DEPARTAMENTO DE ELETRO-ELETRÔNICA
ELETRÔNICA
2
ELETRÔNICA
ÍNDICE
1
DIODO SEMICONDUTOR E RETIFICAÇÃO
4
1.1
FÍSICA DOS SEMICONDUTORES
A ESTRUTURA DO ÁTOMO
ESTUDO DO SEMICONDUTORES
4
4
4
1.2
DIODO
POLARIZAÇÃO DO DIODO
CURVA CARACTERÍSTICA DE UM DIODO
RESISTOR LIMITADOR DE CORRENTE
7
8
8
10
1.3
DIODO EMISSOR DE LUZ E FOTODIODO
11
1.4
APROXIMAÇÕES DO DIODO
12
1.5
RETIFICADORES DE MEIA ONDA E ONDA COMPLETA
RETIFICADOR DE MEIA ONDA
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA EM PONTE
14
16
17
19
1.6
CAPACITOR
20
1.7
FILTRO PARA O RETIFICADOR
24
1.8
DIODO ZENER
CORRENTE MÁXIMA NO ZENER
REGULADOR DE TENSÃO COM ZENER
CÁLCULO DO RESISTOR DE CARGA RS.
26
27
28
28
1.9
CIRCUITO COM DIODOS
MULTIPLICADORES DE TENSÃO
LIMITADORES
GRAMPEADOR CC
29
29
30
32
1.10 EXERCÍCIOS
32
2
TRANSISTOR BIPOLAR
39
2.1
FUNCIONAMENTO DE TRANSISTORES BIPOLARES
POLARIZAÇÃO DO TRANSISTOR NPN
TRANSISTOR PNP
AS CORRENTES NO TRANSISTOR
MONTAGEM BÁSICA COM TRANSISTOR
39
40
42
42
43
3
POLARIZAÇÃO DE TRANSISTORES
47
3.1
RETA DE CARGA
47
3.2
O TRANSISTOR COMO CHAVE
49
3.3
O TRANSISTOR COMO FONTE DE CORRENTE
50
3.4
O TRANSISTOR COMO AMPLIFICADOR
CIRCUITOS DE POLARIZAÇÃO EM EMISSOR COMUM
POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO
REGRAS DE PROJETO
51
51
51
52
3.5
EXERCÍCIOS
53
4
AMPLIFICADORES DE SINAL
55
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3
ELETRÔNICA
4.1
AMPLIFICADORES DE SINAL EMISSOR COMUM
TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO PARA AMPLIFICADORES
CIRCUITOS EQUIVALENTES CA E CC.
RESISTÊNCIA CA DO DIODO EMISSOR
βCA - GANHO DE CORRENTE ALTERNADA
55
57
57
58
60
4.2
AMPLIFICADOR COM EMISSOR ATERRADO
60
4.3
REALIMENTAÇÃO
63
4.4
AMPLIFICADOR COM REALIMENTAÇÃO PARCIAL
IMPEDÂNCIA DE ENTRADA
ESTÁGIOS EM CASCATA
63
65
66
4.5
AMPLIFICADOR BASE COMUM
68
4.6
AMPLIFICADOR COLETOR COMUM
IMPEDÂNCIA DE ENTRADA
70
71
4.7
EXERCÍCIOS
73
5
AMPLIFICADORES DE POTÊNCIA
76
5.1
CLASSE A
76
5.2
CLASSE B
78
5.3
CLASSE AB
80
6
OSCILADOR DE BAIXA FREQÜÊNCIA
81
6.1
OSCILADOR POR DESLOCAMENTO DE FASE
82
7
TRANSISTORES ESPECIAIS
83
7.1
JFET
POLARIZAÇÃO DE UM JFET
TRANSCONDUTÂNCIA
AMPLIFICADOR FONTE COMUM
AMPLIFICADOR COM REALIMENTAÇÃO PARCIAL
AMPLIFICADOR SEGUIDOR DE FONTE
83
83
87
88
89
89
7.2
MOSFET
MOSFET DE MODO DEPLEÇÃO
MOSFET DE MODO CRESCIMENTO OU INTENSIFICAÇÃO
90
90
91
7.3
FOTOTRANSISTOR E ACOPLADOR ÓPTICO
92
7.4
EXERCÍCIOS
93
8
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
96
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ELETRÔNICA
1
DIODO SEMICONDUTOR E RETIFICAÇÃO
1.1
FÍSICA DOS SEMICONDUTORES
4
A ESTRUTURA DO ÁTOMO
O átomo é formado basicamente por 3 tipos de partículas elementares: Elétrons, prótons
e nêutrons. A carga do elétron é igual a do próton, porém de sinal contrário. Os elétrons
giram em torno do núcleo distribuindo-se em diversas camadas, num total de até sete
camadas. Em cada átomo, a camada mais externa é chamada de valência, e geralmente
é ela que participa das reações químicas
Todos os materiais encontrados na natureza são formados por diferentes tipos de
átomos, diferenciados entre si pelo seus números de prótons, elétrons e nêutrons. Cada
material tem uma infinidade de características, mas uma especial em eletrônica é o
comportamento à passagem de corrente. Pode-se dividir em três tipos principais:
MATERIAIS CONDUTORES DE ELETRICIDADE
São materiais que não oferecem resistência a passagem de corrente elétrica. Quanto
menor for a oposição a passagem de corrente, melhor condutor é o material. O que
caracteriza o material bom condutor é o fato de os elétrons de valência estarem
fracamente ligados ao átomo, encontrando grande facilidade para abandonar seus
átomos e se movimentarem livremente no interior dos materiais. O cobre, por exemplo,
com somente um elétron na camada de valência tem facilidade de cedê-lo para ganhar
estabilidade. O elétron cedido pode tornar-se um elétron livre.
MATERIAIS ISOLANTES
São materiais que possuem uma resistividade muito alta, bloqueando a passagem da
corrente elétrica. Os elétrons de valência estão rigidamente ligados aos seu átomos,
sendo que poucos elétrons conseguem desprender-se de seus átomos para se
transformarem em elétrons livres.
Consegue-se isolamento maior (resistividade) com substâncias compostas (borracha,
mica, baquelita, etc.).
MATERIAL SEMICONDUTOR
Materiais que apresentam uma resistividade elétrica intermediária. Como exemplo temos
o germânio e silício
ESTUDO DO SEMICONDUTORES
Os átomos de germânio e silício tem uma camada de valência com 4 elétrons. Quando os
átomos de germânio (ou silício) agrupam-se entre si, formam uma estrutura cristalina, ou
seja, são substâncias cujos átomos se posicionam no espaço, formando uma estrutura
ordenada. Nessa estrutura, cada átomo une-se a quatro outros átomos vizinhos, por meio
de ligações covalentes, e cada um dos quatro elétrons de valência de um átomo é
compartilhado com um átomo vizinho, de modo que dois átomos adjacentes
compartilham os dois elétrons, ver Figura 1-1.
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5
Figura 1-1
Se nas estruturas com germânio ou silício não fosse possível romper a ligações
covalentes, elas seriam materiais isolantes. No entanto com o aumento da temperatura
algumas ligações covalentes recebem energia suficiente para se romperem, fazendo com
que os elétrons das ligações rompidas passem a se movimentar livremente no interior do
cristal, tornando-se elétrons livres.
Figura 1-2
Com a quebra das ligações covalentes, no local onde havia um elétron de valência,
passa a existir uma região com carga positiva, uma vez que o átomo era neutro e um
elétron o abandonou. Essa região positiva recebe o nome de lacuna, sendo também
conhecida como buraco. As lacunas não tem existência real, pois são apenas espaços
vazios provocados por elétrons que abandonam as ligações covalentes rompidas.
Sempre que uma ligação covalente é rompida, surgem, simultaneamente um elétron e
uma lacuna. Entretanto, pode ocorrer o inverso, um elétron preencher o lugar de uma
lacuna, completando a ligação covalente (processo de recombinação). Como tanto os
elétrons como as lacunas sempre aparecem e desaparecem aos pares, pode-se afirmar
que o número de lacunas é sempre igual a de elétrons livres.
Quando o cristal de silício ou germânio é submetido a uma diferença de potencial, os
elétrons livres se movem no sentido do maior potencial elétrico e as lacunas por
conseqüência se movem no sentido contrário ao movimento dos elétrons.
IMPUREZAS
Os cristais de silício (ou germânio. Mas não vamos considera-lo, por simplicidade e
também porque o silício é de uso generalizado em eletrônica) são encontrados na
natureza misturados com outros elementos. Dado a dificuldade de se controlar as
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6
características destes cristais é feito um processo de purificação do cristal e em seguida
é injetado através de um processo controlado, a inserção proposital de impurezas na
ordem de 1 para cada 106 átomos do cristal, com a intenção de se alterar produção de
elétrons livres e lacunas. A este processo de inserção dá-se o nome de dopagem.
As impurezas utilizadas na dopagem de um cristal semicondutor podem ser de dois tipos:
impureza doadoras e impurezas aceitadoras.
IMPUREZA DOADORA
São adicionados átomos pentavalentes (com 5 elétrons na camada de valência. Ex.:
Fósforo e Antimônio). O átomo pentavalente entra no lugar de um átomo de silício dentro
do cristal absorvendo as suas quatro ligações covalentes, e fica um elétron fracamente
ligado ao núcleo do pentavalente (uma pequena energia é suficiente para se tornar livre).
Figura 1-3
IMPUREZA ACEITADORA
São adicionados átomos trivalentes (tem 3 elétrons na camada de valência. Ex.: Boro,
alumínio e gálio). O átomo trivalente entra no lugar de um átomo de silício dentro do
cristal absorvendo três das suas quatro ligações covalentes. Isto significa que existe uma
lacuna na órbita de valência de cada átomo trivalente.
Figura 1-4
Um semicondutor pode ser dopado para ter um excesso de elétrons livres ou excesso de
lacunas. Por isso existem dois tipos de semicondutores:
SEMICONDUTOR TIPO N
O cristal que foi dopado com impureza doadora é chamado semicondutor tipo n, onde n
está relacionado com negativo. Como os elétrons livres excedem em número as lacunas
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7
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num semicondutor tipo n, os elétrons são chamados portadores majoritários e as lacunas,
portadores minoritários.
SEMICONDUTOR TIPO P
O cristal que foi dopado com impureza aceitadora é chamado semicondutor tipo p, onde p
está relacionado com positivo. Como as lacunas excedem em número os elétrons livres
num semicondutor tipo p, as lacunas são chamadas portadores majoritários e os elétrons
livres, portadores minoritários.
1.2
DIODO
A união de um cristal tipo p e um cristal tipo n, obtém-se uma junção pn, que é um
dispositivo de estado sólido simples: o diodo semicondutor de junção.
Figura 1-5
Devido a repulsão mútua os elétrons livres do lado n espalham-se em todas direções,
alguns atravessam a junção e se combinam com as lacunas. Quando isto ocorre, a
lacuna desaparece e o átomo associado torna-se carregado negativamente. (um íon
negativo)
Figura 1-6
Cada vez que um elétron atravessa a junção ele cria um par de íons. Os ions estão fixo
na estrutura do cristal por causa da ligação covalente. À medida que o número de ions
aumenta, a região próxima à junção fica sem elétrons livres e lacunas. Chamamos esta
região de camada de depleção.
Além de certo ponto, a camada de depleção age como uma barreira impedindo a
continuação da difusão dos elétrons livres. A intensidade da camada de depleção
aumenta com cada elétron que atravessa a junção até que se atinja um equilíbrio. A
diferença de potencial através da camada de depleção é chamada de barreira de
potencial. A 25º, esta barreira é de 0,7V para o silício e 0,3V para o germânio.
O símbolo mais usual para o diodo é mostrado a seguir:
Anodo
material tipo p
Catodo
material tipo n
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ELETRÔNICA
POLARIZAÇÃO DO DIODO
Polarizar um diodo significa aplicar uma diferença de potencial às suas extremidades.
Supondo uma bateria sobre os terminais do diodo, há uma polarização direta se o pólo
positivo da bateria for colocado em contato com o material tipo p e o pólo negativo em
contato com o material tipo n.
POLARIZAÇÃO DIRETA
No material tipo n os elétrons são repelidos pelo terminal da bateria e empurrado para a
junção. No material tipo p as lacunas também são repelidas pelo terminal e tendem a
penetrar na junção, e isto diminui a camada de depleção. Para haver fluxo livre de
elétrons a tensão da bateria tem de sobrepujar o efeito da camada de depleção.
POLARIZAÇÃO REVERSA
Invertendo-se as conexões entre a bateria e a junção pn, isto é, ligando o pólo positivo no
material tipo n e o pólo negativo no material tipo p, a junção fica polarizada inversamente.
No material tipo n os elétrons são atraídos para o terminal positivo, afastando-se da
junção. Fato análogo ocorre com as lacunas do material do tipo p. Podemos dizer que a
bateria aumenta a camada de depleção, tornando praticamente impossível o
deslocamento de elétrons de uma camada para outra.
CURVA CARACTERÍSTICA DE UM DIODO
A curva característica de um diodo é um gráfico que relaciona cada valor da tensão
aplicada com a respectiva corrente elétrica que atravessa o diodo.
POLARIZAÇÃO DIRETA
Figura 1-7
Figura 1-8
Nota-se pela curva que o diodo ao contrário de, por exemplo, um resistor, não é um
componente linear. A tensão no diodo é uma função do tipo:
U = RFI +
kT I
ln + 1
q IS
Eq. 1- 1
TENSÃO DE JOELHO
Ao se aplicar a polarização direta, o diodo não conduz intensamente até que se
ultrapasse a barreira potencial. A medida que a bateria se aproxima do potencial da
barreira, os elétrons livres e as lacunas começam a atravessar a junção em grandes
quantidades. A tensão para a qual a corrente começa a aumentar rapidamente é
chamada de tensão de joelho. ( No Si é aprox. 0,7V).
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ELETRÔNICA
POLARIZAÇÃO REVERSA DO DIODO
Figura 1-9
Figura 1-10
o diodo polarizado reversamente, passa uma corrente elétrica extremamente pequena,
(chamada de corrente de fuga).
Se for aumentando a tensão reversa aplicada sobre o diodo, chega um momento em que
atinge a tensão de ruptura (varia muito de diodo para diodo) a partir da qual a corrente
aumenta sensivelmente.
* Salvo o diodo feito para tal, os diodos não podem trabalhar na região de
ruptura.
GRÁFICO COMPLETO.
Figura 1-11
ESPECIFICAÇÕES DE POTÊNCIA DE UM DIODO
Em qualquer componente, a potência dissipada é a tensão aplicada multiplicada pela
corrente que o atravessa e isto vale para o diodo:
P = U∗I
Eq. 1- 2
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10
Não se pode ultrapassar a potência máxima, especificada pelo fabricante, pois haverá um
aquecimento excessivo. Os fabricantes em geral indicam a potência máxima ou corrente
máxima suportada por um diodo.
Ex.:
1N914 - PMAX = 250mW
1N4001 - IMAX = 1A
Usualmente os diodos são divididos em duas categorias, os diodos para pequenos sinais
(potência especificada abaixo de 0,5W) e os retificadores ( PMAX > 0,5W).
RESISTOR LIMITADOR DE CORRENTE
Num diodo polarizado diretamente, uma pequena tensão aplicada
pode gerar uma alta intensidade de corrente. Em geral um
resistor é usado em série com o diodo para limitar a corrente
elétrica que passa através deles.
RS é chamado de resistor limitador de corrente. Quanto maior o
RS, menor a corrente que atravessa o diodo e o RS .
Figura 1-12
RETA DE CARGA
Sendo a curva característica do diodo não linear, torna-se complexo determinar através
de equações o valor da corrente e tensão sobre o diodo e resistor. Um método para
determinar o valor exato da corrente e da tensão sobre o diodo, é o uso da reta de carga.
Baseia-se no uso gráfico das curvas do diodo e da curva do resistor.
Na Figura 1-12, a corrente I através do circuito é a seguinte:
I=
UR US − UD
=
RS
RS
Eq. 1- 3
No circuito em série a corrente é a mesma no diodo e no resistor. Se forem dados a
tensão da fonte e a resistência RS, então são desconhecidas a corrente e a tensão sob o
diodo. Se, por exemplo, no circuito da Figura 1-12 o US =2V e RS = 100Ω, então:
I=
2 − UD
= −0,01* U D + 20mA
100
Eq. 1- 4
Se UD=0V ! I=20mA. Esse ponto é chamado de ponto de saturação, pois é o máximo
valor que a corrente pode assumir.
E se I=0A !UD=2V. Esse ponto é chamado corte, pois representa a corrente mínima que
atravessa o resistor e o diodo.
A Eq. 1-4 indica uma relação linear entre a corrente e a tensão ( y = ax + b). Sobrepondo
esta curva com a curva do diodo tem-se:
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ELETRÔNICA
Figura 1-13
(I=0A,U=2V) - Ponto de corte !Corrente mínima do circuito
(I=20mA,U=0V) - Ponto de saturação !Corrente máxima do circuito
(I=12mA,U=0,78V) - Ponto de operação ou quiescente!Representa a
corrente através do diodo e do resistor. Sobre o diodo existe uma
tensão de 0,78V.
1.3
DIODO EMISSOR DE LUZ E FOTODIODO
O diodo emissor de luz (LED) é um diodo que quando polarizado
diretamente emite luz visível (amarela, verde, vermelha, laranja ou azul)
ou luz infravermelha. Ao contrário dos diodos comuns não é feito de
silício, que é um material opaco, e sim, de elementos como gálio,
arsênico e fósforo. É amplamente usada em equipamentos devido a
sua longa vida, baixa tensão de acionamento e boa resposta em
circuitos de chaveamento.
Figura 1-14
A polarização do LED é similar ao um diodo comum, ou seja, acoplado em série com um
resistor limitador de corrente, como mostrado na Figura 1-14. o LED é esquematizado
como um diodo comum com seta apontando para fora como símbolo de luz irradiada. A
corrente que circula no LED é:
ID =
VS − VD
R
Eq. 1- 5
Para a maioria dos LED’s disponíveis no mercado, a queda de tensão típica é de 1,5 a
2,5V para correntes entre 10 e 50mA.
FOTODIODO
É um diodo com encapsulamento transparente, reversamente polarizado que é sensível a
luz. Nele, o aumento da intensidade luminosa, aumenta sua a corrente reversa
Num diodo polarizado reversamente, circula somente os portadores minoritários. Esses
portadores existem porque a energia térmica entrega energia suficiente para alguns
elétrons de valência saírem fora de suas órbitas, gerando elétrons livres e lacunas,
contribuindo, assim, para a corrente reversa. Quando uma energia luminosa incide numa
junção pn, ela injeta mais energia ao elétrons de valência e com isto gera mais elétrons
livres. Quanto mais intensa for a luz na junção, maior será corrente reversa num diodo.
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1.4
12
ELETRÔNICA
APROXIMAÇÕES DO DIODO
ao analisar ou projetar circuitos com diodos se faz necessário conhecer a curva do diodo,
mas dependendo da aplicação pode-se fazer aproximações para facilitar os cálculos.
1ª APROXIMAÇÃO (DIODO IDEAL)
Um diodo ideal se comporta como um condutor ideal quando polarizado no sentido direto
e como um isolante perfeito no sentido reverso, ou seja, funciona como uma chave
aberta.
I
sentido direto
sentido reverso
U
Figura 1-15
2ª APROXIMAÇÃO
Leva-se em conta o fato de o diodo precisar de 0,7V para iniciar a conduzir.
I
0 7V
rb
sentido direto
sentido reverso
0,7V
U
rb
Figura 1-16
Pensa-se no diodo como uma chave em série com uma bateria de 0,7V.
3ª APROXIMAÇÃO
Na terceira aproximação considera a resistência interna do diodo.
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ELETRÔNICA
I
0,7V
rb
sentido direto
sentido reverso
0,7V
U
rb
Figura 1-17
Obs.:. Ao longo do curso será usada a 2ª aproximação.
Exemplo 1-1 Utilizar a 2ª aproximação para determinar a corrente
do diodo no circuito da Figura 1-18:
SOL.: O diodo está polarizado diretamente, portanto age como uma
chave fechada em série com uma bateria.
ID = IRS =
URS U S − UD 10 − 0,7
=
=
= 186
, mA
RS
RS
5k
RESISTÊNCIA CC DE UM DIODO
Figura 1-18
É a razão entre a tensão total do diodo e a corrente total do diodo. Pode-se considerar
dois casos:
RD - Resistência cc no sentido direto
RR - Resistência cc no sentido reverso
RESISTÊNCIA DIRETA
É a resistência quando é aplicada uma tensão no sentido direto sobre o diodo. É variável,
pelo fato do diodo ter uma resistência não linear.
Por exemplo, no diodo 1N914 se for aplicada uma tensão de 0,65V entre seus terminais
existirá uma corrente I=10mA. Caso a tensão aplicada seja de 0,75V a corrente
correspondente será de 30mA. Por último se a tensão for de 0,85V a corrente será de
50mA. Com isto pode-se calcular a resistência direta para cada tensão aplicada:
RD1 = 0,65/10mA = 65Ω
RD2 = 0,75/30mA = 25Ω
RD3 = 0,85/50mA = 17Ω
Nota-se que a resistência cc diminuí com o aumento da tensão
RESISTÊNCIA REVERSA
Tomando ainda como exemplo o 1N914. Ao aplicar uma tensão de -20V a corrente será
de 25nA, enquanto uma tensão de -75V implica numa corrente de 5µA. A resistência
reversa será de:
RS1 = 20/25nA = 800MΩ
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14
RS2 = 75/5µA = 15MΩ
A resistência reversa diminui à medida que se aproxima da tensão de ruptura.
1.5
RETIFICADORES DE MEIA ONDA E ONDA COMPLETA
É comum em circuitos eletrônicos o uso de baterias de alimentação. Devido ao alto custo
de uma bateria se comparado com a energia elétrica, torna-se necessário a criação de
um circuito que transforme a tensão alternada de entrada em uma tensão contínua
compatível com a bateria. O diodo é um componente importante nesta transformação. É
que se verá neste item.
ONDA SENOIDAL
A onda senoidal é um sinal elétrico básico. Sinais mais complexos podem ser
representados por uma soma de sinais senoidais.
Figura 1-19
A equação que representa a curva da Figura 1-19 é a seguinte:
U = UP senθ
Eq. 1-6
onde:
U ! tensão instantânea
Up ! tensão de pico
Algumas maneiras de se referir aos valores da onda:
Valor de pico UP ! Valor máximo que a onda atinge
Valor de pico a pico ( UPP ) ! Diferença entre o máximo e mínimo que a onda
atinge Upp = Up - (- Up ) = 2 Up
Valor eficaz ( URMS) ( Root Mean Square)
O valor rms é valor indicado pelo voltímetro quando na escala ca. O valor rms de
uma onda senoidal, é definido como a tensão cc que produz a mesma
quantidade de calor que a onda senoidal. Pode-se mostrar que:
VRMS = 0,707 Up
Eq. 1-7
Valor médio
O valor médio é quantidade indicada em um voltímetro quando na escala cc. O
valor médio de uma onda senoidal ao longo de um ciclo é zero. Isto porque cada
valor da primeira metade do ciclo, tem um valor igual mas de sinal contrário na
segunda metade do ciclo.
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ELETRÔNICA
O TRANSFORMADOR
As fontes de tensões utilizadas em sistemas eletrônicos em geral são menores que 30VCC
enquanto a tensão de entrada de energia elétrica costuma ser de 127VRMS ou 220VRMS.
Logo é preciso um componente para abaixar o valor desta tensão alternada. O
componente utilizado é o transformador. O transformador é a grosso modo constituído
por duas bobinas (chamadas de enrolamentos). A energia passa de uma bobina para
outra através do fluxo magnético. Abaixo um exemplo de transformador:
Figura 1-20
A tensão de entrada U1 está conectada ao que se chama de enrolamento primário e a
tensão de saída ao enrolamento secundário.
No transformador ideal:
N2
U2
=
N1
U1
Eq. 1-8
Onde:
U1 tensão no primário
U2 tensão no secundário
N1 número de espiras no enrolamento primário
N2 número de espiras no enrolamento secundário
A corrente elétrica no transformados ideal é:
I1 N2
=
I 2 N1
Eq. 1-9
Exemplo 1-2 Se a tensão de entrada for 115 VRMS, a corrente de saída de 1,5ARMS e a
relação de espiras 9:1. Qual a tensão no secundário em valores de pico a pico? E a
corrente elétrica no primário?
SOL.
N2
U2
U
1
=
! 2 =
! U2 = 12,8 VRMS
N1
U1
115
9
U2PP=12,8/0,707=18VPP
I1 N2
I
1
! 1 = !I1 = 0,167ARMS
=
I 2 N1
1,5 9
obs.: a potência elétrica de entrada e de saída num transformador ideal são iguais.
P=U*I=115*0,167=12,8*1,5=19,2W
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ELETRÔNICA
16
RETIFICADOR DE MEIA ONDA
O retificador de meia onda converte a tensão de entrada (USECUNDÁRIIO ) ca numa tensão
pulsante positiva UR. Este processo de conversão de AC para cc, é conhecido como
“retificação”. Na Figura 1-21 é mostrado um circuito de meia onda.
Figura 1-21
Considerando o diodo como ideal, as curvas são as mostrada na Figura 1-22. A saída do
secundário tem dois ciclos de tensão: Um semiciclo positivo e um negativo. Durante o
semiciclo positivo o diodo está ligado no sentido direto e age como uma chave fechada e
pela lei das malhas toda a tensão do secundário incide no resistor R. Durante o semiciclo
negativo o diodo está polarizado reversamente e não há corrente circulando no circuito.
Sem corrente elétrica circulando implica em não ter tensão sob o resistor e toda a tensão
do secundário fica no diodo. Este circuito é conhecido como retificador de meio ciclo
porque só o semiciclo positivo é aproveitado na retificação.
Figura 1-22
O resistor R indicado no circuito representa a carga ôhmica acoplada ao retificador,
podendo ser tanto um simples resistor como um circuito complexo e normalmente ele é
chamado de resistor de carga ou simplesmente de carga.
VALOR CC OU VALOR MÉDIO
A tensão média de um retificador de meia onda mostrada por um voltímetro é dado por:
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17
VCC = 0.318 UP diodo ideal
Eq. 1-10
VCC = 0.318 (UP - Vσ) diodo 2ª aproximação
Eq. 1-11
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA
A Figura 1-23 mostra um retificador de onda completa. Observe a tomada central no
enrolamento secundário. Por causa dessa tomada, o circuito é equivalente a dois
retificadores de meia onda. O retificador superior retifica o semiciclo positivo da tensão do
secundário, enquanto o retificador inferior retifica o semiciclo negativo da tensão do
secundário.
Figura 1-23
As duas tensões denominadas de U2/2 na Figura 1-23 são idênticas em amplitude e fase.
O transformador ideal pode ser, portanto, substituído por duas fontes de tensão idênticas,
como mostra a Figura 1-23 à direita, sem alteração no funcionamento elétrico da rede.
Quando U2/2 é positiva, D1 está diretamente polarizado e conduz mas D2 está
reversamente polarizado e cortado. Analogamente, quando U2/2 é negativa, D2 conduz e
D1 cortado.
Considerando os dois diodos ideais, temos a curva de tensão sobre o resistor de carga
mostrada na Figura 1-24.
VALOR CC OU VALOR MÉDIO
A tensão média de um retificador de meia onda mostrada por um voltímetro é similar o do
retificador de meia onda com a observação de que agora tem-se um ciclo completo e o
valor será o dobro. É dado por:
VCC = 2*0.318 (UP/2) = 0,318UP diodo ideal
Eq. 1-12
VCC = 0.636 (UP/2 - Vσ) diodo 2ª aproximação
Eq. 1-13
FREQÜÊNCIA DE SAÍDA
A freqüência de saída de onda completa é o dobro da freqüência de entrada, pois a
definição de ciclo completo diz que uma forma de onda completa seu ciclo quando ela
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ELETRÔNICA
18
começa a repeti-lo. Na Figura 1-24, a forma de onda retificada começa a repetição após
um semiciclo da tensão do secundário. Supondo que a tensão de entrada tenha uma
freqüência de 60Hz, a onda retificada terá uma freqüência de 120Hz e um período de
8,33ms.
Figura 1-24
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19
ELETRÔNICA
RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA EM PONTE
Na Figura 1-25 é mostrado um retificador de onda completa em ponte. Com o uso de
quatro diodos no lugar de dois, elimina-se o uso da tomada central do transformador.
Durante o semiciclo positivo da tensão U2, o diodo D3 recebe um potencial positivo em
seu anodo, e o D2 um potencial negativo no catodo. Dessa forma, D2 e D3 conduzem, D1
e D4 ficam reversamente polarizado e o resistor de carga R recebe todo o semiciclo
positivo da tensão U2.
Durante o semiciclo negativo da tensão U2, o diodo D4 recebe um potencial positivo em
seu anodo, e o diodo D1 um potencial negativo no catodo, devido à inversão da
polaridade de U2. Os diodos D1 e D4 conduzem e os diodos D2 e D3 ficam reversamente
polarizado.
Figura 1-25
A corrente I percorre o resistor de carga sempre num mesmo sentido. Portanto a tensão
UR é sempre positiva. Na Figura 1-26 é mostrado as formas de ondas sobre o resistor de
carga e os diodos, considerando os diodos ideais.
Na Tabela 1-1 é feito uma comparação entre os três tipos de retificadores. Para diodos
ideais.
Tabela 1-1
MEIA ONDA
ONDA COMPLETA
PONTE
N.º de Diodos
1
2
4
Tensão Pico de Saída
UP
0,5UP
UP
0,318 UP
0,318 UP
0,636 UP
Tensão Pico Inversa no Diodo
UP
UP
UP
Freqüência de Saída
fent
2 fent
2 fent
0,45 UP
0,45 UP
0,9 UP
Tensão cc de Saída
Tensão de saída (rms)
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ELETRÔNICA
20
Figura 1-26
1.6
CAPACITOR
Componente eletrônico, constituído por duas placas condutoras, separadas
material isolante.
por um
Ao ligar uma bateria com um capacitor descarregado, haverá uma distribuição de cargas
e após um certo tempo as tensões na bateria e no capacitor serão as mesmas. E deixa
de circular corrente elétrica.
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21
ELETRÔNICA
Se o capacitor for desconectado da bateria, as cargas elétricas acumuladas permanecem
no capacitor, e portanto é mantida a diferença de potencial no capacitor.
O capacitor pode armazenar carga elétrica.
O capacitor se opõe a variação de tensão elétrica.
A capacidade que tem um capacitor para armazenar cargas depende da sua
capacitância.
C=
ε.S
d
Eq. 1-15
onde:
ε = constante dielétrica (F/m)
S = área de uma das placas (são iguais) (m2)
d = Espessura do dielétrico em metro (m)
C = Capacitância em Farads (F)
em geral se usa submultiplos do Farad: µF, nF, pF
DETALHES SOBRE OS CAPACITORES
TIPOS DE CAPACITORES
papel
cerâmica
mica
eletrolítico
tântalo
variável (distância / área) !(Padder; Trimmer)
DISPOSIÇÃO DAS PLACAS
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ELETRÔNICA
22
CARGA E DESCARGA DO CAPACITOR
Suponha que o capacitor esteja descarregado e em t=0s a chave do circuito abaixo é
fechada.
As tensões no capacitor e resistor seguem as seguintes equações:
VC=U*(1-e-t/τ)
Eq. 1-16
VR=U*e-t/τ
Eq. 1-17
onde τ=RC e é chamada de constante de tempo do circuito.
Quando t=τ, a tensão no capacitor atinge 63% da tensão da fonte
CIRCUITOS COM CAPACITOR E RESISTOR
Resistor em série com o capacitor
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ELETRÔNICA
Resistor em paralelo com o capacitor
Resistor em série com capacitor e com um gerador de onda quadrada
23
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1.7
ELETRÔNICA
24
FILTRO PARA O RETIFICADOR
A tensão de saída de um retificador sobre um resistor de carga é pulsante como
mostrador por exemplo na Figura 1-26. Durante um ciclo completo na saída, a tensão no
resistor aumenta a partir de zero até um valor de pico e depois diminui de volta a zero. No
entanto a tensão de uma bateria deve ser estável. Para obter esse tipo de tensão
retificada na carga, torna-se necessário o uso de filtro.
O tipo mais comum de filtro para circuitos retificadores é o filtro com capacitor mostrado
na Figura 1-27. O capacitor é colocado em paralelo ao resistor de carga.
Para o entendimento do funcionamento do filtro supor o diodo como ideal e que, antes de
ligar o circuito, o capacitor esteja descarregado. Ao ligar, durante o primeiro quarto de
ciclo da tensão no secundário, o diodo está diretamente polarizado. Idealmente, ele
funciona como uma chave fechada. Como o diodo conecta o enrolamento secundário ao
capacitor, ele carrega até o valor da tensão de pico UP.
Figura 1-27
Figura 1-28
Logo após o pico positivo, o diodo pára de conduzir, o que significa uma chave aberta.
Isto devido ao fato de o capacitor ter uma tensão de pico UP. Como a tensão no
secundário é ligeiramente menor que UP, o diodo fica reversamente polarizado e não
conduz. Com o diodo aberto, o capacitor se descarrega por meio do resistor de carga. A
idéia do filtro é a de que o tempo de descarga do capacitor seja muito maior que o
período do sinal de entrada. Com isso, o capacitor perderá somente uma pequena parte
de sua carga durante o tempo que o diodo estiver em corte.
O diodo só voltará a conduzir no momento em que a tensão no secundário iniciar a subir
e seja igual a tensão no capacitor. Ele conduzirá deste ponto até a tensão no secundário
atingir o valor de pico UP. O intervalo de condução do diodo é chamado de ângulo de
condução do diodo. Durante o ângulo de condução do diodo, o capacitor é carregado
novamente até UP . Nos retificadores sem filtro cada diodo tem um ângulo de condução
de 180°.
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ELETRÔNICA
25
Na Figura 1-28 é mostrada na tensão sob a carga. A tensão na carga é agora uma
tensão cc mais estável. A diferença para uma tensão cc pura é uma pequena ondulação
(Ripple) causada pela carga e descarga do capacitor. Naturalmente, quanto menor a
ondulação, melhor. Uma forma de reduzir a ondulação é aumentar a constante de tempo
de descarga (R.C). Na prática é aumentar o valor do capacitor. Outra forma de reduzir a
ondulação é optar pelo uso de um retificador de onda completa, no qual a freqüência de
ondulação é o dobro do meia onda. Neste caso é carregado duas vezes a cada ciclo da
tensão de entrada e descarrega-se só durante a metade do tempo de um meia onda.
Pode-se relacionar a tensão de ondulação na seguinte fórmula:
U OND =
I
fC
Eq. 1-18
onde:
UOND = tensão de ondulação pico a pico
I = corrente cc na carga
f = freqüência de ondulação
C = capacitância
A escolha de um capacitor de filtro, depende, então, do valor da tensão de ondulação.
Quanto menor, melhor. Mas não é viável que a tensão de ondulação seja zero. Como
regra de projeto, o habitual é escolher a tensão de ondulação como sendo 10% da tensão
de pico do sinal a ser retificado.
CORRENTE DE SURTO (IMPULSIVA)
Instantes antes de energizar o circuito retificador, o capacitor do filtro está descarregado.
No momento em que o circuito é ligado, o capacitor se aproxima de um curto. Portanto, a
corrente inicial circulando no capacitor será muito alta. Este fluxo alto de corrente é
chamado corrente de surto. Neste momento o único elemento que limita a carga é a
resistência dos enrolamentos e a resistência interna dos diodos. O pior caso, é o
capacitor estar totalmente descarregado e o retificador ser ligado no instante em que a
tensão da linha é máxima. Assim a corrente será:
I SURTO =
UP
R ENROLAMENTO + R DIODO
Eq. 1-19
Esta corrente diminui tão logo o capacitor vá se carregando. Em um circuito retificador
típico, a corrente de surto não é uma preocupação. Mas, quando a capacitância for muito
maior do que 1000uF, a constante de tempo se torna muito grande e pode levar vários
ciclos para o capacitor se carregar totalmente. Isto tanto pode danificar os diodos quanto
o capacitor.
Um modo de diminuir a corrente de surto é incluir um resistor entre os diodos e o
capacitor. Este resistor limita a corrente de surto porque ele é somado ao enrolamento e
à resistência interna dos diodos. A desvantagem dele é, naturalmente, a diminuição da
tensão de carga cc.
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1.8
ELETRÔNICA
26
DIODO ZENER
O diodo zener é um diodo construído especialmente para trabalhar na tensão de ruptura.
Abaixo é mostrado a curva característica do diodo zener e sua simbologia.
O diodo zener se comporta como um diodo comum quando polarizado diretamente. Mas
ao contrário de um diodo convencional, ele suporta tensões reversas próximas a tensão
de ruptura.
A sua principal aplicação é a de conseguir uma tensão estável (tensão de ruptura).
Normalmente ele está polarizado reversamente e em série com um resistor limitador de
corrente. Graficamente é possível obter a corrente elétrica sob o zener com o uso de reta
de carga.
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ELETRÔNICA
27
DIODO ZENER IDEAL
O zener ideal é aquele que se comporta como uma chave fechada para tensões positivas
ou tensões negativas menores que –VZ . Ele se comportará como uma chave aberta
para tensões negativas entre zero e –VZ . Veja o gráfico abaixo
SEGUNDA APROXIMAÇÃO
Uma Segunda aproximação é considera-lo como ideal mas que a partir da tensão de
ruptura exista uma resistência interna.
CORRENTE MÁXIMA NO ZENER
PZ = VZ * I Z
Exemplo 1-3: Se um diodo zener de 12V tem uma especificação de potência máxima de
400mW, qual será a corrente máxima permitida?
SOL.:
I ZMÁXIMA =
400mW
= 33,33mA
12V
• Este zener suporta até 33,3mA.
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ELETRÔNICA
28
REGULADOR DE TENSÃO COM ZENER
Objetivo: manter a tensão sobre a carga constante e de valor Vz.
Tensão na carga
• enquanto o diodo cortado
RL
* VS
RS + RL
VRL =
Eq. 1-20
• Com o diodo conduzindo reversamente
VRL=VZ
Eq. 1- 21
Corrente sob RS.
IS =
VS − VZ
RS
Eq. 1- 22
sob RL
IL=VZ/RL
Eq. 1- 23
!
Eq. 1- 24
sob o zener
IS=IZ+IL
IZ=IS - IL
Tensão de Ripple na carga (∆VL)
Considerando RZ<<RL, RS
∆VL =
RZ
* ∆VS
RS
Eq. 1- 25
∆VS - variação de entrada
RZ - resistência do zener
RS - resistência da entrada
CÁLCULO DO RESISTOR DE CARGA RS.
RS <
•
VSMIN − VZ
I LMAX + I ZMIN
garante a corrente mínima para a carga
Eq. 1- 25
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RS >
•
29
ELETRÔNICA
VSMAX − VZ
I LMIN + I ZMAX
Eq. 1- 26
garante que sob o zener não circule uma corrente maior que IZMAX
Exemplo 1-4: Um regulador zener tem uma tensão de entrada de 15V a 20V e a corrente
de carga de 5 a 20mA. Se o zener tem VZ=6,8V e IZMAX=40mA, qual o valor de RS?
SOL.:
RS <(15-6,8)/(20m+4m)=342Ω e RS> (20-6,8)/(5m+40m)=293Ω 293Ω<RS <342Ω
1.9
CIRCUITO COM DIODOS
MULTIPLICADORES DE TENSÃO
Formado por dois ou mais retificadores que produzem uma tensão cc igual a um múltiplo
da tensão de pico da entrada (2Vp, 3Vp, 4Vp)
DOBRADOR DE TENSÃO DE MEIA ONDA
No pico do semiciclo negativo, D1 está polarizado diretamente e D2 reversamente, isto faz
C1 carregar até a tensão Vp.
No pico do semiciclo positivo, D1 está polarizado reverso e D2 direto. Pelo fato da fonte e
C1 estarem em série, C2 tentará se carregar até 2Vp. Depois de vários ciclos, a tensão
através de C2 será igual a 2Vp.
Redesenhando o circuito e ligando uma resistência de carga
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ELETRÔNICA
DOBRADOR DE TENSÃO DE ONDA COMPLETA
TRIPLICADOR E QUADRIPLICADOR DE TENSÃO
LIMITADORES
•
Retira tensões do sinal acima ou abaixo de um dado nível.
•
Serve para mudar o sinal ou para proteção.
30
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ELETRÔNICA
31
LIMITADOR POSITIVO (OU CEIFADOR)
LIMITADOR POLARIZADO
ASSOCIAÇÃO DE LIMITADORES
USO COMO PROTEÇÃO DE CIRCUITOS
•
1N914 conduz quando a tensão de entrada excede a 5,7V.
•
Este circuito é chamado grampo de diodo, porque ele mantém o sinal num nível fixo.
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ELETRÔNICA
32
GRAMPEADOR CC
O grampeador cc soma uma tensão cc ao sinal (não confundir com grampo de diodo).
Por exemplo, se o sinal que chega oscila de -10V a +10V, um grampeador cc positivo
produziria uma saída que idealmente oscila de 0 a +20V (um grampeador negativo
produziria uma saída entre 0 e -20V).
1.10
EXERCÍCIOS
Ex. 1-1)Num dado circuito, quando um diodo está polarizado diretamente, sua corrente é
de 50mA. Quando polarizado reversamente, a corrente cai para 20nA. Qual a razão entre
a corrente direta e a reversa?
Ex. 1-2)Qual a potência dissipada num diodo de silício com polarização direta se a tensão
de diodo for de 0,7V e a corrente de 100mA?
Ex. 1-3)Faça o gráfico I*V de um resistor de 2kΩ. marque o ponto
onde a corrente é de 4mA.
Ex. 1-4)Suponha VS=5V e que a tensão através do diodo seja 5V.
O diodo está aberto ou em curto?
Ex. 1-5)Alguma faz com que R fique em curto no circuito ao lado.
Qual será a tensão do diodo? O que acontecerá ao diodo?
Ex. 1-6)Você mede 0V através do diodo do circuito ao lado. A seguir você testa a tensão
da fonte, e ela indica uma leitura de +5V com relação ao terra (-). O que há de errado
com o circuito?
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33
ELETRÔNICA
I
(mA)
100
50
.5
1
1.5
2
2.5
3
3,5 V
Ex. 1-7)Uma fonte de tensão de 2,5V leva o diodo a Ter um resistor limitador de corrente
de 25Ω. Se o diodo tiver a característica I*V abaixo, qual a corrente na extremidade
superior da linha de carga: a tensão na extremidade mais baixa da linha de carga? Quais
os valores aproximados da tensão e da corrente no ponto Q?
Ex. 1-8)Repita o exercício anterior para uma resistência de 50Ω. Descreva o que
acontece com a linha de carga.
Ex. 1-9)Repita o Ex. 1-7 para uma fonte de tensão de 1,5V. o que acontece com a linha
de carga?
Ex. 1-10)Um diodo de silício tem uma corrente direta de 50mA em 1V. Utilize a terceira
aproximação para calcular sua resistência de corpo.
Ex. 1-11)A tensão da fonte é de 9V e da resistência da fonte é de 1kΩ. Calcule a corrente
através do diodo
Ex. 1-12)No circuito acima, a tensão da fonte é de 100V e a resistência da fonte de
220Ω. Quais os diodos relacionados abaixo podem ser utilizados?
Diodo
Vruptura
IMÁX
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34
ELETRÔNICA
1N914
75V
200mA
1N4001
50V
1A
1N1185
120V
35A
Ex. 1-13)E se eu inverter a polaridade da fonte?
Ex. 1-14)No circuito acima qual deverá ser o valor de R para se obter uma corrente de
diodo de 10mA? (suponha VS=5V)
Ex. 1-15)Alguns sistemas como alarme contra roubo, computadores, etc. utilizam uma
bateria auxiliar no caso da fonte de alimentação principal falhar. Descreva como funciona
o circuito abaixo.
15v fonte
carga
12V
Ex. 1-16)Encontre a capacitância de um capacitor de placas paralelas se a dimensão de
cada placa retangular é de 1x0,5 cm, a distância entre as placas é 0,1mm e o dielétrico é
o ar. Depois, encontre a capacitância tendo a mica como dielétrico.
εAr=8,85x10-12 F/m
εmica=5xεar
εVidro=7,5xεar
εcerâmica=7500xεar
Ex. 1-17)Encontre a distância entre as placas de um capacitor de 0,01µF de placas
paralelas, se a área de cada placa é 0,07 m2 e o dielétrico é o vidro.
Ex. 1-18)Um capacitor possui como dielétrico um disco feito de cerâmica com 0,5 cm de
diâmetro e 0,521 mm de espessura. Esse disco é revestido dos dois lados com prata,
sendo esse revestimento as placas. Encontre a capacitância.
Ex. 1-19)Um capacitor de placas paralelas de 1 F possui um dielétrico de cerâmica de
1mm de espessura. Se as placas são quadradas, encontre o comprimento do lado de
uma placa.
Ex. 1-20)No instante t=0s, uma fonte de 100V é conectada a um circuito série formado
por um resistor de 1kΩ e um capacitor de 2µF descarregado. Qual é:
• A tensão inicial do capacitor?
• A corrente inicial?
• tempo necessário para o capacitor atingir a tensão de 63% do seu valor máximo?
Ex. 1-21)Ao ser fechada, uma chave conecta um circuito série formado por uma fonte de
200V, um resistor de 2MΩ e um capacitor de 0,1µF descarregado. Encontre a tensão no
capacitor e a corrente no instante t=0,1s após o fechamento da chave.
Ex. 1-22)Para o circuito usado no problema 6, encontre o tempo necessário para a
tensão no capacitor atingir 50V. Depois encontre o tempo necessário para a tensão no
capacitor aumentar mais 50V (de 50V para 100V). Compare os resultados.
Ex. 1-23)Um simples temporizador RC possui uma chave que quando fechada conecta
em série uma fonte de 300V, um resistor de 16MΩ e um capacitor descarregado de 10µF.
Encontre o tempo entre a abertura e o fechamento.
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ELETRÔNICA
35
Ex. 1-24)Um retificador em ponte com um filtro com capacitor de entrada, tem uma
tensão de pico na saída de 25V. Se a resistência de carga for de 220Ω e a capacitância
de 500µF, qual a ondulação de pico a pico (Ripple)?
Ex. 1-25)A figura abaixo mostra uma fonte de alimentação dividida. Devido à derivação
central aterrada, as tensões de saída são iguais e com polaridade oposta. Quais as
tensões de saída para uma tensão do secundário de 17,7Vac e C=500µF? Qual a
ondulação de pico a pico? Quais as especificações mínima de ID e VZ ? qual a
polaridade de C1 e C2?
Ex. 1-26)Você mede 24Vac através dos secundário da figura abaixo. Em seguida você
mede 21,6Vac através do resistor de carga. Sugira alguns problemas possíveis.
Ex. 1-27)Você está construindo um retificador em ponte com um filtro com capacitor de
entrada. As especificações são uma tensão de carga de 15V e uma ondulação de 1V
para uma resistência de carga de 680Ω. Qual a tensão em rms no enrolamento do
secundário? Qual deve ser o valor do capacitor de filtro?
Ex. 1-28)A fonte de alimentação dividida da figura 1 tem uma tensão do secundário de
25Vac. Escolha os capacitores de filtro, utilizando a regra dos 10 por cento para a
ondulação.
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ELETRÔNICA
36
Ex. 1-29)A tensão do secundário na figura abaixo é de 25Vac. Com a chave na posição
mostrada, qual a tensão de saída ideal? Com a chave na posição mais alta, qual a tensão
de saída ideal?
Ex. 1-30)O amperímetro da figura abaixo tem uma resistência de medidor de 2kΩ e uma
corrente para fundo de escala de 50µA. Qual a tensão através desse amperímetro
quando ele indicar fundo de escala? Os diodos às vezes são ligados em derivação
(Shunted) através do amperímetro, como mostra a figura 4. Se o amperímetro estiver
ligado em série com um circuito, os diodos podem ser de grande utilidade. Para que você
acha que eles podem servir?
Ex. 1-31)Dois reguladores zener estão ligados em cascata. O primeiro tem um Rs=680Ω
e um Rz=10Ω. O segundo tem um Rs=1,2kΩ e Rz=6Ω. Se o Ripple da fonte for de 9V de
pico a pico, qual Ripple na saída?
Ex. 1-32)Na figura abaixo, o 1N1594 tem uma tensão de zener de 12V e uma resistência
zener de 1,4Ω. Se você medir aproximadamente 20V para a tensão de carga, que
componente você sugere que está com defeito? Explique por quê?
Ex. 1-33)Projete um regulador zener que preencha as seguintes especificações: tensão
da carga é de 6,8V, tensão da fonte de 20V !20%, e corrente de carga é de 30mA !50%.
Ex. 1-34)
para VRL =4,7V e IZMAX=40mA. Quais valores VS pode assumir?
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ELETRÔNICA
37
Ex. 1-35)No exercício anterior qual a tensão na carga para cada uma das condições
abaixo:
• diodo zener em curto
• diodo zener aberto
• resistor em série aberto
• resistor de carga em curto
O que ocorre com VL e com o diodo zener se o resistor em série estiver em curto?
Ex. 1-36)Qual o sinal de saída?
Ex. 1-37)Qual o sinal sob VL?
Ex. 1-38)Um regulador zener tem Vz = 15V e Izmax=100mA. VS pode variar de 22 a 40V. RL
pode variar de 1kΩ a 50kΩ. Qual o maior valor que a resistência série pode assumir?
Ex. 1-39)Um diodo zener tem uma resistência interna de 5Ω. Se a corrente variar de 10 a
20mA, qual a variação de tensão através do zener?
Ex. 1-40)Uma variação de corrente de 2mA através do diodo zener produz uma variação
de tensão de 15mV. Qual o valor da resistência?
Ex. 1-41)Qual o valor mínimo de RS para o diodo não queimar (VZ=15V e PZMAX=0,5W)?
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ELETRÔNICA
38
Ex. 1-42)no exercício anterior, se RS= 2kΩ, qual a corrente sobre o zener, e qual a
potência dissipada no zener?
Ex. 1-43)Qual o valor de Iz para RL= 100k, 10k e 1kΩ?
Ex. 1-44)No exercício anterior suponha que a fonte tenha um Ripple de 4V. Se a
resistência zener for de 10Ω, qual o Ripple de saída?
Ex. 1-45)Dois reguladores zener estão ligados em cascata. O primeiro tem uma
resistência em série de 680Ω e um Rz=6Ω. O segundo tem uma resistência série de 1k2Ω
e Rz=6Ω. Se a ondulação da fonte for 9V de pico a pico, qual a ondulação na saída?
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2
ELETRÔNICA
39
TRANSISTOR BIPOLAR
Existe uma infinidade de sinais de interesse em eletrônica que são muitos fracos, como
por exemplo, as correntes elétricas que circulam no corpo humano, o sinal de saída de
uma cabeça de gravação, etc., e para transforma-los em sinais úteis torna-se necessário
amplifica-los. Antes da década de 50, a válvula era o elemento principal nesta tarefa. Em
1951, foi inventado o transistor. Ele foi desenvolvido a partir da tecnologia utilizada no
diodo de junção, como uma alternativa em relação as válvulas, para realizar as funções
de amplificação, detecção, oscilação, comutação, etc. A partir daí o desenvolvimento da
eletrônica foi imenso.
Dentre todos os transistores, o bipolar é muito comum, com semelhanças ao diodo
estudado anteriormente, com a diferença de o transistor ser formado por duas junções
pn, enquanto o diodo por apenas uma junção.
2.1
FUNCIONAMENTO DE TRANSISTORES BIPOLARES
O transistor bipolar é constituído por três materiais semicondutor dopado. Dois cristais
tipo n e um tipo p ou dois cristais tipo p e um tipo n. O primeiro é chamado de transistor
npn e o segundo de pnp. Na Figura 2-1 são mostrados de maneira esquemática os dois
tipos:
Figura 2-1
Cada um dos três cristais que compõe o transistor bipolar recebe o nome relativo a sua
função. O cristal do centro recebe o nome de base, pois é comum aos outros dois
cristais, é levemente dopado e muito fino. Um cristal da extremidade recebe o nome de
emissor por emitir portadores de carga, é fortemente dopado e finalmente o último cristal
tem o nome de coletor por receber os portadores de carga, tem uma dopagem média.
Apesar de na Figura 2-1 não distinguir os cristais coletor e emissor, eles diferem entre si
no tamanho e dopagem. O transistor tem duas junções, uma entre o emissor a base, e
outra entre a base e o coletor. Por causa disso, um transistor se assemelha a dois
diodos. O diodo da esquerda é comumente designado diodo emissor - base (ou só
emissor) e o da direita de coletor - base (ou só coletor).
Será analisado o funcionamento do transistor npn. A análise do transistor pnp é similar ao
do npn, bastando levar em conta que os portadores majoritários do emissor são lacunas
em vez dos elétrons livres. Na prática isto significa tensões e correntes invertidas se
comparadas com o npn.
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ELETRÔNICA
40
TRANSISTOR NÃO POLARIZADO
Figura 2-2
A difusão dos elétrons livres através da junção produz duas camadas de depleção. Cada
camada tem aproximadamente uma barreira potencial de 0,7V (silício) em 25°C.
Com os diferentes níveis de dopagem de cada cristal, as camadas de depleção tem
larguras diferentes. Tanto maior a largura quanto menor a dopagem. Ela penetra pouco
na região do emissor, bastante na base e médio na região do coletor. A
Figura 2-2 mostra as camadas de depleção nas junções do transistor npn.
POLARIZAÇÃO DO TRANSISTOR NPN
As junções do transistor podem ser polarizadas diretamente ou reversamente.
JUNÇÕES COM POLARIZAÇÃO DIRETA
Na Figura 2-3 a bateria B1 polariza diretamente o diodo emissor, e a bateria B2 polariza
diretamente o diodo coletor. Os elétrons livres entram no emissor e no coletor, juntam-se
na base e retornam para as baterias. O fluxo de corrente elétrica é alto nas duas junções.
Figura 2-3
JUNÇÕES COM POLARIZAÇÃO REVERSA
Na Figura 2-4 os diodos emissor e coletor ficam reversamente polarizado. A corrente
elétrica circulando é pequena (corrente de fuga).
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ELETRÔNICA
41
Figura 2-4
JUNÇÕES COM POLARIZAÇÃO DIRETA - REVERSA
Na Figura 2-5 o diodo coletor está reversamente polarizado e diodo emissor diretamente
polarizado. A princípio espera-se uma corrente de fuga no diodo coletor e uma alta
corrente no diodo emissor. No entanto isto não acontece, nos dois diodos as correntes
são altas.
Figura 2-5
No instante em que a polarização direta é aplicada ao diodo emissor, os elétrons do
emissor ainda não penetraram na região da base. Se a tensão entre base e emissor (VBE)
for maior que 0,7V, muitos elétrons do emissor penetram na região da base. Estes
elétrons na base podem retornar ao pólo negativo da bateria B1, ou atravessar a junção
do coletor passando a região do coletor. Os elétrons que a partir da base retornam a
bateria B1 são chamados de corrente de recombinação. Ela é pequena porque a base é
pouco dopada.
Como a base é muito fina, grande parte dos elétrons da base passam a junção basecoletor. Esta junção, polarizada reversamente, dificulta a passagem dos portadores
majoritários do cristal de base (lacunas) para o coletor, mas não dos elétrons livres.
Esses atravessam sem dificuldade a camada de depleção penetram na região de coletor.
Lá os elétrons livres são atraídos para o pólo positivo da bateria B2.
Em suma, com a polarização direta do diodo emissor, é injetado uma alta corrente em
direção a base. Na base uma pequena parcela da corrente, por recombinação, retorna ao
pólo negativo da bateria B1 e o restante da corrente flui para o coletor e daí para o pólo
positivo da bateria B2. Ver Figura 2-6.
Obs. Considerar a tensão coletor - base (VCB) bem maior que a tensão emissor - base
(VBE).
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ELETRÔNICA
42
Figura 2-6
TRANSISTOR PNP
No transistor pnp as regiões dopadas são contrárias as do transistor npn. Isso significa
que as lacunas são portadores majoritários no emissor em vez dos elétrons livres.
O funcionamento é como a seguir. O emissor injeta lacunas na base. A maior parte
dessas lacunas circula para o coletor. Por essa razão a corrente de coletor é quase igual
a do emissor. A corrente de base é muito menor que essas duas correntes.
Qualquer circuito com transistor npn pode ser convertido para uso de transistor pnp.
Basta trocar os transistores, inverter a polaridade da fonte de alimentação, os diodos e
capacitores polarizados. E o funcionamento será idêntico ao modelo npn.
Considerando esta similaridade, neste curso os circuitos analisados são sempre os com
transistores npn.
AS CORRENTES NO TRANSISTOR
Figura 2-7
A Figura 2-7
Figura 2-7 mostra o símbolo esquemático para um transistor pnp e npn. A diferenciação a
nível de esquemático é feito através da seta no pino do emissor. A direção da seta
mostra o fluxo de corrente convencional. Na figura é mostrado também o sentido das
correntes convencionais IB , IC e IE .
A lei de correntes de Kirchhoff diz que a soma de todas as correntes num nó é igual a
soma das que saem. Então:
IE = IC + IB
Eq. 2- 1
A relação entre a corrente contínua de coletor e a corrente contínua de base é chamada
de ganho de corrente β CC :
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ELETRÔNICA
β CC =
IC
IB
43
Eq. 2- 2
Em geral mais de 95% dos elétrons livres atingem o coletor, ou seja, a corrente de
emissor é praticamente igual a corrente de coletor. O parâmetro αcc de um transistor
indica a relação entre a corrente de emissor e coletor:
α CC =
IC
IE
Eq. 2- 3
Quanto mais fina e levemente dopada a base, mais alto o αcc.
Pode-se relacionar o αcc com o β CC :
!CC = !CC /(1 - !CC )
Eq. 2- 4
TESTE DE DIODOS E TRANSISTORES.
Uma maneira simples é mostrada a seguir para se testar diodos e transistores utilizando
um ohmímetro.
Teste de funcionamento de um diodo com um ohmímetro.
1. Encosta-se a ponta de prova negativa no cátodo
2. Encosta-se a ponta de prova positiva no ânodo
O ohmímetro deve indicar resistência baixa.
3. Inverte-se as pontas de provas, a resistência deve ser alta.
Teste de funcionamento de um transistor npn com um ohmímetro
1. Encosta-se a ponta de prova negativa na base do transistor
2. Encosta-se a ponta de prova positiva no coletor do transistor
O ohmímetro deve indicar resistência alta.
3. Muda-se a ponta de prova positiva para o emissor do transistor
O ohmímetro deve indicar resistência alta.
4. Inverte-se as pontas de provas, isto é, encosta-se a positiva na base e repete
os itens 2 e 3. As resistências devem ser baixas.
Isto é válido para os multímetros digitais. Em geral, nos multímetros analógicos, a ponta
de prova positiva está ligada ao pólo negativo da bateria.
MONTAGEM BÁSICA COM TRANSISTOR
Na Figura 2-8, o lado negativo de cada fonte de tensão está conectado ao emissor. Neste
caso denomina-se o circuito como montado em emissor comum. Além da montagem em
emissor comum, existem a montagem em coletor comum e base comum, analisadas
mais a frente. O circuito é constituído por duas malhas. A malha da esquerda que contém
a tensão VBE e malha da direita com a tensão VCE.
VS = R S I B + VBE
Eq. 2- 5
VCC = I C R C + VCE
Eq. 2- 6
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ELETRÔNICA
44
Figura 2-8
RELAÇÃO IB VERSUS VBE
Existe uma relação entre IB e VBE, ou seja, para cada IB existe uma tensão VBE
correspondente (Figura 2-9). Naturalmente, esta curva semelhante a curva do diodo.
Figura 2-9
RELAÇÃO IC VERSUS VCE
A partir de VCC e VS é possível obter diversos valores de IC e VCE . a Figura 2-10 mostra
esta relação supondo um IB fixo.
Figura 2-10
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ELETRÔNICA
45
A parte inicial da curva é chamada de região de saturação. É toda a curva entre a origem
e o joelho. A parte plana é chamada de região ativa. Nesta região uma variação do VCE
não influencia no valor de IC. IC mantém-se constante e igual a IB β CC. A parte final é a
região de ruptura e deve ser evitada.
Na região de saturação o diodo coletor está polarizado diretamente. Por isso, perde-se o
funcionamento convencional do transistor, passa a simular uma pequena resistência
ôhmica entre o coletor e emissor. Na saturação não é possível manter a relação IC=IBβ CC.
Para sair da região de saturação e entrar na região ativa, é necessário uma polarização
reversa do diodo coletor. Como VBE na região ativa é em torno de 0,7V, isto requer um
VCE maior que 1V.
A região de corte é um caso especial na curva IC x VCE. É quando IB =0 (eqüivale ao
terminal da base aberto). A corrente de coletor com terminal da base aberto é designada
por ICEO (corrente de coletor para emissor com base aberta). Esta corrente é muito
pequena, quase zero. Em geral se considera: Se IB=0 !IC =0.
O gráfico da Figura 2-10, mostra a curva IC x VCE para um dado IB. Habitualmente o
gráfico fornecido pelo fabricante leva em consideração diversos IB’s. Um exemplo está na
Figura 2-11.
Notar no gráfico que para um dado valor de VCE existem diversas possibilidades de
valores para IC. Isto ocorre, porque é necessário ter o valor fixo de IB. Então para cada IB
há uma curva relacionando IC e VCE.
No gráfico de exemplo, a tensão de ruptura está em torno de 80V e na região ativa para
um IB=40µA tem-se que o β CC=IC/IB = 8mA/40µA=200. Mesmo para outros valores de IB, o
β CC se mantém constante na região ativa.
Na realidade o β CC não é constante na região ativa, ele varia com a temperatura ambiente
e mesmo com IC. A variação de β CC pode ser da ordem de 3:1 ao longo da região ativa do
transistor. Na Figura 2-12 é mostrado um exemplo de variação de β CC.
Os transistores operam na região ativa quando são usados como amplificadores. Sendo
a corrente de coletor (saída) proporcional a corrente de base (entrada), designa-se os
circuitos com transistores na região ativa de circuitos lineares. As regiões de corte e
saturação, por simularem uma chave controlada pela corrente de base, são amplamente
usados em circuitos digitais.
Figura 2-11
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ELETRÔNICA
46
Figura 2-12
O MODELO DE EBERS-MOLL
Na análise ou projeto de um circuito transistorizado, tem-se dificuldade em trabalhar com
o transistor a nível de malhas. Uma opção é a de se criar um circuito equivalente para o
transistor usando componentes mais simples como fonte ou resistor.
O modelo de Ebers-Moll é um circuito equivalente do transistor levando em consideração
que ele esteja trabalhando na região ativa, ou seja: o diodo emissor deve estar polarizado
diretamente; o diodo coletor deve estar polarizado reversamente e a tensão do diodo
coletor deve ser menor do que a tensão de ruptura. Veja Figura 2-13.
O modelo faz algumas simplificações:
1. VBE =0,7V
2. IC=IE
!IB=IE/ !CC
3. despreza a diferença de potencial produzida pela corrente de base ao atravessar a
resistência de espalhamento da base .
Figura 2-13 Modelo Ebers-Moll
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3
47
ELETRÔNICA
POLARIZAÇÃO DE TRANSISTORES
Um circuito transistorizado pode ter uma infinidade de funções e os transistores para
cada função tem um ponto de funcionamento correto. Este capítulo estuda como
estabelecer o ponto de operação ou quiescente de um transistor. Isto é, como polariza-lo.
3.1
RETA DE CARGA
A Figura 3-1 mostra um circuito com polarização de base. O problema consiste em saber
os valores de correntes e tensões nos diversos componentes. Uma opção é o uso da reta
de carga.
Figura 3-1
a conceito de reta de carga estudado no capítulo sobre diodos, também se aplica a
transistores. usa-se a reta de carga em transistores para obter a corrente IC e VCE
considerando a existência de um RC. A análise da malha esquerda fornece a corrente IC:
IC = (VCC - VCE )/ RC
Eq. 3- 1
Nesta equação existem duas incógnitas, IC e VCE. A solução deste impasse é utilizar o
gráfico IC x VCE. Com o gráfico em mãos, basta Calcular os extremos da reta de carga:
VCE = 0 !IC = VCC / RC ponto superior
Eq. 3- 2
IC = 0 !VCE = VCC ponto inferior
Eq. 3- 3
A partir da reta de carga e definido uma corrente IB chega-se aos valores de IC e VCE.
Exemplo 3-1 No circuito da Figura 3-1 suponha RB= 500Ω Construa a linha de carga no
gráfico da Figura 3-2 e meça IC e VCE de operação.
SOL.: Os dois pontos da reta de carga são:
VCE = 0 !IC = VCC / RC (15 )/1k5 = 10mA ponto superior
IC = 0 !VCE = VCC = 15V ponto inferior
O corrente de base é a mesma que atravessa o resistor RB:
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ELETRÔNICA
IB =
48
15 − 0,7
= 29µA
500K
Figura 3-2
Após traçar a reta de carga na curva do transistor chega-se aos valores de IC =6mA e
VCE=5,5V. Este é o ponto de operação do circuito (ponto Q- ponto quiescente).
O ponto Q varia conforme o valor de IB. um aumento no IB aproxima o transistor para a
região de saturação, e uma diminuição de IB leva o transistor região de corte. Ver Figura
3-3
O ponto onde a reta de carga intercepta a curva IB =0 é conhecido como corte. Nesse
ponto a corrente de base é zero e corrente do coletor é muito pequena (ICEO ).
A interseção da reta de carga e a curva IB= IB(SAT) é chamada saturação. Nesse ponto a
corrente de coletor é máxima.
Figura 3-3
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3.2
ELETRÔNICA
49
O TRANSISTOR COMO CHAVE
A forma mais simples de se usar um transistor é como uma chave, significando uma
operação na saturação ou no corte e em nenhum outro lugar ao longo da reta de carga.
Quando o transistor está saturado, é como se houvesse uma chave fechada do coletor
para o emissor. Quando o transistor está cortado, é como uma chave aberta.
CORRENTE DE BASE
A corrente de base controla a posição da chave. Se IB for zero, a corrente de coletor é
próxima de zero e o transistor está em corte. Se IB for IB(SAT) ou maior, a corrente de
coletor é máxima e o transistor satura.
Saturação fraca significa que o transistor está levemente saturado, isto é, a corrente de
base é apenas suficiente para operar o transistor na extremidade superior da reta de
carga. Não é aconselhável a produção em massa de saturação fraca devido à variação
de β CC e em IB(SAT).
Saturação forte significa dispor de corrente da base suficiente para saturar o transistor
para todas as variações de valores de β CC. No pior caso de temperatura e corrente, a
maioria dos transistores de silício de pequeno sinal tem um β CC maior do que 10.
Portanto, uma boa orientação de projeto para a saturação forte é de considerar um
β CC(SAT)=10, ou seja, dispor de uma corrente de base que seja de aproximadamente um
décimo do valor saturado da corrente de coletor.
Exemplo 3-2 A Figura 3-4 mostra um circuito de chaveamento com transistor acionado
por uma tensão em degrau. Qual a tensão de saída?
SOL.: Quando a tensão de entrada for zero, o transistor está em corte. Neste caso, ele se
comporta como uma chave aberta. Sem corrente pelo resistor de coletor, a tensão de
saída iguala-se a +5V.
Figura 3-4
Quando a tensão de entrada for de +5V, a corrente de base será:
IB =
5 − 0,7
= 1,43mA
3K
Supondo o transistor com um curto entre coletor e o emissor (totalmente saturado). A
tensão de saída vai a zero e a corrente de saturação será:
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ELETRÔNICA
I C (SAT ) =
50
5
= 15,2mA
330
Isto é aproximadamente 10 vezes o valor da corrente de base, ou seja, certamente há
uma saturação forte no circuito.
No circuito analisado, uma tensão de entrada de 0V produz uma saída de 5V e uma
tensão de entrada de 5V, uma saída de 0V. Em circuitos digitais este circuito é chamado
de porta inversora e tem a representação abaixo:
Exemplo 3-3 Recalcule os resistores RB e RC no circuito da Figura 3-4 para um IC=10mA.
SOL.: Cálculo de IB
Se IC =10mA ! IB (sat) = IC /β CC(SAT) = 10m /10 = 1,0mA
Cálculo de RC
ao considerar o transistor saturado, o VCE de saturação é próximo de zero.
RC = VCC / IC = 5 /10mA = 500Ω
Cálculo de RB
RB = VE - VBE / IB = 5 - 0.7 / 1mA = 4k3Ω
3.3
O TRANSISTOR COMO FONTE DE CORRENTE
A Figura 3-5 mostra um transistor como fonte de corrente. Ele tem um resistor de emissor
RE entre o emissor e o ponto comum. A corrente de emissor circula por esse resistor
produzindo uma queda de tensão de IE RE.
Figura 3-5
A soma das tensões da malha de entrada da é:
VBE + IE RE - VS = 0
logo, IE
IE =
VS − VBE
RE
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51
ELETRÔNICA
Como VBE, VS, e RE são aproximadamente constantes, a corrente no emissor é constante.
Independe de β CC, RC ou da corrente de base.
3.4
O TRANSISTOR COMO AMPLIFICADOR
CIRCUITOS DE POLARIZAÇÃO EM EMISSOR COMUM
Fontes de alimentação e resistores
polarizam um transistor, isto é, eles
estabelecem valores específicos de tensões
e
correntes
nos
seus
terminais,
determinando, portanto, um ponto de
operação no modo ativo (o ponto de
operação).
A Figura 3-6 mostra o circuito de
polarização por
base já estudado
anteriormente, a principal desvantagem
dele é a sua susceptibilidade à variação do
β CC. Em circuitos digitais, com o uso de
β CC(SAT), isto não é problema. Mas em
circuitos que trabalham na região ativa, o
ponto de operação varia sensivelmente com
o β CC. Pois: IC = β CC ∗ IB .
Figura 3-6
POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO
O circuito mais usado em amplificadores é chamado de
polarização por divisor de tensão. A Figura 3-7 mostra o circuito.
A principal evolução do circuito em relação ao polarização por
base é de fixar uma tensão na base, via os resistores R1 e R2. O
valor de I deve ser bem maior que IB para a corrente IB não
influenciar na tensão sob R2. Como regra prática, considerar a
corrente I 20 vezes maior que IB.
Para a análise da tensão em VR2, observar que R1 e R2 formam
um divisor de tensão. Supondo I>> IB:
VR 2 =
R2
VCC
R1 + R 2
Eq. 3- 4
Figura 3-7
* a tensão VR2 não depende de β CC
Com o valor de VR2 é simples o cálculo de IE. Deve-se olhar a malha de entrada:
VR 2 = VBE + VE
Eq. 3- 5
VR 2 − VBE
RE
Eq. 3- 6
como VE = IE RE
IE =
Análise da malha de saída:
VCC = R C I C + VCE + R E I E
considerando IE = IC
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52
ELETRÔNICA
VCC = I C (R C + R E ) + VCE
IC =
Eq. 3- 7
VCC − VCE
R C + RE
Eq. 3- 8
Notar que β CC não aparece na fórmula para a corrente de coletor. Isto quer dizer que o
circuito é imune a variações em β CC, o que implica um ponto de operação estável. Por
isso a polarização por divisor de tensão é amplamente utilizada.
Exemplo 3-4 Encontre o VB, VE, VCE e IE para o circuito da Figura 3-8.
SOL.: Cálculo de VR2 a partir da Eq. 3-4
VB = VR 2 =
1K
30 = 3,85V
6K8 + 1K
Cálculo de IE a partir da Eq. 3-6
IE =
3,85 − 0,7
= 4,2mA
750
cálculo de VE
VE = IE RE = 4,2m*750= 3,15V
cálculo de VCE a partir da Eq. 3-7
VCE = 30- 4,2m*(3k+750)=14,3V
REGRAS DE PROJETO
Sempre ao polarizar um transistor, deseja-se manter o ponto Q de
operação fixo independente de outros parâmetros externos. ou seja,
espera-se um divisor de tensão estabilizado. Para minimizar o efeito
do β CC, considerar:
R 2 ≤ 0,01β CC R E
Eq. 3- 9
onde o valor de β CC é o do pior caso, ou seja, o menor β CC que o
transistor pode ter.
O defeito desta regra, é o fato de um baixo R2 influenciar
negativamente na impedância de entrada. Então como opção podese considerar
R 2 ≤ 0,1β CC R E
Eq. 3- 10
assim R2 será maior, mas com possibilidade de degradação na
Figura 3-8
estabilidade do ponto Q. Quando se segue a regra da Eq. 3-10
designa-se o circuito de polarização por divisor tensão firme e quando se segue a regra
da Eq. 3-9 é polarização por divisor de tensão estabilizado.
Na escolha do ponto de operação da curva IC x VCE, deve-se dar preferência a um ponto
central, isto é, VCE =0,5 VCC ou IC =0,5 IC(SAT). De forma que o sinal possa excursionar ao
máximo tanto com o aumento de IB quanto com a diminuição.
Por último, aplicar a regra de VE ser um decimo de VCC.
VE = 0,1 VCC
Exemplo 3-5 Polarizar um transistor por divisão de tensão firme. Dados:
Eq. 3- 11
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ELETRÔNICA
53
VCC= 10V, IC= 10mA e β CC= 100
SOL.: Cálculo de RE aplicando a regra da Eq. 3-11
VE= 0,1*10=1V
I E= IC
RE= VE/ IE = 100Ω
cálculo de RC a partir da Eq. 3-8 e VCE= 0,5 VCC
RC =
10 − 5
− 100 = 400Ω
10m
cálculo de R2 a partir da Eq. 3-10
R 2 ≤ 0,1 * 100 * 100 = 1000
R2 = 1000Ω
cálculo de R1 Eq. 3-4
VR 2 =
R2
1000
* 10
VCC = 1,0 + 0,7 =
1000 + R 1
R1 + R 2
R1 = 4888=4k7Ω
3.5
EXERCÍCIOS
Ex. 3-1) No circuito da figura abaixo, encontre as tensões VE e VCE de cada estágio.
Ex. 3-2) Projete um circuito de polarização por divisor de tensão com as seguintes
especificações: VCC = 20V, IC = 5mA, 80< β CC < 400.
Considere VE = 0,1 VCC e VCE = VCC /2
Ex. 3-3) O transistor da figura abaixo tem um β CC =80.
• Qual a tensão entre o coletor e o terra?
• Desenhe a linha de carga.
• Para β CC = 125, calcule a tensão na base, a tensão no emissor e a tensão de
coletor.
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54
ELETRÔNICA
Ex. 3-4) Qual a tensão do emissor e do coletor (os dois em relação ao terra) para cada
estágio do circuito abaixo, sendo VCC = 10V.
Ex. 3-5) No exercício anterior, suponha VCC = 20V e calcule de cada estágio: VB, VE, VC e
IC .
Ex. 3-6) Ainda em relação ao exercício 4. Considere VCC =20V.
Indique o que ocorre com a tensão do coletor Q1 (aumenta, diminui, não altera) se:
• 1k8 aberto
• coletor emissor do Q1 em curto
• 240 aberto
• 240 em curto
• 300 em curto
• 1k aberto
• 910 aberto
Indique o que ocorre com a tensão do coletor Q1 (aumenta, diminui, não altera) se:
1k aberto
180 aberto
620 aberto
coletor emissor de Q3 em curto
150 aberto
1k em curto
180 em curto
620 em curto
coletor emissor de Q3 aberto
150 em curto
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ELETRÔNICA
4
AMPLIFICADORES DE SINAL
4.1
AMPLIFICADORES DE SINAL EMISSOR COMUM
55
No capítulo anterior foi estudado a polarização dos transistores. Neste capítulo considerase os transistores devidamente polarizados com seus pontos de operação próximos a
meio da reta de carga para uma máxima excursão do sinal de entrada sem distorção.
Ao injetar um pequeno sinal ca à base do transistor, ele se somara a tensões cc de
polarização e induzirá flutuações na corrente de coletor de mesma forma e freqüência.
Ele será chamado de amplificador linear
(ou de alta-fidelidade - Hi-Fi) se não
mudar a forma do sinal na saída. Desde
que a amplitude do sinal de entrada seja
pequena, o transistor usará somente
uma pequena parte da reta de carga e a
operação será linear. Por outro lado se o
sinal de entrada for muito grande, as
flutuações ao longo da reta de carga
levarão o transistor à saturação e ao
corte
Um circuito amplificador é mostrado na
Figura 4-2. A polarização é por divisor de
Figura 4-1
tensão. A entrada do sinal é acoplada à
base do transistor via o capacitor C1 e a
saída do sinal é acoplada à carga RL através do capacitor C2. O capacitor funciona como
uma chave aberta para corrente cc e como chave fechada para a corrente alternada. Esta
ação permite obter um sinal ca de uma estágio para outro sem perturbar a polarização cc
de cada estágio.
Figura 4-2
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56
ELETRÔNICA
CAPACITOR DE ACOPLAMENTO
O capacitor de acoplamento faz a passagem de um
sinal ca de um ponto a outro, sem perda
significativa do sinal. Por exemplo na Figura 4-3 a
tensão ca no ponto A é transmitida ao ponto B.
Para não haver atenuação apreciável do sinal, a
capacitância reativa XC, comparada com a
resistência em série (RTH e RL ), precisa ser bem
menor.
Quanto menor a reatância capacitiva, melhor será
o acoplamento, naturalmente não é possível uma
reatância nula. Se a reatância for no máximo 10%
da resistência total tem-se um acoplamento
estabilizado. A fórmula da reatância capacitiva é:
XC =
1
2πfC
Figura 4-3
Eq. 4- 1
Na Eq. 4-1, há duas incógnitas, a freqüência e a capacitância. Num amplificador existe
um faixa de freqüências de operação, a escolha deve recair para o pior caso, ou seja, a
menor freqüência do sinal.
A resistência total (R) é a soma de RL e RTH. Para um acoplamento estabilizado
X C ≤ 0,1R . então a capacitância será:
C≥
1
0,2πf MENOR R
Eq. 4- 2
Exemplo 4-1 Suponha o projeto de um estágio com transistor na faixa de áudio, 20 Hz a
20kHz. O sinal de entrada entra no estágio via capacitor de acoplamento. Qual o valor
mínimo para o capacitor se ele perceber uma resistência total de 10 kΩ?
SOL.: Cálculo do XC ! X C ≤ 0,1R =0,1*1000=100
A escolha da freqüência recai sobre a de menor valor f=20Hz.
C≥
1
= 79,9µF ! A capacitância deve ser igual ou maior que 79,9µF
0,2 * π * 20 * 1000
CAPACITOR DE DESVIO
Um capacitor de desvio é semelhante a um capacitor
de acoplamento, exceto que ele acopla um ponto
qualquer a um ponto aterrado, como mostra a Figura 44. O capacitor funciona idealmente como um curto para
um sinal ca. O ponto A está em curto com o terra no
que se refere ao sinal ca. O ponto A designado de terra
ca. Um capacitor de desvio não perturba a tensão cc no
ponto A porque ele fica aberto para corrente cc.
O capacitor C3 da Figura 4-2 é um exemplo de
capacitor de desvio. A sua função no circuito é a de
aterrar o emissor para sinais ca e não interferir na
polarização cc.
Figura 4-4
A menos que se diga o contrário, todos os capacitores de acoplamento e desvio são
considerados estabilizados e segue a regra XC <= 0,1R.
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ELETRÔNICA
57
TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO PARA AMPLIFICADORES
Num amplificador transistorizado, a fonte cc estabelece correntes e tensões quiescentes.
A fonte ca produz então, flutuações nessas correntes e tensões. O jeito mais simples de
análise do circuito é dividindo a análise em duas partes: uma análise cc e uma análise ca.
Em outras palavras, aplica-se o teorema da superposição.
O teorema da superposição diz que se pode calcular os efeitos produzidos no diversos
pontos de um circuito para cada fonte de alimentação funcionando sozinha. O efeito total
será a soma de cada efeito individual.
CIRCUITOS EQUIVALENTES CA E CC.
O circuito da Figura 4-2 tem duas fontes de alimentação (VCC e VS). Cria-se o circuito
devido a fonte cc denominado equivalente cc. E depois o circuito devido a fonte ca
denominado equivalente ca.
EQUIVALENTE CC
Análise do circuito considerando a fonte VCC e desprezando a fonte VS. Somente
correntes cc atuam neste caso e, portanto, os capacitores são desprezados. Seqüência:
• Reduzir a fonte ca a zero (considerar a fonte VS em curto).
• Abrir todos os capacitores.
A Figura 4-5 mostra o circuito equivalente cc.
Figura 4-5
EQUIVALENTE CA
Análise do circuito considerando a fonte VS e desprezando a fonte VCC. Somente
correntes ca atuam neste caso e, portanto, os capacitores são considerados em curto.
Seqüência:
• Reduzir a fonte cc a zero (considerar a fonte VCC em curto).
• Todos os capacitores em curto.
A Figura 4-6 mostra o circuito equivalente ca.
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ELETRÔNICA
58
Figura 4-6
A corrente total em qualquer ramo é a soma das correntes cc e ca. Igualmente a tensão
total em qualquer ponto é soma das tensões cc e ca.
NOTAÇÃO
A partir daqui, é conveniente distinguir os sinais contínuos dos alternados. Para isto as
variáveis com suas letras e índices passam a ter a seguinte convenção:
letra e índices maiúsculos para as quantidades cc.! IC, VE, VCC.
Letras e índices minúsculos para as quantidades ca.! ic, ve, vs.
Sinal negativo para indicar tensões ou correntes senoidais 180° fora de fase. Figura 4-7
Figura 4-7
RESISTÊNCIA CA DO DIODO EMISSOR
Ao polarizar corretamente o transistor, o modelo Ebers-Moll é uma alternativa boa e
simples de representação do transistor. Até agora, o VBE foi aproximado para 0,7V. O
modelo continua válido para pequenos sinais alternados, com uma alteração no diodo
emissor.
A Figura 4-8 mostra a curva do diodo relacionando IE e VBE. Na ausência de um sinal ca o
transistor funciona no ponto Q, geralmente localizado no meio da linha de carga cc.
Quando um sinal ca aciona o transistor, entretanto, a corrente e a tensão do emissor
variam. Se o sinal for pequeno, o ponto de funcionamento oscilará senoidalmente de Q a
pico positivo de corrente em A e, a seguir, para um pico negativo em B, e de volta para Q,
onde o ciclo se repete.
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ELETRÔNICA
59
Figura 4-8
Um sinal é considerado pequeno quando a oscilação de pico a pico na corrente do
emissor (ie) for menor do que 10% do valor da corrente quiescente do emissor (IE ).
Se o sinal for pequeno, os picos A e B serão próximos de Q, e o funcionamento é
aproximadamente linear. O arco A e B é quase uma linha reta. Logo, o diodo emissor
para pequenos sinais ca se apresenta como uma resistência, chamada de resistência ca
do emissor e pela lei de Ohm:
re' =
∆VBE
∆I E
Eq. 4- 3
onde:
r’e = resistência ca do emissor
∆VBE pequena variação na tensão de base-emissor
∆IE variação correspondente na corrente do emissor.
∆VBE e ∆IE, na verdade são, respectivamente, uma tensão e uma corrente alternada.
Rescrevendo:
re' =
v be
ie
Eq. 4- 4
vbe = tensão ca através dos terminais da base-emissor
ie = corrente ca através do emissor.
A Figura 4-9 mostra o modelo ca Ebers-Moll. Neste modelo, o diodo base-emissor é
substituído pela resistência ca do emissor.
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60
ELETRÔNICA
Figura 4-9
Uma outra maneira de se conseguir o valore de r’e é através da seguinte fórmula:
re′ =
25mV
IE
Eq. 4- 5
Obs.: r’e depende só de IE de polarização.
βCA - GANHO DE CORRENTE ALTERNADA
A Figura 4-10 mostra a curva IC x IB. β CC é a razão entre a corrente de coletor e a corrente
de base. Como o gráfico não é linear, β CC depende do valor do ponto Q. O ganho de
corrente ca (chamado de β ca ou simplesmente β) é a relação entre a variação da corrente
de coletor e a variação da corrente de base para pequenos sinais em torno do ponto Q.
β=
∆I C i c
=
∆I B i b
Eq. 4- 6
Graficamente β é a inclinação da curva no ponto Q. Ele pode assumir diversos valores
dependendo da posição Q.
4.2
AMPLIFICADOR COM EMISSOR ATERRADO
A Figura 4-11mostra um circuito com um capacitor de desvio ligado ao emissor. O
capacitor aterra o emissor em termos de ca. A fonte vs injeta uma pequena onda senoidal
à base do transistor através do capacitor de acoplamento. Esta onda faz variar a tensão
de vbe e pela curva da Figura 4-8 induz uma variação no ie. Como a corrente de coletor é
praticamente igual a corrente de emissor, há uma queda de tensão proporcional no RC.
Sendo mais preciso, um pequeno aumento na tensão vs, aumenta a tensão de baseemissor, que por sua vez aumenta a corrente ie, como ic é igual a ic, há uma queda de
tensão nos terminais do RC o que culmina com uma queda de tensão de vce. Em suma
uma variação positiva de vs produz uma variação negativa em vce, isto significa que os
sinais de entrada e saída estão defasados de 180º. Veja a Figura 4-12.
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ELETRÔNICA
Figura 4-10
Figura 4-11
61
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ELETRÔNICA
62
Figura 4-12
GANHO D E TENSÃO
O ganho de tensão é :
AV =
v saída
v entrada
Eq. 4- 7
Figura 4-13
A Figura 4-13 mostra o circuito equivalente ca para amplificador da Figura 4-11, o resistor
do coletor RC e R1 tem um dos lados aterrado, porque a fonte de tensão VCC aparece
como um curto em ca. Por causa do circuito paralelo na entrada, a tensão vs aparece
diretamente sobre diodo emissor. Na Figura 4-14 o mesmo circuito ao considerar o
modelo Ebers-Moll.
A tensão de entrada aparece com uma polaridade mais - menos para indicar o semiciclo
positivo. A lei de Ohm aplicada em r’e:
ie =
vs
re'
Eq. 4- 8
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63
ELETRÔNICA
Figura 4-14
na Figura 4-14, a malha do lado direito tem dois resistores em paralelo RC e RL. O resistor
equivalente é:
rC = RL // RC
na malha do lado direito a tensão de saída é a tensão sobre o resistor equivalente rC.
v saída = −i c rC
Eq. 4- 9
então o ganho
AV =
v saída
−i r
= c 'C
v entrada
i e re
Eq. 4- 10
como a corrente do coletor é aproximadamente igual a corrente do emissor
AV = −
4.3
rC
re'
Eq. 4- 11
REALIMENTAÇÃO
Quando uma parte do sinal de saída de um circuito é aplicado de volta á entrada do
mesmo, dizemos que houve uma realimentação no circuito. Quando o sinal aplicado
novamente à entrada do circuito possui a mesma fase que o sinal existente na entrada,
este processo é designado como realimentação positiva. Por outro lado, se o sinal
reaplicado na entrada tiver fase oposta ao sinal já existente na entrada, o nome dado é
realimentação negativa.
A realimentação negativa é mais aplicada nos amplificadores e, a realimentação positiva,
na maioria dos circuitos osciladores.
A realimentação negativa em amplificadores tem como desvantagem a diminuição do
ganho, dado que ela subtrai parcialmente a tensão de entrada. A sua grande vantagem é
estabilização do circuito. O próximo item analisa um circuito com realimentação negativa,
observando a questão do ganho e da estabilidade.
4.4
AMPLIFICADOR COM REALIMENTAÇÃO PARCIAL
No amplificador de emissor comum a tensão de saída é inversamente proporcional a r’e.
E o valor de r’e depende do ponto de operação. Isto é um problema para a tensão de
saída, pois, ela se torna susceptível as variações de temperatura e troca de transistor.
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64
ELETRÔNICA
Naturalmente nos amplificadores com controle de volume (tensão de entrada), o
problema é contornável.
Mas nem todos o amplificadores tem este controle. Uma opção para estabilizar o ganho
de tensão é deixar uma certa resistência de emissor sem ser desviada. Esse resistor não
desviado recebe o nome de resistor de realimentação porque ele produz uma
realimentação negativa. Veja Figura 4-15.
Figura 4-15
v s = v be + v R E1
r’e
A corrente ca do emissor deve circular através do
resistor RE1 antes de passar pelo capacitor de desvio
e pelo ponto de aterramento. Sem o resistor de
realimentação o diodo emissor recebe toda a tensão
ca de entrada (como mostrado na Eq. 4-8). No
entanto com a inclusão do RE1, a tensão ca aparece
no diodo e no RE1. Ou seja:
ou
v be = v s − v R E1
Quando a tensão de entrada aumenta, a tensão no
emissor aumenta. Isso implica que a tensão de
realimentação está em fase com a tensão ca de
entrada. Como resultado, a tensão ca no diodo
emissor é menor que antes. A realimentação é
negativa porque a tensão de realimentação diminui a
tensão ca no diodo emissor e portanto a corrente ie.
Figura 4-16
Na Figura 4-16 está o equivalente ca do amplificador com realimentação parcial.
a equação da corrente de emissor é:
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65
ELETRÔNICA
ie =
vs
r + R E1
'
e
a tensão de saída é o mesmo que da Eq. 4-9:
v saída = −i c rC
considerando ic=ie
AV =
v saída
−i r
r
= c 'C = − ' C
v entrada
i e re
re + R E1
Eq. 4- 12
Em geral o valor de RE1 é bem maior que o de r’e e o ganho de tensão passa a não ser
influenciado pelas variações de r’e. Em contrapartida, quanto maior o RE1 menor será o
ganho de tensão. Em suma, existe um compromisso entre a estabilidade do ganho de
tensão e o valor do ganho.
IMPEDÂNCIA DE ENTRADA
No circuito da Figura 4-15 a tensão de entrada é aplicada diretamente na base do
transistor. No entanto, na maioria das aplicações a fonte vs tem uma resistência em série
como mostrado na Figura 4-17.
Figura 4-17
Para uma análise mais detalhada do
comportamento ca, deve-se primeiro criar o
equivalente ca como mostrado na Figura 4-18.
No circuito equivalente, pode-se ver um divisor
de tensão do lado da entrada do transistor. Isso
significa que a tensão ca na base será menor
que a tensão vs.
O divisor de tensão é formado pelo resistor RS e
os resistores R1 //R2. Mas como na base do
transistor entra uma corrente ib, ela deve ser
considerada. A resistência ca vista da base é
conhecida como impedância de entrada da
base. Abaixo de 100kHz basta considerar os
Figura 4-18
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66
ELETRÔNICA
elementos puramente resistivos.
A impedância de entrada da base é a razão entre a tensão aplicada na base (vb) e a
corrente ib.
z base =
vb
ib
Eq. 4- 13
Para descobrir a impedância da base é melhor aplicar o modelo de Ebers-Moll no circuito
da Figura 4-18.
Figura 4-19
através do circuito é possível saber o valor vb em função de r’e.
vb=ier’e
e a partir da Eq. 4-13:
z base =
v b i e re' i bβ re'
=
=
= β re'
ib
ib
ib
Eq. 4- 14
a impedância de entrada do estágio (zent) é a resultante do paralelo de R1, R2 e zbase.
z ent = R 1 // R 2 // z base = R 1 // R 2 // β re'
Eq. 4- 15
A tensão ca na base é o divisor de tensão RS com a impedância de entrada do estágio
vb =
z ent
vs
R S + z ent
Eq. 4- 16
No amplificador com realimentação parcial, aplica-se a mesma regra, a única diferença é
a impedância de entrada da base. Ela será:
z base = β(re' + R E1 )
Eq. 4- 17
ESTÁGIOS EM CASCATA
Para obter um maior ganho de tensão na saída de um amplificador, é usual conectar dois
ou mais estágios em série, como mostra a Figura 4-20. Este circuito é chamado de
estágios em cascata, porque conecta a saída do primeiro transistor à base do seguinte.
Abaixo uma seqüência de valores a serem calculados para análise de um amplificador de
dois estágios:
1. a impedância de entrada do 2° estágio.
2. A resistência ca do coletor do 1° estágio.
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67
ELETRÔNICA
3. O ganho de tensão do 1º estágio.
4. A tensão de entrada do 1° estágio
5. O ganho de tensão de 2° estágio.
6. O ganho de tensão total.
Figura 4-20
A polarização cc é analisada individualmente, os
capacitores de acoplamento isolam os dois estágios
entre si e também da entrada vs e saída RL (o
resistor de carga pode, por exemplo, estar
representando um terceiro estágio).
Os dois estágios são idênticos para polarização cc.
VB= 1,8V VE= 1,1V IE= 1,1mA VC= 6,04V
’
com o valor de IE, tem-se r e :
’
r e = 25mV/ IE= 22,7Ω
ANÁLISE DO PRIMEIRO ESTÁGIO
O equivalente ca é mostrado na Figura 4-21:
O segundo estágio age como uma resistência de
carga sobre o primeiro. O valor desta carga é a
impedância de entrada do segundo estágio zentb.
Supondo β = 100:
Figura 4-21
z entb = R 1A // R 2 A // β re' = 10k // 2k 2 // 100 * 22,7 = 1kΩ
na Figura 4-21, RC está em paralelo com zentb:
rc=RC//zentb=3,6k//1k=783Ω
o ganho de saída do primeiro estágio é
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ELETRÔNICA
68
AV=-783/22,7=-34,5
O primeiro e segundo estágios tem a mesma impedância de entrada
vb =
1k
* 1m = 0,625mVpp
1k + 600
logo a tensão ca de saída do primeiro estágio é
vc=-34,5*o,625=-21,6mVpp
ANÁLISE DO SEGUNDO ESTÁGIO
O equivalente ca para o segundo estágio é mostrado na Figura 4-22:
Figura 4-22
Por causa do capacitor de acoplamento entre os dois estágios, a tensão ca na base do
segundo é igual a -21,6mVpp. O segundo estágio tem um ganho de tensão de
AV=-2,65k/22,7=-117
por fim, a tensão de saída é
vsaída=-117*-21,6=2,53Vpp.
GANHO DE TENSÃO TOTAL
O ganho de tensão total é a razão entre a tensão de saída do segundo estágio pela
tensão de entrada:
AVT = vsaída 2° est. /ventrada 1° est. =2,53/0,625m=4048
ou seja, o ganho de tensão total é
AVT= AV1AV2
4.5
Eq. 4- 18
AMPLIFICADOR BASE COMUM
A Figura 4-23 mostra um amplificador em base comum (BC), a base é ligada ao
referencial comum (terra). O ponto Q é dado pela polarização do emissor. Portanto a
corrente cc do emissor é dada por
IE =
VEE − VBE
RE
Eq. 4- 19
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69
ELETRÔNICA
O sinal de entrada aciona o emissor e a tensão de saída é tomada do coletor. A
impedância de entrada de um amplificador BC é aproximadamente igual a
z ent ≅ re'
Eq. 4- 20
v saída = i c R C
Eq. 4- 21
a tensão de saída é
Ela está em fase com a entrada. Como a tensão de entrada é igual a
v ent = i e re'
O ganho de tensão é
AV =
icR C
i e re'
Eq. 4- 22
O ganho de tensão é o mesmo que do amplificador emissor comum sem realimentação
parcial, apenas a fase é diferente.
Idealmente a fonte de corrente tem uma impedância infinita, e então, a impedância de
saída de um amplificador BC é
z saída = R C
Eq. 4- 23
Uma das razões para o não uso do amplificador BC quanto o EC é sua baixa impedância
de entrada. A fonte ca que aciona o amplificador BC vê como impedância de entrada
z entrada = re'
Eq. 4- 24
que pode ter um valor bem baixo, em função de IE.
Figura 4-23
A impedância de entrada de um amplificador BC é tão baixa que ela sobrecarrega quase
todas as fontes de sinais. Por isso, um amplificador BC discreto não é muito utilizado em
baixas freqüências. Seu uso é viável principalmente para freqüências acima de 10MHz,
onde as fontes de baixa impedância são comuns.
Exemplo 4-2 Qual a tensão de saída ca da Figura 4-24. RE=20kΩ e RC=10kΩ.
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ELETRÔNICA
70
Figura 4-24
SOL.: A corrente cc no emissor
IE =
10 − 0,7
= 0,465mA
20k
e a resistência ca do emissor é de
r’e = 25m/0,465m=53,8Ω
a impedância de entrada ZENT=53,8Ω
o ganho de tensão levando a carga em consideração é
AV =
10K // 5,1K
= 62,8
53,8
A tensão de entrada no emissor é
v ent =
53,8
1m = 0,518mV
50 + 53,8
portanto a tensão na saída é
v saída = A V v ent = 62,8 * 0,518m = 32,5mV
4.6
AMPLIFICADOR COLETOR COMUM
Ao se conectar uma resistência de carga em um amplificador EC, o ganho de tensão
diminuí. Quanto menor a resistência de carga, maior a queda do ganho. Esse problema é
chamado de sobrecarga. Uma forma de evitar a sobrecarga é usar um amplificador cc
(coletor comum), também conhecido como seguidor de emissor. O seguidor de emissor é
colocado entre a saída do amplificador EC e a resistência de carga.
A Figura 4-25 mostra um seguidor de emissor. Como o coletor está no terra para ca, ele é
um amplificador coletor comum (CC). O gerador de sinal está acoplado à base do
transistor por meio de um capacitor de acoplamento.
primeiramente a análise cc para descobrir o valor da corrente de coletor
a malha externa é
VCC = VCE + I E R E
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ELETRÔNICA
71
Figura 4-25
isolando a corrente de emissor
IE =
VCC − VCE
RE
Eq. 4- 25
a Figura 4-26 mostra o circuito ca para o seguidor de emissor
Figura 4-26
o ganho de tensão é dado por
AV =
vsaída
i e rE
r
=
= E '
'
v ent
i e (rE + re ) rE + re
Eq. 4- 26
geralmente rE>> r’e. Então
AV ≅ 1
o uso da Eq. 4-26 ou da Eq. 4-27 depende da precisão desejada no circuito.
IMPEDÂNCIA DE ENTRADA
Eq. 4- 27
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ELETRÔNICA
72
como visto antes, a base se comporta como uma resistência equivalente de
z ent ( base ) =
vb
ib
Eq. 4- 28
do equivalente ca a corrente de emissor ca é
ie =
vb
re + re'
a resistência rE é o equivalente do paralelo RE com RL.
Isolando vb
(
v b = i e re + re'
)
Eq. 4- 29
inserindo a Eq. 4-29 na Eq. 4-28
z ent ( base ) =
i e (re + re' )
ib
a razão entre a corrente de coletor e a de base é aproximadamente igual β
z ent ( base ) = β(rE + re' )
Eq. 4- 30
a impedância de entrada do amplificador é o paralelo de R1, R2 e impedância de entrada
da base
z ent = R 1 // R 2 // β(rE + re' )
como β(r’e +rE)>>R1, R2 então::
z ent = R 1 // R 2
Eq. 4- 31
com base na Eq. 4-27 a tensão de emissor segue a tensão na base, sem amplificar. Ou
seja a tensão de saída é igual a de entrada.
A vantagem de montagem é o fato de ter uma alta impedância de entrada se comparada
com emissor comum.
TRANSISTOR DARLINGTON
Figura 4-27
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ELETRÔNICA
73
Um caso especial de amplificador coletor comum é a conexão Darlington. Ela consiste na
ligação em cascata de dois seguidores de emissor, como mostra a Figura 4-27. A
corrente da base do segundo transistor vem do emissor do primeiro transistor. Portanto, o
ganho de corrente entre a primeira base e o segundo emissor é
β =β1 β2
Eq. 4- 32
A principal vantagem da conexão Darlington é a alta impedância de entrada olhando para
a base do primeiro transistor. E é
zent(base)= β RE
Eq. 4- 33
Os fabricantes podem colocar dois transistores montados em coletor comum em um
mesmo encapsulamento. Esse dispositivo de três terminais como mostrado no lado
direito da Figura 4-27 é conhecido como transistor Darlington, opera com como um único
transistor com um β CC entre 1.000 e 20.000. ele pode ser tratado como um transistor
comum exceto pelo valor de β e também pelo valor de VBE que passa a ser a soma dos
dois VBE’s. Ou seja, aproximadamente igual a 1,4V.
4.7
EXERCÍCIOS
Ex. 4-1) A fonte ca da figura abaixo pode ter uma freqüência entre 100Hz e 200Hz. Para
ter um acoplamento estabilizado ao longo desta faixa, que valor deve ter o capacitor de
acoplamento?
Ex. 4-2) Na figura 2, desejamos um capacitor de acoplamento estabilizado para todas as
freqüências entre 500Hz e 1MHz. Que valor ele deve ter?
Ex. 4-3) Desenhe o circuito cc equivalente para o amplificador da figura abaixo. Rotule as
três correntes com a notação cc padronizada. A seguir, desenhe o circuito ca equivalente.
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ELETRÔNICA
74
Ex. 4-4) Desenhe os circuitos cc e ca equivalente para a figura 4.
Ex. 4-5) Calcule o valor de r´e para cada uma destas correntes cc do emissor: 0,01mA,
0,05mA, 0,1mA, 0,5mA, 1mA e 10mA.
Ex. 4-6) Qual o valor de r´e no amplificador do exercício 4-4?
Ex. 4-7) E no circuito abaixo?
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ELETRÔNICA
75
Ex. 4-8) Se vent = 1mV na figura 6, qual o valor de vsaída ?
Ex. 4-9) Os resistores do exercício anterior, tem uma tolerância de 5%. Qual o ganho
mínimo de tensão? Qual o ganho máximo de tensão?
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5
ELETRÔNICA
76
AMPLIFICADORES DE POTÊNCIA
São usados quando se deseja amplificar sinais de grande amplitude, tanto de tensão
como de corrente. Assim os amplificadores de potência são amplificadores que trabalham
com grandes sinais e o regime de operação destes é severo em relação aos
amplificadores de pequenos sinais.
Os amplificadores de potência de um modo geral, podem ser divididos em quatro classes:
• Classe A
• Classe B
• Classe AB
• Classe C
As classes dos amplificadores de potência estão relacionadas diretamente com o ponto
quiescente ou ponto de operação dos transistores de saída dos amplificadores. Portanto,
as classes estão relacionadas também com o ângulo de condução (θ) dos transistores de
saída, quando estes estiverem funcionando em regime dinâmico.
A Figura 5-1 tem um gráfico que relaciona a corrente de coletor, com sua tensão baseemissor. Ele mostra as formas de onda dos quatro tipos básicos de amplificadores de
potência, classes A, B, AB e C, e seus pontos quiescentes.
No amplificador de potência classe C o transistor de saída é polarizado num ponto de
operação abaixo da região de corte do transistor, isto é, com VBEQ <0. Isto significa que o
sinal VBE aplicado a base do transistor, tem que vencer a tensão VBEQ para iniciar a sua
condução. Portanto, a corrente de coletor circula somente durante um intervalo menor
que 180°. Em geral, os amplificadores classe C são utilizados em circuitos de RF.
5.1
CLASSE A
No amplificador de potência classe A, a polarização do transistor de saída é feita de tal
forma que a corrente de coletor circula durante todo o ciclo do sinal de entrada VBE. Isto
resulta num ângulo de condução de θ=360° para transistor de saída. O ponto de
operação do transistor de saída está localizado no centro da região ativa e neste caso a
polarização do transistor de saída é semelhante à polarização de transistores de baixo
sinal.
POTÊNCIA DE SAÍDA
A Figura 5-2 mostra um exemplo de amplificador de potência classe A. É um emissor
comum já comentado antes.
Colégio Técnico de Campinas
ELETRÔNICA
77
Figura 5-1
Figura 5-2
A resistência de carga RL, pode ser um alto-falante, um motor, etc. O resistor RC do
coletor, por outro lado, é um resistor comum que faz parte da polarização por divisão de
tensão. O interesse é na potência transferida à resistência de carga, porque ela realiza
Colégio Técnico de Campinas
78
ELETRÔNICA
um trabalho útil. Gera ondas acústicas, gira o motor, etc. Em contra partida, qualquer
potência no resistor RC, é uma potência perdida e é transformada em calor.
Então quando se fala em potência de saída, é uma referência a potência útil da carga.
Ela é dada por
PL=VLIL ou PL =
onde
VL2
RL
VL = tensão rms na carga
IL = corrente rms na carga
A potência máxima na carga ocorre quando o amplificador está produzindo a tensão máxima de
pico a pico na saída sem ceifamento do sinal. Nesse caso, a potência na carga é
PL =
(MPP )2
8R L
MPP é o valor (máximo de pico a pico) da tensão ca sem ceifamento. No denominador tem o
número 8 resultante da conversão de rms para pico a pico.
POTÊNCIA CC DISSIPADA NO AMPLIFICADOR
Quando o amplificador está sem sinal na entrada, a dissipação de potência no transistor é igual a:
PD=VCEQICQ
Há também a potência dissipada no resistores R1 e R2
P1 = I1VCC
2
VCC
VCC )
(
VCC =
=
R1 + R 2
R1 + R 2
Então a potência cc total no amplificador é
PS=P1+PD
ou
PS=ISVCC
onde Is (corrente de dreno), é a soma da corrente no divisor de tensão e corrente no coletor
EFICIÊNCIA
É a razão entre à potência ca na carga e a potência da alimentação cc multiplicada por 100%
η=
PL
100%
PS
Quanto maior a eficiência do amplificador, melhor. Os amplificadores classe A tem uma baixa
eficiência, tipicamente em torno de 25% (teoricamente). Isso ocorre por causa de perdas de
potência nos resistores de polarização, de coletor, de emissor e transistor.
5.2
CLASSE B
Geralmente os amplificadores de potência classe B e classe AB utilizam dois transistores
de potência num montagem denominada push-pull. A configuração push-pull significa que
quando um dos transistores está conduzindo, o outro está em corte e vice-versa.
No amplificador classe B, cada um dos transistores de saída é polarizado num ponto de
operação situado na região de corte do transistor, isto é, VBEQ =0. Desta maneira, a
Colégio Técnico de Campinas
ELETRÔNICA
79
corrente de coletor de cada transistor, circula durante um ângulo de condução de θ=180°,
ou seja, a cada semiciclo do sinal de entrada VBE.
A Figura 5-3 mostra uma forma de conectar um seguidor de emissor push-pull classe B.
Foi conectado um seguidor de emissor npn e um seguidor de emissor pnp. O projetista
escolhe os resistores de polarização para situar o ponto de operação no corte. Isso
polariza o diodo emissor de cada transistor entre 0,6V e 0,7V. Idealmente,
ICQ=0
como os resistores de polarização são iguais, cada diodo emissor é polarizado com a
mesma tensão. Como resultado, metade da tensão de alimentação sofre uma queda
entre os terminais coletor e emissor de cada transistor. Isto é,
VCEQ =
VCC
2
Figura 5-3
RETA DE CARGA CC
como não há resistência cc no circuito do coletor ou do emissor da Figura 5-3, a corrente
de saturação é infinita, ou seja, a reta é vertical, (Figura 5-4). É muito difícil encontrar um
ponto de operação estável na região de corte num amplificador push-pull. Qualquer
diminuição significativa de VBE com a temperatura pode deslocar o ponto de operação
para cima da reta de carga cc a valores muito altos de correntes.
RETA DE CARGA CA
A Figura 5-4 mostra a reta de carga ca. Quando um dos transistores está conduzindo,
seu ponto de operação move-se para cima ao longo da reta de carga ca. O ponto do
outro transistor permanece no corte. A oscilação de tensão do transistor em condução
pode seguir todo o percurso desde o corte à saturação. No semiciclo oposto, o outro
transistor faz a mesma coisa. Isso significa que a tensão de pico a pico máxima (MPP)
não ceifada do sinal de saída é igual a VCC. Isto é o dobro de tensão que de um
amplificador classe A sob mesma tensão de alimentação. Em termos de eficiência η
máxima teórica será de 78,5%.
Colégio Técnico de Campinas
ELETRÔNICA
80
Figura 5-4
A Figura 5-5 mostra o equivalente ca do transistor em condução. Isso é praticamente
idêntico ao seguidor de emissor classe A. O ganho de tensão com carga é
AV =
RL
R L + re'
A impedância de entrada da base com carga é
z ent ( base ) = β(R L + re' )
Figura 5-5
5.3
CLASSE AB
Os amplificadores de potência AB também utilizam dois transistores de potência numa
configuração push-pull.
A diferença para a classe B, é que cada um dos transistores de saída é polarizado num
ponto de operação situado um pouco acima da região de corte do transistor, (VBEQ>0).
Isto significa que cada um dos transistores está conduzindo um pequena corrente de
base e, consequentemente, uma corrente de coletor proporcional a ela. A corrente de
coletor de cada transistor, circula durante um ângulo de condução de θ>180°, porém,
menor que 360°. A eficiência teórica fica entre 50% e 78,5%. A grande vantagem é a
eliminação da distorção por crossover.
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6
ELETRÔNICA
81
OSCILADOR DE BAIXA FREQÜÊNCIA
A Figura 6-1 mostra o diagrama de blocos básico de um circuito oscilador.
Figura 6-1
A saída do amplificador de ganho A, realimenta a entrada do próprio amplificador, por
meio do circuito de realimentação que possui um ganho B, também chamado de rede de
realimentação. Esta forma, o sinal realimentado VR é somado, ou seja, aplicado em fase
com o sinal de entrada VE. Este sinal VE não é um sinal externo, mas um sinal qualquer
de referência, que existe na entrada do amplificador. Portanto, com a aplicação do sinal
realimentador VR na entrada do amplificador, este torna-se instável e começa a oscilar.
O circuito de realimentação deve, portanto, defasar ou não o sinal de amostragem VA, de
tal modo que o sinal VR fornecido à entrada esteja sempre em fase com o sinal de
referência VE. A defasagem a ser feita no sinal VA depende da defasagem imposta pelo
amplificador e, portanto, do sinal de saída VS.
Por exemplo, se um amplificador possuir uma montagem emissor comum, então o sinal
de saída VS estará defasado de 180° em relação ao sinal de entrada V E e o circuito de
realimentação deverá, neste caso, provocar uma defasagem de 180°, para que o sinal V R
fique novamente em fase com o sinal VE. Se a montagem do amplificador for em base
comum VS estará em fase com VE e, nesse caso, o circuito ou rede de realimentação não
deverá provocar defasagem e assim, o sinal VR já estará em fase com o sinal VE.
Um outro critério muito importante para que haja oscilação é que o ganho total do
oscilador, dado por A+B (A- ganho do amplificador, B- ganho da rede de realimentação),
deve ser maior que um.
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6.1
ELETRÔNICA
82
OSCILADOR POR DESLOCAMENTO DE FASE
a Figura 6-2 mostra o circuito de um oscilador por deslocamento de fase. Ele é utilizado
para gerar sinais na faixa de freqüências de áudio.
Figura 6-2
O amplificador está na montagem emissor comum e portanto, sua tensão de saída VS
está defasada de 180° em relação a tensão de entrada V E. O sinal de saída é aplicado no
circuito de realimentação, formado com resistores R e R3 e os capacitores C, que provoca
uma defasagem adicional de 180°, de modo que uma parcela do sinal de saída é
novamente aplicada na entrada, mas em fase com o sinal de entrada VE.
Ao ligar o circuito será provocado uma instabilidade na base do transistor Q1. Isto é o
suficiente para o circuito iniciar a sua oscilação, pois o transistor Q1 amplifica e
posteriormente reamplifica o sinal presente em sua base.
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7
83
ELETRÔNICA
TRANSISTORES ESPECIAIS
Até agora foi estudado os transistores bipolares, se baseiam em dois tipos de cargas:
lacunas e elétrons, e são utilizados amplamente em circuitos lineares. No entanto existem
aplicações nos quais os transistores unipolares com a sua alta impedância de entrada
são uma alternativa melhor. Este tipo de transistor depende de um só tipo de carga, daí o
nome unipolar. Há dois tipos básicos: os transistores de efeito de campo de junção (JFET
- Junction Field Effect transistor) e os transistores de efeito de campo de óxido metálico
(MOSFET).
7.1
JFET
Na Figura 7-1, é mostrada a estrutura e símbolo de um transistor de efeito de campo de
junção ou simplesmente JFET.
Figura 7-1
a condução se dá pela passagem de portadores de carga da fonte (S - Source) para o
dreno (D), através do canal entre os elementos da porta (G - Gate).
O transistor pode ser um dispositivo com canal n (condução por elétrons) ou com canal p
(condução por lacunas). Tudo que for dito sobre o dispositivo com canal n se aplica ao
com canal p com sinais opostos de tensão e corrente.
POLARIZAÇÃO DE UM JFET
A Figura 7-2 mostra a polarização convencional
de um JFET com canal n. Uma alimentação
positiva VDD é ligada entre o dreno e a fonte,
estabelecendo um fluxo de corrente através do
canal. Esta corrente também depende da largura
do canal.
Uma ligação negativa VGG é ligada entre a porta e
a fonte. Com isto a porta fica com uma
polarização reversa, circulando apenas uma
corrente de fuga e, portanto, uma alta impedância
entre a porta e a fonte. A polarização reversa cria
camadas de depleção em volta da regiões p e
Figura 7-2
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ELETRÔNICA
84
isto estreita o canal condutor (D-S). Quanto mais negativa a tensão VGG, mais estreito
torna-se o canal.
Para um dado VGG , as camadas de depleção tocam-se e o canal condutor (D-S)
desaparece. Neste caso, a corrente de dreno está cortada. A tensão VGG que produz o
corte é simbolizada por VGS(Off) .
CURVA CARACTERÍSTICA DE DRENO
Para um valor constante de VGS, o JFET age como um dispositivo resistivo linear (na
região ôhmica) até atingir a condição de pinçamento ou estrangulamento. Acima da
condição de estrangulamento e antes da ruptura por avalanche, a corrente de dreno
permanece aproximadamente constante.
Os índices IDSS referem-se a corrente do dreno para a fonte com a porta em curto
(VGS=0V). IDSS é a corrente de dreno máxima que um JFET pode produzir.
Na Figura 7-3, é mostrado um exemplo de curva para um JFET. Quando o JFET está
saturado (na região ôhmica), VDS situa-se entre 0 e 4V, dependendo da reta de carga. A
tensão de saturação mais alta (4V) é igual à intensidade da tensão de corte da portafonte (VGS(Off) = -4V). Esta é uma propriedade inerente a todos os JFET’s.
Para polarizar um transistor JFET é necessário saber a função do estágio, isto é, se o
mesmo irá trabalhar como amplificador ou como resistor controlado por tensão. Como
amplificador, a região de trabalho é o trecho da curva, na Figura 7-3, após a condição de
pinçamento e à esquerda da região de tensão VDS de ruptura. Se for como resistor
controlado por tensão a região de trabalho é entre VDS igual a zero e antes de atingir a
condição de pinçamento.
Figura 7-3
CURVA DE TRANSCONDUTÂNCIA
A curva de transcondutância de um JFET é um gráfico da corrente de saída versus a
tensão de entrada, ID em função de VGS. A sua equação é :
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85
ELETRÔNICA
VGS
I D = I DSS 1 −
VGS( off )
2
Eq. 7- 1
Figura 7-4
AUTOPOLARIZAÇÃO
a polarização de um transistor JFET se faz de maneira semelhante à polarização de
transistor bipolar comum. Em outras palavras, usa-se o transistor JFET como se fosse
um transistor bipolar.
Para um JFET funcionar corretamente devemos lembrar que, primeiramente, o mesmo
deve estar reversamente polarizado entre porta e fonte. Na Figura 7-5 vemos um JFET
polarizado, ou seja, com resistores ligados ao terminais para limitar tensões e correntes
convenientemente, como visto na polarização de transistores bipolares.
Figura 7-5
Esse é o tipo de polarização mais comum e se chama autopolarização por derivação de
corrente, pois o VGS aparece devido à corrente de dreno sobre RS, o que resulta em VRS.
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ELETRÔNICA
86
Essa tensão, distribui-se entre RG e a junção reversa, que, como tal, possui uma alta
resistência. Assim aparecem VRG e VGS que somadas perfazem VRS.
VRG = VRS + VGS
Eq. 7- 2
o diodo porta-fonte está reversamente polarizado e a corrente IG é uma pequena corrente
de fuga aproximadamente igual a zero.
VRG = I G R G ≅ 0
Eq. 7- 3
VRS = −VGS = R S I S
Eq. 7- 4
unindo as Eq. 7-2 e Eq. 7-3
A corrente de fonte é a soma da corrente de dreno e de porta. Naturalmente a corrente
de dreno é muito maior que a de porta. Então:
I D ≅ IS
Eq. 7- 5
Análise da malha do lado direito do circuito:
VDD = I D (R D + R S ) + VDS
Eq. 7- 6
RETA DE AUTOPOLARIZAÇÃO
Para a polarização do JFET, uma alternativa é o uso da curva de transcondutância para
encontrar o ponto Q de operação. Seja a curva da Figura 7-4 a base para encontrar o
ponto Q. A corrente de dreno máxima é de 13,5mA, e a tensão de corte da porta-fonte é
de -4V. Isso significa que a tensão da porta tem de estar entre 0 e -4V. Para descobrir
este valor, pode-se fazer o gráfico da Figura 7-4 e ver onde ela intercepta a curva de
transcondutância.
Exemplo 7-1 Se o resistor da fonte de um circuito de autopolarização for de 300Ω. Qual o
ponto Q. Usar o gráfico da Figura 7-4.
SOL.: A equação de VGS é
VGS = -ID *300
para traçar a reta basta considerar ID = 0 e ID = IDSS. Para ID nulo, VGS=0 e para o outro
valor de ID, VGS= 13,5m*300=-4V. Aplicando na curva, o ponto Q é :
VGS= -1,5V e ID =5mA
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ELETRÔNICA
87
SELEÇÃO DO RS
O ponto Q varia conforme o valor de RS. O ideal é escolher um RS em que o ponto Q
fique no na região central, como o do Exemplo 7-1 .
O método mais simples para escolher um valor para RS é
RS =
VGS( off )
I DSS
Eq. 7- 7
Este valor de RS não produz um ponto Q exatamente no centro da curva, mas é aceitável
para a maioria dos circuitos.
TRANSCONDUTÂNCIA
Grandeza designada por gm e é dada por:
gm =
i
∆I D
= d
∆VGS v gs
Eq. 7- 8
i d = g m v gs
Eq. 7- 9
gm é a inclinação da curva de transcondutância (Figura 7-4) para cada pequena variação
de VGS. Ou em outras palavras, é uma medida de como a tensão de entrada controla
efetivamente a corrente de saída. A unidade é o mho, (razão entre a corrente e a tensão 1/Ohm). O equivalente formal é o Siemens.
A Figura 7-6 mostra o circuito equivalente ca simples para um JFET válida para baixas
freqüências. Há uma resistência RGS muito alta entre a porta e a fonte. Esse valor está na
faixa de centenas de MΩ. O dreno do JFET funciona como uma fonte de corrente com
um valor de gm VGS.
Figura 7-6
A Eq. 7-10 mostra como obter VGS(Off) a partir da corrente máxima de dreno e da
transcondutância para VGS= 0V (gmo ).
v gs ( off ) = −
2I DSS
g mo
Eq. 7- 10
abaixo o valor de gm para um dado VGS.
v gs
g m = g mo 1 −
v gs ( off )
TRANSCONDUTÂNCIA DE UM TRANSISTOR BIPOLAR
Eq. 7- 11
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88
ELETRÔNICA
O conceito de transcondutância pode ser usado em transistores bipolares. Ela é definida
como para os JFET’s. Com base na Eq. 7-8:
gm =
i
∆I C
= c
∆VBE v be
como r’e = vbe/ie
gm =
1
re'
Eq. 7- 12
esta relação ajuda no momento de comparar circuitos bipolares com JFET’s.
AMPLIFICADOR FONTE COMUM
A Figura 7-7 mostra um amplificador fonte comum. Ele é similar a um amplificador
emissor comum. As regras aplicadas para a análise são as mesmas
Figura 7-7
Na Figura 7-8 o equivalente ca para a análise do ganho.
Figura 7-8
o resistor de carga está em paralelo com a resistência de dreno. Simplificando:
rd = R D // R L
Quando a corrente de saída gm vent flui através de rd ela produz uma tensão de saída
v saída = − rd g m v ent
dividindo ambos os lados por vent
Eq. 7- 13
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ELETRÔNICA
89
v
v saída
= − rd g m ent
v ent
v ent
finalmente o ganho de tensão ca para fonte comum
A V = −g m rd
Eq. 7- 14
notar a semelhança com a do amplificador em emissor comum
AV = −
1
rc
∴ g m = ' ⇒ A V = −g m rc
'
re
re
AMPLIFICADOR COM REALIMENTAÇÃO PARCIAL
Na Figura 7-9 tem um amplificador com realimentação parcial
Figura 7-9
o ganho por analogia com o transistor bipolar, considerando r’e = 1/ gm, é:
Av = −
rd
g r
=− m d
rs1 + 1 / g m
1 + g m rs1
AMPLIFICADOR SEGUIDOR DE FONTE
A Figura 7-10 mostra um seguidor de fonte
Figura 7-10
Eq. 7- 15
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ELETRÔNICA
90
Novamente por analogia:
Av =
7.2
rs
g r
= ms
rs + 1 / g m 1 + g m rs
Eq. 7- 16
MOSFET
O FET de óxido de semicondutor e metal , MOSFET, tem uma fonte, uma porta e um
dreno. A diferença básica para o JFET é porta isolada eletricamente do canal. Por isso, a
corrente de porta é extremamente pequena, para qualquer tensão positiva ou negativa.
MOSFET DE MODO DEPLEÇÃO
A Figura 7-11 mostra um MOSFET de modo depleção canal n e o seu símbolo. O
substrato em geral é conectado a fonte (pelo fabricante), Em algumas aplicações usa-se
o substrato para controlar também a corrente de dreno. Neste caso o encapsulamento
tem quatro terminais.
Os elétrons livres podem fluir da fonte para o dreno através do material n. A região p é
chamada de substrato, e ela cria um estreitamento para a passagem dos elétrons livres
da fonte ao dreno.
Figura 7-11
A fina camada de dióxido de silício (SiO2), que é um isolante, impede a passagem de
corrente da porta para o material n.
Figura 7-12
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ELETRÔNICA
91
A Figura 7-12 mostra o MOSFET de modo depleção com uma tensão de porta negativa.
A tensão VDD força os elétrons livres a fluir através do material n. Como no JFET a tensão
de porta controla a largura do canal. Quanto mais negativa a tensão, menor a corrente de
dreno. Até um momento que a camada de depleção fecha o canal e impede fluxo dos
elétrons livres. Com VGS negativo o funcionamento é similar ao JFET.
Como a porta está isolada eletricamente do canal, pode-se aplicar uma tensão positiva
na porta (inversão de polaridade bateria VGG do circuito da Figura 7-12). A tensão positiva
na porta aumenta o número de elétrons livres que fluem através do canal. Quanto maior a
tensão, maior a corrente de dreno. Isto é que a diferencia de um JFET.
MOSFET DE MODO CRESCIMENTO OU INTENSIFICAÇÃO
O MOSFET de modo crescimento ou intensificação é uma evolução do MOSFET de
modo depleção e de uso generalizado na industria eletrônica em especial nos circuitos
digitais.
Figura 7-13
A Figura 7-13 mostra um MOSFET de canal n do tipo crescimento e o seu símbolo. O
substrato estende-se por todo caminho até o dióxido de silício. Não existe mais um canal
n ligando a fonte e o dreno.
Quando a tensão da porta é zero, a alimentação VDD força a ida dos elétrons livres da
fonte para o dreno, mas substrato p tem apenas uns poucos elétrons livres produzidos
termicamente. Assim, quando a tensão da porta é zero, o MOSFET fica no estado
desligado (Off). Isto é totalmente diferente dos dispositivos JFET e MOSFET de modo
depleção.
Quando a porta é positiva, ela atrai elétrons livres na região p. Os elétrons livres
recombinam-se com as lacunas na região próxima ao dióxido de silício. Quando a tensão
é suficientemente positiva, todas as lacunas encostadas a dióxido de silício são
preenchidas e elétrons livres começam a fluir da fonte para o dreno. O efeito é o mesmo
que a criação de uma fina camada de material tipo n próximo ao dióxido de silício. Essa
camada é chamada de camada de inversão tipo n. Quando ela existe o dispositivo,
normalmente aberto, de repente conduz e os elétrons livres fluem facilmente da fonte
para o dreno.
O VGS mínimo que cria a camada de inversão tipo n é chamado tensão de limiar,
simbolizado por VGS(th). Quando VGS é menor que VGS(th), a corrente de dreno é zero. Mas
quando VGS é maior VGS(th), uma camada de inversão tipo n conecta a fonte ao dreno e a
corrente de dreno é alta. VGS(th) pode variar de menos de 1V até mais de 5V dependendo
do MOSFET.
A Figura 7-14 mostra as curvas ID x VDS e ID x VGS do MOSFET de modo intensificação e
reta de carga típica. No gráfico ID x VDS, a curva mais baixa é para VGS(th). Quando VGS
maior que VGS(th), a corrente de dreno é controlada pela tensão da porta. Neste estágio o
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ELETRÔNICA
MOSFET pode trabalhar tanto quanto um resistor (região ôhmica) quanto uma fonte de
corrente. A curva ID x VGS, é a curva de transcondutância e é uma curva quadrática. O
início da parábola está em VGS(th). Ela é
I D = k (VGS − VGS( th ) ) 2
Eq. 7- 17
onde k é uma constante que depende do MOSFET em particular.
O fabricante fornece os valores de ID(On) e VGS(On). Então rescrevendo a fórmula:
I D = KI D ( on )
Eq. 7- 18
onde
VGS − VGS( th )
K =
VGS( ON ) − VGS( th )
2
Eq. 7- 19
Figura 7-14
TENSÃO PORTA-FONTE MÁXIMA
Os MOSFET têm uma fina camada de dióxido de silício, um isolante que impede a
circulação de corrente de porta tanto para tensões positivas como negativas. Essa
camada isolante é mantida tão fina quanto possível para dar a porta um melhor controle
sobre a corrente de dreno. Como a camada é muito fina, é fácil destruí-la com uma
tensão porta fonte excessiva. Além da aplicação direta de tensão excessiva entre a porta
fonte, pode-se destruir a camada isolante devido a transientes de tensão causados por
retirada/colocação do componente com o sistema ligado. O simples ato de tocar um
MOSFET pode depositar cargas estáticas suficiente que exceda a especificação de VGS
máximo. Alguns MOSFET são protegidos por diodos zener internos em paralelo com a
porta e a fonte. Mas eles tem como inconveniente, diminuir a impedância de entrada.
7.3
FOTOTRANSISTOR E ACOPLADOR ÓPTICO
FOTOTRANSISTOR
Os fototransistores são constituídos basicamente de duas junções, havendo uma janela
que permite a incidência de a luz sobre a junção base-emissor, aumentando a
condutividade deste diodo emissor, com o conseqüente aumento da corrente de coletor.
Na Figura 7-15, um exemplo de curva IC x VCE.
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ELETRÔNICA
93
Figura 7-15
Sempre que houver luz incidindo sobre a base, haverá uma corrente de base e, portanto,
o transistor deixa ser aberto. Abaixo, a representação de um fototransistor:
Um fotodiodo é uma alternativa ao fototransistor. A diferença é que a luz
incidindo no fotodiodo gera a corrente que atravessa o diodo, enquanto no
fototransistor, esta mesma luz produz uma corrente de base e por sua vez uma
corrente de coletor que é β vezes maior que no fotodiodo. A maior
sensibilidade do fototransistor traz como desvantagem uma redução na velocidade de
chaveamento.
ACOPLADOR ÓPTICO
A Figura 7-16 mostra um acoplador óptico. Consiste de um LED próximo a um
fototransistor, ambos encapsulados em um mesmo invólucro. Ele é muito mais sensível
que um LED e fotodiodo devido ao ganho β. O funcionamento é simples, qualquer
variação em VS produz uma variação na corrente do LED, que faz variar a emissão de luz
e, portanto, a corrente no fototransistor. Isso por sua vez, produz uma variação na tensão
dos terminais coletor-emissor. Em suma, um sinal de tensão é acoplado do circuito de
entrada para o circuito de saída.
Figura 7-16
A grande vantagem de um acoplador óptico é o isolamento elétrico entre os circuitos de
entrada e de saída. Não existe nenhuma relação entre os terras de entrada e saída.
7.4
EXERCÍCIOS
Ex. 7-1) No circuito da Figura abaixo, calcule ID , RS e RD .
VDD=20V, VDS=8V e VGS=-1,2V.
Dados: RD+RS=12kΩ,
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ELETRÔNICA
Ex. 7-2) Dados: VDD = +12V, VGSQ=-0,5V (tensão de operação de VGS) e ID = 8mA (para
VDS= 0V). Calcule RD , RS e RG (suponha IG=5µA), para o circuito de autopolarização.
Utilize o método da reta de carga e a curva a seguir.
ID(mA)
8m
VGS =0V
4m
-0,5V
2m
-1V
-1,5V
-2,0V
2 4 6 8 10 12 14 16
VDS (V)
Ex. 7-3) No circuito da figura abaixo calcule AV e ZENT . Dados: gm=3000µmho, RG=2M2Ω,
RS=1kΩ, RD=4k7Ω e VDD=18V.
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ELETRÔNICA
95
Ex. 7-4) No circuito seguidor de fonte, com RG = 1MΩ e RS= 3kΩ, calcule o ganho de
tensão, sabendo que: VDD=+9V, VGSQ = -4V, IDQ =1,6mA, IDSS = 16mA e VGS(OFF)= -5V.
Ex. 7-5) Um 2N5457 tem IDSS=5mA e gmo=5.000µmho. Qual ID para VGS=-1v? Qual o
valor de gm para essa corrente de dreno?
Ex. 7-6) Se gm=3.000!mho na figura 3. Qual a tensão c.a. de saída? Dados: vent=2mV,
Rent=100kΩ, RG=10MΩ, RS=270Ω, RD=1kΩ, RL=10kΩ e VDD =+15V
Ex. 7-7) O amplificador JFET da figura abaixo, tem VGS(OFF)= -4V e IDSS =12mA. Nesse
caso qual a tensão c.a. de saída? Dados: vent=2mV, Rent = 100kΩ, RG = 10MΩ, RS=
270Ω, RD = 1kΩ, RL=10kΩ e VDD = +15V.
Ex. 7-8) Se o seguidor de fonte da figura abaixo tem gm = 2.000µmho, qual a tensão c.a.
de saída? Dados: vent=5mV, Rent =100kΩ, RG=10MΩ, RS=3900Ω, RL=1kΩ e VDD=+15V.
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ELETRÔNICA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
" CATHEY, Jimmie J. Dispositivos e circuitos eletrônicos, 1ª ed. São Paulo,
Makron Books, 1994. (coleção Schaum)
" HONDA, Renato. 850 exercícios de eletrônica, 3ª ed. São Paulo, Érica, 1991.
" MALVINO, Albert Paul. Eletrônica Vol. I, 4ª ed. São Paulo, Makron Books,
1997.
" MELLO, Hilton Andrade de; INTRATOR, Edmond. Dispositivos semicondutores,
3ª ed. Rio de Janeiro, Livros técnicos e Científicos, 1978.
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