Saúde
(SANTA MARIA)
Artigos
DOI: 10.5902/2236583427266
Fisioterapia na disfunção temporomandibular
Physiotherapy in temporomandibular dysfunction
Roberta Simões Nogueira Vasconcelos, Lidia Audrey Rocha Valadas Marques, Maria
Cymara Pessoa Kuehner, Karoline Sampaio Nunes Barroso, Camila Costa Dias, José
Ronildo Lins do Carmo Filho, Ana Cristina de Mello Fiallos, Mariana Lima Fernandes
RESUMO
Como citar este artigo:
VASCONCELOS, R. S. N.;
MARQUES, L. A. R. V.; KUEHNER, M.
C. P.; BARROSO, K. S. N.; DIAS, C.
C.; FILHO, J. R. L. C.; FIALLOS, A. C.
M.; FERNANDES, M. L. Fisioterapia
na disfunção temporomandibular.
Revista Saúde (Sta. Maria). 2019;
45 (2).
Autor correspondente:
Nome: Roberta Simões Nogueira
Vasconcelos
E-mail: robertasimoes1@hotmail.
com
Telefone: (85)32658100
Formação Profissional:
Graduação em Fisioterapia pelo
Centro Universitário Christus
(UNICHRISTUS), Fortaleza, CE, Brasil
Filiação Institucional: Centro
Universitário Christus
Endereço para correspondência:
Rua:
Adolfo Gurgel
n°: 133
Bairro: Cocó Cidade: Fortaleza
Estado: CE CEP: 60190-060
Data de Submissão:
21/05/2017
Data de aceite:
26/05/2019
Conflito de Interesse: Não há
conflito de interesse
OBJETIVO: Avaliar os resultados do tratamento fisioterapêutico em pacientes com disfunção
temporomandibular (DTM). MÉTODOS: Foram coletados dados dos prontuários de uma Clínica
Universitária de Fisioterapia na cidade de Fortaleza. Os itens avaliados nos prontuários foram idade,
gênero, ocupação, queixa principal, doenças associadas e tratamentos prévios. RESULTADOS: A
predominância dos pacientes foi do gênero feminino (76,5%) e estudantes universitários da instituição.
Entre as principais queixas encontram-se dor na ATM e músculos mastigatórios, ruídos da ATM,
limitação para abertura bucal e cefaléia. Em associação à DTM, foram encontradas principalmente
alterações posturais e fibromialgia. Correções ortodônticas e uso de placas foram os tratamentos
odontológicos mais realizados pelos pacientes. Mais da metade dos pacientes obtiveram melhoras
significativas, como: redução da dor muscular e na ATM, aumento da amplitude de movimento, ajustes
posturais, diminuição dos estalidos e da cefaleia. CONCLUSÕES: A intervenção fisioterapêutica foi
decisiva para o controle dos sintomas e prevenção de agravos, proporcionando uma melhora da
funcionalidade.
PALAVRAS-CHAVE: Disfunção temporomandibular; Etiologia; Fisioterapia.
ABSTRACT
OBJECTIVE: To report the performance of Physiotherapy in patients with temporomandibular
dysfunction treated in an extension project at the school clinic in Fortaleza. METHODS: This is a
retrospective, documental study with a quantitative approach. Data were collected from the medical
records of the Clinical School of Physiotherapy of Christus University Center in the city of Fortaleza,
from March to December 2015. The collection was done only after approval of the Ethics and Research
Committee (CEP) under Opinion no. 1,449,380. The population was composed of all available medical
records (17) of patients who participated in the extension project for the treatment of TMD. RESULTS:
The majority of users were women and undergraduate students. Main complaints: TMJ pain and
masticatory muscles, TMJ noises, limitation of mouth opening and headache. In association with DTM,
postural changes and fibromyalgia were found. Orthodontic corrections and use of plaques were the
most frequent dental treatments performed by the patients. More than half of the patients achieved
significant improvements, such as: reduced muscle and TMJ pain, increased range of motion, postural
adjustments, decreased cracking and headache. CONCLUSIONS: The physiotherapeutic intervention
was decisive for the control of symptoms and prevention of injuries, providing an improvement of the
functionality.
KEYWORDS: Temporomandibular disorders; Etiology; Physiotherapy.
Fisioterapia na disfunção temporomandibular
INTRODUÇÃO
A articulação temporomandibular (ATM) compõe o sistema estomatognático, e é considerada uma das
articulações mais funcionais do copo humano. Realizando cerca de 2.000 movimentos ao dia, a ATM é primordialmente
responsável pelo movimento da fala, mastigação e deglutição. Os ossos que compõem a ATM são o temporal (parte fixa)
e a mandíbula (parte móvel). Anatomicamente, a ATM é dividida em um compartimento superior e um inferior, separados
pelo disco articular. O superior é limitado superiormente pela fossa mandibular do osso temporal e inferiormente pelo
próprio disco articular enquanto o inferior tem o disco articular como uma borda superior e o côndilo da mandíbula como
uma borda inferior (Freitas et al., 2011; Garcia; Oliveira, 2011; Tenreiro; Santos, 2011).
Os movimentos mandibulares básicos envolvem a rotação e a translação em cada ATM. A estabilidade dinâmica
desta articulação é dada pelos músculos temporal, masseter, pterigóideo medial e lateral e pelo grupo dos músculos hioideos.
Os músculos cervicais são auxiliares do sistema mastigatório e por desemprenharem um importante papel no equilíbrio
do crânio sobre a cervical, também devem ser abordados, já que desarmonias da postura da cabeça consequentemente
irão promover desarmonia da postura mandibular, podendo, muitas vezes, ser a causa da disfunção. Alguns músculos
cervicais são de suma importância no equilíbrio crânio-vertebral como, por exemplo, o esternocleidomastóideo (ECM),
o trapézio, o escaleno, o levantador da escápula, e o esplênio da cabeça (Garcia; Oliveira, 2011; Ilibrio, 2011; Amaral et
al., 2013; Freitas et al., 2011).
As ações do sistema mastigatório dependem da contração dos músculos da mastigação e os movimentos
realizados podem ser divididos em funcionais (corretos) e parafuncionais (lesivos). Entre os funcionais pode-se citar os
atos de verbalizar, mastigar e deglutir e os parafuncionais são os costumes como apertar os dentes (bruxismo) morder as
bochechas, mastigar alimentos duros constantemente, morder objetos como lápis e caneta, roer unhas, mascar chiclete,
chupar o dedo, apoiar-se sobre o queixo, má postura, entre outros (Garcia; Oliveira, 2011).
Pelo fato da ATM ser uma das articulações mais solicitadas do corpo, possui, consequentemente, uma maior
probabilidade de sofrer disfunções. O distúrbio da ATM é denominado de Disfunção Temporomandibular (DTM) (Garcia;
Oliveira, 2011; Ilibio, 2011).
De acordo com a Academia Americana de Dor Orofacial, a DTM é definida como um termo coletivo que engloba
um grande número de problemas clínicos que afetam os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular (ATM)
e estruturas associadas, ou ambos. A DTM é considerada uma subclassificação das disfunções musculoesqueléticas e
tipicamente apresenta um curso recorrente ou crônico (Garcia; Oliveira, 2011; Damasceno; Barbieri, 2014).
Apesar de apresentar sintomatologia diversificada, a DTM conhecida como uma das principais causas de dor
na região orofacial sendo gerada pelo desequilíbrio do sistema estomatognático. (Basso; Corrêa; Silva, 2010). Alguns
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sintomas clássicos desta disfunção são: cefaleia, ruídos articulares (estalido e crepitação), limitação de movimentos e/
ou desvios dos movimentos da mandíbula, dor na ATM e nos músculos da face. Outros sintomas menos frequentes,
que podem surgir juntamente com os anteriores são: dores de ouvido, zumbidos, fadiga nos músculos faciais, dores nos
dentes e dores cervicais (Damasceno; Barbieri, 2014; Freitas et al., 2011; Basso; Correa; Silva, 2010; Garcia; Oliveira,
2011). Conforme a literatura, a dor é um dos sintomas mais comuns da DTM, podendo variar de acordo com a intensidade
(Carrara; Conti; Barbosa, 2010; Andrade; Frare, 2008; Torres et al., 2012).
A etiologia da DTM é considerada como multifatorial e seu transtorno não é diagnosticado por sua patogenia
ou etiologia, mas pelos chamados sintomas guias do diagnóstico. Além disso, sua sintomatologia não é específica já
que outras doenças ou condições podem apresentar os mesmos sintomas (Tenreiro; Santos, 2011). É esta origem
multifatorial, da DTM que torna necessária uma abordagem terapêutica multidisciplinar deste transtorno composta por
cirurgião-dentista, fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo e médico de diversas especialidades. (Amaral et al., 2013;
Torres et al., 2012). Esses profissionais podem colaborar tanto no tratamento quanto na prevenção. Um plano terapêutico
bem-sucedido deve ser individualizado para cada paciente e levar em consideração os aspectos físicos e psicossociais.
(Garcia; Oliveira, 2011; Amaral et al., 2013; Torres et al., 2012). Segundo Teixeira (2014), aproximadamente 70% da
população mundial apresenta pelo menos um sintoma associado aos distúrbios temporomandibulares. Cita também que
no Brasil, 37,5% da população apresenta no mínimo um sintoma de DTM.
A Fisioterapia baseia-se, de uma forma geral, em terapia manual e outros recursos terapêuticos que, quando
em conjunto com o tratamento multidisciplinar, proporcionam um alívio das condições sintomatológicas do paciente,
buscando restabelecer a função normal do aparelho mastigatório. Apesar de a DTM não ser um achado recente, ainda
são poucos os profissionais fisioterapeutas que se dedicam ao estudo e tratamento dessa enfermidade. Pela escassez
de fisioterapeutas atuantes na área, existe uma grande dificuldade e demora para o portador encontrar o tratamento
adequado e acessível, fato este que leva à cronicidade na maioria dos casos. Sabendo disso se faz necessário contribuir
para a ampliação da literatura referente a atuação da fisioterapia na DTM (Fernandes et al., 2014).
Assim objetivou-se relatar a atuação da Fisioterapia em pacientes com DTM, traçar o perfil clínico da população
incluída, além de descrever os efeitos das técnicas e dos recursos fisioterapêuticos utilizados nos referidos pacientes.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa retrospectiva e documental com abordagem quantitativa, aprovada no Comitê de Ética
e Pesquisa sob parecer nº 1.449.380 em 14 de Março de 2016. O local da pesquisa foi a Clínica Escola de Fisioterapia
(CEF) do Centro Universitário Christus (Unichristus), na cidade de Fortaleza-CE.
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Fisioterapia na disfunção temporomandibular
A população foi composta por pacientes que participaram do projeto de extensão para o tratamento de DTM na
Clínica escola de Fisioterapia do Centro Universitário Christus (Unichristus). As variáveis analisadas foram: idade, gênero,
ocupação, queixa principal, doenças associadas, tratamentos prévios e/ou atuais. Foram incluídos os prontuários dos
pacientes que tiveram o tratamento finalizado até dezembro de 2016, de ambos os sexos e sem delimitação de idade.
Foram excluídos prontuários incompletos ou de pacientes com tratamento não finalizado até dezembro de 2016.
Os dados obtidos foram analisados por meio de estatística descritiva sendo registrados e tabulados através do
software Statistical Package For The Social Science (SPSS) versão 17.0. Os dados foram apresentados como percentuais
e valores absolutos e organizados em gráficos e tabelas para facilitar o entendimento e interpretação dos mesmos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um total de 17 prontuários foram considerados aptos para a pesquisa. Os achados referentes ao perfil clínico
dos pacientes são apresentados na Tabela 1. Estabeleceu-se como critérios de inclusão, a submissão ao tratamento
de DTM na clínica, sendo necessário para tanto a realização de pelo menos cinco sessões de fisioterapia, além de
possuírem em suas fichas de avaliação, e evolução. Foram excluídos prontuários incompletos e ilegíveis.
De acordo com a avaliação contida nos prontuários da coleta de dados, a faixa etária variou entre 21 e 59 anos
de idade. Os resultados mostram que a grande maioria dos indivíduos que procuraram a Fisioterapia eram do gênero
feminino (N=13), que correspondem a 76,5% do total de pacientes, e apenas 2 do gênero masculino (23,5%).
No que se refere à ocupação, os resultados mostraram uma prevalência de pacientes com a profissão de
estudante (41,1%) e fisioterapeuta (11,7%). As demais ocupações foram relatadas apenas uma única vez na ficha de
avaliação.
Quanto as principais queixas contidas nos prontuários dos pacientes, 8 deles relataram dor na ATM (47%),
5 - cefaleia (29,4%), 5 - ruídos na ATM (29,4%) (estalido/crepitação), 4 - dor ou zumbido no ouvido (23,5%), 3 - dor ou
dificuldade para abertura bucal (17,6%), 2 - dor na cervical (11,7%) e 2 - dor muscular (11,7%).
Com relação às doenças associadas a DTM (comorbidades) e ainda de acordo com os prontuários, 3 pacientes
relataram escoliose (17,6%) e 2 relataram a fibromialgia (11,7%). As demais alterações foram relatadas apenas uma vez,
como hérnia na cervical, alteração na coluna não especificada, bursite, rinite alérgica, sinusite, artrite, lúpus, Acidente
Vascular Encefálico (AVE) e patologia renal. Apenas 4 pacientes (23,5%) relataram não apresentar nenhuma doença
associada.
Sobre tratamentos prévios ou atuais submetidos pelos pacientes, 7 deles relataram já terem feito uso de aparelho
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ortodôntico (41,1%) e 3 já haviam utilizado placas (23,5%). Os demais tratamentos, como fisioterapia, fonoaudiologia
e tratamentos ortodônticos não especificados apareceram uma única vez. Apenas 2 pacientes (11,7%) não haviam
realizado nenhum tipo de tratamento prévio ou atual.
Tabela 1: Perfil clínico dos pacientes.
IDADE
GÊNERO
Feminino
Masculino
OCUPAÇÃO
Estudante
Fisioterapeuta
Auxiliar de laboratório
Funcionária doméstica
Aposentado
Auxiliar de biotério
Funcionária pública
Manicure
Supervisora de biblioteca
Telefonista
QUEIXA PRINCIPAL
Dor na ATM
Cefaleia
Crepitação/estalido
Dor/dificuldade para abertura bucal
Dor/zumbido no ouvido
Dor na cervical
Dor muscular
DOENÇAS ASSOCIADAS/COMORBIDADES
Escoliose
Fibromialgia
Bursite
Artrite
Lúpus
AVC – sequelas na fala
Hérnia cervical
Patologia renal
Rinite alérgica
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N
21 a 59
%
14
3
76,5%
23,5%
7
2
1
1
1
1
1
1
1
1
41,1%
11,7%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
8
5
5
3
4
2
2
47,0%
29,4%
29,4%
17,6%
23,5%
11,7%
11,7%
3
2
1
1
1
1
1
1
1
17,6%
11,7%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
5,9%
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Sinusite
Alteração na coluna não especificada
Não apresenta
TRATAMENTOS PRÉVIOS/ATUAIS
Aparelho ortodôntico
Placa
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Tratamento ortodôntico não especificado
Não apresenta
1
1
4
5,9%
5,9%
23,5%
7
3
1
1
1
2
41,1%
17,6%
5,9%
5,9%
5,9%
11,7%
Dados expressos em forma de frequência absoluta
Quanto ao tratamento fisioterapêutico, os achados referentes a frequência da terapia manual são expressos no
gráfico 1. A intervenção manual realizada com maior frequência foi a cinesioterapia mastigatória/exercícios mandibulares.
Esta técnica foi executada em 13 pacientes (76,5%) com um total de 42 sessões durante todo o período de atendimento.
A segunda técnica de terapia manual mais executada no projeto de extensão foi a inibição posicional. Esta
intervenção foi realizada em 11 pacientes (64,7%), em um total de 32 sessões durante todo o atendimento na CEF.
A técnica de liberação miofascial foi contemplada na evolução de 8 pacientes (47,0%) sob atendimento, com um
total de 18 sessões durante todo o período de tratamento. A técnica de pompage foi executada em 9 pacientes (52,9%)
assistidos pela Fisisioterapia, com um total de 31 sessões ao todo. O alongamento foi realizado pelo fisioterapeuta em 9
pacientes (52,9%) com um total de 22 sessões durante todo o período de atendimento na CEF.
Gráfico 1: Frequência da Terapia Manual contemplada nos prontuários.
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Vários recursos terapêuticos/eletroterapia podem ser efetivos no tratamento da DTM, no qual os achados
encontrados nos prontuários estão demonstrados no gráfico 2.
A laserterapia, de acordo com as fichas de evolução da CEF, foi aplicada em 8 pacientes (47,0%), no total de 16
sessões. O aparelho mais frequentemente contemplado nos prontuários foi o ultrassom (US), aplicado em 11 pacientes
(64,7%), totalizando 17 sessões. O TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea) foi utilizado em apenas 3 pacientes
(17,6%), com um total 3 sessões durante todo o tratamento. A Terapia Combinada (TC), de acordo com os prontuários da
CEF, foi aplicada em apenas 4 pacientes (23,5%), em um total de 7 sessões.
Outros recursos como FES, infravermelho e a crioterapia estavam incluídos nos prontuários, porém não
continham frequência de utilização dos mesmos, como apresentado no gráfico 2.
Gráfico 2: Frequência dos recursos terapêuticos contemplados nos prontuários.
Ainda de acordo com as fichas de avaliação dos pacientes atendidos na CEF, foram notados e relatados vários
progressos em relação a sintomatologia e funcionalidade ao término do tratamento. Os achados referentes a melhora do
quadro de DTM constam nos gráficos 3 e 4.
Em relação a dor muscular, todos os 15 pacientes (sem exceção) que foram assistidos pela fisioterapia obtiveram
redução da sintomatologia. Apenas 2 (11,7%) iniciaram o tratamento sem queixa de dor muscular. Sobre a dor na região
da ATM, 3 pacientes (17,6%) não apresentaram o sintoma,13 (76,4%) obtiveram redução da sintomatologia dolorosa e
apenas 1 (5,9%) não mostrou progresso. Quanto ao aumento da amplitude de movimento (ADM) da mandíbula, do total
de pacientes examinados, 2 (11,7%) não apresentavam limitação de ADM, 13 (76,4%) obtiveram aumento da ADM e em
apenas 2 (11,7%) não foi verificada melhora da ADM após o tratamento.
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Fisioterapia na disfunção temporomandibular
Gráfico 3: Progresso dos pacientes após a intervenção fisioterapêutica.
Fonte: Própria dos autores.
Em relação aos ruídos da ATM (crepitação ou estalido), 2 (11,7%) pacientes não apresentavam o sinal, 12
(70,6%) obtiveram diminuição do ruído e 3 (17,6%) não apresentaram progresso. No que diz respeito à frequência de
cefaleia, 4 (23,5%) pacientes não relatavam dores de cabeça, 11 (64,7%) progrediram para diminuição da frequência de
episódios de cefaleia e apenas 2 (11,7%) não apresentaram resultado após o tratamento.
Quanto à postura, 6 (35,3%) pacientes foram admitidos sem alteração postural, 9 (52,9%) obtiveram melhora da
postura ou reeducação postural e apenas 2 (11,7%) não mostraram progresso com a Fisioterapia.
Gráfico 4: Progresso dos pacientes após a intervenção fisioterapêutica.
Fonte: Própria dos autores.
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DISCUSSÃO
O estudo de Tosato e Caria (2006), expõe que a DTM tem sua maior prevalência entre 20 e 45 anos, sendo que
até os 40 anos, a principal causa é de origem muscular, DTM miogênica, já a partir dos 40 anos, o principal fator etiológico
é a degeneração articular, DTM artrogênica.
Na presente pesquisa verificou-se a frequência de casos de DTM foi maior no gênero feminino em comparação
ao gênero masculino o que corrobora com os achados da literatura. Segundo Tenreiro e Santos (2011), a incidência
da DTM é maior em mulheres, em uma proporção estimada de cinco mulheres para um homem. Mudanças hormonais
durante o ciclo menstrual e a gravidez, além do estresse e da preocupação maior em relação aos cuidados com a saúde,
tentam explicar a alta incidência no gênero feminino. (Tenreiro e Santos; 2011).
Com relação às principais queixas apresentadas pelos pacientes deste estudo, os resultados apontaram a dor,
estalido, diminuição da abertura bucal, fadiga muscular como os mais frequentes. Esses dados são compatíveis aos
relatados pela literatura (Donnarumma et al., 2010).
No presente estudo, quando analisadas as doenças associadas à DTM foi possível verificar uma correlação
entre a DTM e a fibromialgia (tabela 1). No que se refere a doenças associadas, de forma semelhante aos resultados
obtidos por Consalter, Sanches e Guimarães (2010). Além disso, conforme Basso, Corrêa e Silva (2010), foi possível
associar a DTM com alterações posturais, como demonstrado na referente tabela. Essas alterações na articulação
temporomandibular podem ser reflexo de uma organização em todo sistema muscular do indivíduo, interferindo assim na
posição da cabeça e da região cervical, desencadeando alterações posturais.
Na presente pesquisa, a Ortodontia também foi citada pelos pacientes. Quanto a presença de intervenção
odontológica dentre os tratamentos prévios ou atuais realizados pelos pacientes, em outro estudo, como o de Sartoretto,
Bello e Bona (2012) encontrou-se principalmente tratamentos com especialistas em Oclusão e Ortodontia.
A literatura relata os efeitos benéficos da desativação dos pontos-gatilho miofasciais em pacientes diagnosticados
com DTM (Freitas et al; 2011). Na presente pesquisa também foi possível confirmar os efeitos benéficos da desativação
dos pontos-gatilho miofasciais em pacientes diagnosticados com DTM quanto a inibição posicional de pontos dolorosos
como demonstrado no gráfico 1.
Pouco se relata a respeito da eficácia da liberação miofascial em pacientes com DTM (Santos e Pereira 2016).
Todavia, resultados positivos com a aplicação dos recursos da fisioterapia em pacientes com DTM foram citados
por Mourão e Mesquita (2006) que utilizaram a técnica de pompage obtendo relaxamento muscular, redução da dor
e melhoria do encurtamento e má postura. De acordo com Tenreiro e Santos (2011), o encurtamento dos músculos
cervicais é um fato comum em pacientes com DTM. Portanto, o alongamento torna-se primordial para a manutenção do
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sistema estomatognático. Adicionalmente, segundo esses autores, a cinesioterapia mastigatória ou técnicas manuais
articulares na ATM visam o aumento da abertura bucal, reposicionamento do disco articular, melhora do movimento
articular, aumento da lubrificação pelo líquido sinovial, prevenção ou interrupção do processo degenerativo, entre outros
(Tenreiro e Santos 2011).
Outros autores relatam a utilização do laser como uma alternativa importante no alívio da dor e no restabelecimento
da função, no que diz respeito ao tratamento das DTM (Assis, Soares e Victor, 2012). Assim, a Laserterapia vem sendo
frequentemente utilizada na prática clínica, embora possua um custo relativamente alto.
Com relação à estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), Grossmann et al (2012) puderam atestar
o uso da TENS na disfunção temporomandibular promovendo o controle da dor crônica e relaxamento dos músculos
mastigatórios. Santos e Pereira (2016) realizaram um estudo destacando a efetividade da terapia manual e da eletroterapia
no tratamento de DTM. O estudo confirmou a relevância do ultrassom (US) terapêutico em pacientes diagnosticados com
DTM. De acordo com o gráfico 2 deste estudo, podemos perceber que o US foi o recurso terapêutico aplicado com maior
frequência nos pacientes, visando o alívio da sintomatologia dolorosa.
Não foram encontrados estudos destacando a relevância da terapia combinada (TC) em pacientes com DTM,
porém neste presente estudo, tal recurso auxiliou significativamente para a reabilitação.
De acordo com o gráfico 2, os recursos de crioterapia, Infravermelho (IV) e FES, não foram aplicados na
população desta pesquisa, porém já existem estudos que compravam a eficácia dos recursos citados. Possívelmente o
custo de tais tratamentos impossibilita a utilização dos mesmos (Catão et al., 2015; Furlan, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente estudo, apesar de se tratar de uma amostra pequena e de conveniência foi possível observar o
progresso que a atuação fisioterapêutica proporciona aos pacientes com DTM. Ao final do tratamento verificou-se que a
população do estudo teve uma melhora gradativa e significativa. Houve redução da dor nos diversos locais apresentados,
confirmando-se os benefícios trazidos pela Fisioterapia.
De acordo com o exposto, a DTM é uma condição com diversos sintomas que incapacitam o paciente de exercer
suas atividades de vida diária normalmente.
Sugere-se que o paciente que apresenta disfunção temporomandibular deve ser avaliado por uma equipe
multidisciplinar e ser tratado pela combinação de recursos e técnicas que, se bem aplicados, podem trazer alívio nas
condições sintomatológicas do paciente, restabelecer a função normal da ATM, promover a saúde e prevenir os agravos/
complicações da doença.
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Futuros estudos multicêntricos e com grupo controle seriam interessantes para o aumento de evidências do
tratamento nessa patologia.
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