Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
@VoteEmMim
A Inserção e a Imagem da Parlamentar Paraibana no Twitter1
Jéssica FEIJÓ2
Luis BEZERRA3
Gloria RABAY4
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB
Resumo
O artigo realiza um estudo de caso sobre o uso do Twitter pelas deputadas estaduais e
pela única deputada federal da Paraíba, eleitas no pleito de 2010. O objetivo do trabalho
é compreender a inserção dessas parlamentares no microblog, a imagem que transmitem
como mulheres da política durante a campanha eleitoral e um ano após serem eleitas, e
como se inserem na realidade das Eleições 2.0, ora retrocedendo, ora se adaptando à
plataforma para disseminar o trabalho parlamentar.
Palavras-chave
Deputadas; Paraíba; Política; Twitter
Política nas Redes Sociais
Para além do ano eleitoral, uma incessante busca é travada por políticos e
assessores pela atenção dos cidadãos, que poderá se tornar confiança e render votos
futuros. Ainda que panfletagens, arrastões e discursos em praças nunca sejam
dispensáveis nas campanhas, “não há política nacional sem mídia" (LIMA, 2009, p. 21).
É através dos meios de comunicação de massa que o candidato transmite à sociedade,
três pontos básicos: os benefícios que ele tem a oferecer; a construção de uma imagem
pública política que atraia o eleitorado; e quem são seus opositores.
A preocupação com a imagem pública existe desde a época em que reis, príncipes
e lordes restringiam sua visibilidade a salões palacianos e a raras aparições públicas,
portanto é anterior ao desenvolvimento da imprensa, apesar de muitos pensarem que
esta seja uma preocupação da idade mídia”5. Como afirma Gomes (2004, p. 242 apud
RABAY, 2008, p.168), a política de imagem é recurso que se conhece desde a
1
Trabalho apresentado no IJ 8 - Estudos Interdisciplinares da Comunicação do XIV Congresso de Ciências da
Comunicação na Região Nordeste realizado de 14 a 16 de junho de 2012.
2 Estudante de Graduação do 5º semestre do Curso de Comunicação Social da UFPB com habilitação em Jornalismo.
jess.feijo@hotmail.com
3 Estudante de Graduação do 5º semestre do Curso de Comunicação Social da UFPB com habilitação em Jornalismo.
lthales2@gmail.com
4 Orientadora do Trabalho. Professora Doutora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal da
Paraíba. gloria.rabay@gmail.com
5 Termo utilizado por Rubim (2001, p. 177) para designar “uma sociabilidade estruturada e ambientada pela
comunicação, especialmente em sua versão midiatizada”.
1
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
Antiguidade e em toda parte, convivendo com a democracia ou com a tirania. Para
Gomes (2004, p. 254), a imagem pública de um sujeito qualquer constitui “um
complexo de informações, noções, conceitos, partilhado por uma coletividade qualquer,
e que o caracterizam”.
Com o advento das sociedades democráticas e liberais, da imprensa e,
posteriormente, da mídia eletrônica, a disputa associada à imagem
pública naturalizou-se como parte das condições de vida,
acrescentando a preocupação com plateias que não estão fisicamente
presentes, modificando aspectos importantes na política da imagem
(RABAY, 2008, p.168).
De toda forma, embora comunicação e política estejam há tempos imbricados,
esse aspecto está cada vez mais relevante, especialmente com a consolidação das
eleições como rito indispensável para o acesso ao poder político na modernidade
(RUBIM 2001, p. 172). Rubim (2001) aponta modificações, adequações e
deslocamentos da rua para a tela da política na idade mídia e considera que o cerne da
campanha, o espaço mais significativo, passou a ser o espaço eletrônico.
Na chamada segunda geração da comunicação em rede, a Web 2.0, as redes
sociais da internet despontam como outra arma política nas batalhas eleitorais, munidas
pelo livre acesso e pela disseminação entre os brasileiros. O Ibope Nielson Online já
demonstrava, em 2009, que 80% dos internautas brasileiros usam redes sociais e gastam
nelas, em média, um em cada quatro minutos online.
Santaella e Lemos (2010, apud RHEINGOLD, 2004, P. 205), enumeram quatro
características que podem ser vistas como básicas ao conceito de rede social da internet:
ausência de controle central; natureza autônoma de quaisquer subunidades (usuário ou
subgrupo); intensa conectividade entre as subunidades; e causalidade não linear de
iguais que exercem influência sobre iguais, ou seja, usuário a usuário, subgrupo a
subgrupo, dentro da rede social. As autoras afirmam:
A semelhança dessas propriedades com o comportamento das redes
sociais da internet (RSIs), especialmente com o Twitter, salta à vista,
especialmente no modo como se acessa, na troca de ideias,
sentimentos e informações, na formação de twibes e nichos, no
desenvolvimento de estratégias etc. (SANTAELLA; LEMOS, 2010,
p.21)
Hornick (2005), também citado por Santaella e Lemos (2010), identifica uma
terceira geração de redes sociais no ciberespaço, liderada pelo Twitter e pelo Facebook,
2
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
que se diferencia pelos aplicativos e pela mobilidade; mas sem desconsiderar
entretenimento, contato profissional, marketing social e instantaneidade. A "integração
com múltiplas redes, plataformas e funcionalidades através do uso de aplicativos e de
mídias móveis" (SANTAELLA; LEMOS, 2010, p.59) constituem as RSIs 3.0, que
quebrarão paradigmas de interface e temporalidade, com "tantas vias de acesso quantas
vias de integração entre as diversas redes" (SANTAELLA; LEMOS, 2010, p.59).
Essas novíssimas vias de interação mediada vão também constituir as Eleições
2.0 e provocar uma nova imagem política ante os cidadãos. À medida que se torna mais
público, surge um parlamentar mais complexo e completo. Ele não é apenas o perfil
aparente na mídia espontânea, uma “posição” política. É um homem ou uma mulher
trabalhador (a), com preocupações públicas e pessoais, com opiniões além daquelas
oficiais veiculadas, com bandeiras a levantar, fé e princípios, amigos e familiares.
Vale lembrar que não é apenas a postura do político que muda, mas
principalmente a postura dos cidadãos. Em processos paralelos, a mudança de cultura do
brasileiro, influenciado por uma educação de democracia, uma tomada de consciência
de seus direitos e pelas lutas políticas que acontecem mundo afora, junto à evolução das
mídias permite e, ao mesmo tempo, ocasiona tudo isso. César Steffen (2011) resume
apropriadamente o processo que se repete e se renova desde o surgimento da internet:
A caracterização da Internet e seus recursos e ferramentas como meios
de comunicação social surge do somatório entre a sua tecnologia, a
linguagem que se desenvolve desta e dos usos, incidências e valores
dados a estes pelos diversos e diferenciados usuários, atores e campos.
Estes, assim, podem interagir, trocar, inserir e ofertar os mais diversos
conteúdos, fazer visíveis e colocar em pauta suas visões e opiniões e
circular seus fazeres e processos de e para os demais usuários e
campos em larga escala. (STEFFEN, 2011, p.8)
A candidatura e eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos, em
2008, é marco nas Eleições 2.0. Falando-se de redes sociais, a campanha de Obama não
só explorou profundamente as mais populares às mais específicas (por exemplo, aquelas
voltadas para asiáticos, latinos e negros residentes nos EUA), como também criou sua
própria rede (MyBarackObama.com ou MyBO).
Dados do Ibope Nielsen Online mostram que o Brasil acompanha de perto esta
nova realidade de interação horizontal. Em 2010, o país já ocupava o 6º lugar entre
aqueles que mais usavam redes sociais. Em 2011, quase 78 milhões de brasileiros
tiveram acesso à internet, dos quais 87% frequentava regularmente as páginas das redes
3
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
sociais. As eleições para presidente em 2010 consolidaram o uso dessas plataformas no
debate nacional entre cidadãos, políticos e formadores de opinião, com destaque para o
microblog Twitter.
Quando focamos nos estados, o Sudeste e o Sul do país são pioneiros na
formação do eleitor e do candidato 2.0. Contudo, usando as palavras do escritor Willian
Gibson, criador do termo ciberespaço, “o futuro já chegou. Só não está distribuído
uniformemente”. Apesar de também se projetar no cenário, a Paraíba anda a passos
mais lentos. O custo da conexão, por exemplo, é ainda alto. Pouco mais de 17% (186.
556) das residências do estado tinham acesso à internet em 2010, segundo o Ibope.
Os políticos paraibanos também vêm mergulhando nas mídias digitais. Em 2011,
segundo nosso levantamento, 76% dos deputados estaduais da Paraíba (mandato 20112014) tinham comunidades no Orkut e 71% possuíam perfil no Twitter. Outros 42%
tinham perfil no Facebook e/ou Orkut. Observe:
Presença dos deputados paraibanos nas redes sociais
(mandato 2011-2014)
76%
71%
42%
42%
32%
21%
8%
Fonte: Dados levantados pela equipe de pesquisa nas redes sociais. Período de busca: nov/2011
*Não foi averiguado se há "perfis falsos".
Twitter, Facebook e Orkut são as plataformas mais populares entre os
brasileiros. Também as mais propensas ao discurso e ao debate político entre aquelas
usadas pelos deputados paraibanos.
Observando apenas o Twitter, que é objeto desta pesquisa, já nos deparamos
com um acontecimento midiático a parte. A rede social é “o maior expoente de um
fenômeno denominado de ‘microblogging’, nascido em 2006, no Facebook, mas que só
começou a consolidar-se em agosto do mesmo ano, com o lançamento do próprio
Twitter" (STEFFEN, 2011, p.5).
O desafio inicial é responder à pergunta “o que você está fazendo agora?” em
140 caracteres. Apropriado para compartilhar informações de forma ágil e objetiva.
4
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
Camilo Aggio (2011, p. 6) conta que o limite reduzido do tamanho dos posts foi
concebido para facilitar a digitação em telefones móveis.
Em sua timeline, o usuário pode visualizar os tuites (aportuguesamento para
tweet - postagens realizada no Twitter) de cada uma das pessoas que segue numa lista
que sucede automaticamente com as atualizações. É possível também ter acesso à lista
de perfis que acompanham (follower) suas postagens e à lista de perfis que o próprio
tuiteiro segue (follow). Além disso, os usuários podem trocar mensagens privativas,
desde que sigam um ao outro. Mas talvez o grande diferencial do Twitter esteja no
Trending Topics (TTs), ranking de nomes próprios ou hashtags (#) mais comentados,
que pode ser da cidade, do estado, do país ou global. Com essa ferramenta, qualquer um
pode saber o que mais se comenta e, consequentemente, posicionar-se sobre o tema de
forma online ou offline.
Aquilo que deveria funcionar apenas como uma espécie de
partilha de fragmentos do cotidiano dos sujeitos ali presentes se tornou
uma arena de intensa troca de informações, conteúdos e constituição
de discussões acerca de pessoas, eventos, instituições, fatos, produtos
midiáticos dentre uma variedade de insumos informativos que se
convertem em temas da comunicação cotidiana. (AGGIO, 2011, p. 7)
Hoje a ferramenta não é apenas ambiente alternativo à mídia tradicional, ela se
tornou pauta para imprensa, ainda que o contrário seja mais comum no Brasil, quando
assuntos originários da TV ou de portais de notícias chegam aos Trending Topics. Na
própria Paraíba, além dos TTs em nível estadual ou municipal, é comum que uma única
tuitada de uma personalidade política paraibana se torne matéria de destaque em
diversos portais.
O presente trabalho é um estudo de caso sobre o uso do Twitter pelas deputadas
estaduais e pela única deputada federal da Paraíba. Seus perfis no microblog foram
estudados durante a campanha eleitoral de 2010 e um ano após serem eleitas, com o fim
de analisar como se dá a inserção dessas mulheres no Twitter e como cada uma tem
construído sua imagem pública junto aos seus eleitores, a partir da plataforma.
Mulheres da política na rede
Pensar a mulher enquanto atuante da política nos leva às revoluções trazidas por
elas próprias. Por exemplo, as grandes ondas dos movimentos feministas conquistaram
direitos que propiciaram a subversão dos valores sociais atribuídos às mulheres. Entre
5
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
eles, o Movimento Sufragista é um dos primeiros pelo reconhecimento social das
mulheres, garantindo-lhes o direito ao voto. Logo as segunda e terceira ondas surgiram
e com elas, hábitos e costumes sociais referentes às relações sociais de gênero
começaram a ser questionados. (RABAY; CARVALHO, 2010, p. 30 e 31).
Esses movimentos entraram para a história como marco da vitória das mulheres
diante de uma sociedade que privilegia o homem (sexo e gênero) e o coloca no topo da
pirâmide hierárquica social. Tais acontecimentos deram lugar e visibilidade a segmentos
da sociedade que antes – e ainda hoje – eram colocados à margem dela. Rabay e
Carvalho (2010, apud BOURDIEU, 1999) dizem que “as relações de gênero são
relações de poder – de dominação masculina, articulada com outros campos e formas de
relação de poder”.
A mulher, contudo, ainda pouco atua nas representações públicas quando
comparada ao número de homens que estão no poder. Das 36 vagas da Assembleia
Legislativa da Paraíba, seis são representadas por mulheres, o que equivale a 16,6% das
vagas.
Estudar a mulher no âmbito político e, mais especificamente, sua atuação nas
redes sociais da internet, como o Twitter, permite observar sua mobilização perante o
público eleitor. O discurso e as discussões colocadas pela mulher nas RSIs ajudam a
caracterizar a imagem que ela cria a respeito de si também quando se trata de política.
Desse modo, mostra-nos a perspectiva que a mulher política lança dentro da plataforma
nas campanhas políticas.
Em nosso artigo buscamos traçar um breve perfil da identidade política
comunicada pelas parlamentares paraibanas através da participação via Twitter. Para
isso, faremos uma análise das mensagens publicadas no microblog durante os meses de
setembro e outubro de 2010 e 2011.
São seis deputadas paraibanas que desempenham seus cargos em Assembleia
Legislativa, enquanto uma delas, Nilda Gondim (PMDB), é deputada federal. As
estaduais são Daniella Ribeiro (PP), Eva Gouveia (PT), Francisca Motta (PMDB),
Gilma Germano (PPS), Léa Toscano (PSB) e Olenka Maranhão (PMDB). Daniella
Ribeiro, entretanto, não fará parte do estudo visto que ela utilizou o Twitter por tempo
indeterminado e depois excluiu sua conta.
Em recente entrevista concedida ao grupo de pesquisa deste trabalho, a deputada
esclareceu o motivo por não ter utilizado a ferramenta durante e após as eleições.
Daniella afirmou que no período eleitoral acessaram sua conta indevidamente e
6
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
postaram mensagens em seu nome. “Foram retuitadas duas frases que eu nunca tuitei;
apareceram no meu Twitter e fiquei preocupada, eu, em plena campanha... invadiram.
Tirei e saí do Twitter”, completa a deputada. Atualmente, a parlamentar, que é précandidata ao cargo de prefeita da segunda maior cidade do estado retornou à plataforma
fazendo uso intensivo do Twitter.
Presença das deputadas paraibanas nas redes sociais
(mandato 2011 -2014)
100%
86%
86%
71%
43%
29%
29%
0%
Fonte: Dados levantados pela equipe de pesquisa nas redes sociais. Período de análise - nov/2011
*Não foi averiguado se há "perfis falsos".
Como se pode perceber com base no gráfico acima, as parlamentares paraibanas
fizeram considerável uso das RSIs. Porém, nenhuma das redes acima foi tão utilizada
como palco para campanha e mobilização quanto o Twitter. Mesmo com 100% de
presença em comunidades no Orkut, as comunidades não eram gerenciadas pelas
deputadas. Já o perfil do Orkut teve 57% de uso, porém com perfis que não eram
atualizados. Quanto ao uso de sites (43%), somente Daniella Ribeiro, Francisca Motta e
Nilda Gondim o tinham. Apenas duas possuíam canal (conta) no site YouTube: Gilma
Germano e Nilda Gondim. Em relação ao Facebook e ao Twitter, vê-se pouca diferença
no que diz respeito à presença das parlamentares, mas o Facebook não foi usado tão
assiduamente quanto o Twitter. No Facebook, a maioria das postagens no mural das
deputadas era de outras pessoas. Não foram encontrados blogs das deputadas.
O Twitter mostrou-se a ferramenta que mais obteve diálogo, mobilização e
interação por ambas as partes, o eleitor e o candidato. Mas vários fatores estavam contra
uma melhor participação dessas mulheres na rede. E aqui se entende como “melhor” a
possibilidade de interagir e propagar informações além dos veículos tradicionais de
comunicação em massa.
7
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
O Twitter como palanque das paraibanas
A tabela abaixo serve como primeiro panorama sobre a dedicação e a frequência
com que as deputadas da Paraíba utilizavam o Twitter. Fazendo uso de comparações
com os meses de setembro e outubro de 2010 e 2011, veremos que há grande variação
na quantidade de tuites. Enquanto umas usavam bastante o microblog para fazer
campanha pré-eleitoral, outras apenas se limitavam a poucas mensagens, por vezes,
publicadas irregularmente.
Síntese Quantitativa de perfil
2010
DEPUTADA
PARTIDO
2011
SET
OUT
TOTAL DO
PERÍODO
SET
OUT
TOTAL DO
PERÍODO
PTN
66
30
96
14
14
28
Francisca Motta
PMDB
58
37
96
3
10
13
Gilma Germano
PPS
20
25
45
4
4
4
4
Daniela Ribeiro
Eva Gouveia
Léa Toscano
Olenka Maranhão
Nilda Gondim*
Total
PP
PSB
PMDB
9
3
3
PMDB
35
35
70
9
166
298
464
168
106
275
203
354
557
Fonte: Dados levantados pela equipe de pesquisa no Twitter.
Período de busca: nov/2011
*Deputada Federal
No ano eleitoral, as duas deputadas que mais utilizaram o Twitter foram Eva
Gouveia e Francisca Motta, com um declínio considerável do início de setembro ao fim
de outubro. Nilda Gondim ficou alguns tuites atrás das outras candidatas. Léa Toscano e
Olenka Maranhão pouco fizeram uso da rede nesse período. Ao final de 2010, Léa abriu
nova conta, continuando a fazer pouquíssimas postagens. No que diz respeito ao
microblog, Gilma Germano afirma: “Eu usei muito bem a mídia. Usei TV, usei Twitter,
usei Orkut, as redes sociais”. Mas um perfil oficial de Gilma só foi criado em janeiro de
2012.
Em 2011, a participação das deputadas Eva Gouveia e Francisca Motta no
Twitter havia caído para mais da metade. O mesmo aconteceu com Olenka Maranhão,
que postou em dois meses somente três mensagens. Léa Toscano postou dentro do
período quatro mensagens, todas em outubro, e Gilma também apareceu com poucas
publicações. Em contrapartida, Nilda Gondim cresce exponencialmente seu número de
postagens, com um salto de 662,85% em relação ao mesmo período do ano anterior.
8
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
Foi visto, contudo, que, mesmo com quantidades significativas de postagens
diárias, as candidatas não se apropriaram da rede como maneira de criar diálogos e gerar
debates políticos para além dos meios de comunicação de massa, como a TV e o Rádio,
por exemplo.
Baseando-se apenas nos meses já citados aqui, agora convém ponderar sobre o
uso qualitativo do Twitter que cada deputada realizou.
Léa Toscano (PSB)
Léa é a deputada com o menor número de postagens nos dois anos. Em seu
primeiro perfil de 2010, entrou para a rede social no dia 16 de outubro, treze dias após
as eleições gerais. Foram quatro mensagens publicadas no mês, das quais duas eram
sobre sua agenda, um retuites sobre debate político e, logo depois, uma recomendação
sobre um evento. Em 2011, já em sua segunda conta, os quatro tuites de Léa Toscano se
limitam à agenda e cumprimentos aos seguidores.
Gilma Germano (PPS)
A deputada Gilma Germano criou o perfil na rede em 2011 e sua identidade
política é a única que assume a fala no Twitter.
O que mais se encontra são publicações discursivas sobre datas comemorativas
apoiando causas e entidades partidárias. O perfil de Gilma também é repleto de retuites
de mensagens de outros usuários que elogiaram seus projetos políticos. Além disso, a
deputada cumprimentou e interagiu com os seguidores tratando sobre o mandato, mas
essas interações foram escassas.
Olenka Maranhão (PMDB)
Olenka Maranhão foi uma política omissa em sua conta no Twitter, existente
desde agosto de 2010. Ainda assim, é perceptível uma mudança de postura com a rede
social: do desinteresse quase total à expressão de uma diplomática personalidade
parlamentar.
No ano eleitoral, Olenka basicamente escolhia um ou dois dias do mês para saudar
seus novos seguidores de forma pessoal, por citar um a um, mas ao mesmo tempo
superficial. A interação não ultrapassava o “bom dia”, com exceção dos momentos em
que saudava cidades e um amigo em particular, deixando a mostra um claro desinteresse
pelo meio de comunicação. Já em 2011, apesar de diminuir o número de tuites, a
9
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
parlamentar ensaia comentários sobre um encontro político e um evento pessoal, mais
próximo ao uso convencional do Twitter.
Francisca Motta (PMDB)
Um ano após o processo eleitoral, Francisca Motta se mostra em retrocesso no
uso do Twitter, se compararmos à época de campanha. Os tuitadas caem mais de 700%.
Durante o período eleitoral, diferentemente de outras deputadas, Francisca concentrava
suas mensagens, quase que exclusivamente, às eleições. Ora veiculando agenda, ora
comentando fatos de campanha, ora apoiando candidatos partidários.
Os posts
convergem para o pleito e há uma nítida preocupação em propagar a imagem e o
número de voto da então candidata. Contudo, chama atenção o fato de em nenhum
momento haver uso de retuites ou menções, algo rotineiro no microblog e usado por
outras candidatas como propaganda indireta. Além disso, a ausência completa de
interação com os seguidores corrobora com a visão de imaturidade da paraibana na
relação com a rede social.
Em 2011, agora eleita deputada estadual, Francisca Motta passa a divulgar
projetos e realizações na Assembleia Legislativa da Paraíba, principalmente em temas
que afetam Patos, cidade do sertão paraibano a qual ela pertence, influencia e é précandidata à prefeitura. Nessa fase, o perfil da parlamentar recorre a um estilo polêmico
de post no microblog: publicações longas que fazem necessário a leitura de vários tuites
seguidos para se compreender a informação. A versão contrária diz que essa prática
viola a “primeira lei do Twitter”, comunicar em 140 caracteres, uma vez que, nesse
caso, a leitura de um único tuite não transmite informação alguma. É interessante
resaltar que Francisca é outra deputada que não tuitou absolutamente nada envolvendo
assuntos pessoais ou familiares.
Eva Gouveia (PTN)
A deputada estadual Eva Gouveia aparece como segunda em número e
frequencia de tuites e se diferencia das demais por que quase metade de seus posts são
fruto da interação com os seus seguidores. Outro destaque é que as publicações
autônomas da parlamentar levam os mais diversos temas. Desde assuntos pessoais ou
familiares, por exemplo, sobre o marido (Rômulo Gouveia, atual vice-governador da
Paraíba) e os filhos, até comentários sobre a campanha eleitoral e projetos da
Assembleia Legislativa. Eva Gouveia é a primeira a demonstrar, através do Twitter,
10
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
uma identidade pessoal além daquela oficial e política que demonstram as outras
deputadas.
Nilda Gondim (PMDB)
Nilda Gondim constituiu o perfil mais complexo via Twitter. Ainda que a candidata
e a deputada sejam predominantes, é possível acompanhar pelo microblog outras faces
de sua imagem pública: a mulher, a mãe, a paraibana.
Enquanto concorria ao pleito de 2010 para a Câmara Federal, a candidata fez
extensa divulgação e mobilização sobre o assunto no Twitter. Ela publicava material de
campanha com links de seu site oficial, convidava os internautas a participarem de seus
comícios, apresentando sua agenda, e fazia diversos comentários sobre os eventos que
realizava. Numa de suas publicações, Nilda também fala de seu serviço de mensagens
sobre a propaganda para celulares. A candidata ainda abriu espaço para apoiar outras
candidaturas, como a de José Maranhão, que concorria ao governo do estado. Já as
interações políticas entre Nilda Gondim e seus seguidores foram poucas, nas quais a
deputada agradecia calorosamente aos tuiteiros, as mensagens.
Grande parte dos tuites de Nilda Gondim também foram sequenciados, onde por
vezes a mensagem era dividida em até cinco tuitadas. Nesses tipos de publicações, a
candidata geralmente agradecia e cumprimentava cidades que percorria em campanha
política. Em um dos casos, fez uso em tempo real do microblog.
Em 2011, Nilda Gondim voltou à esfera do Twitter com nova conta. A deputada
agora intensifica o uso da ferramenta como forma de interação política, divulgação de
seu trabalho por meio de portais de notícias, da TV Câmara que transmitia seus
pronunciamentos em Plenário e, principalmente, pelo seu site oficial. De modo geral,
seu perfil esteve muito vinculado à publicação de sua agenda e à disseminação de suas
ações políticas no Parlamento.
Com muitíssimas atualizações diárias, Nilda narrou seu cotidiano enquanto
deputada, quando abordava as questões referentes ao seu pleito, e enquanto mulher e
mãe de família, quando narrava o seu cotidiano fora do seu ofício, em Brasília. Mas
mesmo fora do horário de trabalho, Nilda veiculou ativamente na rede social os projetos
parlamentares, com links que direcionavam ao seu site oficial. Além disso, muitas
vezes, a deputada publicava em tempo real os passos que fazia em plena Câmara, desde
visitas que havia recebido em seu gabinete, até a participação em pronunciamentos. O
11
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
compartilhamento de informações através de links de vídeos e textos foi realizado
constantemente e com mais frequência em relação ao período de 2010.
Quanto à interação política no Twitter, Nilda Gondim mostrou-se participativa,
gerando extensas mobilizações desde causas sociais até o apoio contra a cassação de
Veneziano Vital do Rêgo, prefeito da cidade de Campina Grande e seu filho. Neste
momento, cabe frisar que Nilda se mostrou veemente apoiadora da não cassação de
Veneziano, inclusive com comentários que envolviam fé e religião. Considerável parte
do diálogo entre a deputada e os usuários da ferramenta foi de cumprimentos educados
e, em alguns casos, com manifestações religiosas.
A parlamentar também abarcou inúmeras questões em suas postagens na rede,
sendo a maioria sobre assuntos políticos. Entre elas, destacaram-se sua atuação nos
meios de mobilização e participação feminina. Ainda sobre as questões pautadas por
Nilda Gondim, as mensagens com opiniões pessoais obtiveram visibilidade,
principalmente quanto aos fatos das decisões públicas feitas em assembleias, os quais
ela relatava em seu Twitter.
Considerações Finais
O uso da plataforma Twitter mostrou-se variado entre as deputadas paraibanas
eleitas no pleito de 2010, tendo sido transformado ora em engajamento político, ora em
apenas palco para veicular nomes e números de voto. Algumas parlamentares
abandonaram a conta progressivamente, outras aprenderam a usá-la para disseminar o
trabalho político. Contudo, embora três das seis mulheres tenham tido pouca atividade
no microblog durante o período de amostragem, fica claro que o perfil político é a
característica constante em todas elas. No espaço público que constitui o Twitter, é a
"candidata", seguida pela "deputada", quem assume o primeiro plano.
Referências Bibliográficas
AGGIO, C. As Campanhas Políticas no Twitter: Uma análise do padrão de comunicação
política dos três principais candidatos à presidência do Brasil em 2010. Trabalho
apresentado no IV Encontro da Compolítica (Associação Brasileira de Pesquisadores em
Comunicação e Política), Rio de Janeiro, 2011.
12
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
BOURDIEU, P. A Dominação Masculina, 1999. Apud. RABAY, G.; CARVALHO, M. E. P.
Mulher e política na Paraíba: histórias de vida e luta. João Pessoa: Editora Universitária da
UFPB, 2010.
GOMES, Wilson. Transformações da política na era da comunicação de massa. São Paulo:
Paulus, 2004.
GRAEFF, A. Eleições 2.0: a Internet e as mídias sociais no Processo Eleitoral. São Paulo:
Ed. Publifolha, 2009 (Série 21).
HORNICK, D. Social Networks 3.0 Ventureblog, 2005 (Disponível em
www.ventureblog.com/articles/2005/12/social_networks. php>. Acesso 12/1/2010). Apud.
SANTAELLA, L. ; LEMOS, R. Redes sociais digitais: a cognição do Twitter. São Paulo:
Paulus, 2010. - Coleção Comunicação, p. 58.
LIMA, V. A. de. Revisitando as sete teses sobre mídia e política no Brasil. IN: Revista
Comunicação & Sociedade, Ano 30, n. 5, jan.jun/2009 São Paulo, n. 61, p. 13-37.
PRADO JÚNIOR, A. P. Comunicação e Política. Revista Comunicação e Educação, São
Paulo, (1): p. 15 a 46, set. 1994.
RABAY, G.; CARVALHO, M. E. P. Mulher e política na Paraíba: histórias de vida e luta.
João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2010.
RABAY, Gloria. Mulheres na Política e Autonomia .Tese de doutorado PPGCS/UFRN Natal,
RN, 2008
RHEINGOLD, H. "Twitter literacy". Multitudes inteligentes. La próxima revolución social,
2004. Apud. SANTAELLA, L.; LEMOS, R. Redes sociais digitais: a cognição do Twitter. São
Paulo: Paulus, 2010. - Coleção Comunicação, p. 21.
RUBIM, Antônio Albino Canellas. Novas Configurações das eleições na idade mídia. In:
Opinião Pública, Campinas\SP: Centro de Estudos de Opinião Pública\Unicamp nov.2001.
SANTAELLA, L.; LEMOS, R. Redes sociais digitais: a cognição do Twitter. São Paulo:
Paulus, 2010. - Coleção Comunicação.
STEFFEN, C. Política a 140: um olhar exploratório no Twitter na campanha presidencial
de 2010. Trabalho apresentado no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação,
Recife, 2011.
Sites:
https://twitter.com/dep_nildagondim
https://twitter.com/depnildagondim
https://twitter.com/depevagouveia
https://twitter.com/gilmagermano_
https://twitter.com/leaatoscano
https://twitter.com/lea_toscano
13
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012
https://twitter.com/OlenkaMaranhao
https://twitter.com/daniellapp2012
http://www.ibope.com.br
14