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SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA NA BEIRA INTERIOR DURANTE A ALTA IDADE MÉDIA. SOCIEDADES E PAISAGENS RURAIS CATARINA TENTE* TOMAS CORDERO RUIZ** JOÃO LUÍS VELOSO*** Resumo: O presente trabalho aborda de forma muito sintética a problemática das sepulturas escavadas na rocha da região beirã partindo de duas escalas de análise: a microescala, que corresponde à escala do sítio arqueológico; e a macroescala, que, neste caso, corresponde à análise de toda a região. Na primeira abordagem tem sido fundamental a escavação de sítios com sepulturas, como o Penedos dos Mouros e São Gens, o que veio permitir uma nova compreensão deste fenómeno funerário. A segunda abordagem mostra-se também essencial pois começam a emergir claras diferenças na distribuição dos sítios com sepulturas à escala da região que nem sempres se podem explicar pela desigualdade no investimento da investigação arqueológica. Um desses casos é o território de Lafões aqui discutido sucintamente. Palavras-chave: Comunidades locais medievais; Povoamento; Organização familiar; Necrópoles rupestres. Abstract: This paper is a synthetic approach to the rock-cut graves known in Beira region. The analysis is made in two different scales: a micro-scale, corresponding to the scale of the archaeological site; and the macro-scale, which, in this case, is related with the analysis of the entire region. In the first approach has been fundamental the excavation of sites with graves, such as Penedo dos Mouros and São Gens, which allowed a new understanding of this funerary phenomenon. The second approach is also essential because some differences are beginning to emerge in the distribution of burial sites at regional scale. These differences cannot always be explained by the lack of investment in archaeological research. One such case is the territory of Lafões discussed briefly in the text. Keywords: Local medieval communities; Settlement; Household organization; Rupestrian necropolis. 1. INTRODUÇÃO As sepulturas escavadas na rocha são um dos mais visíveis e abundantes vestí‑ gios da Alta Idade Média em Portugal, com áreas com particulares concentrações, como ocorre na região beirã. A sua constante presença nas paisagens do centro e * IEM/NOVA FCSH. Email: catarina.tente@fcsh.unl.pt. ** IEM/NOVA FCSH. Email: tomascordero@fcsh.unl.pt. *** IEM/NOVA FCSH. Email: joaoluisveloso@gmail.com. 473 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA DA FACHADA ATLÂNTICA DA PENÍNSULA IBÉRICA norte do país estimularam vários estudos realizados nos últimos 30 anos, inspira‑ dos na seminal tese de Mário J. Barroca1. Nesse trabalho foi proposto um modelo de categorização dos sítios com sepulturas que abria a porta para a vinculação das sepulturas rupestres com o povoamento, o que foi um passo em frente na forma de abordar arqueologicamente a ocupação alto medieval dos espaços rurais. Este mesmo modelo foi também avançado por Bolós y Pagés2 e aplicado a inúmeros outros trabalhos levados a cabo na década de 90 do século XX e inícios da nova centúria em Portugal, especialmente nos territórios situados entre os rios Douro e o Mondego3. Nos últimos 10 anos, a escavação de sítios de habitat correlacionáveis com as sepulturas escavadas na rocha levados a cabo na região beirã4, na área da barra‑ gem do Alqueva5 e na raia, quer do lado espanhol quer português, nomeadamente na La Genestosa6, e, mais a sul, em Castelo de Vide7, possibilitou um aporte de informação muito importante para a compreensão do fenómeno da construção das sepulturas escavadas na rocha. Parece ser agora mais clara a relação entre as sepulturas escavadas na rocha e a ocupação do espaço, ainda que não seja possível desenhar modelos interpretativos. A evolução da investigação sobre esta temática tem também permitido perceber que as sepulturas rupestres refletem a organi‑ zação social das comunidades que as construíram e usaram, podem ter tido um papel significativo na construção da memória das famílias e comunidades e até na legitimação do direito à propriedade8. Um dos mais importantes pontos de viragem na investigação dos últimos anos ocorre com a publicação do artigo de I. Martín Viso publicado na revista «Zephyrus»9. O trabalho não só propõe um novo modelo de categorização, como avança para uma leitura social dos dife‑ rentes padrões de associação e distribuição das sepulturas. O modelo acaba por superar as questões estritamente relacionadas com a tipologia e cronologia das sepulturas, problemáticas que dominavam (e em certa medida ainda dominam) o debate sobre as necrópoles rupestres na Península Ibérica desde os estudos de Alberto del Castillo10. 1 BARROCA, 1987, 2010‑2011. BOLÒS i MASCLANS, PAGÈS i PARETAS, 1982. 3 LOPES, 2002; LOURENÇO, 2007; MARQUES, 2000; TENTE, LOURENÇO, 1998; TENTE, 2000, 2007; VALERA, 1990; VIEIRA, 2004, 2006. 4 TENTE, 2010, 2015, 2017. 5 FERREIRA, 2013. 6 MARTÍN VISO et al., 2017; RUBIO DÍEZ, 2015. 7 PRATA, 2012, 2014a, 2014b, 2017, 2018. 8 MARTÍN VISO, 2008, 2011, 2012a, 2012b, 2017; MARTÍN VISO, BLANCO‑GONZALEZ, 2016. 9 MARTÍN VISO, 2012a. 10 CASTILLO, 1970. 2 474 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA NA BEIRA INTERIOR DURANTE A ALTA IDADE MÉDIA. O modelo proposto por I. Martín Viso foi aplicado em outras ocasiões às reali‑ dades da Beira Interior tendo, todavia, sido adaptado na medida em que se considera que a categoria de sepulturas isoladas deste autor comporta duas realidades diferentes: a sepulturas efetivamente únicas e isoladas e os pequenos grupos de sepulturas, que conjuntamente com as necrópoles desordenadas ou desarrumadas parecem refletir uma organização social de base familiar11. Deste modo, a abordagem patente no presente artigo aplica o modelo adaptado categorizando os sítios com sepulcros rupestres em 4 tipos: sepulturas isoladas (sepultura única); grupos desordenados que comportam 2 a 10 sepulturas; necrópoles desordenadas, que agregam mais de 10; e necrópoles ordenadas, onde se deteta um padrão espacial organizado. No presente artigo, retoma‑se a questão da organização social que as sepul‑ turas parecem atestar, através da abordagem a casos estudos concretos que foram alvo de escavações arqueológicas. Procura‑se ainda discutir a análise dos padrões de distribuição dos sítios desde uma perspetiva da macro escala, uma vez que é evidente que há áreas com grandes concentrações de sítios com sepulturas e outras em que as sepulturas escasseiam na paisagem. Para abordar esta questão usaremos o conhecimento disponível para a Beira Interior. Certos de que nesta área vasta haverá várias explicações para os diferentes padrões e densidades de distribuição, intenta‑se, todavia, avançar na interpretação para o caso da região lafonense. 2. ANÁLISE NA MICROESCALA Tal como referido, o estudo das sepulturas rupestres tem beneficiado dos avanços trazidos pelos resultados das escavações arqueológicas de sepulturas, como foram os casos na região beirã da sepultura do Alto da Quintinha — Mangualde12 e das sepulturas do Aljão — Gouveia13, e de sítios associados espacialmente a sepulturas, como o Penedo dos Mouros (Gouveia) e São Gens (Celorico da Beira). Para discu‑ tir a importância das escavações de sítios correlacionados para a interpretação deste fenómeno ao nível da cronologia e na sua relação com espaços habitados abordam‑se de seguida dois casos‑estudo. 2.1. O Penedo dos Mouros e a sua sepultura isolada O estudo do Penedo dos Mouros revelou um povoado cercado, que se implanta em redor e um grande tor que suportava uma superestrutura de madeira, cujos res‑ tos foram recuperados nos trabalhos arqueológicos realizados em três campanhas (1998, 2008 e 2009). O sítio domina o pequeno, mas fértil, vale da Ribeira do Boco, afluente da margem esquerda do Mondego, cujas gentes que o habitavam deviam 11 TENTE, 2015, 2017. NÓBREGA, NETO, TENTE, 2012. 13 TENTE, 2010. 12 475 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA DA FACHADA ATLÂNTICA DA PENÍNSULA IBÉRICA cultivar, já que várias sementes carbonizadas foram aqui identificadas. Um incêndio destrutivo que ocorreu na segunda metade do século X ditou o abandono definitivo deste sítio, tendo‑se apenas identificado ocupações pastoris esporádicas de época contemporânea14. O Penedo dos Mouros tem a particularidade de possuir uma única sepultura que foi escavada no topo mais alto do tor granítico que domina o sítio (Fig. 1). Ainda que não seja possível garantir que os vestígios arqueológicos do povoado do século X sejam contemporâneos da sepultura, a localização da mesma e a sua associação ao maior tramo de degraus escavados no tor permite correlacionar de forma singu‑ lar estas evidências. A explicação mais plausível é a de que a sepultura foi escavada após a destruição e abandono do povoado. Se assim foi, então devemos considerar que a mesma foi construída e usada num momento em que a memória do sítio e, eventualmente do evento destrutivo, estava ainda bem viva. A sepultura do Penedo dos Mouros teria sido escavada para garantir que a memória coletiva deste lugar e da sua comunidade através da inumação de um indivíduo especial. Neste raciocínio seria lógico que esta personagem tenha tido um vínculo especial, direto ou familiar, com aquele espaço e a sua comunidade. Não obstante serem comuns as sepulturas isoladas na Beira Interior, o caso do Penedo dos Mouros destaca‑se pela excecionalidade do contexto em que terá sido construída, usando um espaço antes habitado em que se destaca pela sua implantação no topo do tor. Os dados disponíveis até ao momento mostram que esta situação não se parece repetir em mais nenhum caso, o que não significa que não possam vir a aparecer realidades semelhantes com a ampliação da investigação. Fig. 1. Penedo dos Mouros: a) vista geral nordeste com indicação da localização da sepultura; b) Pormenor do topo do tor onde se localiza a sepultura Fonte: Catarina Tente 14 TENTE, 2010, 2015; TENTE, CARVALHO, 2011. 476 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA NA BEIRA INTERIOR DURANTE A ALTA IDADE MÉDIA. Fig. 2. Planta do sítio arqueológico de São Gens: a) quinta romana; b) povoado alto medieval; c) núcleo principal da necrópole Fonte: Tomás Cordero, João Luís Veloso e Catarina Tente 2.2. As necrópoles desordenadas ou desarrumadas — o caso de São Gens As necrópoles desordenadas são uma minoria na realidade funerária rupestre alto medieval, ainda que possam agregar um significativo número de sepulturas. Na maior parte dos casos estudados trata‑se de necrópoles com um número de sepul‑ turas em torno da vintena. Apesar de agruparem mais de 10 sepulturas e de comu‑ mente se associarem sepulturas infantis e juvenis, estes espaços não aparentam ter uma coerência organizativa interna, resultando na realidade de uma soma de vários núcleos funerários mais pequenos que se organizam por proximidade face ao seu grupo e pelo afastamento em relação a outros. Na prática resultaria da soma de vários núcleos de sepulturas, dispostos em clusters o que parece expressar uma organização familiar do espaço funerário15. Entre as necrópoles desordenadas da Beira Interior destaca‑se a de São Gens (Fig. 2) não só por ser a que agrega maior número de sepulturas, mas também por‑ 15 TENTE, 2015. 477 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA DA FACHADA ATLÂNTICA DA PENÍNSULA IBÉRICA que o povoado que se localiza nas suas proximidades foi alvo de várias campanhas de escavação entre 2008 e 2012. A necrópole, de que se conhecem 56 sepulturas, foi disposta em torno a uma antiga quinta romana abandonada no final do século IV ou início do século V16. É possível que as sepulturas fossem originalmente em maior número, já que informações orais relatam a destruição de algumas no âmbito da extração de pedra para a construção de um lagar em meados do século XX. O sítio arqueológico ocupa um vale e não tem domínio visual sobre a sua envolvente. As escavações aqui realizadas permitiram a identificação de um povoado delimitado por uma cerca de pedra e paliçada que definia uma área ovalada com cerca de 0,5 ha. As datações de radiocarbono e o estudo das suas estruturas evidenciam uma ocupação que se restringe fundamentalmente ao século X. O sítio é abandonado após um incêndio destruidor ocorrido nessa centúria17. As estruturas domésticas ali identificadas eram construídas inteiramente em materiais perecíveis e estavam restritas ao interior do povoado. Apesar de a área habitada estar concentrada, a necrópole, pelo contrário, está dispersa por 6 ha. Algumas sepulturas aparecem relativamente isoladas, mas a maio‑ ria está integrada em pequenos núcleos semelhantes aos grupos desordenados, não evidenciando em geral uma organização formal do espaço funerário. A necrópole apresenta ainda uma grande diversidade de tipologias e de orientações, ainda que haja uma tendência para as dispor nos quadrantes este, nordeste e sudeste. Unicamente baseado no seu comprimento, conseguem‑se individualizar seis sepulturas infantis, com comprimentos entre os 64 e os 125 cm18. Este número não deve representar a realidade da mortalidade infantil, pelo que se deve considera que algumas das crianças defuntas desta comunidade possam ter partilhado sepulturas com adultos. Para a análise espacial da necrópole usou‑se o método de Densidade Kernel, que serve precisamente para definir clusters, o que possibilitou a agregação de 13 a 20 sepulturas em dois grandes grupos e a identificação de outros menos concentrados e mais periféricos (outliners). Quer a análise espacial quer os dados arqueológicos do povoado sugerem que a necrópole era o espaço funerário da comunidade que habitava o povoado, que era constituída por três ou quatro grupos autoidentificados e que ocuparam este espaço durante cerca de quatro gerações. A não existência de uma diferenciação espacial no seio do cemitério (e também no interior do povoado) mostra que uma certa igual‑ dade social entre os seus membros o que indica, uma vez mais, uma organização baseada nas relações familiares19. 16 MARQUES, 2011; LOBÃO, MARQUES, TENTE, 2013. TENTE et al., 2018. 18 BROOKES, TENTE, PRATA, 2017. 19 BROOKES, TENTE, PRATA, 2017. 17 478 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA NA BEIRA INTERIOR DURANTE A ALTA IDADE MÉDIA. 3. ANÁLISE NA MACROESCALA — O CASO DA BEIRA INTERIOR 3.1. Os dados disponíveis Ao longo dos últimos anos tem vindo a ser recolhida e sistematizada a informa‑ ção sobre os sítios com sepulturas escavadas na rocha da Beira Interior. Esta tarefa tem sido realizada no âmbito de vários projetos de investigação e com a participação de alunos de licenciatura e mestrado da NOVA FCSH. Para a recolha destes dados, o primeiro passo consistiu em fazer a listagem de todos os sítios com sepulturas rupestres já conhecidos na área em estudo. O primeiro passo foi a realização da pesquisa sistemática na Base de Dados Endovélico. Nesta análise levou‑se em conta não só as estruturas manifestamente identificadas como sepulturas escavadas na rocha, mas também aquelas que pudessem ter sido errada‑ mente identificadas como lagares. Esta pesquisa foi complementada pela exaustiva pesquisa bibliográfica e pela consulta de alguns processos do Arquivo da Arqueo‑ logia Portuguesa. Estes dados foram compilados numa Base de Dados (BD) que possibilita as pes‑ quisas cruzadas e a contabilização dos sítios (Gráfico 2), tipo de sítios (Gráfico 1), do número de sepultura (Gráfico 2), das cronologias (quando conhecidas), associação a outros vestígios, bibliografia, etc. Para a contabilização do número de sepulturas foi estabelecido um número mínimo de sepulcros, pois nem sempre os dados disponíveis no Endovélico ou na bibliografia informam especificamente do número de sepultu‑ ras por cada sítio. Portanto, os números apresentados são os que há a certeza da sua existência, mas estão claramente sub‑representados. Conforme se vai aumentando a informação (por via de novas publicações ou visitas aos locais) a BD é atualizada. Gráfico 1. Distribuição dos sítios com sepulturas de acordo com os tipos de agrupamentos de sepulturas escavadas na rocha Necrópoles Indeterminadas Necrópoles Ordenadas Necrópoles desordenadas 1.5% 2% 3% 53% Conjuntos 2-10 Sepulturas Isoladas 40.5% Fonte: José Tomás e Catarina Tente 479 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA DA FACHADA ATLÂNTICA DA PENÍNSULA IBÉRICA Gráfico 2. Número de sítios com sepulturas por concelho e de número mínimo de sepulturas por concelho Oleiros Vila de Rei Sertã Goís Pampilhosa da Serra Vila Velha de Rodão Penamacor Proença-a-Nova Idanha-a-Nova Castelo Branco Arganil Sabugal Belmonte Manteigas Covilhã Fundão Penacova Tondela Santa Comba Dão Tábua Carregal do Sal Nelas Viseu Mangualde Oliveira do Hospital Seia Sernancelhe Meda Pinhel Guarda Trancoso Celorico da Beira Fornos de Algodres Gouveia Penalva do Castelo Aguiar da Beira Sátão Vila Nova de Paiva Castro Daire São Pedro do Sul Vouzela NM graves Nº sites 0 100 200 300 400 500 600 700 Fonte: José Tomás e Catarina Tente À BD associou‑se um SIG, do qual resulta o mapa síntese e que se apresenta no Mapa 2 A georreferenciação foi feita com vários graus de fiabilidade. Num pri‑ meiro nível estão todos os sítios com coordenadas conhecidas e confirmadas, num segundo nível fez‑se a aproximação geográfica através da descrição da toponímia e dos acessos, e num último nível agregaram‑se todos os sítios cuja informação era mínima e onde só foi possível referenciar em relação à freguesia. 480 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA NA BEIRA INTERIOR DURANTE A ALTA IDADE MÉDIA. Obviamente que se trata de um trabalho que nunca pode ser dado por acabado, pois frequentemente são identificados mais sepulcros ou escavadas novas necrópoles como ocorre com a escavação em curso em Moreira de Rei (c. Trancoso, informação pessoal de João Lobão) onde foram já identificadas mais de 560 sepulturas escavadas na rocha integradas numa necrópole ordenada. Atualmente estão inventariados 664 sítios com sepulturas escavadas na rocha distribuídos por 42 dos atuais concelhos e que agregam um número mínimo de 2472 sepulturas (Gráfico 2). Este inventário inclui sepulturas de várias tipologias, tamanhos e localizações que comportam desde áreas de vale, como no caso de São Gens, áreas de encosta, de alta montanha, zonas junto a zonas irrigadas, mas também em plataformas mais rochosas e secas. Não é assim possível vislumbrar nem um padrão de implantação na paisagem, nem nas tipologias das sepulturas ou nas suas orientações. Os sítios com sepulturas isoladas representam mais de 40%, os grupos de 1 a 10 sepulturas mais de 50%, e juntos somam quase 94% dos sítios. Inversamente, as necrópoles estão em menor número, mas agregam bastantes sepulturas, basta que nos relembremos da necrópole ainda em escavação de Moreira de Rei (c. Trancoso). No que se refere aos grupos, é comum as sepulturas terem orientações seme‑ lhantes por se disporem lado a lado, mas existem situações em que se orientam em direções opostas, como no caso das sepulturas de Tapada da Serra (c. Celorico da Beira). É igualmente comum a associação entre sepulturas de adultos com infantis. Estas relações espaciais são consideradas desde Alberto del Castillo como sepulturas pertencentes a familiares próximos (filho/a‑/progenitor, esposos) o que continua a fazer sentido. Normalmente as sepulturas infantis estão integradas em grupos com sepulturas de adultos, mas há situações em que ocorrem sozinhas, como no caso da sepultura isolada de S. Pedro (c. Gouveia) ou em que aparecem associadas entre si como em Três Rios (concelho de Tondela). Não obstante, nestes casos não parece haver dúvidas de que estes pequenos grupos de sepulturas estão maioritariamente relacionados com núcleos familiares. O mesmo parece ocorrer com as necrópoles desordenadas tal como se evidencia pela análise de São Gens, onde se agrupariam vários grupos familiares. Como evidencia o Gráfico 1, os cemitérios ordenados ou organizados represen‑ tam uma percentagem muito diminuta, mas cremos que este número está sub‑re‑ presentado, já que muitas destas necrópoles estão ainda por identificar por estarem associadas a espaços onde existem ainda hoje igrejas. Consequentemente, estas antigas necrópoles acabam por estar subterradas e apenas obras de remodelação dos edifícios e espaços adjacentes têm permitido a sua identificação, tal como correu com Moreira de Rei, São Pedro da Lourosa (c. Oliveira do Hospital) ou em Algodres (c. Fornos 481 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA DA FACHADA ATLÂNTICA DA PENÍNSULA IBÉRICA Mapa 1. Distribuição dos sítios arqueológicos com sepulturas escavadas na rocha da Beira Interior Fonte: José Tomás e Catarina Tente de Algodres)20. Certamente que o futuro trará ao conhecimento mais deste tipo de necrópoles e ao aumento do número de sepulturas a elas associadas. A principal característica destas necrópoles reside no facto de concentrarem um grande número de sepulturas num espaço relativamente reduzido e circunscrito e, em geral, as sepulturas apresentarem uma orientação dominante que, em regra, está determinada pela orientação do edifício religioso a que se associam. Outro traço que as caracteriza é a recorrente (mas não exclusiva) associação a templos. Ainda que reco‑ nheçamos algumas necrópoles mais antigas, como parece ser o caso de São Pedro da Lourosa21 ou mesmo da primeira fase de Moreira de Rei, este tipo de cemitério tende a difundir‑se a partir da segunda metade do século XII no âmbito da implantação do sistema22. Este processo implicou a construção de igrejas que agregavam cemitérios, o que veio a alterar o comportamento das comunidades e famílias face aos rituais funerários. Estes novos cemitérios vieram agregar os paroquianos defuntos durante séculos resultando na grande concentração de sepulturas, nas sobreposições e reuti‑ 20 TENTE, 2010: 343‑346; PEREIRA, 2013. REAL, 2014; FERNANDES, 2015. 22 MATTOSO, 1985: 401‑405. 21 482 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA NA BEIRA INTERIOR DURANTE A ALTA IDADE MÉDIA. lizações sistemáticas, que são uma marca distintiva destas necrópoles. O processo de paroquialização teve como consequência o abandono progressivo dos grupos e necró‑ poles desordenadas e parece ter sido acompanhado de uma certa despersonalização da última morada, que se reflete na sobreposição e corte de sepulturas anteriores. A identidade dos mortos e as relações de familiaridade e de ancestralidade parecem perder a importância que tinham na fase anterior, em favor da ideia de pertença a uma comunidade alargada que partilha o mesmo templo e a mesma fé. 3.2. A sua distribuição e as diferenças entre territórios — o caso de Lafões Ainda que o estudo de casos específicos tenha impulsionado a investigação, a abordagem na macroescala é igualmente fundamental para o entendimento des‑ tas realidades. Com os dados atualmente disponíveis, é evidente que as sepulturas escavadas na rocha não se distribuem no território da mesma forma; há áreas com concentrações muito significativas e outras áreas onde são escassas. E esta constata‑ ção não está relacionada com eventuais padrões que se poderiam definir sobre a sua localização numa mesoescala, como estarem mais próximas de caminhos, de vales, de antigos sítios romanos, junto a castelos ou a igrejas. A distribuição dos sítios patente no Mapa 2 não é homogénea, tendo, contudo, presente de que estamos a lidar com níveis de profundidade de conhecimento diferenciados. Conhecemos hoje muito Mapa 2. Mapa da distribuição das sepulturas e das igrejas mencionadas na documentação escrita e dos elementos arquitetónicos de cronologia anterior a 1100 Fonte: José Tomás e Catarina Tente 483 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA DA FACHADA ATLÂNTICA DA PENÍNSULA IBÉRICA melhor o Alto Mondego, a região de Viseu, de Lafões e da Egitânia, do que zonas como o médio Mondego, Penacova ou o Pinhal Interior. Não obstante essa limitação, alguns padrões já emergem com alguma clareza, mas no futuro importa analisar este fenómeno e a sua relação com a ocupação do espaço e com a evolução dos contextos históricos de cada uma das sub‑regiões. Um dos casos que temos vindo a analisar é o da área de Lafões (atuais concelhos de Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela) onde é notória a baixa concentração de sepulcros rupestres. Trata‑se de uma área que já foi bastante prospetada pelo que o baixo número de sepulturas não pode ser explicado pela falta de investigação. Aliás, os incêndios florestais de outubro de 2017 que assolaram aquela região possibilitaram a identificação de muitos vestígios arqueológicos que estavam ocultados, mas não houve um significativo aumento das ocorrências funerárias rupestres alto medievais. Não se identificaram neste território quaisquer necrópoles desordenadas e os conjuntos agrupam genericamente apenas 2 a 3 sepulturas. Esta realidade contrasta bastante com a restante região da Beira Alta, nomeadamente com a região vizinha de Viseu. Coincidentemente para a região de Lafões conhece‑se um significativo número de documentos que datam entre os séculos IX a XI23 e que atestam a existência de várias igrejas e mosteiros. Mais recentemente, têm vindo a ser conhecidos mais alguns elementos arquitetónicos e inscrições que documentam outras igrejas que não aparecem nesta documentação (como a inscrição encontrada em Figueiredo das Donas, Vouzela) e que vêm confirmar a singularidade deste território no panorama beirão. Tal como tem sido sublinhado por Manuel L. Real, nesta região estabeleceu‑ ‑se uma corte condal ligada inicialmente a Bermudo Ordonhes em redor do qual se terão instalado outros aristocratas entre os quais Diogo Fernandes e Onega, pais de Mumadona Dias24. Estas elites terão sido responsáveis pela fundação das igrejas e dos mosteiros referenciados na documentação. Provavelmente a presença destes edifícios religiosos, que refletem a presença destes grupos sociais dominantes, terá implicado um controlo restritivo das práticas funerárias das famílias e comunidades rurais. Inversamente, nas áreas rurais afastadas dos poderes dominantes as igrejas seriam raras e as comunidades e famílias teriam mais liberdade para organizar os seus espaços de habitat e as suas necrópoles. 4. CONCLUSÕES Numa primeira leitura, as sepulturas rupestres são buracos escavados na rocha onde se depositavam defuntos. Todavia, a investigação tem vindo a mostrar que o estudo destes buracos, maioritariamente vazios, expressam funções que ultrapassam 23 24 LP, 1999. REAL, 2014, 2018. 484 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA NA BEIRA INTERIOR DURANTE A ALTA IDADE MÉDIA. o lugar do morto. Foram memória dos antepassados, símbolos de identidade familiar e funcionaram como locais de memória coletiva, tal como parece suceder com o caso do Penedo dos Mouros. As sepulturas são, acima de tudo, elementos estruturais na vida das comunidades rurais alto medievais e é por isso que ao contrário dos sítios de habitação, as sepulturas foram contruídas para durar. Ainda que não possamos compreender a totalidade do seu significado, a durabilidade e a localização dos sepulcros era deliberada e não deve ser dissociada da antropização e apropriação da paisagem e dos recursos rurais e florestais25. A investigação na região beirã tem evidenciado que a investigação em temáticas como a orientação dos sepulcros integrados em grupos ou necrópoles desordenadas não tem levado à identificação de padrões dominantes. Pelo contrário, a diversidade marca esta região. Também qualquer tentativa de relação entre tipos de sepulturas e cronologia, na linha do que havia defendido Alberto del Castillo, não parece fazer qualquer sentido face aos dados disponíveis, São as escavações dos locais de habitação associados às sepulturas a melhor forma e datar grupos e necrópoles desordenadas, isso é bastante evidente quer em São Gens, quer nos casos escavados em Castelo de Vide (e alvo de artigo neste mesmo volume), onde as sepulturas antropomórficas se relacionam com espaços datados dos séculos VI a VIII. A investigação tem também sublinhado o papel das sepulturas como guias orien‑ tadoras para a identificação de locais de habitação (casais, quintas e povoados) ou de espaço de poder (igrejas e castelos). Há efetivamente uma relação das sepulturas com o povoamento tal como sugeriu M. J. Barroca26, ainda que não a entendamos ainda em toda a sua amplitude, e emergem igualmente relações com espaços agrários e florestais. Por fim, devemos ainda sublinhar que a durabilidade deste fenómeno funerário e a dificuldade em se datar singularmente cada sepultura implica que as aborda‑ gens, como a macro análise que aqui se apresentou, tenham de lidar com realidades anacrónicas. Se há necrópoles que se construíram e usaram durante o século X, há outras que apenas surgem no século XI e foram usadas por várias centúrias, mas haverá também sepulturas que se integram entre os séculos V e VIII. É uma limita‑ ção incontornável que apenas pode ser minimizada com o aumento de escavações em sítios espacialmente correlacionados com as sepulturas (ou com escavações de sepulturas que conservam vestígios osteológicos). Uma outra linha de investigação fundamental para a região beirã será compreen‑ der a significativa concentração de locais com sepulturas a norte da Serra da Estrela em oposição com a dispersão de sítios a sul desta. Mas ainda não temos os dados 25 26 MARTÍN VISO, 2014. BARROCA, 1987. 485 SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA DA FACHADA ATLÂNTICA DA PENÍNSULA IBÉRICA suficientes para avançar algumas hipóteses de trabalho, esperamos que o tempo e a investigação possam trazer mais luz a esta óbvia diferença. BIBLIOGRAFIA BARROCA, Mário Jorge (1987). Necrópoles e sepulturas medievais de Entre-Douro-e-Minho (Séculos V a XV). Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Dissertação para Provas Públicas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica. BARROCA, Mário Jorge (2010‑2011). Sepulturas escavadas na rocha de Entre Douro e Minho. «Portvgalia». Nova Serie. 31‑32, 115‑182. BOLÓS MASCLANS, Jordi; PAGÉS PARETAS, Montserrat (1982). Les sepultures excavades a la roca. In RIU, Manuel, dir. 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AGRADECIMENTOS À Sofia Pereira, ao Gabriel de Souza, à Ana Esmeraldo, ao Afonso Leão, à Rosa Cruz, ao Iñaki Martín Viso, ao Stuart Brookes, à Sara Prata, ao João Lobão, ao Antó‑ nio Carlos Marques e ao Dário Neves pelo seu trabalho e discussão destas temáticas. 488