A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA, BIOCOMBUSTÍVEIS E EMISSÕES
ATMOSFÉRICAS
Luciano Zart Olanyk1, Waldir Nagel Schirmer2
1UNICENTRO; Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia; E-mail:
lzrt@hotmail.com; 2UNICENTRO; Professor adjunto do departamento de Engenharia
Ambiental; e-mail: wanasch@yahoo.com.br.
Resumo:
Recentes preocupações, relacionadas ao uso de derivados de petróleo, pautadas nos
custos, na disponibilidade e nos danos causados ao meio ambiente, estimularam
pesquisas para o desenvolvimento de energias renováveis. Diversos estudos
mencionam uma significativa redução na emissão de poluentes, em conseqüência do
emprego de fontes renováveis na matriz energética mundial, sobretudo pela utilização
de biocombustíveis. No Brasil, a utilização de combustíveis alternativos se desenvolveu
a partir da década de 1970, com a expansão da indústria sucroalcooleira. Quando
comparado a outros países, constata-se que a produção de etanol no Brasil possui
características próprias que a diferencia de suas congêneres, especialmente em
relação à estrutura produtiva, às políticas macroeconômicas e às características
geográficas. Neste sentido, este trabalho considera a transição da matriz energética
atual (predominantemente fóssil) para os combustíveis alternativos em um horizonte de
10 anos, trazendo uma breve revisão sobre os principais biocombustíveis (etanol e
biodiesel) utilizados no Brasil, bem como a significativa redução na emissão de gases
poluentes, em decorrência da gradual substituição dos combustíveis fósseis.
Palavras-chave: Energia renovável, etanol, biodiesel, poluentes.
Introdução
Acredita-se que a poluição antropogênica (causada pela ação do homem) ocorre desde
quando a humanidade desenvolveu a habilidade de manipular o fogo, mas sem afetar a
atmosfera de forma relevante, até o início da era contemporânea, época na qual se
observou o advento da industrialização e um contundente aumento populacional. Com
a expansão da urbanização, as fontes de poluição se multiplicaram e atualmente, o
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crescimento da frota motorizada amplifica o problema. Anualmente, próximo de 200
milhões de toneladas de gases são liberados para a atmosfera, sendo pouco mais da
metade, proveniente de motores de combustão interna (THEODORE, 2008; SEINFELD,
PANDIS, 2006). Estes fatos tornam a busca por fontes renováveis, essencial para a
subsistência entre o desenvolvimento e a preservação ambiental (AGARWAL, 2007).
A matriz energética
O Brasil é mundialmente reconhecido por sua estratégia de utilização de combustíveis
renováveis. Na figura 1, observa-se que os recursos energéticos não renováveis ainda
representam mais da metade dos componentes da matriz energética brasileira, no
entanto, a biomassa de cana já supera o tradicional recurso energético de fontes
hídricas. Este fato consolida a cana-de-açúcar como a segunda principal fonte primária
para produção de energia no país (ANP, 2011).
Figura 1 - Recursos componentes da matriz energética brasileira. Fonte: ANP (2011).
Para o período entre 2011 a 2020, o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE)
destaca a previsão de aumento do consumo de biocombustíveis líquidos (etanol e
biodiesel), cuja soma da participação se elevará de 6,1% em 2010, para 9,9% em 2020,
com acentuada redução dos derivados de petróleo, principalmente do óleo diesel e da
gasolina, em consenso com a sustentabilidade almejada pelo país (EPE, 2011).
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Biocombustíveis (etanol e biodiesel)
Sabe-se que biocombustíveis podem ser utilizados em motores desde que estes foram
inventados, porém, a disponibilidade e os baixos custos dos derivados de petróleo
continuamente inviabilizavam a sua aplicação (KNOTHE, 2006). No entanto, a partir da
constatação da escassez do petróleo e do reconhecimento da degradação ambiental
causada pelo uso dos derivados fósseis, surgiu uma forte tendência a favor dos
biocombustíveis, em especial o etanol e o biodiesel (GOLDEMBERG, 2009; SEINFELD,
2006). Atualmente, segundo Costa et al. (2010), o Brasil é o maior produtor mundial de
cana de açúcar, colocação sustentada em três pontos. O primeiro diz respeito à
indústria sucroalcooleira, que não necessita adquirir matéria prima de terceiros, uma
vez que a maior parte da cana de açucar processada é cultivada pela própria indústria.
Outro ponto é a consolidação do etanol como biocombustível automotivo através de
políticas macroeconômicas, que estabilizam a demanda interna e estimulam a evolução
tecnológica, como o lançamento dos motores bi combustível. Por último, deve-se
mencionar a diversidade de micro climas e a possibilidade de produção da cana em
escala econômica, na maior parte das áreas cultiváveis do país (CONAB, 2012).
A competência para converter cana em biocombustível estimulou a criação do
Programa Nacional de Biodiesel (PNPB), que nasceu com a proposta de promover a
inclusão social e desenvolvimentos regionais. Mas, metas ambiciosas, em detrimento à
sua proposta inicial, e a indefinição quanto a melhor matéria-prima para atender a
produção, ainda são os principais obstáculos para o programa (COSTA et al, 2010).
Emissões
Tanto os poluentes primários (emitidos de uma fonte) quanto os poluentes secundários
(resultantes de reações entre os poluentes primários e constituintes da atmosfera), são
responsáveis pela maior parte dos problemas de insalubridade e prejuízos materiais
atribuídos à poluição atmosférica. Entre os principais poluentes primários estão o
monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx),
hidrocarbonetos (HC) e materiais particulados. E entre os poluentes secundários,
destacam-se o ozônio, o ácido sulfúrico e o ácido nítrico. Diversas pesquisas indicam
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significativas reduções na emissão dos poluentes primários devido ao uso do etanol
com gasolina assim como o uso do biodiesel com óleo diesel em diferentes proporções,
ratificando que estes biocombustíveis exercem papel vital na redução do impacto
ambiental proveniente dos combustíveis fósseis (BOUBEL, 1994; AGARWAL, 2007).
Conclusões
Considerando a crescente emissão de poluentes, intensificada pelo aumento da frota
de veículos e a conseqüente degradação da atmosfera, verifica-se a urgente
necessidade de medidas mitigadoras para os impactos causados à atmosfera. Neste
sentido, o uso de biocombustíveis é uma alternativa viável, fato corroborado pelas
diversas ações adotadas pelos órgãos governamentais. Ressalta-se ainda o crescente
número de pesquisas que auxiliam na tomada de decisões estratégicas rumo à
independência energética e ao compromisso com a preservação ambiental.
Referências
AGARWAL, A. Biofuels (alcohols and biodiesel) applications as fuels for internal combustion engines. Progress in Energy and Combustion Science, v.33, p.233–271,
2007.
ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Anuário
estatístico brasileiro de petróleo biocombustíveis (2011). 2011. Disponível em:
www.anp.gov.br. Acesso em: 15 out. 2012.
BOUBEL, R. W.; FOX, D. L.; TURNER, D. B.; STERN, A. C. Fundamentals of air
pollution. 3 ed. San Diego: Academic Press, 1994.
CONAB. Perfil do setor de açúcar e álcool no Brasil para safra de 2009/2010. 2012.
Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em: 15 out. 2012.
COSTA, A.C.A, et al. The situation of biofuels in Brazil: New generation technologies.
Renewable and Sustainable Energy Reviews, v.14, p.3041–3049, 2010.
EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Plano decenal de expansão de energia
2020. 2011. Disponível em: www.epe.gov.br. Acesso em: 15 out. 2012.
GOLDEMBERG, J. Biomassa e energia. Quimica Nova, v.32, n.3, p.582-587, 2009.
KNOTHE, G. Manual de biodiesel. São Paulo: Editora Blucher, 2006.
SEINFELD, J. H.; PANDIS, S.N. Atmospheric chemistry and physics – From air
pollution to climate change. New Jersey: Wiley and Sons, 2006.
THEODORE, L. Air pollution control equipment calculations. New Jersey: Wiley and
Sons, 2008.
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