M esa 3- CONVERGÊNCI A
A TV no webj or nalismo:
TV Folha, TV Estadão e ZHTV 45
COSTA, Luciano46.
Universidade Federal de Santa Catarina.
Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Telejornalismo (GIPTele) Núcleo de
Estudos e Produção Hipermídia Aplicados ao Jornalismo (Nephi-Jor) Grupo de
Pesquisa Hipermídia e Linguagem
Resumo: Em um mundo cada vez mais digital, visual e convergente (JENKINS, 2008),
tradicionais veículos de comunicação impressos, de pequenas publicações à grandes
grupos de mídia, são atraídos à produção de webjornalísticos audiovisuais (NOGUEIRA,
2005). Diante disso, o presente artigo procura descrever o percurso dos jornais
impressos Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Zero Hora às suas produções
audiovisuais em ambiente web.
Palavr as-chave:
convergência.
Jornalismo,
webjornalismo,
telejornalismo,
ciberespaço,
1. I ntr odução
Os brasileiros passam três horas a mais assistindo vídeos online do que outros
países latino-americanos. No total, são 13h36min semanais assistindo vídeos por
streaming, enquanto que pela televisão, são 5h30min. Esses são dados da comScore
Inc., empresa norte-americana de medições e análises digitais sobre o comportamento
do consumidor em relação à web, aparelhos móveis e a TV (BANKS, 2015). Inerente à
discussão dos meios de comunicação e sua relação com a internet e as novas
tecnologias, está a compreensão da convergência das mídias e, respectivamente, dos
conteúdos e linguagens.
Em um mundo cada vez mais digital e visual, a necessidade de acompanhar sua
audiência fez com que tradicionais veículos de comunicação impressos, de pequenas
Trabalho apresentado no XIII Seminário Internacional de Comunicação. PUC RS.
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina,
jornalista pela Universidade Federal do Pampa e pesquisador do GIPTele, e Nephi-Jor/GPHL. E-mail:
contato@lucianocosta.jor.br
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publicações à grandes grupos de mídia, fossem atraídos à produção de conteúdo
audiovisual para a web. A difusão da internet e a convergência dos meios de
comunicação trouxeram mudanças tanto para o modo de produção quanto para o
consumo dos produtos jornalísticos. A popularização da web justifica-se pelo
crescimento acelerado a nível mundial e suas potencialidades tecnológicas, além da
força mercadológica e rentável fonte de receita.
Hoje, estações de rádio possuem sites com transmissão online, vídeos por
streaming e seções de notícias; emissoras de televisão e jornais impressos possuem
portais de conteúdo com catálogo de vídeo, rádios online, notícias, blogs etc. Entre as
múltiplas plataformas de produção de conteúdo na mídia hoje, estão as chamadas TVs
online - transmissão de programas televisivos/produções audiovisuais pela internet, sob
demanda ou streaming.
2. Pr odução em um mundo conver gente
A convergência midiática (JENKINS, 2008), como resultado das transformações
tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais da contemporaneidade, proporcionou
ao público mudanças dos meios tradicionais e maior interação e participação. Os
dispositivos - televisores, aparelhos de rádios, computadores e celulares - não são mais
apenas ferramentas de recepção, mas de produção e compartilhamento de conteúdo dos
próprios usuários. A convergência, vale ressaltar, não está no avanço tecnológico, mas
na nova configuração do consumo, interações sociais e nas relações dos usuários com as
novas tecnologias. Por convergência midiática, Jenkins define:
[...] o fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de
mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao
comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das
experiências de entretenimento que desejam. (JENKINS, 2008,
p. 29)
Jenkins (2008) observa a convergência mais como um processo do que uma
mudança tecnológica em si, pois os
onsumidores são incentivados a procurar novas
informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos disper
Isso nos leva
a outro conceito desenvolvido por Jenkins para expressar essa noção de convergência: a
narrativa transmidiática, que refere-se a uma nova estética que faz novas exigências
aos consumidores e depende da participação ativa de comunidade de conhecime
Estes consumidores assumem o papel de caçadores e coletores, perseguindo pedaços
da história pelos diferentes canais, comparando suas observações com as de outros fã
para que tenham uma experiência de entretenimento mais rica (p. 47).
A exigência dos atuais consumidores - cada vez mais conectados, é notável. O
consumo das mídias, que até a primeira década dos anos 2000 era basicamente linear,
hoje está cada vez mais fragmentado, ajustado ao estilo de vida das pessoas. Um
exemplo é o Binge Watching - termo em inglês para o hábito de assistir séries e filmes
de uma única vez. Atitude que hoje só é possível pelo comportamento de consumo por
demanda, trazido por serviços de streaming de mídia como o Netflix47 e Apple
TV48.
O cenário convergente em que vivemos permite - e pode ser percebido como tal
- analisar novos traços comportamentais dos usuários: cada vez mais pessoas acessam a
internet através do aparelho de tevê e assistem a programação da tevê através da
internet. Apesar da rede mundial de computadores figurar há mais de 40 anos, a noção
da internet como espaço, trazida por Pierre Levy (1997), figura há duas décadas
conceituando o conjunto de computadores interligados, o ciberespaço:
[...] o espaço de comunicação aberto pela interconexão
mundial dos computadores e das memórias dos computadores.
Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicação
eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de redes hertzianas e
telefônicas clássicas), na medida em que transmitem
informações. Consiste de uma realidade multidirecional,
artificial ou virtual incorporada a uma rede global, sustentada
por computadores que funcionam como meios de geração de
acesso. (LEVY, 1997, p. 92)
A realidade multidirecional deste espaço - aberto - permite que a internet alterese e se ajuste à necessidade de seus usuários. Foi o que aconteceu a partir dos anos 90,
quando ela começa a desenvolver-se, muito em virtude do jornalismo e da publicidade.
No ambiente web, o jornalismo apresentou-se em fases de evolução
categorizadas por Luciana Mielniczuk (2001), como: 1) transposição - os jornais
impressos eram transcritos para a internet tal qual a sua versão impressa; 2) metáfora -
http://www.netflix.com
48
http://www.apple.com.br/ appletv/
pequenas experiências e inovações a fim de explorar as características do novo meio,
como hiperlinks, e-mail, fórum de debates etc.; 3) webjornalismo - momento atual e
avançado de toda a estrutura técnica referente à internet.
É neste contexto convergente e de produções webjornalísticas que surgem, há menos de
uma década, as TVs online - canais online de vídeos produzidos para a internet.
Partindo deste pressuposto, o objetivo deste trabalho é descrever o percurso dos
jornais impressos Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Zero Hora - até seus canais
online TV Folha, TV Estadão e ZHTV. É importante ressaltar que este trabalho não tem
como objetivo analisar o discurso e linguagem das produções telejornalísticas online,
mas sim mapeá-las quanto ao número, gêneros, formatos e categorias de convergência.
Sob o afixo TV, jornais como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Zero
Hora superam a sessão de vídeos de seus portais e começam a produzir conteúdo
exclusivo para suas próprias
TVs . Neste contexto a palavra televisão, enquanto
aparelho eletroeletrônico, é deixado de lado, mas mantém o significado de tela de
visão :
A palavra televisão deriva de tela de visão, ou seja, de
uma tela de superfície de armazenamento eletrostático (...) na
qual a informação é visualmente apresentada; é, pois, o
dispositivo utilizado para exibição de dados num terminal o
vídeo. A tela da televisão, seguindo a gênese da imagem em
movimento, transformou-se num espaço de apresentação da
realidade, pois o imediatismo de sua reprodução técnica lhe
concedia o status de recorte do real, função reforçada pelos
cenários específicos que reproduziam as cenas da vida
cotidiana. (EMERIM: 2014).
O telejornalismo, como prática de produção de produtos informativos para a
tele
(EMERIM, 2014), no atual cenário convergente entra em evidência com um
novo perfil, apropriando-se do ciberespaço e suas potencialidades. Tradicionais veículos
de comunicação buscam na internet não só um espaço para promover seus conteúdos,
mas também apropriar-se da linguagem audiovisual e telejornalística - exterior à sua
produção enquanto publicação impressa.
A prática do telejornalismo na internet proporciona e reflexão das características
do próprio meio. Conforme aponta Gomes (2007, p. 10) a notícia seja ela ouvida no
rádio, lida nos jornais ou vista na televisão, ganha muito de sua configuração das
características do próprio meio no qual apare
. Isso acontece também com os
materiais postados na internet
seja em texto, foto, vídeo ou áudio. Por isso, entender a
notícia enquanto um gênero discursivo (BENETTI, 2008) e os programas televisivos ou
na internet como gêneros midiáticos (GOMES, 2007; JOST, 2004) leva à reflexão das
características dos formatos e linguagens da 'televisão' feita para a internet.
3. Jor nalismo impr esso e tevês online
Seguindo a tendência internacional, tradicionais jornais impressos brasileiros
tem explorado a produção multimídia e em TVs online, promovendo seu conteúdo e
experimentando novos formatos. Destacam-se, neste trabalho três produções: TV Folha,
do jornal Folha de S. Paulo; TV Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo; e ZHTV, do
jornal Zero Hora, de Porto Alegre.
3.1 TV Folha
A trajetória online do jornal Folha de S. Paulo começa em 1996, com o
lançamento do serviço Universo Online - UOL - com o site Folha Online. Nesta época
as redações do jornal impresso e digital eram separadas. A união das duas ocorreu
apenas em 2010, após reforma gráfica e editorial que empreendeu o site Folha.com.
Os diversos sites do jornal sempre mantiveram uma sessão específica para
vídeos, porém a produção acontecia de modo esporádico. Inicialmente hospedado no
site TV UOL, a TV Folha estreou em 2007 com uma programação independente do
jornal impresso. Os vídeos abordavam noticias variadas, sem separação por editorias,
nem cenário e apresentadores fixos. O link dos vídeos era disposto verticalmente na
página, sem indexação de conteúdo, sendo o usuário o responsável pela escolha,
multilinear (PALACIOS, 2005; OLIVEIRA, 2011) do que gostaria de assistir.
Os programas da TV Folha nesta época não possuíam vinhetas de abertura, nem
repórteres com microfones na mão, a apresentação das matérias geralmente era direto da
redação da então Folha Online, pelo jornalista que as produziu. Em 2011, a TV Folha
foi teve mudanças fundamentais em sua estrutura. A chefia de edição passou a ser do
jornalista Fernando Canzian, também apresentador do agora TV Folh , produção em
forma de programa que reúne matérias, reportagens, coberturas e videodocumentários.
Um ano após sua reformulação - e positivo destaque junto ao público - a
produção foi convidada pela emissora TV Cultura para exibir seu material em um
Atualmente, a TV Folha mantém um perfil inovador em suas coberturas. Na
transmissão dos protestos de rua em 2013, foram usadas pela equipe de reportagem um
drone - veículo aéreo não tripulado - e o Google Glass - óculos com funcionalidades de
smartphones, ambas as tecnologias para gravar e transmitir ao vivo os protestos6. No
ano seguinte, o documentário Junho, O Mês Que Abalou o Brasil foi lançado no
cinema nacionalmente, marcando o primeiro longa metragem produzido pela Folha.
Além disso, destaca-se por ter definido uma linguagem própria, auto identificada
como mini-documentários, formato parecido com as matérias tradicionais do jornal
Folha de S. Paulo. Inicialmente produzindo um programa semanal, hoje a TV Folha
produz vídeos diários para todas as editorias do jornal, além de entrevistas e debates ao
vivo.
3.2 TV Estadão
Em 16 de julho de 2007 é lançada a reformulação total do portal Estadão7, do
jornal O Estado de S. Paulo. Dentre as novidades do site, lançado pela primeira vez no
ano 2000, estava a criação da área multimídia, com vídeos, podcasts, tags e blogs.
Idealizado pelo jornalista Felipe Machado, surge a TV Estadão8
- que
originalmente era apenas a sessão de vídeos do portal, destacando-se com a queda do
avião da TAM no mesmo ano. Em entrevista ao Portal Imprensa9, o editor-executivo de
Conteúdos Digitais do Grupo Estado, Luis Fernando Bovo, revelou que no início, a TV
Estadão mantinha uma pauta própria, mas somente com a aproximação com o jornal
impresso ela ganhou relevância.
Produtora de seu próprio conteúdo, ela destaca-se por sua programação ao vivo e
entrevistas com especialistas e formadores de opinião, além de reportagens produzidas
por equipes da Agência Estado, do mesmo grupo, e vídeos produzidos pelas diferentes
5
http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2014/04/14/TV-Folha-sai-da-grade-daCultura.html
6
http://folha.com/no1326681
7
http://estadao.com.br
8
http://tv.estadao.com.br
9
http://portalimprensa.com.br/noticias/brasil/61591
Destaca-se nas produções da TV Estação o espaço disponibilizado ao debate e à
opinião. Em programas ao vivo, especialistas e jornalistas experientes da redação do
jornal discutem temas atuais e diários, com dados apurados na rua e disponibilizados ao
vivo, na redação.
O espaço reservado para a gravação dos materiais é a própria redação, equipada
com estrutura de captação e gravação. A equipe de produção dos vídeos da TV Estação
é composta por editores, coordenador técnico, coordenador de conteúdo, editores e
estagiários, responsáveis pelas pautas, produção, operação de câmaras e dispositivos e
edição.
3.3. ZHTV
O jornal Zero Hora foi fundado em 4 de maio de 1964 em Porto Alegre, por
Maurício Sirotsky Sobrinho. Mantido pelo Grupo RBS, é o sexto maior jornal impresso
do Brasil segundo a Associação Nacional de Jornais10.
Após diversas modificações importantes em layout e editoração, em 19 de
setembro de 2007, o jornal Zero Hora lança oficialmente seu novo site, alinhando-se à
tendência de outros veículos em transformar seu site institucional - que até então só
transcrevia as matérias impressas - em um portal de conteúdo atualizado 24 horas.
Neste novo site, a editoria multimídia deu início a produções sistemáticas e que
normalmente acompanhavam e complementavam as reportagens especiais do jornal
impresso. E em junho de 2013, foi lançado oficialmente o site ZHTV11.
O site ZHTV é dividido nas categorias Bem-Estar, Casa&Cia, Donna,
Economia, Educação, Gastro, Gastronomia, Geral, Meu Filho, Mundo, Opinião, Paulo
Sant'Ana, Polícia, Política, Segundo Caderno, Site ZH, Tecnologia, Trânsito, Verão,
Vídeo minuto e zhEsportes - que atuam mais como tags para indexação dos programetes
diários, e vídeos de registros documentais rápidos dos fatos do dia, do que propriamente
editorias.
10
11
http://www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/jornais-no-brasil/maiores-jornais-do-brasil
http://videos.clicrbs.com.br/rs/zerohora
Quanto à linguagem, tem inspirações em documentários para cinema e televisão,
mantendo entre suas principais produções a editoria zh.doc, com videodocumentários
produzidos pela equipe de fotógrafos e repórteres do site. A implantação do ZHTV
esteve a cargo da jornalista Marlise Brenol, que já atuava como editora de jornalismo
digital multimídia na redação do jornal Zero Hora.
A proposta inicial de Brenol (2013), em apresentação hospedada em sua conta
pessoal no aplicativo Prezi, previa a captação das imagens em câmeras fotográficas e
smart phones equipados com lentes e tripés personalizados, prezando a mobilidade e
agilidade. Os formatos sugeridos lançam mão de vidrografismo 12, programetes com os
jornalistas do jornal Zero Hora como âncoras, webdocumentário com narrativa ancorada
em imagens, sobe som e trilhas. E equipe designada para a produção seriam fotógrafos,
que atuariam como videorrepórteres (definir - jornalista que trabalha sozinho),
produtores e editores de vídeos.
E equipe inicial do projeto foi composta por 26 pessoas - 16 fotógrafos, 1
fotojornalista, 5 assistentes, 1 assistente técnico e 3 gerentes - com a meta de produção
de 1 vídeo quinzenal com linguagem inovadora, 4 reportagens factuais, 6 programetes
gravados na redação do jornal e 4 vídeos com pauta dos cadernos Sobre Rodas, Casa &
Cia e Gastronomia.
4. Consider ações
Ao observar um breve percurso das TVs online dos jornais impressos Folha de
S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Zero Hora, podemos apreender alguns aspectos
comuns às produções e também reflexões.
A apropriação dos veículos impressos do ambiente web traz uma dualidade na
percepção da internet: ela agrega ou compete com os demais meios? Se percebermos a
rede como um meio de comunicação, as empresas tornaram-se mais competitivas
mercadologicamente, uma vez que a internet concorre (em termos de anúncio e
publicidade) com os demais meios de comunicação. Se percebermos a internet como
plataforma, o cenário torna-se mais ideológico e contributivo, uma vez que ela
proporciona uma ferramenta agregadora de conteúdo.
12
Técnica de edição de material audiovisual com efeitos, animações, imagens plásticas e design gráfico.
Estas TVs surgem com uma estrutura diferente da TV comercial - rotina de
produção de conteúdo, qualidade audiovisual, gestão de negócios etc . A TV Folha é um
exemplo de um novo modelo, ao exibir inicialmente seu conteúdo na TV aberta,
percorreu o caminho inverso de tevês tradicionais, que no advento da internet
transpuseram seu conteúdo para a web.
A experimentação também é uma marca deste novo fazer jornalístico, ao
mesclar gêneros e formatos consolidados no telejornalismo com abordagens inovadoras
e atraentes para o público. Outro ponto em comum são as três produções utilizarem suas
próprias redações como cenários para os programas e também manterem contas no
YouTube - TV Folha13, TV Estadão14 e Zero Hora15 -, concomitante à sua armazenagem
de seus próprios sites.
O ambiente virtual modificou a dinâmica de trabalho e também a maneira como
a audiência consome as informações produzidas pelas mídias. Os jornalistas de jornais
impressos hoje escrevem para a internet, produzem material audiovisual e são também
apresentadores de programas e mediadores de debates.
Um questionamento comum na popularização da internet anos 2000 era a
possível derrocada das mídias tradicionais frente à internet. Jenkins (2008) responde de
uma maneira clara que nenhum meio tradicional irá morrer, o que mudará é a maneira
com que os usuários lidariam com a convergência das mídias e o seu consumo.
Um fator favorável à implantação de TVs online, além das facilidades da
internet, está no barateamento dos equipamentos profissionais e os diversos gadgets
disponíveis no mercado. Qualquer pessoa com um celular com câmera hoje pode
produzir um material independente e divulgar sua produção com o mundo.
O desafio do profissional de jornalismo hoje não é mais técnico - afinal pode-se
fazer muito com pouco - mas sim a inovação de formatos e textos priorizando o
interesse a interação com o público. A análise das novas linguagens e discursos trazidos
pelas TVs Online será a próxima etapa da pesquisa que motivou os autores a construir o
presente artigo.
13
http://www.youtube.com/user/Folha
http://www.youtube.com/user/estadao
15
http://www.youtube.com/user/chamadaszh
14
As produções podem ser veiculadas de forma unitária ou integradas a outros
conteúdos, em diversos meios relacionados ao assunto abordado. Pode-se perceber com
isso o início de um processo de convergência de mídias: TV Folha, TV Estadão e
ZHTV passam a produzir conteúdos que serão agregados em diferentes meios, reunindo
jornalistas de diferentes áreas para a produção de uma mesma matéria ou especial. Além
disso, estão instrumentalizando profissionais na cobertura multimídia de eventos.
Refer ências
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