Neotropical Biology and Conservation
14(3): 313–327 (2019)
doi: 10.3897/neotropical.14.e38290
RESEARCH ARTICLE
Sobrevivência e crescimento de espécies nativas do
Cerrado após semeadura direta na recuperação de
pastagem abandonada
Survival and growth of Cerrado native species after
direct sowing in abandoned pasture recovery
Maria Cristina de Oliveira1, Jussara Barbosa Leite1, Olga Porto da Silva Galdino1,
Roberto Shojirou Ogata2, Dulce Alves da Silva3, José Felipe Ribeiro4
1
2
3
4
Universidade de Brasília, Faculdade UnB Planaltina, Brasília, DF, Brazil
Projeto Biomas – Componente Cerrado, Brasília, DF, Brazil
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF, Brazil
Embrapa Cerrados, Brasília, DF, Brazil
Corresponding author: Maria Cristina de Oliveira (mcrisoliveira@unb.br)
Academic editor: A.M. Leal-Zanchet | Received 20 August 2018 | Accepted 31 March 2019 | Published 9 October 2019
Citation: de Oliveira MC, Leite JB, da Silva Galdino OP, Ogata RS, da Silva DA, Ribeiro JF (2019) Sobrevivência
e crescimento de espécies nativas do Cerrado após semeadura direta na recuperação de pastagem abandonada.
Neotropical Biology and Conservation 14(3): 313–327. https://doi.org/10.3897/neotropical.14.e38290
Resumo
Considerando que estudos sobre a sobrevivência e o crescimento das espécies nativas via semeadura
direta nas savanas brasileiras ainda são escassos, este trabalho acrescenta informações para essa técnica com 36 espécies arbóreas nativas do bioma Cerrado com relação a emergência, sobrevivência e
crescimento no campo ao longo de três anos. Assim, 11.550 sementes foram semeadas em 2.520 covas,
espaçadas 1 × 1 m, em duas áreas de 5.000 m2 cada, em área de pastagem abandonada em solo do tipo
Neossolo Regolítico na Fazenda Entre Rios, Distrito Federal, Brasil. Cada cova recebeu de duas a dez
sementes de uma espécie, sem qualquer tratamento de quebra de dormência. A taxa de emergência
foi avaliada após 120 dias, e a sobrevivência das emergentes após um, dois e três anos. Além disso, seu
crescimento em altura foi avaliado após três anos. Das 36 espécies, quatro apresentaram entre 10% e
20% de emergência e quatro (Copaifera langsdorffii, Hymenaea courbaril, Eugenia dysenterica e Stryphnodendron adstringens) acima de 20% e sobrevivência >80%, após um ano. Nesse mesmo período,
24 das espécies testadas apresentaram taxa de sobrevivência >60%. No geral, a taxa média de sobrevivência dos indivíduos nos três anos foi baixa (53%). Devido ao típico crescimento lento em altura
Copyright Maria Cristina de Oliveira et al. This is an open access article distributed under the
terms of the Creative Commons Attribution License (CC BY 4.0), which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.
314
Maria Cristina de Oliveira et al.
observado para os indivíduos das espécies de Cerrado consideradas (média de 10,8 cm em três anos),
na recuperação de áreas similares é importante também levar em conta o plantio de outras formas de
vida (herbáceas e arbustivas) de espécies nativas, talvez até em densidades mais elevadas, para ocupar
mais rapidamente o solo e assim buscar competir com as gramíneas exóticas.
Abstract
Considering that studies on the survival and growth of native species via direct seeding in Brazilian savannas are still scarce, the present work adds information for this technique with 36 native tree species
of the Cerrado biome in relation to emergence, survival and growth in the field over three years. Thus,
11,550 seeds were sown in 2,520 pits, spaced 1×1 m, in two areas of 5,000 m2 each, in an abandoned
pasture area on a Neossolo Regolítico soil at Fazenda Entre Rios, Federal District, in central Brazil, to
evaluate emergence, survival and growth. Each pit received from two to ten seeds of a species, without
any treatment of dormancy breaking. The emergency rate was evaluated after 120 days, and the survival of the emergents after one, two and three years. In addition, its height growth was evaluated after
three years. Of the 36 species, four presented between 10% and 20% emergence and four (Copaifera
langsdorffii, Hymenaea courbaril, Eugenia dysenterica and Stryphnodendron adstringens) above 20%
and survival >80% after one year. In this same period, 24 of the tested species presented survival rate
>60%. In general, the average survival rate of individuals in the three years was low (53%). Due to the
typical slow growth in height of the individuals of the Cerrado species considered (average of 10.8 cm
in three years), in the recovery of similar areas, it is also important to consider the planting of other
forms of life (herbaceous and shrub) of native species, perhaps even at higher densities, to occupy the
soil more quickly and thus seek to compete with exotic grasses.
Palavras-chave
bioma Cerrado, diásporo, restauração ecológica
Keywords
Cerrado biome, diaspore, ecological restoration
Introdução
Localizadas em extensas regiões nos trópicos e internacionalmente conhecidas
como Biomas Tropicais Graminosos, fisionomias campestres e savânicas ocupam
20% da superfície terrestre (Scholes e Archer 1997). Esses autores destacam, portanto, que um quinto da população mundial recebe serviços ecossistêmicos proporcionados por essas fisionomias, como, por exemplo, a manutenção de recursos hídricos
e armazenamento de carbono, conforme mencionado por Honda e Durigan (2016).
Infelizmente, a despeito do crescente reconhecimento do valor dessas áreas em escala global, esses ecossistemas têm sido degradados em consequência de atividades
humanas (Parr et al. 2014). Sendo assim, é crescente e desafiadora a necessidade da
conservação e restauração de biomas tropicais graminosos no planeta.
No bioma Cerrado, o representante dos biomas tropicais graminosos no Brasil,
a realidade não é diferente. Atualmente, cerca de 46% da área total já foi alterada
por mudanças no uso do solo para formação de pastagem, agricultura e expansão
urbana, determinando assim as maiores ameaças a esse bioma (MMA 2015). Esse
Semeadura direta na recuperação de pasto
315
estudo destaca que as duas classes mais representativas de mudanças no uso da
terra, pastagens plantadas e cultivos agrícolas, têm ocupado 29,5 e 11,6% do Cerrado, respectivamente. Essas atividades têm proporcionado redução em extensão das
fisionomias campestres e as savânicas por meio da introdução de espécies exóticas,
além de contribuir para o aumento da fragilidade dos ambientes naturais remanescentes (Pivello et al. 1999; Durigan et al. 2007).
Ecossistemas naturais apresentam diferentes estratégias de reprodução que possibilitam superar os efeitos da degradação. Nas fisionomias savânicas e campestres
do bioma Cerrado, o potencial de regeneração da vegetação está mais relacionado
à presença de estruturas subterrâneas que permitam a rebrota do que com o recrutamento por dispersão de sementes (Durigan et al. 2011). Em áreas modificadas
para agricultura ou mesmo pastagens de alta tecnologia, que utilizam manejo com
revolvimento frequente do solo a cada ano, geralmente ocorre a remoção de orgãos
subterrâneos remanescentes da vegetação natural. Como o processo de regeneração
natural nesse bioma pode acontecer pela presença e capacidade de rebrota das espécies nativas, a sua retirada dificulta o processo de regeneração natural da área, de
modo que a recuperação da vegetação passa a depender fontes externas, ou seja, do
plantio de espécies nativas (Durigan 2003).
Outro grande desafio é o fato de que essas áreas, quando mal manejadas ou
mesmo abandonadas, são dominadas por gramíneas africanas, como a braquiária,
capim-gordura, andropogon, além de outras espécies utilizadas para o pastejo do
gado. Pelos obstáculos criados para a germinação de sementes e para o estabelecimento de plântulas de espécies nativas, Martins et al. (2008) e Cava et al. (2016)
apontam a eliminação das gramíneas invasoras, como uma das principais dificuldades no processo de restauração. Para Bocchese et al. (2008) e Pilon e Durigan
(2013), a presença de gramíneas exóticas agem como inibidor da regeneração natural, restringindo o restabelecimento das plantas nativas.
No bioma Cerrado, espécies florestais são frequentemente empregadas para
restaurar áreas originalmente cobertas por fisionomias savânicas e campestres (Pellizzaro et al. 2017). Além de serem melhor estudadas, as espécies florestais são relativamente mais fáceis de cultivar, produzem mais sementes e possuem crescimento
relativo mais rápido do que as espécies arbóreas savânicas (Durigan 2013). Entretanto, sabe-se que a maioria das espécies graminóides dos ambientes savânicos e
campestres não tolera sombra (Cabin et al. 2002). Assim, na prática, espécies florestais com crescimento mais rápido, possibilitariam, em menor espaço de tempo, a
eliminação das gramíneas exóticas por sombreamento, facilitando assim o processo
de restauração da área. Todavia, essa prática não é apropriada para restauração de
ambientes savânicos e campestres (Veldman et al. 2015), já que originalmente essas
são formações compostas de aproximadamente 90% de espécies arbustivas e herbáceas (Mendonça et al. 2008), que, juntas, compõem a estrutura, função e diversidade desses locais (Bond e Parr 2010). No entanto, a restauração de savanas e campos
considerando espécies com hábitos arbustivos e herbáceos ainda é rara no bioma
Cerrado (Overbeck et al. 2013; Aires et al. 2014; Pellizzaro et al. 2017).
316
Maria Cristina de Oliveira et al.
Apesar de diminuir custos em até 40% com redução de mão de obra e viveiro,
a semeadura direta ainda apresenta a limitação de prorrogar o tempo de competição com plantas invasoras. Essa prorrogação acontece devido ao desenvolvimento
mais lento das formas de vida das espécies nativas que assim permanecem no nível
do estrato herbáceo por mais tempo (Riginos 2009), à mortalidade das sementes e
plântulas por dessecação com às maiores temperaturas em áreas abertas, ou mesmo
à predação de sementes (Engel e Parrotta 2001; Sankaran et al. 2008).
Nesse contexto, o presente estudo teve por objetivo avaliar o sucesso de emergência, sobrevivência e crescimento de 36 espécies nativas arbóreas do bioma Cerrado semeadas em microsítios favoráveis em um tipo de solo, visando sua indicação em plantios de restauração por semeadura direta para o bioma.
Material e métodos
Área de estudo
O experimento foi realizado em duas áreas de pastagem abandonada em Neossolo
Regolítico na Fazenda Entre Rios (15°57'30"S; 47°27'26"W) localizada na rodovia
DF 120, Paranoá, Distrito Federal, Brasil. Originalmente, as áreas eram cobertas
por Campo Sujo e posteriormente foram convertidas em pastagens. Essas práticas foram suspensas dois anos antes do início da instalação do presente estudo. As
áreas estavam praticamente dominadas pela gramínea exótica Urochloa decumbens
(Stapf) R. D. Webster (braquiária) (aproximadamente 100% de cobertura e altura
média de 40 cm) (observação pessoal). A paisagem geral da fazenda é caracterizada
pelo mosaico de áreas agrícolas, pastagens e fragmentos de remanescentes de Cerrado sensu stricto e de Matas Galeria.
O clima da região é do tipo Aw, segundo a classificação de Köppen-Geiger, com
verão chuvoso e inverno seco e frio. A temperatura média anual é de 21 °C, com
média máxima de 22 °C em setembro e média mínima de 18 °C em julho e média de
precipitação de 1.500 mm (INMET 2018). No local de estudo, de acordo com dados
de uma estação metereológica, a média de precipitação durante o período avaliado
foi de 1.039 mm no ano de 2014, 859 mm em 2015 e 972 mm em 2016.
Desenho experimental
As espécies foram escolhidas em função da sua ocorrência natural nas fitofisionomias próximas da área a ser restaurada corroboradas pelas indicações oferecidas
pelo site do WebAmbiente (www.webambiente.org.br). As sementes/propágulos
foram coletadas ao longo do ano de 2013 em áreas naturais localizadas relativamente próximas ao local de estudo (raio de 200 Km), ao longo de aproximadamente
um ano, dependendo da fenologia de cada uma das 36 espécies arbóreas selecionadas (Tabela 1). A identificação dos táxons foi realizada no campo, e depois por
comparação em herbário. A grafia referente aos nomes científicos das espécies foi
317
Semeadura direta na recuperação de pasto
Tabela 1. Espécies arbóreas nativas do bioma Cerrado utilizadas na semeadura direta realizada em duas
áreas de pastagem abandonada em Neossolo Regolítico na Fazenda Entre Rios, Distrito Federal, Brasil.
Família
Espécie
Anacardiaceae
Astronium fraxinifolium Schott
Schinopsis brasiliensis Engl.
Myracrodruon urundeuva Allemão
Annona crassiflora Mart.
Hancornia speciosa Gomes
Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd ex Mart.
Syagrus oleracea (Mart.) Becc.
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Cybistax antisiphylitica (Mart.) Mart.
Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose
Setembro
Outubro
Setembro
Março
Setembro
Setembro
Setembro
Setembro
Julho
Janeiro
3
10
5
4
10
2
2
2
4
3
210
700
350
280
700
140
140
140
280
210
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f ex S. Moore
Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.
Setembro
Setembro
3
3
210
210
Calophyllaceae
Caryocaraceae
Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc.
Caryocar brasiliense Cambess.
Setembro
Dezembro
3
2
210
140
Combretaceae
Terminalia argentea Mart.
Setembro
5
350
Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
Bowdichia virgilioides Kunth
Copaifera langsdorffii Desf.
Dalbergia miscolobium Benth.
Dimorphandra mollis Benth.
Dipteryx alata Vogel
Hymenaea courbaril L.
Inga cylindrica (Vell.) Mart.
Jacaranda cuspidifolia Mart.
Plathymenia reticulata Benth.
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville
Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Schott & Endl.
Guazuma ulmifolia Lam.
Cedrela fissilis Vell.
Eugenia dysenterica (Mart.) DC.
Triplaris gardneriana Wedd.
Alibertia edulis (Rich.) A. Rich
Genipa americana L.
Solanum lycocarpum A.St.-Hil.
Qualea grandiflora Mart.
Setembro
Setembro
Agosto
Outubro
Julho
Agosto
Outubro
Setembro
Setembro
Agosto
Dezembro
Agosto
Novembro
Agosto
Julho
Setembro
Agosto
Janeiro
Março
Setembro
Setembro
5
3
10
3
4
10
3
2
3
4
3
10
2
10
4
3
4
10
3
5
3
350
210
700
210
280
700
210
140
210
280
210
700
140
700
280
210
280
700
210
350
210
Annonaceae
Apocynaceae
Arecaceae
Bignoniaceae
Boraginaceae
Fabaceae
Malvaceae
Meliaceae
Myrtaceae
Polygonaceae
Rubiaceae
Solanaceae
Vochysiaceae
Mês de coleta Semente/ Semente/
cova
área
conferida e corrigida com base na Lista de Espécies da Flora do Brasil (Flora do
Brasil 2020 em construção).
Após a coleta dos propágulos, estes foram processados de acordo com a característica da espécie e como descrito em Oliveira et al. (2016). As sementes
foram estocadas em sacos de papel e depositadas em câmara fria até a semeadura,
318
Maria Cristina de Oliveira et al.
exceto para Eugenia dysenterica (Mart.) DC. que foi semeada 30 dias após coleta.
Não foi realizado qualquer tratamento de quebra de dormência nas sementes das
espécies. Para comparação com a emergência no campo, lotes foram germinados
em laboratório para avaliar a germinabilidade em 28 das 36 espécies que foram
levadas para o campo. Foram elaboradas quatro réplicas de 25 sementes, utilizando-se placas de Petri com papel filtro. A temperatura utilizada foi de 25 °C
e o fotoperíodo foi de 12 h de luz branca em câmara de germinação tipo B.O.D.
no Laboratório de Sementes da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia no
Distrito Federal.
A semeadura direta manual com 36 espécies foi realizada no início da época
chuvosa do ano de 2013 (dezembro), nas duas áreas, 100×50 m (5.000 m2), cada,
localizadas em locais relativamente inclinados (10%). Antes da instalação do experimento não foi realizado qualquer tratamento de eliminação da invasora nas
áreas. Em cada área foram feitas manualmente covas (0,30 cm de diâmetro e 5
cm de profundidade), espaçadas em 1×1 m, em grupos de 36 espécies, totalizando 70 covas para cada espécie e 2.520 covas por área (Fig. 1). Em cada cova foi
adicionado 100g de substrato comercial a base de casca de Pinus sp. compostada (Plantmax®), buscando criar micro-sítio mais favorável para a germinação e
desenvolvimento inicial. Cada cova recebeu de 2 a 10 sementes de uma espécie,
dependendo da sua dificuldade natural de germinação, totalizando 11.550 sementes (Tabela 1).
Coleta de dados
O senso de emergência de plantas foi feito 120 dias (março/2014) após a semeadura
(fim da estação chuvosa) e o de sobrevivência após 1 ano (novembro/2014), 2 anos
(novembro/2015) e 3 anos (novembro/2016) e de crescimento em altura após 3 anos
(novembro/2016).
Emergência, sobrevivência e crescimento no campo
No campo, a emergência foi definida pelo número de plântulas observadas 120 dias
após a semeadura dividido pelo número de sementes semeadas. A taxa de sobrevivência desses emergentes para o primeiro ano foi calculada comparando o número de plantas que sobreviveram 12 meses após semeadura dividida pelo número
de plântulas que emergiram. A sobrevivência para o segundo ano foi calculada
comparando o número de plantas que estavam vivas após 24 meses dividida pelo
número de plântulas que emergiram aos 120 dias. Finalmente, o cálculo da taxa de
sobrevivência para o terceiro ano, foi calculada comparando o número de plantas
que estavam vivas após 36 meses dividida pelo número de plântulas que emergiram aos 120 dias. A altura dos indivíduos foi medida utilizando régua graduada
em milímetros, partindo-se da base do caule até a gema apical. Para as palmeiras a
altura foi verificada medindo-se o tamanho da folha.
Semeadura direta na recuperação de pasto
319
Figura 1. Esquema da distribuição das sementes das 36 espécies testadas na semeadura direta em duas
áreas (100 × 50 m cada) de pastagem abandonada em Neossolo Regolítico na Fazenda Entre Rios, Distrito
Federal, Brasil. Os números de 1 a 36 representam a posição das espécies em cada bloco, sendo 1 – Alibertia edulis; 2 – Bowdichia virgilioides; 3 – Dimorphandra mollis; 4 – Guazuma ulmifolia; 5 – Hancornia
speciosa; 6 – Schinopsis brasiliensis; 7 – Stryphnodendron adstringens; 8 – Albizia niopoides; 9 – Inga cylindrica; 10 – Anadenanthera colubrina; 11 – Annona crassiflora; 12 – Astronium fraxinifolium; 13 – Caryocar
brasiliense; 14 – Cedrela fissilis; 15 – Copaifera langsdorffii; 16 – Cordia trichotoma; 17 – Cybistax antisiphylitica; 18 – Dalbergia miscolobium; 19 – Dipteryx alata; 20 – Eugenia dysenterica; 21 – Genipa americana;
22 – Handroanthus serratifolius; 23 – Hymenaea courbaril; 24 – Hymenaea courbaril; 25 – Kielmeyera coriacea; 26 – Syagrus romanzoffiana; 27 – Myracrodruon urundeuva; 28 – Plathymenia reticulata; 29 – Qualea
grandiflora; 30 – Tabebuia aurea; 31 – Terminalia argentea; 32 – Triplaris gardneriana; 33 – Solanum lycocarpum; 34 – Acrocomia aculeata; 35 – Eriotheca pubescens; 36 – Syagrus oleracea.
Manutenção do experimento
Após implantação do experimento no campo não foi realizada qualquer irrigação
artificial, nem desbaste de plantas competidoras e ervas daninhas. Apenas nos dois
primeiros anos foi realizado tratamento de combate a formigas nas áreas.
320
Maria Cristina de Oliveira et al.
Resultados
Das 28 espécies testadas, apenas 8 não germinaram em laboratório, mas, destas, 7
foram observadas com plântulas nas condições de campo (Tabela 2). Não germinaram nestas condições Alibertia edulis (Rich.) A. Rich, Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan, Dalbergia miscolobium Benth., E. dysenterica, Genipa americana
L., Guazuma ulmifolia Lam., Hancornia speciosa Gomes e Myracrodruon urundeuva Allemão (Tabela 2). A maioria das espécies testadas apresentaram altas
taxas de germinação no laboratório, mas baixas taxas de emergência no campo.
Após 120 dias, das 23.100 sementes e 36 espécies semeadas no início da estação chuvosa em duas áreas (10.000 m2), foram registradas no campo 1.993 plântulas.ha-1 (8,6%)
pertencentes a 34 espécies arbóreas. Destas, 26 espécies apresentaram porcentagens de
emergência menores que 10% e quatro apresentaram taxa entre 10% e 20%. Por outro
lado, as espécies Copaifera langsdorffii Desf., E. dysenterica, Hymenaea courbaril L. e
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville apresentaram porcentagem de emergência
>20% e, após um ano, sobrevivência >80%. As espécies Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd
ex Mart. e G. ulmifolia não foram registradas com indivíduos no campo (Tabela 2).
Após o primeiro ano, 24 das espécies testadas apresentaram taxa de sobrevivência >60% (Tabela 2). Destas, 12 espécies praticamente mantiveram taxas altas
de sobrevivência ao longo dos três anos (>70%). Neste grupo observa-se A. edulis,
Astronium fraxinifolium Schott, Bowdichia virgilioides Kunth, Caryocar brasiliense
Cambess., C. langsdorffii, Cybistax antisiphylitica (Mart.) Mart., Dipteryx alata Vogel, E. dysenterica, H. courbaril, Qualea grandiflora Mart., S. adstringens e Syagrus
oleracea (Mart.) Becc. (Tabela 2).
Por outro lado, Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart, A. colubrina, Dimorphandra mollis Benth., Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Schott & Endl., H. speciosa, Inga cylindrica (Vell.) Mart., Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc., M. urundeuva, Plathymenia reticulata Benth., Schinopsis brasiliensis Engl., Tabebuia aurea (Silva Manso)
Benth. & Hook.f ex S. Moore e Terminalia argentea Mart. apresentaram altas taxas de
sobrevivência, mas com significativa redução ao longo dos três anos (Tabela 2).
No geral, as taxas de sobrevivência médias verificadas ao longo do 1o, 2o e 3o
anos (64,3%, 48,7% e 44,7%, respectivamente) indicaram maior queda principalmente do 1o para o 2o ano.
Após três anos, praticamente todos os indivíduos apresentaram baixo crescimento em altura, com média de 10,8 cm (Tabela 2). As espécies S. oleracea, C. brasiliense, P. reticulata e H. courbaril foram aquelas que apresentaram indivíduos mais
altos (Tabela 2).
Discussão
A técnica de semeadura direta tem se mostrado eficaz na restauração da composição de espécies arbustivas, arbóreas e herbáceas (Knight et al. 1998; Engel e
Parrotta 2001; Silva et al. 2015; Pellizzaro et al. 2017), principalmente em regiões
Semeadura direta na recuperação de pasto
321
Tabela 2. Espécies, número total de sementes (N), germinabilidade média das sementes em laboratório (GL); média de plântulas emergentes após 120 dias; porcentagem média da sobrevivência em
1 ano, 2 anos e 3 anos; altura média ± desvio padrão após 3 anos da semeadura direta em duas áreas
de pastagem abandonada em Neossolo Regolítico na Fazenda Entre Rios, Distrito Federal – Brasil. si –
sem informação. a Lote com sementes predadas. b Lote com sementes fermentadas.
Espécies
N
Acrocomia aculeata
Albizia hasslerii
Alibertia edulis
Anadenanthera colubrina
Annona crassiflora
Astronium fraxinifolium
Bowdichia virgilioides
Caryocar brasiliense
Cedrela fissilis
Copaifera langsdorffii
Cordia trichotoma
Cybistax antisiphylitica
Dalbergia miscolobium
Dimorphandra mollis
Dipteryx alata
Eugenia dysenterica
Eriotheca pubescens
Genipa americana
Guazuma ulmifolia
Hancornia speciosa
Handroanthus serratifolius
Hymenaea courbaril
Inga cylindrica
Jacaranda mimosifolium
Kielmeyera coriacea
Myracrodruon urundeuva
Plathymenia reticulata
Qualea grandiflora
Schinopsis brasiliensis
Solanum lycocarpum
Stryphnodendron adstringens
Syagrus oleracea
Syagrus romanzoffiana
Tabebuia aurea
Terminalia argentea
Triplaris gardneriana
140
350
700
210
280
210
700
140
280
210
210
280
280
700
210
210
140
210
700
700
210
140
210
280
210
350
210
210
700
350
700
140
140
210
350
280
GL Emergência Sobrevivência Sobrevivência Sobrevivência
Altura
(%) 120 dias (%) 1 ano (%)
2 anos (%)
3 anos (%) 3 anos (cm)
si
0,0
0,0
0,0
0,0
si
81,0
12,7
60,5
22,3
11,2
6,3 ± 4,3
0,0
7,9
83,5
80,6
78,5
4,7 ± 2,5
0,0
3,3
66,7
14,6
14,6
3,7 ± 2,3
35,0
0,2
0,0
0,0
0,0
6,0 ± 3,0
83,0
16,2
94,1
79,3
75,2
9,7 ± 4,8
4,0
6,4
94,1
83,2
83,2
8,9 ± 3,8
4,0
2,9
100
100
100
25,8 ± 10,3
58,0
3,4
21,1
0,0
0,0
si
98,0
21,0
95,3
85,3
83,9
8,9 ± 4,4
si
0,7
33,3
0,0
0,0
si
43,0
5,5
98,1
94,4
94,4
1,8 ± 1,3
0,0a
1,6
57,5
37,5
37,5
12,3 ± 5,5
si
7,3
82,5
58,4
48,1
8,0 ± 3,1
71,0
10,2
74,7
72,1
72,1
19,4 ± 4,7
0,0b
34,3
97,5
97,5
95,8
7,4 ± 2,9
2,0
7,9
79,5
52,4
52,4
5,9 ± 11,8
0,0a
0,5
0,0
0,0
0,0
si
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
si
0,0b
2,4
94,1
85,4
68,1
5,2 ± 2,7
si
5,7
52,3
38,6
13,6
3,4 ± 1,4
si
53,2
96,7
90,7
90,7
21,7 ± 7,1
si
30,2
78,1
40,3
30,0
16,0 ± 6,7
86,0
16,1
44,3
5,1
2,6
5,75 ± 0,3
22,0
7,1
79,2
49,8
37,3
2,5 ± 1,6
0,0
2,3
70,0
41,7
41,7
14,7 ± 8,7
68,0
5,7
80,0
63,3
63,3
23,8 ± 13,9
96,0
6,2
83,0
73,9
73,9
7,9 ± 4,0
78,0
3,3
87,0
51,0
37,8
4,5 ± 2,3
63,0
1,1
6,3
6,3
0,0
si
86,0
23,4
89,4
79,2
75,7
6,0 ± 3,2
si
8,6
80,6
80,6
80,6
26,2 ± 15,5
si
4,6
34,6
26,9
15,4
15,8 ± 8,9
99,0
34,3
76,9
65,4
64,5
3,1 ± 2,1
20,0
4,6
69,1
57,0
57.0
8,5 ± 2,9
37,0
6,3
55,4
19,4
5,3
4,3 ± 0,4
onde a disponibilidade é grande e o custo das sementes ainda é barato, tendo em
vista que baixas taxas de emergência e sobrevivência de sementes são consideradas
normais quando da aplicação dessa técnica (Palma e Laurance 2015). Esses autores
322
Maria Cristina de Oliveira et al.
observaram baixas taxas quando compilaram resultados de vários experimentos ao
redor do mundo e observaram em geral média de 18% de emergência. Engel e Parrotta (2001) e Campos Filho et al. (2013) consideraram a taxa de emergência de 10%
como limite aceitável em experimentos usando semeadura direta. No presente estudo, das 36 espécies testadas, 4 apresentaram pelo menos 10% de taxa de emergência, enquanto, quatro apresentaram taxas acima de 20% após 120 dias do plantio,
e exibiram taxas de sobrevivência >80% após primeiro ano do plantio. Diante do
exposto, os resultados encontrados para C. langsdorffii, E. dysenterica, H. courbaril
e S. adstringens sugerem que essas espécies podem ser indicadas e empregadas em
práticas de restauração. As demais espécies, com baixas taxas de emergência e sobrevivência podem, conforme Pellizzaro et al. (2017) ser úteis para aumentar a diversidade e riqueza da comunidade em regeneração, especialmente quando a coleta
de sementes e seu armazenamento não apresentam alto custo financeiro. É importante pontuar que o aumento da diversidade pode aumentar a resistência à invasão
(Roberts et al. 2010), pela menor disponibilidade de nichos e maior utilização dos
recursos disponíveis (Tilman 1999; Fargione et al. 2003).
Guazuma ulmifolia não germinou no laboratório e não foram encontradas plântulas no campo. Resultado similar foi encontrado por Pellizzaro et al. (2017) em um
experimento de campo, porém em tipo de solo diferente. Sabe-se que G. ulmifolia
apresenta dormência tegumentar com germinação variável e irregular, já que possui
grande quantidade de sementes não-viáveis (Carvalho 2007), assim, resultados de
nenhuma ou baixa emergência em 120 dias era esperado para esta espécie. Entretanto, espécies com dormência tegumentar e mesmo com germinação variável e
irregular podem ser utilizadas em plantios de semeadura direta para aumentar a
diversidade, já que os resultados serão avaliados em maior período, principalmente
se considerarmos recuperação de Áreas de Preservação Permanente e de Reservas
Legais, onde os produtores têm até 20 anos para a recuperação.
Silva et al. (2015) citam que testes de germinabilidade das sementes são imprescindíveis para distinguir a técnica de semeadura direta malsucedida de sementes de
baixa qualidade. No entanto, como aqui também observado, Pellizzaro et al. (2017)
advertem não existir relação direta entre emergência de sementes em casa de vegetação e estabelecimento de plântulas no campo. Para esses autores, algumas espécies
exibem boas taxas de estabelecimento no campo e baixa emergência nos estudos controlados em laboratório e na casa de vegetação, enquanto outras mostraram altas taxas
de emergência na casa de vegetação, mas baixas taxas de estabelecimento no campo.
No presente estudo, oito espécies não germinaram no laboratório e sete delas foram
observadas com plântulas no campo, enquanto, por outro lado, a maioria das espécies
testadas tiveram boas taxas de germinação no laboratório, mas com baixas taxas de
estabelecimento no campo, confirmando as observações dos autores acima citados.
A taxa média de sobrevivência para as espécies nos três anos do período do
estudo foi baixa (53%), principalmente quando comparada à média de 67% encontrada por Silva et al. (2015) para seis espécies arbóreas, e de 75% encontrada por
Pellizzaro et al. (2017) para 24 espécies arbustivas e arbóreas, ambos após dois anos
Semeadura direta na recuperação de pasto
323
da instalação do experimento. Entretanto, tanto o estudo de Silva et al. (2015) como
o de Pellizzaro et al. (2017) foram realizados em solos com melhores condições
de fertilidade, profundidade e drenagem (Latossolos e Cambissolos). Salazar et al.
(2012a, 2012b) citam que o aumento na taxa de estabelecimento e sobrevivência de
plântulas de espécies arbóreas no Cerrado sensu stricto pode ser esperado quando
ocorre: a) sombreamento entre 40–60%; b) redução do déficit hídrico e c) aumento da disponibilidade de nutrientes nas camadas superficiais do solo. No presente
estudo, visando observar condições mais realistas proporcionadas pelo ambiente
estudado, não foram fornecidas condições que pudessem contribuir para melhorar
o desempenho das espécies no campo, exceto o acréscimo inicial de substrato comercial a base de casca de Pinus sp. compostada na cova.
Palma e Laurance (2015) apontam que a falta de germinação e a mortalidade
de plântulas estão entre os grandes desafios nos esforços da restauração ativa. Da
revisão bibliográfica realizada por estes autores o estresse hídrico é citado como
uma das principais causas de mortalidade das plântulas no campo. Em experimento no bioma Cerrado, Saboya e Borghetti (2012) observaram que o déficit hídrico
no solo é o fator mais importante que limita o estabelecimento de plântulas. Desta
maneira, é relevante destacar que durante o período de estudo, precipitações bem
abaixo da média geral do Distrito Federal (1.500 mm) foram verificadas no local,
1.039 mm no ano de 2014, 859 mm em 2015 e 972 mm em 2016, onde ainda foram
verificados períodos de veranico de quase um mês. Diante disso, deve-se ressaltar
que muitos indivíduos de algumas espécies toleraram essa situação e mantiveram
similares taxas de sobrevivência relativamente altas (>70%) ao longo dos três anos
de estudo. Neste aspecto, destacaram-se A. edulis, A. fraxinifolium, B. virgilioides, C.
brasiliense, C. langsdorffii, C. antisiphylitica, D. alata, E. dysenterica, H. courbaril, S.
adstringens e S. oleracea, sugerindo que para estas espécies o principal filtro ambiental parece acontecer durante a germinação e o estabelecimento.
Conforme apontam ainda os autores Palma e Laurance (2015), plântulas que
têm maior tolerância a restrições hídricas no solo podem indicar capacidade de
sobrevivência a mudanças climáticas. Em 2007, modelos climáticos já previam mudanças significativas no clima mundial, com impactos mais intensos sobre ecossistemas tropicais, incluindo os biomas Pantanal, Cerrado e Amazônia em (IPCC
2007). Para a América do Sul, a expectativa era de aumento na temperatura média
entre 2 a 4 °C ao longo deste século, maior irregularidade na distribuição de chuvas, chuvas mais torrenciais e secas mais intensas e ainda aumento na frequência
de queimadas. Além da seca, Pellizzaro et al. (2017) adicionam a competição com
gramíneas invasoras e herbivoria por formigas, como causa da alta mortalidade de
plântulas no campo, ambos fatores presentes nas áreas de estudo.
Por outro lado, foi observado crescimento lento em altura das espécies arbóreas,
similarmente aos resultados obtidos por Pellizzaro et al. (2017) (10,14 cm após 1,5
anos) e Silva et al. (2015) (18,33 cm após 2 anos). É bem difundido no bioma Cerrado que as espécies das formações savânicas tendem a investir mais em sistema
radicular profundo que no crescimento da parte aérea (Saboya e Borghetti 2012), e,
324
Maria Cristina de Oliveira et al.
segundo Hoffmann et al. (2004), isso é relevante já que essa característica as torna
menos susceptíveis aos déficits hídricos gerados no solo. No presente estudo, foi
observado ao longo das coletas de dados no campo, que durante o período de seca,
muitas plântulas perdiam suas folhas e estagnavam seu desenvolvimento. Para Tambelini e Perez (2007) a perda de folhas associada ao aumento da matéria seca de raiz
pode ser um mecanismo adaptativo que assegura a sobrevivência das plântulas em
períodos secos. O crescimento lento das plantas lenhosas dos ambientes savânicos é
considerado um dos maiores gargalos na restauração no bioma Cerrado.
Considerando que estudos sobre sobrevivência e crescimento das espécies nativas via semeadura direta nas savanas brasileiras ainda são escassos, o presente estudo
acrescenta informações para essa técnica com 36 espécies arbóreas nativas do bioma
Cerrado com relação a emergência, sobrevivência e crescimento no campo em solo
do tipo Neossolo Regolítico ao longo de três anos. Nas condições de solo pobre, raso
e bem drenado de encosta presente na área de estudo, as espécies que se sobressaíram
foram C. langsdorffii, E. dysenterica, H. courbaril e S. adstringens, que assim podem
ser indicadas em práticas de recomposição de ambientes em condições similares.
Tendo em vista o típico crescimento lento em altura dos indivíduos das espécies do
bioma Cerrado estudadas no presente trabalho, é importante também considerar,
na recuperação de áreas similares, o plantio de outras formas de vida (herbáceas e
arbustivas) de espécies nativas, talvez até em densidades mais elevadas, para ocupar
mais rapidamente o solo e assim buscar competir com as gramíneas exóticas.
Agradecimentos
Os autores expressam o seu agradecimento ao Projeto Biomas – Componente Cerrado, ao Programa de Iniciação Científica PIBIC – UnB, e aos revisores anônimos
que, com os seus comentários, permitiram melhorar consideravelmente este artigo.
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