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DRUIDISMO RESUMO Esse artigo tem por finalidade mostrar um pouco da religião Celta - o Druidismo -, e para se compreender a visão religiosa desse povo, é preciso abrir mão de alguns conceitos cristãos que desprezam e acusam alguns pontos desta religião natural. Os celtas viviam religiosamente a todo o tempo. Por esta ser uma religião livre e que não controlava os seus seguidores, apenas os guiava para o encontro da alma deles com os Deuses, ela poderia ser seguida a qualquer momento e os celtas faziam isso. Era da natureza deles, crescer e viver como um galho de um carvalho, as águas dos rios que fluem ou mesmo uma pedra que rola. Os celtas se viam como parte da natureza, a divindade estava neles e eles eram a divindade personificada. Muito sobre a religião celta foi resgatado graças ao surgimento de vertentes de religiões neo-pagãs. É com certeza o ressurgimento dos celtas e o motivo pelo qual eles estão tão presentes nos últimos tempos, em novelas, livros, etc. Outra coisa que torna a religião celta mais estonteante é a adoração da natureza. Eles a viam como a face principal da Deusa Mãe, que tudo dava a seus filhos e sacerdotes e em troca era semeada, cultivada tratada com respeito. Com este pensamento de a natureza ser a face da Deusa, logo as divindades femininas dos celtas ganharam todas, sem exceção, o dom da fertilidade. Quanto mais fértil fosse a mulher, mais respeitada e ligada com a Deusa ela seria, a Rainha Boadicea é um exemplo bom, já que realmente existiu. Palavras-chave: Druidismo. Antiga Religião. Paganismo. 2 Introdução Tudo que é conhecido sobre paganismo é geralmente ligado ao esoterismo, porém não é bem assim que devem ser vistas as antigas religiões. Não é mais um assunto banal a ser jogado de forma leviana, as antigas religiões são antes de tudo, Religiões e merecedoras do devido respeito. O Druidismo como tantas outras, é bastante rica e complexa dentro de sua própria simplicidade. Os antigos Celtas detinham um conhecimento impressionante da natureza, do próprio ecossistema que os cercavam, sua religião era vivida a cada minuto, fazia parte do seu dia-a-dia. Não havia proibições, nem constrangimentos, o que prevalecia era o respeito a tudo que existia. Uma religião natural onde o ser humano era apenas mais uma peça de um todo e não o senhor de tudo. O próprio César ficou intrigado e fascinado pelos Celtas e sua religião e religiosidade, ele também entendeu o poder que detinham por serem tão ligados ao meio em que viviam. Os povo celta conhecia a roda do ano, com suas estações, o movimento das águas regido pelas fases da lua, incluído o nascimento em si. Para eles o ano tinha treze meses, pois a lua tem um ciclo de vinte e oito dias, enquanto os cristão determinaram que o ano contém doze meses, baseados sabe-se lá em que. Muitas das comemorações dos dias de hoje são baseadas nas comemorações druídicas, bem disfarçadas é claro, pois para a cultura cristã é inconcebível reconhecer que “pagãos” teriam tal conhecimento divino. A Santíssima Trindade, por exemplo, é uma adaptação das tríades druídicas, transformando o “Sagrado Feminino” em “Sagrado Masculino”. Conhecer a Antiga Religião oferece um conhecimento ainda maior sobre a humanidade habitar um planeta vivo, uma consciência da fragilidade do ser humano e também entender que o animal humano, Planeta e todo o Universo são uma coisa só e que tudo depende de todos. Metodologia Esse trabalho foi desenvolvido durante o decorrer de três anos com a leitura de material impresso e sites de internet. Procedimento O pesquisador após a leitura do material disponível, fez um cruzamento de informações. E então foi formulado o texto da forma mais sucinta possível. 3 Resultados Uma pesquisa interessante que aumenta o conhecimento e estimula a curiosidade sobre a cultura de povos antigos. Druidismo Os druidas eram politeístas, deveria se fazer um termo mais complexo para eles, pois a grande variedade de Deuses Celtas é realmente incontável. Por terem a mesma religião, mas viverem em regiões diferentes as vários tribos celtas criaram para si seus próprios Deuses que se assemelhavam com o de outras tribos, mais ainda assim tinha características próprias. Em fim, a grande variedade de tribos celtas (Brácaros, Bretões, Calaicos, Caledônios, Celtiberos, Célticos, Gauleses, Eburões, Escotos, Pictos, Trinovantes, etc.) criou uma variedade já imensa de Deuses individualmente e quando vai reunir toda essa variedade, com o que se imagina que tenha se perdido com a chegada do cristianismo nas terras celtas, temos talvez milhares de Deuses. Cada um para uma determinada coisa regente de determinada força e determinado povo. A mulher sendo fértil, logo o homem teria de ser também fértil. A maioria das divindades masculinas também é ligadas à fertilidade, e quando isso ocorre geralmente estes estão ligados ou a natureza ou ao renascimento, Um exemplo perfeito de um Deus fértil é Cernunnos, que mais tarde seria considerado o diabo cristão por ter chifres e algumas representações dele, ele ter a aparência de um bode. Cernunnos era o Deus da liberdade das florestas, dos animais e tudo o que for ligado à terra e o seu cultivo. Ele é uma espécie de Pã (deus Greco-romano) celta. Com essa integra ligação com a natureza e sua fertilidade os Deuses sempre estavam presentes no cotidiano celta. Seja em visões, aparições ou mesmo reencarnações que geralmente aconteciam com os bebês gerados no Beltane, celebração da fertilidade e da paixão celta. A religião dos druidas não tinha dogmas escritos e nem passados oralmente, mas havia sabedorias que sempre eram seguidas por todas as tribos, não porque era obrigado, mas apenas para o contentamento dos Deuses. Como falado antes, quem se habilitasse ou fosse escolhido para seguir a carreira de druida tinha que passar anos e anos estudando tais sabedorias e o conhecimento sempre renovado da natureza para que por fim fosse considerado um druida. Uma coisa que os druidas não faziam nos seus cultos religiosos era adorar seus deuses em templos ou qualquer cômodo coberto. Eles faziam seus ritos ao ar livre em bosques florestas ou nos conhecidos círculos de pedras, dos quais o mais conhecido é o Stonehenge. 4 Lá os druidas faziam seus sacrifícios (de escravos e só em casos de emergência para a tribo), cultuavam seus Deuses, celebravam seus sabás e esbás e dentre outras coisas. Para garantir a desmistificação da religião celta, eles não cultuavam nenhuma entidade maligna, ou se quer acreditavam em mal supremo como o cristianismo, logo não eram satânicos. Os celtas tinham a noção de que nenhum ser poderia ser ou totalmente bom ou totalmente mal e se fosse estaria desequilibrado diante dos Deuses. Existiam sim as pessoas puras que conseguiam tudo o que queriam seguindo a lei celta que diz: “faça o que quiser desde que não prejudique ninguém, nem você mesmo”. Mas nem por isso tais pessoas tinham seu instinto orgulhoso e vingativo, eram acima de tudo humanos, que acreditavam ter uma porção divina em sua alma. A reencarnação estava presente na religião celta. De onde eles tiraram esta idéia é uma incerteza, talvez tenha sido a influência das culturas La Tène e Hallstatt unidas com influências circulares que deram aos celtas a noção de renascimento. Um círculo não tem começo nem fim, logo ele nunca deixará de existir. Pensando assim os celtas percebera que as almas agiam do mesmo jeito. Nasciam dos Deuses e morriam para se encontrar com os Deuses novamente para de novo renascerem. Esta idéia era o que dava coragem aos guerreiros nas batalhas. Morrer na guerra defendendo sua terra era como um ato divino e por isso o faziam isso sem medo, pois estavam defendendo a face da Deusa que ela reservou para eles. Morrer por isso era prazeroso e garantia que os guerreiros terminassem seu círculo de encarnação com honra e já estivessem prontos para renascer. É compreendida no passar das estações e em outras datas específicas que se relacionam, com o tempo de adubação, a plantação, a colheita e por fim o frio do inverno para que o ciclo se cumprisse mais uma vez. Os celtas viam a natureza como um livro totalmente aberto que só precisava ser compreendido na hora certa. Desta maneira eles conseguiram criar um calendário próprio e indiferente. A primeira versão do calendário celta continha quatro celebrações que receberam o nome popular de festivais do fogo pela tradição de sempre acender fogueiras. O Imbolc, o Lughnasad, o Beltane e o Samhain constituem os principais sabás de criação genuína celta. Cada um tem seu significado religioso e agro-pecuário, como também os sabás menores, aqueles que são comemorados nas mudanças das estações, o Litha, o Yule, o Ostara e o Mabon. Verão, Inverno, Primavera e Outono respectivamente. A atenção que se voltava para os sabás ou festivais do o povo celta era tão imensa que surpreende qualquer um. É a forma que eles encontraram de entrar em contato com a natureza e de agradecê-la e fazê-la prosperar de forma religiosa e física. 5 Samhain (sou-éin) - Para algumas tradições que seguem a roda do ano celta, este é o seu ano novo, momento em que os véus entre os mundos estão mais tênues e é possível se ter contato com o Outro Mundo. É também o momento onde a morte simbológica do Deus ocorre e ele se prepara para renascer. O Samhain deu origem ao famoso “Halloween”. Por este ser o festival onde os mortos e os vivos estão mais ligados que nunca, surgiram interpretações mal fundadas sobre fantasmas e mais tarde na idade média as acusações de bruxaria seguidas pelas queimas nas fogueiras. Este é um momento de inverno, morte da luz, em que os druidas preparam-se para recolher-se em suas casas na espera da volta do sol. Por ter um aspecto meio assombroso e gótico para quem o identifica pela primeira vez o Samhain é realmente mal interpretado. Diferente do que sugere o momento em que estão vivendo os celtas não se queixavam do inverno em si, eles não choravam na frente dos túmulos de seus ancestrais já falecidos. Pelo contrário, este momento para os celtas era um dos mais preciosos se não era o mais precioso em que eles comemoravam o fim de um ciclo e o começo de outro com entusiasmo e alegria. Vários feitiços de adivinhação e de prosperidade eram feitos nesta época e hoje nas religiões neo-pagãs que aderem este calendário celta esta tradição ainda está viva. Yule (iúle) - Época em que o Deus morto no Samhain renasce como o DeusPrometido do ventre da Deusa e traz com ele o primeiro sol de verão. Esta é uma época tão mágica como o Samhain. Tradições que seguem também a roda do ano celta consideram este sabá, diferente das primeiras tradições citadas, como o ano novo celta. Tudo indica que o verdadeiro seja o Samhain já que as celebrações nesta data eram maiores. Mas o Yule por mais que seja um sabá menor tem grande importância, pois é quando o sol chega nas terras celtas e traz com ele o anuncio de trabalho a ser feito. Que chegou a hora de plantar. A comemoração do Yule é totalmente voltada a grandes novidades e ritos com pedidos para mudanças são feitos neste período. Imbolc (imbolque) - Mais um sabá maior, é outro de grande importância. A deusa neste período ainda alimenta o seu novo filho que já se mostra com forma de um Deus radiante, trazendo para o mundo o calor do sol. Neste sabá a Deusa Brigit, cristianizada como Santa Brígida é a mais cultuada em todas as tribos celtas. Ela é a Deusa do fogo sagrado e neste momento tem seu filho o qual cria com carinho e amor. Fogueiras imensas são acesas neste ritual que mais uma vez traz a lembrança da plantação e fertilização da terra que deve ser feita pelo homem. Ostara - É quando a primavera explode e traz consigo as flores e gramados verdes que indicam que a colheita irá ser farta. 6 A Deusa entra no seu momento de fertilidade, juntamente com o Deus que já é uma adolescente e eles a partir desta data deixam de ser mãe e filho e começar a serem possíveis amantes. Nesta época ovos são pintados e dados como símbolos de fertilidade. O Coelho também é muito venerado nesta data. Alguma comemoração cristã lhe vem à memória? Pois é o cristianismo sugou do Ostara grandes elementos de fertilidade para a sua Páscoa. A celebração de Ostara é o primeiro ato de agradecimento dos celtas para a natureza por ela ser fértil e nesta época já lhe garantir a colheita. Beltane - É o ápice da fertilidade. A terra produz como nunca e os celtas estão estonteantes com isso e querem dançar, comemorar e se apaixonar. Nesta celebração grandes fogueiras eram acesas e o chamado “Casamento Sagrado” era executado. As fogueiras eram acesas porque o Beltane marca o ponto em que os Deuses começam já estão apaixonados e o Deus, para conseguir conquistar a Deusa Mãe passa por testes mortais. E por fim, se ele sobreviver ele e a Deusa se unem numa noite de sexo. Esta passagem da mitologia dos deuses era normalmente repetida pelos druidas. Na sociedade de hoje esta ação seria vista como banal. Mas para os celtas representar o Deus e a Deusa num dos momentos de mais divinação como o Beltane, era além de um privilégio, era algo necessário. Os filhos gerados neste rito de comemoração eram geralmente considerados filhos de Deuses e conseqüentemente se tornavam ou guerreiros lendários ou druidas donos de muita sabedoria. No caso de mulheres esta era considerada a mulher mais preparada para o cargo de Senhora do Lago que era o mais alto cargo entre as Druidesas. O Beltane era uma comemoração cheia de amor e paixão. A terra estava fecundada e as plantas se mostravam férteis. O reflexo do Deus fecundando a Deusa Mão no seu estado de fertilidade nada mais era do que uma interpretação religiosa dos druidas. Litha - Depois de ter fecundado a Deusa, que já se encontrava grávida, o Deus agora saía para guerrear e aos poucos ia ganhando mais força e mais poder, chegando ao seu ápice e na natureza este fato era refletido no auge do verão, quando o sol está mais forte e fortalece as plantações. Neste rito as comemorações são mais voltadas ao Deus Sol que, por a Deusa está em repouso por conta da gravidez, agora poderia brilhar e ser da maneira que bem entendesse. Mas tudo o que sobe desce. Ao mesmo tempo em que o Litha marca o auge do Deus, ele marca também o começo do seu declínio. Nesta época os celtas já começam a colher e guardar a sua colheita para o inverno que com certeza se aproxima. Lughnasad (lunasá) - Durante a colheita os celtas tinham o costume de quando chegasse esta época eles separavam todos os bons frutos dos ruins e faziam uma reflexão de tudo o que ocorrera naquele ciclo anual. Para o Deus também é um momento de reflexão ele 7 vê agora por tudo o que passou e tira de todas as suas ações e erros o aprendizado necessário para continuar a seguir seu rumo. A Deusa grávida, gerando no seu ventre este mesmo Deus que agora parte para a morte, está chegando à sua face de anciã. Momento em que Ela e a Deusa de toda sabedoria e conhecimento. Carregou em si o peso de várias experienciais e aprendeu todos os mistérios da vida que Ela mesma criou. Descobriu o mundo que ela mesma criou. Neste momento de reflexão e de aprendizado começa-se a despedida do Deus que parte, é o resguardar para o inverno e a chegada do Deus Prometido no ventre da Deusa. Mabon - O Deus agora parte deixando a Deusa inconsolada esperando seu filho. É o ultimo momento antes da morte do sol. O outono chega trazendo o medo de que talvez o sol não volte e os celtas em suas aldeias são cobertos por uma onda de tristeza e despedida. Que quando chega o Samhain fazendo assim mais um ciclo se fechar, a alegria e as comemorações são de novo trazidas para as aldeias e o mundo natural e mágico. E assim mais uma vez o ciclo recomeça. Esbás - A lua também era considerada uma das faces da Deusa, assim como o sol é do Deus. E sempre que a lua cheia chegava, as druidesas saiam para os bosques a céu aberto para adorar, reverenciar, e honrar a lua com oferendas como leite e massas doces. A lua cheia era tão importante a ponto de ter uma comemoração própria dela. O fato da lua controlar a gravidez, as marés e por incrível que pareça as águas dentro do organismo humano, foi considerada como “o poder mais presente da Deusa na terra” e quando estava cheia dizia que este poder estava no seu ápice. As marés subiam, as grávidas tinham seus filhos e inquietamente as pessoas mudavam seu comportamento dependendo da mudança no fluxo de seu sangue que a lua provocava. A lua em si era também em outras fases de muita importância para os celtas. Na minguante se fazia rituais para afastar o que não se queria mais. Na nova, eram sempre feitos pedidos da renovação de algo. Na crescente era um dos momentos em que os celtas faziam seus rituais de amor, de prosperidade, pois a regência desta lua indicava mais abundancia em tudo o que se pedia. Na cheia era o ápice era hora de se fazer tudo o que se queria. Além de muita magia e forças divinas estarem à solta a lua cheia era a face da Grande-Mãe o que conferia aos celtas um momento de êxtase. E a lua negra, que era de aspecto nefasto, não era muito cultuada pelos celtas, só pelos druidas que tinham respeito pelas deusas negras que em geral eram as anciãs. Estas regiam a morte, guerra, submundo e coisas do tipo. Mas não existiam apenas estas fases lunares para os celtas, pelo que se sabe, os druidas compreendiam 13 fases lunares tendo essas quatro como principais e como faces da Deusa 8 tríplice (Donzela –Nova e Crescente; Mãe – Cheia; Anciã – Minguante e Negra) Como eram estas luas e como eram chamadas é difícil de se dizer.Já que esta sabedoria foi algo que se perdeu e o que se sabe era como várias outras coisas: apenas fragmentos. Apenas as Druidesas é que geralmente participavam dos esbás. Por serem mulheres e precisarem estar ligadas sempre a Grande Mãe elas sempre ministravam estes rituais. Os druidas também celebravam, mas era uma celebração mais facultativa e não levada muito em consideração pela sociedade, mas sim pela divindade. Diferente dos sabás que se invoca a Deusa e o Deus nos esbás apenas a Deusa é invocada. Este é o momento Dela, guardado especialmente para Ela. Que só ficava cheia de 28 em 28 dias. A palavra druida vem possivelmente do nome carvalho em gaulês ”oak”, unida com outra palavra que tem como significado-raíz “o saber ou sabedoria” – “wid”. Ou seja, druida nada mais é do que “sabedoria do carvalho”. O porquê de o carvalho ter tanta importância para os druidas é uma questão interessante. O carvalho é uma arvore dada como sagrada pelos celtas, pois ela segue o ritmo da natureza e das estações do ano como os próprios celtas seguiam. Durante a primavera e o verão ele esbanja folhas lindas verdes e exuberantes e tem no seu tronco e galhos a seiva que circula como sangue, no outono e inverno esta seiva se concentra toda na raiz da arvore, fazendo suas folhas e vida se resguardarem para o inverno frio e úmido que talvez a árvore não agüentasse. Os druidas seguiam esta mesma idéia de vida e a transmitia para as tribos. O ser humano durante a primavera e o verão aproveita a colheita e o tempo bom para as plantações, como também comemora a volta do Deus, cultuado pelos druidas, do submundo. No outono os celtas já começavam a se resguardar aproveitando as ultimas colheitas antes do inverno para que passassem por esta fase negra e de pura falta de luz solar (falta da presença do Deus) no céu. Depois do inverno toda trajetória seguia novamente com as mesmas coisas a serem feitas, plantar, colher, guardar, aproveitar pra de novo plantar e etc. Era o ciclo da vida celta que originou a chama Roda Anual Céltica. Que inicialmente se compreendia em quatro comemorações que eram feitas exatamente durante as épocas de colheitas. Mas com a chegada dos Romanos, mais quatro comemorações foram adicionadas nesta roda cada uma paralela a um Solstício ou Equinócio das estações fazendo assim os conhecidos oito sabás dos celtas, até hoje celebrados e cultuados, que nada mais eram do que a passagem e a mudança da natureza 9 no decorrer de um ano e também a trajetória do Deus, do seu nascimento até a morte vindo da Grande-Mãe refletido na convivência da aldeia. Com esta compreensão de ciclo sem fim, os celtas ensinaram ás tribos a eternidade da alma e seu ciclo de renascimento, logo os druidas compreenderam e implantaram na sua religião a reencarnação. E ainda desta sabedoria de espirais sem fim que os druidas tiraram outras conclusões sábias sobre como curar, como deveriam proceder aos seus julgamentos, enfim, eles se tornaram sábios a partir do que a natureza em si lhes ensinou e o tempo fez questão de lhes fazer aprofundar-se no assunto. Por terem uma ligação fenomenal com a natureza, os celtas conseguiam tirar de cada elemento e fragmento da natureza uma nova descoberta mágica e mística. Os druidas eram grande magos e bruxos que tiravam suas magias das pedras, bosques, ervas e dentre outras coisas que vinham inteiramente da natureza, o que explica o tamanho respeito que os celtas tinham por ela. Alguns mistérios dentro das pesquisas celtas são o grande desafio de muitos historiadores que tentam dar a estes uma resposta sensata e lógica. Mas como explicar um possível transplante de coração na época que os celtas viveram? Um documento romano narra o possível transplante de coração nos anos de 1000 d.C. que envolveu a rainha celta Boadicea (grande heroína celta que gerou vários filhos), uma de suas camareiras e um druida que fez perfeitamente todos os procedimentos do transplante usado hoje na medicina. Ele com o uso de ervas que doparam as mulheres, abriu ambos os peitos e extraiu com cuidado o coração de cada uma das mulheres que possivelmente tinham a mesma idade. Depois que conseguiu fazer a troca de corações ele fechou a abertura no peito da Rainha com fios de ouro bem lavados em água da fonte sagrada. Segundo o documento a Rainha ainda sobreviveu. O que se tornou um grande mistério. Como alguém poderia ter feito um transplante de coração naquela época e como saberia cada passo exato para que este fosse bem sucedido? O uso de ervas mágicas talvez, ou pura sorte. O que se sabe que este é um dos muitos mistérios celtas que circulam os druidas e sua religião. Talvez realmente os celtas detivessem o domínio sobre poderes mágicos doados pelos seus Deuses que sempre estavam presentes no cotidiano celta, os auxiliando e guiando até a chegada do cristianismo. 10 Por mais que todos os druidas soubessem de tudo um pouco eles tinham ofícios individuais dentro de uma comunidade celta. Este conjunto de ofícios se dividiam em: Os Druida-Brithem eram os juízes. Os celtas nunca chegaram a ter suas leis escritas, apenas os brithem as conheciam, assim a função deles era percorrer as casas e as cidades e resolver impasses que surgissem. Os Druida-Liang eram os médicos e curandeiros. Em geral passavam mais de 20 anos em seus estudos antes de praticarem a cura, tinham especializações entre si, entre eles estavam as ervas, as cirurgias (como a de transplante de coração) entre outras. Os Druida-Scelaige eram os narradores, eles tinham como função apenas repetir a grande história dos celtas que lhe haviam sido contada por outros scelaige. (A escrita era proibida a não ser para rituais de religião) Apenas repetiam para que a história não fosse esquecida. Também juntavam à sua história as novas trazidas pelos sencha. Os Druida-Sencha deveriam percorrer as terras celtas e compor novas histórias sobre o que estava acontecendo, estas seriam repassadas aos scelaige que as decoraria, ficavam trancados apenas repetindo o lhes era passado. Os Druidas-Filid era a mais alta classe dos druidas, a sua função era o contato direto com os deuses (Alguns deles eram descendentes diretos dos deuses). O mago Merlin é um druida filid. Os Druidas-Poetas era preciso que alguém as aprendesse as histórias e contasse ao povo, essa era a função dos poetas, que mantinham a tradição celta viva. Para muitos Merlim é apenas o mago que ajudou Artur a se tornar um grande rei nos contos do Rei Artur. Mas para os celtas o Merlim não era apenas uma pessoa e sim um título dado ao druida que se destacasse em suas artes ou em todas as artes. Ganhava o título de Merlim o druida que provasse ter uma descendência dos Deuses ou que se destacasse dentre os demais por conta da sua sabedoria. O Merlim representava o Deus e junto com a Senhora do Lago, uma versão sua feminina, formavam os interpretes e ligação direta do Casal Divino cultuado pelos celtas. É lógico que os Celtas tinham em sua mitologia milhares de Deuses, mas em suas celebrações eles davam mais atenção a um Deus e a Uma Deusa, que poderia receber mil nomes ao mesmo tempo, mas ainda assim na essência seriam o Casal Divino. O Merlim mais conhecido com certeza é o das narrações sobre Artur e seu reino em Camelot. A origem deste é incerta, e seu nome verdadeiro também. Mas por ter várias vertentes de como ele havia nascido e havia adquirido seu conhecimento, deduz-se que a possibilidade de que tenham existidos outros Merlim seja maior. 11 Dizem que ele era filho de uma freira com um demônio da sabedoria, dizem que ele era o filho renascido de Cerridwen que bebeu a poção da sabedoria feita pela Deusa. E muitas outras lendas mais estonteantes e mais criativas. Estas duas vertentes são as mais conhecidas, a primeira da versão católica dos Contos de Artur. E a segunda por meio de dedução. Ambas podem ser verdadeiras quando interpretadas de maneira única e com crenças paralelas. Merlim não foi apenas um homem, existiu talvez um em cada aldeia celta espalhada pela Europa. A mitologia e os fatos reais acerca da cultura celta até hoje tem uma divisão tênue em cada relato distinto. Já que grande parte dos mitos celtas tem personagens reais e grandes epopéias reais narram possíveis encontros com registros e até mesmo personagens mitológicos celtas. Esta falta de certeza do que é real ou mitológico faz dos celtas um povo cheio de mistérios e banhados por uma aura divina e de grande magia. Reunir todos os mitos celtas é na certa algo quase impossível. É como construir um novo livro sagrado, pois cada conto celta querendo ou não envolve um dedo das divindades se não a presença da mesma em espírito ou mesmo em uma encarnação terrena. A mitologia céltica se divide em três grupos regionais: Goidélica - irlandesa e escocesa Britânica Insular - galesa e da Cornualha Britânica Continental - Europa continental Cada grupo tem seus determinados mitos e crenças que em pontos se assemelham. A presença de divindade e de druidas ou magos com características druidas é o que sempre caracteriza se o conto é celta ou não. Em cada região citada acima surgiram mitos cada vez mais esplendorosos sobre guerreiros que era a reencarnações de Deuses ou eles mesmos se tornavam Deuses, o exemplo mais conhecido é o de Cu Chulain. Este guerreiro enfrentou sozinho um exercito ferido e amarrado em uma pedra. Durante a vida ele teve um “romance” com a Deusa Morrigu. Deusa da guerra, que se transformava em corvo, que se apaixonou por ele ao vê-lo lutar e por ter sido rejeitada e trocada por uma princesa declarou guerra ao guerreiro, que também ganhou como inimiga a Rainha Maeve que fez de tudo para matá-lo. Cu Chulain morreu como citado antes amarrado em uma pedra enquanto ainda lutava contra o exercito de Maeve. Morrigu apaixonada por ele tentou avisá-lo por meio de visões e sonhos a sua possível morte. Ele por teimosia e orgulho contrariou a vontade da Deusa e acabou por morrer. Se tornando para muitos, um Deus da guerra que depois de morto se encontrou com Morrigu e juntos formaram um 12 casal divino cultuado em Gales já que estes compreendiam descendente dos Tuatha De Danna. Uma tribo divina que chegou às terras celtas, vindos do paraíso céltico, espantando primeiramente gigantes depois outros monstros mitológicos celtas. A trajetória dos Tuatha De Danna talvez seja a maior e a raiz de todos os outros contos celtas. Tuatha De Danna significa Basicamente, Tribos de Danna, uma Deusa com aspecto maternal que teve milhares de filhos Deuses, junto com o seu consorte Dagda, o Deus Bom. A trajetória dos Danna fala de cada um dos principais deuses celtas como Lugh, Bridget ou Brigit, Morrigu ou Morrighan, Babd, Taranis ou Taran, Mannanan, Angus dentre milhares de outros Deuses. Estes deuses poderiam ser vistos em outras regiões, com outros nomes e mais algumas características adicionadas conforme o cotidiano da tribo celta. O Mabinogion é uma reunião de algumas lendas e contos celtas que envolvem os Tuatha De Danna. Ele se divide em quatro ramos e em alguns romances e contos separados. Os Quatro Ramos do Mabinogion são as histórias mais mitológicas contidas na coletânea Mabinogion. Pryderi aparece em todas as quatro, embora nem sempre como personagem central. Pwyll, Príncipe de Dyfed fala dos pais de Pryderi, de seu nascimento, perda e recuperação. Branwen, Filha de Llyr fala principalmente do casamento de Branwen com o rei da Irlanda. Pryderi aparece, mas não desempenha um papel de destaque. Manawyddan, filho de Llyr fala do retorno ao lar de Pryderi com Manawydan, irmão de Branwen, e das desventuras que lá se seguem. Math, filho de Mathonwy fala principalmente de Math ap Mathonwy e Gwydion, que entram em conflito com Pryderi. Os contos nativos também estão incluídos na compilação de Lady Guest e são cinco histórias da tradição e lenda galesa: Magnus Maximus (O sonho de Macsen Wledig) Lludd e Llefelys Culhwch e Olwen O sonho de Rhonabwy Taliesin Os contos “Culhwch e Olwen” e “O sonho de Rhonabwy” têm despertado o interesse dos estudiosos porque preservam antigas tradições do Rei Artur. O conto “O 13 sonho de Macsen Wledig” é uma história romanceada sobre o imperador romano Magnus Maximus. A história de Taliesin é uma composição posterior. Três contos são Romances galeses, versões galesas dos contos arturianos que também aparecem no trabalho de Chrétien de Troyes. Os críticos têm debatido se os romances galeses são baseados nos poemas de Chrétien ou se derivam de um original em comum. Embora pareça provável que os romances sobreviventes derivem, direta ou indiretamente, de Chrétien, é provável que ele, por sua vez, tenha baseado seus contos em fontes célticas mais antigas. Owain, ou a Dama da Fonte Peredur, filho de Efrawg Geraint e Enid Os “Contos de Rei Artur” e “Tristão e Isolda” são os mais conhecidos contos celtas graças a grande variedade de versões e de filmes que narram ambas as histórias. Outras grandes narrações de mitos celtas podem ser encontradas em vários livros. É uma mitologia rica e complexa, que necessita de um prévio estudo sobre os celtas e suas diferenças regionais para que se possa entender o motivo de tanta variação desde os nomes dos Deuses e dos contos até a variação simbológica que cada um representa para o povo e para a região. 14 Considerações finais Os Druidas e seus grandes mistérios. Muita sabedoria foi perdida, e o que se sabe hoje não é nem metade do que estes fabulosos seres que eram o contato direto dos humanos com os Deuses e com a natureza foram. Representavam para os celtas a sabedoria divina e por vezes, na maioria dos casos com as mulheres e os guerreiros, a reencarnação ou mesmo um filho de um Deus ou Deusa. Respeitados mais que a autoridade maior da tribo ou aldeia, os reis reverenciavam os druidas em qualquer ocasião e qualquer lugar. Eles eram a verdadeira face celta, o exemplo a ser seguido, o exemplo que era seguido. Eram em suma as representações divinas no meio da sociedade celta. Eles tinham o conhecimento, a sabedoria e o contato direto com os milhares Deuses Celtas. Os druidas eram o canal pelo qual o povo recebia as profecias divinas. Eram eles que promoviam as curas, as adivinhações, previsões, os julgamentos. Os druidas representavam em sua unidade o nosso conhecido clero, os políticos, as autoridades em geral. Não havia diferença de gênero para seguir o druidismo, entre os celtas como não havia restrição sobre este aspecto em profissão alguma, mulheres tinham todo direito de ser druidesas e até eram mais privilegiadas do que os homens por serem a face da Deusa-Mãe, principal divindade para os druidas. 15 Referências Bibliográficas: AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral e GEIGER, Paulo, Dicionário Histórico de Religiões. 2002, Ed. Nº1, Editora Nova Fronteira PIETRO, Claudiney, Mitologia Celta. 2004, Ed, Nº3, Editora Pensamento. QUINTINO, Claudio Crow, O Livro da Mitologia Celta. 2006, Ed. Nº1, Editora Madras. RUTHERFORD, Ward, Os Druidas 2003, Editora Mercuryo Rosyléa Rodrigues Zutin 2013 Obs: Trabalho digitado em Word 2003, portanto, algumas regras ortográficas atuais não foram aplicadas ao texto.