse oxidativo. 3.
Neuroinflamação. 4. Privação materna. I. Título.
CDD. 22ª ed. 616.8982
Bibliotecária Rosângela Westrupp – CRB 14º/364
Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC
FOLHA INFORMATIVA
A dissertação foi elaborada seguindo o estilo Vancouver e será
apresentada no formato tradicional.
Este trabalho foi realizado nas instalações do Laboratório de
Neurociências do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
(PPGCS) da UNESC.
Os ensaios bioquímicos sobre o estresse oxidativo e níveis de citocinas
pró-inflamatórias foram realizados no Laboratório de Fisiopatologia do
PPGCS da UNESC.
“Aos meus filhos, que todos os dias
me dão motivação de ser uma
pessoa melhor, tanto pessoal e
profissionalmente. Aos meus pais,
que me ensinaram a questionar,
ousar e lutar pelos meus objetivos.
Ao meu marido, que nestes 18 anos
juntos,
me
dedica
apoio
incondicional.”
AGRADECIMENTOS
A DEUS, que em sua infinita sabedoria, em vários
momentos nebulosos de minha vida se fez presente. E essa presença
com certeza manifestava através da minha garra, persistência e
paciência para alcançar meus objetivos , da maneira mais justa e
humana possível.
A minha família, especialmente Valentina (Tina) e Gabriel
(Gabi), filhos maravilhosos, que me apoiam em toadas os meus
projetos. Vê-los crescerem e se transformando cada vez mais, em
criança e pré- adolescente, sensíveis, carinhos e entendendo minha vida
profissional, me torna a pessoa mais realizada do mundo. Com certeza ,
conduzi-los ao longo desse período e ainda muitos outros virão, tem
sido a dissertação mais importante da minha vida.
A minha co-orientadora, um agradecimento carinhoso por
todos os momentos de paciência, compreensão e competência.
Agradecer a todos os alunos de iniciação científica,
mestrado e doutorado que ajudaram na realização dos experimentos no
laboratório.
“É muito melhor lançar-se em
busca de conquistas grandiosas,
mesmo expondo-se ao fracasso, do
que alinhar-se com os pobres de
espirito, que nem gozam muito
nem sofrem muito, porque vivem
numa penumbra cinzenta, onde
não conhecem nem vitória, nem
derrota”.
Theodore Roosevelt
RESUMO
O transtorno depressivo maior (TDM) é conhecido por ter uma origem
desenvolvimental. O trauma, por exemplo, pode modular
profundamente o desenvolvimento dos circuitos neurais, resultando em
mudanças comportamentais significativas, muitas vezes permanentes.
Estudos mostram que o estresse oxidativo e a neuroinflamação têm um
papel importante na fisiopatologia do TDM. Assim, este estudo teve
como objetivo utilizar um modelo animal de depressão induzido pela
privação dos cuidados maternos para investigar se o comportamento do
tipo depressivo, a neuroinflamação e o estresse oxidativo estão
relacionados a alterações desenvolvimentais após o estresse no inicio da
vida. Para este fim, ratos Wistar machos foram submetidos ao modelo
animal de privação materna. Durante o protocolo de privação materna,
os filhotes machos foram separados de suas mães durante 3 horas por
dia nos 10 primeiros dias de vida. Aos 20, 30, 40 e 60 dias após o
nascimento, os animais foram submetidos aos testes comportamentais de
natação forçada e teste do campo aberto. Após os testes
comportamentais, os animais foram mortos por decaptação e as
estruturas cerebrais: córtex pré-frontal e hipocampo, e o soro foram
retirados para a avaliação de parâmetros de estresse oxidativo e níveis
de citocinas. Os resultados mostraram que o protocolo de privação
materna não induziu alterações comportamentais nos animais com 30 e
40 após o nascimento. No entanto, os animais com 20 e 60 dias
apresentaram comportamento depressivo no teste de natação forçada,
sem alterações na atividade locomotora espontânea. No cérebro e no
soro, os níveis das citocinas pró-inflamatórias tais como, interleucina 1β
(IL-1β), interleucina-6 (IL-6) e o fator de necrose tumoral-α (TNF-α)
foram aumentados e a citocina anti-inflamatória interleucina-10 (IL-10)
foi diminuída nos animais com 20, 30, 40 e 60 dias após o nascimento
no cérebro e soro. Os níveis de carbonilação de proteínas foram
aumentados, no cérebro, nos animais com 30, 40 e 60 dias após o
nascimento. A atividade da enzima superóxido dismutase (SOD)
aumentou no cérebro dos animais com 30, 40 e 60 dias após o
nascimento e a atividade da enzima catalase (CAT) diminuiu no cérebro
dos animais com 20, 40 e 60 dias após o nascimento. Os resultados
sugerem que a existência de eventos estressantes no inicio da vida pode
induzir alterações comportamentais que persistem até a idade adulta
além de, estimular a inflamação e danos oxidativos, nos sistemas
nervoso central e periférico que iniciam logo a privação materna. Essas
alterações, podem estar relacionada a uma maior vulnerabilidade ao
desenvolvimento de transtornos mentais na adolescência e vida adulta.
Palavras-chaves: Neurodesenvolvimento; inflamação; estresse
oxidativo; privação dos cuidados maternos; transtorno depressivo maior.
ABSTRACT
Major depressive disorder (MDD) is known to have a developmental
origin. Trauma, for example, may profoundly modulate developing
neural circuits, resulting in significant behavioral changes that are often
permanent. Evidence have been also shown that oxidative stress and
neuroinflammation have an important role in the pathophysiology of
MDD. Thus, this study was aimed to use an animal model of depression
induced by maternal care deprivation (MCD) to investigate if depressive
behavior, neuroinflammation and oxidative stress were underlying the
developmental programming after early life stress. For the MCD
protocol Wistar male pups were separated from their mothers for 3
h/day during the first 10 postnatal days (PND). At 20, 30, 40, and 60
PND, individual subsets of animals were evaluated in behavioral tests
and then euthanized to assess prefrontal cortex (PFC), hippocampus and
serum for cytokines levels and oxidative stress parameters
assessment.The results showed that MCD did not induce behavioral
changes at 30 and 60 PND. However, at 30 and 60 PND rats displayed a
depressive-like behavior in the forced swimming test, without changes
on locomotor spontaneous activity. In the brain and serum the levels of
pro-inflammatory cytokines (interleukin-1 (IL-1), interleukin-6 (IL-6)
and tumor necrosis factor- (TNF-) were increased, and antiinflammatory cytokine (interleukin-10) was reduced, throughout the
developmental programming (20, 30, 40 and 60 PND). Lipid damage
did not occur. Protein carbonyl levels increased in the brain at 30, 40
and 60 PND. Superoxide dismutase (SOD) activity decreased during all
developmental programming phases evaluated into the brain. Catalase
(CAT) activity was decreased on 20, 40 and 60 PND into the brain. Our
results revealed that the existence of “critical episodes” for early life
stressful events is able to induce behavioral alterations that persist
through to adulthood and it can stimulate inflammation and oxidative
damage on both central and peripheral systems, which are needed for
distinct patterns of resilience against psychiatric disorders later in life.
Keywords: Developmental programming, inflammation, oxidative
stress, maternal care deprivation, major depressive disorder.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1B: Efeitos da privação materna sobre o tempo de imobilidade,
escalada e natação em ratos com 30 dias após o nascimento submetidos
ao teste de natação forçada. Os valores são expressos como média ±
E.P.M. (N = 12). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o
teste t de Student. .................................................................................. 48
Figura 1C: Efeitos da privação materna sobre o tempo de imobilidade,
escalada e natação em ratos com 40 dias após o nascimentosubmetidos
ao teste de natação forçada. Os valores são expressos como média ±
E.P.M. (N = 12). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o
teste t de Student. .................................................................................. 49
Figura 1D: Efeitos da privação materna sobre o tempo de imobilidade,
escalada e natação em ratos com 60 dias após o nascimentosubmetidos
ao teste de natação forçada. Os valores são expressos como média ±
E.P.M. (N = 12). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o
teste t de Student. .................................................................................. 49
Figura 2A: Efeitos da privação materna sobre o número de crossings e
rearings no teste do campo aberto em animais com 20 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
............................................................................................................... 50
Figura 2B: Efeitos da privação materna sobre o número de crossings e
rearings no teste do campo aberto em animais com 30 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
............................................................................................................... 51
Figura 2C: Efeitos da privação materna sobre o número de crossings e
rearings no teste do campo aberto em animais com 40 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
............................................................................................................... 51
Figura 2D: Efeitos da privação materna sobre o número de crossings e
rearings no teste do campo aberto em animais com 60 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
............................................................................................................... 52
Figura 3A: Efeitos da privação materna nos níveis de interleucina 1β
(IL-1β) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 20
dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M.
(N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 53
Figura 3B: Efeitos da privação materna nos níveis de interleucina 1β
(IL-1β) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 30
dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M.
(N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 53
Figura 3C: Efeitos da privação materna nos níveis de interleucina 1β
(IL-1β) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 40
dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M.
(N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 54
Figura 3D: Efeitos da privação materna nos níveis de interleucina 1β
(IL-1β) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 60
dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M.
(N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 54
Figura 4A: Efeitos da privação materna nos níveis do fator de necrose
tumoral-α (TNF-α) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos
animais com 20 dias após o nascimento. Os valores são expressos como
média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo
com o teste t de Student......................................................................... 55
Figura 4B: Efeitos da privação materna nos níveis do fator de necrose
tumoral-α (TNF-α) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos
animais com 30 dias após o nascimento. Os valores são expressos como
média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo
com o teste t de Student......................................................................... 56
Figura 4C: Efeitos da privação materna nos níveis do fator de necrose
tumoral-α (TNF-α) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos
animais com 40 dias após o nascimento. Os valores são expressos como
média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo
com o teste t de Student......................................................................... 56
Figura 4D: Efeitos da privação materna nos níveis do fator de necrose
tumoral-α (TNF-α) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos
animais com 60 dias após o nascimento. Os valores são expressos como
média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo
com o teste t de Student......................................................................... 57
Figura 5A: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 6 (IL6) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 20 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 58
Figura 5B: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 6 (IL6) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 30 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 58
Figura 5C: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 6 (IL6) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 40 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 59
Figura 5D: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 6 (IL6) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 60 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 59
Figura 6A: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 10
(IL-10) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 20
dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M.
(N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 60
Figura 6B: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 10
(IL-10) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 30
dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M.
(N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 61
Figura 6C: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 10
(IL-10) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 40
dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M.
(N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 61
Figura 6D: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 10
(IL-10) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 60
dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M.
(N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 62
Figura 7A: Efeitos da privação materna nos níveis de malondealdeído
(MDA) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 20 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 63
Figura 7B: Efeitos da privação materna nos níveis de malondealdeído
(MDA) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 30 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 63
Figura 7C: Efeitos da privação materna nos níveis de malondealdeído
(MDA) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 40 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 64
Figura 7D: Efeitos da privação materna nos níveis de malondealdeído
(MDA) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 60 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 64
Figura 8A: Efeitos da privação materna nos níveis da carbonilação de
proteínas no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 20 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 65
Figura 8B: Efeitos da privação materna nos níveis da carbonilação de
proteínas no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 30 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 66
Figura 8C: Efeitos da privação materna nos níveis da carbonilação de
proteínas no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 40 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 66
Figura 8D: Efeitos da privação materna nos níveis da carbonilação de
proteínas no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 60 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 67
Figura 9A: Efeitos da privação materna sobre a atividade da superóxido
dismutase (SOD) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com
20 dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ±
E.P.M. (N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o
teste t de Student. .................................................................................. 68
Figura 9B: Efeitos da privação materna sobre a atividade da superóxido
dismutase (SOD) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com
30 dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ±
E.P.M. (N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o
teste t de Student. .................................................................................. 68
Figura 9C: Efeitos da privação materna sobre a atividade da superóxido
dismutase (SOD) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com
40 dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ±
E.P.M. (N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o
teste t de Student. .................................................................................. 69
Figura 9D: Efeitos da privação materna sobre a atividade da superóxido
dismutase (SOD) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com
60 dias após o nascimento. Os valores são expressos como média ±
E.P.M. (N = 5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o
teste t de Student. .................................................................................. 69
Figura 10A: Efeitos da privação materna sobre a atividade da catalase
(CAT) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 20 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 70
Figura 10B: Efeitos da privação materna sobre a atividade da catalase
(CAT) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 30 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 71
Figura 10C: Efeitos da privação materna sobre a atividade da catalase
(CAT) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 40 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 71
Figura 10D: Efeitos da privação materna sobre a atividade da catalase
(CAT) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 60 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N =
5). Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de
Student................................................................................................... 72
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 31
1.1 FISIOPATOLOGIA E TRATAMENTO DO TDM........................ 32
1.2 SISTEMA IMUNE E TDM ............................................................ 33
1.3 ESTRESSE OXIDATIVO E TDM ................................................. 34
1.4 ESTRESSE E TDM ........................................................................ 38
2 OBJETIVOS ..................................................................................... 41
2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................... 41
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, ......................................................... 41
3 METODOLOGIA ............................................................................ 42
3.1 ASPECTOS ÉTICOS ...................................................................... 42
3.2 ANIMAIS EXPERIMENTAIS ....................................................... 42
3.3 PROTOCOLO DE PRIVAÇÃO MATERNA................................. 42
3.4 DESENHO EXPERIMENTAL....................................................... 43
3.5 TESTES COMPORTAMENTAIS .................................................. 43
3.5.1 Teste do campo aberto ............................................................... 43
3.6 ANÁLISES BIOQUÍMICAS .......................................................... 44
3.6.1 Preparação do tecido e homogenado ........................................ 44
3.6.2 Procedimentos de análise de estresse oxidativo ....................... 44
3.6.2.1 Formação de TBARS ................................................................ 44
3.6.2.2 Formação de proteínas carbonil ................................................ 45
3.6.2.3 Atividade da enzima SOD ......................................................... 45
3.6.2.4 Atividade da enzima CAT ......................................................... 46
3.6.2 Análises de citocinas ................................................................... 46
3.7. ANÁLISES ESTATÍSTICAS ........................................................ 46
4 RESULTADOS ................................................................................. 47
4.1 EFEITOS DA PRIVAÇÃO MATERNA SOBRE O
COMPORTAMENTO
EM
DIFERENTES
FASES
DO
DESENVOLVIMENTO ....................................................................... 47
4.2 EFEITOS DA PRIVAÇÃO MATERNA SOBRE OS NÍVEIS DE
CITOCINAS NO CF, HIPOCAMPO E SORO EM DIFERENTES
FASES DO DESENVOLVIMENTO .................................................... 52
4.3 EFEITOS DA PRIVAÇÃO MATERNA SOBRE PARÂMETROS
DE ESTRESSE OXIDATIVO NO CF E HIPOCAMPO EM
DIFERENTES FASES DE DESENVOLVIMENTO ........................... 62
5 DISCUSSÃO ..................................................................................... 73
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 78
REFERÊNCIAS .................................................................................. 79
ANEXO ................................................................................................ 90
ANEXO A: COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS ....... 91
31
1 INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (OMS), alerta que cerca de
10% da população global, sofre com algum tipo de transtorno mental em
todo o mundo, representando aproximadamente 700 milhões de pessoas.
Destas, em torno de 350 milhões são afetadas pelo Transtorno
Depressivo Maior (TDM), o que equivale, aproximadamente a mais de
7% da população mundial total. No Brasil, cerca de 20 a 30 milhões de
pessoas, aproximadamente, apresentam, apresentaram ou virão a ter pelo
menos um episódio depressivo ao longo da vida (Camargo et al., 2014).
O TDM apresenta uma prevalência durante a vida de 2% a 15%, sendo
um dos fatores de risco mais importantes para a incapacidade (OMS,
2012). Pacientes acometidos pelo TDM têm mais suscetibilidade a
desenvolver comorbidades, como ansiedade, diabetes e doenças
coronarianas (Knol et al., 2006).
Trata-se de um transtorno mental sério e grave, em que muitas
vezes o suicídio resulta como consequência mais grave. O suicídio está
entre as dez principais causas de morte em indivíduos de todas as idades
e é a principal causa de morte na maioria dos países desenvolvidos para
os indivíduos com idade inferior a 35 anos (OMS, 2006). Pelo menos
50% de todos os suicídios cometidos por adultos, tinham diagnóstico
prévio para o TDM (Kim et al., 2003). Além disso, até 15% dos
indivíduos com diagnóstico de TDM reconhecem ter tentado o suicídio
em algum momento de suas vidas (Dilsaver et al., 1996). Dados da
OMS registraram aumento de 60% no número de casos de suicídios nos
últimos 50 anos e estima-se um aumento a cerca de 1,5 milhões de casos
até o ano de 2020. Dados, no Brasil, também são bastante relevantes,
compondo um panorama de 5,6 casos de suicídios a cada 100 mil
habitantes (Brasil, 2008).
A etiologia do TDM ainda é desconhecida. Acredita-se em uma
origem multifatorial, interação entre fatores genéticos, neurobiológicos e
fatores ambientais (Jespersen et al., 2013). Além disso, a qualidade do
ambiente de vida, como a exposição a eventos estressantes estão entre os
fatores mais relevantes que determinam o aparecimento do TDM
(Davidson e McEwen, 2012).
32
1.1 FISIOPATOLOGIA E TRATAMENTO DO TDM
Em 1965 foi proposto por Schild Krout, o envolvimento do
sistema monoaminérgico no TDM (Schildkraut, 1965). Tal proposição é
reforçada pelo conhecimento do mecanismo de ação dos
antidepressivos, que se baseia, principalmente, no aumento da
disponibilidade dos neurotransmissores monoaminérgicos (dopamina,
serotonina (5-HT) e noradrenalina) na fenda sináptica, seja pela inibição
(seletiva ou não) de sua recaptações, ou pela inibição da enzima
responsável por suas degradações (inibidores da monoaminoxidase)
(Stahl et al., 1997; Nishida et al., 2002). Coppen (1967) focando no
papel do sistema serotoninérgico sugeriu que o déficit de 5-HT seria a
principal causa da depressão. Com isso o tratamento farmacológico
eficaz seria proporcionar o aumento na fenda sináptica de 5-HT.
Contudo, devido a uma série de resultados conflitantes, essa teoria
simplificada, tem sido bastante criticada (Lacasse e Leo, 2005;
Holtzheimer e Mayberg, 2011).
Os principais antidepressivos utilizados na clínica para o
tratamento do TDM são os inibidores da monoamina oxidase (ex.
tranilcipromina e moclobemida), os inibidores não seletivos da
recaptação de monoaminas (ex. tricíclicos, venlafaxina, duloxetina e
bupropiona), os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ex.
fluoxetina, paroxetina e citalopram) e os inibidores seletivos da
recaptação de noradrenalina (ex. reboxetina e desipramina) (Mathew et
al., 2008). Apesar da diversidade de fármacos para o tratamento do
TDM, os tratamentos disponíveis estão aquém do ideal (MachadoVieira, 2010). Isso está relacionado ao fato de que o período de resposta
terapêutica para que se obtenham os primeiros benefícios clínicos é
longo, sendo compreendido entre 3-5 semanas (Juli e Juli, 2014). Outras
limitações relacionadas ao tratamento do TDM são os inúmeros efeitos
colaterais, tais como, diminuição ou perda da libido, insônia, dor de
cabeça e ganho ou perda de peso (Berton e Nestler, 2006; Holtzheimer e
Nemeroff, 2006). Menos de 50% dos pacientes com TDM atingem a
remissão completa após a terapia com um único antidepressivo, outros
apresentam respostas parciais, refratárias ou intolerantes ao tratamento,
enfatizando assim a necessidade de descobrir novos antidepressivos que
possuam ação rápida, além de que sejam mais seguros e efetivos para o
tratamento do TDM (Berton e Nestler, 2006; Juli e Juli, 2014).
33
1.2 SISTEMA IMUNE E TDM
A ativação do sistema de resposta inflamatória na depressão está
bem documentada (Maes et al., 1992; Muller et al., 1993; Maes et al.,
1994; Rothermundt et al., 2001; Myint et al., 2005). No entanto, poucos
estudos têm investigado a inflamação no cérebro e/ou a associação entre
a inflamação periférica e central.
Pacientes diagnosticados com o TDM, apresentam um aumento
no número de leucócitos sanguíneos periféricos, elevação na
concentração plasmática de proteínas de fase aguda, como a
haptoglobina e a proteína C reativa, diminuição a resposta a mitógenos,
redução do número de linfócitos, alteração na expressão de antígenos,
além de um aumento nos níveis sanguíneos de citocinas proinflamatórias tais como interleucina-6 (IL-6) e interleucina-2 (IL-2) e
também seus receptores (Nishida et al., 2002; Sublette et al., 2004). Este
aumento significativo nas citocinas pro-inflamatórias e consequente
desequilíbrio na resposta das células de defesa, poderiam desempenhar
um importante papel na fisiopatologia do TDM (Vismari et al., 2008 ).
Estudos sugerem que o aumento na produção de citocinas próinflamatórias observada no TDM resultaria nos sintomas a ela
relacionados, ou seja, as citocinas atuariam como neuromoduladores,
mediando aspectos neuroquímicos, neuroendócrinos e comportamentais
do TDM (Yirmiya et al., 2000; Leonard et al., 2001). As citocinas
também seriam capazes de ativar células gliais, como astrócitos e
microglia, que por sua vez, produziriam mais citocinas próinflamatórias por mecanismos de feedback (Muller et al., 1998).
As respostas imunológicas em nível central são reguladas por
dois tipos celulares, a micróglia e os astrócitos, os quais desempenham
papéis inflamatórios e anti-inflamatórios, respectivamente (Gao e Hong,
2008). Os astrócitos são os mais abundantes, compreendendo
aproximadamente 80% das células cerebrais, enquanto as células
microgliais representam aproximadamente 15% de células do cérebro.
Os astrócitos, além de fazerem parte dos sistemas imunes e
inflamatórios encontram-se com uma localização estratégica, em
estreito contato com as células do sistema nervoso central (SNC)
residentes (neurônios, microglia, oligodendrócitos e outros astrócitos).
Apresentam como função o armazenamento, o transporte e a liberação
de neurotransmissores (Gao e Hong, 2008), por exemplo, o glutamato, o
qual é transportado ativamente pelos astrócitos (Aronica et al., 2003).
Os principais ativadores dos astrócitos são mediadores inflamatórios,
tais como o fator de necrose tumoral-α (TNF-α), interferon-γ (IFN-γ),
34
interleucina 1 (IL-1) e interleucina 6 (IL-6) (Farina et al., 2007). O
número e função das microglias parecem ser controlados pelo
microambiente local. Estas células do sistema imunológico dotadas de
receptores podem detectar mudanças ambientais sobre uma escala de
tempo de minutos e responder realizando diversas funções, que de
acordo com o contexto, poderiam resultar como benéficos ou
prejudiciais (Kierdorf e Prinz, 2013; Siskova e Tremblay, 2013) na
interface de estímulos ambientais e consequentemente mudanças em sua
função, sugerindo-se que as microglias poderiam estar por trás da
interação entre estímulos ambientais e vulnerabilidade ao TDM.
1.3 ESTRESSE OXIDATIVO E TDM
Até hoje, nenhum processo fisiopatológico específico tem sido
associado às alterações morfológicas neuronais que acompanham o
TDM (Michel et al., 2012). Constantemente, as reduções volumétricas
no córtex pré-frontal (PFC) e no hipocampo foram relatadas a partir de
estudos estruturais de imagem cerebral de pacientes com o transtorno
(Campbell et al., 2004). Estudos postmortem realizados, mostraram
reduções significativas no número e densidade de células gliais nestas
regiões cerebrais, bem como alterações mais sutis na densidade e
tamanho neuronal (Harrison et al., 2002; Bowley et al, 2002). Uma das
causas mais plausíveis para estas alterações neuronais é o aumento do
estresse oxidativo devido a uma elevação da produção de radicais livres.
Na última década, a "hipótese de estresse oxidativo no TDM" tem sido
apoiada por diversos estudos na literatura, não só em seres humanos,
mas também nos achados pré-clínicos de modelos animais (Michel et
al., 2007; Michel et al., 2010).
A definição mais comum de estresse oxidativo é um desequilíbrio
no aumento de radicais livres e na resistência antioxidante, o que resulta
em maior liberação de espécies reativas de oxigênio (ERO) (Halliwell et
al., 1989). Estes radicais livres ou ânions são moléculas reativas
contendo átomos de oxigênio tais como superóxido, o radical hidroxila e
o peroxinitrito (Fridovich et al.,1986; Halliwell et al., 1989). As ERO
desempenham um papel fundamental em vários mecanismos de
sinalização celular. O aumento do estresse oxidativo resulta na
inativação enzimática, na peroxidação lipídica e danos ao DNA (Michel
et al., 2012). Portanto, uma maior liberação das ERO, muitas vezes em
combinação com uma diminuição da defesa antioxidante, pode levar a
ruptura celular e, finalmente a apoptose (Fridovich et al.,1986; Halliwell
et al., 1989). Uma das mais importantes enzimas produtoras de ERO é a
35
xantina oxidase (XO) (Harrison et al., 2002; Hille et al., 2005). A XO
catalisa a oxidação de hipoxantina em xantina e catalisa a oxidação de
xantina em ácido úrico. Na reação citada, consequentemente ocorre a
produção no mínimo de dois metabolitos de oxigênio reativos: os ânions
superóxido e peróxido de hidrogênio (Brown et al., 1988; Terada et al.,
1988). XO catalisa a redução de O2, levando à formação de superóxido
(O2 ̇-) e do produto peróxido de hidrogênio (H2O2) (Harrison et al., 2002;
McCord et al., 1985; Zweier et al., 1988). Enzimas antioxidantes, como
a superóxido dismutase (SOD), a catalase (CAT) ou glutationa
peroxidase (GPX) metabolizam as ERO em moléculas menos tóxicas.
Por exemplo, a SOD catalisa a reação de superóxido H2O2, molécula
menos tóxica (Winterbourn et al., 1993). A SOD é uma das mais
importantes enzimas antioxidantes e interage com outras substâncias
neuroprotetoras (Gsell et al., 1995). No entanto, o papel da SOD é um
tanto ambíguo, pois é um antioxidante muito potente, mas também pode
levar ao aumento do estresse oxidativo através da via de produção de
H2O2, se as mesmas se encontrarem diminuídas (Michel et al., 2012). A
SOD pode existir em várias isoformas contendo cobre e zinco (Cu/ZnSOD) ou manganês (Mn-SOD). A distribuição celular destas enzimas
varia de acordo com sua localização, a Cu/Zn-SOD está localizado
principalmente em células gliais, enquanto Mn-SOD está localizado em
neurônios e eritrócitos (Durany et al.,1999).
Como foi abordado anteriormente, os danos relacionados ao
estresse oxidativo foram descritos no TDM (Fridovich et al., 1986;
Halliwell et al., 1989; Michel et al., 2012). As ERO podem levar à
destruição da integridade neuronal, induzida por danos diretos ao DNA
ou pela peroxidação lipídica da membrana celular. Este último é
iniciado por radicais livres, os quais quebram os ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) de duplos ligamentos. Este processo leva mais
frequentemente a uma reação em cadeia. Uma vez que o processo pode
ser iniciado por apenas uma ERO, lipídios de membrana são
extremamente vulneráveis. As "ligações duplas" são responsáveis pelas
propriedades específicas da membrana celular, tais como, integridade e
fluidez (Michel et al., 2012). Estas características podem ser
interrompidas por ROS levando à destruição da célula. Os radicais
peroxila induzem ainda destruições de proteínas de membrana, tais
como receptores e enzimas (Halliwell et al., 1995). Estes processos,
levando a células apoptóticas, foram observados em pacientes com
TDM (Michel et al., 2010). Tem sido demonstrado no sangue de
pacientes com TDM dano na membrana através da elevação dos ácidos
graxos ômega 3 pelo aumento dos produtos de peroxidação lipídica
36
(Bilici et al., 2001; Peet et al., 1998; Sarandol et al., 2007; Selley et al.,
2004). Nestes pacientes tambem têm sido associados o aumento dos
níveis séricos de malondialdeído (MDA), um produto de degradação de
lipoproteínas oxidadas apolipoproteína B (Bilici et al., 2001; Sarandol et
al., 2006). Em pacientes com o transtorno, níveis elevados de MDA
afetam negativamente a eficiência da memória visuo-espacial, auditivoverbal e memória declarativa de curto e longo prazo (Talarowska et al.,
2012). A maior concentração de MDA plasmática em pacientes com
depressão recorrente está associada à gravidade dos sintomas
depressivos, tanto no início da farmacoterapia antidepressiva como após
8 semanas de tratamento. Além disso, uma associação de estresse
psicológico e estresse oxidativo têm sido descritas repetidamente, tanto
em modelos animais como em seres humanos.
Sabe-se há algum tempo que o TDM pode ser desencadeado por
eventos de vida que são acompanhados por estresse psicológico (Gidron
et al., 2008). Como citado anteriormente, o TDM está associado a
problemas cardiovasculares. Curiosamente, o estresse oxidativo é um
fator de risco que liga ambos os distúrbios em um nível bioquímico
(Milne et al., 2005). Maes e colaboradores (2010) encontraram um
aumento de peróxidos plasmáticos e anticorpos de lipoproteína de baixa
densidade oxidados em pacientes com TDM. Esses achados enfatizam o
papel das vias de estresse oxidativo no TDM bem como em doenças
coronarianas, o que pode explicar parcialmente as altas comorbidades
dessas doenças (Maes et al., 2010).
Em pacientes com TDM, a expressão, atividade e concentração
de enzimas relacionadas ao estresse oxidativo no sangue e sistema
nervoso estão alteradas (Michel et al., 2012). A literatura descreve os
efeitos do estresse oxidativo relatado nestes pacientes observando as
concentrações e atividades de enzimas pró e antioxidantes. Os resultados
de níveis alterados de enzimas antioxidantes no sangue de pacientes com
TDM têm sido um pouco conflituosos, alguns mostraram níveis
aumentados de SOD (Sarandol et al., 2007; Bilici et al., 2001), GSH-Px
e GR (Bilici et al., 2001), outros mostraram a atividade da SOD
diminuída (Herken et al., 2007). Um estudo não encontrou nenhuma
alteração (Srivastava et al., 2002). Pacientes com depressão parecem ter
menores níveis de albumina, o que significa diminuição da atividade
antioxidante (Van Hunsel et al., 1996). Foi encontrado, em pacientes
depressivos não medicados, por menos 2 meses, diminuição no número
total de antioxidantes e nos níveis de ácido úrico no plasma, bem como
aumento do índice de peróxido no plasma total e índice de estresse
oxidativo em relação aos indivíduos sem depressão (Yanik et al., 2004).
37
Analogamente, diferentes estudos também mostraram associações entre
a gravidade do TDM e os índices de estresse oxidativo (Bilici et al.,
2001; Forlenza et al., 2006; Sarandol et al., 2007).
Em suma, o achado mais replicado, no TDM foi a elevação de
radicais livres e diminuição de enzimas antioxidantes (Forlenza et al.,
2006; Sarandol et al., 2007). Além disso, pacientes com depressão
mostram concentrações reduzidas das vitaminas antioxidantes E e C
(Maes et al., 2000; Owen et al., 2005), estes resultados foram
independentes do estado nutricional (Owen et al., 2005). Outro estudo
em pacientes livres de medicação com TDM em relação a controles
saudáveis mostrou menor potencial antioxidante total, concentração de
ácido úrico, aumento dos marcadores de peroxidação lipídica e do índice
de estresse oxidativo total no plasma desses pacientes (Yanik et al.,
2004).
No córtex frontal, as concentrações de Cu/Zn-SOD estão
aumentadas em pacientes com TDM em comparação com controles
(Michel et al., 2007). Esse achado foi de interesse específico, uma vez
que o Cu/Zn-SOD está localizado apenas parcialmente em neurônios,
mas principalmente em células gliais, que são mais vulneráveis aos
danos oxidativos (Fridovich et al., 1986; Papadopoulus et al., 1998). Em
contraste com a Cu/Zn-SOD, a Mn-SOD é uma enzima mitocondrial,
que pode ser encontrada principalmente em neurônios e em quantidades
muito menores em células gliais. No TDM, as células gliais têm sido
repetidamente descritas como alteradas, especialmente no córtex frontal
(Lindenau et al., 2000; Rajkowska et al.,2000). Esses relatos de aumento
de Cu/Zn-SOD, mas não de Mn-SOD no córtex frontal de pacientes com
TDM, têm sido interpretados como importantes para explicar esses
achados histopatológicos de lesão glial predominante nesta área cerebral
(Michel et al., 2007). O aumento da oxidação das moléculas lipídicas na
depressão pode ser devido à ativação da resposta imune (Babior et al.,
2000), seguida pela indução de mediadores pró-inflamatórios como o
TNF- e as interleucinas IL-1 e IL-6 (Miller et al., 2002; Penninx et
al., 2003; Lesperance et al., 2004; Ranjit et al., 2007).
Curiosamente, pacientes com o TDM também são mais
vulneráveis a infecções (Miller et al., 2005). A oxidação dos lípidos
parece ser parte da resposta do hospedeiro à infecção e inflamação, o
que tem sido demonstrado em modelos animais in vivo (Memon et al.,
2000). A resposta citotóxica do hospedeiro contra patógenos invasores
leva a fagócitos ativados produzindo ROS como superóxido, peróxido
de hidrogênio, óxido nítrico e peroxinitrito (Babior et al., 2000). Os
leucócitos ativados segregam então a mieloperoxidase, gerando ainda
38
oxidantes reativos derivados do nitróxido que induzem a peroxidação
lipídica (Zhang et al., 2002). Portanto, é possível que a depressão esteja
ligada à oxidação lipídica por meio de inflamação relacionada ao
estresse oxidativo.
1.4 ESTRESSE E TDM
Mais de 30% dos transtornos mentais estão diretamente
relacionados ao estresse precoce, incluindo transtornos de ansiedade e
transtornos do humor (Afifi et al., 2008). A adversidade precoce, nos
humanos, acelera o aparecimento de sintomas depressivos, que se
manifestam durante a adolescência. Embora os efeitos precoces do
estresse na psicopatologia do adulto possam depender do risco genético,
pensa-se que a natureza da interação gênica e ambiental é um
determinante crítico do resultado (Levine et al., 2012).
Este modelo de diátese de estresse para os principais distúrbios do
humor baseia-se, pelo menos em parte, nos achados de que o estresse
frequentemente precede o aparecimento de episódios afetivos em
indivíduos geneticamente vulneráveis (Dunner et al., 1979; Anisman et
al., 1982; Brown et al, 1987). Não só parece que há uma correlação
significativa entre o estresse ambiental e o início subsequente de um
episódio de um transtorno afetivo, mas há uma marcada semelhança
entre as principais características da depressão em humanos e as
consequentes respostas neuroendócrinas e comportamentais frente ao
estresse em modelo animal (McKinneywt et al., 1984).
Com a ativação do sistema de estresse, por consequência ocorre
a ativação do sistema nervoso simpático, diretamente relacionado a
liberação de citocinas como a IL-6 (Nishida et al, 2002; Sublette et al,
2004). No qual, por sual vez, devido a desregulação entre o sistema de
defesa e a produção de citocinas pro-inflamatórias poderiam induzir
sintomas depressivos, já que parecem mediar a síndrome do
comportamento doentio em humanos e animais, caracterizada com
alterações do sono, do apetite, humor, atividade psicomotora e
socialização. Em áreas cerebrais específicas de pacientes deprimidos,
como hipocampo, pode ser encontrada perda neuronal, a qual parece
correlacionar positivamente com alterações no balanço de citocinas
inflamatórias na periferia (Miller et al., 1998; Nishida et al., 2002;
Szelényi et al., 2007).
Estressores físicos, fisiológicos e psicológicos induzem
alterações tanto nas vias de neurotransmissores, quanto alterações
hormonais, que podem influenciar a função immune tanto in vitro
39
quanto in vivo (Zorrila et al., 2001). Alves e colaboradores (2006)
também verificaram, através de experimentos, a influência de
estressores psicológicos sobre parâmetros imunológicos. O estresse tem
sido um dos fatores que contribuem para o desencadeamento do TDM.
Com isso, é possível verificar que o estresse ou separação no início da
vida estão associados com um aumento de citocinas pró-inflamatórias,
na qual conduzem a uma ativação do sistema imune e aumento de
prostaglandinas pró-inflamatórias (Song et al., 1998).
O cérebro está constantemente sendo moldado pelos estímulos
ambientais. O circuito neural, relacionado com o comportamento social
e emocional parece ser fundamentalmente moldado pelas experiências.
Estímulos precoces nessa via envolvem domínios diferentes entre os
indivíduos, proporcionando vulnerabilidade ou resiliência frente às
adversidades (Davidson e McEwen, 2012). A ocorrência de um trauma
na infância, como separação materna, por exemplo, pode modular o
desenvolvimento de circuitos neurais, resultando em mudanças
comportamentais significativas que muitas vezes são permanentes,
fortalecendo a ideia de que a origem do TDM pode ocorrer a partir do
desenvolvimento. Neste sentindo, estudos pré-clínicos demonstram que
privação dos cuidados maternos durante os primeiros 10 dias pós-natal
induz em ratos comportamento depressivo e alterações cerebrais como
diminuição dos níveis de neurotrofinas e aumento dos níveis periféricos
de IL-6 e TNF- α na idade adulta (Réus et al., 2011; Réus et al., 2015a).
Um estudo pré-clínico realizado por Yirmiya e colaboradores (2011),
confirmaram essa hipotése. Foi evidenciado alterações dinâmicas
bidirecionais na micróglia, frente à exposição ao estresse que por sua
vez, produzem comportamento do tipo depressivo induzida por estresse
em roedores. Estas células podem modificar suas características e
funções de acordo com estímulos ambientais, que de acordo com o
contexto poderiam resultar como benéficos ou prejudiciais (Kierdorf e
Prinz, 2013; Siskova e Tremblay, 2013). Por exemplo, essas células
respondem a experiências sensoriais e comportamentais (privação de
estímulos visuais, enriquecimento ambiental), modulando suas
interações com os circuitos neuronais (Ekdahl, 2012; Reshef et al.,
2014). Ratos expostos ao estresse apresentaram modificações na
microglia, principalmente no giro denteado do hipocampo (Muller,
2014). Foi demonstrado que em uma exposição de curto prazo (1-2
dias) houve uma proliferação e ativação da microglia, com aumento da
ativação e expressão de marcadores, tais como IL-1/IL-1R (Muller,
2014). No entanto, após 3-4 dias, uma diminuição da microglia foi
observada em animais estressados em comparação com controles,
40
evidenciado pelos elevados níveis de caspase-3 (uma protease que
medeia a execução da fase de apoptose) e a fragmentação do DNA (uma
característica chave de apoptose). Além disso, os autores descobriram
que a exposição crônica ao estresse (5 semanas) leva a um número
reduzido de células, diminuição da expressão de marcadores microgliais
como o Iba-1 e CD11b (Muller, 2014). Além disso, houve uma
diminuição pela preferência por sacarose e exploração social nos
roedores, indicando um comportamento do tipo depressivo (Muller,
2014).
Embora, muitos estudos tenham documentado o papel do
sistema imune e do estresse oxidativo no TDM, essa associação ainda
não foi investigada em diferentes períodos do desenvolvimento após o
estresse no início da vida induzido pela privação dos cuidados maternos.
Assim, esse estudo teve como objetivo investigar essas alterações ao
longo do desenvolvimento.
41
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar as alterações comportamentais, parâmetros inflamatórios
e parâmetros de estresse oxidativo em diferentes fases do
desenvolvimento de ratos Wistar submetidos à privação dos cuidados
maternos.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS,
a) Avaliar o comportamento do tipo depressivo através do tempo de
imobilidade no teste do nado forçado em diferentes fases do
desenvolvimento de ratos Wistar submetidos a privação dos cuidados
maternos;
b) Avaliar a atividade locomotora espontânea através do teste do campo
aberto em diferentes fases do desenvolvimento de ratos Wistar
submetidos a privação dos cuidados maternos;
c) Avaliar os níveis das citocinas pró-inflamatórias IL-1, TNF- e IL-6
e da citocina anti-inflamatória IL-10 no córtex frontal (CF), hipocampo
e soro de ratos Wistar em diferentes fases do desenvolvimento após a
privação dos cuidados maternos;
d) Avaliar os níveis de carbonilação de proteínas, de espécias reativas ao
ácido tiobarbitúrico (TBARS) e a atividade de enzimas antioxidantes
superóxido dismutase e catalase no CF e hipocampo de ratos Wistar em
diferentes fases do desenvolvimento após a privação dos cuidados
maternos.
42
3 METODOLOGIA
3.1 ASPECTOS ÉTICOS
Todos os procedimentos experimentais foram realizados de
acordo com as recomendações internacionais para o cuidado e o uso de
animais de laboratório, além das recomendações para o uso de animais
da Sociedade Brasileira de Neurociências e comportamento (SBNeC). O
projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) sob o protocolo
058/2016-1.
3.2 ANIMAIS EXPERIMENTAIS
Para este estudo, foram obtidas ratas fêmeas Wistar (idade de 3
meses, peso de 250-280 g) da colônia de reprodução da Universidade do
Extremo Sul Catarinense (UNESC, Criciúma, SC, Brasil) e
permaneceram durante uma semana na presença de machos para fins de
acasalamento. No final de 7 dias, as ratas grávidas foram alojadas
individualmente com acesso ad libitum a alimento e água. As ratas
grávidas foram alojadas individualmente para o nascimento dos filhotes
e sua identificação. Todas as mães e filhotes foram mantidos em um
ciclo claro/escuro de 12 horas (06:00 às 18:00) e a uma temperatura de
23 ± 1°C.
3.3 PROTOCOLO DE PRIVAÇÃO MATERNA
No primeiro dia pós-natal as ninhadas foram abatidas a oito
filhotes (quatro machos e quatro fêmeas, quando possível). Os filhotes
foram privados da mãe durante 3 horas por dia, durante os 10 primeiros
dias. A privação consiste em retirar a mãe da caixa e manter os filhotes
na caixa original, para ficarem na presença do odor materno. Os animais
não privados permaneceram imperturbáveis na gaiola original com sua
mãe. As caixas em ambos os grupos só foram trocadas no 11o dia após
o período pré-natal. Os ratos foram desmamados apenas no 22o dia após
o período pré-natal e apenas os machos foram utilizados para o estudo,
as fêmeas foram doadas para outros grupos de pesquisa.
43
3.4 DESENHO EXPERIMENTAL
Após o protocolo de privação materna, diferentes grupos de
animais (privados e não-privados) foram submetidos aos testes
comportamentais de natação forçada e atividade lomocotora e
exploratória. Aos 20, 30, 40 e 60 dias após o nascimento (infância,
adolescência, adultos jovens e adultos, respectivamente) diferentes
grupos de animais foram submetidos aos testes comportamentais (n =
12 privados, n = 12 não-privados para cada fase, com um n total = 96
animais). Após os testes comportamentais os ratos foram mortos e, em
seguida, o soro, CF e hipocampo foram retirados para avaliar os níveis
de citocinas e parâmetros de estresse oxidativo.
3.5 TESTES COMPORTAMENTAIS
3.5.1 Teste do campo aberto
Nos dias 20, 30, 40 e 60 após o nascimento, os ratos foram
submetidos ao teste do open field para avaliar possíveis efeitos na
atividade locomotora espontânea (n=12 por grupo). Foi realizado em um
campo aberto de 40 x 60 cm delimitado por 4 paredes com 50 cm de
altura, sendo 3 de madeira e uma de vidro transparente. O piso do
campo aberto foi dividido em 12 quadrados iguais marcados por linhas
pretas. Os animais foram cuidadosamente colocados no quadrado do
canto posterior esquerdo do aparelho, a partir do qual explora livremente
o ambiente por 5 minutos. Foram contados pelo avaliador o número de
cruzamentos e o número de levantamentos dos animais no período de 5
minutos (Réus et al., 2015).
3.5.2 Teste do nado forçado
Após o teste do campo aberto, os mesmos animais foram
submetidos ao teste do nado forçado (n=12 por grupo). Este teste
consiste em dois dias de procedimentos no qual cada rato é posto em um
cilindro com água a 23º C, a água deve ser suficiente para o animal não
conseguir apoiar as patas no fundo. No período de treino, os animais
foram forçados a nadar durante 15 minutos. No dia seguinte, (24 horas
após o treino) no período de teste, cada animal foi novamente forçado a
nadar durante 5 minutos. Foram avaliados os parâmetros de
44
imobilidade, nos quais incluem imobilidade total ou movimentos para
manter a cabeça fora da água sem intenção de escapar, parâmetros de
nado, que incluem movimentos horizontais através da superfície da
água, e parâmetros de escalada, movimentos verticais contra as paredes
(Porsolt et al., 1977).
3.6 ANÁLISES BIOQUÍMICAS
3.6.1 Preparação do tecido e homogenado
Amostras de tecidos do CF, hipocampo foram homogeneizados
(1:10, w/v) em tampão SETH, pH 7,4 (250 mM de sacarose, 2 mM de
EDTA, 10 mM base Trizma, 50 UI/mL de heparina). Os homogenados
foram centrifugados a 800 x g durante 10 minutos a 4oC. Os
sobrenadantes foram mantidos a -80o C, até serem usados para a
determinação da atividade enzimática. O intervalo máximo entre a
preparação do homogenado e a análise enzimática foi sempre inferior a
cinco dias. O teor de proteína foi determinado pelo método descrito por
Lowry et al. (1951). A albumina de soro bovino foi utilizada como
padrão.
3.6.2 Procedimentos de análise de estresse oxidativo
3.6.2.1 Formação de TBARS
A peroxidação lipídica foi analisada através da formação de
TBARS (Esterbauer e Cheeseman 1990). As amostras de tecido cerebral
foram lavadas com PBS, colhidas e lisadas. As espécies reativas foram
obtidas por hidrólise ácida de 1,1,3,3-tetra-etoxi-propano (TEP) e foram
utilizadas como padrão para a quantificação de TBARS. A cada tubo foi
adicionado TBA a 0,67% e em seguida foram agitados. A mistura da
reação foi incubada a 90oC durante 20 minutos e posteriormente as
amostras foram colocadas em gelo. A densidade óptica de cada solução
foi medida em um espectrofotômetro a 535 nm. Os dados foram
expressos como nmol de equivalente malondialdeído (MDA) por mg de
proteína.
45
3.6.2.2 Formação de proteínas carbonil
O dano oxidativo em proteínas teciduais foi determinado pela
medida de grupos carbonil. O conteúdo de proteínas carboniladas foi
medido nas amostras homogeneizadas de cérebro utilizando 2,4dinitrofenil-hidrazina (DNPH) em um ensaio espectrofotométrico
(Levine et al., 1990). Amostras de tecidos foram sonicadas em
homogeneização gelada de tampão contendo inibidores de fosfatase e de
protease (200 nM caliculina, 10 µg/ml de leupeptina, 2 µg/ml de
aprotinina, 1 mM de ortovanadato de sódio e 1 µM microcistina-LR) e
centrifugadas a 1000 x g durante 15 minutos para sedimentar o material
insolúvel. Trezentos microlitros de alíquotas do sobrenadante contendo
0,7-1,5 mg de proteína foram tratados com 300 µl de 10 mM de DNPH,
dissolvido em HCl a 2M, e comparado com 2M de HCl sozinho
(reagente branco). Em seguida as amostras foram incubadas no escuro
sob agitação a cada 10 minutos, durante uma hora e à temperatura
ambiente. As amostras foram precipitadas com ácido tricloroacético
(concentração final de 20%) e centrifugadas a 16,000 x g a 4oC, durante
15 minutos. O sedimento foi lavado por três vezes com 1 ml de
etanol/acetato de etil (1:1 v/v). Os sedimentos foram seguidamente
levemente agitados em vórtice e após, expostos à solução de lavagem
durante 10 minutos antes da centrifugação (16,000 x g, durante 5
minutos). O sedimento final foi dissolvido em 1 ml de guanidina 6M e
10 mM de tampão fosfato trifluoroacético ácido, pH 2,3. O material
insolúvel foi removido por centrifugação a 16,000 x g, por 5 minutos.
Absorbância foi registrada em um espectrofotômetro a 370 nm, tanto
para as amostras tratadas com DNPH, quanto para o HCl sem DNPH.
Os níveis de proteínas carboniladas foram expressos como nmol de
carbonil por mg de proteína.
3.6.2.3 Atividade da enzima SOD
A estimativa da SOD foi realizada com base em sua capacidade
para inibir espontaneamente a oxidação da adrenalina para adrenocromo
(Bannister e Calabrese, 1987). Uma combinação de 2,78 ml de tampão
carbonato de sódio (0,05 mM; pH 10,2), 100 µl de EDTA (1,0 mM), e
20 µl do sobrenadante ou sacarose (branco) foi incubada a 30oC,
durante 45 minutos. Em seguida, a reação foi iniciada após adição de
100 µl de solução de adrenalina (9,0 mM). A variação na absorbância
foi registrada a 480 nm, durante 8 minutos. Durante todo o
procedimento do ensaio, a temperatura foi mantida a 30oC. Uma
46
unidade de SOD produziu aproximadamente 50% de auto-oxidação de
adrenalina. Os resultados foram expressos em unidades/mg de proteína.
3.6.2.4 Atividade da enzima CAT
A atividade da CAT foi medida através do método que utiliza o
peróxido de hidrogênio (H2O2) para gerar H2O e O2 (Aebi 1984). As
amostras de tecido cerebral foram sonicadas em 50 mmol/l de tampão
fosfato (pH 7,0). A suspensão resultante foi centrifugada a 3000 x g,
durante 10 min. A alíquota de amostra (20 µl) foi adicionada a 980 µl
da mistura de substrato. A mistura de substrato continha 0,3 ml de
H2O2 em 50 ml de tampão fosfato a 0,05 M (pH 7,0). As absorbâncias
inicial e final foram registradas a 240 nm, após 1 e 6 minutos,
respectivamente. Uma curva padrão foi estabelecida, utilizando-se
catalase purificada (Sigma, MO, EUA) nas mesmas condições.
3.6.2 Análises de citocinas
Os níveis das citocinas IL-1β, IL-6, IL-10 e TNFα (n = 5 por
grupo) no cótex pré-forntal, hipocampo e soro foram analisados por
imunoensaio (ELISA Sanduíche) através dos kits da Chemicon
International e R&D Sistems.
3.7. ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os dados foram analisados pelo teste T de Student para dados
não pareados e foram expressos como média ± erro padrão da média
(E.P.M.). Valores p < 0,05 foram considerados estatísticamente
significativos. As análises foram realizadas utilizando o software
Statistical Package for the Social Science (SPSS) versão 21.0.
47
4 RESULTADOS
4.1
EFEITOS DA PRIVAÇÃO MATERNA SOBRE O
COMPORTAMENTO
EM
DIFERENTES
FASES
DO
DESENVOLVIMENTO
A figura 1 ilustra os efeitos da privação materna sobre o comportamento
depressivo no teste de natação forçada. Aos 20 dias após o nascimento o tempo
de imobilidade e de escalada não se alterou nos ratos privados (F = 0,387; p =
0,790 e F = 11,569; p = 0,155, respectivamente, Fig. 1A). No entanto, nos ratos
privados observou-se uma diminuição no tempo de natação, em comparação com
o grupo não-privado (F = 11,569; p = 0,049, Fig. 1A). Aos 30 dias após o
nascimento, não foi encontrada alteração no teste do nado forçado para os
parâmetros analisados, tempo de imobilidade (F = 0,346; p = 0,671, Fig. 1B),
tempo de natação (F = 0,13; p = 0,735, Fig. 1B) e tempo de escalada (F = 0,898;
p = 0,698, Fig. 1B). Além disso, aos 40 dias após o nascimento, também não foi
encontrada diferença estatística para o tempo de imobilidade (F = 2,472; p =
0,412, Figura 1C), natação (F = 2,382; p = 0,368, Fig. 1C) e escalada (F = 0,112;
p = 0,917, Fig. 2C). Curiosamente, nos ratos adultos privados com 60 dias, houve
um aumento no tempo de imobilidade (F = 7.541; p = 0.003, Fig. 1D) e uma
diminuição no tempo de escalada (F = 1.206; p = 0.025; 1D), indicando um
comportamento do tipo depressivo. No tempo de natação, não houve diferença
estatística para os animais com 60 dias após o nascimento (F = 0,17; p = 0,182,
Fig. 1D).
48
Figura 1A: Efeitos da privação materna sobre o tempo de imobilidade, escalada
e natação em ratos com 20 dias após o nascimentosubmetidos ao teste de
natação forçada. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 1B: Efeitos da privação materna sobre o tempo de imobilidade, escalada
e natação em ratos com 30 dias após o nascimento submetidos ao teste de
natação forçada. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
49
Figura 1C: Efeitos da privação materna sobre o tempo de imobilidade, escalada
e natação em ratos com 40 dias após o nascimentosubmetidos ao teste de
natação forçada. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 1D: Efeitos da privação materna sobre o tempo de imobilidade, escalada
e natação em ratos com 60 dias após o nascimentosubmetidos ao teste de
natação forçada. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
50
Os resultados da atividade locomotora espontânea estão
representados na Figura 2. Não houve alteração estatística para os
animais com 20 dias após o nascimentoquanto ao número de crossings
(F = 0,232; p = 0,464, Fig. 2A) e rearings (F = 0,853; p = 0,142, Fig.
2A). O número de crossings não foi alterado nos animais com 30 dias
após o nascimento (F = 1,037; p = 0,141, Fig. 2B), porém houve um
aumento no número de rearings (F = 0,533; p = 0,015, Figura 2B) nos
ratos privados em comparação com os não-privados. Não houve
diferença estatística tanto no número de crossingss quanto rearings para
os animais com 40 dias (F = 0,341; p = 0,541 e F = 1,110; p = 0,348,
Fig. 2C, respectivamente) e 60 dias após o nascimento(F = 0,000; p =
0,271; e F = 1,877; p = 0,233, Fig. 2D).
Figura 2A: Efeitos da privação materna sobre o número de crossings e rearings
no teste do campo aberto em animais com 20 dias após o nascimento. Os
valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12). Diferente de não-privado;
* p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
51
Figura 2B: Efeitos da privação materna sobre o número de crossings e rearings
no teste do campo aberto em animais com 30 dias após o nascimento. Os
valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12). Diferente de não-privado;
* p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 2C: Efeitos da privação materna sobre o número de crossings e rearings
no teste do campo aberto em animais com 40 dias após o nascimento. Os
valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12). Diferente de não-privado;
* p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
52
Figura 2D: Efeitos da privação materna sobre o número de crossings e rearings
no teste do campo aberto em animais com 60 dias após o nascimento. Os
valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 12). Diferente de não-privado;
* p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
4.2 EFEITOS DA PRIVAÇÃO MATERNA SOBRE OS NÍVEIS DE
CITOCINAS NO CF, HIPOCAMPO E SORO EM DIFERENTES
FASES DO DESENVOLVIMENTO
Na figura 3 estão representados os resultados para os níveis de
IL-1β no CF, hipocampo e soro. Nos ratos privados com 20 dias houve
uma diminuição nos níveis de IL-1β no CF (F = 4,421; p = 0,016, Fig.
3A) e um aumento nos níveis de IL-1β no hipocampo (F = 0,778; p =
0,049, Fig. 3A) em comparação com os ratos não-privados. Porém, no
soro não houve diferença estatística (F = 23.750; p = 0.049, Fig. 3A).
Nos animais privados com 30 dias após o nascimento, houve um
aumento nos níveis da IL-1β no CF (F = 5,614; p = 0,004, Fig. 3B), no
hipocampo (F = 7,053; p = 0,036, Figura 3B) e no soro (F = 3,931; p =
0,014, Fig. 3B) em comparação com os animais não-privados. Por outro
lado, nos animais com 40 dias após o nascimento, os níveis da IL-1β
não foram alterados no CF (F = 3,411; p = 0,520, Fig. 3C), no
hipocampo (F = 0,895; p = 0,126, Fig. 3C) e no soro (F = 0,001; p =
0,344, Fig. 3C). Já nos animais com 60 dias após o nascimento, houve
uma diminuição dos níveis da IL-1β no hipocampo (F = 1,284; p =
0,015, Fig. 3D), e um aumento no soro (F = 4,459; p = 0,008, Fig. 3D)
53
em comparação com os animais não-privados. No CF os níveis da IL-1β
não foram alterados nos animais com 60 dias após o nascimento (F =
3.857; p = 0.015, Fig. 3D).
Figura 3A: Efeitos da privação materna nos níveis de interleucina 1β (IL-1β) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 20 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 3B: Efeitos da privação materna nos níveis de interleucina 1β (IL-1β) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 30 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
54
Figura 3C: Efeitos da privação materna nos níveis de interleucina 1β (IL-1β) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 40 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 3D: Efeitos da privação materna nos níveis de interleucina 1β (IL-1β) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 60 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Os níveis de TNF-α estão ilustrados na figura 4. Nos animais privados com
20 dias após o nascimento houve um amento nos níveis de TNF-α no CF (F =
1,115; p = 0,002, Fig. 4A), hipocampo (F = 1,647; p = 0,010, Fig. 4A) e soro (F =
0,662; p = 0,004, Fig. 4A) em comparação com os ratos não-privados. Os níveis
de TNF-α foram aumentados nos ratos com 30 dias após o nascimento no CF (F =
5,557; p = 0,026, Figura 4B) e no hipocampo (F = 3,451; p = 0,031, Figura 4B)
55
em comparação com os ratos não-privados, porém não foram alterarados no soro
(F = 1,246; p = 0,252, Fig. 4B). Nos animais privados com 40 dias após o
nascimento houve também um aumento nos níveis de TNF-α no CF (F = 6,306; p
= 0,001, Fig 4C), no hipocampo (F = 9,578; p = 0,018, Fig. 4C) e no soro (F =
13,179; p = 0,048, Fig. 4C) em comparação com os ratos não-privados. No CF (F
= 4,535; p = 0,165, Fig. 4D) e no hipocampo (F = 11,449; p = 0,156, Fig. 4D) não
houve diferença estatística nos níveis de TNF-α para os animais com 60 dias após
o nascimento.
Figura 4A: Efeitos da privação materna nos níveis do fator de necrose tumoral-α
(TNF-α) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 20 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
56
Figura 4B: Efeitos da privação materna nos níveis do fator de necrose tumoral-α
(TNF-α) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 30 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 4C: Efeitos da privação materna nos níveis do fator de necrose tumoral-α
(TNF-α) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 40 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
57
Figura 4D: Efeitos da privação materna nos níveis do fator de necrose tumoral-α
(TNF-α) no córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 60 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Nos animais com 20 dias após o nascimento foi encontrado uma
diminuição nos níveis de IL-6 no hipocampo (F = 8,330; p = 0,004, Figura 5A), e
nenhuma alteração foi encontrada no CF (F = 26,619; p = 0,051; Fig. 5A) e soro
(F = 1,564; p = 0,225, Fig. 6A). Nos animais privados com 30 dias após o
nascimento, os níveis de IL-6 no CF não se alteraram (F = 2,800; p = 0,063, Fig.
5B), porém no hipocampo, os níveis de IL-6 aumentaram (F = 3,673; p = 0,023,
Figura 5B) e diminuíram no soro (F = 14,605; p = 0,002, Figura 6B) em
comparação com os ratos não-privados. Os níveis de IL-6 foram elevados nos
animais privados com 40 dias após o nascimento no CF (F = 0,626; p = 0,001,
Fig. 5C), no hipocampo (F = 0,25; p = 0,002, Fig. 5C) e no soro (F= 0,738; p
<0,001, Fig. 5C) em comparação com os animais não-privados. Já nos animais
com 60 dias após o nascimento os níveis de IL-6 não foram alterados no soro (F
= 0,230; p = 0,208, Fig. 5D), mas foram aumentados no CF (F = 10,862; p =
0,030, Fig. 5D) e no hipocampo (F = 24,483; p = 0,006, Fig. 5D) em comparção
com os animais não privados.
58
Figura 5A: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 6 (IL-6) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 20 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 5B: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 6 (IL-6) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 30 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
59
Figura 5C: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 6 (IL-6) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 40 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 5D: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 6 (IL-6) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 60 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Os níveis de IL-10 foram diminuídos nos animais privados com
20 dias após o nascimento no CF (F = 5,997; p = 0,001, Figura 6A), no
hipocampo (F = 8,728; p = 0,001, Figura 6A) e no soro (F = 0,617; p =
0,001, Fig. 6A) em comparação com os ratos não-privados. Nos ratos
com 30 dias após o nascimento, os níveis de IL-10 também foram
diminuídos no CF (F = 187.745; p = 0.050, Fig. 6B), no hipocampo (F =
60
1.947; p = 0.025, Fig. 6B) e no soro (F = 30.175; p <0,001, Fig. 6B).
Nos animais com 40 e 60 dias após o nascimento, os níveis de IL-10
não se alteram no CF (F = 3.269; p = 0.407, Fig. 6C e F = 2.983; p =
0.778, Fig. 6D, respectivamente). Contudo, no hipocampo foi observado
uma diminuição para os níveis de IL-10 para os animais privados com
40 dias (F = 17,539; p = 0,001, Figura 6C) e 60 dias após o nascimento
(F = 1,601; p = 0,034, Figura 7D), assim como no soro para os animais
com 40 (F = 0,000; p = 0,001, Figura 6C) e 60 dias após o nascimento
(F = 16,007; p = 0,010, Fig. 6D) em comparação com os animais nãoprivados.
Figura 6A: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 10 (IL-10) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 20 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
61
Figura 6B: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 10 (IL-10) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 30 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 6C: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 10 (IL-10) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 40 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
62
Figura 6D: Efeitos da privação materna nos níveis da interleucina 10 (IL-10) no
córtex frontal (CF), hipocampo e soro nos animais com 60 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
4.3 EFEITOS DA PRIVAÇÃO MATERNA SOBRE PARÂMETROS
DE ESTRESSE OXIDATIVO NO CF E HIPOCAMPO EM
DIFERENTES FASES DE DESENVOLVIMENTO
Os níveis de MDA, que é um marcador para o dano lipídico, não foram
alterados para os animais privados com 20 dias após o nascimento no CF (F =
1,890; p = 0,408, Fig. 7A) e hipocampo (F = 0,179; p = 0,843, Figura 7A), para
os animais com 30 dias após o nascimento no CF (F = 0,001; p = 0,601, Figura
7B) e hipocampo (F = 0,27; p = 0,295, Figura 7B), e também para os animais
com 40 dias após o nascimento no CF (F = 0,546; p = 0,205 Figura 7C) e
hipocampo (F = 0,949; p = 0,067, Figura 7C) e por fim nos animais com 60 dias
após o nascimento no CF (F = 1,745; p = 0,140, Figura 7D) e hipocampo (F =
1,831; p = 0,889, Fig. 7D).
63
Figura 7A: Efeitos da privação materna nos níveis de malondealdeído (MDA)
no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 20 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 7B: Efeitos da privação materna nos níveis de malondealdeído (MDA)
no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 30 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
64
Figura 7C: Efeitos da privação materna nos níveis de malondealdeído (MDA)
no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 40 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 7D: Efeitos da privação materna nos níveis de malondealdeído (MDA)
no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 60 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
A Figura 8 demonstra os resultados relacionados a carbolinação
de proteínas no CF e no hipocampo. Nos animais com 20 dias após o
nascimento, os níveis da carbonilação de proteínas não foram alterados
65
no CF (F = 0,428; p = 0,254, Fig. 8A) e no hipocampo (F = 4,601; p =
0,905, Fig. 8A). Por outro lado, nos animais privados com 30 dias após
o nascimento, houve um aumento na carbonilação de proteínas no CF (F
= 6,133; p = 0,008, Figura 8B) e no hipocampo (F = 2,007; p = 0,008,
Fig. 8B) em comparação com os animais não-privados. Nos animais
privados com 40 dias após o nascimento, houve um aumento na
carbonilação de proteínas no hipocampo (F = 36.193; p = 0.021, Fig.
9C) em comparação com os ratos não-privados, e se manteve inalterada
no CF (F = 8.404; p = 0.673, Fig. 8C). Já nos animais privados com 60
dias após o nascimento, os níveis da carbonilção de proteínas foram
aumentados tanto no CF (F = 9,231; p = 0,003, Fig. 8D) quanto no
hipocampo (F = 7,397; p <0,001, Fig. 8D) em comparação com os ratos
não-privados.
Figura 8A: Efeitos da privação materna nos níveis da carbonilação de proteínas
no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 20 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
66
Figura 8B: Efeitos da privação materna nos níveis da carbonilação de proteínas
no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 30 dias após o nascimento.
Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de nãoprivado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 8C: Efeitos da privação materna nos níveis da carbonilação de proteínas
no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 40 dias após o nascimento.
Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de nãoprivado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
67
Figura 8D: Efeitos da privação materna nos níveis da carbonilação de proteínas
no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 60 dias após o
nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente
de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
A atividade de SOD foi diminuída em todas as fases do desenvolvimento
de ratos privados dos cuidados maternos. A privação materna levou a uma
diminuição da atividade da enzima SOD nos animais privados com 20 dias após o
nascimento no CF (F = 0,34; p <0,001, Fig. 9A) e no hipocampo (F = 8,180; p
<0,001, Fig. 9A); nos animais com 30 dias após o nascimento no CF (F = 2,393;
p = 0,015, Fig. 9B) e no hipocampo (F = 7,076; p <0,001, Fig. 9B); nos animais
com 40 dias após o nascimento no CF (F = 0,074; p <0,001 Fig. 9C) e no
hipocampo (F = 3,678; p <0,001, Fig. 9C), e por fim, nos animais com 60 dias
após o nascimento no CF (F = 0,819; p <0,001, Fig. 9D) e no hipocampo (F =
3,241; p <0,001, Fig. 9D) em comparação com os animais não-privados.
68
Figura 9A: Efeitos da privação materna sobre a atividade da superóxido
dismutase (SOD) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 20 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 9B: Efeitos da privação materna sobre a atividade da superóxido
dismutase (SOD) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 30 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
69
Figura 9C: Efeitos da privação materna sobre a atividade da superóxido
dismutase (SOD) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 40 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 9D: Efeitos da privação materna sobre a atividade da superóxido
dismutase (SOD) no córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 60 dias
após o nascimento. Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5).
Diferente de não-privado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
A privação materna induziu a uma diminuição da atividade da
CAT nos animais privados com 20 dias após o nascimento no CF (F =
21,157; p = 0,087, Fig. 10A) e no hipocampo (F = 11,746; p = 0,001,
Fig. 10A) em comparação com os animais não-privados. Nos animais
com 30 dias após o nascimento a atividade da CAT foi diminuída no CF
70
(F = 21,959; p = 0,065, Figura 10B) em comparação com os ratos nãoprivados, e se manteve inalterada no hipocampo (F = 5,728; p = 0,692,
Fig. 10B). Nos animais com 40 dias após o nascimento, a atividade da
CAT foi diminuída no CF (F = 4,911; p = 0,001, Fig. 10C) e aumentada
no hipocampo (F = 2,137; p = 0,006, 10C) em comparação com os
animais não-privados. Já nos animais privados com 60 dias após o
nasciment oa atividade da CAT foi diminuída no CF (F = 10.457; p =
0.006, Fig. 10D) em comparação com os animais não-privados, porém
no hipocampo a atividade da CAT se manteve inalterada (F = 0,785; p =
0,666, Fig. 10D).
Figura 10A: Efeitos da privação materna sobre a atividade da catalase (CAT) no
córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 20 dias após o nascimento.
Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de nãoprivado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
71
Figura 10B: Efeitos da privação materna sobre a atividade da catalase (CAT) no
córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 30 dias após o nascimento.
Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de nãoprivado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
Figura 10C: Efeitos da privação materna sobre a atividade da catalase (CAT) no
córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 40 dias após o nascimento.
Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de nãoprivado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
72
Figura 10D: Efeitos da privação materna sobre a atividade da catalase (CAT) no
córtex frontal (CF) e hipocampo nos animais com 60 dias após o nascimento.
Os valores são expressos como média ± E.P.M. (N = 5). Diferente de nãoprivado; * p <0,05, de acordo com o teste t de Student.
73
5 DISCUSSÃO
O estresse pré-natal, como a privação materna, principalmente
durante períodos sensíveis no início da vida, pode levar à alterações no
desenvolvimento cerebral e contribuir para o desenvolvimento de
transtornos psiquiátricos, incluindo a ansiedade e o TDM. Evidências
mostram que as alterações imunes podem afetar o cérebro e levar a
alterações comportamentais associadas com a vulnerabilidade ou a
resiliência ao estresse (Ménard et al., 2016). O presente estudo mostrou
que ratos submetidos à privação dos cuidados maternos não
apresentaram alterações comportamentais aos 30 e 40 dias após o
nascimento. Aos 20 dias após o nascimento (fase da infância) foi
demonstrado uma diminuição no tempo de natação no teste do nado
forçado nos animais privados. Aos 30 dias após o nascimento (período
da adolescência) foi observado um aumento no número de rearings,
mostrando uma alteração na atividade locomotora espontânea. Aos 60
dias após o nascimento (idade adulta), os ratos privados maternalmente
apresentaram um comportamento depressivo no teste do nado forçado,
evidenciado por um aumento no tempo de imobilidade e uma
diminuição no tempo de escalada. Estes resultados sugerem que os
eventos adversos ocorridos durante o período pós-natal podem alterar o
curso normal do desenvolvimento, resultando em alterações nos animais
adultos. Estudos anteriores também mostraram que a privação materna
induziu a um aumento no tempo de imobilidade, uma diminuição no
tempo de escalada e nenhuma alteração no tempo de natação nos
animais com 60 dias após o nascimento (Réus et al., 2011). Em
concordância, outros estudos também associaram a privação materna ao
comportamento depressivo na idade adulta (Réus et al., 2013a, b) e a
déficits cognitivos (Valvassori et al., 2014).
Embora as alterações comportamentais induzidas pela privação
materna, tenham ocorrido somente na idade adulta, o presente estudo
mostrou um estado inflamatório e oxidativo em diferentes fases do
desenvolvimento. De fato, um aumento nas citocinas pró-inflamatórias e
uma diminuição nas citocinas anti-inflamatórias foram encontrados
tanto na periferia como no cérebro dos animais com 20, 30, 40 e 60 dias
após o nascimento. Além disso, foi observado um aumento de dano em
proteínas e uma diminuição na atividade das enzimas antioxidantes
durante o desenvolvimento. Sabe-se que a neuroinflamação, em nível
normal, é uma resposta do sistema imune inato do sistema nervoso
central contra danos e patógenos (Song et al., 2017). Por outro lado, a
neuroinflamação não controlada, pode levar a um comprometimento
74
importante das células residentes no cérebro (Choi et al., 2009; Abo-Ouf
et al., 2013). Com isso, em resposta a inflamação, o organismo libera
citocinas (Allan e Rothwell, 2001). As citocinas, no SNC, também são
recrutadas sob condições fisiológicas, desempenhando um papel
importante na neurogênese, plasticidade sináptica, memória e
aprendizagem (Levin e Godukhin, 2017).
Alguns estudos tem descrito o TDM como uma doença
inflamatória. Em modelo animal, foi relatado que a IL-1 induziu
“comportamento de doença”, com sintomas semelhantes à depressão
acompanhados de uma resposta infecciosa (Kent et al., 1992). Por outro
lado, a administração de um antagonista do receptor de IL-1 foi capaz de
reverter o “comportamento de doença” (Kent et al., 1992). A resposta
inflamatória aguda é iniciada pelas citocinas pró-inflamatórias, tais
como a IL-1β, TNF-α e IL-6. Em pacientes com TDM, baixos níveis da
citocina anti-inflamatória IL-10 foram encontrados (Dhabhar et al.,
2009). Além disso, níveis elevados das citocinas pró-inflamatórias, tais
como IL-1β, TNF-α e IL-6, foram associados com humor deprimido
(Reichenberg et al., 2001, Wright et al., 2004). Um metanálise, Müller
(2014) confirmou que os níveis de IL-6 estão elevados em pacientes
com TDM.
No presente estudo demonstrou-se que o estresse precoce induziu
um aumento nos níveis de TNF-α, IL-1β e IL-6 e uma diminuição nos
níveis de IL-10 tanto no soro quanto no cérebro nas fases da infância,
adolescência e idade adulta. É difícil concluir se o estresse na vida
precoce induzido pela privação materna no presente estudo induziu um
estado inflamatório em primeiro lugar na periferia ou no cérebro. O
aumento dos níveis de mediadores inflamatórios na periferia pode
aumentar a inflamação noSNC. As respostas imunes periféricas
comunicam-se ao cérebro através de nervos vagais, atravessando a
barreira hemato-encefálica (BHE) ligada a macrófagos e associada a
receptores de IL-1 localizados em macrófagos perivasculares, e células
endoteliais de vênulas cerebrais (Dantzer et al. 2008). Além disso,
células da microglia ativadas em uma resposta inflamatória podem
liberar o ligante de quimiocina 2 (CCL2) no sangue, que por sua vez
pode se ligar ao seu receptor CCR2 nos monócitos, e atravessar a BHE e
penetrar nas áreas do cérebro envolvidas com o estresse e com o TDM,
aumentando os níveis das citocinas, tais como IL-1β (Brevet et al.,
2010; Ménard et al., 2016). Assim, tanto a periferia como a inflamação
cerebral podem contribuir para uma exacerbada inflamação. Estudos
prévios também já demonstraram níveis elevados de TNF- e IL-1 no
soro e líquido cefalorraquidiano e uma diminuição dos níveis de IL-10
75
no soro de ratos privados 60 dias após o nascimento (Réus et al., 2013,
2015c). Além disso, o tratamento com antidepressivo imipramina (Réus
et al., 2013) e com cetamina, um antagonista do receptor N-metil-Dasparto (NMDA) (Réus et al., 2015c) reverteu as alterações nas citocinas
periféricas induzidas pela privação materna. Avalio e colaboradores
(2016) mostraram um aumento nos níveis de IL-1β e NF-kB no
hipocampo, amígdala e CF de hamsters submetidos ao estresse crônico
Os níveis de IL-10 também foram aumentados nas mesmas áreas
do cérebro, mas os níveis elevados de IL-10 foram associados à
resiliência (Avalio et al., 2016). Uma superprodução de IL-1β no PFC,
hipocampo, amígdala e núcleo accumbens de ratos foi associada com
comprometimento da memória e comportamento depressivo em um
modelo animal de dor neuropática (Gui et al., 2016). O presente estudo
também mostrou que os níveis de IL-1β foram reduzidos no CF de ratos
com 20 dias após o nascimento e no hipocampo de ratos com 60 dias
após o nascimento, e os níveis de IL-6 diminuíram no soro de ratos com
30 dias após o nascimento, porém normalmente foi encontrado altos
níveis de citocinas pró-inflamatórias e redu;cão de citocinas antiinflamatórias. No cérebro, tanto a micróglia quanto os astrócitos,
influenciados por estímulos estressantes, podem produzir altos níveis de
citocinas pró-inflamatórias e reduzir as citocinas anti-inflamatórias,
essas deficiências no equilíbrio normal de citocinas podem afetar a
neuroplasticidade em todo o cérebro (Levin e Godukhin, 2017). Sob
condições crônicas, as células da microglia podem ser ativadas e elevar
mediadores inflamatórios. Níveis reduzidos de IL-10 contribuíram para
aumentar a expressão de IL-6 no cérebro de ratos idosos (Ye e Johnson,
2001). Em um estudo em humanos, demonstrou-se que o estresse
materno pré-natal esteve associado a uma redução das proporções de
linfócitos CD4 + e níveis mais elevados de TNF-α, IL-1β e IL-6 no
sangue de adolescentes, indicando que o estresse materno pré-natal é um
fator de programação que leva a consequências duradouras sobre a
imunidade (Veru et al., 2015). Em crianças, a metilação do DNA das
citocinas Th1 também foi associada ao estresse materno pré-natal (CaoLei et al., 2016). Assim, sugere-se que estressores ambientais, como a
privação materna, independente do gene, podem levar a respostas
inflamatórias ao longo do desenvolvimento e culminar em um fenótipo
depressivo na vida adulta. De fato, um ambiente neuroinflamatório pode
levar a uma interrupção nas células cerebrais e alterar a trajetória do
desenvolvimento cerebral (Jones e Friedman, 1982). Além disso, níveis
aumentados de citocinas pró-inflamatórias podem resultar na diminuição
76
da função do receptor de NMDA e na produção elevada das ERO,
podendo levar a morte de células neurais (Koriauli et al., 2015).
As células cerebrais são particularmente mais vulneráveis aos
efeitos das ERO, uma vez que 20% do consumo total de oxigênio são
usados para a atividade cerebral (Gandhi e Abramov, 2012). As ERO,
no cérebro também podem ser produzidas pela atividade de monoamina
oxidase que é requerida pela inativação das momoaminas, tais como a
serotonina, a noradrenalina e a dopamina (Gandhi e Abramov, 2012),
que estão envolvidos na fisiopatologia do TDM. O estresse oxidativo
pode resultar em uma disfunção mitocondrial (Gandhi e Abramov,
2012) e levar a neuroinflamação (Bakunina et al., 2015). Após o estresse
oxidativo, as proteínas podem ser danificadas e suas estruturas podem
sofrer fragmentação e degradação. Assim, as alterações nas proteínas
podem levar à atividade enzimática, e consequentemente, perder e/ou
alterar funções fisiológicas (Kohen e Nyska, 2002). O presente estudo
demonstrou um aumento nos níveis de carbonilação de proteínas nos
animais com 30, 40 e 60 após o nascimento, sugerindo que danos
protéicos no cérebro ocorreram na adolescência e na fase adulta
decorrentes da privação materna. Níveis elevados de carbonilaçao de
proteínas também foram demonstrados no CF, hipocampo, estriado e
córtex de ratos submetidos ao estresse crônico moderado (Lucca et al.,
2009b). Após a privação materna, em ratos adultos com 60 dias após o
nascimento, foi demonstrado um aumento nos níveis da carbonilação de
proteínas no hipocampo, amígdala e núcleo accumbens (Réus et al.,
2015b). De forma interessante, uma única injeção de cetamina reduziu
os níveis da carbonilação de proteínas em ratos privados 14 dias após a
administração (Réus et al., 2015b).
Embora
muitos
estudos
tenham demonstrado um aumento nos níveis de MDA (um dos produtos
de peroxidação lipídica) associados à depressão (Lopresti et al., 2014;
Camkurt et al., 2016) no presente estudo, não foi encontrado alterações
nos níveis de MDA nos diferentes estágios de desenvolvimento.
Camkurt e colaboradoress (2017) não revelaram diferenças nos níveis de
MDA em sangue do cordão umbilical de mães deprimidas. Ratos
adultos submetidos a estresse crônico moderado apresentaram níveis
elevados de MDA no cerebelo e estriado, mas não no CF e no
hipocampo (Lucca et al., 2009b). Ao contrário, ratos privados
maternalmente com 60 dias após o nascimento tiveram um aumento nos
níveis de MDA no CF, amígdala, hipocampo e núcleo accumbens (Réus
et al., 2015b). As ERO são neutralizados por enzimas antioxidantes, tais
como SOD e CAT. No presente estudo foi demonstrado que a atividade
da SOD foi diminuída em todos os estágios de desenvolvimento no CF e
77
no hipocampo. A atividade da CAT foi reduzida no hipocampo dos
animais com 20 dias após o nascimento, e no CF dos animais com 40 e
60 após o nascimento. No entanto, com 40 dias após o nascimento a
atividade da CAT foi aumentada no hipocampo. O desequilíbrio da
razão SOD/CAT pode ser um indicador de aumento de ERO (Michel et
al., 2004). Um aumento na atividade da CAT no hipocampo foi também
relatado em ratos submetidos ao estresse crônico e diabéticos (Lucca et
al., 2009b, Ceretta et al., 2012; Réus et al., 2016). Outros fatores
estressores também podem levar a alterações antioxidantes durante o
desenvolvimento, por exemplo, um desequilíbrio nos micronutrientes
maternos também foi associado a uma redução nas enzimas
antioxidantes, SOD e glutationa peroxidase (GPx) no cérebro de filhotes
(Roy et al. 2014). Além disso, Tsai e Huang (2016) demonstraram que
pacientes com TDM em fase aguda apresentavam os níveis de SOD e
CAT elevados no soro. Assim, o estresse oxidativo pode ser mediado de
maneira diferente, dependendo da área cerebral, estressor e estágio de
desenvolvimento.
78
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As evidências deste estudo sugerem que o estresse precoce na vida
induzido pela privação dos cuidados maternos tem efeitos negativos na
programação do desenvolvimento da prole. Embora as alterações
comportamentais tenham sido mais evidentes na vida adulta, a neuroinflamação e
o estresse oxidativo começaram no início da adolescência. Outros estudos são
necessários para elucidar o mecanismo pelo qual essas alterações ocorrem. Além
disso, o uso de potenciais intervenções antidepressivas para mudar a abordagem
terapêutica da idade adulta para o início da vida, antes de sintomas depressivos
aparecem, poderiam ser estratégias importantes.
79
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90
ANEXO
91
ANEXO A: COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS