Opinião
José Miguel Pinto dos Santos
P R O F ES S O R D E F I N A N ÇA S , A ES E B U S I N ES S S C H O O L
To lease or
not to lease?
ara muitas pessoas e empresas, o mais importante
não é ter a propriedade
de um equipamento, mas
poder usá-lo. Não só a propriedade, mas também o
aluguer, dá-nos a possibilidade de empregar um
ativo na nossa atividade.
Quer o compremos, quer o aluguemos, temos,
de alguma maneira, de o pagar, pelo que quer
a compra, quer o aluguer, podem ser considerados um investimento; uma saída de dinheiro
que, espera-se, permita obter entradas em valor
superior.
Assim, juntamente com a decisão de investir numa frota operacional vem a necessidade
de decidir se será melhor comprar ou fazer
um leasing. Decisão que, por envolver muitas
variáveis, nem sempre é fácil. Mas, uma vez
que se tenha decidido que uma certa viatura é
necessária à nossa atividade, o princípio básico
que deve presidir à nossa escolha, entre compra
e leasing, é de minimizar as saídas de dinheiro
que iremos ter. E que saídas podem ser?
Se comprarmos, temos de pagar logo o preço
acrescido de todos os impostos e taxas originadas
pela transação. Se financiarmos a compra com
um empréstimo, a saída é compensada com uma
entrada, mas, em troca, teremos de pagar uma
mensalidade constante ao banco, mensalidade
que ordinariamente contém uma parcela que
é amortização do empréstimo e outra que é
pagamento de juros sobre o montante ainda não
amortizado. Se fizermos um leasing, a prestação
mensal também tem dois componentes: um que
corresponde à amortização do ‘empréstimo’,
outra ao ‘juro’ do capital que a empresa de
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leasing empatou na viatura que nos empresta.
O juro que é pago depende da taxa de juro
efetiva que é cobrada no empréstimo bancário
com que financiamos a compra, ou da taxa de
juro implícita no contrato de aluguer de longa
duração, que a empresa de leasing nos pode dizer
qual é, ou que nós podemos calcular sabendo
quais são os pagamentos que teremos de fazer
ao longo da vida do contrato.
Outra saída vão ser as despesas com manutenção, seguros e impostos. Estas despesas
sairão do nosso bolso caso compremos a viatura.
Caso optemos pelo leasing pode dar-se o caso
de ficarem a cargo da empresa de leasing, ou de
ficarem por nossa conta. Se ficarem a cargo da
empresa de leasing, estarão incluídas na renda
mensal que pagamos, traduzindo-se numa majoração da taxa implícita.
Quando se financia a compra com capital
próprio, as despesas acrescidas que vamos ter
com manutenção e seguros, bem como a depreciação do ativo, vão diminuir os resultados
tributáveis, o que corresponde a uma ‘entrada’ de
dinheiro, pois evita uma saída de dinheiro para
pagamento de impostos. Quando se financia a
aquisição com dívida, à manutenção, seguros e
depreciação vão adicionar-se os juros pagos, que
vão aumentar o escudo fiscal no período. Caso
se opte pelo leasing, em princípio, o valor total
da prestação mensal pode ser levado a despesa.
A taxa marginal de IRC que a empresa paga vai
determinar a importância destas poupanças fiscais: para uma empresa que, por outros motivos,
já não pague IRC, estas poupanças não existem.
Finalmente, há que ter em conta que o
valor residual da viatura após a sua vida útil
nos pertence caso a compremos, seja através
de capital próprio ou de dívida. Caso façamos
um leasing, no término do contrato o valor
residual ou pertence à empresa de leasing ou,
caso exerçamos um possível direito de compra,
a nós, embora isso vá implicar outra saída de
dinheiro.
Para determinar se o leasing será a melhor
solução, vamos ter de fazer as contas, tendo o
cuidado de não esquecer nenhuma parcela, para
ver que opção apresenta saídas globalmente mais
baixas. Certo, certo é que o leasing será tanto
mais atrativo relativamente ao financiamento
por empréstimo, quanto menos alta for a taxa
implícita no leasing relativamente à taxa de
juro num empréstimo bancário e quanto mais
alta for a taxa de IRC da empresa. Mas sem
fazer as contas, comparando todas as saídas e
entradas de dinheiro que cada opção implica,
nunca teremos a certeza, à priori, de qual será
a solução de financiamento mais favorável.
Para determinar se o leasing será a melhor solução, vamos
ter de fazer as contas, tendo o cuidado de não esquecer
nenhuma parcela, para ver que opção apresenta saídas
globalmente mais baixas