RELATOS DE SALA DE AULA
http://dx.doi.org/10.5935/0104-8899.20150015
Relexões sobre a Formação e a Prática Pedagógica do
Docente de Química Cego
Lidiane dos Santos Mariano e Anelise Maria Regiani
Este trabalho propõe-se a refletir sobre o percurso formativo vivenciado por pessoa cega desde o acesso à
escola até a sua formação em nível superior como docente de química e sobre suas metodologias de ensino
em sala de recursos de escola regular com um aluno cego. Os resultados das reflexões são apresentados como
um recorte de pesquisa de cunho qualitativo a partir das narrativas dos diferentes sujeitos pesquisados, suas
compreensões e suas vivências no âmbito escolar. Ficam evidentes a importância da utilização de estratégias metodológicas que assegurem a integração e a articulação do sistema multissensorial do estudante e a
existência de uma rede de apoio entre escola, centro de apoio pedagógico ao deficiente visual e universidade.
deficiência visual, docente cego, ensino de química
19
Recebido em 01/10/2014, aceito em 28/11/2014
egundo Franco e Dias (2005), a ocorrência da cegueira
e seus diferentes significados inserem-se na história
da humanidade e as mudanças de atitude para com a
pessoa cega ocorrem em função da organização social à qual
está submetida. No Brasil, segundo Norberto et al. (2014),
desde o século XVI, médicos e pedagogos acreditavam na
possibilidade de educar indivíduos considerados ineducáveis.
Entretanto, nessa época, os cuidados eram do tipo assistencialista e institucionalizado. Em 1835, no Brasil, o então
deputado Cornélio Ferreira França apresenta um projeto
de lei para oferecer ensino das primeiras letras para cegos
e surdos na capital do império e nas capitais das províncias
(Franco; Dias, 2007). Infelizmente, o projeto foi arquivado
e atribui-se como primeiro marco brasileiro na educação de
pessoas cegas a criação, em 1894, do Imperial Instituto dos
Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant, no Rio de
Janeiro. Conta-se que a motivação para o imperador D. Pedro
II criar o instituto foi o seu encantamento “com o trabalho de
José Álvares de Azevedo que, apesar de ser cego, educou a
filha do médico da família imperial” (Norberto et al., 2014,
p. 47). A instituição, que não era aberta aos escravos, tinha
como objetivo emancipar o cego, porém em decorrência da
estrutura social brasileira na época, transformou-se na única
S
A seção “Relatos de sala de aula” socializa experiências e construções vivenciadas nas
aulas de Química ou a elas relacionadas.
Quím. nova esc. – São Paulo-SP, BR.
possibilidade de emprego da pessoa cega (Rosa; Dutra,
2006). Ao final dos estudos, os mais competentes eram
transformados em professores ou copistas, os demais eram
empregados na fábrica de vassouras ou faziam trabalhos
manuais, atividades exercidas para a manutenção econômica
da instituição. O instituto, no entanto, não supria a demanda
já existente na época (1872), uma vez que atendia somente 35
em um universo de 15.848 pessoas cegas (Miranda, 2008).
A partir desse marco, várias instituições foram criadas para
“abrigar” e “proteger” essa parcela da população, cumprindo
a função de “auxílio aos desvalidos” (Rosa; Dutra, 2006). É
importante ressaltar que essas instituições trabalhavam no
regime de internato, retirando do convívio social as pessoas
cegas. Assim, várias dessas instituições, embora parecessem
com os institutos parisienses no que diz respeito ao acolhimento da pessoa cega, diferenciavam-se por seu caráter
assistencialista (Dota; Alves, 2007), ou seja, sem a preocupação com a inserção social ou com o desenvolvimento das
potencialidades das pessoas cegas.
A integração foi introduzida no Brasil em 1945 pela
Fundação para Livro do Cego no Brasil, hoje Fundação
Dorina Nowill, ao realizar os primeiros atendimentos educacionais de alunos deficientes visuais matriculados no sistema
estadual de ensino. Ao final da década de 1950, surgiram
os primeiros serviços de educação especial nas secretarias
estaduais de educação e as primeiras campanhas nacionais de
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educação de deficientes ligadas ao Ministério da Educação e
Quadro 1: Alguns marcos iniciais no atendimento educacional
à pessoa cega no Brasil.
Cultura. A prática, no entanto, tinha o enfoque da integração
do aluno deficiente visual ou simplesmente a sua participação
social. O conceito de inclusão foi introduzido na Declaração
Ano
Fatos significativos
de Salamanca (1994). A partir desse momento, o foco de
Fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos
1854
atenção deixa de ser a deficiência e passa a ser o educando.
no Rio de Janeiro, hoje Instituto Benjamin Constant.
Assim, pressupõe-se que o processo de ensino-aprendizaCriação, no Rio de Janeiro, da Escola Rodrigues
gem seja adaptado às necessidades específicas do aluno no
1905
Alves, estadual regular para deficientes físicos e
contexto escolar, familiar e comunitário. A inclusão total
visuais.
não adota programas e currículos especiais, mas propõe a
1926
Criação, em Belo Horizonte, do Instituto São Rafael.
eliminação dos obstáculos que impeçam que o aluno progrida
Fundação, em São Paulo, do Instituto Padre Chico,
e avance no processo ensino-aprendizagem.
escola residencial que atendia crianças cegas em
Em resumo, de 1854 até meados da década de 1950,
1927
idade escolar.
as iniciativas na educação das pessoas cegas eram ou parFundação, em Porto Alegre, do Instituto Santa Luzia.
ticulares ou dos governos estaduais e locais. Somente a
1935
Criação, em Recife, do Instituto dos Cegos.
partir da metade da década de 1950 as iniciativas passam
a ser oficiais e de âmbito nacional. No entanto, somente “a
Criação, em Salvador, do Instituto dos Cegos na
1936
partir da década de 1980 a pessoa com deficiência começa
Bahia.
a deixar de ser objeto para se tornar sujeito das ações de
Criação, em Taubaté (SP), do Instituto São Rafael.
prevenção, reabilitação, inserção no mercado de trabalho e
1944
Criação, em Curitiba, do Instituto Paranaense de
obtenção dos direitos de cidadania” (Franco; Dias, 2007).
Cegos.
Vale a pena ressaltar que, com o processo de inclusão,
Oferta, em São Paulo no Instituto de Educação Caeos centros especializados anteriormente utilizados para a
tano Campos, do primeiro curso de especialização
escolarização de alunos com necessidades educacionais
1945
de professores para o ensino de pessoas cegas.
Criação, em São Paulo, da Fundação para Livro do
especiais tornaram-se hoje centros de referência para a
Cego no Brasil, hoje Fundação Dorina Nowill.
capacitação dos professores, também ofertando cursos
específicos para a complementação dos alunos incluídos
Instalação da imprensa braile na Fundação Dorina
1946
e da comunidade, possibilitando a estes ter autonomia e
Nowill.
pleno desenvolvimento dentro e fora do ambiente escolar.
Conselho Nacional de Educação permite o ingresso
São apresentados no Quadro 1 alguns marcos na área de
de estudantes cegos nas faculdades de filosofia.
1950
educação da pessoa cega no Brasil.
Criação da primeira classe braile no ensino regular
em São Paulo.
É importante ressaltar que o acesso à escola regular e à
classe comum não pode ser visto como sinônimo de inclusão.
Ministério da Educação cria a Campanha Nacional
É imprescindível garantir não só o acesso à escola, mas
de Educação e Reabilitação dos Deficientes Visuais
que, em 1960, passa a se chamar Campanha
também condições de aprendizagem. Para isso, é necessária
1956
Nacional de Educação dos Cegos, sendo extinta
uma rede de apoio e serviços contínuos. As salas de recurem 1973 com a criação do Centro Nacional de
so da escola regular, instituídas pela Política Nacional de
Educação Especial.
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
(Brasil, 2007), são responsáveis por apoiar o trabalho
realizado na classe comum. Na sala de recursos, a partir
recursos no ensino-aprendizagem de conteúdos de química.
do programa pedagógico desenvolvido na classe comum, o
Para que haja aprendizagem significativa numa aula de
professor especialista desenvolve
química onde o aluno é deficiente
recursos, conteúdos e procedivisual, é importante possibilitar a
É importante ressaltar que o acesso à
mentos didáticos específicos
coleta de informações por meio
escola regular e à classe comum não pode
para o aluno com necessidades
dos sentidos remanescentes. O
ser visto como sinônimo de inclusão. É
educacionais especiais, os quais
primeiro passo para o professor
imprescindível garantir não só o acesso
possibilitam o acesso ao currículo
regente é, após ter planejado a
à escola, mas também condições de
e o sucesso escolar desse aluno.
aula e os recursos didáticos que
aprendizagem. Para isso, é necessária
O professor especialista da sala
utilizará, informar ao professor da
uma rede de apoio e serviços contínuos.
de recursos também deve orientar
sala
de recursos o assunto que vai
As salas de recurso da escola regular,
os professores da classe comum
ser abordado e planejar com ele as
instituídas pela Política Nacional de
em relação aos procedimentos de
adaptações necessárias. A sala de
Educação Especial na Perspectiva da
ensino e de avaliação mais aderecursos pode ainda trabalhar em
Educação Inclusiva (Brasil, 2007), são
quados às características do aluno.
parceria com o Centro de Apoio
responsáveis por apoiar o trabalho
Assim, é extremamente imporPedagógico ao Deficiente Visual.
realizado na classe comum.
tante a função e o papel da sala de
A reprodução do conteúdo em
Quím. nova esc. – São Paulo-SP, BR.
Reflexões sobre a Formação e a Prática Pedagógica
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braile é o momento no qual são feitas as adequações de
O aluno cego e o contexto da escola básica
fórmulas, descrição de gravuras e confecção de maquetes
com materiais adequados à leitura tátil. Esse material deve
Desde os seis anos de idade, frequentei o Centro de
ser entregue ao professor regente da sala de aula na data
Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual do Acre,
prevista para essa atividade. Várias sugestões de adaptaCEADV, atualmente Centro de Apoio Pedagógico ao
ções de materiais didáticos e experimentos para o ensino
Deficiente Visual, CAPDV. Logo, aprendi braile. Lá, os
de química a alunos deficientes visuais são disponíveis na
alunos cegos cursavam da 1ª à 4ª série do antigo 1º grau.
literatura (Raposo; Mól, 2010; Gonçalves et al., 2013). Vale
Nesse período (início da década de 1990), tínhamos poucos
a pena ressaltar a existência de código braile específico para
professores. Os livros que utilizávamos vinham de fora do
a grafia em química (Brasil, 2011).
Estado e eram escassos. Naquele lugar, construí relacionaTodo esse trabalho é feito para que o aluno com cegueira
mentos de amizade e quase todos eram mais velhos do que
também tenha seu material, da mesma forma que os demais
eu. A rotina das aulas era diferente, visto que estudávamos
alunos na hora da aula. Com as redes de apoio entre escola
todas as matérias, mas o professor ficava com cerca de dois
comum, sala de recursos e centro de apoio pedagógico, o
ou três por vez. O ensino de ciências nas séries iniciais era
trabalho do professor se torna mais eficiente. O processo
básico: a professora explicava os conteúdos e ditava a matéria
educativo deve ser participativo. O bom ambiente escolar
para que copiássemos no caderno. Não havia adaptações de
depende da participação de todos. A mudança dos paradigmateriais. Por fim, havia avaliação dos conteúdos estudados
mas ocorre quando cada um oferece sua parcela de conem cada bimestre.
tribuição e é capaz de permitir que o outro também opine,
Quando conclui a 4ª série, tive que sair do CEADV,
participe. Ninguém é uma ilha de
pois não ofereciam o restante
excelência que prescinda de troca
da escolarização. Meus pais
Este estudo, desenvolvido como trabalho
de experiência.
procuraram outra escola, agora
de conclusão de curso de licenciatura
Entretanto, nada há reportado
regular. Entretanto, a direção da
em química por discente cega, propõe
na literatura sobre o papel ou a
instituição não aceitou a minha
uma reflexão sobre o percurso formativo
atuação do docente de química
matrícula por causa da deficiência
vivenciado por pessoa cega desde o
deficiente visual ou, mais especivisual. Eles alegavam não ter conacesso à escola até a sua formação em
ficamente, sobre a atuação do prodições para atender às minhas nenível superior como docente de química.
fessor de química cego. Há relatos
cessidades educacionais especiais.
Para contribuir com esta análise, faz-se a
sobre a formação de professores
Diante disso, meus pais buscaram
comparação entre os contextos do início
de química cegos (Camargo et
ajuda judicial para conseguir a
da década de 1990, quando a docente
al., 2007; Regiani; Mól, 2013),
minha vaga. E assim foi. Depois
cega foi escolarizada, e o atual.
mas não há reflexão ou descrição
que ganhamos a causa, fui matrisobre suas experiências depois
culada e comecei a frequentar as
de formados. Mediante essa lacuna, foi proposta a presente
aulas. Ainda consegui estudar algum tempo, mas naquela
investigação que pretendeu refletir sobre a formação e a
época, não havia inclusão e eu senti muita dificuldade para
atuação do docente cego no ensino de conteúdos de química
acompanhar as aulas. Os professores não sabiam como lidar
no nível médio a discente cego.
com a situação, assim como meus colegas de classe. Na
época, era preconizada a integração: garantia-se o acesso,
Percurso metodológico
mas somente os que se adaptavam e conseguiam acompanhar
os colegas, pessoas sem necessidades especiais, seguiam os
Este estudo, desenvolvido como trabalho de conclusão de
estudos. A permanência e o sucesso não eram garantidos e
curso de licenciatura em química por discente cega, propõe
não se configuravam como preocupação ou ocupação da
uma reflexão sobre o percurso formativo vivenciado por
escola e dos seus sujeitos. Por não conseguir me adaptar,
pessoa cega desde o acesso à escola até a sua formação em
desisti de estudar.
nível superior como docente de química. Para contribuir com
Depois de quase onze anos, retornei aos estudos. Ao
esta análise, faz-se a comparação entre os contextos do início
ouvir comentários de colegas sobre o processo de inclusão
da década de 1990, quando a docente cega foi escolarizada,
nas escolas, voltei ao CEADV. Decidi fazer a matrícula na
e o atual. A percepção do contexto atual foi feita a partir da
Educação de Jovens e Adultos (EJA), onde cursei o final do
realização de entrevistas semiestruturadas com o coordenaensino fundamental e o médio. Para algumas disciplinas,
dor pedagógico, o professor da sala de recursos, o professor
fiz apenas uma prova, enquanto para outras, cursei em sala
de química vidente e o aluno cego de escola regular de nível
de aula. Percebi que muita coisa havia mudado. Nessa nova
médio da rede estadual de ensino de Rio Branco (AC). Assim,
fase, tive o acompanhamento de uma professora itinerante,
os resultados das reflexões são apresentados como um recorte
que me auxiliava no decorrer das aulas, transcrevendo matede pesquisa de cunho qualitativo a partir das narrativas dos
riais e me ajudando com as atividades em sala. Percebi que
diferentes sujeitos pesquisados, suas compreensões e suas
eram tempos iniciais da inclusão. Havia preocupação com
vivências no âmbito escolar.
a oferta de material adaptado à minha necessidade e com o
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meu sucesso como estudante.
tem a capacidade de aprender, apesar das dificuldades”.
O meu retorno à escola básica, agora como aluna da
Reconheceu também que “a Educação Especial é muito
licenciatura, aconteceu no início da década de 2010. Na
importante, considerando que os profissionais envolvidos
escola, lócus do presente estudo, o trabalho com o discente
devem estar preparados para inserir esses alunos no amcego é desenvolvido com a orientação de dois professores
biente social e escolar, facilitando a vida das pessoas com
na sala de recursos juntamente com a ajuda do CAPDV,
necessidades educacionais especiais”.
que disponibiliza os livros didáticos em braile, bem como
Quando questionado sobre a sala de recursos da instituição,
faz a adaptação de outros materiais que o aluno necessita
o professor regente de química reclamou do espaço, sugerindo
no processo de aprendizagem. A percepção do estudante
a sua ampliação para oferecer melhores materiais didáticos a
cego pela escola e seus sujeitos era diferente daquela da
fim de facilitar o atendimento aos alunos. No entanto, apesar
minha época de estudante na escola regular. A perspectiva
de saber da existência da sala de recursos, a sua fala corrobora
da educação inclusiva propõe o acesso, a permanência e o
com a do professor da sala de recursos, pois afirmou que o
sucesso do aluno com deficiência na escola, ou seja, é asseseu trabalho é realizado somente com o livro em braile e a
gurado ao aluno a oferta de materiais e recursos didáticos
audição do aluno, não usando outra metodologia para o aprenque possibilitem desenvolver suas potencialidades para além
dizado. Também contou que a aula mais importante e positiva
de suas limitações.
ministrada foi sobre misturas, pois “o aluno deficiente visual
O coordenador pedagógico da escola mostrou ter consconseguiu compreender o conteúdo somente com a leitura
ciência de seus deveres sobre a educação especial e afirmou
e a explicação”. O docente contou que a forma de avaliar o
que a implantação da sala de recursos na escola fortaleceu o
aluno é somente o uso do caderno de provas e os exercícios
atendimento com qualidade para
que são realizados em sala de
os alunos com necessidades escoaula, porém afirma que o aluno
Na análise geral da entrevista, foi possível
lares especiais: “com a inclusão,
não consegue resolvê-los por falta
observar que o professor regente
a escola tem se adequado para
de auxílio, pois não há colegas de
não recebeu em sua formação inicial
oferecer um ensino de qualidade”.
classe que o auxiliem ditando a
orientações para o trabalho com alunos
O professor da sala de recursos
matéria para que ele transcreva
com necessidades educacionais especiais
entrevistado enfatizou que se a
para o braile. Segundo o professor,
(NEE). Pela sua fala, não faz nem solicita
sala de atendimento especial não
a maior dificuldade no ensino de
material adaptado, mas acompanha
existisse, a educação inclusiva
conteúdos de química está relacioo discurso teórico pela inclusão. Essa
não aconteceria. Afirmou que
nada à falta de recursos didáticos
contradição parece ser uma tentativa de
o papel desse profissional, no
para o melhor aprendizado desses
encobrimento de suas fragilidades como
processo educativo de estudantes
alunos. O entrevistado afirmou
docente. O professor da sala de aula
deficientes visuais, é interagir com
que o primeiro passo para melhor
deveria ser formado para a diversidade,
a comunidade escolar, fornecendo
ensinar conteúdos de química
para reconhecer que cada um de seus
os conhecimentos adquiridos, os
a alunos com deficiência visual
alunos é único e que não existem alunos
materiais adaptados e apoiando,
seria a capacitação de professores
normais e alunos especiais.
quando necessário, a vida escolar
para a melhor compreensão dos
do aluno. A escola mudou: do
conteúdos e suas adaptações em
marco pessoal da recusa da matrícula na década de 1990 à
materiais didáticos. O docente afirmou que não teve em sua
preocupação com a qualidade de ensino depois de quase 20
formação inicial nenhuma preparação ou capacitação focada
anos. Por que tanto tempo?
na educação inclusiva e não consegue frequentar os cursos do
O professor da sala de recursos, no entanto, informou
CAPDV porque os horários fornecidos (geralmente no período
não ser constante a interação com os professores da sala de
noturno) dificultam a participação.
aula, em especial com o de química, que até o momento da
Na análise geral da entrevista, foi possível observar que
entrevista não havia feito nenhuma demanda de adaptação.
o professor regente não recebeu em sua formação inicial
O docente da sala de recursos revelou também que não sabia
orientações para o trabalho com alunos com necessidades
como trabalhar com os conteúdos da disciplina até participar
educacionais especiais (NEE). Pela sua fala, não faz nem
de uma capacitação em que conheceu materiais adaptados
solicita material adaptado, mas acompanha o discurso teórico
para essa área de conhecimento. A partir de então, percebeu
pela inclusão. Essa contradição parece ser uma tentativa de
que é capaz de pensar e produzir materiais para as aulas desse
encobrimento de suas fragilidades como docente. O profescomponente curricular. A partir dessa fala, podemos inferir
sor da sala de aula deveria ser formado para a diversidade,
o quão importante são as capacitações dos profissionais de
para reconhecer que cada um de seus alunos é único e que
ensino para desmistificar a educação inclusiva.
não existem alunos normais e alunos especiais.
A disciplina de química, na ocasião da coleta de dados,
O discurso do docente da escola regular em muito se
era ministrada por um professor que, ao ser entrevistado,
assemelha ao comportamento da professora de química que
comentou sobre a inclusão, afirmando que “esse processo
tive quando cursei o ensino médio na modalidade EJA. Ela
é bastante válido, partindo do pressuposto de que o aluno
não sabia braile nem demonstrava interesse em adaptar os
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Reflexões sobre a Formação e a Prática Pedagógica
Vol. 37, Nº Especial 1, p. 19-25, JULHO 2015
materiais para melhorar meu aprendizado. Os conteúdos
eram trabalhados de forma superficial. A docente explicava
e, às vezes, as colegas me ajudavam a copiar o conteúdo, mas
nem sempre eu compreendia o que estava sendo repassado.
Conforme Regiani et al. (2013, p. 30),
que não estavam capacitados para me atender. Eu deveria ter
procurado outros recursos de aprendizagem e “ter pegado mais
no pé” dos docentes, assim a amplitude do meu conhecimento
na área de química teria sido maior. No estágio supervisionado, eu me perdi um pouco pelo fato de que preciso de auxílio
como, por exemplo, para o uso do quadro magnético ou para a
[...] os professores só poderão adotar práticas
confecção de materiais adaptados, o que eu não posso realizar
inclusivas se forem adequadamente formados para
sozinha. No entanto, eu gosto de explicar o conteúdo, de tirar
que consigam não só identificar as necessidades
dúvidas, dentre outras atitudes docentes.
educacionais, mas também trabalhar exemplarmente
O educador com deficiência visual deve possuir as mescom os alunos utilizando recursos e instrumentos
mas características do docente vidente, porém durante a sua
pedagógicos próprios para cada necessidade indiviformação em curso superior, o discente com NEE é privado
dual – sem desconsiderar também as condições de
de informações literárias dos vários componentes curriculares
trabalho docente.
que precisa cursar, principalmente da área de química. Mesmo
conhecedor da grafia em braile, surgem barreiras quando preciO aluno cego, na época da pesquisa, estava cursando
sa aprender ou ensinar conteúdos em decorrência do forte teor
o 1º ano do ensino médio e perdeu a visão ainda criança,
representacional dos conceitos em química. Nesses momentos,
entre três e quatro anos de idade. Afirmou que “sempre
necessita de auxílio de outras pessoas, da entidade escolar ou
estudou em escola regular e que os auxílios prestados
de parcerias com os CAPs para adequação em relevo, transcrisempre facilitaram a sua aprendição para o braile e para tinta para
zagem, apesar do tratamento ser
que tenha as mesmas informações
O educador com deficiência visual deve
igual a todos os alunos”. As suas
que a dos outros alunos.
possuir as mesmas características do
reclamações estão centradas nas
Durante a minha formação
docente vidente, porém durante a sua
condições inadequadas da sala de
inicial,
a maioria dos docentes
formação em curso superior, o discente com
recursos, a falta de equipamentos
tentou,
mesmo
diante da falta de
NEE é privado de informações literárias dos
tecnológicos e na interação com
experiência,
adequar
materiais divários componentes curriculares que precisa
os alunos da sala de aula, pois
dáticos para facilitar a minha comcursar, principalmente da área de química.
apesar de o convívio ser normal,
preensão do conteúdo. Entretanto,
Mesmo conhecedor da grafia em braile,
eles não conseguem compreender
não existia atendimento no consurgem barreiras quando precisa aprender
que o barulho o incomoda e acaba
traturno. Alguns professores se
ou ensinar conteúdos em decorrência do
retardando a sua compreensão do
dispunham a arranjar momentos
forte teor representacional dos conceitos
conteúdo. Sobre os conteúdos de
para discussão de dúvidas. As
em química.
química, considera que é mais fácil
avaliações eram realizadas, na
quando se estuda os estados físicos
maioria das vezes, como a dos oue torna-se mais difícil quando se estuda algum conteúdo
tros alunos e, em alguns casos, eram provas orais e avaliações
que envolva cálculos, parte em que gostaria de ter maior
em braile. O Núcleo de Apoio a Inclusão da Universidade
auxílio. A fala do aluno cego contribui com a afirmação da
Federal do Acre (NAI/ UFAC) exerceu função importante
importância da adaptação de recursos didáticos para o aprenna disponibilização de monitor para acompanhamento em
dizado dos conteúdos escolares. Essa fala é consoante com a
sala de aula e na adaptação de materiais didáticos. Ter uma
experiência que vivi no curso pré-vestibular oferecido pelo
monitora à minha disposição foi essencial, pois ela estava
CEADV. Ali tive a oportunidade de aprender mais sobre cada
presente em todas as aulas, ditava o conteúdo para a escrita
disciplina, inclusive química. Por receber material adaptado
na máquina perkins e na reglete, adaptava materiais, auxiliava
e atendimento especializado, comecei a gostar das aulas e
na resolução de atividades, nas atividades experimentais e na
entender melhor os conteúdos, destacando-me dos demais
confecção do relatório de aulas práticas. A importância do
alunos, que também eram deficientes visuais. Às vezes, até
monitoramento realizado ocorria pelo fato de a monitora ser
auxiliava os colegas, explicando assuntos mais complicados.
aluna do curso assim como eu, isso fazia com que a troca de
Assim, decidi fazer vestibular para química e fui aprovada
informações fosse maior. A maior dificuldade encontrada foi
em 1º lugar na Universidade Federal do Acre.
no relacionamento com os colegas de turma. A dificuldade
de aceitação da minha pessoa no curso foi muito grande e os
O aluno cego e o ensino superior de química
colegas nunca queriam a minha participação na realização das
atividades. Assim, ou realizava as atividades sozinha ou com a
A minha trajetória como discente de graduação em licenmonitora como aconteceu com o estágio supervisionado. Seu
ciatura em química até a atuação como professora tem início
auxílio foi fundamental na preparação e no momento das aulas
no vestibular. Passar nesse exame e cursar essa licenciatura foi
na escola, já que ela também fazia o mesmo curso. As aulas
um sonho realizado, apesar de que eu deveria ter me dedicado
foram ministradas com materiais adaptados pela monitora para
mais ao curso. As falhas não foram somente dos professores
facilitar a minha explicação diante dos alunos, apesar de não
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Reflexões sobre a Formação e a Prática Pedagógica
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ter alunos deficientes visuais. Contudo, nas turmas trabalhadas, havia alunos com outras deficiências que aproveitaram
muito bem os recursos utilizados, assim como os alunos ditos
normais. Junto com a adaptação dos materiais, também eram
utilizadas apresentações em power point.
A aula ministrada ao aluno cego por mim era sobre o conteúdo modelos atômicos. Para que houvesse identificação e
representação dos conceitos em química e para que esse aluno
pudesse ter uma aprendizagem significativa, tínhamos que
oferecer alguns recursos nos quais ele elaborasse o conceito
dos modelos atômicos. Para isso, tive a parceria do NAI/
UFAC, do CAPDV, da professora orientadora, dos colegas
de trabalho e da monitora. Dessa forma, foram elaboradas as
adequações necessárias em braile, tinta e as representações
com texturas diferenciadas para que o aluno sentisse as várias
formas de modelos atômicos. Ministrei a aula no contraturno
e na sala de recursos, acompanhada pela minha monitora do
curso superior. A professora da sala de recursos apenas observou e a coordenação da escola supervisionou a atividade.
Durante a aula, explorou-se o conteúdo que estava em braile
e, ao mesmo tempo, foram sendo manuseadas as formas
em altorrelevo e em maquetes para melhor compreensão do
assunto. Em seguida e a pedido do aluno, houve outra aula
sobre a tabela periódica e distribuição eletrônica. Nessa aula,
realizamos os mesmos procedimentos do encontro anterior:
adequação de materiais e exploração do conteúdo.
A maior dificuldade encontrada para explicar o conteúdo
aconteceu na abordagem dos modelos atômicos, principalmente no modelo atômico de Rutherford e no de Bohr, pois
as maquetes têm limitações estáticas na representação dos
modelos, que são dinâmicos. As aulas relacionadas à tabela
periódica e diagrama de Linus Pauling foram mais tranquilas,
em que o aluno declarou que a compreensão foi melhor do
que na aula ocorrida na sala de ensino regular, pois as adaptações facilitaram o processo de compreensão do conteúdo.
Fazendo uma análise mais crítica da minha atuação, posso
levantar alguns pontos positivos e negativos. O primeiro
ponto positivo que quero destacar é a utilização das adaptações que ajudaram a me expressar e a transmitir o conteúdo
de uma melhor forma. O segundo é o fato de apenas ter
ministrado a aula a um aluno que tem a mesma dificuldade
que eu possuo, pois assim pude me colocar no lugar dele e
saber em que ele teria mais dificuldade para compreender o
conteúdo. No início, esse fato me assustou um pouco e fiquei
insegura com a reação do aluno, se ele conseguiria entender
o que eu estava querendo transmitir ou não.
Como ponto negativo, posso destacar a questão do tempo didático, porque na sala de aula, o aluno tem um maior
tempo para aprender, e as aulas que ministrei tiveram um
tempo reduzido, sendo motivo de reclamação por parte dele.
Quando parei para analisar, vi que ele tinha razão, pois o
tempo que fica na sala de recursos deve ser dividido para
todas as disciplinas, ficando um curto intervalo para as aulas
de química. Outra observação foi com relação ao ambiente,
que foi modificado várias vezes devido a fatores internos
da escola. Por isso, algumas aulas foram ministradas na
Quím. nova esc. – São Paulo-SP, BR.
biblioteca, local onde havia muito barulho, o que dificultou
a realização da aula e a compreensão do aluno.
Considerações finais
Neste artigo, buscamos relatar atuações que contribuíram
na inclusão e em uma melhor vivência da aluna com deficiência visual. Acreditamos que essas intervenções são fundamentais e devem ser realizadas prioritariamente nas escolas
comuns, na disciplina de química, para que esses alunos não
fiquem isolados e sintam-se excluídos das aulas ministradas.
É importante lembrar que a deficiência não deve ser
encarada com manifestação de pena. Por isso, no ambiente
escolar, não se deve considerar o aluno como incapaz, visto
que ele apenas precisa ter o material em braile e, se houver
necessidade, dispor de maquetes com relevo para que possa
realizar suas atividades, acompanhando o cronograma da turma. Percebe-se que o aluno com cegueira, de um modo geral,
necessita de uma atenção especial, cada qual apresentando
suas qualidades e dificuldades específicas. Em decorrência
de suas especificidades, os alunos com deficiência visual
necessitam de instrumentos: livros em braile, programas de
voz, adequações e descrição de materiais que exijam apenas
a visão como forma de aprendizagem.
É preciso que o professor que tem um aluno com
deficiência visual esteja atento às suas necessidades e esteja
disposto a novas formas de planejar, a rever sua forma de
ensinar e suas estratégias em sala de aula. No entanto, o êxito
no processo de aprendizagem depende também do esforço
contínuo de pais, professores e profissionais envolvidos,
visando, de fato, a implementação de um ambiente escolar
democrático, que envolva todos os alunos, sem distinção.
Constatou-se que a falta de visão não é o principal obstáculo para a inclusão das pessoas com deficiência visual
no ensino comum nem como cidadãos, plenos de direitos e
deveres. O fato é que essas pessoas necessitam da equiparação com materiais necessários para a sua aprendizagem.
Portanto, é notável que elas possuam condições de andar
sozinho, estudar, trabalhar, de participar ativamente da vida
social, econômica, cultural e política da atualidade e de,
principalmente, serem professores de química.
Agradecimentos
Ao Núcleo de Apoio à Inclusão da Universidade Federal
do Acre e ao Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente
Visual do Acre.
Lidiane dos Santos Mariano (princesa_lilimariano@hotmail.com), licenciada em
Química pela Universidade Federal do Acre, professora revisora do CAPDV/
Acre. Rio Branco, AC –BR. Anelise Maria Regiani (anelise_regiani@yahoo.com.
br), bacharel em Química com habilitação tecnológica pelo Instituto de Química
de São Carlos/USP, licenciada em Química pelo Centro Universitário Claretiano,
mestre e doutora em físico-química pelo Instituto de Química de São Carlos/USP,
realizou estágio pós-doutoral em Educação Científica e Tecnológica da Universidade Federal de Santa Catarina e é docente e pesquisadora da Universidade Federal
do Acre. Rio Branco, AC – BR.
Reflexões sobre a Formação e a Prática Pedagógica
Vol. 37, Nº Especial 1, p. 19-25, JULHO 2015
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Abstract: Reflections on the formation and pedagogical practice of a blind chemistry teacher. This paper proposes a reflection on the experiences of a by blind
person from access to school until the university studies as a professor of chemistry. Teaching methods of the blind teacher in regular school resource room
with a blind student are also described. The results of the reflections are presented as a qualitative research from the narratives of the different actors studied,
their understanding and their experiences in schools. Are evident the importance of using methodological strategies to ensure the integration and coordination
of multi-sensory system of the student and the existence of a support network between schools, educational support center to visually impaired and university.
Keywords: blind teacher, chemistry teaching, visual impairment
Quím. nova esc. – São Paulo-SP, BR.
Reflexões sobre a Formação e a Prática Pedagógica
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