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Luz, Câmera... Educação! GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Governador José Serra Vice-Governador Alberto Goldman Secretária da Educação Maria Helena Guimarães de Castro GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO Secretária-Adjunta Iara Gloria Areias Prado Chefe de Gabinete Fernando Padula Coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas Valéria de Souza FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO Presidente Fábio Bonini Simões de Lima Chefe de Gabinete Richard Vainberg Diretora de Projetos Especiais Claudia Rosenberg Aratangy Gerente de Educação e Cultura Devanil Tozzi Caderno de Cinema do Professor Um Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Praça da República, 53 – Centro 01045-903 – São Paulo – SP Telefone: 11 3218-2000 www.educacao.sp.gov.br Fundação para o Desenvolvimento da Educação Avenida São Luiz, 99 – Centro 01046-001 – São Paulo – SP Telefone: 11 3158-4000 www.fde.sp.gov.br São Paulo, 2008 O Cinema Vai à Escola para ampliar o currículo A o฀ convidar฀ o฀ cinema฀ para฀ vir฀ à฀ escola,฀ esta฀ Secretaria฀ reafirma฀sua฀disposição฀em฀articular฀questões฀polêmicas฀ e฀relevantes฀da฀contemporaneidade฀com฀o฀currículo฀e฀a฀sua฀ concretização฀em฀sala฀de฀aula. Este฀Caderno,฀e฀os฀filmes฀que฀o฀acompanham,฀constituem฀ mais฀um฀material฀de฀apoio฀àqueles฀que฀estão฀implantando฀a฀ Proposta฀Curricular฀e฀querem฀aprofundar฀os฀temas฀presentes฀ nos฀cadernos฀da฀proposta฀tendo฀a฀sétima฀arte฀como฀aliada.฀ Temas฀ transversais฀ e฀ conteúdos฀ interdisciplinares฀ ganham฀uma฀abordagem฀mais฀inspiradora฀e฀dinâmica,฀adequada฀ao฀público฀jovem฀a฀que฀se฀destinam. Assuntos฀delicados฀฀e฀complexos฀como฀preconceito,฀vioCatalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas S239c São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Caderno de cinema do professor: um / Secretaria da Educação, Fundação para o Desenvolvimento da Educação; organização, Devanil Tozzi ... [e outros]. - São Paulo : FDE, 2008. 128 p. : il. Parte integrante do Projeto “O cinema vai à escola - a linguagem cinematográfica na Educação”, que faz parte do Programa “Cultura é Currículo”. 1. Cinema e Educação 2. Recursos audiovisuais 3. Ensino médio. I. Fundação para o Desenvolvimento da Educação. II. Tozzi, Devanil. III. Título. CDU: 37:791.43 lência,฀exclusão฀social,฀sexualidade,฀injustiça,฀entre฀tantos฀outros,฀fazem฀parte฀do฀cotidiano฀dos฀jovens฀e฀de฀seus฀professores฀ que,฀como฀todos฀nós,฀têm฀dificuldades฀em฀lidar฀com฀eles.฀Os฀ filmes฀permitem฀que฀nos฀aproximemos฀deles฀de฀uma฀maneira฀ímpar:฀testemunhamos฀situações฀chocantes,฀que฀nos฀obrigam฀a฀refletir,฀observamos฀modos฀de฀vida,฀que฀nos฀aguçam฀a฀ curiosidade,฀presenciamos฀diálogos,฀que฀nos฀despertam฀para฀ o฀ nosso฀ próprio฀ preconceito.฀ Os฀ textos฀ e฀ orientações฀ deste฀ Caderno฀visam,฀justamente,฀dar฀instrumentos฀para฀que฀você,฀ professor,฀possa฀mediar฀essas฀discussões. Aprender com emoção, suspense e aventura E฀não฀se฀trata฀apenas฀de฀aprender฀mais฀e฀melhor฀os฀conteúdos฀curriculares,฀mas฀também฀de฀ampliar฀os฀conhecimentos฀em฀relação฀à฀própria฀linguagem฀cinematográfica฀—฀saber฀ como฀ ver฀ e฀ apreciar฀ filmes฀ dos฀ mais฀ diferentes฀ tipos฀ e฀ não฀ apenas฀aqueles฀veiculados฀pelos฀canais฀de฀televisão. Como฀a฀literatura,฀o฀cinema฀também฀é฀capaz฀de฀nos฀tornar฀seres฀humanos฀melhores.฀ Acreditamos฀que฀todos฀—฀alunos฀e฀professores฀—฀se฀beneficiarão฀desta฀entrada฀do฀cinema฀na฀escola. Boas฀sessões฀e฀boas฀discussões! A฀ Secretaria฀ da฀ Educação฀ do฀ Estado฀ de฀ São฀ Paulo,฀ por฀ meio฀da฀Diretoria฀de฀Projetos฀Especiais฀–฀DPE฀da฀Funda- ção฀para฀o฀Desenvolvimento฀da฀Educação฀–฀FDE,฀dando฀continuidade฀à฀política฀de฀dotar฀a฀rede฀pública฀paulista฀de฀ensino฀ com฀ materiais,฀ equipamentos฀ e฀ recursos฀ didáticos฀ de฀ qualidade,฀envia฀às฀escolas฀que฀mantêm฀Ensino฀Médio฀um฀acervo฀ Maria฀Helena฀Guimarães฀de฀Castro composto฀por฀vinte฀filmes,฀em฀DVD,฀de฀diferentes฀linhas฀ci- Secretária฀da฀Educação฀do฀Estado฀de฀São฀Paulo฀ nematográficas฀e฀gêneros,฀e฀ainda฀o฀DVD฀Luz,฀Câmera...฀Educação!,฀que฀aborda฀o฀cinema,฀seus฀códigos฀e฀artifícios฀com฀o฀ intuito฀de฀apurar฀o฀olhar฀reflexivo฀do฀aluno฀espectador.฀ O฀Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀foi฀idealizado฀para฀ dar฀suporte฀na฀utilização฀deste฀material฀em฀toda฀sua฀potencialidade฀ educativa,฀ pois฀ articula฀ o฀ currículo฀ escolar฀ com฀ questões฀ socioculturais฀ da฀ atualidade฀ de฀ uma฀ maneira฀ instigante.฀ Os฀ roteiros฀ para฀ discussão฀ dos฀ filmes฀ convidam฀ à฀ reflexão,฀ sugerem฀ pontos฀ de฀ vista฀ para฀ observação,฀ lançam฀ temas฀para฀debates,฀criam฀polêmicas฀que฀desafiam฀estudantes฀e฀professores฀a฀encontrar฀respostas฀e฀buscar฀explicações฀ e,฀ principalmente,฀ formular฀ novas฀ perguntas฀ para฀ entender฀ mais฀sobre฀o฀mundo.฀ O฀projeto฀O฀Cinema฀Vai฀à฀Escola฀–฀A฀Linguagem฀Cinematográfica฀na฀Educação,฀que฀faz฀parte฀do฀programa฀Cultura฀é฀Currículo,฀ Sumário pretende฀qualificar฀e฀ampliar฀o฀conhecimento฀dos฀alunos฀do฀ Ensino฀Médio฀sobre฀a฀produção฀cinematográfica.฀Muito฀embora฀o฀acesso฀aos฀filmes฀tenha฀sido฀democratizado฀pelos฀canais฀ de฀TV฀e฀pelas฀locadoras฀de฀DVDs,฀ele฀freqüentemente฀se฀res- Os filmes 14 tringe฀a฀um฀só฀tipo฀de฀produção฀cinematográfica.฀Por฀meio฀de฀ A Cor do Paraíso 15 filmes฀de฀diferentes฀épocas,฀gêneros฀e฀nacionalidades,฀o฀Pro- A Rosa Púrpura do Cairo 19 jeto฀ propõe฀ que,฀ com฀ a฀ mediação฀ dos฀ professores,฀ os฀ alunos฀ Arquitetura da Destruição 23 Bendito Fruto 28 aprimorem฀seu฀senso฀estético฀e฀sua฀atitude฀crítico-reflexiva.฀ Escolher฀as฀obras฀para฀tais฀propósitos฀não฀foi฀tarefa฀simples.฀ Foram฀ realizados฀ estudos฀ e฀ pesquisa,฀ por฀ amostragem,฀ Billy Elliot 32 Cantando na Chuva 36 Cinema, Aspirinas e Urubus 41 com฀ alunos฀ e฀ educadores฀ da฀ rede฀ pública฀ do฀ Ensino฀ Médio,฀ Crash, No Limite 45 bem฀como฀com฀especialistas฀em฀cinema฀e฀em฀educação,฀que฀ Crianças Invísiveis 50 assistiram฀a฀centenas฀de฀filmes฀antes฀de฀chegar฀à฀seleção฀final. Diários de Motocicleta 55 Final Fantasy 60 Frankenstein 64 Língua, Vidas em Português 69 Narradores de Javé 72 O Fim e o Princípio 77 O Pagador de Promessas 82 O Planeta Branco 87 Putz! A Coisa Tá Feia 91 Terra de Ninguém 96 Vida de Menina 101 Mas฀não฀basta฀enviar฀materiais฀para฀a฀escola.฀Neste฀caso,฀ em฀ particular,฀ é฀ preciso฀ um฀ esforço฀ de฀ todos฀ os฀ educadores฀ para฀que฀este฀conjunto฀ganhe฀vida฀no฀ambiente฀escolar฀e฀traduza฀universos฀culturais฀importantes฀na฀compreensão฀do฀mundo. Acreditamos฀ que,฀ tanto฀ pela฀ qualidade฀ dos฀ filmes฀ selecionados,฀ como฀ do฀ material฀ de฀ apoio,฀ alunos฀ e฀ professores฀ poderão฀desfrutar฀e฀aprender฀com฀muita฀emoção,฀suspense฀ e฀aventura! Fábio฀Bonini฀Simões฀de฀Lima Algumas marcas do projeto 106 Frases sobre cinema 110 Mais filmes, outras descobertas... 120 Presidente฀da฀FDE Claudia฀Rosenberg฀Aratangy Diretora฀de฀Projetos฀Especiais฀FDE Prezado฀Professor,฀Prezada฀Professora Os฀filmes฀que฀você฀recebeu฀foram฀selecionados฀tendo-se฀em฀vista฀sua฀potencialidade฀como฀recurso฀para฀diversificar฀e฀tornar฀mais฀ interessante฀ o฀ tratamento฀ de฀ conteúdos฀ curriculares.฀ Atribuindo฀ igual฀importância,฀pretende-se฀a฀ampliação฀da฀experiência฀estética฀ e฀cultural฀dos฀alunos,฀de฀forma฀que฀a฀interação฀com฀esse฀material฀ contribua฀para฀o฀trabalho฀da฀escola฀de฀“aprimoramento฀do฀educando฀como฀pessoa฀humana,฀incluindo฀a฀formação฀ética฀e฀o฀desenvolvimento฀da฀autonomia฀intelectual฀e฀do฀pensamento฀crítico”,฀um฀dos฀ objetivos฀do฀Ensino฀Médio,฀definidos฀para฀a฀formação฀dos฀jovens฀e฀ pela฀LDB฀nº฀9394/96. Assim,฀a฀seleção฀dos฀títulos฀teve฀como฀critérios฀primeiros฀a฀reconhecida฀ qualidade฀ estética฀ do฀ filme,฀ sua฀ potencialidade฀ para฀ o฀ estabelecimento฀de฀relações฀significativas฀com฀objetos฀do฀conhecimento฀de฀áreas฀curriculares฀e฀sua฀capacidade฀de฀provocar฀leituras฀e฀ reflexões฀críticas฀sobre฀o฀mundo.฀Derivando฀dessa฀primeira฀ordem฀ de฀fundamentos,฀outro฀foi฀definido:฀privilegiar฀a฀diversidade,฀seja฀ em฀relação฀a฀temas,฀a฀escolhas฀estéticas฀de฀seus฀realizadores,฀à฀representatividade฀de฀momentos฀da฀história฀do฀cinema฀ou฀à฀origem฀ dos฀realizadores. Desse฀modo,฀o฀conjunto฀de฀filmes฀inclui: •฀ produções฀de฀diferentes฀épocas฀e฀escolas฀cinematográficas; •฀ produções฀de฀diferentes฀gêneros฀(documentário,฀ficção,฀cinebiografia,฀comédia,฀drama,฀suspense,฀etc.); •฀ produções฀de฀diferentes฀países. 8 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 9 Além฀desses฀critérios,฀optou-se฀por฀filmes฀que฀não฀foram฀exibidos฀exaustivamente฀pela฀televisão. aborda-se฀a฀questão฀da฀organização฀do฀trabalho฀em฀conjunto฀pelos฀ professores. No฀sentido฀de฀contribuir฀com฀os฀professores฀no฀uso฀significati- Resgatando฀as฀orientações฀constantes฀nesse฀item฀dos฀roteiros,฀ vo฀e฀relevante฀desse฀recurso฀no฀seu฀trabalho฀de฀sala฀de฀aula,฀foram฀ reafirma-se฀aqui฀a฀importância฀do฀planejamento฀porque,฀depois฀de฀ elaborados฀ uma฀ ficha฀ e฀ um฀ roteiro฀ para฀ subsidiarem฀ o฀ trabalho฀ exibido฀o฀filme฀aos฀alunos,฀é฀imprescindível฀uma฀leitura฀da฀obra,฀ com฀cada฀filme. buscando฀ sua฀ compreensão.฀ Esse฀ é฀ o฀ momento฀ do฀ debate฀ e฀ uma฀ A฀ primeira฀ –฀ a฀ ficha฀ técnica฀ –฀ traz฀ informações฀ gerais฀ sobre฀ oportunidade฀para฀trabalhar฀os฀temas฀transversais. a฀ produção,฀ créditos฀ dos฀ realizadores,฀ elenco,฀ sinopse฀ do฀ filme฀ e฀ Recomenda-se,฀então,฀que฀professores฀definam฀qual฀deles฀fará฀ curiosidades,฀que฀servem฀como฀primeira฀referência฀para฀a฀defini- essa฀ leitura฀ inicial฀ do฀ filme฀ para฀ que,฀ posteriormente,฀ em฀ outras฀ ção฀do฀trabalho฀do฀professor.฀Parte฀desse฀conteúdo฀foi฀retirada฀do฀ situações฀ de฀ aprendizagem,฀ possam฀ ser฀ retomadas,฀ se฀ necessário,฀ próprio฀material฀de฀divulgação฀dos฀filmes. seqüências,฀ imagens,฀ etc.,฀ para฀ o฀ trabalho฀ específico฀ de฀ cada฀ dis- O฀ segundo฀ –฀ algumas฀ possibilidades฀ de฀ trabalho฀ com฀ o฀ filme฀ ciplina.฀A฀definição฀de฀qual฀professor฀iniciará฀o฀trabalho฀com฀um฀ –฀ apresenta฀ orientações฀ para฀ o฀ desenvolvimento฀ de฀ atividades฀ em฀ determinado฀filme฀depende฀do฀encadeamento฀das฀atividades฀que฀ sala฀de฀aula.฀ cada฀um฀está฀propondo฀e฀da฀sua฀temática,฀levando-se฀em฀conta฀que฀ Apesar฀da฀diversidade฀em฀relação฀às฀potencialidades฀para฀o฀trabalho฀pedagógico฀desses฀vinte฀filmes฀estar฀refletida฀nas฀orientações฀ apresentadas,฀todos฀os฀roteiros฀contêm: em฀alguns฀casos฀a฀primeira฀leitura฀da฀obra฀já฀envolve฀o฀tratamento฀ de฀conteúdos฀de฀disciplinas. Pelo฀fato฀de฀a฀análise฀de฀obras฀cinematográficas฀implicar฀reflexão฀sobre฀valores,฀realidades,฀ideologias,฀sentimentos,฀enfim,฀sobre฀ Proposição฀ de฀ áreas฀ curriculares,฀ disciplinas,฀ assuntos฀ e฀ te- a฀vida฀e฀sobre฀o฀mundo,฀nesse฀item฀do฀roteiro฀são฀sugeridas฀algu- mas:฀ são฀ sugeridas฀ as฀ áreas฀ e฀ disciplinas฀ curriculares฀ que฀ podem฀ mas฀chaves฀de฀leitura฀que฀poderão฀ajudar฀o฀professor฀na฀condução฀ desenvolver฀ um฀ trabalho฀ pedagógico฀ com฀ o฀ filme฀ e฀ também฀ são฀ de฀um฀debate฀crítico.฀Evidentemente,฀não฀existe฀uma฀única฀leitura฀ indicados฀assuntos฀e฀temas฀que฀podem฀ser฀abordados. de฀uma฀obra฀de฀arte.฀Contudo,฀o฀professor฀precisa฀preparar-se฀para฀ conduzir฀ a฀ discussão฀ sobre฀ o฀ filme฀ de฀ forma฀ a฀ que฀ não฀ imperem฀ Orientações฀ preliminares:฀ dizem฀ respeito฀ a฀ atividades฀ pre- análises฀preconceituosas,฀pensamentos฀autoritários,฀visões฀ingênu- paratórias฀e฀também฀a฀assuntos฀que฀podem฀ser฀tratados฀antes฀ou฀ as.฀A฀atitude฀crítica฀do฀professor฀ajudará฀muito฀a฀tornar฀essa฀leitura฀ logo฀depois฀de฀os฀alunos฀assistirem฀ao฀filme.฀Assim,฀pressupondo฀ pertinente฀e฀profícua. que฀o฀professor฀tenha฀assistido฀ao฀filme฀–฀atividade฀imprescindível฀ para฀que฀possa฀confirmar฀a฀sua฀escolha฀e฀planejar฀seu฀trabalho฀–,฀ 10 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 11 Atividades฀das฀disciplinas:฀apresenta฀um฀elenco฀de฀atividades฀ para฀desenvolvimento฀do฀trabalho฀pelas฀disciplinas,฀sem฀indicar฀nenhuma฀ordenação. Um฀ tipo฀ de฀ atividade฀ que฀ pode฀ ser฀ encontrada฀ nas฀ fi฀chas฀ é฀ a฀ análise฀ de฀ aspectos฀ da฀ linguagem฀ cinematográfi฀ca,฀ como,฀ por฀ exemplo,฀o฀uso฀simbólico฀de฀imagens฀e฀de฀recursos฀utilizados,฀como฀ cenário,฀trilha฀sonora,฀fotografi฀a,฀diálogo,฀etc.฀Essas฀atividades฀visam,฀ principalmente,฀ facilitar฀ uma฀ possível฀ leitura฀ da฀ linguagem฀ cinematográfi฀ca. Debates,฀seminários,฀painéis฀são฀algumas฀atividades฀propostas฀ com฀o฀objetivo฀de,฀entre฀outras,฀desenvolver฀o฀espírito฀crítico฀e฀a฀ competência฀da฀expressão฀oral. Outro฀tipo฀de฀atividade฀sugerida฀é฀a฀de฀pesquisa฀para฀o฀aprofundamento฀de฀temas,฀fatos,฀contextos฀históricos,฀etc.฀São฀atividades฀ que฀visam฀ao฀aprofundamento฀de฀determinados฀conceitos฀e฀ao฀desenvolvimento฀de฀habilidades฀e฀da฀competência฀leitora฀e฀escritora.฀ Com฀o฀mesmo฀objetivo,฀atividades฀de฀escrita฀de฀diferentes฀gêneros฀também฀são฀propostas,฀tais฀como฀criação฀coletiva฀de฀uma฀história,฀elaboração฀de฀crítica฀cinematográfi฀ca,฀de฀resumos,฀etc. Concluindo,฀ as฀ atividades฀ indicadas฀ no฀ roteiro,฀ geradas฀ na฀ e฀ pela฀leitura฀dos฀fi฀lmes,฀revelam฀uma฀abordagem฀em฀diversas฀perspectivas,฀ indicam฀ diferentes฀ procedimentos฀ de฀ ensino/situações฀ de฀aprendizagem.฀Mas,฀é฀importante฀afi฀rmar,฀essas฀sugestões฀não฀ pretendem฀englobar฀todas฀as฀possibilidades฀de฀trabalho฀com฀esses฀ fi฀lmes.฀Acredita-se฀que฀os฀professores฀irão,฀em฀muito,฀ampliá-las. Vale฀ressaltar,฀ainda,฀que,฀qualquer฀que฀seja฀a฀opção฀do฀professor,฀a฀conclusão฀dos฀trabalhos฀é฀decisiva฀para฀provocar฀mudanças฀ signifi฀cativas฀na฀formação฀dos฀alunos. 12 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ A Cor do Paraíso (Rang-E-Khoda) Gênero: Drama Duração: 86 minutos Lançamento: 1999 Produção: Irã Classificação etária: Livre Os filmes Ficha técnica Direção e roteiro: Majid Majidi Produção: Mehdi Karimi, Ali Kalij Fotografia: Mohammad Davoodi Música: Alireza Kohandari Edição: Hassan Hassandoost Elenco Hossein Mahjoub - Pai Mohsen Ramezani - Mohammad Salime Feizi - Avó Farahnaz Safári – Irmã mais velha Elham Sharifi – Irmã mais nova O filme Produção iraniana que recebeu muitos prêmios mundo afora, A Cor do Paraíso narra a comovente história de Mohammad, um menino cego que mora numa escola para deficientes visuais e que, nas férias, volta para seu vilarejo nas montanhas, onde convive com as irmãs e sua adorada avó. O pai, que é viúvo, se prepara para casar-se novamente e encara a presença do menino como um estorvo para a nova vida que pretende levar. Curiosidades • O cinema iraniano ganhou grande visibilidade a partir dos anos 1990, principalmente no circuito europeu de festivais. • Vários sucessos internacionais dos cineastas desse país ainda estão censurados dentro do próprio Irã. • Os diretores mais conceituados são Abas Kiarostami, Jafar Panahi, Mohsen Makhmalbaf e sua filha Samira Makhmalbaf, mas Majid Majidi é o que teve maior aceitação no ocidente, a partir do sucesso de Filhos do Paraíso. Luz,฀Câmera...฀Educação! 15 Algumas possibilidades de trabalho com o filme A Cor do Paraíso • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa / Filosofia Tema: Ética e Cidadania (Exclusão / Inclusão Social) Mohammad se sentia na escola especializada para deficientes e na escola comum, e tente concluir qual seria a melhor escola para Mohammad e por quê. Mohammad é um garoto que tem uma sensibilidade apurada a respeito de sentir o mundo. Discuta com seus alunos como Mohammad “vê o mundo” e o que significa o “paraíso” para ele. Que lição é possível aprender com Mohammad? Orientações preliminares O filme é de origem iraniana. Por esse motivo, antes da exibição, recomenda-se apresentar as informações da ficha técnica, bem como chamar a atenção dos alunos para os aspectos fílmicos, tais como: fotografia, ritmo, cenário, etc. Entre os aspectos fílmicos: o diálogo, a trilha sonora e os cenários, o que chamou a atenção dos alunos? Promova um debate com os alunos a respeito das seguintes questões: Atividades Recupere os principais momentos do filme com seus alunos: oralmente, por escrito, a partir dos capítulos do DVD, etc., a fim de que cada um possa expressar o que entendeu sobre o filme. Explore alguns momentos, de modo que os alunos possam identificar situações típicas de exclusão e de inclusão social. Pergunte para os alunos o que eles entendem por exclusão social e por inclusão social. Na lousa, registre a definição dos alunos, produzindo um texto coletivo. Peça para os alunos consultarem esse conceito, utilizando preferencialmente um dicionário da área de Ciências Humanas. Compare as definições. Peça aos alunos para exemplificarem, a partir de diferentes contextos sociais reais, situações de exclusão e inclusão social. A personagem principal – Mohammad (Mohsen Ramezani) – teve experiências diferenciadas com relação à escola. Discuta com os alunos como 16 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ • • Para as pessoas que têm a visão perfeita: “Ver” e “enxergar” têm o mesmo sentido? Justifique a resposta. Em determinadas situações comuns da vida, passamos perto de alguma coisa ou de pessoa e não a enxergamos. a) Que situações são essas e por que isso acontece? b) Esse comportamento sempre foi assim ou é típico da sociedade contemporânea? Em grupos de 5 ou 6 alunos, peça a eles que discutam as questões abaixo e registrem as respostas. • Relacione diferentes situações de vida que deixamos de viver intensamente pelo fato de não as enxergarmos. • Pesquise uma letra de música, uma poesia, um painel, uma figura, um trecho de outro filme, uma obra de arte, etc. que possa representar uma dessas situações da vida que deixamos de viver intensamente pelo fato de não as enxergarmos. Luz,฀Câmera...฀Educação! 17 A Rosa Púrpura do Cairo Cada grupo deverá fazer a exposição para a classe sobre o resultado da pesquisa do grupo. Caso os alunos tenham acesso à obra Manuelzão e Miguilim, de João Guimarães Rosa, poderia ser feito um paralelo entre as histórias dos dois protagonistas: Mohammad e Miguilim. Esse trabalho poderia realizar-se em grupos de 4 ou 5 alunos ou ainda coletivamente sob a coordenação do professor. (The Purple Rose of Cairo) Individualmente, peça aos alunos para registrarem uma passagem do filme que mais impressionou a eles e por quê, socializando as produções com os colegas da turma. Gênero: Comédia Duração: 72 minutos Lançamento: 1985 Produção: EUA Classificação etária: 12 anos Outras possibilidades de trabalho: • • • Em grupo, os alunos poderiam: eleger, a partir do entorno social da escola, situações representativas de exclusão e de inclusão social; criar mecanismos para maximizar a inclusão social e minimizar as situações consideradas de exclusão social, a fim de melhorar ou até mesmo de reverter o quadro da exclusão do entorno social; divulgar para a comunidade escolar, por meio de exposição com fotos, cartazes, etc., as ações que os alunos julgaram necessárias para maximizar a inclusão e minimizar/reverter o quadro da exclusão do entorno social. Se possível, organize um debate convidando as instituições representativas dos diferentes setores sociais envolvidos. Ficha técnica: Direção e roteiro: Woody Allen Produção: Robert Greenhut Fotografia: Gordon Willis Edição: Susan E. Morse Elenco Mia Farrow – Cecília Jeff Daniels – Tom Baxter / Gil Shepherd Danny Aiello – Monk Irving Metzman – Administrador do cinema Stephanie Farrow – Irmã da Cecília Edward Herrmann – Henry John Wood – Jason Deborah Rush – Rita Van Johnson – Larry O filme Em área pobre de Nova Jersey, durante a Grande Depressão norte-americana, Cecília, uma garçonete que sustenta o marido bêbado e desempregado, que só sabe ser violento e grosseiro, foge da sua triste realidade assistindo a filmes. Mas ao ver pela quinta vez A Rosa Púrpura do Cairo acontece o impossível! Quando o herói da fita sai da tela para declarar seu amor por Cecília, isto provoca um tumulto nos outros atores do filme. Logo o ator encarna o herói e tenta contornar a situação. Assim, ela se divide entre o ator e o personagem. Curiosidades • • 18 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Ganhou o prêmio Fipresci no Festival de Cannes em 1985. Woody Allen é considerado um dos maiores diretores da atualidade e produziu filmes de grande repercussão, como: Annie Hall, Manhattan e Zelig, entre outros. Luz,฀Câmera...฀Educação! 19 • • Além de escrever roteiros e dirigir, Woody Allen costuma atuar em seus filmes. A Rosa Púrpura do Cairo é considerada uma das mais belas homenagens feitas ao cinema. Algumas possibilidades de trabalho com o filme A Rosa Púrpura do Cairo • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa / Arte / História / Filosofia Tema: Pluralidade Cultural - Metalinguagem e Figuras de Linguagem Orientações preliminares Com A Rosa Púrpura do Cairo, os professores podem trabalhar, a partir da construção de sua narrativa e, também, por intermédio das figuras de linguagem, o deslocamento de situações espaço-temporais, alterações no tempo e no espaço, a mudança de sentido das palavras, usando, por exemplo, figuras de linguagem como a alegoria (uma representação figurativa que transmite um significado outro em adição ao literal), a metáfora (figura de estilo que consiste na comparação entre dois elementos por meio de seus significados imagéticos, causando o efeito de atribuição “inesperada” ou improvável de significados de um termo a outro), e a metonímia (emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles). Atividades É relevante que os alunos conheçam sobre um dos nomes mais importantes da história do cinema: Woody Allen. Nesse sentido, peça para eles pesquisarem, em diferentes fontes, sobre sua cinematografia, socializando as informações com os colegas. Igualmente importante é apresentar a ficha técnica do filme para os alunos. 20 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Após terem assistido ao filme, os professores podem promover uma discussão das seguintes questões com os alunos: O que seria real? O que seria ficção? O que seria realidade? E fantasia, fabulação, sonho? É possível nos deslocarmos para um outro tempo-espaço imaginário? É possível nos deslocarmos de nossa realidade? Em que medida? Qual e como seria o “passaporte” para esse deslocamento? Que “figuras de linguagem” podemos reconhecer nesse filme? Algumas sugestões que podem embasar essa atividade: Explorar algumas passagens do filme que mesclam a relação entre aquilo que é real e ficcional; por exemplo, no momento em que a personagem Tom Braxter, de dentro do filme A Rosa Púrpura do Cairo, passado no cinema de Nova Jersey, fala com a cinéfila Cecília – viciada em filmes hollywoodianos. Todo esse debate em torno do reconhecimento de figuras de linguagem pode ser conduzido pelo professor de Língua Portuguesa. Trabalhar com a linguagem cinematográfica, discutindo, por exemplo, o quanto, nas artes visuais, artistas também se apropriaram de outras obras de arte para realizar as suas. Nesse sentido, a arte tratando da própria arte como assunto ou tema. Pablo Picasso (1881-1973), um artista do século XX, por exemplo, faz referência em suas obras a outros artistas do século XVII, como Diego Velázquez (1599-1660). Uma operação que dialoga com a colagem, a apropriação e “citação”. Trabalhar o período da Grande Depressão nos Estados Unidos, a situação socioeconômica em que cidades como Nova Jersey se encontravam naquele momento histórico: pessoas desempregadas, parques e construções desativadas, ambientes presentes no filme. Além disso, vale a pena discutir com os alunos sobre o papel ambíguo do cinema: escapismo que aliena as pessoas e sonho diante de uma realidade miserável. Nesse particular, pode ser feita uma comparação com as nossas telenovelas. Luz,฀Câmera...฀Educação! 21 Arquitetura da Destruição Explorar a idéia de deslocamento via mito da caverna de Platão, a possibilidade de se desprender do senso comum pela arte. Com esse mito é possível que se discuta a diferença entre o conhecimento pautado no senso comum (no qual podem existir enganos) e o conhecimento filosófico, no qual é possível que se perceba o modo como uma falsa realidade pode nos ser imposta. Somados, as reflexões sobre as questões discutidas com os alunos e o reconhecimento da possibilidade de fusão entre ficção e realidade, a possibilidade de sonho e de deslocamento num momento real historicamente vivido, da arte na própria arte, sugere-se que os alunos criem uma narrativa, individualmente ou em pequenos grupos, um texto que possa mesclar esses ou alguns desses elementos: a metonímia, as figuras de linguagem, a colagem, apropriação, fabulação, deslocamento (Arte), a contextualização histórica de um período peculiar, ou, ainda, o mito da caverna de Platão. Para finalizar, provoque uma discussão com os alunos sobre o filme em questão a respeito de quem viveria mais num mundo de fantasia: o ator (um deslumbrado pela fama) ou o personagem (que é mais crítico do que muitos que vivem na “realidade”)? (Undergangens Arkiektur) Gênero: Documentário Duração: 121 minutos Lançamento: 1989 Produção: Alemanha Narração: Bruno Ganz Classificação etária: 14 anos Ficha técnica Direção, produção, roteiro, edição e trilha sonora: Peter Cohen Fotografia: Mikael Cohen, Gerhard Fromm, Peter Ostlund Trilha sonora: Hector Berlioz O filme Arquitetura da Destruição está consagrado internacionalmente como um dos melhores estudos já feitos sobre o nazismo no cinema. O filme de Peter Cohen lembra que chamar a Hitler de artista medíocre não elimina os estragos provocados por sua estratégia de conquista universal. O veio artístico do arquiteto da destruição tinha grandes pretensões e queria dar uma dimensão absoluta à sua megalomania. Hitler queria ser o senhor do universo, sem descuidar de nenhum detalhe da coreografia que levava as massas à histeria coletiva a cada demonstração. O nazismo tinha como um dos seus princípios fundamentais a missão de embelezar o mundo. Nem que, para tanto, destruísse todo o mundo. Curiosidades Vale ressaltar que Adolf Hitler era, ele mesmo, um apreciador das possibilidades do cinema. Tanto que contratou a cineasta alemã Leni Riefenstahl para realizar filmes de propaganda sobre o III Reich. Leni acabou realizando, entre outros, um dos maiores clássicos do documentário mundial, O Triunfo 22 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 23 da Vontade (1935), onde mostrava convenção anual do partido nazista em Nurembergue, em 1934. Execrável do ponto de vista ideológico e humanitário, o cinema de Leni acabou por se tornar admirável do ponto de vista estético. (sete anos) que o diretor Peter Cohen usou para embasar o documentário. Outra questão importante é a visão cruel e distorcida do uso da destruição para a construção de outra sociedade. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Arquitetura da Destruição Dando início à seqüência didática propriamente dita, apresente aos alunos uma reprodução da tela Guernica3. Faça com eles a “leitura” e a interpretação da obra4. • • • A seguir, exiba os trechos sugeridos do filme, solicitando aos alunos que fiquem atentos à comparação entre as duas visões de mundo representadas por ambas as correntes artísticas. É fundamental que sejam lançadas questões aos alunos: • Como são as obras ditas degeneradas? • Qual foi a relação feita pelos nazistas entre esta corrente artística e a sociedade em que viviam? • E as obras da “Grande Exposição de Arte Alemã”, como são? Áreas curriculares: Ciências Humanas e Linguagens e Códigos Sugestão de disciplinas: História e Arte Temas: Ética e Pluralidade Cultural (Regimes totalitários – o nazismo, Segunda Guerra Mundial1, Respeito mútuo, Justiça, Percepção da produção artística como forma de expressão) Orientações preliminares Arquitetura da Destruição é um documentário com cerca de duas horas de duração, por isso sugere-se o recorte de momentos considerados de merecido destaque. Aqui se indica o trecho2 do filme que fala da “arte degenerada” (aos 12 minutos) e de um dos trechos em que são mostradas as obras das “Grandes Exposições de Arte Alemã” (por exemplo, a de 1938, capítulo 5, aos 44 minutos). Atividades Como sensibilização, exiba a apresentação de Leon Cakoff (extras do DVD), chamando atenção para várias questões, entre as quais o tempo de pesquisa 1 Levando-se em conta a estrutura da Proposta Curricular de História, considera-se que a atividade ora sugerida é aconselhada para a 3ª série do Ensino Médio, já que no dois primeiros bimestres há a proposição do trabalho com os conteúdos aqui apontados, temas que permitem o desenvolvimento de habilidades como selecionar, relacionar e interpretar dados e informações de diferentes formas. 2 A despeito da opção pelo recorte do filme, é importante que, dentro das possibilidades, os alunos tenham acesso à obra completa. 24 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ 3 Tela cubista de Pablo Picasso (1937), que retrata o ataque das forças alemãs à capital da região basca que dá nome ao quadro, sob as ordens do ditador espanhol Franco. 4 Após levantamento coletivo dos elementos que compõem a obra (leitura iconográfica ou formal da obra), trabalhe com questões como (leitura iconológica ou interpretativa da obra): Qual poderia ser o significado da língua em forma de punhal da mãe com o filho morto no colo? (seria uma alusão à dor intensa da personagem, que acaba de perder seu bem mais precioso). O que poderia querer dizer o cavalo no centro da obra? (representaria o povo espanhol, dilacerado em sua luta). O que faz o touro no canto superior esquerdo? (representaria a brutalidade da situação vivida pela população espanhola de Guernica, representada pelo touro, animal tão caro ao povo da Espanha). E a lâmpada no centro da tela, o que quer dizer? (seria a luz Divina onisciente, mas que permite ao Homem exercer seu livre arbítrio?). E por último, a singela flor presente na pintura, o que faz ali? (representaria a esperança que sempre resiste?). • Qual foi a relação estabelecida pelo nazismo entre esta corrente com a sociedade que desejavam alcançar (ordem, limpeza e perfeição)? É propício que você, professor, elabore outras questões que julgue necessárias. À medida que os alunos forem dando as respostas, anote-as na lousa, pedindo a todos que as escrevam em seus cadernos. Peça que falem sobre suas impressões, corrija colocações equivocadas, explique pontos que considere importantes e que não tenham sido mencionados pelos alunos. Em seguida, solicite aos alunos que produzam um texto onde exponham sua opinião sobre a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, o papel da arte alemã do período e de obras como a de Picasso nesse contexto. Como último momento, compare o conhecimento que os alunos tinham no início e o que foi ampliado, ressaltando principalmente a Segunda Guerra Mundial e suas conseqüências e a importância da Arte nesse contexto. Solicite que os alunos exponham suas impressões respondendo à questão: Quais são as diferenças entre Guernica e as obras da “Grande Exposição”? 5 Solicite aos alunos que leiam em seu livro didático6 o texto sobre o período entreguerras e converse com eles, relatando alguns dos fatores que levaram à Segunda Guerra Mundial, sobre seu desenvolvimento e sobre o Holocausto7. 5 Faça-os perceber que são obras totalmente diferentes, pois enquanto a tela de Picasso pretende expor a morte, a destruição e a dor causada pelos nazistas em seu país (a Espanha), as criações presentes nos Salões buscam formar o imaginário do povo alemão pautado na superioridade da raça ariana, nestas obras representada pela beleza e perfeição, em uma clara contraposição à sociedade “impura”, representada por ciganos, portadores de necessidades especiais, judeus, homossexuais e outros. 6 Mas lembre-se de trabalhar de forma a ativar as estratégias de leitura que se aplicam quando se lê (antecipação, inferência, seleção, checagem e decodificação), pedindo que falem o que já sabem sobre este fato antes da leitura, indicando que busquem no texto elementos externos a ele que os ajudem a entendê-lo melhor (títulos, subtítulos, fotos, mapas, gráficos, legendas, etc.), solicitando que relacionem o que estiverem lendo com o que já viram nos trechos do filme, na tela de Picasso, em outras leituras e no que já foi discutido e apresentado por você. 7 As imposições presentes no Tratado de Versalhes, a situação vivida pela Alemanha no período entreguerras, o papel de Hitler nesse contexto, a responsabilização dos judeus pela crise alemã. 26 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 27 Bendito Fruto Algumas possibilidades de trabalho com o filme Bendito Fruto • • Gênero: Drama Duração: 90 minutos Lançamento: 2004 Produção: Brasil Classificação etária: 10 anos Ficha técnica Direção: Sérgio Goldenberg Roteiro: Rosane Lima e Sérgio Goldenberg Produção: Martha Ferraris Fotografia: Antônio Luís Mendes Música: Fernando Moura Elenco Otávio Augusto – Edgar Zezeh Barbosa – Maria Vera Holtz – Virgínia Lúcia Alves – Telma Camila Pitanga – Choquita Eduardo Moscovis - Marcelo Monte Enrique Diaz Evandro Machado – Anderson O filme A explosão da tampa de um bueiro em Botafogo, no Rio de Janeiro, acaba reaproximando o cabeleireiro Edgar e Virgínia, sua antiga colega de escola. Isso basta para mudar a vida de ambos e refletir nas pessoas que estão em sua volta. Bendito Fruto trata do que poucos filmes tratam: pequenas histórias de gente comum. Curiosidades Bendito Fruto, como uma infinidade de filmes, foi inspirado em uma notícia de jornal, no caso um vazamento de gás seguido de explosão, que arremessou uma tampa de bueiro sobre um táxi, no Rio de Janeiro. Vários roteiristas de cinema já declararam que tiveram suas idéias a partir de algum pequeno relato em um periódico. 28 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ • Áreas curriculares: Códigos e Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza Sugestão de disciplinas: História, Geografia, Biologia, Língua Portuguesa, Arte Temas: Pluralidade Cultural, Cidadania, Saúde, Ética (Vida urbana, Linguagem do cotidiano, Mito da democracia racial, Discriminação racial e sexual) Orientações preliminares Levando-se em consideração que o filme aborda temáticas da vida cotidiana, tais como a família, a questão racial, os valores morais, a saúde, a vulnerabilidade social, entre outras, recomenda-se, a princípio, que a equipe docente discuta e defina que disciplinas trabalharão com quais temáticas. É recomendável também que a equipe docente planeje as possíveis intersecções e desdobramentos que poderão emergir a partir das discussões com os alunos, sem, contudo, perder de vista o foco geral do trabalho, os objetivos a serem alcançados com a projeção, os interesses e as necessidades do público-alvo. Antes da exibição do filme, é importante apresentar para os alunos as informações da ficha técnica, bem como o planejamento do trabalho a ser desenvolvido em cada disciplina. Atividades A princípio, após a exibição do filme, sugere-se que um dos professores coordene a discussão coletiva sobre o filme como obra cinematográfica. Nesse sentido, alguns pontos poderão ser ressaltados, tais como: • a escolha do local onde o filme foi produzido, bem como a caracterização dos diferentes ambientes; Luz,฀Câmera...฀Educação! 29 • • • • a escolha dos atores para representação e caracterização dos principais personagens; a escolha dos temas, a narrativa e seu desenvolvimento; os detalhes do cenário, o figurino e os diálogos; a trilha sonora. A seguir, encontram-se algumas possibilidades de trabalho a partir das temáticas apresentadas no filme. É válido considerar que cada espectador fez sua leitura do filme e teve visões diferentes, baseando-se provavelmente na sua própria realidade. Assim sendo, sugere-se que, para cada temática trabalhada nas diferentes disciplinas, os alunos possam ter momentos de discussão coletiva e em pequenos grupos, a fim de garantir que o ponto de vista de cada aluno tenha seu espaço. Igualmente importante é o registro da conclusão dos alunos, a fim de facilitar o intercâmbio de idéias e a provocação de mudanças significativas na formação e no comportamento deles diante de questões sociais discutidas. A questão racial Discussão com os educandos sobre a condição dos personagens negros e seus descendentes, sobre a preservação do estigma da “serventia” e se o racismo apresenta-se de forma velada ou explícita. Peça a eles para justificarem seus posicionamentos baseando-se em cenas e/ou diálogos do filme. Para incrementar as discussões sobre o racismo e o mito da democracia racial, utilize excertos de Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre1. E no nosso dia-a-dia de pessoas comuns: como a democracia racial se apresenta na sociedade brasileira? Ela é um fato ou um mito? Peça aos alunos para justificarem suas respostas baseando-se nas falas dos personagens. A discriminação sexual Como o homossexualismo é visto pela sociedade, representada pelo personagem Virgínia (Vera Holtz), e pela família, representada por Maria (Zezeh Barbosa) e Edgar (Otávio Augusto)? Peça aos alunos para fazerem um paralelo entre as visões postas no filme e as visões da nossa sociedade e das nossas famílias com relação ao homossexualismo. A constituição familiar e o conceito de família Como o filme caracteriza a família residente nos grandes centros urbanos? Qual é o conceito de família que o filme passa? Que valores morais são postos por essa família? Essa caracterização, esses valores e conceito se aplicam na comunidade onde a escola está inserida? Em que medida? A questão da vulnerabilidade social Que fatos/personagens são representativos da vulnerabilidade social, individual e institucional? Peça aos alunos para justificarem suas respostas baseando-se nos personagens/cenas do filme. Os aspectos tragicômicos O filme, entre outros, mostra o lado trágico da vida, mas com certa dose de humor. Que cenas e personagens podem ser representativos desses aspectos? Outras sugestões de atividade: Fazer a releitura do filme, por meio da apresentação, pelos alunos, de peças teatrais, com a seguinte proposição temática: “O que o filme Bendito Fruto tem a nos dizer sob o aspecto de pessoas que vivem nos grandes centros urbanos ou próximos deles?” Solicitar aos alunos a elaboração de textos argumentativos de variadas temáticas, desde que discutidos e socializados entre os colegas da classe/escola. 1 Para saber sobre a obra de Gilberto Freyre, acesse: http://bvgf.fgf.org.br/portugues/index. html 30 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 31 Billy Elliot (Billy Elliot) • • • Gênero: Drama Duração: 111 minutos Lançamento: 2000 Produção: Inglaterra Classificação etária: 12 anos Ficha técnica Direção: Stephen Daldry Roteiro: Lee Hall Produção: Greg Brenman e J. Finn Música: Stephen Warbeck Fotografia: Brian Tufano Edição: John Wilson Elenco Julie Walters - Mrs. Wilkinson Jamie Bell - Billy Elliot Jamie Draven - Tony Gary Lewis - Pai Jean Heywood - Avó Stuart Wells - Michael Nicola Blackwell - Debbie O filme Billy Elliot é um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as minas de carvão. Obrigado pelo pai a treinar boxe, Billy fica fascinado com a magia do balé, com o qual tem contato através de aulas de dança clássica que são realizadas na mesma academia onde pratica a luta. Incentivado pela professora de balé, que vê em Billy um talento nato para a dança, enfrenta a contrariedade de seu irmão e seu pai à sua nova atividade. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Billy Elliot • • • • • • • 32 Billy Elliot foi o primeiro longa-metragem do diretor Stephen Daldry, que já produziu mais de cem peças teatrais na Inglaterra. Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa, Filosofia, História, Geografia Tema: Ética e Cidadania (Tolerância e Preconceito) Após a exibição do filme, discuta com os alunos: Sobre a resistência da família à escolha de Billy em tornar-se bailarino, principalmente do pai, do irmão e da comunidade. Como eles definem essa resistência? Como Billy enfrentou essas dificuldades? Que cenas poderiam ilustrar essa resistência? Se necessário, disponha dicionários para os alunos consultarem sobre as definições de tolerância e de preconceito. Cada aluno poderá organizar um pequeno glossário dos conceitos pesquisados. Após esse momento, eles podem pesquisar em revistas, na internet, jornais, etc., imagens que possam ser representativas dos conceitos pesquisados. Curiosidades • Recebeu três indicações ao Oscar: Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante (Julie Walters) e Melhor Roteiro Original. Recebeu duas indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme – Drama e Melhor Atriz Coadjuvante (Julie Walters). Recebeu uma indicação ao Cesar, na categoria de melhor filme estrangeiro. • • Provoque um debate na classe sobre as seguintes questões: O que representou a professora de balé na vida de Billy? Eles acham que é possível vencer sozinho na vida? Por quê? Luz,฀Câmera...฀Educação! 33 Em duplas, os alunos poderão registrar uma situação de tolerância ou intolerância, ou mesmo de preconceito, da qual eles já foram protagonistas. Após o registro, peça para eles justificarem por que agiram dessa forma. Aos alunos que se sentirem à vontade, peça para socializarem seus registros com os colegas. DVD: 1h10min00s – 1h13min09s: Inicia-se a cena em que a família, principalmente o pai e o irmão, cedem à vocação de Billy e mudam de opinião sobre a opção dele. Pergunte aos alunos: • Quais foram os motivos que levaram a família de Billy a mudar de opinião? • Alguém já presenciou outra situação em que pessoas tiveram de mudar radicalmente de opinião? Como foi? O que o aluno achou dessa mudança? Teria feito o mesmo? Por quê? • Alguém já presenciou uma situação em que existe a exigência de o filho seguir a mesma carreira do pai? O que os alunos pensam disso? Em grupos de 4 ou 5 alunos, peça para que eles: 1. Discutam e elejam um programa de televisão que consideram ter situações de tolerância, intolerância ou de preconceito. E por que eles chegaram a essa conclusão? Peça a eles para justificarem as escolhas. Os resultados poderão ser socializados por meio de debate e reflexão com todos os alunos da classe. A mesma atividade poderá ser ampliada, a partir de artigos de revistas, jornais e notícias veiculadas pelo rádio. • • • 34 2. Discutam e registrem suas opiniões a respeito de: futebol feminino; maridos que cuidam da casa e dos filhos enquanto suas esposas trabalham; mulheres pagarem a conta na lanchonete, no restaurante, etc. Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ É possível observar que o filme mostra a greve dos trabalhadores das minas de carvão na pequena cidade de Durhan, localizada ao norte da Inglaterra, nos anos de 1980.1 Preferencialmente nas de História ou de Geografia, os alunos poderiam pesquisar, em diferentes fontes, o contexto social e político da Inglaterra nos anos 80 e os motivos que levaram os trabalhadores a organizarem a greve. Lembre-se de dar algumas sugestões de bibliografia. Após a pesquisa, peça para os alunos identificarem o impacto dessa greve no cotidiano da família de Billy. Reveja com os alunos a cena final do pai se emocionando com Billy no palco e, após a exibição, peça aos alunos para escreverem um parágrafo que possa explicar que valores das suas vidas terão de ser revistos por eles e por quê. Os que se sentirem à vontade poderão socializar suas produções com os colegas. Se desejar, o professor poderá continuar nesse tema, exibindo o filme Tudo ou Nada, que tematiza a crise da classe operária inglesa – e também discute a dignidade do trabalho e a dura realidade do desemprego. 1 Este aspecto é fundamental para a trama. Esta foi uma greve histórica, contra o neoliberalismo da primeira-ministra Margareth Thachter. A greve dos mineiros durou algo em torno de um ano e foi derrotada. Foi um duro golpe contra a tradição de lutas da classe operária inglesa (ver THOMPSON, E.P. A formação da classe operária inglesa. Paz e Terra, 1987 (3 volumes). Luz,฀Câmera...฀Educação! 35 Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain) Curiosidades • • Gênero: Comédia musical Duração: 118 minutos Lançamento: 1952 Produção: EUA Classificação etária: Livre Ficha técnica Direção: Stanley Donen / Gene Kelly Roteiro: Betty Comden e Adolph Green Produção: Arthur Freed Fotografia: Harold Rosson Música: Nacio Herb Brown e Lennie Hayton Montagem: Adrienne Fazan Elenco Gene Kelly – Don Lockwood Donald O’Connor – Cosmo Brown Debbie Reynolds – Kathy Selden Jean Hagen – Lina Lamont Millard Mitchell – R.F. Simpson Cyd Charisse – Dançarina Douglas Fowley – Roscoe Dexter O filme Don Lockwood e Lina Lamont são dois grandes astros do cinema mudo, sucesso garantido de bilheteria. Mas o ano é 1927 e a indústria cinematográfica americana se prepara para entrar na era do cinema falado. O casal é escalado, então, para um filme musical. Com Don, tudo bem, mas Lina, além de não ter talento para cantar, tem uma voz fraca e precisa ser dublada por uma aspirante a atriz, Kathy Selden. É aí que entra o romance considerado por boa parte dos críticos o melhor musical de todos os tempos: Don se apaixona por Kathy e decide fazer de tudo para que o talento da amada seja finalmente reconhecido e não fique escondido atrás da patética figura de Lina. 36 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ • Ao contrário da grande maioria dos filmes, incluindo os musicais, o roteiro de Cantando na Chuva foi escrito após a escolha das canções. Foi a história que se adaptou às músicas. Uma das maiores dificuldades de um diretor de fotografia é fazer com que, em uma cena de chuva, a água seja visível ao espectador. Dependendo da iluminação e do posicionamento da câmera, ela pode “sumir” da imagem, ficar imperceptível. Na famosa cena em que Gene Kelly canta Singin’in the Rain, a chuva artificial não foi feita apenas com água, mas sim com uma mistura de água com leite, o que a tornou mais visível. Além de importante por suas qualidades, Cantando na Chuva também retrata uma das grandes rupturas do cinema: a passagem do cinema mudo para o cinema sonoro. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Cantando na Chuva • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza, Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Arte, Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Matemática, História Tema: Pluralidade Cultural: as diferentes linguagens Orientações preliminares: Antes de exibir o filme, é aconselhável que o professor converse com os alunos sobre os principais momentos da história do Cinema, em especial sobre a passagem do cinema mudo para o cinema falado. Igualmente importante é contextualizar o filme Cantando na Chuva, produzido em 1952, com o momento cultural dos Estados Unidos naquela época: a popularidade da televisão, o declínio da freqüência ao cinema, a preferência pela comédia musical e por que este filme é considerado um clássico do cinema. Luz,฀Câmera...฀Educação! 37 Atividades Caberia, inicialmente, investigar o conhecimento dos alunos sobre os gêneros dos filmes, para que eles possam identificar qual é o gênero predominante no filme Cantando na Chuva. Para aprofundar os conhecimentos a respeito da história dos musicais, exiba para os alunos o DVD 2 ou peça para que eles façam uma pesquisa. A despeito dos desafios que serão enfrentados com a chegada do cinema sonoro, o roteiro deste filme se resume em montar o primeiro musical do cinema. Pergunte aos alunos quais foram esses desafios. Procure discutir com eles outros avanços tecnológicos: TV P&B / colorida; LP / CD; VHS / DVD, etc. Tente estabelecer, junto aos alunos, as semelhanças e diferenças entre o cinema mudo e o sonoro, concluindo, ao final, se existiu, de fato, um cinema que era totalmente mudo. Aos 21min20s do filme, é apresentado o “filme falante” à sociedade da época. Qual foi a reação daquele público? Como as pessoas se reportaram ao “filme falante” e por que o chamaram daquela forma (“o brinquedo”; “isso”, etc.)? É possível afirmar que existe um forte apelo da linguagem do clown (cenas criadas a partir de um texto escrito influenciado pelas técnicas teatrais) no filme. Escolha uma das cenas que possa ser representativa dessa linguagem e discuta com os alunos alguns aspectos ali apresentados, como: o cenário, a iluminação, a trilha sonora, o figurino, os movimentos corporais, o ritmo das cenas, a posição da câmera, etc. Para o trabalho com a linguagem do cinema, exiba o DVD Luzes, Câmera... Educação! Além da imagem da capa do DVD, que outra(s) imagem(ns) poderia(m) ser representativa(s) do filme? Por quê? 38 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Com Cantando na Chuva, Gene Kelly reuniu elementos da dança1 e da música no “corpo” da narrativa cinematográfica. Reveja ou relembre, junto com os alunos, alguns estilos de dança que aparecem no filme. No diálogo entre Don Lockwood (Gene Kelly) e Kathy (Debbie Reynolds), quando ele cai literalmente no carro da moça, há uma forte discussão sobre o valor do Cinema como Arte e o preconceito, na época, que artistas teatrais tinham dessa nova arte. Pergunte aos alunos: Ainda existe esse preconceito na sociedade? Peça para justificarem suas opiniões. Aos 17min13s do filme, Don Lockwood declara: “Nós, estrelas do cinema, temos a glória. Temos de arcar com as pequenas desilusões que vêm com ela. Todos acham que temos uma vida de glamour e romance, mas, na verdade, somos solitários.” O que os alunos pensam sobre essa fala? E sobre a exploração, pela mídia, da vida privada dos artistas? Nas aulas de Arte e de Língua Inglesa, os alunos poderiam escolher uma música da trilha sonora do filme, trabalhar sua letra e ensaiar, em grupo, diferentes coreografias cantadas. Divida a turma em grupos e peça para eles elegerem uma cena do filme que mais lhes agradou. A partir dessa cena, peça para os alunos justificarem suas escolhas, por meio de um pequeno texto, contendo: • Por que foi escolhida essa cena? Por fim, escolha um momento histórico importante (nacional ou mundial) e discuta com os alunos qual foi o impacto desse momento no cinema, na dança, no teatro, na literatura e ou nas artes plásticas. 1 Professor, para saber mais sobre teatro e dança na sala de aula, leia os textos publicados no site http://culturaecurriculo.edunet.sp.gov.br > escola em cena, em especial o texto “Ler a dança com todos os sentidos”, de Lenira Rengel. Luz,฀Câmera...฀Educação! 39 Cinema, Aspirinas e Urubus • Gênero: Drama Duração: 90 minutos Lançamento: 2005 Produção: Brasil Classificação etária: 14 anos Ficha técnica Direção: Marcelo Gomes Roteiro: Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Karim Aïnouz, inspirado em relato de viagem de Ranulpho Gomes Produção: Sara Silveira, Maria Ionescu e João Vieira Jr. Fotografia: Mauro Pinheiro Música: Tomás Alves de Souza Edição: Karen Harley Elenco Peter Ketnath – Johann João Miguel – Ranulpho Hermila Guedes – Jovelina Oswaldo Mil – Claudionor Assis Irandhir - Manoel Fabiana Pirro – Adelina Verônica Cavalcanti – Maria da Paz Daniela Câmera – Neide Paula Francinete – Lindalva O filme Em 1942, no meio do sertão nordestino, dois homens vindos de mundos diferentes se encontram. Um deles é Johann, alemão fugido da Segunda Guerra Mundial, que dirige um caminhão e vende aspirinas pelo interior do país. O outro é Ranulpho, um homem simples que sempre viveu no sertão e que, após ganhar uma carona de Johann, passa a trabalhar para ele como ajudante. Viajando de povoado em povoado, a dupla exibe filmes promocionais sobre o remédio “milagroso” para pessoas que jamais tiveram a oportunidade de ir ao cinema. Aos poucos surge entre eles uma forte amizade. Curiosidades • 40 Foi rodado nas cidades de Patos, Picote, Pocinhos e Cabaceiras, todas localizadas no sertão da Paraíba. Em Picote, onde se passa uma das cenas de Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ projeções dos filmes promocionais da aspirina, jamais havia ocorrido uma sessão de cinema antes. Assim como Diários de Motocicleta, Cinema, Aspirinas e Urubus se encaixa dentro de um gênero muito apreciado pelos cineastas, o road movie, filme de estrada, em que os personagens estão em movimento entre um lugar e outro e, nesse deslocamento, a trama acontece. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Cinema, Aspirinas e Urubus • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza, Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa, Biologia, História, Geografia Temas: Ética e Cidadania, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo: Segunda Guerra Mundial, Migração e Imigração Atividades 1º momento: O Brasil e o mundo na década de 40 O ano de 1942, de grande expansão da Segunda Guerra Mundial, é o contexto desse filme. Proponha inicialmente aos alunos que, em pequenos grupos, realizem uma pesquisa – em livros, na internet, em revistas, etc. – das imagens que eles consideram mais significativas para contextualizar os cenários europeu e brasileiro, principalmente no período de 1942 a 1945. Cada grupo poderá se responsabilizar por um aspecto do assunto a ser pesquisado, por exemplo: • Quais foram os grandes acontecimentos ocorridos na década de 40 que marcaram a história da humanidade? • Qual era o meio de comunicação mais importante da década de 40? • Quais foram os principais efeitos da Segunda Guerra Mundial na Europa e no Brasil? • Qual foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial? Luz,฀Câmera...฀Educação! 41 Depois da pesquisa, cada grupo deverá planejar uma forma instigante para apresentar os resultados do trabalho aos outros colegas da classe. Após esse momento, orientar os alunos para que organizem um painel das imagens mais representativas. Esse painel deverá ser fixado na própria classe ou em outro local disponível na escola. Fora da sala de aula, alunos de outras séries poderão se interessar e solicitar esclarecimentos aos grupos responsáveis. Como encerramento do 1º momento, os alunos poderão elaborar uma síntese escrita, individual ou coletiva, sobre o Brasil e o mundo na década de 40. elaboradas pelos alunos com a ajuda do professor. Sugerimos alguns itens, mas os alunos poderão acrescentar outros que eles considerarem importantes para constarem no instrumento. • Nome, idade, profissão • Lugar de origem • Motivo(s) de ter saído do Estado ou do país de origem Oriente os alunos para prepararem um seminário com o intuito de apresentar e discutir com os colegas os resultados da pesquisa. 3º momento: Música e propaganda 2º momento: Migração e imigração Após a projeção do filme, em pequenos grupos e com a ajuda do professor, os alunos poderão discutir algumas questões e registrar suas opiniões para socializar com os colegas. Alguns exemplos: • Qual era o sonho de Ranulpho (João Miguel) e o sonho de Johann (Peter Ketnath)? • Quais eram as condições de vida e de sobrevivência dos outros personagens que aparecem durante a viagem de Johann e Ranulpho? • A seca, como apresentada no filme, é um fenômeno do passado? • O que faz uma pessoa migrar ou imigrar? • Como é feita a travessia do sertão? O que os dois personagens precisaram mobilizar? • Johann e Ranulpho são personagens que representam culturas diferentes: o alemão, que não queria aderir ao nazismo, e o brasileiro, que não se conformava com seu destino miserável e conformista no sertão nordestino. Na opinião dos alunos, em quais momentos do filme podem-se identificar as diferenças entre esses dois personagens? Prepare com os alunos um trabalho de campo. Em grupos, eles farão o levantamento dos aspectos predominantes dos moradores da comunidade, próxima à escola, por meio de um instrumento com questões previamente 42 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Juntamente com os alunos, pesquise a letra da música Serra da Boa Esperança. Proponha a eles a identificação da autoria e do intérprete e discuta os diferentes sentimentos mobilizados nessa canção. Caso o professor – ou algum aluno – tenha a música gravada em CD, a análise poderá ser mais interessante. Em continuidade, proponha uma pesquisa em CDs e na internet das músicas e suas respectivas letras que fizeram sucesso na década de 40, no Brasil e em outros países, para audição na sala de aula. Como aparece no filme, após o início da Segunda Guerra Mundial (1939), o rádio se transformou num importante meio de propaganda, de difusão de notícias e fatos diários. Na opinião dos alunos: • Qual é o papel da propaganda nesse filme? • Quais foram as principais transformações que marcaram o desenvolvimento dos meios de comunicação? Para concluir, peça aos alunos para pesquisarem, nos canais de TV, três tipos de propaganda modernamente veiculados, identificando: • o público a que está sendo dirigida; • o ideal de beleza, de família, de jovem, de consumo e de felicidade que está sendo veiculado concomitante com o produto. Luz,฀Câmera...฀Educação! 43 Crash, No Limite (Crash) policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bemsucedido diretor de cinema e sua esposa e um imigrante iraniano e sua filha. Curiosidades • Gênero: Drama Duração: 112 minutos Lançamento: 2004 Produção: EUA Classificação etária: 14 anos Ficha técnica Direção: Paul Haggis Roteiro: Paul Haggis e Robert Moresco, baseado em história de Paul Haggis Produção: Don Cheadle, Paul Haggis, Mark R. Harris, Cathy Schulman e Bob Yari Fotografia: James Muro Música: Mark Isham Edição: Hughes Winborne Elenco Karina Arroyave - Elizabeth Dato Bakhtadze - Lucien Sandra Bullock - Jean Cabot Don Cheadle - Graham Art Chudabala - Ken Ho Tony Danza - Fred Keith David - Tenente Dixon Loretta Devine - Shaniqua Matt Dillon - Oficial Ryan Jennifer Esposito - Ria Ime Etuk - Georgie Eddie J. Fernandez - Oficial Gomez William Fichtner - Flanagan Brendan Fraser - Rick Billy Gallo - Oficial Hill Ken Garito - Bruce Nona Gaye - Karen Terrence Howard - Cameron Ludacris - Anthony Thandie Newton - Christine Ryan Phillippe - Oficial Hanson Alexis Rhee - Kim Lee Ashlyn Sanchez - Lara Michael Pena - Daniel Larenz Tate - Peter Sean Cory - Policial de moto O filme Jean Cabot é a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia, que tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente que provoca a aproximação de habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles: um veterano 44 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ • A estética de Crash, no Limite mostra bem as opções que o cinema americano tomou no início dos anos 2000: fotografia com aspectos sombrios, trilha sonora quase hipnotizante e um roteiro que “costura” várias histórias, de vários personagens, sem que haja uma solução comum a todas. Outra característica desse tipo de roteiro é a profundidade psicológica dos personagens. Um dos primeiros e mais influentes cineastas a usar esse tipo de abordagem foi Robert Altman (1925-2006) em Short Cuts, de 1993. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Crash, no Limite • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa / Língua Inglesa / Geografia / Filosofia Tema: Ética e Cidadania (Preconceito) Orientações preliminares Sugere-se que esse roteiro de análise possa ser desenvolvido na escola por professores de diferentes disciplinas e que a sinopse do filme seja lida para os alunos antes da sua exibição, bem como o texto do box 1, sobre Los Angeles, local onde o filme é ambientado. Atividades Inicialmente, converse com os alunos sobre o filme, a fim de verificar em que medida eles entenderam a narrativa, suas tramas e como elas terminam. Pergunte a eles qual é o tema central do filme. Luz,฀Câmera...฀Educação! 45 Explore alguns trechos do filme onde o preconceito é explícito e analise com os alunos de que tipo de preconceito se trata. Explore trechos do filme onde o preconceito se apresenta de forma implícita. Exemplos: • O olhar do jovem policial Hanson para Peter. Pelas vestes de Peter, Hanson fica desconfiado. Por quê? (DVD: 1h25min44s – 1h28min15s) • Cena em que o detetive Graham entra no carro onde está sua colega e diz que não havia encontrado a mãe. Por que ele preferiu omitir a verdade? Há preconceito dele nessa passagem? Se sim, que tipo de preconceito? (DVD: 0h50min05s – 0h53min10s) • Cena de Peter e Anthony, quando se cruzam na calçada com o promotor Rick e sua esposa Jean Cabot. Ao passar perto, Jean segura no braço do marido. Nesta cena, ela agiu com preconceito? Peça aos alunos para justificarem suas respostas. (DVD: 0h08min00s – 0h09min10s) Fica evidente que os dois jovens, Peter e Anthony, têm visões diferentes sobre o comportamento das pessoas. Peça aos alunos para identificarem essas diferenças. Os alunos concordam com a visão de Anthony? Por quê? • • • pesquisar a questão racial nos EUA, sobretudo em Los Angeles, palco de violentos conflitos raciais no final da década de 1980; trabalhar a letra de Maybe Tomorrow, música-tema do filme; discutir por que o filme tem esse nome; escrever, em duplas, um texto sobre o que eles entenderam do filme Crash, no limite, relacionando o sentido da música-tema com o filme (Let’s sing: Maybe Tomorrow – Stereophonics). Pergunte aos alunos o que eles sabem sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Leia o texto do box 2, a fim de complementar as informações. Baseando-se no conteúdo da Declaração Universal dos Direitos Humanos em um dos depoimentos do ator Don Cheadle, abaixo, retirados do making of do DVD, os alunos poderiam escrever um texto dissertativo. “Racismo está por baixo. É como as pessoas pensam, falam quando estão sendo educadas. Precisamos ser honestos o bastante para admitir isso.” Ou: Realidade versus ficção: o filme representa vários tipos de conflito, mas não abre mão do “happy end”, ou seja, a narrativa resolve os conflitos apresentados, “apaziguando” o espectador. Pergunte aos alunos se, na vida real, as tramas têm os desfechos propostos pelo filme. Peças aos alunos para justificarem as respostas. “O poder de Los Angeles na vida das pessoas e o papel que Los Angeles desempenha na vida das pessoas. E do poder da cidade. Em Los Angeles ninguém toca em ninguém.” Nas aulas de Inglês, os alunos poderiam: aprofundar a pesquisa sobre Los Angeles e/ou outras cidades dos EUA que eles queiram conhecer, relacionando as semelhanças e diferenças dessas cidades com as metrópoles brasileiras; “Em Los Angeles, ninguém toca em você. Estamos sempre atrás de metal e vidro. Acho que sentimos muita falta de toque.” • 46 • Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Ou de seu personagem, o detetive Graham Waters: Luz,฀Câmera...฀Educação! 47 Crianças Invísiveis Box 1: Los Angeles Los Angeles é a segunda maior cidade dos EUA e a maior cidade do Estado da Califórnia e sua gigantesca região metropolitana tem aproximadamente 13 milhões de habitantes. Foi fundada pelos espanhóis, em 1781, controlada pelo México após a independência deste da Espanha, em 1821, e foi conquistada pelos norte-americanos em 1846. Considerada o maior ponto de entrada para imigrantes que vêm aos Estados Unidos, Los Angeles é também uma das cidades mais multiculturais do mundo, com populações de muitas nações e etnias das mais variadas. Los Angeles é mais conhecida pelos seus filmes, a maioria deles produzida no bairro mundialmente famoso de Hollywood. A década de 1990 foi marcada por intensos conflitos raciais e agravada pela opressão policial. Fonte: Enciclopédia Livre Wikipedia <http://pt.wikipedia.org/wiki/Los_Angeles> (texto adaptado). Acesso em 03/03/2008. Box 2: Declaração Universal dos Direitos Humanos A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos primeiros instrumentos baseados na idéia de que os direitos humanos devem ser garantidos para todo ser humano. O Artigo 1° estabelece que: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. O Artigo 2 continua: “Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”. Do Artigo 3º ao 21º se estabelecem os direitos civis e políticos, que incluem o direito à vida, à liberdade, à liberdade de expressão, à privacidade, à liberdade de ir e vir, como também proíbe a escravidão, a tortura e a prisão arbitrária. Fonte: http://www.hrea.org/index.php?doc_id=439 - charter (texto adaptado). Acesso em 04/03/2008. 48 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ (All the Invisible Children) Gênero: Drama Duração: 116 minutos Lançamento: 2005 Produção: Itália Classificação etária: Livre Ficha técnica Direção: Mehdi Charef (África do Sul), Kátia Lund (Brasil), John Woo (China), Emir Kusturica (Sérvia e Montenegro), Spike Lee (Estados Unidos), Jordan Scott (Inglaterra), Ridley Scott (Inglaterra) e Stefano Veneruso (Itália) Roteiro: Mehdi Charef, Diego de Silva, Stribor Kusturica, Cinqué Lee, Joie Lee, Spike Lee, Qiang Li, Kátia Lund, Jordan Scott e Stefano Veneruso Produção: Maria Grazia Cucinotta, Chiara Tilesi e Stefano Veneruso Fotografia: Philippe Brelot, Cliff Charles, Changwei Gu, Toca Seabra, Vittorio Storaro, Jim Whitaker e Nianping Zeng Música: Terence Blanchard, Ramin Djawadi e Hai Lin Edição: Barry Alexander Brown, Robert A. Ferretti e Dayn Williams Elenco Francisco Anawake - João Maria Grazia Cucinotta - Atendente de bar Damaris Edwards - La Queeta Vera Fernandez - Bilu Hazelle Goodman - Sra. Wright Hannah Hodson - Blanca Zhao Zhicum - Song Song Wenli Jiang - Mãe de Song Song David Thewlis - Jonathan Jake Ritzema - Jonathan jovem Kelly Macdonald - Esposa de Jonathan Rosie Perez - Ruthie Andre Royo - Sammy Qi Ruyi - Cat Lanette Ware - Monifa O filme Seja coletando sucata nas ruas de São Paulo ou roubando para viver em Nápoles e no interior da Sérvia e Montenegro, o filme é uma junção de sete curtas-metragens em que os protagonistas são crianças que lidam com uma realidade nada fácil, na qual crescer muito cedo acaba sendo a única saída. Luz,฀Câmera...฀Educação! 49 Curiosidades • • • Cada curta foi realizado por um diretor, em um país diferente: Brasil, Itália, Inglaterra, Sérvia e Montenegro, Burkina Faso, China e Estados Unidos. Todos os diretores trabalharam de graça ao realizarem seus curtas para Crianças Invisíveis e parte da renda do filme é destinada ao Unicef e ao Programa Mundial contra a Fome. É muito comum que um longa-metragem seja o resultado do somatório de alguns curtas. Esse é um formato muito usado pela cinematografia de vários países. Entre os exemplos brasileiros vale a pena conhecer o filme Cinco Vezes Favela, com curtas de Marcos Farias, Miguel Borges, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Crianças Invisíveis • • • • Áreas: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Arte/ História /Geografia Tema: Ética (Direitos da Criança, Responsabilidade Social, Valores Éticos) Sugestão de assuntos: Gênero do filme, construção das personagens e situações, aspectos estéticos de cenas/imagens, contexto histórico, matrizes culturais Orientações preliminares Trata-se de um filme composto por sete curtas-metragens dirigidos por diretores de vários países. Sugere-se, então, que os professores iniciem o trabalho com os alunos apresentado os créditos de cada curta, onde são informados o nome do diretor e o continente/país em que foi filmado, etc. Ressaltar que foi produzido com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef. 50 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ O filme, por sua temática e argumento, pode ser objeto de análise de professores e alunos em quaisquer das disciplinas, apresentando elementos para o tratamento de temas como moral, moralidade, responsabilidade social, preconceito, solidariedade, etc. Atividades Depois de os alunos assistirem ao filme, a discussão pode ser centrada nos seguintes eixos: Direitos da criança Indague aos alunos o sentido do título do filme, conduzindo a discussão para a análise das condições de “vida adulta” dessas crianças: guerrilheiros, meninos que furtam para sustentar a família ou para sobreviver, autoproteção na ausência de uma família, trabalho explorado, além da ameaça de perda do exercício do direito à educação. Como referencial para essa análise, apresente aos alunos a Declaração dos Direitos da Criança, que pode ser obtida nestes sites: • www.gddc.pt/direitoshumanos • www.direitos.org.br • www.direitoshumanos.usp.br Responsabilidade social Pergunte aos alunos qual é a crítica que os curtas apresentam em relação aos responsáveis por essa situação das crianças. Reflita com eles que, além dos personagens criados, como o pai e o diretor do reformatório em Ciganos Azuis, a participação dos pais na doença da menina e o preconceito de colegas e da mãe de um deles em Jesus Criança da América, os pais e o receptador em Ciro, os negociadores de Bilu e João e o explorador do trabalho infantil em Song Song, há também uma crítica à sociedade e ao Estado por essa situação de guerra e pobreza. No caso do filme Jonathann, com a participação do jornalista há o questionamento de que somos cúmplices do sistema quando só nos comprometemos em observar/registrar a crueldade da realidade. Luz,฀Câmera...฀Educação! 51 Identificação de valores éticos Solicite aos alunos que identifiquem nos curtas as personagens/situações nas quais estão presentes ou não o diálogo como forma de esclarecer conflitos; o respeito mútuo, independentemente das diferenças, a justiça e a solidariedade. Caracterização do gênero do filme Pergunte aos alunos se o filme é uma ficção ou um documentário. Discuta com eles a diferença entre esses dois gêneros, tendo como referência episódios que parecem estar documentando as condições de vida das crianças. Aborde a questão da representação da realidade pelo cinema, que tanto na ficção como no documentário é parcial e subjetiva, e que não há uma delimitação clara entre esses dois gêneros. Questione com os alunos o que há de verdade nesse filme de ficção, relacionando ao gênero documentário, que documenta a realidade, mas também é uma representação porque há escolhas sobre o que se mostra e como se mostra. Construção das personagens e situações Peça aos alunos que identifiquem a dualidade criança/adulto das personagens. Exemplificando, em Tanza, seu estilingue e lápis escondidos na pedra e a escrita na lousa da escola que ele valoriza, mas vai destruir; em Ciro, o uso que faz do dinheiro obtido no roubo; em Bilu e João, o jogo inventado por eles para minimizar as perdas nos negócios que os adultos lhes impõem. Discuta, também, as perspectivas de vida – promissoras ou não – propostas para as personagens/crianças, em cada episódio. Cenas/imagens Pergunte aos alunos quais foram as cenas que consideraram mais marcantes do ponto de vista da estética da linguagem cinematográfica, e peça para explicarem por quê. Para incentivá-los, o professor pode ressaltar algumas ce- 52 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ nas dos curtas, como a final do episódio Bilu e João, com o enquadramento na favela e prédios ultramodernos ao fundo; o salto do menino, caindo de volta no Reformatório, para salvar-se do mundo, em Ciganos azuis, etc. Contexto histórico Para ampliar a compreensão do contexto onde os episódios ocorrem, organizar os alunos em grupos de pesquisa sobre os temas: • África: países africanos que poderiam ter sido cenário do filme (pesquisar os países em conflito na África, origens do conflito, o papel dos grupos de guerrilha). • Sérvia e Montenegro: a participação da etnia cigana na formação do país (pesquisar o processo de formação do país, sua composição étnica, a distribuição geográfica no país e a participação política de cada grupo étnico). • Brasil: subemprego (pesquisar participação da economia de mercado na economia brasileira e o processo de formação da economia informal no quadro da modernização do país). • China: situação socioeconômica da China contemporânea (pesquisar a participação da China na economia mundial e a questão social perante o modelo atual de planificação econômica). • Unicef: solicitar uma pesquisa sobre o papel do Unicef no mundo atual. • Matrizes culturais: alguns trechos podem ser selecionados para analisar as matrizes culturais presentes no filme e a situação geopolítica da África e da Europa. • Pré-roteiro de filme: após a análise do filme, solicitar aos alunos a criação coletiva de uma pequena história que possa, posteriormente, transformarse no roteiro de um filme sobre uma personagem/criança, em que estejam identificados: localidade, situação social, contexto familiar, desejos e fantasias, com trama e desfecho definidos. Diários de Motocicleta (The Motorcycle Diaries) Gênero: Drama Duração: 128 minutos Lançamento: 2004 Produção: EUA Classificação etária: 12 anos Ficha técnica Direção: Walter Salles Roteiro: Jose Rivera, baseado nos livros de Che Guevara e Alberto Granado Produção: Michael Nozik, Edgard Tenenbaum e Karen Tenkhoff Fotografia: Eric Gautier Edição: Daniel Rezende Elenco Gael García Bernal - Che Guevara jovem Susana Lanteri - Tia Rosana Mía Maestro - Chichina Ferreyra Mercedes Morán - Celia de la Serna Jean Pierre Nohen - Ernesto Guevara Lynch Rodrigo de la Serna - Alberto Granado O filme Em 1952, ainda estudante de medicina, Ernesto Che Guevara parte, acompanhado de seu amigo Alberto Granado, para uma viagem pela América Latina. A viagem é realizada em uma moto, “La Poderosa”, que acaba quebrando após oito meses. Os dois amigos passam então a fazer a viagem através de caronas e caminhadas, conhecendo um continente desigual e injusto, mas de uma riqueza cultural impressionante. • cenas não destoam do todo, o que revela a estagnação de algumas partes do continente. Como se fossem cidades paradas no tempo. Al Otro Lado del Rio, a canção-tema do filme, foi composta e gravada pelo uruguaio Jorge Drexler e foi a primeira música cantada em espanhol a ser indicada ao Oscar, prêmio que acabou vencendo. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Diários de Motocicleta • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa / Geografia / História / Filosofia Tema: Ética e Cidadania (Formação e transformação da identidade do indivíduo, Conflitos sociais) Orientações preliminares Para a análise do filme, é importante que os alunos observem alguns elementos que o diretor utilizou para compor as cenas, tais como falas, gestos, vestimentas, paisagens e sons. Sugere-se que as atividades a seguir sejam desenvolvidas por professores de disciplinas diferentes. É importante assistir ao filme em sua totalidade e, a seguir, selecionar seqüências que ajudem na compreensão dos temas propostos. Lembre-se de que o filme, como qualquer objeto cultural, deve ser problematizado. As atividades propostas estão desmembradas em dois momentos: análise do filme em sua totalidade e análise de seqüências do filme. Curiosidades • 54 O filme teve locações na Argentina, no Chile e no Peru. Interessante notar que, em algumas partes dos Andes, algumas cenas foram rodadas de forma documental, registrando passeio e conversas dos atores com a população dos vilarejos. Apesar de se tratar de um filme de época (1952), essas Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Atividade de aquecimento O filme trata de uma personagem histórica, cuja imagem é mundialmente conhecida: a fotografia El Guerrillero Heroico, de Alberto Korda, estampa a imagem de Che Guevara nos mais diversos materiais, principalmente em camise- Luz,฀Câmera...฀Educação! 55 tas. Sugere-se uma atividade inicial em torno dessa imagem, com o intuito de descobrir se os alunos realmente já a viram, se sabem quem ele foi, se aparece a questão do herói e se conhecem a(s) razão(ões) de ser uma representação de herói. • • Atividades I - A formação e transformação da identidade do indivíduo O filme trabalha com a idéia de que o indivíduo se forma e transforma em movimento. Portanto, oriente os alunos para prepararem um seminário, com o intuito de explicar as razões para a transformação das duas personagens centrais da narrativa: Ernesto Guevara (Gael García Bernal) e Alberto Granado (Rodrigo de la Serna). Para tanto, dividir em grupos de 4 ou 5 alunos e observar os itens a seguir: 1) Sobre os personagens: a) anotar os elementos utilizados pelo diretor para compor cada personagem: a fala, os gestos, os gostos, a vestimenta, etc.; b) estabelecer semelhanças e diferenças entre Guevara e Granado. 2) Sobre as paisagens (sugere-se, em razão dos contrastes das paisagens, Miramar na Argentina, deserto de Atacama e minas de Chuquicamata no Chile, Lima e San Pablo no Peru): a) descrever os elementos naturais, as atividades econômicas, as relações de trabalho, os conflitos políticos, econômicos e culturais; b) descrever a interação das personagens com esses lugares; c) identificar como são esses lugares hoje (consultar em atlas ou em livros de geografia atualizados, e em outras fontes como, por exemplo, a internet). Observação – Para aprimorar o olhar dos alunos, peça-lhes que observem: 56 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ os momentos nos quais os personagens se socializam por meio da comida – com a família da namorada de Guevara em Miramar, com o casal de mineiros no deserto de Atacama, com a família do médico em Lima e com as freiras na colônia de leprosos em San Pablo; os meios de transporte (terrestre, marítimo e aéreo) que os personagens usam: moto, carona em caminhões, a pé, de barco, de balsa e avião e a sua relação com a narrativa. II - Conflitos sociais (DVD: 52min40s–1h 8 min 50 s) O filme também trabalha com questões relacionadas aos conflitos sociais e às possibilidades de transformação social. Portanto, peça aos alunos para que, em grupos, elaborem uma produção escrita, com o intuito de explicar os fatores, apontados pelo filme, que ajudam a responder à questão de Guevara: Como é possível que uma civilização capaz de construir isto (aparece imagem de Machu Picchu) seja destruída para construir isto? (aparece imagem de Lima) (DVD: 1h6min20s–1h6min36s). Para tanto, precisam observar: 1) A partir das falas, dos gestos, dos gostos, das vestimentas, da formação acadêmica que o diretor utilizou para compor os personagens, inferir e descrever: a) os personagens ligados às classes dominantes e às classes populares; b) as condições de vida e de trabalho; c) o problema da terra; d) possíveis formas de resistência e de dominação. 2) Identificar e diferenciar os elementos que o diretor utilizou para: a) diferenciar a sociedade inca da sociedade espanhola (indígenas e europeus); b) explicar a conquista espanhola. Luz,฀Câmera...฀Educação! 57 Final Fantasy 3) Relacionar a dominação espanhola, o problema da terra e dos indígenas. 4) Nesse fragmento do filme, aparecem diferentes idéias para acabar com as injustiças sociais. Portanto, peça aos alunos para: a) identificar e diferenciar a idéia de transformação social de Guevara e Granado; b) identificar como o pensador peruano Mariátegui (José Carlos Mariátegui, 1895 – 1930, um dos maiores expoentes do socialismo latino-americano) pensa a idéia de transformação social. Observação Uma idéia-chave para compreender esta seqüência é a noção de progresso. Seria interessante trabalhar com as diferentes conotações de tal palavra e, para tanto, peça aos alunos para: • desenhar, fotografar ou escrever o que entendem por tal noção; • identificar o seu significado em dicionários de Língua Portuguesa e dicionários da área de Ciências Humanas; • explicar o significado do lema “Ordem e Progresso” na bandeira brasileira. Para saber mais • • Leia entrevistas do diretor do filme Walter Salles, do roteirista José Rivera e de Alberto Granado no site: http://www.filmes.net/diariosdemotocicleta/ MD.html Para conhecer mais sobre Ernesto Che Guevara, acesse este site: http://www.e-cheguevara.com/portugues.htm (Final Fantasy: The Spirits Within) Gênero: Animação Duração: 106 minutos Lançamento: 2001 Produção: EUA Classificação etária: Livre Ficha técnica Direção: Hironobu Sakaguchi Roteiro: Al Reinert, Hironobu Sakaguchi e Jeff Vintar Produção: Jun Aida, Chris Lee e Akio Sakai Música: Elliot Goldenthal Elenco (Vozes) Alec Baldwin - Gray Edwards Steve Buscemi - Neil Peri Gilpin - Jane Proudfoot Ming-Na - Dra. Aki Ross Ving Rhames - Ryan Donald Sutherland - Dr. Sid James Woods - General Hein Jean Simmons – Membro do Conselho Annie Wu – Menina / Quinto Espírito O filme Em pleno ano de 2065, o caos e a destruição rondam a Terra. Um meteoro atingiu o planeta e lançou ao longo de toda a superfície terrestre milhões de aliens, que têm por objetivo extinguir toda a vida do planeta. Com isso, as cidades foram abandonadas, a população foi dizimada e os poucos seres humanos que restam precisam encontrar meios para sobreviver. Um deles é a Dra. Aki Ross, uma bela e determinada cientista que foi infectada de forma mortal pelos aliens e tem a chave para descobrir o ponto fraco de seu oponente. Agora, com a orientação de seu mentor científico, Dr. Sid, e a ajuda do esquadrão militar Deep Eyes, comandado pelo capitão Gray Edwards, a Dra. Ross busca salvar não apenas o planeta Terra mas também a si mesma. Luz,฀Câmera...฀Educação! 59 Curiosidades • • Quase quatro anos foram gastos na pesquisa, no desenvolvimento e na criação de Final Fantasy. O orçamento de Final Fantasy foi de 137 milhões de dólares. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Final Fantasy Áreas curriculares: Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa, Inglês (LEM), Arte, Física Tema: Pluralidade Cultural: Cultura Jovem Orientações preliminares A cultura jovem tem seu espaço no cinema, especialmente em adaptações de histórias em quadrinhos e jogos de videogame. O filme sugerido é baseado em um jogo de RPG, que atravessa gerações de jovens jogadores de videogame em um híbrido com o gênero ficção científica. É importante procurar conhecer estes assuntos antes de exibir o filme para os alunos. A trama gravita sobre a busca de oito espíritos que, unidos, podem salvar a Terra. Esse é um conceito tratado sob uma ótica ficcional, não religiosa, pois há uma tangibilidade do espírito como uma energia ou força da natureza. Esse breve panorama indica diversas possibilidades de investigação e problemáticas a serem vivenciadas junto aos alunos. Atividades Final Fantasy é um filme de ficção científica ambientado num futuro hipotético. Inicialmente, investigue junto com os alunos como é esse ambiente. Depois, procure compará-lo com outras visões de futuro em filmes como Aliens, Minority Report, O Homem Bicentenário, Mad Max, A.I. – Inteligência Artificial, Blade Runner, 2001- Uma Odisséia no Espaço, etc. Há também os filmes-catástrofe, com uma obsessão pela destruição em massa, muito marcantes nos 60 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Estados Unidos nas décadas de 1950 a 1970. Nas comparações que podem ser feitas, uma das principais diferenças encontra-se no elemento de ficção científica presente na aparição de alienígenas, seres e eventos fantásticos em tempo presente e não num futuro hipotético. Houve uma volta a estes filmes em novas versões de Godzilla e Guerra dos Mundos, assim como os inéditos Impacto Profundo, Independence Day e O Dia Depois de Amanhã.1 Uma marca registrada da ficção científica são as concepções estéticas dos ambientes, figurinos, equipamentos e veículos2: como são as imagens das naves, dos ambientes, dos espectros alienígenas, dos computadores e da indumentária? Elementos arcaicos aparecem em meio aos elementos futuristas? O filme é uma releitura do jogo de videogame de mesmo nome, mas não apresenta os mesmos personagens (diferentemente de Final Fantasy VII, animação de longa metragem que segue fielmente o jogo). Partindo deste ponto, pode-se propor que os alunos formem grupos de pesquisa sobre o jogo e o filme, os jogos mais populares, outros jogos que foram base para filmes, a evolução dos videogames, o que é RPG, os RPGs nos videogames. Grupos de pesquisa podem ser criados com focos diferentes. Uma vez que o videogame é parte da cultura jovem e foi 1 Há pensadores que discutem sobre os filmes-catástrofe, como Susan Sontag e Slajov Zizek, que podem contribuir para ampliar os debates em sala de aula. 2 Pode-se observar semelhanças entre Final Fantasy e concepções de imagens de Matrix e na ambientação do mundo real, de paisagem urbana decadente de Fuga de Nova Iorque, da indumentária e das naves de Aliens. Em contraste, 2001 – Uma Odisséia no Espaço traz uma concepção mais “limpa”, despojada e fria, que difere dos filmes supracitados e de outros como Blade Runner – O Caçador de Andróides. Frankenstein apropriado pelo cinema, que outros elementos dessa cultura também foram para as telas (videogame, história em quadrinhos, surf, skate, baladas, grupos juvenis como emos, funkeiros, góticos, vida social escolar)? Abordar questões como a popularidade dos jogos de RPG dos videogames, pois exige o conhecimento da língua inglesa ou da japonesa para poder progredir nas ações do jogo, idiomas dominantes desse mercado de entretenimento. Gênero: Terror Duração: 70 minutos Lançamento: 1931 Produção: EUA Classificação etária: 12 anos Outra marca registrada da ficção científica é a relação com as ciências. O filme pode gerar algumas pesquisas como: quem foi o citado Galileu Galilei e o paralelo entre ele e o doutor Sid; o que se sabe sobre plasma (aparecendo, no filme, para amortecer as quedas); a possibilidade de existir uma forma de matéria ou energia como a dos espectros (ora tangíveis ora intangíveis); a dupla dimensão da ciência que se discute no filme: por um lado, capaz de potencializar a energia que constrói (voltada para a cura e manutenção da vida) e, por outro, de produzir armas letais (como o canhão que paira sobre a Terra). Ficha técnica Direção: James Whale Roteiro: Garrett Fort, Francis Edwards Faragoh Produção: Carl Laemmle Jr. Fotografia: Arthur Edeson Por fim, pode-se pesquisar também como era a ficção científica na literatura antes do surgimento do cinema – com destaque para a obra de Júlio Verne – e depois da popularização dos filmes desse gênero. As pesquisas podem ser apresentadas em seminários, discutidas junto à classe, condensadas em um portfólio, ou ainda podem dar base a outros trabalhos de aprofundamento e ampliação de repertório. Elenco Colin Clive – Dr. Henry Frankenstein Mae Clarke – Elizabeth John Boles – Victor Moritz Boris Karloff – The Monster Edward Van Sloan – Dr. Waldman Frederick Kerr – Baron Frankenstein Dwight Frye – Fritz Lionel Belmore – The Burgermaster Marilyn Harris – Little Maria O filme Boris Karloff estrela como o mais memorável monstro do cinema, no que é considerado por muitos um dos maiores filmes de terror de todos os tempos. Dr. Frankenstein (Colin Clive) ousa mexer com a vida e a morte ao criar um monstro humano (Karloff) com parte de corpos sem vida. O filme se destaca pela adaptação do diretor James Whale do romance de Mary Shelley e a apaixonada atuação de Karloff como a criatura em busca de identidade. Curiosidades • 62 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ A estética do filme lembra muito o cinema alemão das primeiras décadas do século XX, o chamado cinema expressionista. Luz,฀Câmera...฀Educação! 63 • • • O livro Frankenstein – O Prometeu Libertado, de Mary Shelley (1797-1851), rendeu uma longa lista de versões para o cinema, mas a de James Whale acabou virando a mais clássica de todas. Deuses e Monstros (1998), um filme sensível do diretor Bill Condon, é baseado no final da vida do cineasta James Whale. Boris Karloff interpretaria o papel do monstro ainda em 1935 e 1939. A maquiagem e todos os aparatos que usava nessa versão aumentava sua altura em 45 centímetros e seu peso, em oito quilos. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Frankenstein • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza, Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa, Arte, Física, Biologia, Química, História, Geografia Temas: Ética e Pluralidade Cultural: Literatura Fantástica, Romance Gótico, Teatro, Ética e Experimentação Científica, Ficção Científica, Cultura Alemã. Orientações preliminares A famosa história de Frankenstein carrega até a atualidade o monstro interpretado por Karloff. Contudo, ele não é uma adaptação muito fiel à obra literária. Um contato com o texto de Shelley possibilita uma boa discussão sobre a transposição desta para o cinema. Esse é um dos temas abordados no material-bônus do DVD. É muito importante que o professor assista-o antes de iniciar os trabalhos com o filme, pois ele traz informações importantes, apresentadas por especialistas, que o auxiliarão a desenvolver as atividades propostas. Atividades Uma vez que o filme tem suas origens na literatura, proponha aos alunos que leiam a obra e selecionem um fragmento do texto que mais lhes chamou a atenção. Questione-os sobre suas escolhas. Aproveite para comentar sobre a literatura fantástica, sobre a autora e seus contemporâneos. Os alunos percebem a diferença entre a visão do “homem romântico” em dissociação com a natureza e com a sociedade presente no livro, e o filme mais direcionado para a questão da ciência e do horror? Traga curiosidades como, por exemplo, a circunstância em que a obra literária foi concebida. O filme tem ligações muito fortes com o teatro: a expressão dos corpos, os cenários (especialmente o laboratório de Frankenstein), a teatralidade dos gestos e das falas. Incentive seus alunos a criarem uma improvisação teatral com base na obra literária ou no filme. Peça para escolherem uma cena e dê a eles liberdade para recriá-la, como no filme, ou mesmo “reproduzi-la”. Oriente-os para ficarem atentos às personagens (quem), ao espaço (onde) e à ação (o que)1. • • • O gênero predominante do filme é o terror. Com que outros filmes deste gênero os alunos já tiveram contato? Após fazer um diagnóstico coletivo, peça para eles indicarem quais as principais diferenças entre os elementos aterrorizantes do início do século XX e os atuais. Baseado no filme, como eram construídas as cenas de impacto naquela época? Há também uma dose de ficção científica, mas com alguma diferença: este gênero tende a buscar amparo na física, na química e na biologia em suas 1 Há uma boa referência para este trabalho no livro Improvisação para o Teatro, de Viola Spolin. 64 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 65 argumentações. Alguns teóricos preferem o termo “ciência gótica”2 para designar o uso da ciência feito em Frankenstein, sem grandes preocupações na relação com as possibilidades reais. De acordo com o que os alunos conhecem dessas três ciências, pergunte a eles: • Quais são as possibilidades de os experimentos do Dr. Frankenstein terem sucesso? Após socializarem as opiniões, peça aos alunos que formem grupos e proponha que criem uma ficção sobre a criação da vida por um ser humano com base em pesquisas por eles realizadas. Se houver oportunidade, procure comparar a ciência gótica de Frankenstein com a ficção científica de Final Fantasy, caso os alunos já tenham assistido ao filme. • • Um debate ético pode ser fomentado3: Que questões estão envolvidas na idéia de criação da vida? O que pensam os alunos sobre a clonagem e as pesquisas com célulastronco? Se localizarmos o debate no século XIX, havia uma tensão entre fé, conhecimento tradicional e as inovações científicas. • Quais pensadores já discutiram a ética na ciência? • Qual o status dessas discussões hoje? 2 Veja mais em TAVARES, Bráulio. Páginas de sombra: contos fantásticos brasileiros. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. 3 Para saber mais sobre Ética na Ciência, consulte o portal da Unesco que contém declarações sobre o genoma humano, direitos humanos, dados genéticos humanos, entre outros assuntos: http://www.unesco.org.br/areas/dsocial/areastematicas/etica/eticanaciencia/mostra_documento 66 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ O ambiente do filme traz interessantes possibilidades de pesquisa. O Estado de São Paulo agrega muitos imigrantes de origem alemã. • Que elementos dessa cultura aparecem no filme? • Como é a arquitetura das casas? • Como são a vestimenta, a música e a dança que aparecem na festa? Pode-se pedir aos alunos para produzirem um portfólio que contenha alguns aspectos da cultura alemã tradicional e algumas manifestações recentes, se possível indicando referenciais desta na cidade onde moram ou conhecem. Língua, Vidas em Português • Um dos aspectos interessantes deste documentário é misturar a fala de personalidades do mundo artístico com pessoas não famosas, humanizando artistas e dando ares artísticos a anônimos. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Língua, Vidas em Português Gênero: Documentário Duração: 105 minutos Lançamento: 2004 Produção: Brasil Classificação etária: Livre Ficha técnica Direção: Victor Lopes Roteiro: Ulysses Nadruz e Victor Lopes Fotografia: Paulo Violeta Edição: Piu Gomes, Pedro Bronz e Victor Lopes Entrevistados José Saramago Martinho da Vila João Ubaldo Ribeiro Mia Couto Grupo Madredeus Edinho • • • O filme O documentário Língua, Vidas em Português trabalha com histórias cruzadas que mostram a diversidade em países unidos por uma só língua: o português. Rodado em seis países – Portugal, Moçambique, Índia, Brasil, França e Japão – é, segundo seus realizadores, não só um filme sobre a língua portuguesa, mas um filme que retrata sociedades multiculturais e o colonialismo. Curiosidades • 68 Victor Lopes, diretor do filme, é uma prova viva dessa convivência multicultural: nasceu em Moçambique, tem nacionalidade portuguesa e reside há 25 anos no Brasil. Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Áreas curriculares: Ciências Humanas, Linguagens e Códigos Sugestão de disciplinas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Literatura Tema: Pluralidade cultural: o império colonial português, a rota do império colonial português; Lusofonia: as identidades culturais existentes em países e regiões falantes da língua portuguesa, como Angola, Brasil, Cabo Verde, Galiza, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste e por diversas pessoas e comunidades; A literatura produzida nesses países que falam e escrevem a língua portuguesa. Orientações preliminares Antes da exibição do filme, seria conveniente propor aos alunos uma pesquisa dos conceitos apresentados no filme, como, por exemplo, etnocentrismo, identidade, lusofonia. Atividades • • Construir uma linha do tempo marcando as datas da colonização portuguesa e as datas de independência dessas colônias. Trabalhar com pequenos textos que abordam o processo de colonização e descolonização das colônias portuguesas. Luz,฀Câmera...฀Educação! 69 • • • • • Localizar geograficamente a rota marítima realizada no processo de expansão marítima portuguesa e os países lusófonos. Realizar um sarau utilizando excertos de literatos – Mia Couto, João Ubaldo Ribeiro, José Saramago – que possuem depoimentos no filme e músicas de Martinho da Vila e do grupo Madredeus. • Questões para discussão Para saber mais sobre o filme, exiba o depoimento de seu diretor, Victor Lopes, que se encontra no making of do DVD. Após a exibição, discuta com os alunos: • Em que Victor Lopes se baseou para fazer o filme? • Qual é o conceito de língua apresentado por Victor Lopes? • Por que o título do filme é Língua, Vidas em Português? • Para Victor Lopes, qual é a diferença entre fazer um filme de ficção e um documentário? Como os depoentes apresentam a colonização portuguesa em suas falas? Os depoimentos dos jovens relatam as características socioculturais do seu cotidiano? E se relatam, como essa sociedade é descrita? Como os cenários se apresentam nos diferentes momentos dos depoimentos? A partir desse documentário, é possível perceber a transformação que a língua portuguesa sofre em cada um desses países/regiões. Em grupos de 4 ou 5, peça que os alunos: • observem as diferenças e semelhanças da língua na fala dos personagens das diferentes regiões/países; 70 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ • escolham um trecho dessas falas e tentem se aproximar do falar de um dos personagens; considerando os gestos das mãos, a postura corporal, o semblante do rosto, o ritmo da fala, etc.; apresentem, para a classe descobrir, qual personagem foi imitado e qual a região/país. Luz,฀Câmera...฀Educação! 71 Narradores de Javé (The Story Tellers - Javé Valley) Curiosidades • • Gênero: Comédia Duração: 102 minutos Lançamento: 2003 Produção: Brasil Classificação etária: Livre Ficha técnica Direção: Eliane Caffé Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane Caffé Produção: Vânia Catani e Bananeira Filmes Fotografia: Hugo Kovensky Música: DJ Dolores e Orquestra Santa Massa Edição: Daniel Rezende Elenco José Dumont - Antonio Biá Matheus Nachtergaele - Souza Nélson Dantas - Vicentino Rui Resende - Vado Gero Camilo - Firmino Luci Pereira - Deodora Nelson Xavier - Zaqueu O filme O filme conta a história de um povoado, Javé, que está prestes a ser inundado e dar lugar à represa de uma hidrelétrica. Os moradores do lugar chegam à conclusão de que a única maneira de impedir a tragédia é transformando Javé em Patrimônio da Humanidade. Para isso decidem transformar as lendas sobre a origem do lugar em um livro. Acontece que a pessoa mais indicada para a tarefa é Antônio Biá, que havia sido banido da cidade por difamar seus moradores através de cartas. Como não há alternativa, a população resolve dar a chance de Biá se redimir escrevendo o livro. E o escrivão passa a ir de casa em casa para ouvir as histórias que estão guardadas na recordação dos moradores de Javé. O problema é que cada um lembra das coisas à sua maneira... 72 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ • O filme foi rodado entre junho e setembro de 2001 em Cameleira da Lapa, cidade do interior da Bahia. Recebeu prêmios como: melhor filme e melhor roteiro no 30º Festival Internacional do Filme Independente de Bruxelas, na Bélgica. Ganhou os prêmios de melhor filme do júri oficial e do júri popular e ainda o prêmio de melhor ator para José Dumont no Festival do Rio 2003. O filme surpreende pelos diálogos criativos e pela intensidade de imagens, e também por falar de questões tão importantes como história, memória, língua, comunidade e resistência. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Narradores de Javé • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa / História / Geografia / Filosofia Tema: Ética e Cidadania (memória / história oral / patrimônio imaterial) Atividades O filme apresenta versões diferentes sobre a origem da cidade de Javé. Qual foi a versão mais convincente para os alunos? Por quê? Sobre a responsabilidade de Antonio Biá (José Dumont), discuta com os alunos: • Qual a difícil tarefa de Biá, levando-se em consideração as histórias orais e a memória do povo? • Por que Antonio Biá não conseguiu contribuir para que Javé se tornasse patrimônio histórico nacional? • O que Biá poderia ter feito para transformar a memória do povo em uma história documentada? Luz,฀Câmera...฀Educação! 73 Biá, ex-funcionário dos Correios, usou de uma estratégia nada ética para se manter no emprego. O que ele poderia ter feito para preservar o Posto dos Correios e seu emprego de uma forma ética e profissional? O personagem Zaqueu (Nelson Xavier), mesmo se auto-intitulando não ser um homem “das letras” (DVD - Cap. X - 06:05min), acha que ler é importante? Por quê? Segundo Zaqueu, a cidade de Javé “foi quando caiu em cima de nós na maior desgraça que um povo pode viver para ver” (DVD - Cap. X - 06:48min). Que desgraça é essa? E por que ele a classificou como sendo a maior desgraça de um povo? Segundo o filme, antigamente era comum a apropriação das terras a partir de “divisa cantada”. Essa prática acontece nos dias de hoje de forma diferente e com outros nomes. Discuta com os alunos quais são essas formas e por que acontece isso hoje em dia. Para os personagens, o que é valor científico? Compare as explicações dos alunos com a do verbete do dicionário, preferencialmente da área de Ciências. Pode-se afirmar que a cidade de Javé, apesar da sua singularidade, concentra características que se repetem em outros lugares do Brasil e do mundo. O que, de comum, a cidade de Javé teria na sua cultura com os outros lugares do Brasil e/ou do mundo? Nas aulas de Língua Portuguesa, entre outras atividades, os alunos podem: Rever o Cap. X (21:30min), em que Biá tenta “dar uma mãozinha” na versão de Vicentino Indalécio da Rocha (Nelson Dantas), recontando-a a sua maneira. • Que tipo de texto Vicentino esperava que Biá escrevesse? • Que tipo de texto Biá queria escrever? • Levando-se em consideração que se tratava de um documento, na sua opinião, quem estava com a razão e por quê? • Qual a diferença entre relatar um fato e interpretar um fato? Os moradores de Javé utilizam uma linguagem típica da região nordeste. Nesse sentido, é importante que os alunos façam: • uma pesquisa sobre as variantes lingüísticas; • uma análise sobre a variante lingüística utilizada pelo povo de Javé. As frases abaixo foram ditas por alguns personagens do filme. Peça para os alunos reescrevê-las, obedecendo ao modo como cada um fala, no entanto, sem mudar o sentido das frases: “... Eu mesmo qui não sô das letras... ” “... Esse lugar véio num vale o que o gato interra... ” “... A caneta corre assim no papel, sem freio... ” Por fim, o único registro desse povoado seria a película Narradores de Javé. Baseando-se na opinião dos alunos, em que medida o filme poderia ser um documento de valor científico e/ou cultural desse povoado? Peça a eles para justificarem suas respostas. 74 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 75 O Fim e o Princípio Peça aos alunos para explicarem com suas palavras o que entenderam das frases abaixo, que foram ditas por alguns personagens do filme: “Eu sô um homem que só consegue pensá a lápis.” “Galinha que muito cisca, encontra cobra.” “Quem muito fala dá bom dia a cavalo.” O professor, juntamente com os alunos, pode debater sobre a importância de cada uma das variantes lingüísticas, considerando os diversos contextos sociais. Qual destes ditados populares serviria melhor como subtítulo do filme Narradores de Javé e por quê? • “Quem conta um conto aumenta um ponto”. • “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”. • “O povo aumenta, mas não inventa”. • “Existem três verdades: a minha, a sua e a que de fato é”. Outra possibilidade de trabalho Apresente aos alunos trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha ao El-Rei Dom Manoel, onde são descritas partes do Brasil e do povo encontrado aqui. Peça aos alunos para elaborarem um texto que descreve a seguinte situação: Se o descobrimento do Brasil tivesse sido registrado a partir das margens da represa do povoado de Javé, como seria a descrição dessas terras, bem como do povo (de Javé)? O texto poderá ser coletivo ou em pequenos grupos de alunos. Gênero: Documentário Duração: 110 minutos Lançamento: 2005 Produção: Brasil Classificação etária: Livre O filme Sem pesquisa prévia, sem personagens, locações nem temas definidos, uma equipe de cinema chega ao sertão da Paraíba em busca de pessoas que tenham histórias para contar. No município de São João do Rio do Peixe a equipe descobre o Sítio Araçás, uma comunidade rural onde vivem 86 famílias, a maioria ligada por laços de parentesco. Graças à mediação de uma jovem de Araçás, os moradores – na maioria idosos – contam sua vida, marcada pelo catolicismo popular, pela hierarquia, pelo senso de família e de honra. Curiosidades • • 76 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Ficha técnica Direção: Eduardo Coutinho Produção: Maurício Andrade Ramos, Eduardo Coutinho e João Moreira Salles Fotografia: Jacques Cheuiche Edição: Jordana Berg Para quem ainda não conhece, esse filme é uma boa oportunidade para se iniciar na obra de Eduardo Coutinho, um dos maiores documentaristas do mundo. Entre suas obras mais famosas estão Cabra Marcado para Morrer (1984), Edifico Máster (2002) e Jogo de Cena (2007). Antes do golpe militar de 1964, Coutinho trabalhou num projeto de ficção baseado em fatos reais, reconstituindo o assassinato do líder das Ligas Camponesas, João Pedro Teixeira, interpretado pelos camponeses do Engenho Cananéia, no interior de Pernambuco, no qual a viúva de João Luz,฀Câmera...฀Educação! 77 • Pedro, Elizabeth Teixeira, interpretaria o seu próprio papel. O filme se chamaria “Cabra Marcado para Morrer” e chegou a ter duas semanas de filmagens, antes do golpe. Retomando o trabalho em 1981, o diretor conseguiu localizar Elizabeth Teixeira. Mostrou-lhe material filmado em 1964 e filmou o depoimento dela sobre a dispersão de sua família após a interrupção do filme. E o que era para ser uma ficção acabou se tornando um dos mais premiados documentários brasileiros. Eduardo Coutinho é famoso pela profunda pesquisa que faz sobre a realidade que pretende filmar. Por isso, O Fim e o Princípio foge de seus padrões, por ter sido produzido sem nenhum levantamento anterior sobre o que seria gravado. Algumas possibilidades de trabalho com o filme O Fim e o Princípio • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa / História / Geografia / Filosofia Tema: Ética e Cidadania (registro de uma comunidade) Atividades 1º momento Apresentar para os alunos os trechos do depoimento de Eduardo Coutinho, diretor do filme, sobre a experiência de ter gravado esse filme. Eu gosto muito da Paraíba, e não só porque foi onde filmei Cabra Marcado para Morrer (1964-1984). Na Paraíba, historicamente, houve uma quantidade enorme de poetas populares. Mas poderia ser noutro Estado do Nordeste. Existe no sertão um talento oratório e uma qualidade do imaginário que não se encontram em outros lugares. A riqueza é 78 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ tamanha que os assuntos em si viram secundários. Para fazer um filme de fala, eu supunha, o melhor seria no sertão. Fonte: http://www.nordesteweb.com/not10_1205/ne_not_20051119a.htm A partir desse comentário, discuta com os alunos o significado de “um talento oratório e uma qualidade do imaginário”. Em outro trecho do depoimento, Coutinho declarou: “Sem a Rosa, não teríamos filme, ou ao menos, esse filme”. Discuta com os alunos: • Quais são o papel e a importância de Rosa no filme? • Como era o jeito de Rosa quando se aproximava das pessoas que seriam entrevistadas? • Por que é importante rememorar e registrar os fatos? • O que define um documentário? • Que outros documentários os alunos conhecem? 2º momento Com base nas frases ditas pelos personagens do filme, os alunos poderiam, em grupos, discutir e registrar o sentido de cada frase. • Minha vida era nas carreiras, trabalhando. • Quem reza não se vende, vende? • Eu digo, a nossa vida é um parafuso... • Tudo no mundo a gente tem que pensar um pouco. • Hoje eu estou sem pontuação para nada. • Eu não sei o que é raiva. • Ele dizia que onde estava o bem, estava o mal, os dois andam juntos. • O ter é uma preocupação grande. • E quem é o mundo? Não somos nós? • Eu sou que nem o vento, uma folha seca, o vento me leva. Luz,฀Câmera...฀Educação! 79 Frases dos personagens do filme O Fim e o Princípio Estabeleça um debate com os alunos, a fim de que eles possam definir quais dessas frases têm valor mais filosófico e/ou poético. 3º momento • • Peça aos alunos para: lerem individualmente cada uma das frases do segundo momento e anotarem que lembrança elas trazem. Por exemplo: de personagens da literatura, de algum parente ou amigo, de experiências de vida, de algum lugar ou época, etc.; definirem apenas uma das frases e, inspirado nela, produzirem um texto que apresenta essa lembrança. Nota Oriente os alunos que determinados elementos do texto precisam ser referenciados. Por exemplo, de quem está se falando, de qual experiência ou lembrança, de que contexto, local ou momento de vida, qual frase foi escolhida, qual é a relação de proximidade. Organizar esses elementos com especial atenção na coerência textual. 4º momento • • • Promova um debate com a turma sobre as seguintes questões: Qual é o tipo de paisagem que impera no filme? Como a seca de 1915 foi retratada no filme? Como se constitui uma comunidade? Qual é o seu papel, a sua função? 6º momento A título de registro, é importante que os alunos possam descobrir algum aspecto relevante dos antigos moradores do local onde a escola se situa. É igualmente importante divulgá-lo para a própria comunidade escolar, por meio de: • um pequeno documentário (com filmadora, máquina fotográfica, celular ou gravação em áudio); • uma exposição de fotos; • depoimento, na escola, de algum representante da cidade ou do bairro. Nota Para esse depoimento, é importante que o professor e os alunos elaborem previamente um roteiro de perguntas baseado nas curiosidades e nos interesses dos alunos, bem como em algo que possa agregar conhecimento a respeito da comunidade, de alguma experiência de vida e/ou do mundo do trabalho. 7º momento Eduardo Coutinho, diretor do filme, tem relevância no cenário do cinema nacional. Por esse motivo, é importante que os alunos pesquisem sobre ele, bem como sobre suas obras, em especial o filme Cabra Marcado para Morrer (1964-1984). 5º momento No making of do filme, assista nos extras ao capítulo “Volta”. Nele, o diretor Eduardo Coutinho retorna ao local das filmagens para apresentar o filme para toda a comunidade. Pergunte aos alunos: O que é possível reconhecer nessa volta? 80 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 81 O Pagador de Promessas Curiosidades • • Gênero: Drama Duração: 95 minutos Lançamento: 1962 Produção: Brasil Classificação etária: 12 anos Ficha técnica Direção: Anselmo Duarte Roteiro: Anselmo Duarte Produção: Oswaldo Massaini Fotografia: Henry Chick Fowle Música: Gabriel Migliori Edição: Carlos Coimbra Elenco Leonardo Villar - Zé do Burro Glória Menezes - Rosa Dionísio Azevedo - Padre Olavo Norma Bengell - Marli Geraldo Del Rey - Bonitão Othon Bastos - Repórter O filme Zé do Burro (Leonardo Villar) e sua mulher Rosa (Glória Menezes) vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador (Bahia). Um dia, o burro de estimação do Zé foi atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar seu animal. Com o restabelecimento do animal, Zé põe-se a cumprir a promessa: doa metade de seu sítio para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crúcis de Zé se torna ainda mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionízio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé ter feito sua promessa em um terreiro de candomblé. 82 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ • • O diretor de fotografia desse filme, Henry Chick Fowle (1915-1995), mais conhecido como Mister Chick, era um inglês que se radicou no Brasil e acabou influenciando toda uma geração de profissionais, além de ter sido responsável pela fotografia de vários sucessos do nosso cinema, em especial dos filmes da produtora paulista Vera Cruz. Chick Fowle e Anselmo Duarte já haviam trabalhado juntos no primeiro filme dirigido por Anselmo, Absolutamente Certo, de 1957, mas antes disso participaram do filme de Adolfo Celi (1922-1986 – diretor e ator italiano que trabalhou no Brasil por algum tempo nas décadas de 50 e 60) Tico Tico no Fubá, que Chick fotografou e Anselmo Duarte protagonizou. O filme O Pagador de Promessas ganhou uma infinidade de prêmios, mas nenhum que supere a Palma de Ouro do Festival de Cannes de 1962. Segundo B. J. Duarte (fotógrafo e crítico de cinema) – “Cinema de linhas simples, mas de realização tão complexa, exatamente por se relacionar a uma intriga de raízes psicológicas, sociológicas, sentimentais e telúricas tão íntimas”. Algumas possibilidades de trabalho com o filme O Pagador de Promessas • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos e Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Arte, Língua Portuguesa e Sociologia Temas: Ética, Pluralidade Cultural (gênero e simbologia da linguagem cinematográfica, literatura popular, sincretismo religioso) Orientações preliminares Sugere-se que O Pagador de Promessas possa ser trabalhado por professores de várias disciplinas. É importante organizar o trabalho de maneira que, depois que se assista ao filme, seja feita uma discussão sobre ele, visando à Luz,฀Câmera...฀Educação! 83 sua compreensão e, posteriormente, sejam tratados os conteúdos específicos das disciplinas. Antes de iniciar a projeção, é importante informar aos alunos que o filme é uma adaptação da peça teatral de mesmo nome, do dramaturgo Dias Gomes, escrita em 1959. Informações sobre as premiações recebidas e sobre o seu diretor, Anselmo Duarte, também merecem ser apresentadas a partir dos extras constantes no DVD. Referências sobre o autor da peça e sua carreira como dramaturgo são importantes para o conhecimento das possibilidades de encenação do texto dramático. Análise do filme Uma sugestão de discussão do filme com os alunos é enfocar as dicotomias que se pode identificar entre: valores éticos de personagens; entre o poder institucional e o do indivíduo do povo, e entre o mundo rural e o mundo urbano. Primeiramente, o professor pode solicitar aos alunos que identifiquem algumas dicotomias encontradas no filme que revelam a incomunicabilidade (conflito e não diálogo) entre as pessoas, tomando como referência a figura do Zé do Burro: sua crença ingênua e a visão dogmática do Padre Olavo; sua sinceridade e o embuste do jornalista; sua inocência e a astúcia do gigolô; sua atitude desinteressada e o oportunismo do comerciante; sua determinação cega no cumprimento da promessa à santa e o ceticismo da sua mulher sobre a importância desse ato. Em outro plano, a análise pode deslocar-se para o entendimento da significação dessa dicotomia em relação ao poder exercido pelas instituições sobre o destino das pessoas. Podem ser enfocados, por exemplo, a intolerância e o corporativismo da igreja católica, presentes no autoritarismo do padre Olavo e na indiferença do monsenhor; a parcialidade da autoridade policial na resolução da crise; o desvirtuamento da função da imprensa ao atender a objetivos meramente comerciais. Em uma terceira abordagem, a dicotomia pode ser encontrada na diversidade de códigos do campo e da cidade. De um lado, a solidariedade e pureza 84 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ do mundo rural, identificada pela divisão de terras promovida pelo Zé do Burro e sua total incapacidade de entender as razões do impedimento do cumprimento de sua promessa, e, de outro, a cidade, onde imperam o individualismo e a incompreensão sobre o que é diferente e que desvirtuam intenções e conduzem à transgressão de Rosa e à morte do pagador de promessas. Atividades Cinema e política O filme O Pagador de Promessas revela uma visão de homem do povo da zona rural que corresponde a uma determinada concepção político-ideológica presente na época de sua criação. Solicite aos alunos uma pesquisa sobre as diversas correntes de pensamento desse período que originaram obras que apresentavam outra concepção de homem do campo e de seu destino. 1 Gênero Solicitar aos alunos que analisem o gênero do filme, identificando os aspectos que caracterizam o drama e o uso de recursos de comicidade. Figuras populares Solicitar aos alunos que identifiquem as personagens que representam grupos populares, como os capoeiristas, mães de santo, malandro, criador de versos. Simbologia Para a análise de elementos simbólicos do filme, o professor pode selecionar alguns trechos para discussão. Um exemplo é a seqüência da morte e a entrada da cruz com o corpo na igreja, filmada de ponta-cabeça. A morte de 1 Orientar os alunos para pesquisarem as influências da cultura política sobre o cinema, a música e as artes em geral, nesse período. Para aprofundar esse estudo em relação ao cinema, o professor pode exibir o clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964), do Cinema Novo, do ponto de vista estético (narrativa) e ideológico (representação do povo e da cultura popular), comparando-o com O Pagador de Promessas. Luz,฀Câmera...฀Educação! 85 O Planeta Branco Zé do Burro afirma, de um lado, a impossibilidade da compreensão e aceitação do que é diferente, mas, por outro lado, ao ser posto na cruz e carregado pelos capoeiristas, sua morte ganha outro sentido, pois eles, representantes do povo, entendem seu ato, e, mesmo que tardiamente, fazem com que Zé do Burro realize o pagamento da sua promessa. (La Planète Blanche) Literatura popular Utilizar-se da figura do criador de versos para trabalhar literatura de cordel2, solicitando análise das temáticas de alguns versos de cordel selecionados.3 Solicitar a produção coletiva de um poema, a partir de um tema escolhido pela classe e seguindo as regras de construção do cordel: rima, métrica, verso, estrofe e narrativa. Gênero: Documentário Duração: 86 minutos Lançamento: 2006 Produção: França / Canadá Classificação etária: Livre Ficha técnica Direção: Jean Lemire, Thierry Piantanida e Thierry Ragobert Roteiro: Stéphane Milliere e Thierry Piantanida Sincretismo religioso (1) O professor pode solicitar que os alunos identifiquem os elementos apresentados no filme que caracterizam o sincretismo religioso.4 Sincretismo religioso (2) O professor pode solicitar uma pesquisa aos alunos sobre o processo de transformação por que passaram as religiões de origem africana que se universalizaram, desvinculando-se de suas bases étnicas, geográficas e de classe social. 2 Pode tratar da origem desse tipo de poesia na Europa, e sua disseminação no Brasil, trazida pelos portugueses. 3 Destacar a capacidade criativa do cordel, que conserva e reinventa costumes e crenças, reafirmando, assim, a identidade coletiva. Pode, também, fazer uma comparação com o poema de denúncia social. 4 O professor pode discutir com os alunos o sincretismo religioso, analisando a prática do candomblé como religião de resistência dos escravos e seus descendentes, que propiciava a manutenção e renovação de seus vínculos com as tradições culturais africanas diante da dominação branca e católica, mas que, por outro lado, atendia à exigência de integração desse povo a esse mundo, para garantir sua própria sobrevivência. Essa dualidade gerou a fusão entre as figuras religiosas da qual o filme fala. 86 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Produção: Jean Labadie, Jean Lemire e Stéphane Milliere Fotografia: Jérôme Bouvier, François de Riberolles, Martin Leclerc, Thierry Machado e David Reichert Música: Bruno Coulais Edição: Catherine Mabilat, Nadine Verdier e Thierry Ragobert Narrador Jean-Louis Étienne O filme Um vasto panorama da região do Ártico, mostrando as diferenças na passagem provocadas pelas estações do ano. O filme registra a força e a habilidade dos animais do Pólo Norte em sua luta pela sobrevivência, e também sua vulnerabilidade diante das mudanças agressivas provocadas no meio ambiente pelo fenômeno do aquecimento global. Curiosidades • “O filme permite que a beleza simples e natural do Ártico fale por si mesma e, silenciosamente, faz um apelo em favor dessa forte, porém frágil região do planeta. Bruno Colais, um dos mais requisitados compositores de trilha na França, é especialista em musicar documentários sobre natureza e belas imagens, como, por exemplo, Microcosmos (1996) e Migração Alada (2001)”. Extraído do site da 30ª Mostra Internacional de Cinema. Luz,฀Câmera...฀Educação! 87 • O filme foi rodado ao longo de três anos na Groenlândia e no Alasca. Os diretores Ragobert e Piantanida são antigos colaboradores de Jacques Cousteau. Algumas possibilidades de trabalho com o filme O Planeta Branco • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza Sugestão de disciplinas: Geografia, Biologia, Língua Portuguesa, Arte Temas: Meio Ambiente, Saúde e Ética: localização geográfica, fenômenos naturais, ciclos de vida dos seres vivos, cadeias alimentares, correntes migratórias, comportamento animal, aquecimento global, transformações da paisagem e as estações do ano. Orientações preliminares Levando-se em consideração que este documentário apresenta um panorama da região ártica, vários aspectos relacionados a esse meio ambiente poderão ser explorados, e, dessa forma, recomenda-se a participação de diferentes disciplinas. Após a exibição do filme, recomenda-se apresentar para os alunos o assunto a ser explorado e o real objetivo de cada disciplina envolvida com esse filme. Uma outra possibilidade de exibição poderá ser o recurso de cena a cena, ou cenas extras, facilitando o desenvolvimento e as conclusões dos assuntos exibidos, no entanto, os alunos deverão ter acesso à obra como um todo. artigos, reportagens, documentos sobre a região do Ártico e sua ambientação nas diferentes estações do ano. Após a exibição do filme, o professor, juntamente com os alunos, pode comentar sobre o documentário apresentado, chamando a atenção para as cenas mais marcantes, assuntos não compreendidos, e sobre o que se pôde aprender/constatar a partir dessa exibição. Cabe também relacionar e comentar sobre outros filmes da mesma temática, verificando qual conhecimento e familiaridade o assunto suscita nos alunos, complementando e/ou corrigindo informações, se necessário. Em grupos de 4 ou 5 alunos, peça para registrarem as informações que eles possuem agora e que consideram relevantes para serem veiculadas na escola, na tentativa de melhorar a visão e o comportamento dos alunos perante o aquecimento global, à continuidade e preservação das espécies, o bem-estar e a saúde de todos. Apresentar para a classe o resultado desse registro, anotando os itens dos grupos num único painel ou na lousa, a fim de se obter uma relação dos itens eleitos pela classe. A partir dessa relação, distribua os itens para os grupos e peça para elaborarem frases de impacto, cartazes com imagens, desenhos, gráficos, etc. sobre os itens apontados. As produções poderão ser expostas nas dependências da escola. Lembrese de orientá-los na construção das frases, em especial na adequação da lin- Atividades Levando-se em consideração o(s) objetivo(s) do trabalho nas diferentes disciplinas e o conhecimento dos alunos a respeito do(s) tema(s), se necessário antecipe uma pesquisa sobre o assunto ou, ainda, faça uma leitura de 88 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 89 Putz! A Coisa Tá Feia guagem, no tamanho das frases e no número de informações de cada produção, a fim de evitar a poluição visual nelas. (The Ugly Duckling and Me!) Outras possibilidades de trabalho • Elaborar textos argumentativos, a partir de um dos temas: - Aquecimento global - Continuidade e a preservação das espécies - Bem-estar social e a saúde de todos - Como intervir nos desequilíbrios ambientais? Ou outro tema eleito pelo professor e/ou pela turma de alunos. Obs.: Se necessário, antes de os alunos iniciarem as produções, busque outras fontes de referência que tratam da temática. • • • • • • 90 Fazer uma releitura do documentário ou de um dos temas trabalhados, por meio de cartazes, charges, organizando instalações com quadros, fotografias, pinturas, etc. e socializando para a comunidade escolar. Elaborar um folheto (com linguagem informativa) a respeito dos conhecimentos que os alunos tiveram a partir do documentário, contendo sessões do tipo: Você sabia que... Organizar um festival de filmes na escola que possam remeter a discussões sobre essa temática. Propor a construção de uma Agenda 21 Escolar como forma de exercício da cidadania em relação ao meio ambiente. Utilizar outras formas de educomunicação (linguagem artística, saraus, poemas) com a utilização das salas de informática para pesquisa e produção dos trabalhos. Preparar um número de dança, de teatro, de coral, etc. utilizando cenas marcantes do filme (como, por exemplo, a última cena) ou outras imagens de filmes diversos. Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Gênero: Animação Duração: 90 minutos Lançamento: 2006 Produção: França / Alemanha / Irlanda / Inglaterra / Dinamarca Classificação etária: Livre Ficha técnica Desenvolvido por: Michael Hegner e Karsten Kiilerich Roteiro: Mark Hodkinson, baseado em história de Michael Hegner, Mark Hodkinson e Karsten Kiilerich e em conto de fadas de Hans Christian Andersen Produção executiva: Moe Honan, Irene Sparre Hjorthoj e Gladys Morchoisne Música: Jacob Groth Edição: Thorbjorn Christoffersen, Virgil Kastrup e Per Risager Elenco Kim Larney - Feio - bebê Márcio Garcia - Feio - adulto - versão brasileira Morgan C. Jones - Ratso / Frank Tadeu Melo - Ratso - versão brasileira Anna Olson - Phyllis Larissa Queiroz - Phyllis - versão brasileira Vozes Ratso – Bruno Solo Mosh – M. Pokora Lucie – Leslie Mosh (criança) – Victor Naudet Phyllis – Brigitte Virtudes Ernie / Regis – Richard Darbois Vincent – Adrien Solis Frank – Bruno Dubernat Stan – Jeremy Prevost Esmeralda – Julie Carli Pipelette Olga / Medi – Françoise Rigal Daphnee / Emilie – Dolly Vanden Mini – Valérie Nosree Maxi / Louis – Suzan Sindberg La Renarde – Sylvie Genty Le Pasteur – Jean-Bernard Guilard O filme Feio é um pato recém-nascido bastante feio. A primeira coisa que ele viu foi Ratso, um rato esperto e egoísta que sonha em trabalhar no showbizz e que Luz,฀Câmera...฀Educação! 91 caiu em cima de seu ovo. Feio logo passa a considerar Ratso como se fosse sua mãe. De início, Ratso não gosta da idéia, mas, aos poucos, vai se afeiçoando a Feio e passa a lhe ensinar como se virar por conta própria. Reveja trechos do filme com os alunos, com o áudio e legenda (opcional) em inglês. Curiosidades • • O filme se originou de uma série de desenhos para a TV, produzidos em 2006 na Alemanha. O desenho tinha o nome original do filme: “The Ugly Duckling and Me!”. Putz! A Coisa Tá Feia pode ser considerado uma releitura da obra de Hans Christian Andersen, mas outros filmes já fizeram adaptações muito mais fiéis de histórias do escritor dinamarquês. Um dos mais famosos, produzido em 1989, é a versão da Disney para o conto de Andersen “A Pequena Sereia”. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Putz! A Coisa Tá Feia • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Inglesa / Língua Portuguesa / Filosofia Tema: Ética e Cidadania (exclusão / inclusão social) Após a exibição, peça aos alunos para que façam uma sinopse do filme, oralmente. Proponha-lhes que façam uma resenha, ou então um resumo, acompanhado da opinião deles (em duplas ou em pequenos grupos) sobre o filme. Se preferir, essa resenha poderá ser construída coletivamente, ou seja, enquanto os alunos sugerem as frases, você as escreve na lousa, finalizando com a opinião geral da turma sobre o filme. Se preferir, essa resenha ainda poderá ser em inglês. • • 92 Explore o sentimento de exclusão do patinho feio, perguntando aos alunos: Como ele se sentiu no meio dos outros patinhos? Como era a relação dele com o pai? Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ DVD: 0h27min3s a 0h28min30s: Quando Ugly era ainda criança, o pai parte do galinheiro por um túnel e ele tem que fazer um show sozinho. Após a exibição desse trecho, faça perguntas, oralmente ou por escrito, e peça aos alunos para responderem: • Como Ugly define suas habilidades artísticas? (Anote as respostas na lousa, preferencialmente em inglês). Ele diz: I can do nothing. • O que Ratso diz que Ugly não sabia fazer? You couldn’t sing, you couldn’t dance, you could do nothing. Nesse mesmo show, Ratso e Wesley (a minhoca) fazem uma avaliação de Ugly. Pergunte aos alunos: • Como eles denominam o Patinho Feio? (The ugliest duck in the world.) Essa mesma atividade poderá ser feita oralmente e por escrito, utilizando a língua inglesa total ou parcialmente. Obs.: Se preferir, aproveite para explorar o modal can e o superlativo em inglês. Luz,฀Câmera...฀Educação! 93 Na cena do show (DVD: 0h27min34s a 0h27min43 e 0h28min30s a 0h29min50s), os outros patinhos empurram várias vezes o patinho feio para o palco. Pergunte aos alunos: • Isso pode ser caracterizado como bullying? • Como o patinho feio se sentiu? Reveja o seguinte trecho com seus alunos: ao sair do show, Ugly vai junto com Ratso procurar o circo. Pergunte aos alunos: • O que significa carnival, que Ratso tanto sonha em conhecer? Reveja o trecho (DVD: 0h40min13s a 0h42min23s) com seus alunos (utilize o áudio e a legenda - opcional em inglês). Esse trecho mostra quando Ugly se torna um adolescente e ele quer saber como é ser um adolescente. O pai, então, dá dicas para ele. Peça aos alunos para transcreverem quais são essas dicas. Utilize o botão “pause” entre uma legenda e outra. Após todos terminarem, transcreva o diálogo na lousa. Se preferir, peça aos alunos para ditarem enquanto você o escreve. DVD: 0h53min30s a 1h10min00s: após rever esse trecho, peça aos alunos que relatem, em inglês, quais são as atrações do parque. • • • • Relembre a cena em que Ugly se torna um lindo cisne. Pergunte aos alunos: Qual foi a reação dos outros patos? Que sensação essa cena provocou nos espectadores? Na cena final (DVD: 1h18min38s a 1h20min52s), os cisnes vêm buscar Ugly e fazem alguns comentários. Pergunte aos alunos: • Quais foram esses comentários? • Como Ugly reagiu? • Vocês acham que ele tomou a decisão certa? Nessa animação, fica evidente a presença de preconceito e de estereótipos. Reflita com seus alunos quais são as classes, gêneros e pessoas que mais sofrem esses tipos de exclusão e por quê. Selecione uma pequena cena, de vocabulário fácil em inglês, e transcrevaa na lousa ou em tiras de papel, com as frases fora da ordem em que aparecem no filme. Peça aos alunos para que as coloquem na ordem correta. Você pode também transcrever cenas e formar pequenos diálogos para os alunos apresentarem. Utilize a cena como script. No parque, Ratso conhece Ernie, o gato. Pergunte aos alunos: Ratso e Ernie são realmente parentes? O que acham da relação entre Ernie e William (bichinho que fica na mão de Ernie)? Relembre a cena em que Ugly, agora adolescente, apresenta outro show no parque (DVD: 01h02min40s a 01h06min20s). Pergunte aos alunos: • Como Ugly se sente nesse show? • Quais as semelhanças e as diferenças entre este e o show que ele fez quando criança? 94 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 95 Terra de Ninguém • (No Man’s Land) Gênero: Drama Duração: 93 minutos Lançamento: 2001 Produção: Bélgica, Bósnia, França, Itália e Inglaterra Classificação etária: 14 anos Ficha Técnica Direção: Danis Tanovic Roteiro: Danis Tanovic Produção: Marc Baschet, Frédérique Dumas-Zadela e Cédomir Kolar Fotografia: Walther Van den Ende Música: Emanuela Di Giunta Elenco Branko Djuric - Chiki Rene Bitorajac - Nino Filip Sovagovic - Cera Simon Callow - Soft Katrin Cartlidge - Jane O filme Chiki e Nino são dois soldados que lutam por lados opostos na Guerra da Bósnia. Em meio ao combate, eles se vêem ilhados em plena fronteira da guerra. Sem ninguém em quem confiar, sem poder deixar o local sem levar um tiro e ainda com um soldado ameaçando explodir a trincheira, os dois são obrigados a negociar por suas próprias vidas para poderem sobreviver. Curiosidades • • 96 O filme é a primeira obra de ficção de Danis Tonovic, conhecido como documentarista em seu país de origem, a antiga Iugoslávia. Durante a guerra, Tonovic filmou mais de 300 horas de material para o arquivo do exército bósnio e realizou documentários como Portraits d’Artistes pendant la Guerre, sobre a vida dos artistas durante o cerco de Sarajevo. Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Os prazos de realização de Terra de Ninguém são inimagináveis para o cinema: foi escrito em 14 dias, filmado em 26 e montado em 12. Estima-se como prazo médio no cinema, de três a quatro meses para a confecção do roteiro e de 40 a 60 dias para as filmagens. Alguns filmes demoram mais de um ano para serem montados. Algumas possibilidades de trabalho com o filme Terra de Ninguém • • • Área curricular: Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: História e Geografia Temas: Ética e Pluralidade Cultural (Guerra Fria, Geopolítica nos Bálcãs, Respeito Mútuo, Repúdio à discriminação baseada em diferenças étnicas, religiosas e culturais). Orientações preliminares Este filme apresenta uma visão do cotidiano de um campo de batalha na guerra separatista das antigas repúblicas federadas que compunham a Iugoslávia, em uma guerra em que foi praticada uma limpeza étnica. No entanto, apesar do tema pesado, o filme conseguiu manter um tom “leve”, tornandose, por isso, passível de exibição completa. É relevante, professor, que você avalie em que momento a exibição desse filme é mais adequada, tendo em vista a proposta curricular vigente. Atividades Exiba o filme Terra de Ninguém na íntegra. Ao chegar nas seqüências abaixo, utilize os recursos da tecnologia, pressionando a tecla “pause” do aparelho de DVD e peça aos alunos que estejam atentos ao que se seguirá: • aos 26min (discussão sobre a culpa da guerra, na visão de dois atores do processo); • aos 44min, a revelação de um país, agora ainda mais dividido; Luz,฀Câmera...฀Educação! 97 • • aos 54min, o diálogo entre Jane, a repórter estrangeira, e o soldado da ONU, Sargento Marchand; 1h10min: a conversa sobre Nino (Rene Bitorajac) matar o bósnio Chiki (Branko Djuric) com sua própria faca. Para iniciar as discussões com esse tema, recomenda-se a apresentação da música Miss Sarajevo da banda irlandesa U2 e Brian Eno (podendo, desta forma, interagir com a disciplina de Inglês), o acompanhamento de sua letra e a leitura de sua tradução. Poderão ser levantadas questões como: • Vocês sabem o que significa o título da música? • O que poderia querer dizer a estrofe: “Lá vem ela, a mais bela recebendo a coroa, lá vem ela, surreal em sua coroa?” • Qual será a função das menções “um momento para primeira comunhão” e “um momento para se voltar para Meca”? Professor, não deixe de destacar que surreal é aquilo que vai “além do real”, que vai além do controle da razão, podendo ser encarado como algo bizarro, estranho, louco. Chame a atenção dos alunos para a presença das religiões cristã (primeira comunhão) e muçulmana (se voltar para Meca). Peça aos alunos para lerem em seu livro didático o texto sobre o período do pós-guerra e sobre o período da Guerra Fria. Chame a atenção para a situação da Iugoslávia. Esta é uma situação propícia para trabalhar de forma a ativar as estratégias de leitura que se aplicam quando se lê: decodificação, antecipação, inferência, seleção e checagem. Aproveite também para conversar com os alunos sobre a criação da Iugoslávia, chamando atenção para a junção, sob um mesmo governo, de etnias diferentes (eslovenos, sérvios, cro- 98 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ atas, bósnios), de culturas e religiões diferentes (cristãos e mulçumanos) e a sua manutenção no período da Guerra Fria, como parte da “Cortina de Ferro”, mostrando seu desmantelamento com a queda do Muro de Berlim. Pergunte o que perceberam do filme e, em especial, sobre os pontos destacados: • quem era o culpado pela guerra; • além de soldados, eles tinham vida em comum que se cruzava (a amiga de um namorou o outro) e que poderiam ter sido amigos, mas que agora, devido à eclosão de uma guerra civil, lutam em lados opostos e buscam, apesar da proximidade, o distanciamento que poderá levá-los ao assassinato de ambos; • as possibilidades de atuação da imprensa: chamar a atenção para o foco dado pela repórter, cobrando posicionamentos, chamando a atenção para a atrocidades da guerra e, em especial, para a situação absurda vivida pelos dois personagens principais; assim como as tropas de paz da ONU, chamando a atenção para o seu papel sempre delicado das tentativas de manutenção de cessar-fogo, de negociações, etc.; • se, em algum momento, os envolvidos conseguiram perceber que as diferenças entre eles (etnia, religião, cultura, etc.) eram pequenas diante de algo maior: suas vidas. Discuta com os alunos os pontos levantados, acrescentando tópicos que não tenham sido percebidos por eles e que possam auxiliá-los na percepção da importância da Guerra da Bósnia, na importância do respeito mútuo e da necessidade do repúdio à discriminação em suas diversas formas. Luz,฀Câmera...฀Educação! 99 Para encerrar, sugere-se organizar os alunos em grupos de 4 ou 5 e pedir a eles que produzam um texto dissertativo-argumentativo sobre a importância da tolerância e do respeito mútuo. Para auxiliá-los na produção escrita de textos, é valido fazer uma reescrita de um dos textos dos próprios alunos. No entanto, é aconselhável manter a autoria em sigilo e pedir autorização do aluno-autor, pois o texto dele será exposto para a classe reescrevê-lo sob sua coordenação. Dessa forma, selecione um texto dos alunos e o escreva na lousa. Peça para a turma lê-lo e, a partir dessa leitura, chame a atenção dos alunos para as informações básicas que o texto deverá ter e que, porventura, estejam faltando, tais como: quem, quando, por que, onde, etc. A seguir, pode-se dar unidade ao texto, usando as conjunções adequadas e tirando os vícios da linguagem coloquial (repetição de palavras, gírias, etc.) e, por último, trabalhar a ortografia. Vida de Menina Gênero: Drama Duração: 101 min. Lançamento (Brasil): 2004 Distribuição: Riofilme Classificação etária: Livre Ficha técnica Direção: Helena Solberg Roteiro: Elena Soáres e Helena Solberg Produção: Radiante Filmes Produtor: David Meyer Co-produção: Raccord Produções Música: Wagner Tiso Fotografia: Pedro Farkas Direção de arte: Beto Mainieri Edição: Diana Vasconcellos Figurino: Marjorie Gueller Elenco Ludmila Dayer - Helena Morley Daniela Escobar - Carolina Dalton Vigh - Alexandre Maria de Sá - Teodora Camilo Bevilacqua - Geraldo Lolô Souza Pinto - Tia Madge Benjamim Abras - Teodomiro Lígia Cortez - Iaiá O filme Uma grande personagem essencialmente brasileira, num momento crítico de sua vida, briga para estabelecer sua liberdade e integridade. Tendo como pano de fundo um Brasil que acaba de abolir a escravatura e proclamar a República, Helena Morley começa a escrever o seu diário, que nos revela seu universo e um país que adolesce junto com a menina. Nesse momento da vida, Helena é magra, desengonçada e sardenta: se acha feia. Não é boa aluna, nem comportada como sua irmã Luizinha; seu apelido é “Tempestade”. Mas Helena, como nenhuma outra garota de Diamantina, escreve. 100 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 101 Curiosidade Vida de Menina é o primeiro longa-metragem totalmente de ficção de Helena Solberg. Baseia-se no livro Minha Vida de Menina (O Diário de Helena Morley), de Helena Morley, um clássico da literatura brasileira, sucesso no Brasil e no exterior e que está em sua 19ª edição. Esse diário cobre os anos de 1893 a 1895, mas só foi publicado em livro pela autora em 1942, causando impacto. Você pode também levar e comentar alguns diários, tais como: Diários de Cristóvão Colombo, Diário de Anne Frank ou o livro Paratii entre dois pólos, de Amyr Klink, ou ainda pedir para que os alunos comentem sobre os próprios diários. O objetivo desta atividade é listar as principais características desse gênero e elaborar hipóteses acerca dos possíveis assuntos que serão tratados no filme. Atividades Algumas possibilidades de trabalho com o filme Vida de Menina • • • Áreas curriculares: Linguagens e Códigos / Ciências Humanas Sugestão de disciplinas: Língua Portuguesa / Geografia / História / Filosofia Tema: Ética e Cidadania (Relações de gênero / Relações de trabalho / Formação do sujeito / Patrimônio histórico) Orientações preliminares Sugere-se que as atividades a seguir sejam desenvolvidas por professores de disciplinas diferentes. É importante assistir ao filme em sua totalidade e, a seguir, selecionar fragmentos que ajudem na compreensão dos temas propostos. Lembre-se de que o filme, como qualquer objeto cultural, deve ser problematizado. Para a sua análise, é importante que os alunos observem alguns elementos que o diretor utilizou para compor as cenas, tais como falas, gestos, vestimentas, paisagens e sons. Atividade de aquecimento O filme foi inspirado no diário de Helena Morley, pseudônimo de Alice Dayrell Brant, que tinha 14 anos quando o escreveu durante os anos de 1893 a 1895. Portanto, peça aos alunos para contarem se conhecem esse gênero de escrita ou se alguém na classe tem (ou tinha) o hábito de escrever diário. 102 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ O filme, ambientado nos anos 90 do século XIX, pouco após a libertação dos escravos e da proclamação da República, trabalha com diversas polaridades e tem como eixo principal a oposição mulher/homem. Assim, a narrativa mostra as distinções: jovem/adulto; trabalho manual/trabalho intelectual; protestantismo/catolicismo; criacionismo/evolucionismo; civilização/barbárie; cultura popular/cultura erudita; crise/prosperidade. Sugerem-se, portanto, atividades com o intuito de problematizar tais dicotomias a partir: 1) da formação do sujeito, 2) das relações de gênero e trabalho e 3) da cidade de Diamantina. I – Formação do sujeito Uma dos temas centrais do filme é a formação do sujeito. Helena, por meio de sua relação com a escrita, nos relata suas afinidades e distanciamentos em relação às questões culturais de seu tempo. Assim, oriente os seus alunos para que, em grupo, produzam um texto dissertativo-argumentativo, com o intuito de discorrer sobre as questões culturais que a afligiam e explicar a importância da escrita em sua formação. Para tanto, precisam: • Observar o tema e a forma (os gestos, olhares, o tom da fala, silêncios) como a autora dialoga com o padre Neves, com a avó Teodora, com a mãe Carolina, com a tia Madge, com o professor Teodomiro e com Leontino. • Rever a seqüência no DVD: 45min 40s até 1h 10min 40s. Esta seqüência é chave, pois ajuda na compreensão da relação de Helena com a escrita. Observação 1 Peça para os alunos observarem os provérbios e a sua função na cena do filme, tais como: “A mulher e a galinha nunca devem passear, a galinha o bicho come, a mulher dá o que falar”, “Casamento e mortalha no céu se talha”, “Não vá com tanta sede ao pote” ou “Eu penso que a vida é como um punhado de fubá que se põe na palma da mão, quando se assopra, vai embora e não fica nada”. Tais textos ajudarão a perceber os aspectos discordantes da narrativa. Observação 2 Peça que observem a relação de Helena com os amigos a partir do momento em que se torna escritora. II – Relações de gênero e trabalho Oriente os alunos para consultarem, em fontes atualizadas, sobre o fim da escravidão, a ampliação do trabalho assalariado, a transição da Monarquia para a República no Brasil. Depois de trocar e comentar as informações com os alunos, promova um debate com o intuito de identificar e explicar as principais características dos papéis sociais exercidos por mulheres e homens na sociedade patriarcal de Diamantina do final do século XIX. Para tanto, recupere algumas passagens no DVD, observando os itens a seguir: 1) Os elementos utilizados pela diretora para compor o personagem: a fala, a escrita, a leitura, os gestos, os gostos, a vestimenta dos personagens: a) Mulheres: Helena, Carolina (mãe), Dona Teodora (avó); Tia Madge; Generosa e Arinda; b) Homens: Alexandre (pai), Geraldo (tio), Padre Neves, Prof. Teodomiro e Leontino. • • 3) Atividades exercidas pelos homens brancos e homem negro. Além disso, peça aos alunos para responderem, em grupos: Por que Helena é uma agente desestabilizadora no filme? Quais são as semelhanças e diferenças na vida dos negros após o término da escravidão? III - Cidade de Diamantina, patrimônio histórico O filme também ajuda na compreensão das razões dessa cidade ter se tornado um patrimônio histórico: seu declínio econômico. Peça aos alunos para pesquisarem sobre o que é patrimônio histórico e, a seguir, elaborarem um cartaz coletivo (da turma inteira), com o intuito de explicar as razões de Diamantina ter se tornado patrimônio histórico. Para tanto, siga o roteiro: 1) Anotem as características da cidade de Diamantina que aparecem no filme (prédios, casas, ruas e meios de transporte). • • 2) Consultem imagens fotográficas de Diamantina em sites oficiais http://www.diamantina.mg.gov.br/portal1/intro.asp?iIdMun=100131242 http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/apresent.asp e de agências de turismo e anotem como são prédios, casas, ruas, meios de transporte hoje. 3) Anotem as mudanças e permanências e formulem hipóteses para explicar as razões das muitas permanências. 4) Leiam a história da cidade e do contexto histórico brasileiro em livros de História. 5) Organizem as legendas das fotos com linguagem adequada e objetiva. 2) As atividades exercidas pelas mulheres brancas e pelas mulheres negras. 104 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 105 E scolher,฀filtrar,฀selecionar,฀decidir฀são฀sempre฀ações฀muito฀ difíceis,฀mesmo฀quando฀os฀critérios฀e฀os฀objetivos฀já฀estejam฀ definidos.฀Considerando฀o฀vasto฀universo฀do฀cinema,฀desde฀1895฀ (irmãos฀Lumière)฀até฀hoje,฀se฀torna฀tarefa฀ainda฀mais฀complexa,฀ principalmente฀quando฀os฀assuntos฀são฀cinema฀e฀educação. Há฀ mais฀ de฀ cem฀ anos฀ o฀ cinema฀ não฀ pára฀ de฀ produzir;฀ filmes฀ de฀todos฀os฀gêneros฀e฀tipos฀aparecem฀a฀cada฀dia฀no฀mercado.฀Foi฀ especialmente฀por฀isso฀que฀pesquisamos฀muitos฀livros,฀catálogos฀e฀ locadoras,฀navegamos฀por฀diversos฀sites,฀enfim,฀no฀conjunto,฀mais฀ de฀mil฀títulos฀de฀filmes฀foram฀consultados฀antes฀de฀chegarmos฀aos฀ vinte฀finais. O฀caminho฀percorrido฀foi฀longo,฀porém,฀muito฀revelador.฀Por฀ esse฀ motivo,฀ gostaríamos฀ de฀ deixar฀ registradas฀ algumas฀ marcas.฀ Algumas marcas do projeto Uma฀delas฀foi฀a฀consulta฀realizada฀com฀alunos฀e฀professores฀do฀Ensino฀ Médio฀ do฀ interior,฀ da฀ Capital฀ e฀ da฀ Grande฀ São฀ Paulo,฀ mais฀ especificamente฀das฀Diretorias฀de฀Ensino฀das฀regiões฀de฀Pindamonhangaba,฀Franca,฀Guarulhos฀Sul฀e฀Sul฀1.฀O฀levantamento฀desses฀ dados฀ foi฀ decisivo฀ para฀ o฀ aprimoramento฀ do฀ Projeto,฀ bem฀ como฀ para฀ a฀ definição฀ dos฀ filmes,฀ pois฀ entre฀ outras฀ informações฀ a฀ consulta฀ revelou฀ as฀ preferências฀ desse฀ público฀ por฀ títulos,฀ gêneros฀ e฀ temas฀de฀filmes,฀bem฀como฀a฀freqüência฀com฀que฀eles฀costumam฀ assisti-los.฀ Outra฀ passagem฀ significativa฀ desse฀ percurso฀ –฀ e฀ que฀ fazemos฀ questão฀de฀dividi-la฀com฀todos฀os฀educadores฀envolvidos฀com฀o฀Projeto฀–฀é฀a฀relação฀dos฀cem฀títulos฀de฀filmes฀que฀julgamos฀valer฀muito฀ a฀ pena฀ serem฀ conhecidos.฀ No฀ entanto,฀ alertamos฀ que฀ nem฀ todos฀ eles฀são฀recomendados฀para฀o฀trabalho฀específico฀com฀alunos฀do฀ Ensino฀Médio฀regular,฀mas฀vale฀uma฀investigação฀pessoal฀do฀profes- Luz,฀Câmera...฀Educação! 107 sor,฀pois,฀além฀de฀revelarem฀um฀pouco฀sobre฀o฀caminho฀percorrido฀ pela฀equipe,฀nos฀aproximam฀da฀complexidade฀e฀da฀riqueza฀que฀o฀ cinema฀tem฀nos฀revelado. Em฀ diferentes฀ momentos฀ do฀ trabalho฀ reservamos฀ um฀ espaço฀ para฀o฀compartilhamento฀de฀frases฀representativas฀do฀cinema.฀Esse฀ espaço฀foi฀criado฀com฀o฀intuito฀de฀dar฀continuidade฀à฀refl฀exão฀da฀ sétima฀arte,฀de฀diversifi฀car฀atividades฀didáticas฀e฀de฀apontar฀alguns฀ caminhos฀ para฀ o฀ trabalho฀ com฀ essa฀ linguagem.฀ A฀ leitura฀ e฀ a฀ discussão฀dessas฀frases฀também฀facilitam฀a฀compreensão฀de฀diferentes฀ aspectos฀da฀produção฀cinematográfi฀ca฀mundial฀e/ou฀brasileira.฀ Por฀fi฀m,฀vale฀ressaltar฀que฀estar฀atentos฀a฀novas฀buscas฀é฀uma฀ tarefa฀de฀todos฀os฀envolvidos฀com฀a฀Educação,฀pois฀tanto฀sozinhos฀ como฀junto฀com฀outras฀pessoas,฀aprendemos฀com฀o฀Cinema,฀descobrindo฀novas฀formas฀de฀olhar,฀de฀investigar,฀de฀confrontar฀diferentes฀pontos฀de฀vista,฀por฀meio฀de฀conversas฀informais฀e฀debates,฀ sobretudo฀quando฀envolvem฀a฀preciosa฀relação฀aluno฀–฀professor.฀ Esse฀processo฀de฀fi฀ltrar฀e฀escolher฀precisa฀ser฀permanente.฀É฀o฀desenvolvimento฀dessa฀capacidade฀que฀nos฀coloca฀de฀forma฀ativa฀no฀ mundo฀das฀imagens.฀Se฀a฀imagem฀nos฀seduz฀no฀mundo฀contemporâneo,฀ela฀também฀pode฀trazer฀uma฀impressão฀nebulosa฀do฀real.฀É฀ a฀nossa฀capacidade฀de฀análise฀crítica฀que฀permite฀olhar฀o฀Cinema฀ não฀como฀meros฀consumidores฀de฀belas฀ou฀feias฀imagens,฀mas฀como฀ sujeitos฀de฀intervenção฀desse฀universo,฀criando฀novos฀signifi฀cados฀e฀ valores,฀sabendo฀transitar฀entre฀a฀fi฀cção฀e฀a฀realidade. 108 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ “Gosto฀de฀pensar฀na฀experimentação฀como฀na฀vela฀de฀um฀barco.฀ Nunca฀ se฀ pode฀ estar฀ certo฀ dos฀ ventos,฀ mas฀ com฀ mão฀ segura฀ pode-se฀manobrar฀as฀velas,฀pode-se฀ir฀aonde฀quiser;฀sem฀isso,฀não฀é฀ possível฀nem฀mesmo฀deixar฀o฀porto.” Orson Welles, cineasta norte-americano. Excerto do livro Cinema – O Mundo em Movimento, de Inácio Araújo, Scipione, 1995. “Nunca฀imaginei฀me฀tornar฀um฀diretor,฀mas฀do฀primeiro฀dia,฀ da฀primeira฀vez฀que฀gritei฀‘Luz!฀Câmera!฀Ação!฀Corta!’,฀pareceu-me฀ Frases sobre cinema ter฀ sempre฀ feito฀ aquilo,฀ não฀ poderia฀ fazer฀ nada฀ diferente,฀ aquilo฀ era฀eu฀e฀aquela฀era฀minha฀vida.฀E฀assim,฀fazendo฀filmes,฀só฀me฀proponho฀seguir฀esta฀inclinação฀natural,฀a฀contar฀histórias฀por฀intermédio฀do฀cinema,฀histórias฀que฀fazem฀parte฀da฀minha฀natureza฀e฀ que฀gosto฀de฀narrar฀numa฀inextricável฀mistura฀de฀sinceridade฀e฀de฀ invenção,฀de฀vontade฀de฀chocar,฀de฀me฀confessar,฀de฀ser฀a฀moral,฀o฀ profeta,฀a฀testemunha,฀o฀palhaço...฀de฀fazer฀rir฀฀e฀comover.฀Precisa฀ de฀outro฀motivo?”฀ Federico Fellini, cineasta italiano. Excerto do livro Fazer um Filme, Federico Fellini, Civilização Brasileira, 2000. 110 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 111 “Os฀filmes฀(como฀também฀outras฀obras฀artísticas)฀são฀produ- “Cinema฀que฀faz฀sonhar฀para฀depois฀voltar฀à฀realidade฀da฀vida฀ ções฀ da฀ cultura:฀ obedecem฀ a฀ condições฀ de฀ produção,฀ contingên- ainda฀no฀vácuo฀dos฀sonhos,฀e฀comprovar฀que฀os฀filmes฀não฀são฀simples฀ cias฀de฀mercado,฀mas฀não฀a฀objetivos฀pedagógicos,฀didáticos฀ou฀se- fuga฀da฀problemática฀diária,฀mas฀reabastecimento฀que฀nos฀permite฀ riações฀artificiais.฀Sua฀utilização฀na฀Educação฀é฀importante฀porque฀ enfrentar฀o฀cotidiano฀sem฀esquecer฀as฀possibilidades฀humanas.”฀ eles฀trazem฀para฀a฀Escola฀aquilo฀que฀ela฀se฀nega฀a฀ser฀e฀que฀poderia฀ transformá-la฀em฀algo฀vivo฀e฀fundamental:฀participante฀ativa฀e฀criativa฀dos฀movimentos฀da฀cultura,฀e฀não฀repetidora฀e฀divulgadora฀de฀ Pablo González Blasco, autor do livro Educação da Afetividade através do Cinema. Curitiba: Instituto de Ensino e Fomento, 2006, p. 59. conhecimentos฀massificados,฀muitas฀vezes฀já฀deteriorados,฀defasados฀ e฀inadequados฀para฀a฀educação฀de฀uma฀pessoa฀que฀já฀está฀imersa฀e฀ viverá฀na฀cultura฀aparentemente฀caótica฀da฀sociedade฀moderna.”฀ Milton José de Almeida, pesquisador do Laboratório de Estudos Audiovisuais, Unicamp. Excerto da coletânea Lições com o Cinema, v. 3, Antonio Rebouças Falcão e Cristina Bruzzo. Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, 1996. “O฀cinema,฀no฀entanto,฀já฀na฀década฀de฀20,฀era฀anunciado฀como฀ um฀processo฀de฀entretenimento฀do฀homem.฀O฀cinema฀foi฀mostrado฀ como฀espetáculo฀através฀das฀máquinas฀onde฀se฀colocavam฀moedas฀ para฀ver฀filmes;฀ficavam฀instaladas฀em฀parques฀de฀diversões,฀do฀lado฀ das฀rodas฀gigantes฀e฀dos฀trens-fantasmas.฀Os฀donos฀do฀cinema,฀que,฀ mais฀tarde,฀vieram฀a฀ser฀grandes฀produtores฀de฀cinema฀ou฀grandes฀ exibidores,฀nasceram฀aí.”฀ “O฀homem฀busca฀no฀escuro฀do฀cinema฀o฀isolamento฀do฀mundo฀ para฀viver฀uma฀experiência฀imaginária฀com฀todas฀as฀emoções฀proibidas฀e฀perigosas;฀sai฀delas฀como฀se฀despertasse฀de฀um฀sonho.”฀ Walter Lima Jr., cineasta brasileiro. Excerto da coletânea Lições com o Cinema, v. 3, Antonio Rebouças Falcão e Cristina Bruzzo. Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, 1996. Ana Lucia Sampaio Fernandes, psicanalista. Fonte: www.pepsi.bvs-psi.org.br. 112 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 113 “Nós,฀espectadores,฀quanto฀mais฀vamos฀ao฀cinema,฀mais฀apri- pegava฀rolos฀de฀papel฀higiênico,฀o฀núcleo฀de฀papelão,฀fazia฀daquilo฀ moramos฀o฀nosso฀gosto.฀Por฀isso,฀não฀devemos฀nos฀preocupar฀ex- um฀carretel฀e฀passava฀meu฀papel฀de฀seda฀cortado฀de฀um฀lado฀para฀ cessivamente฀com฀as฀opiniões฀dos฀críticos฀e฀especialistas.฀Embora฀ o฀outro,฀numa฀caixa,฀fazia฀uma฀tela,฀punha฀uma฀luz฀atrás,฀e฀exibia฀ elas฀mereçam฀ser฀levadas฀em฀conta,฀a฀experiência฀que฀temos฀de฀um฀ para฀as฀pessoas.฀E฀ganhava฀dinheiro฀com฀isso!฀Porque฀tinha฀uma฀ filme฀é฀muito฀pessoal฀(e,฀portanto,฀subjetiva).” vila฀do฀lado฀da฀minha฀casa฀e฀eu฀normalmente฀fazia฀isso.” Inácio Araújo, crítico de cinema. Excerto do livro Cinema – O Mundo em Movimento, Inácio Araújo, Scipione, 1995. Walter Lima Jr., cineasta brasileiro. Excerto da coletânea Lições com o Cinema, v. 3, Antonio Rebouças Falcão e Cristina Bruzzo. Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, 1996. “O฀ cinema฀ era฀ uma฀ espécie฀ de฀ janela฀ por฀ onde฀ olhávamos฀ o฀ mundo.”฀ “Eu฀adoro฀minha฀profissão,฀acho฀que฀não฀saberia฀ser฀outra฀coiWalter Lima Jr., cineasta brasileiro. Excerto da coletânea Lições com o Cinema, v. 3, Antonio Rebouças Falcão e Cristina Bruzzo. Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, 1996. sa.฀Ela฀é฀muito฀bonita,฀tão฀misteriosa,฀tão฀generosa.฀E฀ela฀vive฀do฀ cotidiano,฀que฀é฀mais฀bonito฀ainda.฀Vive฀do฀debruçamento฀da฀gente฀ sobre฀as฀pessoas.฀Então฀você฀pinça฀tanta฀coisa,฀o฀tempo฀inteiro฀você฀ está฀pinçando฀coisa฀aqui,฀gente฀ali,฀que฀você฀nunca฀vai฀esquecer.฀E,฀ quando฀você฀cria฀um฀personagem,฀tem฀tanta฀coisa฀de฀tudo฀que฀você฀ observou,฀e฀que฀você฀passou...”฀ “Minha฀ aproximação฀ com฀ o฀ cinema,฀ quando฀ garoto,฀ se฀ deu฀ Raul Cortez, ator brasileiro. Depoimento extraído do making of do filme Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho. certamente฀por฀esse฀fascínio฀por฀um฀universo฀alheio฀ao฀meu,฀que฀ falava฀de฀coisas฀que฀eu฀não฀via฀no฀meu฀cotidiano.฀Fui฀levado฀a฀isso฀ de฀forma฀muito฀arrebatada,฀porque,฀ainda฀garoto,฀descobri฀que฀poderia฀fazer฀meus฀próprios฀filmes.฀Então,฀passei฀a฀fazê-los฀em฀papel฀ de฀seda฀(eu฀gosto฀de฀desenhar);฀eu฀fazia฀filmes฀no฀papel฀de฀seda,฀ 114 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 115 “O฀cinema฀e฀o฀trem฀foram฀instrumentos฀importantes฀na฀construção฀do฀sentido฀de฀nação฀na฀América.”฀ Cristina Bruzzo, pesquisadora na área de educação e cinema, Unicamp. Excerto da coletânea Lições com o Cinema, v. 3, Antonio Rebouças Falcão e Cristina Bruzzo. Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, 1996. “Fazer฀um฀filme฀é฀traduzir฀uma฀emoção,฀tratar฀de฀um฀problema฀ que฀nos฀incomoda.฀Eu฀sempre฀gostei฀de฀filmes฀com฀problemas.” Fritz Lang, diretor representativo do expressionismo alemão. Excerto do livro Educação da Afetividade através do Cinema, de Pablo González Blasco. Curitiba: Instituto de Ensino e Fomento, 2006, p. 59. “Lembro-me฀de฀quando฀fui฀ao฀cinema฀ver฀E.T.฀Eu฀era฀ainda฀criança฀e฀tamanho฀foi฀o฀impacto฀da฀música฀em฀mim,฀que฀imediatamente฀ “O฀cinema฀ultrapassa฀qualquer฀meio฀de฀transporte,฀porque,฀de- fiz฀com฀que฀meu฀pai฀comprasse฀o฀LP฀da฀trilha฀musical.฀Ouvia-o฀todos฀ safiando฀o฀tempo,฀pode-nos฀levar฀em฀visita฀ao฀passado฀e฀ao฀futuro.฀ os฀dias.฀Cheguei฀a฀decorar฀as฀faixas.฀Ficava฀imaginando฀quais฀eram฀ O฀conhecimento฀que฀temos฀dos฀povos฀antigos฀é฀definido฀pelas฀aulas฀ as฀seqüências฀que฀a฀música฀descrevia,฀‘viajando’฀nos฀temas฀melódicos฀ e฀pelos฀livros฀de฀História;฀entretanto,฀quando฀fechamos฀os฀olhos,฀ e฀sonhando฀com฀as฀cenas฀que฀eram฀acompanhadas฀pela฀grandiosa฀ são฀as฀imagens฀dos฀filmes฀épicos฀que฀desenham฀os฀faraós,฀os฀césares฀ orquestra.฀São฀as฀primeiras฀recordações฀que฀tenho฀do฀quanto฀fiquei฀ e฀mesmo฀os฀índios฀das฀missões฀jesuíticas.”฀ impressionado฀com฀a฀força฀da฀música฀cinematográfica,฀com฀as฀imagens฀que฀a฀música฀desenhava฀em฀minha฀imaginação.”฀ Rubens Ewald Filho, crítico de cinema. Excerto do prefácio do livro A Música do Filme – Tudo o que Você Gostaria de Saber sobre a Música de Cinema. São Paulo: Escrituras, 2006. 116 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Cristina Bruzzo, pesquisadora na área de educação e cinema, Unicamp. Excerto da coletânea Lições com o Cinema, Antonio Rebouças Falcão e Cristina Bruzzo. Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, 1994. Luz,฀Câmera...฀Educação! 117 “O฀cinema฀deve฀exprimir฀as฀linhas฀de฀força฀da฀existência฀e฀se฀ preocupar฀menos฀em฀ser฀cópia฀da฀realidade.”฀ Claude Chabrol, cineasta francês. Fonte: http://www.webfrases.com/mostrar_frases.php?id_frases=63. linguagem,฀é฀a฀fabulação,฀o฀resto฀é฀mera฀descrição฀sem฀alma.฀Bom,฀ não฀sei฀se฀estou฀divagando฀por฀outros฀lados...” Luiz Fernando Carvalho, cineasta brasileiro e diretor de televisão. Excerto do livro Sobre o Filme Lavoura Arcaica, Ateliê Editorial, 2002. “No฀set฀eu฀gosto฀de฀trabalhar฀em฀meio฀às฀pessoas,฀não฀preciso฀ “É฀incrível฀o฀poder฀de฀uma฀melodia฀para฀detonar฀a฀nossa฀memó- de฀penosas฀concentrações,฀de฀disciplinas฀militares,฀de฀silêncios฀sem฀ ria฀afetiva.฀Aposto฀que฀você฀é฀capaz฀de฀se฀lembrar฀direitinho฀da฀músi- respiração.฀ Gosto฀ que฀ as฀ pessoas฀ venham฀ me฀ encontrar,฀ e฀ eu฀ ali,฀ ca฀que฀estava฀tocando฀no฀cinema฀quando฀você฀deu฀o฀primeiro฀beijo,฀ desafogando฀o฀prazer฀de฀ser฀um฀saltimbanco.฀Na฀sala฀de฀edição,฀ao฀ ou฀se฀apaixonou฀de฀verdade,฀oi฀foi฀se฀consolar฀depois฀de฀uma฀briga.฀ contrário,฀não฀tolero฀ninguém.฀É฀uma฀sala฀de฀cirurgia,฀e฀o฀objeto,฀o฀ É฀incrível฀como฀a฀música฀de฀cinema฀é฀capaz฀de฀apertar฀um฀botão฀de฀ filme,฀precisa฀de฀respeito,฀se฀nutre฀da฀própria฀intimidade”. nossa฀sensibilidade฀que฀nos฀faz฀viajar฀imediatamente฀para฀outro...”฀ Federico Fellini, cineasta italiano. Excerto do livro Fazer um Filme, Civilização Brasileira, 2000. Rubens Ewald Filho, crítico de cinema. Excerto do prefácio do livro A Música do Filme – Tudo o que Você Gostaria de Saber sobre a Música de Cinema. São Paulo: Escrituras, 2006. “Bem,฀quando฀você฀entra฀numa฀sala฀de฀cinema,฀você฀entra฀para฀ reencontrar฀a฀vida,฀mas,฀se฀não฀houver฀uma฀mínima฀diferença฀entre฀a฀vida฀que฀existe฀contida฀na฀tela฀e฀a฀vida฀que฀existe฀do฀lado฀de฀ fora฀da฀sala฀de฀cinema,฀nas฀ruas,฀então฀não฀faz฀mesmo฀o฀menor฀sentido฀entrar฀em฀uma฀sala฀de฀cinema.฀E฀essa฀diferença฀é฀a฀criação,฀é฀a฀ 118 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 119 A฀relação฀de฀filmes฀que฀compõem฀esta฀lista฀é฀apenas฀para฀provocar฀ a฀ curiosidade฀ de฀ professores฀ e฀ alunos฀ em฀ novas฀ buscas฀ no฀ universo฀cinematográfico. Legenda D: Direção Mais filmes, outras descobertas... 120 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ P: País A: Ano 12 Homens e Uma Sentença D: Sidney Lumet P: EUA A: 1957 A História Oficial D: Luis Puenzo P: Argentina A: 1985 A Caminho de Kandahar D: Mohsen Makhmalbaf P: Irã A: 2001 A Língua das Mariposas D: José Luis Cuerda P: Espanha A: 1999 A Criança D: Jean Pierre Dardenne e Luc Dardenne P: Bélgica, França A: 2005 À Procura da Felicidade D: Gabriele Muccino P: EUA A: 2006 A Excêntrica Família de Antônia D: Marleen Gorris P: Holanda, Bélgica e Inglaterra A: 1995 A Queda! As Últimas Horas de Hitler D: Oliver Hirschbiegel P: Alemanha, Itália A: 2004 A Família do Futuro D: Stephen Anderson P: EUA A: 2007 A Rainha D: Stephen Frears P: Inglaterra, Itália e França A: 2006 A Felicidade Não se Compra D: Frank Capra P: EUA A Roda da Fortuna D: Joel Coen P: EUA A: 1946 A: 1994 Luz,฀Câmera...฀Educação! 121 122 A Viagem de Chihiro D: Hayao Miyazaki P: Japão A: 2001 Babel D: Alejandro Gonzáles Iñárritu P: EUA A: 2006 Clube da Lua D: Juan José Campanella P: Argentina A: 2004 Efeito Borboleta D: Eric Bress e J. Mackye Gruber P: EUA A: 2004 A Vida dos Outros D: Florian Henckel von Donnersmarck P: Alemanha A: 2006 Bang Bang! Você Morreu D: Guy Ferland P: EUA A: 2002 Coleção de Curtas Pixar D: John Lasseter, Eben Ostby, Ed Catmull, Alvy Ray Smith e William Reeves P: EUA A: 1984-2006 Eles Não Usam Black-Tie D: Leon Hirszman P: Brasil A: 1981 Adeus, Lenin! D: Wolfgang Becker P: Alemanha A: 2002 Boleiros 2 D: Ugo Giorgetti P: Brasil A: 2006 Adeus, Meninos D: Louis Malle P: França, Alemanha A: 1987 Camelos Também Choram D: Byambasuren Davaa e Luigi Falorni P: Mongólia, Alemanha A: 2003 Aguirre - A Cólera dos Deuses D: Werner Herzog P: Alemanha, Peru A: 1972 Carandiru D: Hector Babenco P: Brasil A: 2003 Anjos do Sol D: Rudi Lagemann P: Brasil A: 2006 Chaplin – Sua Vida, Sua Obra... Suas Paixões D: Richard Attenborough P: França, Itália, EUA e Inglaterra A: 1992 As Bicicletas de Belleville D: Sylvain Chomet P: França, Canadá e Bélgica A: 2003 Cidadão Kane D: Orson Wells P: EUA A: 1941 As Vinhas da Ira D: John Ford P: EUA Cinema Paradiso D: Giuseppe Tornatore P: Itália, França A: 1940 A: 1989 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Depois da Chuva D: Takashi Koizumi P: Japão, França A: 1999 Deus e o Diabo na Terra do Sol D: Glauber Rocha P: Brasil A: 1964 Do Mundo Nada se Leva D: Frank Capra P: EUA A: 1938 Dolls D: Takeshi Kitano P: Japão A: 2002 Domésticas D: Fernando Meirelles e Nando Olival P: Brasil A: 2001 Edifício Master D: Eduardo Coutinho P: Brasil A: 2002 Em Busca da Terra do Nunca D: Marc Foster P: EUA A: 2004 Escritores da Liberdade D: Richerd LaGravenese P: EUA A: 2007 Esperança e Glória! D: John Boorman P: Inglaterra A: 1987 Estamira D: Marcos Prado P: Brasil A: 2004 Fama para Todos D: Dominique Deruddere P: Bélgica, França A: 2000 Filhos do Paraíso D: Majid Majidi P: Irã A: 1997 Luz,฀Câmera...฀Educação! 123 124 Gladiador D: Ridley Scott P: EUA A: 2000 Lavoura Arcaica D: Luiz Fernando Carvalho P: Brasil A: 2007 Moacir – Arte Bruta D: Walter Carvalho P: Brasil A: 2005 O Carteiro e o Poeta D: Michael Radford P: Itália, Bélgica e França A: 1994 Guantanamera D: Tomás Gutiérrez Alea P: Cuba, Espanha e Alemanha A: 1995 Lição de Amor D: Eduardo Escorel P: Brasil A: 1975 Moça com Brinco de Pérola D: Peter Webber P: Inglaterra A: 2003 O Closet D: Fracis Veber P: EUA A: 2001 História Real D: David Lynch P: EUA, França e Reino Unido A: 1999 Lutero D: Eric Till P: EUA A: 2003 Muito Além do Jardim D: Hal Ashby P: EUA A: 1979 O Fabuloso Destino de Amélie Poulain D: Jean-Pierre Jeunet P: Alemanha, França A: 2001 Janela da Alma D: João Jardim e Walter Carvalho P: Brasil A: 2001 Luzes da Cidade D: Charles Chaplin P: EUA A: 1931 Nascidos em Bordéis D: Zana Briski e Ross Kauffman P: Índia, EUA A: 2004 O Filho da Noiva D: Juan Jose Campanella P: Argentina, Espanha A: 2001 Janela Indiscreta D: Alfred Hitchcock P: EUA A: 1954 M, O Vampiro de Düsseldorf D: Fritz Lang P: Alemanha A: 1931 Noites de Cabíria D: Federico Fellini P: Itália A: 1967 O Homem Urso D: Werner Herzog P: Canadá, EUA A: 2005 Kirikou, os Animais Selvagens D: Michel Ocelot e Bénédict Galup P: França A: 2005 Maria Antonieta D: Sofia Coppola P: EUA, Japão e França A: 2006 Nós, que Aqui Estamos, por Vós Esperamos D: Marcelo Masagão P: Brasil A: 1999 O Incrível Exército de Brancaleone D: Mario Monicelli P: Itália, França A: 1966 Lacombe Lucien D: Louis Malle P: França, Itália e Alemanha A: 1974 Meu Pé Esquerdo D: Noel Pearson P: Inglaterra, Irlanda A: 1989 Ladrões de Bicicleta D: Vittorio de Sica P: Itália Meu Tio D: Jacques Tati P: França A: 1948 A: 1956 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ O Baile D: Ettore Scola P: França, Itália e Argélia A: 1983 O Balão Branco D: Jafar Panahi P: Irã A: 1995 O Inventor de Ilusões D: Steven Soderbergh P: EUA A: 1993 O Mesmo Amor, a Mesma Chuva D: Juan Jose Campanella P: Argentina A: 2000 Luz,฀Câmera...฀Educação! 125 O Padre e a Moça D: Joaquim Pedro de Andrade P: Brasil A: 1965 Ponte para Terabítia D: Gabor Csupo P: EUA A: 2007 Shine Brilhante D: Scott Hicks P: Inglaterra, Austrália A: 1996 Tron, Uma Odisséia Eletrônica D: Steven Lisberger P: EUA A: 1982 O Último Rei da Escócia D: Kevin Macdonald P: Alemanha, Inglaterra A: 2006 Quanto Vale ou é por Quilo? D: Sérgio Bianchi P: Brasil A: 2005 Tartarugas Podem Voar D: Bahman Ghobadi P: França, Irã e Iraque A: 2004 Um Casamento à Indiana D: Mira Nair P: Índia e EUA A: 2001 O Voto é Secreto D: Babak Payami P: Irã A: 2001 Quase Dois Irmãos D: Lúcia Murat P: Brasil A: 2004 Tico-Tico no Fubá D: Adolfo Celi P: Brasil A: 1952 Um Filme Falado D: Manoel de Oliveira P: França, Itália e Portugal A: 2003 Oliver Twist D: Roman Polanski P: Inglaterra, França, República Checa e Itália A: 2005 Quinteto Irreverente D: Mario Monicelli P: Itália A: 1982 Tomates Verdes Fritos D: Jon Avnet P: EUA A: 1991 Z D: Costa-Gavras P: França, Argélia A: 1969 Rapsódia em Agosto D: Akira Kurosawa P: Japão A: 1991 Trem da Vida D: Radu Mihaileanu P: França, Bélgica e Holanda A: 1998 Os Incompreendidos D: François Truffaut P: França A: 1959 Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas D: Tim Burton P: EUA A: 2003 Pequena Miss Sunshine D: Jonathan Dayton e Valerie Faris P: EUA A: 2006 Romeu e Julieta D: Franco Zeffirelli P: Itália, Inglaterra A: 1968 Sacco & Vanzetti D: Giuliano Montaldo P: Itália, França A: 1971 Saneamento Básico, o Filme D: Jorge Furtado P: Brasil A: 2007 126 Caderno฀de฀Cinema฀do฀Professor฀–฀Um฀ Luz,฀Câmera...฀Educação! 127 Gerência de Educação e Cultura Leonardo Garcia (colaborador) Lizete Freire Onesti Maristela Lima Nilva Rocha Thiago Nunes (colaborador) Vanderli Domingues Wangley da Paixão (colaboradora) Organizadores Devanil Tozzi Eva Margareth Dantas Fernanda Lorenzani Gatos Marilena Bocalini Marta Marques Costa Supervisão Eduardo Ramos José Cerchi Fusari Departamento Editorial da FDE Chefe do Departamento Editorial Brigitte Aubert Projeto gráfico e editoração eletrônica Daniele Fátima Oliveira (colaboradora) Revisão Luiz Thomazi Filho Ilustrações Andrea Aly Fotos Devanil Tozzi (páginas 8, 9, 13, 14, 17, 21, 27, 38, 43, 46, 47, 50, 51, 53, 56, 57, 64, 70, 71, 75, 84, 85, 98, 99, 103, 104, 106, 107, 109, 110, 111, 120 e 121) Divulgação (páginas 15, 19, 22, 23, 25, 28, 32, 35, 36, 40, 44, 49, 54, 59, 61, 63, 67, 68, 72, 77, 79, 81, 82, 87, 89, 91, 93, 95, 96 e 101) Consultoria Marcos Napolitano Concepção e Elaboração dos Roteiros de Discussão dos Filmes Andrés Reyes Pincheira (Professor de História) Ariovaldo da Silva Stella (CENP) Bruno Fischer (CENP) Deise Helena Massa Domingues (CENP) Devanil Tozzi (FDE) Eva Margareth Dantas (FDE) Maria Margarete dos Santos (CENP) Marilena Bocalini (FDE) Marta Marques Costa (FDE) Thiago Honório (Colaborador - FDE) Wagner Nicolau Santos (ATP – D.E. R. Centro Sul) Agradecimentos Alunos e Educadores das Diretorias de Ensino das Regiões de Franca, Guarulhos Sul, Pindamonhangaba e Sul 1