Metodologias de Estudo nas Representações Sociais
Baltazar Fernandes
Copyright © 2012 Baltazar Fernandes
All rights reserved.
ISBN:
ISBN-13: 978-1508952251
À Lúzia e ao Márcio companheiros certos das minhas incertezas.
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
SUMÁRIO
1.
ANÁLISE TEXTUAL ................................................................................................................................ 6
1.1
2.
ANÁLISE SOBRE CORPUS TEXTUAIS ............................................................................................ 7
RECOLHA DE DADOS EM REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .......................................................................... 8
2.1
OS QUESTIONARIOS .................................................................................................................... 8
2.2
CONTEÚDOS DE SUPORTE .......................................................................................................... 9
2.3
A ENTREVISTA ........................................................................................................................... 10
2.4
OS CONCEITOS ESTATÍSTICOS ASSOCIADOS ............................................................................. 10
2.5
CLASSIFICAÇÃO HIERÁRQUICA DESCENDENTE ......................................................................... 11
2.6
ANÁLISE FACTORIAL DE CORRESPONDÊNCIAS ......................................................................... 12
3.
O PROCESSO DE CATEGORIZAÇÃO .................................................................................................... 20
4.
TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ............................................................................................ 25
4.1.
VALOR HEURÍSTICO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ............................................................... 27
4.2.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO TRABALHO E DAS ORGANIZAÇÕES .......................................... 27
4.3.
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE ................................................................................... 31
4.4.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO E CONHECIMENTO POPULAR .................................................... 31
4.5.
A REALIDADE REPRESENTADA ................................................................................................. 32
4.6.
HISTÓRIA E CONCEITO DE REPRESENTAÇÃO SOCIAL ................................................................ 33
4.7.
CLARIFICAÇÃO DO CONCEITO ................................................................................................... 34
4.8.
VARIEDADE E RIQUEZA DO CONCEITO ..................................................................................... 36
4.9.
FORMAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ........................................................................... 37
4.9.1.
A Objetivação ................................................................................................................... 39
4.9.2.
A Ancoragem .................................................................................................................... 41
4.9.3.
Ancoragem e Grupos Sociais ............................................................................................ 43
4.10.
ESTRUTURA E DINÂMICA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ....................................................... 44
4.11.
ORGANIZAÇÃO INTERNA: SISTEMA CENTRAL E SISTEMA PERIFÉRICO ..................................... 45
4.12.
as funções das representações sociais ..................................................................................... 47
4.12.1.
As Funções do Núcleo Central ......................................................................................... 48
4.12.2.
As Funções dos Elementos Periféricos ............................................................................. 49
4.13.
A NOÇÃO DE MODELO NA TEORIA DO NÚCLEO CENTRAL ....................................................... 50
I
Baltazar Fernandes
5.
A MUDANÇA ORGANIZACIONAL E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .........................................................53
5.1 TRANSFORMAÇÃO PROGRESSIVA ......................................................................................................54
5.2 A Transformação Resistente ..............................................................................................................55
5.3 Transformação Brutal ........................................................................................................................56
5.4 Representações Sociais no Campo das Profissões .............................................................................56
6.
SOFTWARES PARA ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ............................................................60
6.1 PROGRAMA ALCESTE .......................................................................................................................60
6.2 PROGRAMA IRAMUTEQ ...................................................................................................................61
6.3 IBM TEXT ANALYSIS FOR SURVEYS ...................................................................................................62
6.4 O PROGRAMA T – LAB ......................................................................................................................63
6.5 O PROGRAMA DISCAN ......................................................................................................................63
6.6 PROGRAMA EVOC 2000 ...................................................................................................................64
6.7 PROSPÉRO ........................................................................................................................................65
7.
USO DO SOFTWARE IRAMUTEQ.........................................................................................................68
7.1 NOTA PRÉVIA ....................................................................................................................................68
7.2. INSTALAÇÃO DO SOFTWARE ...........................................................................................................68
7.2.1 Apresentação do Iramuteq............................................................................................................68
7.3 ANÁLISE DE TEXTOS ..........................................................................................................................69
7.3.1 Formato para introdução dos dados .............................................................................................69
7.3.2 As Regras de Formatação ............................................................................................................69
7.3.3 Abertura e indexação de um “corpus” de texto .............................................................................72
7.3.4 Indexação ...................................................................................................................................72
7.3.5 Separador “Geral” ........................................................................................................................72
7.3.5.1 Separador Nettoyage ................................................................................................................74
7.4 Tratamento comum das análises (opção lematização) ....................................................................76
7.4.1 Lematização ...................................................................................................................................76
7.4.2 Chaves de Análise ..........................................................................................................................77
7.5 As diferentes análises textuais .........................................................................................................77
7.5.1 Resultados da análise das estatísticas textuais .............................................................................77
7.5.1.1 Parâmetros da análise das estatísticas textuais .........................................................................78
II
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
7.5.1.2 Resultados da Análise da estatística textual .............................................................................. 78
7.5.1.2.1 Separador Global .................................................................................................................. 79
7.5.1.2.2. Separador formas ativas ....................................................................................................... 79
7.5.1.2.3 Separador Formas suplementares .......................................................................................... 79
7.5.1.2.4 Separador Total .................................................................................................................... 79
7.5.1.2.5 Separador Hapax................................................................................................................... 79
7.5.1.2.6. Opções suplementares da análise estatística textuais [Options Supplémentaires de l'analyse
statistiques textuelles] .......................................................................................................................... 79
7.5.1.2.6.1 Sobre Cada Forma .............................................................................................................. 79
7.5.1.2.6.2 Sobre a análise .................................................................................................................... 80
7.5.1.3 Ficheiros Associados ............................................................................................................... 80
7.5.2. Especificidades e AFC ............................................................................................................... 81
7.5.2.1 Parâmetros da análise específicidades e AFC ............................................................................ 81
7.5.2.2 Resultados Especificidades e AFC ........................................................................................... 82
7.5.2.2.1 Análise complementar das Específicidades e AFC ................................................................. 82
7.5.2.3 Ficheiros Associados ............................................................................................................... 83
7.5.3 Classificação pelo Método de Reinert [Classification Méthode Reinert] ....................................... 84
7.5.3.1 Parâmetros da análise de classificação pelo método de Reinert [Paramétrages de l’analyse
Classification Méthode Reinert] .......................................................................................................... 85
7.5.3.2 Resultados da Classificação do Método de Reinert [Résultats de la Classification Méthode
Reinert] .............................................................................................................................................. 86
7.5.3.2.1 Separador CHD [L’onglet CHD] ........................................................................................... 86
7.5.3.2.2 Separador Perfis [Onglet Profils] ........................................................................................... 87
7.5.3.2.3 Separador AFC para o Método Reinert [Onglet AFC de la Méthode Reinert] ........................ 89
7.5.3.2.4 Opções Suplementares de Classificação do Método Reinert [Options supplémentaires de la
Classification Méthode Reinert] .......................................................................................................... 89
7.5.3.2.4.1 As Opções disponíveis por cada classe [Les options disponibles pour chaque classe] .......... 89
7.5.3.2.4.2 As opções disponíveis por classificação [Les options disponibles pour la classification] ...... 91
7.5.3.3 Ficheiros produzidos por Classificação [Fichiers en sortie pour la classification] ...................... 93
7.5.4 Análise de semelhança [Analyses de similitude] ........................................................................... 94
III
Baltazar Fernandes
7.5.4.1 Parâmetros da análise de semelhança sobre os textos [Paramétrages de l’Analyse de Similitude
sur textes] ............................................................................................................................................95
7.5.4.2 Résultats de l’analyse de similitude [Resultados da Análise de Semelhança] ...............................99
7.5.4.3 Ficheiros associados [Fichiers en sortie] ...................................................................................99
7.5.5 Nuvem de palavras [Nuage de mots] ........................................................................................ 100
7.5.5.1 Parâmetros da análise Nuvem de Palavras [Paramétrage de l’analyse Nuage de mots]............. 100
7.5.5.2 Resultados da análise da nuvem de palavras [Résultats de l'analyse nuage de mots] ................. 100
7.6 Reedição dos gráficos nas análises textuais [Réédition des graphiques dans les analyses textuelles]101
7.6.1 Menu de reedição dos dendrogramas [Menu de réédition des dendrogrammes] ........................ 101
7.6.2 Menu de reedição das AFC [Menu de réédition des AFC] ........................................................ 103
8.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 106
IV
INTRODUÇÃO
O
presente livro nasce de uma necessidade sentida da inexistência de
materiais de apoio ao estudo das representações sociais, escritos em
português, o que aconteceu, de forma particular, em dois momentos distintos do
percurso académico que fizemos: uma dissertação de Mestrado sobre a
Representação Social do Enfermeiro, no Instituto Superior das Ciências do
Trabalho e da Empresa em 2004 e uma Tese de Doutoramento concluída em 2014,
na Universidade do Minho, cuja investigação também gravitou em torno da Teoria
das Representações Sociais (TRS).
A (TRS) propõe-nos um amplo território de investigação, com particular enfoque
nos domínios da Sociologia e da Psicologia Social e assentam de forma generalizada
em dois momentos distintos: a recolha do conteúdo das representações sociais e a
posteror análise do mesmo.
Deste modo, procuramos, desde logo, no primeiro ponto, deixar ao leitor os
elementos essências para a construção de um corpus textual. Entretanto, elencamos
um conjunto de metodologias, que nos podem servir de guia, ou suporte, para a
recolha de dados em representações sociais, procurando em cada uma delas
evidenciar as suas potencialidades e fraquezas. Seguidamente e ainda no ponto
primeiro desta obra, abordamos também os conceitos estatísticos, frequentemente
associados à pesquisa das representações sociais, com um enfoque particular a
teoria dos grafos.
No terceiro ponto, abordamos o processo de categorização, salientando a forma
como este processo nos permite simplificar e contextualizar o meio ambiente que
nos rodeia e os elementos que o compõem, descriminando-os e categorizando-os.
Baltazar Fernandes
1. ANÁLISE TEXTUAL
A análise textual é uma vertente específica de análise, que hoje se suporta nas novas
tecnologias e nos softwares vocacionados para este efeito, no sentido de consolidar
as melhores análises da informação no mais curto espaço de tempo, no sentido de
se ultrapassarem as exigências e contingências em contextos de investigação
académica e também fora dela, tanto na vertente qualitativa como quantitativa.
A análise textual introduz-nos no corpus textual que se configura num conjunto de
textos selecionados através de um ou mais critérios de homogeneidade, ou seja, que
tem algo em comum entre eles. Os critérios de seleção dos textos são múltiplos e
variados e dependem diretamente do objetivo do investigador.
[...] a corpus is a collection of texts assumed to be representative of a given language, dialect, or
other subset of a language to be used for linguistic analysis (Francis, 1982: 17).
O Corpus e a noção de conjunto de textos:
Nem todo o agrupamento de textos enforma um corpus textual, dado que estes
conjuntos de textos devem incorporar um conjunto de características como
seguidamente se evidenciam.
Propriedades de pesquisa: o corpus não se deve definir apenas como um conjunto
de textos aleatórios mas antes textos que devem respeitar três ipos de condições:
pertinência, razoabilidade e análise;
Condições de significância: Um corpus é constituído de acordo com um
determinado estudo e a sua pertinência, como seja um objeto particular, uma dada
realidade que nos interessa sobre determinado ângulo de vista num dado horizonte
temporal;
Condições de aceitabilidade: O corpus deve ser uma representação fiel do objeto
ou situação que queremos representada;
Condições de homogeneidade: os textos que compõem corpus devem ser
mensuráveis de modo que nos permita decompor a sua estrutura de acordo com
critérios de homogeneidade e agrupamentos [segmentação].
6
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
1.1 ANÁLISE SOBRE CORPUS TEXTUAIS
A análise textual focaliza-se em materiais transcritos de textos, entrevistas,
documentos, correio eletrónico etc. A partir destes documentos, é possível analisar
um material produzido por um dado autor, sujeito ou grupos, em determinados
contextos socioculturais.
Todavia, para que melhor se perceba esta análise é fundamental enquadrar os
seguintes conceitos: “corpus”, texto" e "segmento de texto"
Corpus é construído pelo pesquisador. É o conjunto texto que pretendemos
analisar, baseado num conjunto de caraterísticas comuns, que tanto pode emergir
de evocações livres, como de discursos produzidos através de determinados
estímulos, ou simplesmente da recolha de textos que enquadram determinada
temática, num dado horizonte
espaço temporal.
Textos são unidades do corpus,
cuja dimensão é de livre arbítrio do
investigador de acordo com a
natureza e pressupostos da
investigação que dirige mas que
deve
respeitar
determinadas
características de homogeneidade,
no sentido de se estruturarem em
unidades
classificativas.
Por
exemplo
um
conjunto
de
entrevistas, sob um determinado
tema específico, cada uma
representará um texto. A resposta
a uma questão aberta representará Figura 1: Decomposição do corpus textual
igualmente um texto, bem como
um texto de 30 linhas sobre
determinadas temáticas por exemplo da saúde.
Segmentos de Texto são excertos de texto, de tamanho mais reduzido que
corporizam um conceito mais concreto. A sua dimensão pode ser formatada pelo
próprio software em função do tamanho do corpus de acordo com o objetivo do
investigador e finalidade da pesquisa. Na primeira análise do texto o IRAMUTEQ
cria automaticamente estes segmentos.
7
Baltazar Fernandes
2. RECOLHA DE DADOS EM REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
O método de associações livres é uma técnica pra
detetar a estrutura, o conteúdo, os índices de
polaridade, de neutralidade e os estereótipos do
campo semântico ligados às representações sociais De
Rosa (2003:81).
A metodologia de investigação em representações sociais levanta, desde logo, duas
questões metodológicas: A recolha dos dados e a sua subsequente análise.
Deste modo, vamos nos três pontos seguintes, abordar as metodologias de recolha
dos dados. Não todas porque já representam alguma extensividade em contexto de
ciências sociais, mas aquelas que aqui usamos e outras que em nossa opinião terão
um futuro promissor neste contexto.
No que respeita ao recenseamento do conteúdo, à sua localização dos elementos e
à análise da estrutura interna, será feita em capítulo próprio, específica e
detalhadamente dedicado a esta questão tão particular.
2.1 OS QUESTIONARIOS
Atualmente o questionário em contextos de representações sociais é mais utilizado
do que as entrevistas. Enquanto a entrevista é uma metodologia fundamentalmente
qualitativa, o questionário permite-nos introduzir aspetos quantitativos
particularmente nas dimensões sociais que incorporam uma dada representação do
objeto em análise. A abordagem quantitativa permite-nos, por exemplo, identificar
a organização das respostas, evidenciar os fatores explicativos ou discriminantes de
uma população ou entre populações e, identificar e situar, as posições respetivas
dos grupos estudados por indexação aos eixos explicativos das categorias em causa.
Do ponto de vista atual no que se refere aos métodos de análises de dados
aplicados ao estudo das representações sociais, a abordagem por questionário
reforça e privilegia a sua posição. Uma outra vantagem distintiva do questionário é
8
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
a possibilidade de à partida podermos categorizar os dados, o que reduz os riscos
da amplitude de opções dos sujeitos entrevistados.
Mas o processo de categorização subsequente à aplicação deste instrumento de
pesquisa, determina também os limites e as reservas, que se podem formular com a
utilização de um questionário para o estudo das representações sociais. O
questionário pressupõe efetivamente uma escolha, ou uma seleção de determinados
temas depois de o investigador ter refletido, profundamente, sobre estes e o
contributo que deles espera para os objetivos do seu estudo.
Inversamente à entrevista, o questionário limita a expressão dos sujeitos a questões
muito delimitadas que lhe são propostas. Nas entrevistas o indivíduo pode ser
induzido a responder à questão mais irreal, ou inversamente pode surgir a resposta
menos esperada por nós (Bourdieu et al., 1986).
Todavia, as críticas à utilização do questionário persistem. Contudo, eles
demonstram menor dificuldade de formular e posteriormente tratar as questões
feitas. Uma das considerações propostas para dar maior nível de abertura ao
interrogado e para que se possa permitir a valorização da sua atividade e produção
cognitiva, é através da introdução de várias questões abertas, utilizando termos
indutores, como o recurso a uma palavra estímulo.
2.2 CONTEÚDOS DE SUPORTE
A preocupação dos pesquisadores que utilizam suportes gráficos para aceder ao
conteúdo das representações sociais são praticamente semelhantes às utilizadas
através de produções gráficas e textuais para aceder à estrutura das representações
dos sujeitos.
O objetivo desta metodologia é facilitar a expressão do motivo subjacente ao
objeto da representação, tentando ajustar o método de recolha às caraterísticas da
população. Esta metodologia é particularmente útil, em casos especiais de
abordagem a crianças, como foi o utilizado sobre a loucura (De Rosa 1987), ou
para acontecimentos marcantes como Tchernobyl (Gali e Nigro, 1989), mas
também quando determinados objetos fizeram parte da história dos sujeitos, como
no caso aqui presente com os logótipos utlizados na segunda amostragem, ou de
outros acontecimentos, onde se supõe que a expressão pode assumir contornos
não-verbais como demonstrado por Jodelet (1976) sobre a representação social de
Paris, onde a maior parte dos conceitos que os sujeitos utilizavam eram
essencialmente de ordem não-verbal, que eles apelidaram de “ideias especiais”
dificilmente traduzidas em termos de palavras. Então, neste caso particular os
9
Baltazar Fernandes
autores propuseram aos sujeitos que fizessem representações cartográficas da
cidade, que representasse a visão que cada um dos sujeitos tinha da mesma.
Esta metodologia pressupõe três etapas: a produção ou a reprodução de um
desenho, ou de uma série de desenhos (como no nosso caso), a análise das
expressões dos sujeitos sobre esse desenho, que pode ser escrita ou verbalizada e,
finalmente, uma análise quantificável, relativa ao objeto gráfico em análise,
habitualmente sob a expressão de sentimentos na dimensão positiva, negativa ou
neutra. A utilidade gráfica é também tida em conta para melhor ajudar a organizar a
estrutura da representação, numa fase em que o núcleo central está perfeitamente
delimitado.
2.3 A ENTREVISTA
Este tipo de abordagem é considerado como complemento ao questionário para
nos ajudar a perceber a organização interna das representações sociais. A entrevista,
mais precisamente a entrevista guiada, suporta e consolida a estrutura da
investigação tanto neste como noutro contexto. O estudo de Herzlich (1969), sobre
a saúde e doença mental constitui um exemplo bem conhecido.
Já Moscovici (1969), precisamente no prefácio da obra antes citada, havia referido a
importância e a pertinência da utilização da entrevista para o estudo das
representações, sublinhando as seguintes evidências:
A entrevista favorece o discurso dos sujeitos, caraterizado por múltiplos aspetos,
por vezes de análise difícil, porque favorece – conscientemente ou não – a
utilização de mecanismos psicológicos, cognitivos e sociais que, posteriormente são
de mais difícil categorização, implicando o recurso a metodologias de análise de
conteúdo, sempre com algum peso de enviesamento e subjetividade.
2.4 OS CONCEITOS ESTATÍSTICOS ASSOCIADOS
Quando falamos de análise de corpus textual e de representações sociais associamos
a ideia de um conjunto de metodologias e técnicas procedimentais que hoje em dia
muito são facilitadas pelo recurso às tecnologias da informação.
Regra geral este tipo de análise assentam em modelos matemáticos e estatísticos,
donde destacamos particularmente a teoria dos grafos e a análise de clusters.
Associados à teoria dos grafos, temos a análise de semelhança e o conceito de
árvore máxima e no que respeita a análise de clusters, conceitos que mais adiante
10
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
desenvolvemos.
Também existem outros modelos e testes estatísticos, como a análise fatorial de
correspondências, A análise factorial das componentes principais e o T
2.5 CLASSIFICAÇÃO HIERÁRQUICA DESCENDENTE
Reinert procurou através deste método a aproximação da estatística textual (Lebart
e Salem, 1994), Achard, (1993) mas demarcando-se fortemente da análise de
conteúdo e da abordagem linguística focalizando-se na essência da lexicografia
Reinert, (1987 – 1991)
Esta análise propõe uma classificação hierárquica descendente segundo três
parâmetros:
Classificação simples sobre o texto, aqui os textos mantém a sua integridade, a
classificação permite o reagrupamento dos textos mais próximos;
Classificação simples sobre o segmento do texto, a classificação incide sobre os
segmentos de texto (ST). Estes são classificados de acordo com os vocabulários
Figura 2: Classificação hierárquica descendente - Método de Reinert
que os enformam e o seu conjunto é repartido em função da sua lexicografia;
Classificação dupla sobre os (RST) A classificação é feita sobre duas tabelas nas
quais as linhas não são mais que reagrupamentos de texto em segmentos (RST). O
mesmo tratamento é assim feito duas vezes mas mudando o nome de formas ativas
para RST.
11
Baltazar Fernandes
A Classificação Hierárquica Descendente (CHD) é uma técnica desenvolvida a
partir da aplicação de uma tabela de contingência, do tipo 2x2 presença/ausência
(cruzando-se aqui os vocabulários e as unidades de contexto, onde o valor 1
significa a presença da palavra na unidade e o valor 0 a sua ausência) até se obter
uma classificação estável definitiva (Reinert, 1990). “Esta análise visa obter classes de
segmentos de texto que, ao mesmo tempo, apresentam vocabulário semelhante entre si, e
vocabulário diferente dos segmentos de texto das outras classes” (Caramago, 2005).
Esta técnica é interativa. Num primeiro plano a tabela de origem é desagregada
como na figura ao lado. Uma vez obtida a primeira tabela cada tabela seguinte é
analisada de acordo o mesmo procedimento. Desta sequência de tabelas origina-se
uma árvore. No exemplo da figura – 1, podemos verificar como três interações
conduzem à definição de quatro classes.
2.6 ANÁLISE FACTORIAL DE CORRESPONDÊNCIAS
Quase necessariamente quando se fala de softwares para o estudo das representações
sociais se fala da análise fatorial de correspondências (AFC).
J.P. Benzécri, o criador deste método de análise de dados escrevia há mais de trinta
anos:
«C'est principalement en vue de l'étude des langues
que nous nous sommes engagés dans l'analyse
factorielle des correspondances ... L'analyse des
correspondances a été initialement proposée comme
une méthode inductive d'analyse des données
linguistiques» (Benzécri, 1971:327).
A análise fatorial é uma técnica que se baseia na hipótese de independência entre as
linhas e as colunas de uma tabela, utilizando como métrica o teste do qui-quadrado,
ou eventualmente outros coeficientes de correlação adequáveis a este tipo de
matrizes e ao nível de mensuração nominal ou categórico. Este tipo de análise é
procedido por um tipo de reclassificação de linhas e colunas da maneira a ordenar
as que mais se correspondem e aproximam a um determinado atributo [fator]
atribuindo-se um peso relativo a cada uma delas. Este procedimento permite
maximizar a associação entre estes dois conjuntos (linhas e colunas) onde a
intensidade da associação é indicada por um coeficiente de correlação, que nos
permite determinar a posição de cada uma das linhas ou das colunas, ou
simplesmente das modalidades, sobre os fatores ou dimensões a que respeitam e
cuja intensidade se torna mais forte na exata medida que se aproximam da unidade.
12
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Geralmente, uma só dimensão não permite evidenciar os níveis de independência
contidos na mesma matriz. Então devemos pesquisar uma segunda dimensão, que
tenha um nível de associação independente do primeiro e assim sucessivamente. Na
interpretação dos resultados podemos utilizar os gráficos nos quais figuram as
coordenadas das linhas e das colunas sobre duas dimensões. Para facilitar a leitura
da figura, a análise fornece a contribuição relativa de cada fator relativamente à
modalidade que respeita.
2.7 ANÁLISE FATORIAL DAS COMPONENTES PRINCIPAIS
A análise fatorial das componentes principais consiste num conjunto de
procedimentos estatísticos que nos ajudam a analisar um grupo de variáveis,
reduzindo a sua dimensão inicial sem perda de qualidade, diminuindo a sua
complexidade, facilitando-nos a interpretação de dados, através da extração de
fatores.
Neste contexto, um dos métodos mais usados para extração dos fatores é o das
componentes principais. Este tipo de abordagem procura de forma particular
resumir a forma de organização dos dados “brutos”, que ainda estão pouco
percetíveis, através de estruturas organizadas e hierarquizadas dos dados
atribuindo-lhes uma outra dimensão e consequentemente outro sentido percetivo.
Na análise das componentes principais os termos “fator” e “dimensão” têm o
mesmo significado. Então, em termos de composição gráfica os fatores são
representados em colunas e as variáveis em linhas.
As componentes principais são calculadas por ordem decrescente da importância
da variância explicada, ou seja, a primeira explica a máxima variância dos dados, a
segunda explica a máxima variância ainda não explicada pela primeira e assim
sucessivamente. A variância das componentes designa-se por valores próprios
(eigenvalues). Cada valor próprio mede a variância explicada por esse fator. A soma
dos quadrados das saturações é igual ao total dos valores próprios.
As comunalidades indicam o contributo percentual de cada uma das variáveis para
o total da variância explicada pelas componentes principais.
O Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o teste de Bartlett são coeficientes estatísticos que
ajudam na decisão de prosseguir ou não, com a análise fatorial. O primeiro varia
entre 0 e 1, tornando-se inaceitável quando o seu valor é <0,5. O teste de
esfericidade de Bartlett é muito influenciado pelo tamanho da amostra, razão pela
qual em amostras de grande dimensão devemos optar pelo KMO (Pestana e
Gageiro, 2005).
13
Baltazar Fernandes
Como critério dos fatores a reter o investigador deve adequa-los ao contexto da
investigação, norteando-se pelos seguintes pressupostos:
Quando os valores próprios (eigenvalues) são> 1;
Analisando o Screeplot que pode ser uma boa solução, caindo o critério da
decisão na zona de interseção dos eixos. Usar apenas se n> 200;
Quando as comunalidades têm no mínimo um valor igual a 0,6 com n > 2 5 0
casos;
Usando como referencia a % acumulada dos valores próprios que justificam
mais de 70% da variância explicada.
A normalidade é um pressuposto exigido para o método da máxima verosimilhança
ao contrário do método das componentes principais (Pestana e Gageiro, 2005:494)
contudo e numa lógica de acautelamento é aconselhável verificar a normalidade das
variáveis que incorporam a investigação através da aplicação do teste de KolmogorovSmirnov e Shapiro-Wilk .
Todavia, quando a AFCP, deriva de escalas de avaliação torna-se necessário
verificar a consistência de cada fator, usando-se para o efeito o coeficiente alfa de
cronbach. Importa também referir que “o tratamento de uma escala ordinal como variável
quantitativa exige que cada item tenha distribuição normal ou pelo menos simétrica”
(Ibidem:518). Outro aspeto de não menos relevante importância é que a classificação
de cada variável tenha sido feita no mesmo sentido, porque senão torna-se
necessário inverter a escala antes de proceder a qualquer tipo de análise, ou
proceder à análise individual de cada item, como foi o nosso caso.
2.8 O TESTE DO QUI-QUADRADO
Um dos testes não paramétricos mais utilizado é o teste do qui-quadrado (א2). Este
teste é utilizado para fazer comparações entre frequências o que leva a hipótese
nula estabelecer como princípio que as populações não diferem relativamente à
frequência com que ocorre uma determinada caraterística particular.
A dinâmica deste teste deriva da interação da distribuição das frequências esperadas
(fe), de acordo com a distribuição do qui-quadrado e as frequências obtidas
(observadas) no decurso de uma pesquisa. Deste modo, em contextos de
representações sociais, seria expectável, na esteira dos pressupostos deste teste, que
a frequência de evocações feitas por exemplo sobre o aborto, por liberais e
conservadores fossem de 50% para cada um dos grupos.
14
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Em contextos de análise de corpus textuais, os softwares que usam este teste não
paramétrico donde se destacam o Alceste e o Iramuteq, aos quais fazemos
particular referência no ponto 6, dão-nos as conclusões deste teste referindo o seu
nível de significância para o número de graus de liberdade obtidos.
2.9 ANÁLISE DE SEMELHANÇA
A origem da análise de semelhança remonta à década de sessenta com o eclodir das
ciências humanas e matemáticas. Na emergência destas duas ciências é a Claude
Flament (1962) que devemos o mérito de ter explorado a teoria dos grafos para
explicar o enviesamento do processo comunicacional em contextos de ciências
sociais.
Assim, no sentido de associar os processos estatísticos às possibilidades abertas
pelos matemáticos de então, foram desenvolvidos e incrementados os processos de
análise de semelhança.
Esta aproximação a modelos matemáticos incorporou processos, que se tornaram
cada vez mais complexos. Neste
percurso, descobriu-se a árvore
máxima, os cliques e a filtragem
de cliques. Nesta lógica a análise
de semelhança pressupõe que
uma representação retrata uma
relação entre um conjunto e as
partes que o compõem. Estas
relações não defendem o
pressuposto de linearidade, ou
seja: se A se relaciona com B e,
Figura 3: Gráfico de seis arestas
B com C, não é líquido
pressupor que entre A e C existe o mesmo tipo de relação linear.
Assim sendo, esta abordagem, postula diferentes gradientes de aproximação, de
menor ou maior intensidade, entre as partes e o conjunto onde estas se inserem.
Então, para melhor entender este tipo de relações recorreu-se à teoria dos grafos1.
1
A palavra “grafo” é um neologismo derivado da palavra graph em inglês. Ela foi usada pela primeira
15
Baltazar Fernandes
A teoria dos grafos é um ramo da matemática que estuda as relações entre os
elementos de um determinado conjunto. Para tal, são empregadas estruturas de
relacionamento chamadas de grafos, cujo modelo matemático segue a seguinte
equação: G (V,A), onde V é um conjunto não vazio de objetos denominados
vértices e A é um conjunto de pares não ordenados de V, chamadas arestas.
Neste alinhamento propõem-se quatro etapas, subsequentes, para análise de
semelhança:
A criação e exploração da matriz de semelhança;
A criação e visualização da árvore máxima e do limiar dos seus gráficos;
A visualização dos filtros e dos cliques máximos;
A comparação de matrizes de semelhança de diferentes subpopulações.
Com uma exploração rápida dos dados e ajuda de alguns softwares resolvemos as
duas primeiras etapas. A terceira pressupõe uma análise mais aprofundada. Todavia,
a quarta é necessária para evidenciar especificidades definidas por padrões
particulares de algumas subpopulações, que não usamos no caso presente.
Então, neste sentido, utilizamos a teoria dos grafos e mais precisamente a noção de
árvore máxima como ponto de encontro de relações em cadeia numa lógica de
interligação de vértices e arestas.
Todavia, se a noção de árvore
máxima pressupõe um conjunto
de relações, das arestas e dos
vértices do gráfico, podemos
então dizer, aliás como por nós
já foi dito anteriormente, que
G= (V,A). Assim, uma cadeia é
um conjunto de vértices e de
variáveis, que nos permitem
perceber as relações existentes
entre cada uma destas com as
respetivas arestas.
Figura 4: Gráfico de três arestas
vez no sentido que aqui nos interessa pelo matemático inglês James Joseph Sylvester (1814 - 1897).
16
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
O gráfico da figura 4 é constituído pelas arestas (a,d), (d,b), e (e,f), ou seja, (a, d, b,
e, e f). Entretanto, se a partir de um determinado vértice as ligações nos trazem de
volta ao vértice de partida, dizemos que estamos perante um círculo. Uma aresta é a
ligação, entre dois quaisquer vértices de um sub-gráfico que é apelidado de “clique”.
Um “clique” é um sub-gráfico completo. Um “clique” máximo é o que não nos
permite reajustar um novo vértice, sem destruir a sua propriedade de sub-gráfico
completo. A noção de cliques e a sua organização como “filtro de cliques” é um
meio de pôr em evidência um conjunto de agrupamentos, que resumidamente
configuram famílias de dados, construídas a partir de uma classificação hierárquica
ascendente.
Os filtros introduzidos permitem-nos efetuar análises mais apuradas, que nos
ajudam a identificar as estrelas, os triângulos e os círculos mais significativos, que
em psicologia cognitiva estão associados a esquemas mentais que o sujeito evoca
quase automaticamente sobre uma dada representação.
Esta última propriedade introduz alguma complexidade na análise da árvore
máxima por um lado e, por outro lado reveste-a de alguma flexibilidade
enriquecendo a descrição da sua estrutura.
Assim, na análise desta estrutura convém deixar claro que um gráfico parcial é
aquele em que todos os vértices estão conservados, mas nem todas as arestas o
estão como na figura 16. Deste modo, quando num grupo de vértices não
conseguimos juntar dois vértices desse mesmo grupo, dizemos que estamos perante
um componente conexo.
Se eventualmente afetamos um valor diferente às arestas, vamos obter uma
representação gráfica que não corresponde à matriz de semelhança. Então, as
variáveis e os valores de semelhança entre cada par de variáveis devem, de acordo
com a teoria dos grafos, ter vértices e arestas consolidados.
Uma árvore é um gráfico conexo, onde o primeiro ponto de ligação não é igual ao
último. A árvore máxima representa um conjunto de arestas com valores muito
fortes entre si, dando nitidez à estrutura e ao relacionamento do conjunto das suas
variáveis. Uma das suas particularidades é dar um resumo dos dados com o mínimo
de arestas, mostrando-nos de maneira simples a leitura que devemos fazer de uma
matriz de semelhança.
Ora, nesta lógica, sempre que aparecerem três vértices unidos entre si por três
arestas, elimina-se a de valor de semelhança mais baixo. Contudo, é natural que
17
Baltazar Fernandes
depois deste procedimento ainda se continue a verificar círculos na estrutura da
árvore. Quando confrontados com esta situação devemos proceder como
anteriormente, isto é, eliminar dentro dos círculos as arestas de valor mais baixo.
A teoria dos grafos sustenta, que na relação existente entre as variáveis na árvore
máxima, não devem existir triângulos ou círculos.
Não obstante ao que antes referimos, na elaboração e análise da árvore máxima
devemos percorrer a preordenação dos dados de maneira decrescente, com
coerência e regularidade, para correlacionarmos o número de arestas com um
determinado limite e com os subgrupos que daí se possam originar. A sua
construção origina-se na tabela da matriz de semelhanças que construímos para o
efeito.
A propriedade de regularidade decrescente (do tipo: 24, 18, 12), na árvore máxima é
um fator importante a ter em conta para identificar significados locais na árvore de
semelhança.
18
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
19
Baltazar Fernandes
3. O PROCESSO DE CATEGORIZAÇÃO
“O desafio básico da ciência cognitiva é tentar
entender e esclarecer como o Ser Humano representa
mentalmente o mundo geral e específico” (Koch
2002:67)
De acordo com o ponto de vista da teoria da categorização o conhecimento que
determinado sujeito detém acerca de um dado objeto, está organizado em
categorias, de acordo com o nível de perceção que o sujeito faz deste. Não se
apreende a realidade na sua especificidade e abrangência, mas fazendo uma
discriminação seletiva da informação. Para esta seleção contribuem determinados
processos cognitivos como a categorização.
Uma das condições básicas do Ser Humano é a organização da realidade em
categorias, sobre uma dada resposta a determinados estímulos, que não sendo
iguais, podem ser tratados como equivalentes. Assim, para reduzir a complexidade
do mundo que nos rodeia, as pessoas agrupam os estímulos sociais, de acordo com
a perceção que têm destes, iniciando-se assim um processo cognitivo com bases
esquemáticas para a formação de categorias.
Efetivamente, o processo de categorização, permite simplificar o meio ambiente
que nos rodeia, retendo de forma seletiva a nossa atenção para certos aspetos de
um estímulo particular, permitindo posteriormente o seu agrupamento numa dada
categoria. O processo de categorização tem então, o propósito de agrupar entidades
(objetos, ideias, ações) por semelhança. É um processo mental quase natural no Ser
Humano, pois vivemos quotidianamente a classificar coisas e ideias a fim de
compreender e conhecê-las melhor.
Tradicionalmente, a psicologia explicava a formação de categorias pelo processo de
associação que se estabelece entre uma resposta e um conjunto de estímulos
semelhantes, partindo do pressuposto de todos possuírem o mesmo conjunto de
atributos (Manis, 1966). A psicologia cognitiva contemporânea tem uma visão mais
flexível do que a apresentada pela psicologia tradicional, adotando conceções
menos rígidas, que não implicam a existência de um número determinado de
atributos. Numa das conceções atuais desenvolvidas por Rosch e colaboradores
(Rosch, 1978; Mervis e Rosch, 1981, Johnson e Boyes-Braem, 1976) as categorias
representam um conjunto de semelhanças. Neste enquadramento os elementos de
uma dada categoria variam com o nível de ligação ao protótipo.
Então, a categoria nesta ótica é mais uma dimensão prototípica de um conjunto de
20
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
estímulos, do que um conjunto abstrato de atributos (Cantor e Mischel, 1979).
Nesta perspetiva, o protótipo destaca alguns atributos como modelos e, ao
categorizar-se um objeto, o que realmente se faz é comparar o grau de semelhança
desse objeto, com o conjunto de atributos próprios do modelo que melhor o
representa. Era esta a conceção do modelo clássico de categorização que se baseia
numa hipótese central “segundo a qual os elementos de uma mesma categoria serão percebidos
de forma semelhante – efeito de assimilação” (Cabecinhas, 2002:150).
No seguimento do estudos sobre esta matéria (Doise, 1984:138) evidenciou que o
processo de categorização é um processo psicossociológico, que reflete o modo
como uma dada realidade social construída por grupos, afeta o comportamento dos
seus integrantes, refletindo o modo como eles agem com essa mesma realidade, não
se revelando de forma simétrica.
É evidente que esta assimilação pode ser feita em vários níveis de cognição. Assim,
quando nos referimos a profissionais de saúde, podemos chegar a particularidades
como: médicos, enfermeiros, assistentes, etc. Na mesma linha de entendimento, se
falarmos de cuidados de saúde, podemos estar a referir-nos à administração de
medicação, aplicação de pensos ou outro tipo de situações, tão díspares, no dia-adia das organizações hospitalares. Também, podemos pensar num movimento
contrário de inclusão em níveis mais abstratos. O universo dos cuidados de saúde
fazem parte de um conceito mais abrangente, como saúde, doença, e algumas
categorias profissionais numa dimensão mais restrita como cirurgião, intensivista,
dermatologista, etc.
O que Rosch e colaboradores propuseram foi a classificação de objetos em três
níveis de abstração: um nível inferior, que à partida é composto por um objeto,
sujeito, ou coisa específica; um nível intermediário, que inclui vários objetos
concretos e finalmente outro de nível superior que para além de outros inclui
diversos elementos do nível intermediário.
Estes autores constataram que, na descrição de objetos, as categorias mais
empregadas são as do nível intermediário, por terem um maior alcance descritivo
que as do nível superior e, maior dimensão objetivadora que as do nível inferior.
Esta categoria intermediária desempenharia frequentemente o papel de protótipo
na categorização destes objetos. Rosch (1978), assim como Cantor e colaboradores
(1979), propuseram a utilização dos modelos de categorização de objetos naturais
para os eventos e estímulos sociais. Exemplificando o que aqui se diz, o estado
crítico de um doente, pode definir-se pelo local onde o doente se encontra no
hospital, isto é, cuidados intensivos igual a estado grave, ou «ligado às máquinas».
Uma outra abordagem ao processo de categorização foi proposto por Hintzman
21
Baltazar Fernandes
(1986) e Nosofsky (1984), denominada de Exemplar Models (Modelo dos Exemplos).
Estes autores defendem que os indivíduos retêm na memória conceitos concretos
“exemplos” que vão determinar em sede de processo de categorização, os
determinantes da memória de curto, médio e longo prazo. Assim, a categorização
de um novo evento será feita por ancoragem dos “exemplos” disponíveis na
memória.
Sublinhamos que o processo de categorização tem sido objeto de numerosas
pesquisas em psicologia social. Deste modo, outros autores (e.g. Leyens, 1983,
Bourhis e Leyens 1994) definem a categoria como um conjunto de dimensões
descritivas (Cordier e Dubois, 1981) onde os valores podem variar dentro de certos
limites. Assim, um objeto pertencerá a dada categoria, logo que as suas
características correspondem às dimensões descritivas dessa categoria, situando-se
nos seus limites e variações aceitáveis.
O processo de categorização permite reduzir a complexidade da nossa envolvente.
Assim, admitindo e considerando que demos aos sujeitos a possibilidade de
fazerem evocações livres, tivemos de tratar um grande número de informações.
Então, no sentido de facilitar a identificação e o reconhecimento de informação
dispersa, procedemos ao processo de categorização. Então, a partir do momento
que as evocações podem ser enquadradas numa categoria, que melhor as
representa, é possível atribuir-lhes as características próprias dessa dada categoria.
O processo de categorização agiliza o desenvolvimento de compreensão e
aprendizagem, dado que, facilita a interpretação cognitiva. Este processo também
contribui para a orientação das condutas. As características de uma categoria
determinam, efetivamente, o comportamento a ter em relação aos objetos que essa
categoria incorpora2.
2
Neste enquadramento Moliner (1996:16), salienta que o sujeito que atribui aos insetos a categoria de
“dangereux” terá tendência para evitá-los.
22
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Como explica Jodelet as representações podem aparecer como as “catégories qui
servent à classer les circonstances, les phénomènes, les individus auxquels on a affaire” (Jodelet,
1997:360).
Efetivamente, se as representações sociais são um sistema de conhecimento que
Figura 5: Matriz para recolha do conteúdo das Representações Sociais
atende ao meio social, espera-se que elas considerem também os atores presentes
nesta envolvente, participando na regulação das interações sociais. Por estas razões
alguns autores preferem considerar, que a categorização é uma das funções das
representações sociais, o que nos parece fazer sentido, particularmente, na ótica
estruturalista. Nesta linha de pensamento também se situa Abric.
Nesta aproximação podemos então afirmar que o processo de categorização é uma
forma de operacionalização de uma representação social. Um dos processos de
categorização que tem bastante influência na ancoragem é a categorização
prototípica (Doise, 1991). O protótipo é entendido como o elemento da categoria
que melhor a representa e define. Assim, em contextos de representações sociais, o
sujeito vai fazer emergir protótipos, que serão categorizados como elementos
nucleares ou periféricos, de acordo a frequência e importância que são atribuídos.
Na perspetiva da Cognição Social, um dos processos mais estudados relativamente
à formação de estereótipos é a categorização. Segundo Hamilton e Trolier (1986), a
base para qualquer tipo de estereótipo, é a diferenciação conceptual constituída
entre grupos com base em processos de categorização.
23
Baltazar Fernandes
Uma das primeiras características da categorização foi relacionada com a explicação
das formações dos estereótipos, evidenciando a sua capacidade de acentuar tanto as
diferenças entre os grupos, quanto as semelhanças dos membros no interior do
grupo. Dito de outra forma, uma das características essenciais do estereótipo é a
possibilidade de poder ser generalizado sobre um conjunto de pessoas, baseada na
crença destas, ou da pertença a uma categoria social específica. Parece natural
explicar o desenvolvimento dos estereótipos a partir da simples categorização, onde
tudo leva a crer, que a semelhança intragrupo e a diferença entre os grupos, não
sendo uma consequência automática da categorização, poderá ser um resultado
imediato a que estas nos podem levar.
Os sujeitos usam várias formas de categorização, dependendo das circunstâncias
com que se depararam. Pensando-se num processo de mudança, como foi
no nosso caso, que visou a integração de colaboradores à dimensão de um
Distrito, falar-se-á de motivados, não motivados, satisfeitos, insatisfeitos, (des)
integração, cooperação, informação, etc.
Mervis e Rosch (1981), em oposição clara à visão clássica de categorização,
consideraram que os membros de uma categoria variam conforme sua identidade;
por exemplo, os médicos são vistos como um exemplo mais típico da categoria
“profissionais de saúde” relativamente aos enfermeiros, o que implica dizer, que a
pertença a uma categoria requer certo nível de similaridade com o protótipo que
neste caso será o médico. A partir desta noção de categoria, percebemos que os
médicos são o protótipo com maior saliência para esta categoria profissional do
pessoal prestador de cuidados de saúde. Assim, algumas categorias como
“trabalhadores da saúde”, por exemplo, têm uma ampla capacidade de incluir
membros (categoria de ordem inferior); já a categoria “enfermeiros”, inclui
membros de uma categoria bastante típica de profissionais específicos (categoria de
ordem intermédia). A categoria “técnicos de saúde” tem uma capacidade menor de
inclusão que “trabalhadores da saúde” e mais que “enfermeiros”.
No nosso estudo depois de recolhido o conjunto das evocações, procederemos a
sua categorização, por grandes categorias prototípicas, à sua análise de acordo com
os critérios da frequência e importância média e sentimento manifestado: positivo,
neutro, ou negativo, como adiante melhor se explicará.
24
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
4. TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
“É mais fácil destruir um átomo de que um
preconceito”. [Albert Einstein]
Em 1898 Durkheim propôs a noção de representação coletiva para explicar
diversos fenómenos de ordem psicossociológica. A ideia de Durkheim (1898)
residia sob o postulado no qual a sociedade forma um todo, uma entidade original,
diferente da simples soma dos indivíduos que a compõem. Desde então, certas
formas de pensar coletivo não são redutíveis ao somatório de pensamento
individual dentro de um determinado grupo ou comunidade.
A ideia central que se encontra na noção de representação coletiva é a forma de
pensamento, ou de memória coletiva, ou seja, a ideia dum modo particular de
conhecimento do real, partilhado por uma comunidade ou grupo de indivíduos. A
ideia específica do conceito de representação coletiva é o modo como o
conhecimento se constrói coletivamente. Uma representação coletiva não é o fruto
de uma minoria de indivíduos que propõe a sua visão sobre certos aspetos do
mundo. Trata-se de uma elaboração coletiva que de certa maneira vai definir um
conceito social.
Este tipo de representações, ainda segundo Durkheim (1898), traduzem a maneira
como o grupo pensa nas suas relações com os objetos que os afetam, referindo que
as primeiras representações que o Ser Humano fez do mundo, são de ordem
religiosa.
Nesta lógica as representações coletivas, não seriam apenas o produto de uma
operação ocorrida num determinado espaço, mas também refletiam o acumular de
experiências no decurso de várias gerações, configurando características mais
estáticas, ao invés das representações sociais que revestem um carácter mais
evolutivo e dinâmico.
Posteriormente, Moscovici (1961/1976) mostrou como e porquê, diversos grupos
sociais elaboram a representação de um objeto mal conhecido. O trabalho deste
autor forneceu um quadro de análise do conteúdo das representações sociais.
Efetivamente, as representações podem ser definidas de uma maneira vaga como
“universo de opiniões”, estes conjuntos são analisados segundo três dimensões:
•
Os elementos de informação que os indivíduos dispõem a propósito do
objeto da representação;
•
A forma como se organizam e hierarquizam os elementos no campo da
representação e as atitudes: positivas e negativas dos indivíduos em relação ao
objeto representado.
Não se pode falar das representações sociais sem fazer referência aos trabalhos de
(Moscovici, 1961/1976), É a este cientista, que devemos a primeira investigação
sistemática das representações sociais. Trata-se de um estudo exaustivo das
25
Baltazar Fernandes
representações sociais da psicanálise num vasto público, o que lhe permitiu destacar
três fenómenos:
•
A existência de várias representações de um mesmo objeto, neste caso, houve
várias representações da psicanálise. Estas diferenças são em função da pertença
social e cultural do grupo de referência, que marca profundamente a representação
social que se faz de um determinado objeto, sujeito ou coisa.
•
As representações sociais que os indivíduos elaboram são em função das
práticas de cada grupo de referência e dos seus valores, que faz com que o processo
representativo não se efetua num vazio social.
•
Quando se constrói uma representação, esta efetua-se através de duas
funções: Uma que reflete um processo de interação entre o conceito (informação
disponível) e o objeto representado. Outra, que reflete mais um processo de
natureza individual onde as características do objeto representado e o indivíduo se
relacionam e influenciam mutuamente.
Efetivamente é a partir destes fundamentos que se conclui que a representação
social é de ordem cognitiva: articula as informações sobre o objeto de
representação e as atitudes dos sujeitos relativamente a este. Neste sentido as
representações sociais são um guia para a ação sendo um modelo de interpretação
das realidades. Portanto, sabe-se, que a noção de representação social vai situar-se
na encruzilhada dos conceitos psicológicos e dos conceitos sociológicos,
traduzindo uma dialética permanente entre a dimensão psíquica, o funcionamento
cognitivo e a organização social.
Assim, iniciou-se um novo horizonte onde o estudo das representações sociais
passou a constituir um espaço de investigação que se alarga desde há algumas
décadas. Este progresso teórico permitiu o desenvolvimento de um grande número
de estudos importantes que se foi diversificando.
Actualmente o estudo das representações sociais constitui uma tradição de pesquisa
rica e diversificada e em plena evolução. A teoria das representações sociais tem
hoje um alcance internacional, estando difundida muito para além das fronteiras do
país natal - França. Está bem estabelecida como uma tradição de pesquisa na
Europa e na América Latina e recentemente despertou o interesse dos psicólogos
sociais norte-americanos (Cabecinhas 2004:16).
Neste alinhamento, certos investigadores trabalharam sobre monografias
descritivas das representações sociais como a cultura (Kaes, 1968), a saúde e a
doença mental (Herzlich, 1969), o corpo e a doença mental (Jodelet, 1984;1985), o
artesanato (Abric, 1984), as deslocações e a mobilidade (Abric 1987), etc.. Uma
outra problemática estudada, nomeadamente através de situações experimentais de
jogos, foi a relação existente entre representações sociais e comportamento (Abric,
1971; Codol, 1969; Flament, 1967; 1969). As representações sociais do trabalho
também foram alvo da atenção de vários investigadores (e.g. Salmaso e Pombeni,
1986; Vidaller, 2007; Baggio e Sutter 2010; Cartaud e Labbé, 2010; Marquez e Leon,
2012). O estudo das representações sociais também se tem revelado
particularmente prometedor para a interpretação dos grandes problemas sociais
como o desemprego, a exclusão (Abric, 1996; Flament, 1996; Mamontoff, 1995;
1996), as imagens e o trabalho (Moliner, 1996; 2008) o racismo (Cabecinhas, 2002),
conformismo e escolaridade (Flament, 2007), o suicídio (Oliveira, 2008), a
corrupção (Poeschl e Ribeiro, 2010) as Alterações Climáticas (Viterbo, 2011).
26
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
4.1. VALOR HEURÍSTICO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
A Heurística é uma metodologia usada com o objetivo de encontrar soluções para
um determinado problema com que nos confrontamos, facilitando a logística da
sua interpretação e consequente resolução que tanto se pode servir do
conhecimento tácito como do explícito.
A abordagem heurística das representações sociais implica pelo menos dois tipos de
abordagens: a heurística da representatividade e a heurística da ancoragem e
ajustamento, que de uma ou de outra forma recorrem a processos cognitivos de
maior ou menor complexidade, decorrentes do processo de interação existente
entre o sujeito e o objeto representado.
Sob o ponto de vista heurístico da representatividade, a teoria das representações
sociais implica a categorização social de um determinado objeto na categoria que
melhor o representa, ou seja, o seu protótipo. Deste modo, o sujeito confrontado
com várias opções de escolha, opta pela que mais se assemelha com o objeto
representado, servindo-se dos modelos mentais de referência, ou seja, perante uma
situação nova, o sujeito faz recurso de procedimentos utilizados anteriormente em
situações semelhantes.
Assim, o indivíduo adopta estratégias para simplificar problemas complexos. Estas
estratégias podem não produzir respostas normativamente correctas, mas
aumentam a rapidez e a eficiência. Consequentemente, os erros e enviesamentos no
tratamento da informação são considerados como fruto de características inerentes
ao próprio sistema cognitivo, e não devidos à interferência de motivações
(Cabecinhas 2004:10).
Contudo, a adoção de atitudes estereotipadas, se num determinado momento
podem ser perfeitamente toleráveis e aceitáveis, noutros podem induzir em
comportamentos desajustados ou eventualmente discriminatórios e até
inconvenientes, de acordo com o estereótipo assumido, que naquele momento
norteia determinada atitude ou comportamento. No limite pode ter-se
comportamentos diferentes perante a mesma situação.
Sob o ponto de vista da ancoragem e ajustamento a heurística de ancoragem pode
ser concebida como a forma que facilita no sujeito a perceção e assimilação de
novas situações, selecionando as informações, ajustando-as às novas realidades com
que entretanto se confronta, ancorando-se na forma que lhes deem mais significado
e melhor facilitem a sua perceção. Este tipo de heurística analisa os
comportamentos a partir de uma determinada unidade base (âncora) fazendo os
seus ajustes. Este ponto de partida pode, pela maneira como é apresentado ou
desencadeado, ter a sua origem num precedente histórico, ou numa informação
pouco consistente que perante situações ambíguas podem, nem sempre ter o
melhor efeito sobre a nossa análise decisão.
4.2. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO TRABALHO E DAS ORGANIZAÇÕES
O mundo de uma maneira geral e o trabalho de forma particular não escapam às
durezas que a globalização nos impôs. Aqui mais do que acolá, hoje mais que
27
Baltazar Fernandes
ontem, vemos derrocar impérios que pensávamos que estavam solidamente
construídos e eternamente inabaláveis.
Mas se as grandes estruturas abalaram, foi certamente, porque os alicerces onde se
ergueram, foram em parte descorados, pelas fortes tempestades da
(des)informação.
O pilar mais básico da sociedade, a família e o núcleo relacional que a estruturou, já
há muito tempo que deixou as âncoras tradicionais, reduzidas a mais que muitas
evidências de famílias monoparentais. Pais e filhos encontram-se à mesa nas redes
sociais ou, porventura ainda, num espaço mais recatado do “Skype®” ou do
“Viber®”.
O trabalho e casamento vitalícios são miragens do passado, duma sociedade cada
vez mais assocializada, onde as verdades com que adormecemos tornam-se
pesadelos reais do amanhecer do dia seguinte.
O trabalho e os proveitos que daí advêm evaporam-se. O património corpóreo, que
materializava o ativo de qualquer organização, enforma-se agora em fundos
virtuais, onde o que era mais-valia na abertura da Bolsa, já se resumia no final da
tarde desse mesmo dia em perdas que configuram o PIB, de um País Europeu de
dimensão média.
As poupanças de uma vida resumiram-se a revindicações sem fim à vista.
Todo o tipo de relação entre pessoas sofreram mutações profundas. A virtualidade
do espaço que nos envolve é cada vez maior e inversamente, a realidade percebida
está materializada em «castelos de areia», facilmente derrubáveis.
O que ontem era defendido como verdade única e irrefutável, direito garantido
inalienável, é hoje relíquia do passado, a que os nossos filhos chamarão utopia e os
nossos netos, talvez quem sabe «histórias dos avozinhos», elenco para um filme
interessante sobre as Teorias da Administração Clássica.
Não obstante, tudo o que referimos e também o que deixamos por dizer, importa
considerar o que de mais relevante se tem teorizado sobre a matéria,
particularmente sobre as representações sociais do trabalho e o contexto
organizacional onde se inserem; as organizações.
O mundo do trabalho é no contexto social e organizacional, determinado por
sujeitos que ocupam uma dada hierarquia, numa dimensão estrutural dicotómica de
quadros e não quadros. Estas duas dimensões devem ser tomadas em consideração
em termos de análise inter e intergrupos, que vão em parte assumir, maior ou
menor reflexo, no contributo para o recenseamento dos elementos do núcleo
central.
As primeiras pesquisas relativamente às representações sociais do trabalho faziam
referência a este conceito “trabalho” como um conjunto protótipo de traços e
caraterísticas unanimemente partilhadas pelos grupos de pertença (Salmano e
Pombeni, 1986). Estes autores (como outros já antes o tinham feito) também
salientaram que a pertença a uma dada categoria profissional reflete-se na estrutura
das representações sociais e consequentemente na dimensão identitária do
indivíduo (Lorenzi-Cioldi, 1988).
Vidaller Vanessa (2007) na esteira do postulado pela teoria estruturalista defende
que a diferença das representações sociais se materializa no seu núcleo central,
salientando que o trabalho e os seus contextos têm sofrido mutações constantes e
profundas, devendo a sua análise ser feita de forma longitudinal no decurso de
28
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
vários anos.
Deste modo, a pesquisa realizada pela autora, assentou na recolha de dados em três
anos distintos e consecutivos (2002, 2003 e 2004). Assim, os resultados obtidos
permitiram concluir que a representação social do “trabalho” está em mutação,
inserida num contexto social também este em constante transformação. Os autores
utilizando um conjunto de termos indutores como: “salário”, “realização
profissional”, “satisfação, necessidade”, “estabilidade”, de entre outros, analisaram
a sua frequência e o desvio da média, no decurso dos anos em estudo, chegando à
conclusão antes referida, isto é, os principais constructos, diretamente ligados com
o trabalho, foram-se deslocalizando da estrutura central para as zonas periféricas
onde também vão aparecendo novos elementos.
Baggio e Sutter (2010) fizeram uma análise profunda dos assalariados franceses que
evidenciaram uma imagem favorável do seu trabalho. A maioria (66,7%) evocou
espontaneamente os termos conotados positivamente, ao invés de (12,5%) dos
elementos da mesma amostra que citaram termos conotados negativamente, no que
respeita aos fatores relacionados com o trabalho.
Os resultados confirmaram duas tendências já identificadas desde 1994: o “salário”
e a “satisfação” estão fortemente relacionados. Entretanto os autores alertam para a
dimensão do “stress” relativamente a estudos anteriores.
terme est cité lui-même, tout comme le “manque de
reconnaissance “ et la “pression “. Bien que l’analyse
de la “valeur travail “ n’était pas ici focalisée sur le
stress, il est apparu clairement dans les termes
connotés négativement. Ceci dénote non seulement
de son émergence, inédite, mais aussi de son
importance dans l’esprit des salariés français (Baggio e
Sutter 2010).
Elodie Cartaud e Sabrina Labbé (2010) também fazem uma abordagem deste tema
centrando os seus estudos, não nas clivagens das conotações positivas ou negativas
relativamente ao objeto trabalho, mas antes no postulado, da eventualidade da
presença de elementos polarizados, tendo em conta as expressões utilizadas,
elegendo como elementos do núcleo central os seguintes constructos: salário,
profissão, trabalho e tarefa.
Muitas das pesquisas efetuadas sobre as representações sociais do trabalho
procuram novas respostas para velhas questões que o trabalho ocupa na sociedade.
Contudo e não raras vezes, muitos académicos têm dado um cunho bastante
“laboratorial” a esta questão utilizando para os efeitos trabalhadores universitários,
com pouca ou nenhuma experiência no mundo do trabalho (Moliner, 1996.).
Procurando inverter esta tendência Marquez e Leon (2012) centraram a sua
pesquisa num grupo de trabalhadores da função pública francesa, dividindo-os em
dois grandes grupos; quadros e não quadros, na expetativa que esta dicotomia
sustentava práticas profissionais distintas e consequentemente representações
sociais diferentes no mesmo contexto de trabalho. Então com amostras derivadas
destas duas dimensões dicotómicas: quadros/não quadros propuseram para análise
do seu estudo dois critérios: de saliência de Vergès e de Tiers. O critério de Tiers
tem como objetivo a reorganização dos elementos candidatos ao núcleo central
sustentando no pressuposto que estes elementos são responsáveis por 33% das
29
Baltazar Fernandes
evocações referidas sendo estas também as mais frequentes. Por outro lado, o
critério de saliência protótipa de Vergès, (1992), permite-nos a aproximação dos
elementos da mesma categoria da representação. Estes dois tipos de análise
convergiram na importância dada à aparição e frequência das evocações.
O resultado prático desta abordagem teórica foi refletido, numa tabela de dupla
entrada, tendo sido recenseados no grupo dos não quadros, como elementos
candidatos ao núcleo central os seguintes constructos: “salário”, “contrato” e
“obrigação” e no grupo dos quadros os constructos: “salário”, “obrigação” e
“motivação”, ou seja, os dois critérios usados, referenciam os mesmos constructos
para o núcleo central, invertendo apenas a sua ordenação na matriz construída para
o efeito. Certamente, que sob esta matriz poderiam ter sido tratadas outras
dimensões com os mesmos critérios, permitindo uma fácil comparação dos
mesmos critérios, sob o ponto de vista estatístico.
Contudo, não podemos dissociar o trabalho do contexto onde se insere, a
organização. Esta constitui uma forma de interação social que envolve múltiplos
aspetos. O limiar de uma organização pode assumir uma dimensão que se estende
desde o nível familiar à multinacional, com representação assegurada na maior parte
dos países, ou seja, globalizada.
Nos estudos efetuados sobre o tema e no que às representações sociais diz respeito,
do discurso dos sujeitos emergem, particularmente, quatro grandes temáticas: a
primeira respeita à “responsabilidade social da empresa”, a segunda às “partes
interessadas” a terceira focaliza-se no “desenvolvimento sustentável” da empresa,
aliás fundamental para garantir a sua responsabilidade social. Todas estas evocações
são, em contexto das representações sociais e na lógica da teoria do núcleo,
conceitos centrais. Outras evocações relativamente a este objeto (organização),
como “o meio envolvente”, “transparência” e respeito pelos “direitos humanos” e
os “objetivos” assumem limites mais periféricos.
Ora, focalizados ainda no mesmo objeto e nos elementos que estruturam o núcleo
central, tomando como referência anteriores conclusões de Moliner, que
consideraram também como elementos mais frequentes a: “hierarquia” e a
“economia”, que garante a responsabilidade social da empresa, a “organização”, ou
seja, a forma como as diferentes partes da organização se estruturam entre si, isto é,
o seu sistema interno. Neste enquadramento o autor também achou estranho que
determinadas evocações não foram tidas em linha de conta como as “relações
humanas” o “sindicalismo” tentando justificar esta suposta ausência, pelo que
Moscovici (1961/1976) tinha denominado de focalização seletiva
Abric e Flament (1994) iniciaram o desenvolvimento de um modelo teórico que
caracteriza a representação social formada a partir de um sistema central (núcleo
que estrutura a representação) ligado a um sistema periférico. Esta conceção
teórica, validada e verificada por certos trabalhos de laboratório, nomeadamente
por Moliner (1987), constituiu um progresso teórico/experimental que permite
explicar a estabilidade e a transformação das representações sociais num dado
horizonte temporal.
No contexto das representações sociais verificam-se dois grandes modelos: o
representacional e o construtivista. O primeiro procura sustentar a representação
nos seus aspetos discursivos, admitindo que não existem diferenças significativas
30
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
entre o discurso e o pensamento. O segundo procura incorporar todos os
elementos que possam explicar a génese das representações. O modelo
representacional recorre ao que é comum e partilhado entre os indivíduos. Por sua
vez o modelo construtivista - de maior aceitação - efetua-se a partir das interações e
fenómenos de comunicação no interior do grupo social tendo por base a sua
atividade cognitiva e simbólica (Vala, 1993). A metodologia seguida no decurso do
nosso estudo identifica-se de forma mais particular com o modelo construtivista.
4.3. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE
Quando falamos de representações sociais, estamos a referir-nos a uma maneira de
interpretar e pensar a nossa realidade do dia-a-dia. Isto é à forma como e enquanto
sujeitos sociais apreendemos os acontecimentos do quotidiano. Esta é obviamente
uma necessidade sentida por todos os indivíduos enquanto parceiros sociais. No
entanto, como a teoria das representações sociais defende, não é possível
compreender este fenómeno sem incorporar as particularidades do quotidiano
social.
Na realidade social, cada indivíduo é uma peça fundamental para formar o conjunto
de representações que são necessárias para se adaptar a essa mesma realidade, assim
a organização da vida social será muito provavelmente diferente da forma que nós a
pensamos.
Neste enquadramento, cada indivíduo teria de dedicar muito do seu tempo e
energia, para esta construção. Provavelmente seriam necessários vários minutos de
intensa reflexão antes de uma pessoa decidir dar significado a cada nova situação
com que se confronta. Todos sabemos que esta não é a realidade das nossas vidas
do quotidiano. Assim, temos “representações” que nos permitem interpretar
rapidamente a maioria das situações e outras com que nos deparamos que implicam
respostas com comportamentos por adaptação.
Também é improvável que um grupo de indivíduos responda da mesma maneira a
um conjunto complexo de estímulos. Dito de outra forma, perante os mesmos
processos comunicativos, as pessoas têm diferentes interpretações da mesma
realidade.
No dia-a-dia as pessoas comunicam umas com as outras sem grande dificuldade
relacionando-se com os objetos que as rodeiam, interagindo com estes de forma
similar, em contextos de senso-comum.
Este senso-comum é baseado nas nossas experiências, nas nossas emoções, mas
também na informação e conhecimento, que dispomos relativamente ao objeto
pensado ou ao mundo que nos rodeia. Assim, as representações sociais
fundamentam-se em pelo menos dois níveis: em primeiro lugar porque são
socialmente produzidas e em segundo lugar porque são socialmente partilhadas.
4.4. CONHECIMENTO CIENTÍFICO E CONHECIMENTO POPULAR
Um dos primeiros estudos e amplamente divulgado sobre representações sociais
31
Baltazar Fernandes
foi, como já temos referido, sobre a psicanálise (Moscovici, 1961/1976). Esta
escolha de Moscovici, não foi inocula. Realisticamente, o seu objetivo era
fundamentar como uma teoria científica é disseminada numa dada cultura,
mudando a visão e a ideia que as pessoas têm do mundo que as rodeia.
Moscovici salienta que Freud, quando desembarcou em Nova Iorque, já tinha
imaginado o carácter revolucionário das suas ideias mesmo antes de partilhá-las.
Freud antevia que as suas teorias mudariam a forma como as pessoas pensam sobre
o seu funcionamento mental.
Freud postulava que uma vez que é comunicado ao público, uma teoria científica,
esta torna-se uma componente do “senso comum”. Quando disseminada, torna-se
uma representação social autónoma não voltando a ter muita mais semelhança com
a teoria original. Estas representações com as implicáveis mudanças e readaptações
tornam-se assim um objeto apetecível para estudo na psicologia social.
Todavia, Moscovici interessou-se particularmente em perceber como a partir do
conhecimento popular e, do senso comum, se pode construir uma teoria científica.
A psicanálise tornou-se um objeto de estudo interessante porque era uma nova
teoria e tinha sido disseminada na sociedade francesa nos anos 50, tornando-se um
eixo determinante para a disseminação e consolidação das representações sociais.
4.5. A REALIDADE REPRESENTADA
Todos nós conseguimos referir-nos a uma representação da realidade que nos
rodeia e, identificar seus componentes. É com base nestas representações e na
análise dos seus componentes, que percebemos e nos adaptamos ao meio
envolvente.
Um estudo experimental conduzido por Jean-Claude Abric (1994) demonstrou a
lacuna que existe entre uma dada realidade e a sua representação e, como isto pode
afetar a nossa adaptação a uma situação particular.
O autor selecionou dois grupos de indivíduos para realizar dois tipos de
intervenções que requerem estruturas de comunicação diferentes: numa a solução
do problema estava focalizada na tarefa que exigia uma estrutura hierárquica, a
outra centralizava-se numa intervenção criativa que não exigia nenhuma estrutura
hierárquica.
Nesta experiência, o autor definiu de antemão o tipo de tarefa. Então, dava uma
definição preliminar do contexto da natureza da tarefa facilitando a sua resolução,
ou inversamente fornecia pistas erradas sobre a sua resolução para avaliar a
criatividade do grupo.
Esta diferença de orientação para a intervenção foi suficiente para afetar
significativamente o nível de desempenho dos grupos, e resultar em processos
cognitivos e de comunicação diferentes. Assim, os participantes tenderam a
interpretar de forma diferente a situação que estavam a enfrentar e não se
comportaram de forma semelhante perante um procedimento que parecia o
mesmo. Entretanto, o autor conseguiu demonstrar que o resultado do desempenho
é diferente quando os elementos têm induzida uma representação sobre
determinada tarefa, ou inversamente lhes é permitida criatividade para a resolução
32
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
da mesma.
4.6. HISTÓRIA E CONCEITO DE REPRESENTAÇÃO SOCIAL
Jodelet, (1997) no seu artigo, Representação Social, Fenómenos Conceito e Teoria,
define o conceito de representação social da seguinte forma:
Le concept de représentation sociale désigne une forme de connaissance spécifique,
le savoir de sens commun, dont les contenus manifestent l’opération de processus
génératifs et fonctionnels socialement marqués. Plus largement, il désigne une
forme de pensée sociale.
Les représentations sociales sont des modalités de pensée pratique orientées vers la
communication, la compréhension et la maîtrise de l’environnement social, matériel
et idéel (Jodelet, 1997: 365).
Já século XIX, Emile Durkheim (1858-1917) referenciou a noção de representações
que chamava de “coletivas” através de estudos das religiões e dos mitos. Este autor
distinguiu as representações coletivas das individuais:
A sociedade é uma realidade sui generis, com características próprias que não se
encontram da mesma forma, no resto do universo. As representações que
experimentamos em conjunto têm um conteúdo diferente que as representações
puramente individuais e podemos assegurar que as primeiras incorporam alguma
coisa das segundas (Durkheim, obra publicada em 1991).
Na conclusão da sua obra, sustenta uma reflexão sobre o conceito de representação
coletiva.
Atualmente, o conceito de representação social conhece um interesse renovado em
todas as disciplinas das ciências humanas: antropologia, história, linguística,
psicologia social, psiquiatria, sociologia, etc..
Foi em França com a psicossociologia de Serge Moscovici que o conceito de
representação social foi particularmente disseminado. Na obra La psychanalyse, son
image et son public, o autor tentou demonstrar:
Comment une nouvelle théorie scientifique ou politique est diffusée dans une
culture donnée, comment elle est transformée au cours de ce processus et
comment elle change à son tour la vision que les gens ont d’eux-mêmes et du
monde dans lequel ils vivent (Moscovici, 1961/1976).
Depois de Moscovici, numerosos investigadores mostraram-se interessados nas
representações sociais. O campo de investigação destes pesquisadores foi e é,
nalguns casos abrangente, conforme já tínhamos referido.
O conceito de representação social designa uma forma de conhecimento específico,
o saber comum, onde os conteúdos manifestam a operação e funcionamento de
comportamentos socialmente evidentes. Em termos mais abrangentes designam
uma forma de pensar social.
As representações sociais são modalidades de pensamento, orientadas pela
comunicação, compreensão e envolvimento social. (Jodelet, 1997:365). Dito de
outra forma, estabelecem uma articulação entre o individual e o social para estudar
uma forma de conhecimento particular.
33
Baltazar Fernandes
4.7. CLARIFICAÇÃO DO CONCEITO
De forma simples e, no contexto do senso-comum, vamos tentar perceber o
conceito de representação. Então, pesquisando um dicionário vulgar, concluímos
que representação vem do latim “repraesentare”. O dicionário Larousse refere que
em filosofia:
É a forma como um objeto é percebido pelo espírito e, em psicologia é uma
perceção, uma imagem mental, onde o conteúdo se refere a um objeto, a uma
situação, a uma cena etc. do mundo na qual o sujeito vive (Dicionário Larousse).
Das várias definições do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, escolhemos a
que refere: “Exposição verbal ou escrita do que temos na mente”, por ser a que
mais se aproxima do nosso quadro conceptual.
A representação é a ação de tornar real qualquer situação abstrata, através de uma
figura, de um símbolo, ou de um signo.
Estas diferentes definições constituem as palavras-chave que nos permitem
aproximar da representação: sujeito e objeto, figura, símbolo, signo, perceção e
ação.
O sujeito pode ser um indivíduo ou um grupo social. O objeto pode também ser
uma pessoa, uma coisa, um acontecimento material, psíquico, ou social, um
fenómeno natural, uma ideia, uma teoria, etc. Pode também ser real, imaginário ou
mítico, mas é sempre um requisito para a representação social.
A palavra perceção sugere o facto de se perceber um objeto pelos sentidos (visual,
auditivo, táctil) ou pelo espírito (operação mental).
•
O termo ação reenvia a apropriação do objeto apercebido pelo sujeito.
•
Imagem, figura, símbolo e signo são representações do objeto percebido e
interpretado.
Segundo Jodelet (1991), a representação social: “ est une forme de connaissance
socialement élaborée et partagée ayant une visée pratique et concourant à la
construction d’une réalité commune d’un événement social ” (Jodelet, 1991:36).
Articulando questões de fronteira entre a psicologia e a sociologia, as
representações sociais, permitem às pessoas e aos grupos configurar o seu meio
envolvente e agir sobre ele. Jean-Claude Abric define a representação “ comme
une vision fonctionnelle du monde, qui permet à l’individu ou au groupe de donner
un sens à ses conduites, et de comprendre la réalité, à travers son propre système
de références, donc de s’y adapter, de s’y définir une place ” (Abric, 2003 : 19 ).
No sentido de melhor se entender o conceito de representações sociais, vamos
evidenciar as suas principais características e funções. Assim, para percebermos a
complexidade dos aspetos que caracterizam e envolvem as representações sociais,
nos pontos seguintes, abordamos por um lado a representação social como
produto individual gerado num espaço social e, por outro lado como produção
coletiva dos atores sociais.
Posteriormente, abordamos as representações sociais numa tripla dimensão, onde
se envolve: o assunto em causa, o objeto de representação (objeto pensado) e o
contexto social no qual se insere o assunto e no qual se instalam as relações com o
objeto. Noutros termos, a representação depende de mecanismos cognitivos, das
características individuais dos sujeitos envolvidos, do assunto e da realidade social.
Mas se é certo afirmar que as representações sociais dependem de mecanismos
34
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
cognitivos individuais, é igualmente certo dizer que o indivíduo isolado
cognitivamente não existe. O indivíduo circunscreve-se, inevitavelmente, num
plano social, num quadro coletivo que determina a sua interação específica
(Moscovici, 1961/76:43).
A representação social é uma elaboração individual de um modelo social.
Efetivamente, uma representação social é determinada pela estrutura na qual se
desenvolve. “A sua estrutura interna, a ponderação dos elementos que a constituem
permitem conhecer ou aproximar as características do grupo a que se refere”
(Abric, 2003: 76).
No que respeita a origem das representações sociais, na obra “Representação Social
do Empresário em Portugal”, o seu autor refere:
Elas têm uma grande diversidade de origens, provém tanto dos indivíduos como
dos grupos, colocando uma forte acentuação nos processos comunicacionais.
Existe assim uma grande diferença entre representação social que é dinâmica e em
permanente construção e reconstrução através de interações entre indivíduos e
grupos e representação coletiva que é estática e invariável (Pereira, 2001:35).
Já Durkheim (1898) concebia a representação social como uma produção coletiva,
como uma forma de pensamento social. Para este autor, existe um isomorfismo
entre representação e instituição. Para Abric um dos critérios específicos da
representação social é a extensibilidade, que no entender de Vala (2002) trata-se de
um critério quantitativo. É, por conseguinte, coletiva, e manifesta assim a presença
de um grupo com uma organização comum que permite a definição, a delimitação
e a comparação deste, com outros grupos sociais (Abric, 1987:76).
Consequentemente, a representação social é gerada e partilhada por um grupo.
Dito de outra forma, a representação é social, quando o objeto de representação é
suficientemente consequente e importante, para conduzir o grupo social a
concretizá-lo através de julgamentos e opiniões. Trata-se de representações
autónomas, ou seja, de representações de um objeto social importante para o grupo
(Flament, 1982).
De acordo com Jodelet, a comunidade científica parece concordar em definir a
representação social como “ (...), uma forma de conhecimento socialmente
elaborado e partilhado, tendo uma finalidade prática da construção de uma
realidade comum de um conjunto social.” (Jodelet, 1991: 36).
Rouquette (1992) demonstrou como, a partir da divulgação dos rumores que
emergem aquando da ocorrência de um crime, estes (verdadeiros ou falsos) dão
lugar a um corpo de informações que vai largamente contribuir para a construção
de um conjunto de representações. A representação social explica assim acordos,
implícitos ou explícitos, entre os membros de uma comunidade.
Jodelet aborda a importância do papel da comunicação nos processos da formação
das representações sociais. “ (...), tem uma incidência nos aspetos estruturais e
formais do pensamento social, tanto mais quando compromete processos de
interação social, de influência, de consensos e de controvérsia” (Jodelet, 1991:37).
As representações sociais constituem uma visão partilhada sobre o mesmo objeto
num contexto social e cultural próprio, como por exemplo, a psicanálise estudada
por Moscovici (1961/1976).
O consenso representa efetivamente uma adesão coletiva a valores e normas, reais
ou implícitas e, contribui para estabelecer e reforçar a relação social entre os
35
Baltazar Fernandes
membros de um grupo. É assim que as representações sociais geram solidariedades.
Por conseguinte são geradas no coletivo e pelo coletivo, onde não podemos
esquecer o carácter individual de cada um dos elementos do grupo.
A teoria das representações sociais oferece um enquadramento específico que
favorece uma melhor compreensão das relações entre a pessoa, o grupo social e o
ambiente, permitindo assim perceber melhor as dinâmicas sociais que estão
implicadas.
Num estudo sobre as representações sociais, há quatro condições mínimas que
devem ser tidas em conta num desenho de investigação neste domínio. Tem a ver
com a complexidade do fenómeno em estudo, a diversidade das suas
manifestações, a ancoragem social e as relações entre representações e práticas.
4.8. VARIEDADE E RIQUEZA DO CONCEITO
De acordo com o postulado por Jodelet (1991) e já por nós aqui referido, a
representação social fica situada na interface do psicológico e do social,
apresentando um valor heurístico para todas as ciências sociais. Cada uma destas
ciências apresenta uma abordagem específica sobre a complexidade deste conceito.
Neste enquadramento as representações sociais devem ter em linha de conta os
aspetos: psicológicos, sociais, cognitivos e comunicacionais, relevando assim o seu
interesse no estudo das ciências sociais.
Não é possível, nem sustentável, como afirma Jodelet (1991), tentar estabelecer um
modelo unitário dos fenómenos representativos. Parece preferível que cada
disciplina contribua para aprofundar o conhecimento deste conceito, no sentido de
se enriquecer uma pesquisa de interesse comum. Então existem assim diferentes
aproximações que perspetivam e legitimam a maneira como se elaboram as
representações sociais, cada uma delas privilegiando um dado ângulo. Jodelet
(1991) salienta seis pontos de vista acerca da construção de uma representação
social:
•
A atividade cognitiva do sujeito é centrada numa atividade representativa. O
sujeito é social e portador: “des idées, valeurs et modèles qu’il tient de son groupe
d’appartenance ou des idéologies véhiculées dans la société ” (Jodelet, 1997: 69).
•
A representação social desenvolve-se quando o sujeito está em “situation
d’interaction sociale ou face à un stimulus social” (Ibidem). Evidenciando, “ les
aspects signifiants de l’activité représentative ”. O sujeito é “producteur de sens a
travers sa représentation s’exprime le sens qu’il donne à son expérience dans le
monde social ” (Ibidem). Por conseguinte, a representação social é elaborada a
partir de códigos sociais e de valores reconhecidos pela sociedade. Elas espelham o
reflexo de uma dada comunidade.
•
Uma terceira aproximação releva as representações sob o ângulo do discurso.
“Ses propriété sociales dérivent de la situation de communication, de
l’appartenance sociale des sujets parlants, de la finalité de leurs discours ”
(Ibidem).
•
A prática social da pessoa é valorizada numa quarta ótica. O sujeito é um ator
36
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
social, a representação que este possui “ reflète les normes institutionnelles
découlant de sa position ou les idéologies liées à la place qu’il occupe ” (Ibidem).
•
Assim tomando em linha de conta o aspeto dinâmico das representações
sociais, realça-se, que são as interações entre os membros de um grupo, ou entre
grupos, que contribuem para a construção das representações.
•
Um último ponto de vista analisa a manifestação das representações,
defendendo a ideia de uma “reproduction des schèmes de pensée socialement
établis” (Ibidem). O indivíduo é determinado, nos seus comportamentos e opções,
pelas ideologias dominantes do contexto em que está inserido.
A variedade destas diversas aproximações enriquece a fundamentação sobre os
fenómenos representativos. Jodelet evidencia, que o estudo das representações
conduz a muitos campos de investigação das representações, tais como: a educação,
a saúde, a doença, morte e o suicídio, ou a comunicação social, aspeto sobre a qual
Moscovici (1961/1976) insistiu particularmente. Numa outra perspetiva, Moliner
(1996) introduziu esta teoria no campo das organizações através da utilização do
método de indução por cenário ambíguo (ISA). Este método incorpora três
objetivos: identificar o conteúdo da representação social, delimitar os elementos
centrais e periféricos e identificar a centralidade dos mesmos.
Assim, num primeiro cenário, é solicitado aos sujeitos que redijam um texto sobre
o objeto da representação, que será posteriormente analisado. Seguidamente
constrói-se uma descrição ambígua do objeto da representação que deverá ter em
conta os seguintes pressupostos: nunca fazer referência explícita ao objeto
estudado, no nosso caso concreto podia ser a organização onde desenvolvemos
este estudo, não usando nenhuma das evocações verificadas no primeiro estudo.
A fase seguinte seria a de identificação dos elementos centrais. O cenário ambíguo
é apresentado a dois grupos de sujeitos, de duas maneiras diferentes. Assim, a um
grupo podíamos afirmar: A ULSAM, EPE é a organização mais representativa do
Alto Minho. Entretanto, ao outro grupo e na esteira do trabalho de Moliner (1996)
podíamos afirmar que a ULSAM, EPE não é uma organização, evidenciando em
contraponto que é uma corporação com fins sociais e não lucrativa.
A ideia base deste método é a de provocar alterações contínuas na estrutura de uma
representação, na perspetiva de isolar quais as cognições que reúnem maior
consenso por parte dos sujeitos do grupo experimental e assumem robustez
suficiente para se candidatarem ao núcleo central.
4.9. FORMAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Como temos vindo a afirmar a representação é um ato de pensamento que liga o
sujeito ao objeto. Nesta relação, sujeito/objeto, até à construção da representação,
temos processos de interpretação, simbolização e expressão. Assim, a representação
não é o reflexo de um objeto, mas antes o produto da atividade cognitiva do sujeito
e, das relações de interação que mantêm com o objeto.
Insistindo que a formação das representações sociais resulta de processos
cognitivos, Oliveira, 2008) propõe-nos três hipóteses para responder a estas
questões:
•
A hipótese da desejabilidade onde “um indivíduo ou um grupo procura criar
37
Baltazar Fernandes
imagens através das quais consiga expressar ou conceber as suas intenções, donde
os conteúdos ou dimensões a que recorrem são distorções subjetivas de uma
realidade objetiva ” (Oliveira, 2008:225).
•
A hipótese do desequilíbrio, “onde as ideologias, os conceitos, o
conhecimento formado acerca do mundo, são meios de resolver as tensões
psíquicas ou emocionais, isto é, são compreensões imaginárias que visam repor
uma estabilidade ou equilíbrio interno” (Ibidem).
•
Finalmente a hipótese de controlo, onde:
Os grupos criam representações que atuam como filtros das informações que
provém do ambiente exterior, de modo a controlar o comportamento individual, o
que pressupõe uma manipulação do processo de pensamento e da estrutura da
realidade (Oliveira, 2008:226).
Como já anteriormente referimos o conceito de representação social é,
simultaneamente, rico e complexo, que nem sempre se consegue definir com a
precisão necessária. Para nos começarmos a aproximar desta noção é necessário
ordenar e esquematizar as suas características. Neste sentido propõem-se as cinco
características de uma representação social:
É sempre uma representação de um objeto. Nunca existe uma representação sem
um objeto. A sua natureza pode ser a mais variada, mas é sempre essencial. Sem
objeto não existe representação social. “Ela exprime a relação de um sujeito com
um objeto, relação que envolve uma atividade de construção e de simbolização ”
(Vala, 2002: 461).
O objeto pode ser de natureza abstrata, como a loucura ou os média, ou referir-se a
uma categoria de pessoas (os médicos, os enfermeiros, por exemplo).
O objeto está em ligação com o sujeito “est le processus par lequel s’établit leur
relation” (Jodelet, 1991). O sujeito e objeto estão em interação e influenciam-se um
ao outro. No prefácio do livro de Claudine Herzlich (1969), Moscovici escreveu:
il n’y a pas de coupure entre l’univers extérieur et
l’univers intérieur de l’individu (ou du groupe). Le
sujet et l’objet ne sont pas foncièrement distincts …
se représenter quelque chose, c’est se donner
ensemble, indifférenciés le stimulus et la réponse.
Celle-ci n’est pas une réaction à celui-là, mais, jusqu’à
un certain point, son origine (Moscovici, 1969:5).
Num estudo de representações interessa-nos o fenómeno de interação entre o
sujeito e o objeto. A este propósito Herzlich, define no seu estudo “saúde e
doença” para o ajudar: “de comprendre les attitudes et le comportement qu’elles
(les représentations sociales) engendrent, le savoir qui circule à leur propos, dans la
relation même qui se crée entre l’individu, la santé et la maladie” (Herzlich, 1969 :
32).
Através do seu carácter interpretativo, as representações sociais ajudam a
compreender as noções abstratas. Ligam as coisas, as palavras e materializa os
conceitos. Jodelet cita o exemplo da noção de peso, descrita por Roqueplo:
O senso comum utiliza a noção de peso dado que tem uma evidência sensível para
interpretar a noção de massa, conceito abstrato definido cientificamente depois de
três séculos e que faz parte da nossa formação escolar e da nossa cultura
38
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
(Roqueplo,1974:71).
As representações sociais têm duas faces; uma figurativa e outra simbólica. Na
figura, o sujeito simboliza o objeto, que posteriormente interpreta e lhe dá um
sentido num contexto simbólico. Para Rouquette e Rateau (1998), é no sentido que
está a qualidade mais evidente das representações sociais. Estas têm ainda uma
característica construtiva da realidade social:
toute réalité est représentée, c’est-à-dire appropriée par l’individu ou le groupe,
reconstruite dans son système cognitif, intégrée dans son système de valeurs
dépendant de son histoire et du contexte social et idéologique qui l’environne
(Abric, 2003:23).
As representações sociais têm uma característica autónoma e criativa. Com os
contributos de Moscovici (1961/1976), concluíram-se três níveis de representações
sociais: hegemónicas, emancipadas e polémicas.
As representações sociais hegemónicas configuram níveis de estruturação e partilha
de valores largamente enraizados num dado grupo como, por exemplo, um partido,
uma religião. Nas representações sociais emancipadas, os laços não estão tão
enraizados. Embora haja cooperação entre os grupos, há significados diferentes
sobre o mesmo objeto ou assunto, podemos referir a título de exemplo, como
dentro do mesmo partido as pessoas têm significados diferentes sobre as mesmas
questões.
As representações polémicas são resultantes de crises e conflitos sociais. Estes tipos
de representações são caracterizados pelas posições antagónicas ou de diferenciação
marcante, existentes entre os grupos. A título de exemplo referimos como a
posição sobre a ajuda externa a Portugal é percebida de forma diferente de acordo
com o contexto cultural e ideológico que é defendida.
4.9.1.
A OBJETIVAÇÃO
Na análise do processo de objetivação em contexto de pesquisa de representações
sociais, temos que ter em conta dois pressupostos fundamentais: o campo
semântico e a formalização de conceitos e definições destinadas à compreensão
racional de um dado objeto inserido nesse mesmo campo semântico. O campo
semântico, ou universo representacional, refere-se a variabilidade de conceitos que
se relacionam com uma determinada pesquisa e que se organizam e hierarquizam
numa dada estrutura.
A objetivação é essencialmente uma operação formadora de imagens. Configura a
forma como se constituem os elementos integrantes da representação e o modo
como adquirem materialidade e se tornam expressões de uma realidade pensada
como natural (Vala, 2002: 465).
Segundo este autor este processo implica três etapas: em primeiro lugar a
descontextualização da informação através de critérios normativos e culturais; em
segundo lugar, a formação de um núcleo figurativo, que implica a formação de uma
estrutura que traduz de maneira imaginativa uma dimensão conceptual e,
finalmente, a naturalização, ou seja, a transformação destas figuras em elementos
reais.
Na seleção e contextualização dos elementos de uma representação como, por
exemplo, do aborto ou da eutanásia, a informação não é ponderada da mesma
39
Baltazar Fernandes
forma por católicos e ultraliberais, porque esta terá sempre em linha de conta o
carácter normativo e cultural do grupo que interpreta a representação.
Na naturalização o modelo figurativo vai permitir que a cada um dos elementos da
representação se transforme e adquira naturalidade tornando-os mais reais.
Objetivação é assim um processo pelo qual se transforma um objeto complexo e
abstrato, numa imagem e objeto concreto. É uma operação mental que objetiva
resolver o excesso de significados próprios do objeto e efetuar simplificações com
que se possa falar de uma realidade complexa e abstrata em termos suficientemente
claros de forma a ser entendida por aqueles com quem comunicamos.
Neste contexto a objetivação assume uma função social importante, dado que as
representações modificam-se. E se elas se modificam então devem ser
suficientemente “comuns”, para ser entendidas por todos com quem interagem.
Segundo Abric, a objetivação é: “ensemble d´opérations, principalement d´ordre
analogique, de traduction d‘un champ de production du savoir à un autre champ
tourné vers la consommation de ce savoir ” (Abric, 2003:41).
Objetivar é resolver um excesso de significações e materializa-las. Tornar concreto
o que é abstrato (Moscovici, 1961/1976; Jodelet, 1984), isto é “mostrar como os
elementos da representação se organizam e ao mesmo tempo como adquirem a
imagem de algo que é visto como natural” (Pereira, 2001:25). O processo de
objetivação permite às pessoas apropriar-se e integrar os fenómenos e saberes
complexos, permitindo a escolha das informações em função de critérios culturais
e, sobretudo normativos onde se seleciona uma parte dos elementos.
Segundo Vala (2002) este processo compreende três etapas: construção seletiva, a
esquematização e naturalização.
•
A Construção Seletiva;
Num primeiro estádio as informações gerais acerca do objeto da representação
sofrem um processo de seleção e descontextualização. Assim, “se certos elementos
são esquecidos outros são desenvolvidos, majorados e tornados nucleares na nova
mensagem” (Vala, 2002: 466).
•
A Esquematização;
A esquematização é a segunda etapa da objetivação e corresponde à organização
dos elementos. A cada elemento corresponde uma imagem que permite a
materialização de um conceito ou de uma palavra. A dimensão icónica dos
esquemas é uma das formas mais interessantes da abordagem do processo de
objetivação. Nesta fase os conceitos retidos no esquema figurativo adquirem
materialidade. Assim, não só o abstrato se torna concreto através da cadeia
figurativa, como o que era perceção se torna realidade, aproximando os conceitos
da realidade. Naturalmente, como veremos no decurso do nosso estudo, local de
trabalho, salário e percurso profissional, são conceitos fortemente enraizados no
contexto do grupo.
•
A naturalização;
Este processo resulta na formação de um modelo ou núcleo figurativo: As
informações retidas organizam-se num núcleo simples, concreto, representativo e
coerente das normas sociais. Assim, as informações retidas este núcleo figurativo
assumem um estatuto de evidência relativamente às demais.
40
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
4.9.2.
A ANCORAGEM
A ancoragem é designada como a operação mental que vai permitir incorporar
qualquer coisa que não conhecemos, ou conhecemos pouco, aproximando-a de
qualquer coisa que já conhecemos. É a abordagem pela qual percebemos o que é
ancorado na memória e que pode enquadrar informações novas. É um processo
simples e natural que consiste na resposta de uma associação interna (emoção,
sentimento) a um estímulo externo. O simples facto de se desencadear um dado
estímulo é suficiente para nos consciencializar de toda a experiência que lhe está
associada. As “âncoras” podem ser visuais, auditivas, olfativas ou gustativas.
O processo de ancoragem sustenta-se, também, nas experiências do reflexo
condicionado, introduzidas na teoria do comportamento pelo fisiólogo usso Ivan
Pavlov. Um dos exemplos literários mais conhecidos como ponto de ancoragem
situa-se no contexto gustativo, foi descrito por Marcel Proust. O autor explica-nos
como todas as recordações da sua infância eram experienciadas quando degustava
uma “madalena” como as que apreciava quando era criança. Hoje em dia muitos
psicoterapeutas recorrem a processos de ancoragem, ou dito de outra forma aos
condicionamentos que estes nos indicam, para minimizar ou corrigir
comportamentos, ditos desviantes ou patológicos.
Por exemplo a técnica de “desativação da ancoragem” é utilizada quando o sujeito
está num estado emocional negativo, que lhe ocupa as suas competências e
recursos cognitivos. Então, nesta situação procura-se que aconteça toda a inversão
deste processo, identificando, ou criando uma “âncora” positiva capaz de
contrabalançar, ou inverter toda esta situação.
Realisticamente, no nosso quotidiano, quando usamos a expressão “pensar
positivo” queremos, quase de uma forma natural e não tanto reflexiva, libertar o
sujeito de conotações negativas (ancoragens) para uma situação que arrecade e
forneça a esse mesmo indivíduo uma outra lógica, ou nova forma de entendimento
dessa situação. Dito por outras palavras, estamos a procurar fazer a reversão de
uma dada situação invertendo estádio de ancoragem.
Um passo importante em qualquer estudo de representações sociais é a
determinação do seu conteúdo e perceber como os diferentes conceitos se
estruturam e ligam entre si. Diferentes tipos de análise de dados podem ser
utilizados para identificar o universo semântico que constitui uma representação e
definir laços estruturais que as unem e hierarquizam.
Assim, tal como foi referido por Doise:
étudier l’ancrage des représentations sociales, c’est chercher un sens pour la
combinaison particulière de notions qui forment leur contenu. Ce sens ne peut pas
être défini par la seule analyse interne des contenus sémantiques d’une
représentation : il se réfère nécessairement à d’autres significations régissant les
relations symboliques entre acteurs sociaux. Autrement dit, la signification d’une
représentation sociale est toujours imbriquée ou ancrée dans des significations plus
générales intervenant dans les rapports symboliques propres à un champ social
donné (Doise, 1992:189).
O autor, então, identifica três formas de âncora;
41
Baltazar Fernandes
•
âncora psicológica focalizada no envolvimento das crenças gerais e valores, tal
como a crença num mundo justo e igualitário, organizando-se as âncoras em torno
das representações das relações simbólicas de uns com os outros (Doise, 1992:
189). Na verdade, diz Doise, a compreensão dos outros, a partir de nós, baseia-se
nas crenças amplamente partilhadas, com intensidades diferentes dos membros de
uma dada comunidade. Este tipo de âncora é qualificado por este autor de âncora
“psicológica” na medida em que se relaciona principalmente com a análise e
organização das ligações na relação do individual e interpessoal, na forma como o
indivíduo se representa a si e o campo social onde está inserido (Doise, 1992:90).
•
âncora sociológica centra-se no entrelaçamento das representações sociais, na
forma como os indivíduos representam as posições ou as relações entre os grupos
sociais (Ibidem), tais como a relação entre os grupos de negócios, as relações entre
classes sociais, ou entre grupos étnicos, entre homens e mulheres, etc. Este tipo de
âncora é chamada “sociológica” porque se refere à organização de grupos sociais,
bem como as relações sociais entre os grupos. Este nível também reflete como um
indivíduo representa a relação entre as diferentes categorias sociais.
•
psico-âncora que faz a ligação entre as representações sociais e afiliações
sociais ou posições ocupadas por indivíduos particulares (Doise, 1992:189). Este
tipo de âncora é assim descrita porque se concentra na forma como os indivíduos
são simbolicamente vistos nas relações sociais ou em um determinado contexto
social, e como eles representam as posições sociais e os respetivos estatutos dos
diferentes membros de um grupo social, bem como o seu posicionamento pessoal
dentro desse grupo.
Este aspeto relaciona-se com a integração cognitiva do objeto representado no
sistema de pensamento pré-existente. É, como na objetivação, com a construção
formal do conhecimento, mas o processo de ancoragem incorpora um corpo de
conhecimento familiar.
Este processo consiste na necessidade de tornar conhecido o que é novo, para
tornar o que nos assusta em reconfortante, tornando compreensível o que, à
partida ainda não o é. É a forma de colocar um novo objeto num quadro de
referência conhecido, de forma a podermos interpretá-lo.
O surgimento do SIDA na década de oitenta dá-nos um exemplo interessante deste
processo. Por um lado, este foi imediatamente comparado a outras epidemias da
antiguidade, tão familiares, como a lepra ou sífilis. Le Pen, político conservador
Francês, chegou mesmo a propor a criação de “sidatoriums” a exemplo do modelo
de sanatórios para tuberculose ou a lepra existentes na época medieval. Além disso,
o SIDA foi inicialmente indexado a certas categorias de pessoas: homossexuais,
viciados em heroína, e hemofílicos. Esta representação do SIDA como sendo
específico para determinados grupos sociais foi considerada durante bastantes anos
um fator chave na propagação da epidemia, dado e como posteriormente se
concluiu que não há grupos específicos de risco, mas os mais ou menos
vulneráveis.
Este modo focalizado de pensamento comporta mecanismos gerais como
classificação, categorização, estigma, etc. O sistema de representação fornece os
enquadramentos e pontos de referência que, na âncora serão classificados e
familiarizados, para melhor percebermos a representação social deste fenómeno.
Objetivação e ancoragem não são assim dois processos interdependentes. Deste
42
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
modo podemos então dizer que a objetivação e ancoragem são as duas faces da
mesma moeda, onde tudo depende do lado que a olhamos a “figura” que nos
oferece e as emoções que em nós desperta.
Ancoragem é um processo que se serve do que é familiar, como ponto de
referência para tornar um objeto desconhecido num objeto conhecido, “Si
l´objectivation dote chaque signification d´une figure, l´ancrage établit la relation en
accolant à chaque figure une signification” (Moscovici,1961/1976:371). É o
“enraizamento social da representação e do seu objeto” (Jodelet, 1984:375).
Este processo comporta múltiplos aspetos:
•
O sentido: Como o objeto representado é percebido pelo grupo interessado
na representação. É através do sentido que a sua identidade social e cultural se
exprime.
•
A utilidade: Os elementos da representação não incorporam os repertórios
sociais, mas contribuem para constituí-los. O sistema de interpretação dos
elementos da representação tem uma função de mediação entre o indivíduo e o seu
meio envolvente e entre os membros de um mesmo grupo.
•
A linguagem comum: onde se criam e estabelecem as relações entre os
indivíduos e os grupos, a partir de uma representação socialmente partilhada, que
permite a comunicação entre uns e outros. O sistema de referência assim elaborado
exerce também influência sobre os fenómenos sociais. Os enraizamentos num
sistema de pensamento preexistente ajudam a integrar novos dados, os indivíduos
ou membros dum grupo, classificam-nos e colocam-nos em quadros de referência
socialmente estabilizados.
Os constrangimentos e determinações verificados num determinado momento e
contexto são associados aos elementos da representação, regulando-os em termos
de comportamentos prescritos, ou preexistentes.
O processo de ancoragem situa-se numa relação dialética com a objetivação,
articulando as três funções base da representação: a função cognitiva com a
integração da novidade, a função de interpretação da realidade e, a função de
orientação de condutas e dos repertórios sociais. A este propósito Pereira
(2001:27), citando Jesuíno, refere “objetivação e ancoragem se encontram numa
relação circular e que são um processo integrado, onde a única diferença reside na
posição em que nos colocamos”. Também neste enquadramento Vala, (2002:465)
refere que os processos de objetivação e ancoragem estão intrinsecamente ligados.
4.9.3.
ANCORAGEM E GRUPOS SOCIAIS
Cada grupo social desenvolve uma cultura e valores próprios que o ajudam a
diferenciá-lo dos outros grupos. O sistema de valores pré-existente serve para
explicar como o processo de ancoragem difere de um grupo para outro. Portanto,
não é surpreendente que a integração de novos valores dê origem a elaboração
diferentes representações. Assim, retornando à obra de Moscovici (1961/1976) La
psychanalyse, Son image et Son Public podemos afirmar, que os diversos grupos
deram origem a significados diferentes, sobre o mesmo objeto, de acordo com o
seu sistema de valores. Neste sentido, não será de estranhar que os católicos
tenham tendência a associar a psicanálise à confissão, os comunistas a contestem e
os comportamentalistas a neguem.
43
Baltazar Fernandes
Então, quase naturalmente os grupos hostis à psicanálise vão manifestar-se contra
todos os que a usam, ou defendem, tentando cada um dos grupos sobrepor os seus
valores relativamente aos grupos que assumem posições contrárias às suas. Assim,
os comunistas vão ver a psicanálise como um luxo desnecessário e de uso exclusivo
para os ricos enquanto os mais abastados vão referir a psicanálise como uma nova
metodologia de tratamento para as suas mazelas.
Assim, retomando ao objeto do nosso estudo, não é de estranhar que os elementos
dos centros de saúde que foram posteriormente integrados, também venham a
revelar comportamentos hostis, traduzidos em sentimentos de insatisfação,
ansiedade, revolta ou medo. Contudo, não queremos com isto dizer que haverá
lugar à criação de novos valores resultantes do processo de criação da ULSAM,
mas deste processo emergem certamente novos significados.
Resumidamente, insistindo que as representações sociais expressam uma relação
entre grupos, da mesma forma, podemos afirmar que a criação da ULSAM será
representada como estando associada a determinados grupos profissionais:
médicos, técnicos superiores, enfermeiros, etc., no mínimo em duas dimensões
distintas: os que estão a favor e os que estão contra. Normalmente, os grupos
hostis a determinado enquadramento social ou organizacional vão demarcar-se dos
grupos que o defendem, como adiante poderemos constatar.
Na interatividade social os grupos expressam sua identidade pelas âncoras que os
unem.
As representações sociais, por vezes, em contextos de grupo, podem assumir uma
função de apoio, particularmente quando partilham os mesmos valores. Muitas
vezes, em relatos de discriminação (ou estereótipo), a representação que fazemos
de outra pessoa é usada para justificar a ação, que nos induz, relativamente a ela.
Por exemplo, nos Estados Unidos, a representação social que os brancos têm dos
negros, como sendo violentos e intelectualmente inferiores, ajuda a justificar o
contexto social em que são enquadrados (guetos sociais, o limitado acesso a
emprego de prestígio, etc.). Do mesmo modo, na geografia do nosso estudo,
podemos dizer que o hospital é tido como o local onde se “salvam vidas” e
recebem cuidados de alta qualidade, onde vale à pena esperar para ser atendido
(Novo, 2010).
4.10. ESTRUTURA E DINÂMICA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Uma representação define-se por dois componentes: Os elementos constituintes de
uma parte e a sua organização, ou seja, a forma como se ligam e hierarquizam os
elementos de uma a outra parte. Doutro modo, trata-se do conteúdo e da estrutura
da representação. Os elementos que a compõem são interdependentes e a coerência
da representação é baseada nessa relação. Na prática para estudar uma
representação social é necessário descobrir os elementos ditos de invariantes ou
estruturais e as relações que os ligam.
Logo que uma representação se cria, dois processos se colocam em curso: a
objetivação com a construção de um nó figurativo e a ancoragem “Estes processos
são processos sociocognitivos no sentido em que (….), são processos cognitivos
socialmente regulados, e referem-se a regulações normativas que verificam as
44
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
operações cognitivas ” (Vala, 2002: 465).
4.11. ORGANIZAÇÃO
PERIFÉRICO
INTERNA:
SISTEMA
CENTRAL
E
SISTEMA
Até aqui abordámos por um lado a estrutura interna das representações sociais de
maneira sumária. Por outro lado, definimos a noção de modelo na teoria do núcleo
central. Para concluir, veremos como a aplicação de práticas novas por
determinados grupos profissionais confrontados com uma dada situação pode
determinar a transformação das representações sociais a diferentes níveis.
Os comportamentos que os diferentes colaboradores de uma dada organização
assumem, em contextos de mudança, têm muito mais a ver com a representação
que fazem da situação, dos significados que lhes dão, do que com a própria
dimensão que o processo da mudança encerra em si mesmo. Muitas vezes são os
ruídos organizacionais, até sem sentido, feitos na base da desinformação e
contrainformação, que ajudam a modelar o estado de uma representação,
dificultando ou empecilhando o processo de mudança que se pretende instituir.
Ora, em situações de mudança organizacional, não raras vezes somos confrontados
com situações de transformação da representação. Numa organização em mudança
os cenários seguintes são possíveis:
Quando aparecem novas práticas que estão em desacordo com a representação
formada, gera contradição, que é suportada por mecanismos de racionalização, à
base de construção de mecanismos de defesa, gerando mecanismos de
transformação resistente. Mas se a prazo, as novas práticas prevalecem e até
aumentam de frequência, de modo que já não são suportadas pelos mecanismos de
defesa, temos uma situação de transformação brutal. Mas se o contexto da
mudança for do tipo adaptativo, estaremos então perante um quadro de
transformação progressiva.
Foi na base destas constatações que Abric (1971) procurou mostrar que na
representação social existem elementos centrais em torno dos quais a representação
social se organiza.
A questão das representações sociais tem sido objeto de estudo de duas correntes: a
estruturalista de Abric (1971), centrada na teoria do núcleo central e a genética,
desenvolvida por Doise (1986) que assenta na teoria dos princípios geradores de
tomada de posição. Os desenvolvimentos estruturalistas deram um substantivo
contributo à forma como as representações se organizam, recorrendo à estrutura
semântica da memória de longo prazo, organizando-se em nós e ligações (arcos)
entre eles. Os nós têm níveis de ligações diferentes. Quanto mais ligações receber
mais central será o nó (Pereira, 2001:29).
A estrutura das representações contém dois sistemas fundamentais:
Um central e outro periférico, que em permanente dinâmica, influenciam as
ancoragens e as tomadas de posição, colocando em relevo duas dimensões, uma
individual, através das atitudes que influenciam os princípios organizadores das
tomadas de posição e outra social através das pertenças grupais (Pereira, 2001: 37).
A partir do esquema teórico de Abric (1976; 1984) e de Flament (1994)
45
Baltazar Fernandes
fundamenta-se a hipótese geral, que todas as representações sociais são organizadas
em redor de um núcleo central, cuja organização estrutura o conjunto do campo
representativo em relação a um dado objeto.
A partir dos primeiros trabalhos da escola cognitiva, diversos investigadores
debruçaram-se sobre a ideia da existência de um núcleo causal que dá significado a
um conjunto de acontecimentos e permite assim uma visão coerente. Contudo, a
ideia de núcleo duro não é nova, já Asch (1946) mostrou que no domínio percetivo
há centralidade relativa dos diferentes elementos da representação. Chombart de
Lauwe (1971) fala núcleo estático, Doise (1985) de princípio organizador, de
Mugny e Carugati (1985) de núcleo duro.
Subsequentemente, numerosos trabalhos experimentais (Abric, 1987; Flament e
Moliner, 1994; Moliner, 1988,1992; Rouquette e Guimelli, 1992) vão no sentido
desta hipótese que atesta e defende este tipo de estrutura das representações sociais.
Assim, no alinhamento do teorizado pela corrente estruturalista, as representações
são constituídas por um sistema central e um sistema periférico, que traduzem
entidades complementares, tendo, cada um, funções específicas e bem
diferenciadas. O sistema central apresenta as características seguintes (Abric,
1994:21):
•
É determinado pela história do grupo, pelas suas referências ideológicas e
normativas, assim, é extremamente marcado, pela memória coletiva;
•
Tem uma função consensual porque constitui a base comum coletivamente
compartilhada das representações sociais;
•
A sua estabilidade, a sua coerência e a resistência às mudanças permitem-lhe
assegurar uma segunda função, de continuidade e permanência da representação.
Finalmente é pouco sensível ao contexto imediato.
Os elementos periféricos são governados pelo núcleo central que determina em
grande parte as suas funções. Têm um papel essencial na dinâmica das
representações sociais porque podem ser definidos como modelos, prescritores de
comportamentos (Flament, 1988). Assim, o sistema periférico tem como primeira
função a preservação do sistema central em termos de conduções ou tomadas de
posições. É graças a ele que as representações podem ancorar-se na realidade do
momento. Contrariamente, o sistema central é muito menos flexível e evolutivo, o
que lhe permite assegurar uma segunda função de regulação e adaptação deste à
realidade concreta na qual o grupo está organizado.
São os elementos periféricos que protegem o núcleo central, é neste sentido que
alguns destes elementos podem ser transformados sem que haja uma diminuição do
significado central. O sistema periférico permite a integração de variações
individuais ligadas à história dos grupos. Ora na perspetiva estruturalista, duas
representações diferem unicamente se os seus núcleos centrais não são os mesmos.
Noutros termos, dois grupos podem ter a mesma representação de um objeto pelo
seu núcleo central, mas os modelos periféricos têm uma representação diferente,
por razões de circunstância, nomeadamente das práticas individuais (Guimelli,
1988).
Dito de outra forma, as representações sociais podem ser consensuais pelos seus
núcleos centrais, mas podem absorver fortes diferenças inter-individuais nos seus
sistemas periféricos. É a articulação deste duplo sistema que permite as
representações sociais assumir a sua função essencial: a adaptação sociocognitiva.
46
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
As representações sociais são constituídas por um conjunto de elementos ou
modelos cognitivos, estruturados e hierarquizados. Efetivamente, alguns destes
elementos ocupam uma posição estruturante que constitui assim o núcleo central.
Este pode ter um, ou vários, elementos cognitivos que mantêm entre si relações
fortemente conexas. Estes elementos ocupam uma posição privilegiada no campo
representativo, porque o núcleo central constitui o “coração” da representação. É o
elemento mais estável e mais resistente à mudança, que assegura a coerência interna
da representação que garante a identidade, a estabilidade e a perenidade do grupo
(Guimelli, 1988).
O conjunto do campo representativo compreende, por conseguinte, os elementos
ou modelos cognitivos centrais mas igualmente os elementos periféricos. Estes
desempenham um papel diferente. Estão sob a dependência do núcleo central que
determina a sua ponderação e, o seu alcance no campo de representação. Assim, a
importância que pode tomar um elemento periférico no campo representativo
depende essencialmente da estrutura e significado do núcleo central para o assunto
(Guimelli, 1988:19). Os elementos periféricos são muito mais flexíveis e mais
evolutivos que os elementos centrais. Podem, sob o efeito de práticas novas mais
ou menos contraditórias com a representação, sofrer uma transformação, sem que
o núcleo central seja posto em causa, assegurando assim a proteção dos elementos
centrais.
4.12. AS FUNÇÕES DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
São várias as funções das representações sociais como seguidamente se descrevem:
•
As funções cognitivas:
As representações sociais permitem aos indivíduos integrar novos dados nos
quadros de pensamento, como Moscovici (1961/1976) pôs em evidência a
propósito da psicanálise. Estes conhecimentos, ou estas ideias novas, são mais
particularmente disseminadas por certas categorias sociais: jornalistas, médicos,
políticos, formadores etc.
•
As funções de interpretação e de construção da realidade:
As representações sociais são uma maneira de pensar, de interpretar o mundo e a
vida quotidiana como anteriormente referimos. Os valores e o contexto social no
qual se elaboram têm uma incidência sobre a construção da realidade. Existe
sempre uma parte de criação individual e outra coletiva das representações, porque
elas nunca são fixas mesmo que evoluam lentamente.
•
As funções de orientação das condutas e dos comportamentos:
As representações sociais são portadoras de sentido, criadoras de lugar. Deste
modo, elas asseguram uma função social. As representações ajudam as pessoas a
comunicar, a integrar-se e agir no seu meio envolvente.
•
As representações sociais têm um caráter normativo:
As representações sociais também têm um aspeto prescritivo, definindo o que é
lícito, suportável ou inaceitável num determinado contexto social, orientado para os
comportamentos e atitudes a adotar (Abric, 1994:17).
•
E ainda as funções de identidade:
As representações sociais têm também por função situar os indivíduos e os grupos
47
Baltazar Fernandes
no campo social permitindo a elaboração de uma identidade social e pessoal
gratificante, compatível com os sistemas de normas e valores socialmente e
historicamente determinados “Partager une idée, un langage, c’est aussi affirmer un
lien social et une identité” (Abric, 1987:18).
Na vida quotidiana, temos representações da realidade que não são necessariamente
erradas. Na maioria dos casos, elas até nos permitem adaptar de forma eficaz e
eficiente ao mundo que nos rodeia.
O nosso mundo é muito complexo, com enormes quantidades de informações que
chegam até nós constantemente. Assim, seria impossível processar detalhadamente
todas estas informações para nos adaptarmos à realidade. Neste sentido,
precisamos de «filtros» de interpretação que nos permitam equacionar de forma
rápida e eficiente este conjunto de vários estímulos. Precisamos sentir,
compreender e controlar o que acontece connosco, para ter certeza, que evidências
se devem ancorar, porque as representações sociais desempenham o papel de
“quadro de referência” da realidade.
•
As representações sociais enquadram também, as funções de justificação das
práticas:
Elas parecem-nos muito ligadas às funções precedentes. Estas refletem
particularmente as relações entre grupos e os julgamentos que cada grupo vai fazer
de outro, justificando a jusante as tomadas de posição e os comportamentos.
Segundo Abric, trata-se de um: “nouveau rôle des représentations: celui du
maintien ou du renforcement de la position sociale du groupe concerné ” (Ibidem).
Depois da recolha e análise do conteúdo das representações sociais, torna-se
necessário examinar a organização e a estrutura destas, o mesmo é dizer a maneira
como elas se hierarquizam e articulam entre si
4.12.1. As Funções do Núcleo Central
Como já ficou referido, o núcleo central é o elemento mais estável da
representação. É muito difícil modificá-lo, nesta perspetiva Mugny e Carugati
(1985) falam de núcleo duro. É à volta deste que se organizam os elementos
periféricos. A mudança do núcleo central implica uma mudança da representação
social (Pereira, 2001:30).
É este núcleo central que permite determinar, conforme referiu Flament (1994) se
uma representação é ou não autónoma. É autónoma se o princípio organizador
(núcleo central) em si mesmo é único.
A teoria do núcleo central procura explicar as diferenças individuais a partir do
sistema periférico. Para a teoria do núcleo central as diferenças individuais são
materializadas nas diferentes organizações do sistema cognitivo, a partir de crenças
normativas que impõem modulações diferentes.
A sua dimensão é essencialmente qualitativa. A frequência do aparecimento de um,
ou vários, elementos no discurso dos sujeitos, não nos permite afirmar que se trata
de elementos que constituem o núcleo central. Pelo contrário, dado que eles
integram um número elevado de relações com o conjunto de outros elementos,
dando-lhe um significado, considerando-se que a importância quantitativa
(frequência) é um indicador pertinente da centralidade.
48
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
O estudo qualitativo dos diferentes itens de uma representação, deve ter em linha
de conta, as relações estabelecidas entre os elementos, para poder determinar o
núcleo central, tendo por base esta questão fundamental: de que elemento emerge o
significado da representação?
O núcleo estruturante tem duas funções principais:
•
Uma função geral: onde o núcleo central está na origem dos diferentes
elementos da representação, dando-lhe sentido Abric (1987). É através deste, que
se determina e percebe o significado dos outros elementos que constituem a
representação.
•
Uma função organizativa: que determina a natureza das ligações que se
estabelecem entre os elementos da representação. Só quando o núcleo central é
modificado é que a representação se transforma. Abric (1987) fala em dimensão
normativa, onde os elementos centrais são constituídos por uma norma, um
estereótipo, ou uma atitude dominante para o objeto da representação.
O conteúdo do núcleo central é constituído por elementos que dão sentidos à
representação:
•
A natureza do objeto representado;
•
A relação deste objeto com sujeito ou grupo;
•
O sistema de valores e de normas (o contexto ideológico).
4.12.2. As Funções dos Elementos Periféricos
Mesmo sendo o núcleo central o fundamento da representação, os elementos
periféricos têm um lugar importante na representação, assim:
Eles compreendem as informações retidas, selecionadas e interpretadas, os
julgamentos formulados a propósito de um objeto e da sua envolvente, os
estereótipos e as crenças. Eles constituem a interface entre o núcleo central e a
situação concreta da elaboração e funcionamento da representação (Abric, 1987:
25) tradução nossa.
Estes funcionam como grelha de descodificação de uma situação, segundo a
expressão utilizada por Claude Flament (1994) que lhe atribui três funções
essenciais:
Uma função prescritiva: os elementos periféricos indicam o que é conveniente
fazer (que comportamentos a adotar) ou doutro modo que posição tomar segundo
as situações. Eles dão as regras que permitem “compreender cada um dos aspetos
de uma situação, de prevê-los ou deduzir e de tomarem em linha de conta o
discurso e as condutas apropriadas” (Rouquette e Rateau, 1998:35).
Também uma função de personalização das representações e das condutas
que lhe estão relacionadas. Estas permitem certa flexibilidade nas representações
que têm em conta a apropriação individual e do contexto nas quais elas se
elaboram. Esta função une a de regulação definida por Abric, segundo a qual os
elementos periféricos permitem a adaptação da representação nas evoluções de um
dado contexto.
Ainda uma função de proteção do núcleo central (ou função de defesa como
refere Abric (1994): O sistema periférico funciona como um “para-choques” do
núcleo central da representação.
49
Baltazar Fernandes
Deste modo enquanto o núcleo central é muito resistente à mudança inversamente,
os elementos periféricos permitem a integração de elementos novos na
representação, que conduz, a termo, à sua transformação.
Para Flament (1994) os elementos periféricos são os modelos que indicam o que é
normal, ou não é numa dada situação.
Dependendo de certas circunstâncias os elementos periféricos, considerados
normais, podem transformar-se em elementos estranhos. Assim, para que isto
aconteça são definidas quatro componentes:
•
A noção de normal;
•
A designação do elemento que causa estranheza;
•
A afirmação de uma contradição entre estes dois termos;
•
A proposição de uma racionalização que permita suportar (no decurso do
tempo) a contradição.
4.13. A NOÇÃO DE MODELO NA TEORIA DO NÚCLEO CENTRAL
Flament (1996) completa e matiza a teoria do núcleo central introduzindo uma
nova conceção. Mostra que os elementos periféricos podem ser considerados como
modelos. Estes têm então um papel decisivo no funcionamento da representação
social.
Existem diversas referências teóricas sobre este conceito. Citamos, por exemplo, a
teoria dos certificados ou modelos de acontecimentos de Schank e de Abelson
(1977). Um certificado descreve sequências de atos essenciais vividos pelo sujeito.
Flament dá o exemplo de um certificado “como a ida ao restaurante que vai
resumir-se em x sequências entrar, encomendar, comer, pagar, sair” (Flament
1994:51).
Há uma diferença notável entre a teoria dos certificados e a teoria do núcleo
central. Na teoria dos certificados, estes traduzem entidades autónomas que vão
impor-se ao assunto em causa, devido à importância de certos aspetos destes
certificados em relação a uma situação, ou então devido à experiência pessoal e
social do sujeito.
Na teoria do núcleo central não é assim, existe uma evidência num modelo que é
ditado pelo significado global que se liberta da estrutura central (Guimelli,
1988:160). O que quer dizer que a evidência dum dado modelo periférico é
determinada pela estrutura central da representação social e não pela situação. Sabese que o núcleo central é constituído de noções fortemente conexas. Esta estrutura
pode ser considerada como o princípio descritivo do objeto da representação.
Consequentemente, cada elemento, ou a junção de elementos do núcleo central
deverão manter uma relação de implicação com um, ou vários, elementos
periféricos. Como refere Flament, “considerar os elementos como modelos
periféricos de uma representação social, é afirmar que são organizados pelo núcleo
central” (Flament, 1994:44). Os modelos, na teoria do núcleo central, são
sequências interpretativas que permitem analisar a situação com que nos
deparamos. Estes modelos correspondem aos diferentes aspetos do objeto de
representação e podem tomar diversas formas: crenças, julgamentos, opiniões, etc..
Os modelos periféricos asseguram o funcionamento quase instantâneo da
50
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
representação como grelha descodificadora de uma situação: indicam a maneira, às
vezes muito específica, do que é considerado normal e, por contraste, o que não o
é, ajudando-nos a definir o que é necessário compreender e memorizar. Estes
modelos permitem que a representação funcione eficientemente, sem que haja
necessidade, a cada momento, de analisar a situação em relação aos princípios
organizadores que derivam do núcleo central (Flament, 1994:39).
51
Baltazar Fernandes
52
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
5. A MUDANÇA ORGANIZACIONAL E
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Ser profissional é exercer uma atividade geralmente no seio de uma organização
pública ou privada, depois de obtida uma formação, que garanta uma competência
específica e assegure a obtenção de um diploma. Cada profissão designa
socialmente a realização de atividades específicas, não redutoras a um posto de
trabalho e a partir das quais os profissionais se reconhecem entre eles e se
distinguem dos outros (Blin, 2002: 47).
As representações sociais evoluem e transformam-se. Por que razões? As
representações não se transformam de um dia para o outro. Para compreender e
explicar o estado de uma dada representação, é necessário ter em conta os
acontecimentos suscetíveis de ter marcado ou interferido na história do grupo.
Como todos os fenómenos sociais evolutivos, a transformação de uma
representação é condicionada, pela sua história prévia do grupo de onde emerge.
Ora, a história de uma representação social é pontuada pelos acontecimentos
sucessivos que são suscetíveis de interferir com o seu objeto.
Contudo, parece que nem todos os acontecimentos que estão relacionados com o
objeto têm efeitos análogos para a representação e não contribuem da mesma
maneira para uma modificação eventual do seu estado (Rouquette e Guimelli,
1992:8). Nesta linha de entendimento, acreditamos que a mudança organizativa
verificada, motivo de muitas dúvidas e incertezas tenham marcado as evocações de
alguns dos atores que integram a nossa investigação, particularmente dos
colaboradores dos centros de saúde.
Certos acontecimentos têm um grau de incidência mais ou menos importante nas
representações sociais de um dado grupo. Deste modo para que um determinado
acontecimento possa ter repercussões a nível das representações sociais dos
indivíduos é necessário que estes sejam particularmente implicados. Naturalmente,
nem todos os elementos de um determinado grupo terão o mesmo nível de
implicação num dado acontecimento. Isto depende da natureza do grupo ao qual o
indivíduo pertence e da intensidade das relações que com este estabelece e da
posição hierárquica que ocupa no seio desse mesmo grupo (Rouquette, 1990).
Consequentemente se há uma modificação progressiva das práticas que estão
ligadas ao objeto de representação, estas novas práticas vão tornar-se cada vez mais
frequentes “o território” que sustentou a nossa investigação empírica, foi um palco
fiel, particularmente no que se refere ao novo formato das interações dos
profissionais dos centros de saúde com os do hospital, nomeadamente na relação
hierárquica e no enquadramento normativo.
Mas o que se passa quando uma nova situação leva os indivíduos a desenvolver
práticas sociais mais ou menos em desacordo com o seu sistema de representação?
Aparentemente, o grau de implicação dos sujeitos, numa nova situação não é
suficiente para desencadear um processo de transformação das representações
sociais. Todavia, Flament (1992) introduziu a noção reversibilidade da situação.
53
Baltazar Fernandes
Quando os indivíduos são confrontados com novos enquadramentos normativos,
ou novas práticas, podem considerar que esta situação é irreversível ou não. Ora,
admitindo que o regresso às práticas antigas é impossível, ou pelo contrário que
este regresso ainda será possível e que a situação atual é apenas temporária resultam
deste dilema situações de ambivalência.
Deste modo, a evolução da representação, em termos de transformação, será
totalmente diferente conforme a situação é percebida como irreversível ou não. “ É
unicamente na medida em que as modificações das circunstâncias são percebidas
como irreversíveis que o processo de transformação das representações sociais (...)
se pode conduzir.” (Rouquette e Guimelli, 1992:14). Este era o enquadramento dos
trabalhadores dos centros de saúde, à data da nossa investigação. Estes
profissionais [dos centros de saúde] ficaram perante um esquema de transformação,
no quotidiano das suas práticas sem contudo terem percebido se esta situação era
reversível ou não, ou pelo menos na expetativa que a situação se alterasse.
Quando a situação é percebida como reversível ou excecional, as práticas novas,
embora contraditórias, vão provocar modificações superficiais da representação
que vão incidir apenas ao sistema periférico. O núcleo central da representação não
será atingido por estas alterações. Em contrapartida, quando a situação é percebida
como irreversível, as novas práticas contraditórias vão ter consequências muito
mais importantes a nível da estrutura representativa.
Deste modo podemos falar de três tipos de transformação das representações
sociais.
5.1 TRANSFORMAÇÃO PROGRESSIVA
Este tipo de transformação social foi estudado detalhadamente por Guimelli a
propósito da representação da caça e a representação da função de enfermeira.
No primeiro caso Chasse et nature en Languedoc o autor constatou que as práticas
novas não são contraditórias com o núcleo central da representação, o que faz com
que a transformação da representação tenha lugar, sem rutura com o passado, isto
é, sem compromisso do núcleo central. “Os modelos ativados pelas práticas novas
vão progressivamente integrar-se aos do núcleo central e fundir-se com estes para
constituir um novo núcleo, por conseguinte uma nova representação.” (Guimelli,
1998). Constata-se assim que, quando as novas práticas se tornam mais frequentes,
têm um efeito ativador dos modelos cognitivos prescritores. Assim a ativação de
certos modelos aumenta a sua importância no campo representativo e gera uma
transformação progressiva, sem rutura da representação.
Na segunda investigação o autor mostra que a aplicação de práticas novas pelas
enfermeiras em certas unidades de cuidados gera uma transformação progressiva da
representação da função de enfermeira. Estas novas práticas, não contraditórias,
com o núcleo central da representação, ativam os modelos que as prescrevem e
reforçam a sua ponderação no campo representativo. Parece-nos assim que a
ponderação das práticas novas na representação seja proporcional à frequência com
a qual as práticas são levadas a efeito. Assiste-se então a uma transformação
54
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
progressiva da estrutura representativa onde as prescrições novas se tornam o
núcleo central da representação Guimelli (2001: 83 - 107).
5.2 A TRANSFORMAÇÃO RESISTENTE
Neste tipo de transformação, as práticas novas estão em desacordo explícito com o
núcleo central da representação. Estas contradições são absorvidas pelos modelos
periféricos sem que o núcleo central, inicialmente, seja posto em causa. Este
mecanismo é explicado por Flament (1992) a partir do que chama a presença dos
modelos estranhos. Assim, os modelos normais ou modelos prescritores dos
comportamentos habituais, estando sob a influência de elementos exteriores, vão
transformar-se em modelos estranhos. Estes, de acordo com Flament (1992),
apresentam quatro características fundamentais estreitamente ligadas:
•
A recordação do normal;
•
A identificação dos elementos estranhos;
•
A afirmação de uma contradição entre estes dois elementos;
•
A adaptação de uma atitude que permita suportar, durante certo tempo a
contradição entre estes elementos.
Estes modelos estranhos, devido às suas características, permitem aos indivíduos
suportar as contradições constatadas, entre os novos elementos exteriores e a sua
perceção tradicional.
É de facto, graças às características do sistema periférico que a representação pode
ancorar-se na realidade do momento sem que haja transformação do núcleo central.
Mas, na medida em que os modelos estranhos se multiplicam, é previsível que a
representação se transforme na sua integridade.
Encontram-se diversas investigações que descrevem este tipo de transformação:
Domo (1984), Flament (1986), Étienne (1997) etc.. Citamos o exemplo de Domo
(1984) que centrou a sua pesquisa na introdução da cultura do arroz pelos colonos
em certas regiões do Camarões. Este facto levou os camponeses a práticas sociais
contraditórias com as suas práticas tradicionais. A agricultura alimentar camaronesa
era centrada na cultura do painço, profundamente enraizada em crenças arcaicas
com a convicção que os produtores de painço eram protegidos pelos seus
antepassados. Esta investigação na população camaronesa identificou um número
importante de modelos estranhos, próprios de práticas contraditórias.
Este tipo de transformação também foi particularmente estudado por Mamontoff
(1995-1996). Através de um estudo longitudinal sobre o mecanismo de
transformação da representação social da identidade nos “ciganos nómadas”, a
partir da aplicação de práticas sociais novas. Efetivamente, a diversificação de
culturas, induz à modificação das circunstâncias externas da representação estudada
e constitui um acontecimento particular para estes grupos que têm que adaptar-se, a
práticas novas contraditórias, com as suas práticas tradicionais. Esta situação
reflete-se numa transformação da representação de identidade (Rouquette e
Guimelli, 1992).
A presença dos modelos estranhos (Flament, 1992) nas duas estruturas
representativas permitiu perceber um processo de transformação resistente no que
toca ao núcleo central mas que continuou a ser superficial. Resumidamente, a
55
Baltazar Fernandes
diversificação de culturas foi percebida como irreversível pelos “ciganos
sedentários” e reversíveis pelos “ciganos viajantes”.
Deste modo, se não há regresso possível ao passado situação irreversível, a
multiplicação dos modelos estranhos gera uma hipertrofia periférica (Abric, 1995) e
a prazo uma transformação central. Esta “ambivalência causal” no nosso estudo foi
perfeitamente percetível ao nível dos colaboradores dos centros de saúde onde
verificámos uma produção periférica não condizente com a dos outros elementos
envolvidos no estudo.
Se há regresso às práticas antigas (situação reversível), a representação pode apenas
guardar o “vestígio”, sob uma forma ou outra destas práticas novas, sem estar a por
em causa o sistema central. Estes “vestígios” foram particularmente evidentes com
o recurso a logotipos e simbologia ligada às suas práticas e outro tipo de
documentos que suportavam administrativamente as suas práticas no passado.
5.3 TRANSFORMAÇÃO BRUTAL
Esta transformação tem lugar quando as práticas novas põem em causa o sistema
central da representação, sem que o sistema periférico possa absorver estas
contradições. Então, em função da frequência da aplicação das práticas novas e o
carácter irreversível da situação, a representação social vai transformar-se
completamente.
Vamos, de acordo com Flament, citar o caso de um estudo efetuado sobre uma
comunidade étnica que é chocada no seu sistema de pensamento tradicional e as
suas práticas sociais a partir de uma mudança política de tipo revolucionário.
Andriamifidisoa (1982) estudou a representação social numa comunidade aldeã de
Madagáscar. A revolução socialista de Maio de 1972 implicou a instauração de um
Estado Novo que pôs em causa as interações comunitárias. Para os etnólogos, os
relatórios sociais das comunidades tradicionais articulam-se em redor de cinco
noções que parecem pertencer ao núcleo central da representação tradicional
estudada.
Este trabalho sugere-nos que houve uma transformação bastante violenta da
representação. As práticas novas contraditórias geraram, nomeadamente na
população jovem, modelos que Flament chama normais. Estes modelos parecem
integrar ao mesmo tempo um passado normal antigo e um presente incorporado de
novas práticas que, embora diferentes, são consideradas pelos Malgaches jovens
como normais. Haveria assim uma “fratura ” do núcleo central da representação
cujos elementos que o constituem ter-se-iam dispersado e teriam evoluído na
estrutura. Seguidamente teriam restabelecido a estrutura, de maneira mais ou menos
central, para gerar uma nova representação.
5.4 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NO CAMPO DAS PROFISSÕES
Um dos pressupostos que aqui vamos usar é a noção de que a representação social
confere uma dupla influência sobre o meio ambiente: interno e externo à
56
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
organização, através da função de comunicação e adaptação.
Como sublinha Legault “la profession est une organisation susceptible de
standardiser la formation, de définir le savoir légitime et de contrôler l´offre de
travail au moyen du monopole de ladite définition” (Legault, 1988:176).
Então as representações sociais têm também significados no contexto profissional
onde se elaboram, comunicam e partilham. Vários historiadores da organização do
trabalho (Brunhes, 1989; Lallement, 2003) demonstraram que a força histórica dos
modelos de organização dos processos de trabalho, com determinados jogos de
poder, que acabam por ser legitimados, condiciona o desenvolvimento das
organizações, a favor de algumas profissões, particularmente as mais corporativistas
e dominantes, tendo implicações nas representações sociais.
Ora, quando há rutura dos modelos que subscrevem a representação do que
supostamente é legitimado, poderão verificar-se comportamentos contraditórios,
ou estranhos, no sentido de proteger os modelos que sustentam a representação
particularmente ao nível periférico.
Já por nós foi referido que as representações e as práticas se influenciam
mutuamente. Falar de representações sociais em contextos profissionais é falar de
representações coletivamente produzidas, organizadas e partilhadas num dado
contexto profissional.
São os saberes particulares, que podem estar modelados à vontade dos contextos
profissionais, simbolizados e atualizados para uma dada situação. Procurar
estabelecer uma ligação entre representação e pertenças, ou posições profissionais
ocupadas por alguns indivíduos, é colocar a hipótese que cada interação
profissional partilhada com outros indivíduos dá lugar a comunicações e atividades
específicas que modulam as representações sociais.
A análise das representações faz emergir, como tem sido sublinhado por diversas
vezes, o contexto onde estas se inscrevem. Segundo Marc e Picard o contexto é o:
champ social ensemble de systèmes symboliques, de structures et de pratiques qui
constitue à la fois un référent, un système conventionnel et un ordre rendant
l´échange possible et lui conférant ses significations majeure (Marc e Picard,
1989:83).
A avaliação que determinado indivíduo faz de si tem por base a aprendizagem que
ele adquire através da sua interação social. A pertença a um determinado grupo ou
profissão, contribui para uma identidade social positiva ou negativa (Tajfel, 1972).
Neste sentido os grupos sociais estão associados a conotações positivas ou
negativas. A representação social de determinada profissão que o sujeito integra
pode levantar problemas de pertença a determinado grupo profissional, o que é
particularmente frequente em contextos de saúde.
“A identidade social de um indivíduo está ligada ao conhecimento da sua pertença a
certos grupos sociais e à significação emocional e evolutiva que resulta desta
pertença” (Tajfel, 1972 citado por Cabecinhas, 2002:146, tradução nossa).
“As pessoas dão significado às coisas, a partir da forma como as utilizam e
integram nas suas práticas quotidianas. Isto remete para a dinâmica do simbólico, a
verdadeira essência da vida social” (Hall, 1997 citado por Pereira, 2001:35).
Segundo Abric (1987), pode considerar-se que em determinadas situações as
representações sociais orientam as práticas, especialmente se os sujeitos dispõem de
algum grau de autonomia e desempenham tarefas complexas. É o caso de
57
Baltazar Fernandes
substantiva parte dos nossos colaboradores.
“As representações sociais e as práticas estão indissociavelmente ligadas: elas
entrelaçam-se mutuamente; as representações orientam e determinam as práticas e
estas agem criando ou transformando as representações” (Abric, 1996:12).
Uma das questões centrais do nosso estudo reside no facto de sabermos se os
colaboradores dos centros de saúde têm representações sociais diferentes ao nível
do núcleo central, relativamente aos colaboradores do espaço hospitalar, dado que
uns e outros têm diferentes estádios de integração normativa.
O estudo das representações é complexo e necessita, teoricamente, de uma
abordagem multimetodológica. Implica duas etapas no processo de investigação: de
uma parte, a recolha das representações e de outra parte a análise dos dados
colhidos.
A este propósito e como Cabecinhas sublinhou “a pesquisa em representações
sociais apresenta um carácter fundamental” fazendo apelo à utilização de
metodologias variadas dado que “a sua matéria-prima é constituída por recolhas de
opinião e de atitudes individuais, sendo necessário reconstituir os princípios
organizadores comuns aos conjuntos de indivíduos. Esta tarefa exige o recurso a
diferentes técnicas de análises de dados” (Cabecinhas, 2004).
Também para Doise (1984) o estudo das representações sociais incorpora
diferentes níveis de análise e, segundo o autor é, na génese da articulação destes
níveis que está o verdadeiro objetivo da psicologia social.
Já Abric tinha salientado que a escolha de uma metodologia faz-se de acordo com
sistema teórico que subjaz e justifica a causa da investigação. No mesmo
alinhamento se situa Oliveira, em correspondência connosco trocada “Quanto a
mim as técnicas não são um fim, mas somente um meio de chegarmos onde
planeamos”.
Na parte conceptual, centramo-nos na teoria das representações sociais, num
percurso, iniciado com Serge Moscovici (1961/1976), seguindo-se uma focalização
mais particular nos pressupostos de Jean Claude Abric, segundo as quais uma
representação social define-se pelo seu conteúdo que constitui o seu núcleo central
e os elementos periféricos, pela sua estrutura e organização, ou mais precisamente
pelas relações que os elementos mantêm entre si. Dito de outra forma, a maneira
como se entrelaçam e hierarquizam.
Vimos igualmente que estes elementos funcionam com base em duplos sistemas,
um sistema central, estável e rígido e, um sistema periférico composto de modelos
capazes de decifrar as diferentes posições, este mais flexível que o sistema central e
mais permeável à mudança.
O estudo das representações sociais permitirá, por conseguinte:
•
Recolher os elementos que compõem a representação;
•
Identificar os elementos do núcleo central;
•
Compreender a organização destes elementos.
ABRIC estabelece distinção entre os métodos de recolha do conteúdo das
representações e os métodos de determinação da sua estrutura. Assim, na esteira
deste postulado, também nós optamos pela separação destes dois métodos,
utilizando para o efeito softwares distintos mas complementares, ou seja, num
primeiro plano analisamos o conteúdo das representações e seguidamente damos a
perceber a forma como estas se estruturam e hierarquizam.
58
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
59
Baltazar Fernandes
6. SOFTWARES PARA ESTUDO DAS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
6.1 PROGRAMA ALCESTE
Este programa com registo de propriedade foi inicialmente desenvolvido por Max
Reinert e colaboradores no Centro Nacional Francês de Pesquisas Científicas
(CNRS) em parceria com a NAVAR e é comercializado pela Société IMAGE3,
desde 1986, que é atualmente dirigida por um dos seus fundadores. O programa
está disponível em francês para computadores em ambientes Windows® Xp,
Vista, 7 e Mac os®.
A metodologia do ALCESTE assenta de forma particular nas seguintes premissas:
Lematização do vocabulário e distinção entre as formas ativas (verbos, nomes,
adjetivos e advérbios) e as formas suplementares, ou seja, pronomes, conjunções e
certos advérbios e verbos mais frequentes)
Decomposição do “corpus” em unidades de contexto inicial (UCI). Uma unidade de
contexto inicial equivale a um artigo, uma entrevista, um poema ou até um livro.
Um “corpus” contém no mínimo uma UCI, mas regra geral incorpora várias. As
UCI são introduzidas por asteriscos (*) que serão utilizados como variáveis
suplementares durante as análises.
Decomposição em Unidades de Contexto Elementar (UCE). Uma unidade de
contexto elementar representa uma porção de texto de duas ou três linhas, mas o
tamanho das UCE, varia em função do tamanho do “corpus”. O objetivo da análise
é propor uma classificação destas unidades contexto de elementar. Dito de outra
forma, um “corpus” tem que conter no mínimo uma unidade de contexto inicial e
esta uma ou mais unidades de contexto elementar.
Classificação hierárquica descendente que assenta nos pressupostos propostos por
(Reinert 1983 e 1990). Uma classificação hierárquica descendente é efetuada sobre
3
http://www.image-zafar.com/en/alceste-software
60
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
tabelas de duas entradas ou de contingência, onde as unidades complementares são
divididas pelas formas e compreende duas etapas:
Uma análise fatorial de correspondências que numa primeira tabela as linhas são
ordenadas segundo as coordenadas do primeiro fator que ao longo da sua extensão
vamos procurar fazer uma partição de duas classes que maximizam a inércia
intercalasses.
Um algoritmo que verifica cada linha de uma classe a outra para verificar a inércia
inter classes. Este algoritmo é aplicado sempre que não se verifique aumento da
variação de inércia inter classes. As formas específicas de uma classe ( א2) são
retiradas de outra classe.
O programa permite identificar automaticamente a parte essencial de um texto, seja
uma entrevista, perguntas abertas ou compilações de textos diversos. Apesar de o
utilizador poder resumir as suas ações às funcionalidades básicas do programa, a
intervenção mais importante do investigador resume-se à composição do “corpus”
do texto em análise de forma a torná-lo coerente e suficientemente reduzido para
que se aplique a estatística textual.
À data já está disponível a versão 2013 existindo um manual de apoio em português
em formato PDF elaborado pela organização Targetware.
6.2 PROGRAMA IRAMUTEQ
O Iramuteq é um software livre, desenvolvido pela equipa LERASS distribuído nos
termos previstos da licença GNU GPl (v2) 4. A sua estrutura repousa sobre o
software R5 e está escrito na linguagem python6. As últimas versões correm tanto em
ambiente Windows® como Mac os®7. Este software permite-nos fazer análises
estatísticas do “corpus” de um texto de acordo com a metodologia descrita por
(Reinert 1983 e 1990) relativamente à classificação hierárquica descendente do tipo
árvore máxima, permitindo-nos a elaboração das diferentes categorias e o seu
cruzamento com os sujeitos que as produziram.
4
http://www.gnu.org/licenses/gpl-2.0.html
5
www.r-project.org
6
www.python.org
7
http://www.iramuteq.org/Members/pierre.ratinaud/changelogs/changelog-0-6-alpha-3
61
Baltazar Fernandes
Todavia, para além da análise das estatísticas textuais clássicas sobre o “corpus” de
um texto permite-nos igualmente algumas opções mais avançadas como seja a
análise de semelhança e a aplicação de testes estatísticos como o qui-quadrado, a
análise fatorial de correspondências (AFC) e a classificação hierárquica descendente
(CHC) de acordo com a metodologia antes referida.
A metodologia de análise usada pelo Iramuteq sobre um determinado “corpus” é
semelhante à do Alceste, propondo a alteração de alguns conceitos de base que por
uma questão de respeito e salvaguarda da propriedade intelectual foram alterados.
Deste modo a unidade básica de contexto inicial (UCI) no Alceste, corresponde ao
texto no Iramuteq. As unidades de contexto elementar (UCE) ao segmento de
texto e a unidade de contexto, ao reagrupamento de segmento de texto (RST)
respetivamente Alceste e Iramuteq.
A consulta da documentação 8dá-nos a conhecer mais detalhadamente as
potencialidades, e as fraquezas, deste software. O Iramuteq para além de uma análise
sustentada que se estende das estatísticas de base à classificação hierárquica
descendente e à análise fatorial de correspondências oferece-nos outputs gráficos de
elevada qualidade, nomeadamente a três dimensões.
6.3 IBM TEXT ANALYSIS FOR SURVEYS
Este é mais um software emergente, ou seja, um módulo do sobejamente conhecido
software SPSS® (Statistical Package for Social Sciences), atualmente com a patente
da IBM®, que à data era disponibilizado de forma gratuita durante um mês 9,
período em que por nós foi testado.
Do teste que dele fizemos, ficámos com a ideia que se trata de um software
promissor, em contextos de análise e categorização do corpus textual, pese o facto
de o seu preço à data, não fosse nada convidativo.
Este software utiliza poderosas tecnologias de processamento de idioma natural
(NLP) especificamente desenvolvidas para a pesquisa e análise de texto. Com a sua
utilização conseguimos categorias coerentes compatibilizadas com outros softwares
por nós usados.
8
http://www.iramuteq.org/documentation
9
https://www.ibm.com/developerworks/br/downloads/im/spsstext/
62
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
6.4 O PROGRAMA T – LAB
O T-LAB10 é mais uma “ferramenta” para tratamento e análise de texto com marca
proprietária, ao dispor dos investigadores nesta área desde 2001 e com a última
atualização feita em Março de 2014. Apresentada em quatro línguas: Espanhol,
Francês, Inglês e Italiano.
Com um interface fácil de utilizar e amigável para o utilizador permite-nos vários
tipos de análise: periódicos, relatórios de entrevistas ou discursos, análise de
respostas a perguntais abertas, tratamento de legislação, livros, etc.
Este software utiliza métodos automáticos que permitem descobrir as relações
significativas entre palavras e as categorias onde estas se encaixam e as respetivas
variáveis. A gama de opções colocada à disposição dos investigadores é ampla e
flexível, resultando em “outputs” que podem ser facilmente interpretados.
No que respeita ao processamento de dados o T – Lab realiza a segmentação do
texto e a sua parametrização de forma automática a partir de uma matriz de
“palavras-chave”. Assim, posteriormente podem utilizar-se opções que nos
permitem três tipos de intervenção: análise de coocorrências, análises temáticas e
análises comparativas. À presente data o manual de apoio em formato digital e
língua inglesa está disponível online11. Antes de o adquirir sugerimos a utilização da
versão “demo”.
6.5 O PROGRAMA DISCAN
O DiscAn12 [Discourse Analyser] desenvolvido por (Pierre Maranda 1989), na
Universidade Laval (Quebec) cuja última atualização data de Março de 2014. À
semelhança das potencialidades de outros programas na área permite-nos também,
para além da análise do discurso dos sujeitos, uma análise de semelhanças entre as
categorias construídas.
Da análise textual deriva um mapeamento semântico baseado nas cadeias de
10
http://www.tlab.it/es/presentation.php
11
http://www.tlab.it/en/allegati/help_en_online/mprepar.htm
12
http://tapor.ca/?id=419
63
Baltazar Fernandes
Markov13, que como resultado final configura uma “teia” de ligações mais ou
menos fortes, que se estabelecem entre as diferentes categorias em análise.
6.6 PROGRAMA EVOC 2000
O programa Evoc 2000 é um software de análise lexical elaborado por Vergès que se
popularizou, tendo mesmo conseguido um verdadeiro sucesso, a partir de um
estudo realizado sobre a representação social do dinheiro (Vergès, 1992).
Posteriormente, este software foi utilizado por autores de renome, como Doutre
(Doutre, 2007), Dany e Apostolidis (Dany e Apostolidis, 2002). Permite-nos o
tratamento de associações livres, resultantes da aplicação de um questionário ou de
uma entrevista. Depois deste processo cria-se uma análise prototípica do “corpus”
textual daí resultante, que cruza a importância atribuída às palavras, com a
frequência da sua aparição.
Este software incorpora um conjunto de subprogramas que se complementam e
interligam entre si. No seu historial sofreu várias melhorias e adaptações sendo que
a última versão com que trabalhamos data de 2005.
Importa também aqui salientar que este método de análise se inscreve numa
aproximação teórica de base estruturalista das representações sociais proposta pela
Escola de Aix en Provence, permitindo-nos num primeiro plano o recenseamento
das categorias afetas ao núcleo central e aos elementos periféricos (Moliner 2008),
preparando os dados para posteriormente poderem ser avaliados através da análise
das semelhanças.
O resultado global desta análise é uma matriz composta por quatro quadrantes
correspondendo cada um a zonas específicas da representação do objeto em
estudo. A configuração informática desta matriz tem origem no modelo teórico
proposto por (Vergès, 1994). A matriz apresentada na figura 4 pode ser resumida
da forma seguinte:
13
Uma cadeia de Markov é uma sequência de variáveis aleatórias: X1, X2, X3, ... que podem assumir um
conjunto de valores entre X1 e Xn.
64
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
O primeiro quadrante superior esquerdo corresponde ao núcleo da representação
social do objeto em estudo, é composto por palavras que tem uma frequência
elevada e uma importância forte, apresentando uma prioridade superior
relativamente às demais palavras evocadas. O quadrante superior direito representa
a primeira periferia que reflete uma zona suscetível de mudança e é também
denominado por periferia próxima. As palavras são por vezes pouco frequentes
mas tem uma importância elevada. O segundo quadrante inferior direito representa
uma zona periférica mais distante, conhecida também por segunda periferia.
Finalmente,
o
último
quadrante inferior esquerdo
que também é uma zona de
periferia, onde não há muita
congruência entre a frequência
e a importância das evocações,
razão pela qual também é
conhecida por periferia de
contraste.
O programa está configurado
para valores determinados de
frequência e do “rang moyen”
contudo estas opções são
facilmente
alteradas
pelo
investigador.
Quando solicitado os autores
disponibilizam o software.
Figura
6:
Outpout
importância/frequência
do
software
Evoc
6.7 PROSPÉRO
Prospéro (Programa de Sociologia Pragmática, Experimental e Reflexiva para
computador – Doxa ©14) é um software de análise de dados textuais assente numa
tecnologia literária para ciências humanas. Este software foi concebido por Francis
Chateauraynaud e Jean-Pierre Charriau, dois dos membros fundadores da
Associação Doxa © (1994). Permite-nos a classificação e monitorização de
conjuntos de temáticas de textos ou de “corpus” extraídos a partir destes. Opera a
partir de séries textuais históricas ou diacrónicas. Esta ferramenta está vocacionada
para a exploração, comparação e análise de «assuntos complexos», ajudando os
14
http://prosperologie.org/?sit=22
65
Baltazar Fernandes
pesquisadores a descrever os processos de relação de controvérsia, ou de análises
polémicas.
A análise recai diretamente sobre a base natural do “corpus” e permite-nos comparar
e representar a sua estrutura, a evolução desta e as múltiplas formas de expressão e
argumentação utilizadas pelos protagonistas de diferentes quadrantes sociais e
políticos (editores, jornalistas, sindicalistas políticos, investigadores etc.).
Não se limitando ao estudo das propriedades léxicas do “corpus” ou das figuras
discursivas que o caraterizam, os procedimentos que utiliza são centrados nas
configurações sobre as quais os atores, os acontecimentos, os dispositivos e os
argumentos são desenvolvidos e tomados em linha de conta. A Associação Doxa©
organiza regularmente sessões de formação sobre o software, podendo-se solicitar
uma formação a título individual ou coletivo.
Atualmente estão disponíveis duas versões deste software: Prospéro I e II. A
primeira é de download gratuito, devendo ser salvaguardados os direitos de
propriedade da Associação Doxa©. No que respeita à versão II está ainda em fase
de desenvolvimento.
66
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
67
7. USO DO SOFTWARE IRAMUTEQ
7.1 NOTA PRÉVIA
O Iramuteq é um software livre desenvolvido pela equipa do Laboratório de
Estudos de Pesquisas Aplicadas em Ciências Sociais (LERASS) da Universidade de
Toulouse e com direitos de cópia reservados em nome de Pierre Ratinaud..
7.2. INSTALAÇÃO DO SOFTWARE
Para instalar o software no computador, basta fazer o Download do software R em
www.r-project.org e instalá-lo; e de seguida fazer o download do software
IRAMUTEQ em www.iramuteq.org, e instalá-lo também.
Antes de instalar o IRAMUTEQ é necessário instalar o R, dado que o
IRAMUTEQ usa o software R para o processamento das análises.
A sequência destes passos é de primordial importância para o correto
funcionamento dos programas evitando-se problemas de processamento das
análises e as sucessivas mensagens de erro que o programa nos devolve.
7.2.1 APRESENTAÇÃO DO IRAMUTEQ
O Iramuteq propõe-nos um conjunto de estatísticas e utilitários para ajuda e
descrição à análise de “corpus” de texto e de matrizes de dados do tipo
indivíduos/caracteres, ou seja, com registo de dados tipo tabelas de contingência.
Oferece-nos um conjunto de línguas opcionais para abordagem do “corpus” mas a
língua portuguesa a par de outras ainda está em fase experimental, sendo necessário
o contributo de todos para que os dicionários se vão consolidando.
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Adiante melhor se perceberá a forma de os construir.
Principe de fonctionnement du logiciel [Princípio de funcionamento do software]
O Iramuteq estabelece um interface com o software R e prepara a análise
multidimensional dos textos e questionários. A sua operacionalidade consiste na
preparação dos dados e escrever os scripts que são depois lidos e analisados pelo
software R. Os dados mostrados são o resultado do interface entre estas duas
aplicações.
Imediatamente após a abertura de um “corpus” ou de uma matriz de dados, o
Iramuteq, cria um dossier na mesma pasta que o ficheiro foi aberto (Nome do
“corpus” _X). É aqui que se encontrarão os resultados da análise dos dados.
7.3 ANÁLISE DE TEXTOS
Por razões de direitos de propriedade intelectual a terminologia do método de
Reinert foi readaptada, relativamente ao software Alceste ® da forma seguinte:
Alceste
Método Reinert
UCI: Unidade de contexto Inicial
TEXTO
UCE: Unidade de contexto elementar
ST: segmentos de texto
UC: Unidade de contexto
RST: reagrupamento de segmentos de
texto
7.3.1 FORMATO PARA INTRODUÇÃO DOS DADOS
Os ficheiros originais devem estar no formato base *.txt e preferencialmente conter
os caracteres de pontuação, dado que é importante para a futura construção dos
dicionários em português ou, eventualmente, noutras línguas. Neste formato a
unidade de base é apelidada de “Texto”. Um texto pode representar uma entrevista,
um artigo, um livro, ou um outro qualquer documento. Um “corpus” pode incluir
um ou mais textos, mas no mínimo um.
7.3.2 As Regras de Formatação
Os textos são introduzidos por quatro asteriscos (****) seguidos de uma série de
(variáveis ilustrativas) introduzidas com um * (asterisco) separado por um espaço.
69
Baltazar Fernandes
**** *VAR_MOD
A variável é a parte principal e a modalidade a parte específica, por exemplo
**** *ano_2015 *sex_f
Um texto terá que ter obrigatoriamente, pelo menos uma variável.
É possível colocar vários conjuntos de quatro asteriscos no interior dos textos É
igualmente possível colocar variáveis precedidas de asteriscos no interior dos textos
devendo-se introduzir no início da linha um hífen e um asterisco (-*). Quando nos
referimos a temáticas a linha, ou conjunto de linhas, devem conter apenas essa
variável.
Exemplo de um “corpus” sem temática:
**** *var1_1
*var2_2
**** *sex_f
*sex_m
texto texto texto texto texto texto texto texto
Exemplo de um “corpus” com temática :
**** *var1_1
*var2_2
_*tematica1
texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto
Num “corpus” com temática, todos os parágrafos do texto devem pertencer à
mesma temática. A seguinte construção não é possível.
**** *var_1
textoA textoA textoA textoA textoA
_*temática
texto texto texto texto texto texto texto texto
A linha “ textoA textoA” não é da temática. As variáveis estreladas e as temáticas
70
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
introduzidas no “corpus” não devem conter espaços ou caracteres especiais. Estas
variáveis não devem conter caracteres para além de a-z, A-Z, 1-9 e traço sobescrito
_.
*idade 18 anos não é um bom código;
*idade_18 é um bom código;
*entrevista_do Jorge não é bom código;
*ent_jorge é um bom código.
Os códigos da forma *variável modalidade devem ser privilegiados para as variáveis
ilustrativas, porque nos permitem análises complementares.
Exemplo: *sex_h para os homens e *sex_m permitem-nos melhor identificar a
variável sexo e as modalidades homem e mulher e facilitam-nos o cruzamento
posterior destes dados.
As análises efetuadas derivam do tratamento informático dos dados, e a sua
introdução devem ser uniforme no que respeita ao seu uso
(Maiúsculas/Minúsculas).
Exemplo:
*sex_h, *sex_homem serão considerados como duas modalidades diferentes.
71
Baltazar Fernandes
7.3.3 Abertura e indexação de um “corpus” de texto
Fichier > Ouvrir un “corpus”
Figura 7 Caixa de diálogo da indexação de um "corpus"
7.3.4 Indexação
Uma vez escolhido o ficheiro de texto abre-se a seguinte caixa de diálogo:
7.3.5 SEPARADOR “GERAL”
O primeiro separador permite-nos definir as características gerais do “corpus” assim
como as diferentes opções de indexação deste:
“corpus”: é este o caminho de acesso do ficheiro que nós abrimos conforme
explicado no parágrafo anterior.
Encodage [Codificação]: é a codificação que nós utilizamos logo após a
criação do “corpus” recomenda-se a utilização do UTF8.
Por defeito a opção UTF 8 é proposta para os computadores Mac OS X e Linux, e
CP 1252 para os computadores que operam sobre Windows. Devemos fazer muita
atenção à codificação do “corpus” logo a seguir à sua criação. Deste modo é
preferível utilizar para gerar a codificação um processador como por exemplo o
LibreOffice ou o OpenOffice dado que outros processadores de texto causam
72
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
erros de formatação.
Langue: é a língua na qual foi escrito o “corpus” O Iramuteq não consegue analisar
várias línguas no mesmo “corpus”.
Répertoire en sortie [Relatório]
Após a abertura do “corpus” o, Iramuteq cria um dossier no qual serão depositados
o “corpus” e os seus resultados. Por defeito situa-se no mesmo diretório que o
“corpus” usando Nome Ficheiro “corpus”_X . A sua localização e o seu nome
podem ser mudados aqui.
Marqueur de texte [Marcador de texto]: Indica ao software como cada texto é
introduzido. Por razões de compatibilidade com os “corpus” criados no Alceste® é
possível utilizar quatro números inteiros em vez de quatro asteriscos.
Utiliser le dictionnaire des expressions [Utilizar o dicionário de expressões]: Os
dicionários de expressões ou as palavras ligadas por travessão em sublinha (-)
apóstrofos (‘) ou espaços permitem-nos tratar as expressões como um todo
evitando assim a divisão em formas das palavras decompostas.
Os dicionários dos léxicos e das expressões de cada uma das línguas estão
disponíveis na diretoria: Iramute/dictionnaires no espaço onde o Iramuteq foi
previamente instalado.
Construction des segments de texte [Construção dos segmentos de texto]:
Permite a decomposição de cada texto em segmento. Quando escolhemos
“carateres”.
Mode de construction des segments de texte [Modo de construção dos
segmentos de texto]
Permite-nos escolher a unidade sobre a qual se vão construir os segmentos.
Podemos escolher:
73
Baltazar Fernandes
Caractères [carateres]: os segmentos são determinados pelo critério de tamanho ou
do número de carateres que contém.
Occurrences [ocorrências]: os segmentos são determinados por um critério de
tamanho ligado ao número de ocorrências que contém. Os segmentos de texto são
construídos a partir de um critério de tamanho e de pontuação. O Iramuteq
procura o melhor rácio tamanho/pontuação pela seguinte ordem de prioridade “.”,
“?” “!”em primeiro, depois o ponto-e-vírgula “;” e os dois pontos “:” em terceiro a
vírgula e por último o espaço. O objetivo é ter os segmentos com tamanhos
homogéneos respeitando o mais possível a estrutura da língua.
Paragraphe [Parágrafo]: a introdução de uma linha é utilizada como um marcador
de fim de texto. Nesta opção a pontuação nem sempre é tomada em linha de conta.
Taille des segments de textes [Tamanho dos segmentos de texto]: define o
número de unidades contidas por segmento de texto. Esta opção não tem em
consideração os parágrafos. A modificação do modo de construção dos segmentos
de texto implica o tamanho destes últimos. A análise de segmentos de texto
composta por 40 carateres de texto é raramente pertinente.
7.3.5.1 Separador Nettoyage
O segundo separador desta caixa de diálogo refere-se ao nettoyage do “corpus”.
Passer le “corpus” en minuscule: Converte todas as maiúsculas em minúsculas.
Se estiver desativado, o Iramuteq considera “Gato” e “gato” como duas formas
distintas.
Retirer les caractères en dehors de cette liste: Por defeito os caracteres
alfanuméricos e pontuados são conservados. Na eventualidade de não o desejarmos
é aconselhado retira-los da lista. Contudo, podemos ajustar na lista todos os outros
que queremos que permaneçam. Para as línguas que não utilizam caracteres
alfanuméricos é imperativo que se modifique esta lista.
Para o bom funcionamento do software, não devemos forçar a conservação do
símbolo aspas duplas [double cote “]
Remplacer les apostrophes par des espaces [substituir os apóstrofos por
espaços]
Remplacer des tirets par des espaces [Substituir travessão – por espaços]
Conserver la ponctuation [conservar a pontuação]
74
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Se eventualmente conservamos a pontuação devemos verificar a ausência do
ponto-e-vírgula no “corpus”.
Pas d’espace entre deux formes: Se esta função está ativada o Iramuteq não
utilizará o espaço como
delimitador da forma.
Retirer les caractères en
dehors de cette liste: Por
defeito
os
caracteres
alfanuméricos e pontuados
são
conservados
se
desejarmos conservar, na
eventualidade de não o
desejarmos é aconselhado a
retira-los da lista. Contudo,
podemos ajustar na lista
todos os outros que
queremos que permaneçam.
Para as línguas que não
Figura 8: Caixa de diálogo da configuração de um "corpus"
utilizam
caracteres
alfanuméricos é imperativo que s e modifique esta lista.
Para o bom funcionamento do software, não devemos forçar a conservação do
símbolo aspas duplas (“).
Remplacer les apostrophes par des espaces [substituir os apóstrofos por
espaços].
Remplacer des tirets par des
espaces [Substituir – (travessão) por
espaços].
Conserver
la
ponctuation
[conservar a pontuação].
Figura 9: Caixa de diálogo da opção de
lematização
Se eventualmente conservamos a
pontuação devemos verificar a
ausência do ponto-e-vírgula no
“corpus”.
Pas d’espace entre deux formes [Sem espaço entre duas formas]: Se esta função
estiver ativada o Iramuteq não utilizará o espaço como delimitador da forma.
75
Baltazar Fernandes
Lemmatisation [Lematização]: Esta opção permite escolher se o “corpus” deve ser
lematizado ou não.
Clés d’analyse [chaves de análise]: Permite-nos escolher a chave de análise [0, 1 e
2].
7.4 TRATAMENTO COMUM DAS ANÁLISES (OPÇÃO LEMATIZAÇÃO)
Cada vez que executamos o comando de análise sobre o “corpus”, aparece o
seguinte caixa de diálogo:
7.4.1 LEMATIZAÇÃO
A lematização é o ato de apresentar as palavras através do infinito dos verbos e
masculino singular dos substantivos e adjetivos.
A lematização é uma técnica geralmente utilizada para pesquisa de palavras em sites,
para abranger a quantidade de opções de palavras relacionadas com a palavra
procurada, ignorando o tempo verbal caso seja um verbo, o gênero da palavra, o
plural etc.
A lematização é feita por um lematizador, em inglês, Stemmer.15
Deste modo, quando é feita a procura de uma palavra num site encontramos as
variações da palavra. Como por exemplo da palavra “pensamento” e o motor de
pesquisa recomenda-nos textos relacionados com a palavra, como: pensar,
pensando, pensativo e pensado.
Os verbos são reduzidos ao infinito, os nomes ao singular os adjetivos ao
15
Na realidade existem diferenças entre lematização e o stemming. Enquanto na lematização incide
puramente no contexto lexicográfico o stemming não. Lematização é, uma metodologia de apresentação
da palavra através de seu masculino singular, adjetivos e substantivos e verbos reduzidos ao infinitivo,
apenas no contexto da lexicologia. O Stemming é expurgado de sufixos do radical, enquanto stem é o
radical. Assim, sob o ponto de vista estrutural as metodologias são distintas, embora possam,
eventualmente, ser graficamente semelhantes.
76
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
masculino singular. O Iramuteq realiza a lematização a partir do dicionário sem
desambiguação. Os dicionários para as diferente línguas são disponibilizados na
pasta do /Iramuteq/dictionnaires, referente aos dicionários no diretório onde o
Iramuteq está instalado.
7.4.2 CHAVES DE ANÁLISE
A maior parte das análises vão diferenciar as formas “completas” (ou formas ativas)
e as palavras mais utilizadas ou
“formas complementares”. Só as
formas “ativas” participam em
determinadas
análises
e
classificações. Quando clicámos
em “préférences”, acedemos a um
menu que nos permite afetar os
valores ativos e suplementares ou
eliminar cada tipo gramatical.
Figura 10: Caixa de diálogo da opção chaves de
análise
Estes dados são armazenados no
ficheiro key.cfg acessível na pasta
dos relatórios iramuteq. Neste ficheiro o valor 1 significa que o tipo gramatical está
ativo, o valor 2 significa que é do tipo suplementar e o valor 0 significa que não é
tido em conta.
7.5 AS DIFERENTES ANÁLISES TEXTUAIS
Uma vez indexado o “corpus” (ver ponto 7.3) na aba esquerda da janela do Iramuteq
é adicionado o Nome Ficheiro_”corpus” _X, tendo acesso aos dados disponíveis
através de um clique do botão direito do rato quando apontado sobre os mesmos.
Estão igualmente disponíveis na barra de tarefas na opção analyse de “corpus”.
7.5.1 RESULTADOS DA ANÁLISE DAS ESTATÍSTICAS TEXTUAIS
Esta análise propõe estatísticas simples sobre o “corpus” textual, efetivo de todas as
formas ativas e suplementares e lista de hapax.
77
Baltazar Fernandes
7.5.1.1 PARÂMETROS DA ANÁLISE DAS ESTATÍSTICAS TEXTUAIS
Não há parâmetros para esta análise.
7.5.1.2 RESULTADOS DA ANÁLISE DA ESTATÍSTICA TEXTUAL
Nesta tela nós encontramos a seguinte informação:
Nombre de Textes: é o
número
de
textos
contidos no “corpus”;
Nombre
d’occurrences:
é
o
número total de palavras
contidas no “corpus”;
difere se o “corpus” é
lematizado ou não;
Nombre
de
formes: é o número de
formas presentes no
“corpus” Também difere
se este é lematizado ou
não.
Figura 11:Caixa de diálogo dos resultados da análise da
estatística textual
Moyenne d’occurrences par forme: (número de ocorrências/número de
formas.
Nombre d’Hapax: número de palavras que aparecem apenas uma vez em
todo o “corpus”
Moyenne d’occurrences par
Textes: (número de ocorrências) /
(número de textos).
Le graphique: No gráfico temos
presente no eixo das abcissas os
logaritmos dos “pesos” e no eixo
das ordenadas as frequências das
formas.
Figura 12: Caix de diálogodos resultados de
análise textual, separador "formas ativas"
78
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Lista das formas ativas (coluna/forma) com os seus efetivos (coluna nb) e as suas
categorias gramaticais (coluna tipo).
7.5.1.2.1 Separador Global
7.5.1.2.2. Separador formas ativas
Lista as formas ativas (colonne/forme)
com os seus efetivos (colonne/ nb) e as
suas
categorias
gramaticais
(colonne/type).
Figura 13: Caixa de diálogo da dos resultados da
análise textual, separador "formas suplementares"
7.5.1.2.3
Separador
Formas
suplementares
Apresenta a listagem das formas suplementares (colonne/ forme) com os seus
(colonne/nb) e as categorias gramaticais (colonne/ type).
7.5.1.2.4 Separador Total
Lista todas as formas ativas
e suplementares (colonne/
forme) com os seus efetivos
(colonne/ nb) e as suas
categorias
gramaticais
(colonne/type).
Figura 14: Caixa de diálogo da dos resultados da análise
textual, separador "total"
7.5.1.2.5 Separador Hapax
Lista dos hapax (colonne/ forme) com os seus efetivos (colonne nb) a as suas
categorias gramaticais (colonne type).
7.5.1.2.6. Opções suplementares da análise estatística textuais [Options
Supplémentaires de l'analyse
statistiques textuelles]
7.5.1.2.6.1
Forma
Figura 15:Caixa de diálogo da dos resultados da análise
textual, separador "Hapax"
Sobre
Cada
Um menu de opções
suplementares é acessível a
partir de um clique com o
botão direito sobre uma das formas. Este permite-nos indexar cada uma das formas
79
Baltazar Fernandes
associadas e a concordância dos segmentos de texto entre figura a forma.
Um menu de opções suplementares fica acessível a partir de um clique com o
botão direito do rato sobre uma das formas, permitindo-nos escolher cada uma das
formas associadas fazendo-as concordar com os segmentos de texto ou a figura à
forma.
7.5.1.2.6.2 Sobre a análise
No histórico do separador da esquerda, com um clique do botão direito sobre a
análise acede-se um menu com as
seguintes opções disponíveis:
Informations [Informações] permite
recuperar as informações relativas à
análise.
Exporter le dictionnaire [Exportar
o dicionário]
Gera um ficheiro dicionário.csv
(separador com tabulação) tomando
em conta as ocorrências. Elas
apresentam-se assim:
Figura 16: Caixa de diálogo da opção de análise
estatística textual
O dicionário está no formato utilizado pelo Iramuteq e pode ser diretamente usado
para análise.
Exporter le dictionnaire des lemmes: Gera o ficheiro lemme.csv (Tabulação
como separador) repetindo o lema depois das variáveis e dos seus efetivos:
7.5.1.3 Ficheiros Associados
Como para cada análise, Iramuteq acrescenta uma nova pasta na diretoria criada
logo após a abertura do “corpus” Nommé “ NomDu_”corpus” _Stat_x”, que contém
os seguintes ficheiros:
80
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
7.5.2. Especificidades e AFC
Produz a análise fatorial de correspondências (AFC) numa tabela de contingência
que cruza as formas ativas e as variáveis.
7.5.2.1 Parâmetros da análise específicidades e AFC
Depois do menu das preferências (ver ponto 7.4), um menu de [escolha de
variáveis] aparece.
Aqui diferentes opções são propostas:
Sélection par [Seleção por]: Permite-nos selecionar todas as modalidades de uma
variável [opção “variable”] unicamente para certas modalidades [opção
“modalidade”].
Choix [Escolha]: devemos selecionar uma variável.
Indice [Índice]: Duas possibilidades de cálculo são possíveis: o χ2 ou a lei
hipergeométrica16.
Effectif minimum [Efetivo mínimo]: só as formas onde o número de ocorrências
no “corpus” completo for superior a este limiar serão afixadas.
A seleção de uma variável é obrigatória, se validarmos sem selecionarmos
Relatório
NomDu_corpus _Stat_x
Descrição
Todas as formas e o seu efetivo
formes_supplémentair As formas suplementares e o seu efetivo
formes_actives.csv
As formas ativas e o seu efetivo
glob.txt
Resultados da análise
hapax.csv
Os hapax
Zipf.png
A imagem do gráfico presente no “Global”
Analyse.ira
Ficheiro que permite ao Iramuteq
análise
Figura (re)abrir
17: caixa de a
diálogo
dos
Ficheiros associados
total.csv
previamente a variável uma mensagem de erro
aparecerá. Cada variável deve ter no mínimo 2
16
parâmetros de análise
especificidades e AFC
das
Em teoria das probabilidades e estatística a distribuição hipergeométrica é uma distribuição de
probabilidade discreta que descreve a probabilidade de se retirar x elementos do tipo A numa sequência
de n extrações de uma população finita de tamanho N, com K elementos do tipo A e N-K elementos do
tipo B, sem reposição.
81
Baltazar Fernandes
modalidades.
Se selecionarmos múltiplas variáveis apenas um a será tida em conta.
Nunca selecionar 2 modalidades de variáveis que possam estar presentes na mesma
linha (duas modalidades não pertencem à mesma variável). Deste modo a análise
não terá qualquer sentido.
7.5.2.2 Resultados Especificidades e AFC
Os resultados disponibilizados
são as formas/lemas e as
categorias gramaticais.
Figura 18: Apresentação dos resultados da análise das
especificidades e AFC
L’onglet Formes et Types
[Separadores Formas e Tipos]:
eles apresentam a lista das
formas e das categorias
gramaticais e os seus valores
por modalidade.
Les onglets Effectifs [Separador efetivos]: efetivo de cada forma/lema (ou
categoria gramatical) nos textos presentes na modalidade da variável.
Os painéis Effectifs relatifs [Efetivos Relativos] dão-nos os efetivos relativos em
permilagem (‰).
L’onglet AFC [Separador
AFC]: Apresenta o gráfico
da AFC (fatores ½)
permite-nos
O ícone
Figura 19:Apresentação dos resultados da análise das
afixar as opções do
especificidades e AFC - separador efetivos formas
gráfico e de as reafectar.
Existem dois sub-painéis
para as formas e para os tipos (ver referência as AFC).
7.5.2.2.1 Análise complementar das Específicidades e AFC
Um menu de opções suplementares está acessível a partir de um clique com o
botão direito sobre uma das formas.
Este permite afixar para cada uma das entradas as formas associadas, a
concordância dos segmentos de texto, ou da figura à forma assim que um gráfico
82
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
representa os valores específicos da
forma por modalidade da variável.
Formas associadas
Concordâncias
Gráfico
Segmento de texto característicos
Figura 20: Caixa de diálogo da opção de análise de
especificidades e AFC
7.5.2.3 Ficheiros Associados
83
Baltazar Fernandes
Ficheiros Associados
Relatório produzido NomeDo”corpus” _Spec_x
Effectif des types grammaticaux par modalité (Efetivos dos tipos gramaticais por modalidade)
Tabletypem.csv
Score de spécificité des Types grammaticaux par modalité (Escores das especificidades dos tipos gramaticais
por modalidade)
Tablespect.csv
Tablespecf.csv
Score de spécificité des formes par modalité (Escore da especificidade das formas por modalidade)
Tableafcm.csv
Effectif des formes par modalité (Efetivo das formas por modalidade)
liste_graph_afct.txt Fichier Iramuteq (Ficheiro Iramuteq)
liste_graph_afcf.txt Fichier Iramuteq (Ficheiro Iramuteq)
eff_relatif_type.csv Effectif relatif des types grammaticaux par modalité (Efetivo relativo a os tipos gramaticais por modalidade)
eff_relatif_forme.csv Effectif relatif des formes par modalité (Efetivo relativo das formas por modalidade)
Analyse.ira
Permet d’ouvrir l’analyse [Permite abrir a análise]
afct_row.png
afct_col.csv
Plan factoriel des types grammaticaux [Plano fatorial dos tipos gramaticais]
Détail des valeurs des lignes de l’AFC sur les types grammaticaux [Detalhe dos valores das linhas da AFC sobre
os tipos gramaticais]
Valeurs Propres, Pourcentages, Pourcentages cumulés de chaque facteur (pour les types grammaticaux) [Valores
próprios, percentagens e percentagens acumuladas de cada factor por tipo gramatical]
Plan factoriel des colonnes de l’AFC sur les types grammaticaux [Plano fatorial das colunas d AFC sobre os tipos
gramaticais]
Détail des valeurs des colonnes de l’AFC sur les types grammaticaux [Detalhe dos valores da AFC sobre os tipos
gramaticais]
afcf_row.png
Plan factoriel des formes [Plano fatorial das formas]
afcf_row.csv
Détail des valeurs des lignes de l’AFC sur les formes [Detalhe dos valores das linhas da AFC sobre as formas]
Valeurs Propres, Pourcentages, Pourcentages cumulés de chaque facteur (pour les formes) [Valores propostos,
percentagens acumuladas de cada fator para as formas]
afct_row.csv
afct_facteur.csv
afct_col.png
afcf_facteur.csv
afcf_col.png
afcf_col.csv
Plan factoriel des colonnes de l’AFC sur les formes [Plano fatorial da AFC sobre as formas]
Détail des valeurs des colonnes de l’AFC sur les formes [Detalhe dos valores das colunas da AFC sobre as
formas]
7.5.3 Classificação pelo Método de Reinert [Classification Méthode Reinert]
Esta análise propõe uma classificação hierárquica descendente segundo o método
descrito por Reinert (1983, 1986, 1991). Esta classificação é proposta segundo três
modalidades:
Classificação simples sobre o texto, aqui os textos mantém a sua integridade, a
classificação permite o reagrupamento dos textos mais próximos;
Classificação simples sobre o segmento do texto, a classificação incide sobre os
segmentos de texto (ST);
Classificação dupla sobre os (RST) A classificação é feita sobre duas tabelas nas
quais as linhas não são mais reagrupamentos de texto, mas reagrupamento de
segmentos de texto (RST). O mesmo tratamento é assim feito duas vezes mas
mudando o nome de formas ativas para RST.
84
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
7.5.3.1 Parâmetros da análise de classificação pelo método de Reinert
[Paramétrages de l’analyse Classification Méthode Reinert]
Depois do menu de preferências (ver
ponto 7.4), um menu [Options]
aparece.
Classification [Classificação]: permite
escolher o modo de classificação (ver
ponto 7.5.3).
Tamanho e rst1 rst2: para a classificação
dupla sobre os RST que permite fazer
variar o tamanho dos reagrupamentos
dos segmentos de texto sobre duas
passagens, das unidades que representam
o número de formas ativas reagrupadas
por linha.
Figura 21: Caixa de diálogo dos
parâmetros de análise da classificação pelo
método de Reinert
O número das classes terminais da fase 1 determina o número de classes da
primeira parte e da classificação por defeito é regulado sobre 10 mas deve ser
ajustado ao tamanho e à heterogeneidade do “corpus”.
O número mínimo de segmentos de texto por classe, determina um limiar mínimo
de ST abaixo do qual as classes que não serão selecionadas. Por defeito este
número é igual ao número de segmentos de texto dividido pelo número de classes
terminais por classificação simples e ao número de segmentos de texto, dividindo
duas vezes o número de classes terminais pela classificação dupla RST.
Fréquence minimum d’une forme analysée [Frequência mínima de uma forma
de análise]: Esta opção não está disponibilizada.
Nombre Maximum de forme analysées [Número máximo de formas analisadas]:
Por defeito o Iramuteq assume as 3000 formas ativas mais frequentes. As formas
suplementares mais frequentes serão também retidas. Uma forma deve ter no
mínimo uma frequência de 3 para ser retida. Se o “corpus” tem menos de 3.000
formas todas as formas com uma frequência igual ou superior a 3 serão retidas.
Este parâmetro tem uma forte incidência sobre o tamanho das tabelas analisadas e
depende da quantidade de memória alocada. Se o computador não tem capacidade
para analisar um “corpus”, com determinada dimensão devemos experimentar baixar
85
Baltazar Fernandes
este parâmetro. Se o computador possuir memória suficiente para a análise do
“corpus” e este possuir mais de 3.000 formas nem devemos hesitar em aumentar a
memória.
Méthode SVD [Método SVD]: Esta opção permite-nos que escolher o algoritmo
usado na decomposição em valores singulares.
Mode Patate [Modo Patate]: Esta opção remove a segunda fase de cada partição.
Permite uma análise um pouco mais rápida, mas menos precisa.
7.5.3.2 Resultados da Classificação do Método de Reinert [Résultats de la
Classification Méthode Reinert]
Figura 23: Apresentação dos resultados da
classificação do método de Reinert
Os
resultados
ficam
diretamente
disponíveis e apresentam um resumo da
classificação (separador CHD) e dos
perfis das classes (separador perfis) e uma
análise fatorial das correspondências
(AFC) realizadas sobre a tabela de
contingência cruzando formas/lemas e
classes no (separador AFC).
7.5.3.2.1
CHD]
Separador
CHD
[L’onglet
Na análise da classificação hierárquica
descendente, no primeiro separador, é
possível distinguir três blocos distintos:
Figura 22: Apresentação dos resultados da
classificação pelo método de Reinert:
estatísticas textuais
O primeiro, composto por texto, contém as estatísticas textuais do “corpus” Para
além dos itens já referidos no capítulo 2.5.1, podemos ainda encontrar:
86
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Média de ocorrências por segmento;
O número de segmentos classificados sobre a totalidade do “corpus”.
A segunda parte é constituída pelo dendrograma, este representa a partição e uma
indicação do tamanho das classes (exprime a percentagem do “corpus” classificado).
Para terminar o terceiro elemento é o dendrograma da fase 1. As classes
classificadas com “0” representam as classes não
retidas.
À esquerda destes elementos aparece o botão que
nos permite refazer o dendrograma. (ver o ponto
7.3.1).
7.5.3.2.2 Separador Perfis [Onglet Profils]
Figura 24: Dendograma da
classificação do método de
Reinert
Por cada classe são editados os respetivos perfis.
Estas tabelas representam as formas/lemas
característicos das classes. Neste separador nós encontramos:
Le titre [O título]: Este é composto do nome da classe e depois do nome e do
número do ST, participantes na classificação final, depois os segmentos de texto
(ST) a classificação final e finalmente os ST da classe ligada ao número de
segmentos da classificação final.
Figura 25: Apresentação dos perfis da classificação do método de Reinert
87
Baltazar Fernandes
Sobre o separador atividade podemos verificar a Classe 3 (6/23 – 26,09%) => dos
23 segmentos de texto classificados, 4 aparecem nesta classe, que representa 17,39
% dos segmentos de texto classificados.
Le contenu [O conteúdo]: Este é apresentado sobre a forma de tabela, utiliza um
código de 3 cores, as formas ativas são apresentadas em cinzento, as formas
suplementares em azul e as variáveis ilustrativas em rosa. No interior de cada uma
destas categorias as formas são apresentadas por ordem decrescente do valor do χ2
e da ligação à classe.
num: O número da linha (permite ao utilizador encontrar a classificação).
Figura 26: Apresentação dos perfis da classificação do método de Reinert- traço de um perfil
eff. s.t: Efetivo dos segmentos de texto é o número de ST desta classe contendo
pelo menos uma vez a forma.
eff. Total: Efetivo total dos segmentos de texto é o número de segmentos em todo
o “corpus” classificado, contendo ao menos uma vez a forma.
Pourcentage [Percentagem: Representa a % eff.ST/Efetivos Totais.
Chi2 [ χ2]: Exprime a força de ligação entre a
forma e a classe.
Type [Tipo]: categoria gramatical da forma.
Forme: forma ou lema próprio.
p: nível de confiança associado (λ) ao χ2
Para encontrar uma forma no perfil aberto,
devemos pressionar CTRL + F
Para encontrar uma forma em todos os
perfis, devemos pressionar CTRL + SHIFT
+ tecla F
88
Figura 27: Opção disponível por cada
classe da classificação do método de
Reinert
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
7.5.3.2.3 Separador AFC para o Método Reinert [Onglet AFC de la Méthode
Reinert]
Neste separador encontramos a AFC derivada da classificação;
L´Onglet AFC [O separador AFC]: Mostra o gráfico AFC e o ícone
ajustar as opções do gráfico e a forma de o reajustar.
permite
L´Onglet Facteurs [O Separador Fatores]: Mostra os valores próprios,
percentagens e percentagens acumuladas de cada fator.
L´Onglet graph [O Separador gráfico 3D]: produz um gráfico de distâncias
mínimas no formato tridimensional.
7.5.3.2.4 Opções Suplementares de Classificação do Método Reinert [Options
supplémentaires de la Classification Méthode Reinert]
7.5.3.2.4.1 As Opções disponíveis por cada classe [Les options disponibles pour
chaque classe]
Para facilitar o nosso estudo os
perfis Iramuteq propõe-nos
várias opções, permitindo-nos o
acesso a cada uma das classes
através da efetivação de um
clique sobre a linha que nos
interessa. O seguinte menu
aparecerá:
Les formes associées [As
formas associadas]: dão-nos os
efetivos em cada classe de
Figura 28: Qui-quadrado classe
formas reagrupados por um lema.
Chi2 par classe [χ2 por classe]: cria um gráfico que mostra a associação da forma a
cada uma das classes. Muitas formas podem ser selecionadas ao mesmo tempo,
mantendo pressionada a tecla CTRL.
89
Baltazar Fernandes
χ2 por classe+dendro [χ2 por
classe + dendro]: corresponde ao
mesmo gráfico em barras
projetado sobre o dendrograma.
χ2 Modalités de la variable: [χ2
Modalidades da variável] cria um
gráfico que representa o χ2 de
associação das modalidades da
variável selecionada a cada uma
das classes. Necessita de
formatação
do
tipo
variável*modalidade.
Figura 29: Qui-quadrado da forma por classe
Graphe du mot [Gráfico de palavras]: cria um gráfico de semelhança
representando as ligações da forma
selecionada com as outras formas
das classes.
Concordancier [Concordância]:
propõe a concordância da (ou das)
forma(s)*temas selecionados. A
concordância está disponível para
os segmentos de texto da classe,
das classes ou de todo o “corpus”.
Outils du CNRTL [Utilitários do
CNRTL]: Interroga a base de dados do Centre National Ressources Textuelles et
Lexicales (http://www.cnrtl.fr/) à partir da forme/do Tema selecionado
(necessita de estar ligado à Internet e funciona apenas para francês).Permite obter
Figura 30: Qui-quadrado das modalidades por uma definição (Lexicografica), dos
classe
sinónimos
(Synonymie),
dos
Antónimos (Antonymie), a etimologia L’étymologie (Etymologie), a morfologia
(Morphologie) ou um gráfico de proximidade da forma. Os resultados são
mostrados no navegador da internet instalado por defeito no computador. Esta
opção não faz sentido se o “corpus” não estiver em francês.
90
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Graphe de classe [Gráfico de classe]: independente da linha selecionada. Este é
uma análise de semelhança feita numa tabela, sem / presença (0/1) que intersecta
as unidades de linha selecionados (TEXTO ou ST) das formas ativas da classe por
coluna. A matriz de semelhança é construída sobre as colunas (formas classe ativa).
Ver ponto 7.5.4 para mais detalhes.
Segments
répétés
[Segmentos
repetidos]: independente da linha
selecionada, dá-nos e os tamanhos dos
segmentos
repetidos
da
classe.
Preferência pelos segmentos repetidos.
Segments de texte caractéristique
[Caraterísticas do segmento de texto]:
independente da linha selecionada. Lista
os ST e as caraterísticas da classe. Dois
valores são propostos:
Figura 31: Gráfico "nuvem de palavras"
absoluto: os ST são classificados em
função da soma dos χ2 ligados à classe das formas ativas que os contém.
relativo: os ST são classificados em função da média dos χ2 ligados à classe das
formas ativas que os contém.
Exporter [Exportar]: exporta todos os ST presentes na classe, podendo-se assim
construir um novo “corpus”
7.5.3.2.4.2 As opções disponíveis por
classificação [Les options disponibles
pour la classification]
Para além de certos utilitários nós
podemos encontrar outras opções
efetuando um clique com o botão direito
do rato sobre a análise, no menu
“navegador” à esquerda do Iramuteq,
onde encontramos as seguintes opções:
Informations [informações]: contém as
características
escolhidas
pela
classificação (ver o ponto 7.5.3.1).
Figura 32:opções disponíveis param análise
e classificação pelo método Reinert
Ouvrir -> Anti-profils [Abrir -> Anti perfis], sobre a mesma apresentação que os
91
Baltazar Fernandes
perfis serão mostrados os anti perfis, que são as formas significativamente ausente
da classe.
Profils des segments répétés: Calcula o perfil dos segmentos repetidos.
Figura 33: Opção perfis e segmentos repetidos
Profil des types [Perfil dos tipos]: Calcula os perfis dos tipos gramaticais.
Exporter le “corpus” [Exportar o “corpus”]: esta função permite exportar o
“corpus” decomposto em segmentos de texto indexado à variável com asterisco e à
Figura 34: Exportação de um “corpus” em cor
classe do ST que os contém. Os segmentos de texto que ficam à parte da
92
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
classificação aparecem rotulados como *classe_0.
Corpus en couleur [“corpus” em cor]: Esta função cria um ficheiro *.html
rescrevendo o “corpus” inteiro onde cada segmento de texto com a cor da sua classe.
Os ST não classificados são escritos em preto. Este ficheiro fica disponível no
relatório de análise.
Outil de navigation [Utilitário de Navegação]: Matriz que representa todas as
formas com o valor de ligação do x2 a cada classe.
Statistiques par classe [Estatística por classe]: esta função cria um ficheiro *. csv
no relatório de análise (stat_par_classe.csv) que é contido por cada uma das classes:
o número total de ocorrências, o número de formas diferentes e o número de
hapax/ número de formas.
Rapport [Relatório]: esta função cria um ficheiro RAPPORT.TXT, que contém as
características gerais da classificação e os perfis.
Supprimer de l’historique [Eliminar do histórico]: Elimina esta análise do
histórico do Iramuteq.
7.5.3.3 Ficheiros produzidos por Classificação [Fichiers en sortie pour la
classification]
Figura 35: Exportação do painel de navegação
93
Baltazar Fernandes
Ficheiros produzidos por Classificação
AFC2DCL.png
AFC2DEL.png
AFC2DL.png
AFC2DSL.png
afc_col.csv
afc_facteur.csv
afc_row.csv
Analyse.ira
antiprof_segments.csv *
antiprof_type.csv *
Antiprofile.csv
Arbre_1.png
Chistable.csv
Classe_mod.csv
Corpus_couleur.htm*
Dendro1.png
Export_corpus.txt*
Info.txt
Liste_graph_afc.txt
Liste_graph_chd.txt
listeUCE1.csv
Prof_segments.csv*
Profil_type.csv*
Profiles.csv
Ptable.csv
RAPPORT.txt*
sbyClasseOut.csv
Segment_classe.csv*
Stat_par_classe.csv*
Tablet.csv
Tabelesup.csv
TableUC1.csv
Type_cl.csv*
Uce.csv
Gráfico AFC : Classes - Coordenadas- fator 1 / 2
Gráfico AFC : Variáveis ilustrativas - Coordenadas - fator 1/2
Gráfico AFC : Variáveis ativas - coordenadas - fatores 1/2
Gráfico AFC : variáveis suplementares - coordenadas- fatores 1 / 2
Resultados da AFC; Coordenadas, correlação, MASS, contribuição das classes
Resultados da AFC; Valores próprios, % de inércia e percentagem acumulada dos fatores
Resultados da AFC; coordenadas, correlação, MASS, contribuição das formas
Ficheiro Análise: permite abrir uma análise
Anti perfis dos segmentos repetidos
Anti perfis dos tipos gramaticais
Anti perfis das formas
Dendrograma da primeira CHD
χ2 da associação de cada forma as classes
Tabela de contingência formas ativas/ classes
“corpus” com a respetiva cor da classe a que pertencem
Dendrograma da classificação
Ficheiro criado com a opção “ exporter le “corpus”
Resumo da classificação
Ficheiro Iramuteq
Ficheiro Iramuteq
Ficheiro Iramuteq
Perfis dos segmentos repetidos
Perfis dos tipos gramaticais
Perfis das classes
Nível de significância da associação do χ2 de cada uma das formas às classes
Ficheiro criado pela opção “Rapport”
Ficheiro Iramuteq
Tabela de contingência dos segmentos repetidos/classes
Ficheiro criado pela opção “Stat por classe”
Tabela de contingência das variáveis ilustrativas/classes
Tabela de contingência das formas suplementares/classes
Matriz utilizada para análise no formato Matrix Market
Tabela de contingência dos tipos gramaticais/classes
Posicionamento dos segmentos de texto por classes
Nota: * Os ficheiros que antes referimos são acessíveis depois de ativarmos esta
opção no menu “option d’analyse” (clicando com o botão direito sobre análise no
menu à esquerda, conforme figura n.º32).
7.5.4 Análise de semelhança [Analyses de similitude]
94
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Esta
análise
produz
gráficos a partir da
libraria “ igraph” do R. A
tabela original é uma
tabela
de
presença/ausência.
A
matriz de semelhança é
calculada a partir de um
dos índices propostos. A
maior parte dos índices
propostos estão contidos
na libraria “proxy” da R.
Figura 36: Forma de acesso aos ficheiros produzidos
7.5.4.1 Parâmetros da análise de semelhança sobre os textos [Paramétrages de
l’Analyse de Similitude sur textes]
Depois do menu “préférences” (ver ponto 7.4), um menu de parâmetros é
Figura 37: Caixa de diálogo dos parâmetros análise de semelhança
95
Baltazar Fernandes
visualizado.
Este menu é composto de três partes:
La liste des formes [lista das formas] No quadro da esquerda são apresentadas as
formas e as suas frequências. Por defeito são todas selecionadas.
Les paramètres du graphe [os parâmetros do gráfico]
Este separador fica ativo logo desde a abertura do menu. Ele permite-nos escolher
as características do gráfico. Por ordem nós encontramos:
Figura 38: Caixa de diálogo das opções de acesso aos módulos: Índice e Layout
Índice: permite escolher o tipo de índice utilizado (coocorrência por defeito)
Layout: mode de apresentação dos dados. As opções são aleatórias random, cercle,
Fruchterman Reingold, Kamaad-Kawai, graphot. Ver a documentação da libraria
igraph para mais detalhes.
Figura 39: Exemplos de diferentes modos de apresentação de dados [Layout]
Type de graphique [Tipo de Gráfico]: Escolha do método de apresentação do
gráfico.
96
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Statique [Estático]: Produz uma imagem com o formato *.png ou *.svg
Dynamique [Dinâmico]: utiliza o interface tk do gráfico. Este interface permite a
organizar e conservar as coordenadas para realização de um gráfico estático.
3D: produz um gráfico a três dimensões que se abre numa janela “rgl”.
Format de l’image: permite salvar a imagem em *.png ou *.svg
Arbre maximum: calcula a árvore máxima.
Figura 40: Caixa de diálogo dos parâmetros análise de semelhança
Graphe à seuil: permite eliminar as arestas para as quais o valor do índice é
inferior ou igual ao limite escolhido. Texte sur les sommets: [índice sobre os
97
Baltazar Fernandes
vértices] afixa o texto sobre os limites dos gráficos.
Indice sur les arêtes: [índice sobre as arestas] afixa o texto sobre as arestas do
gráfico.
Taille du texte [tamanho do texto]: Indica o tamanho do texto sobre o gráfico.
Communauté: Permite o cálculo das comunalidades (ver a documentação da
libraria igraph para mais detalhes).
Halo: representa as comunalidades por um halo de cor.
Sélectionner une variable: abre depois de validado um novo menu umas variáveis
(ou várias modalidades). As formas características das modalidades serão colocadas
a cor.
Option sélection de variable
[Opção seleção da variável]: para
vermos mais detalhes sobre esta
janela.
Les paramètres graphiques: [Os
parâmetros gráficos] é o segundo
separador onde é possível ver as
características visuais do gráfico.
Taille du graphique [tamanho do
gráfico]: produzido (em pixéis)
Figura 41: Caixa de diálogo dos parâmetros do
Taille
des
sommets
gráfico
“nuvem de palavras”
proportionnelle à l’effectif: permite
ajustar o tamanho dos vértices
proporcional ao efetivo e a forma ou ao seu χ2.
Largeur des arêtes proportionnelle à l’indice: permite ajustar a largura das
arestas proporcional ao valor do índice.
Gradiant de gris sur les textes en fonction de l’effectif (du χ2): permite atribuir
a cor do texto dos vértices em função do efetivo da forma.
Couleur des sommets / Couleurs des arêtes: atribui a cor aos vértices e/ou
arestas.
Taille des sommets: indexa um tamanho único aos vértices do gráfico.
98
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Transparence des sphères: regula a transferência de esferas para os gráficos em
3D.
Faire un film: permite fazer um filme representante de um ciclo completo de um
gráfico em 3D.
7.5.4.2 Résultats de l’analyse de similitude [Resultados da Análise de
Semelhança]
Os resultados são apresentados num novo separador. À esquerda são apresentados
dois
ícones:
Este
ícone permite abrir um menu de parâmetros, conservando as
últimas escolhas.
Este
ícone
exporta o último gráfico no formato graphml, que
posteriormente pode ser aberto em softwares como
Gephi ou Visone17.
7.5.4.3 Ficheiros associados [Fichiers en sortie]
Répertoire de sortie [Ficheiros Associados] – NomDuCorpus_simitxt_x
Actives.csv
Lista das formas ativas
Analyse.ira
Ficheiro de análise. Permite abrir uma análise
graph_simi_X.png Gráfico com formato *.png. A cada reedição do gráfico um novo ficheiro se cria
liste_graph.txt
Ficheiro Iramuteq
listeuce1.csv
Ficheiro Iramuteq
mat01.csv
Matriz utilizada para análise no formato MarketMatrix
RData.RData
Ficheiros R
Selected.csv
Lista de identificação das formas selecionadas (se recarrega em cada edição)
17
Visone e Gephi são um tipo de software específico para visualizar, analisar e explora rem tempo real os
gráficos e os dados que lhe estão associados (http://visone.info/ html/about.html) e Gephi
(http://gephi.org/).
99
Baltazar Fernandes
7.5.5 Nuvem de palavras [Nuage de
mots]
7.5.5.1 Parâmetros da análise Nuvem
de Palavras [Paramétrage de l’analyse
Nuage de mots]
Depois do menu de preferências (ver
ponto 7.4), aparece-nos um menu de
parâmetros.
Hauteur/Largeur: fixa a dimensão da
nuvem.
Format de l’image: permite-nos salvar
a imagem em dois tipos de formatos
*.png ou *.svg
Figura 42:Exemplo de um gráfico "nuvem
de palavras"
Nombre maximum de formes: Número máximo de formas presentes na nuvem.
Formes retenues: permite-nos escolher entre formas ativas e/ou suplementares.
Taille du texte: fixa os limites
superiores e inferiores do
tamanho do texto.
Couleur du
define as cores
Figura 43:Caixa de diálogo do menu de edição dos
dendrogramas
texte/fond:
Depois da validação aparecenos a lista das formas e a sua
frequência. Por defeito são
todas
selecionadas.
O
utilizador pode então escolher
a sua lista (para selecionar
várias
formas
manter
pressionada a tecla [Ctrl] logo
após a seleção)
7.5.5.2 Resultados da análise da nuvem de palavras [Résultats de l'analyse
100
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
nuage de mots]
Os resultados aparecem num novo separador.
7.5.5.3 Ficheiros associados a nuvem de palavras [Fichiers en sortie pour les
nuages de mots]
São os seguintes os ficheiros que
estão associados a nuvem de
palavras.
7.6 Reedição dos gráficos nas
análises textuais [Réédition des graphiques dans les analyses textuelles]
7.6.1 Menu de reedição dos dendrogramas [Menu de réédition des
dendrogrammes]
Esta caixa de diálogo é acessível pelo ícone
à esquerda dos dendrogramas
Hauteur / largeur: Tamanho da imagem em pixéis
Type de dendrogramme: permite escolher o tipo de dendrograma (phylograma,
cladograma, fan, unrooted e radial)
Ajouter la taille des classes: permite-nos sobrepor ao dendrograma o tamanho das
classes (em barras ou curvas)
101
Baltazar Fernandes
Figura 44:Exemplo dos diferentes tipos de dendrogramas
102
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
7.6.2 Menu de reedição das AFC [Menu de réédition des AFC]
Figura 45: Caixa de diálogo da edição das AFC
Esta caixa de diálogo é acessível pelo ícone
à esquerda das AFC
Type de graphique [Tipo de gráfico]: permite escolher os gráficos em duas ou três
dimensões;
Format de l´image [formato de imagem]: permite-nos escolher o modo de gravação
da imagem;
Représentation [Representação]: escolha do modo de representação das
coordenadas e os corelacionamentos da variável.
103
Baltazar Fernandes
Variable [Variável]: Podemos também escolher as formas a analisar : ativas,
suplementares e classes e nestas os títulos das colunas,
Largeur/hauteur [Largura /altura]: define as dimensões do gráfico em pixéis.
Taille du texte [Tamanho do texto]: define o tamanho do texto, toma em conta
os dez primeiros pontos. Assim só são evidenciados os dez primeiros pontos que
têm um valor de χ2 mais forte no conjunto da classificação. Limita o número de
pontos de ligação por classe. Só o limiar mínimo de ligação à classe pode aparecer.
Limiter le nombre de points par le χ2 de liaison par classe: aparece o limiar
mínimo de pontos por χ2 de ligação à classe.
Éliminer les recouvrements: Esta opção evita a recuperação do nível de pontos,
isto produz um viés mas permite uma melhor legibilidade.
Taille du texte proportionnel à l’effectif de la forme: regula o tamanho do texto
en função do efetivo da forma no “corpus”.
Taille du texte proportionnel au χ2 d’association de la forme: regula o
tamanho do texto em função do χ2 e da ligação à classe.
facteurX /facteurY/facteurZ: respetivamente fator em abcissas, fator em
ordenadas e fator em cotas.
Transparence des sphères: permite ajustar a transferência das esferas nos gráficos
em 3D
Faire un film: disponível unicamente para os gráficos em 3 D. Produz um *.gif
animado que representa uma rotação de 360º do gráfico.
104
METODOLOGIAS DE ESTUDOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
105
Baltazar Fernandes
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Baltazar Fernandes
Baltazar de Castro Fernandes, é Doutor em Ciências da Comunicação pela
Universidade do Minho;
Mestre em Gestão e Pós-Graduado em Auditoria;
Actualmente é Gestor de Produção na Unidade Local de Saúde do Alto Minho,
EPE
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