Semina: Ciências Agrárias
ISSN: 1676-546X
semina.agrarias@uel.br
Universidade Estadual de Londrina
Brasil
Rodrigues Barros Brito, Danilo; Moreno Fernandes, Rozeverter
Ação anti-helmíntica da Morinda citrifolia (noni) sobre Heterakis gallinarum
Semina: Ciências Agrárias, vol. 34, núm. 4, julio-agosto, 2013, pp. 1775-1782
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=445744122027
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DOI: 10.5433/1679-0359.2013v34n4p1775
Ação anti-helmíntica da Morinda citrifolia (noni) sobre
Heterakis gallinarum
Anthelmintic action of Morinda citrifolia (noni) on
Heterakis gallinarum
MEDICINA VETERINÁRIA
ARTIGOS / ARTICLES
Danilo Rodrigues Barros Brito1*; Rozeverter Moreno Fernandes2
Resumo
A ação anti-helmíntica da Morinda citrifolia (noni) sobre Heterakis gallinarum foi avaliada em galinhas
poedeiras naturalmente infectadas. A atividade anti-helmíntica in vitro foi determinada em helmintos
adultos colocados em placas de petri descartáveis, contendo solução Tyrode pré-aquecida, nas quais
foi adicionado o extrato aquoso ou etanólico e mantidas em BOD a uma temperatura de 37oC (±1). Os
extratos aquoso e etanólico foram usados nas seguintes concentrações: 1,69; 3,37; 6,74; 13,48 e 26,96
mg.mL-1 e 4,17; 8,34; 16,68; 33,36 e 66,72 mg.mL-1, respectivamente. Como controle positivo usouse uma solução de citrato de piperazina tetrahidratada na concentração de 50 mg.mL-1. A atividade
anti-helmíntica in vivo foi determinada em aves, administrando-se os extratos aquoso ou etanólico (10
mL/Kg/PV) durante três dias consecutivos. As fezes dos animais foram coletadas durante quatro dias,
em seguida foram lavadas em água corrente e peneiradas. No quinto dia após início do tratamento,
as aves foram abatidas e necropsiadas, para contagem e identificação dos helmintos remanescentes.
Os dados obtidos foram analisados estatisticamente utilizando o teste de Student-Newman-Keuls. No
teste in vivo, não houve diferença significativa entre o extrato aquoso (concentração de 10%) e o grupo
controle (água) (p>0,05) na eliminação de H. gallinarum. O extrato etanólico apresentou um percentual
de eliminação de 20,35%, diferindo estatisticamente do grupo controle (p<0,05). Na concentração 26,96
mg.mL-1, para o teste in vitro, o extrato aquoso causou mortalidade de 100%, semelhante ao obtido pela
piperazina (100%), diferindo estatisticamente do controle negativo (p<0,05). Nas concentrações 33,36 e
66,72 mg.mL-1, o extrato etanólico também apresentou percentagem de mortalidade de 100%, havendo
diferença estatisticamente significativa do controle negativo (P<0,05). Conclui-se que a atividade antihelmíntica do fruto do noni apresentou resultados promissores no teste in vitro, havendo necessidade de
estudos com maiores concentrações no teste in vivo.
Palavras-chave: Plantas medicinais, helmintologia, galinha
Abstract
The anthelmintic effect of Morinda citrifolia (noni) on Heterakis gallinarum was evaluated in chicken
naturally infected. The anthelmintic activity in vitro was determined in adults helminthes in disposable
petri dishes, containing Tyrode solution, pre warmed in which aqueous or ethanolic extracts were added.
The material was maintained in a BOD at 37ºC (±1). The aqueous and ethanolic extracts presented the
following concentrations: 1.69; 3.37; 6.74; 13.48 e 26.96 mg.mL-1 and 4.17; 8.34; 16.68; 33.36 e 66.72
mg.mL-1, respectively. It was used as positive control, a solution of tetrahidrate citrate of piperazin in the
concentration of 50 mg/mL. The anthelmintic activity in vivo was determined by the administration of
aqueous or ethanolic extracts (10 mL/Kg/PV) during three consecutive days. The feces were collected
during four days in each group, washed in water and sifted. In the fifth day post-treatment, the chickens
1
2
*
Prof. do Instituto Federal do Maranhão, IFMA, Campus São Luís-Maracanã, São Luís, MA. E-mail: danilobrito@ifma.edu.br
Prof. da Universidade Federal do Piauí, UFPI, Teresina, PI. E-mail: zmoreno48@gmail.com
Autor para correspondência
Recebido para publicação 21/05/12 Aprovado em 05/05/13
Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 4, p. 1775-1782, jul./ago. 2013
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Brito, D. R. B.; Fernandes, R. M.
were slaughtered and necropsy was performed in order to count and identify remaining helminthes.
The data were analyzed by the Student-Newman-Keuls test. In the in vivo test there was no significant
difference between the aqueous extract and the control group (water) (p>0.05) in the elimination of H.
gallinarum. The ethanolic extract presented an elimination of 20.35%, differing statistically from the
control group (p<0.05). In the concentration of 26.96 mg.mL-1, for the in vitro test, the aqueous extract
presented a mortality of 100%, the same obtained by piperazin (100%), differing statistically from the
negative control (p<0.05). In the concentrations of 33.36 and 66.72 mg.mL-1, the ethanolic extract also
presented a mortality of 100%, there was a significant statistical difference from the negative control
(p<0,05). Noni fruit extracts manifested high anthelmintic activity in vitro, however, more studies are
necessary with higher concentrations in the in vivo test.
Key words: Medicinal plants, helminthology, chicken
Introdução
Na área farmacêutica, as plantas e os
extratos vegetais foram e continuam sendo de
grande relevância, tendo em vista a utilização
das substâncias ativas como protótipos para o
desenvolvimento de novas drogas e como fonte de
matérias-primas, tanto para a obtenção de fármacos
(que são as substâncias ativas isoladas), como
para a obtenção de adjuvantes (produtos utilizados
na formulação de medicamentos) ou, ainda, de
produtos elaborados exclusivamente à base de
extratos vegetais: os fitoterápicos (SCHENKEL;
GOSMANN; PETROVICK, 2001).
Considerando a produção alternativa de frangos
(frango colonial), que visa reproduzir ao máximo
as condições naturais de vida da ave, busca-se
produzir alimentos saudáveis, de elevado valor
nutricional e isentos de contaminantes, preservando
a biodiversidade em que se insere o sistema
produtivo. Para tanto é necessário adotar práticas
de produção menos agressivas e que aperfeiçoem o
uso de recursos naturais, tendo por objetivo a autosustentação (FIGUEIREDO et al., 2001).
Diversas plantas têm sido estudadas com a
finalidade de substituição da utilização de produtos
químicos por compostos naturais que poderão
ter eficácia semelhante, melhorando a questão
ambiental e a economicidade. Dentre essas plantas,
a Morinda citrifolia, conhecida popularmente como
noni, muito disseminada na região Nordeste do
Brasil, tem mostrado ser uma planta promissora
para ser usada na eliminação de helmintos parasitas
de aves.
Heterakis gallinarum é um nematoide pequeno,
mede entre 0,4 e 1,5 centímetros. Os hospedeiros
intermediários são oligoquetas dos gêneros
Lumbricus, Allolobophora e Eisenia, e alguns
insetos, que ingerem ovos do parasita. As galinhas
se infectam quando ingerem estes hospedeiros
intermediários, que contenham a forma infectante
localizada nos tecidos. Parasitam o ceco e os adultos
são patogênicos, causando tiflite, diarréia e perda de
peso. Os ovos de H. gallinarum são semelhantes aos
de Ascaridia galli (FREITAS, 1977).
Em estudos realizados com galinhas soltas no
município de Seropédica, Rio de Janeiro, Carneiro
(2001) encontrou doze espécies de helmintos, sendo
sete nematoides e cinco cestódeos. As espécies
que apresentaram os maiores graus de dominância
foram H. gallinarum e Capillaria sp., sendo
estas duas espécies classificadas como centrais.
Menezes et al. (2001) realizaram uma pesquisa
sobre as helmintoses que ocorrem em galinhasd’angola criadas extensivamente no estado do Rio
de Janeiro, e foi observada uma prevalência de H.
gallinarum de 100 %. Fernandes (1998) estudando
a fauna de helmintos em 70 frangos de corte criados
semi-extensivamente, verificou que 94,3% eram
positivos para A. galli e 100% para H. gallinarum.
O mesmo autor também observou a localização
desses helmintos, sendo que 97,7% de A. galli
estavam presentes no intestino delgado e 2,3% no
intestino grosso, enquanto 99,2% de H. gallinarum
foram observados no ceco e 0,8% no cólon.
Segundo Bowman et al. (2006), H. gallinarum
serve como hospedeiro paratênico do Histomonas
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Ação anti-helmíntica da Morinda citrifolia (noni) sobre Heterakis gallinarum
meleagridis. Este protozoário ao ser ingerido pelo
nematoide vai se localizar dentro do ovo deste
parasito. Os ovos contendo H. meleagridis são
liberados no ambiente e são ingeridos pelas aves.
No intestino destas ocorre liberação da larva de H.
gallinarum juntamente com o protozoário que irá
para o ceco onde se multiplicará, podendo causar
processo inflamatório severo no fígado e no ceco,
com presença de pequenas áreas claras cercadas de
eosinófilos.
Brito et al. (2009) avaliando a atividade antihelmíntica dos extratos aquoso e etanólico do
fruto da Morinda citrifolia sobre Ascaridia galli,
observaram nos testes in vitro, que o extrato
aquoso na concentração de 26,96 mg.mL-1 causou
mortalidade de 50% e o extrato etanólico na
concentração de 66,72 mg.mL-1, 76,67% após 96
horas de tratamento. Fernandes (2008) estudando a
atividade anti-helmíntica in vivo de plantas sobre
H. gallinarum, observou que o extrato aquoso de
Simarouba versicolor apresentou percentual de
eliminação de 20,22% e o extrato etanólico de
29,15%. Já o extrato aquoso da Annona squamosa
apresentou percentual de eliminação de 20,60%.
Estudos sobre o efeito anti-helmíntico da folha
do noni (M. citrifolia) sobre A. galli, demonstraram
que o extrato aquoso da folha do noni, no teste
in vitro e na concentração de 13,92 mg.mL-1,
causou mortalidade de 96,67% após 96 horas de
tratamento, assemelhando-se ao controle positivo
(piperazina a 50 mg.mL-1) que causou 100% de
mortalidade (BRITO et al., 2011). Fernandes et
al. (2004) pesquisando a atividade anti-helmíntica
das plantas Allium sativum, Punica granatum,
Tynnanthus fasciculatus e Cocos nucifera sobre o H.
gallinarum em teste in vivo com frangos infectados
naturalmente, constataram que o extrato aquoso
e suco por gavage dessas plantas incorporadas
à ração nas doses de 2, 3 e 10g kg-1 dia-1, durante
três dias consecutivos, não apresentaram atividade
significativa (P<0,05) sobre este helminto.
Matos (2000) afirma que a avaliação de novas
drogas vegetais através da pesquisa é o caminho
para que se possa fazer o correto aproveitamento
das plantas medicinais e seus derivados aplicados a
fitoterapia. Devido à alta prevalência de H. gallinarum
em aves e sua importância na sanidade e produção das
mesmas e dentro da perspectiva da criação orgânica
de frangos, a utilização de plantas medicinais aparece
como uma alternativa no controle das helmintíases
aviárias. Na criação de frangos coloniais em sistema
de produção orgânico não é permitido o uso de antihelmínticos sintéticos (produtos comerciais), como
tentativa de suprir esta demanda, este trabalho teve
como objetivo avaliar a ação anti-helmíntica da M.
citrifolia sobre H. gallinarum proveniente de aves
naturalmente infectadas.
Material e Métodos
Fonte vegetal: Os frutos da planta M. citrifolia
foram coletados no município de Altos, Estado do
Piauí, no mês de julho (período seco), à latitude de
05º 02’ 20” S, longitude de 42º 27’ 39” O e a 187
m de altitude, a 42 km ao nordeste de Teresina. O
solo local é Podzólico Vermelho Amarelo Distrófico
com baixa fertilidade natural (P 5 mg/dm³, K 14
mg/dm³, Al 6 mmol/dm³, e Ca+Mg 8 mmol/dm³)
e alta acidez (pH-5,3). A precipitação média anual
do município é em torno de 1.297 mm, sendo que
cerca de 90% das chuvas concentram-se no período
de novembro a maio. A temperatura média anual
está em torno de 25°C e a umidade relativa de 67%.
A identificação botânica foi realizada no Núcleo de
Referência em Ciências Ambientais do Trópico
Ecotonal do Nordeste – TROPEN, Teresina-PI,
sendo a exsicata depositada sob o número 21.644
no herbário Graziela Barroso.
Os frutos foram picados, dessecados em estufa
de circulação forçada de ar, durante oito dias,
a uma temperatura máxima de 45º C (± 1). Após
essa etapa, o material foi triturado em moinho, tipo
willis, obtendo-se um pó que foi acondicionado em
um frasco de vidro âmbar hermeticamente fechado
e identificado, onde permaneceu até o momento do
preparo dos extratos.
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Brito, D. R. B.; Fernandes, R. M.
Preparação dos Extratos: O extrato etanólico
foi obtido através de maceração a frio, após quatro
extrações sucessivas, sendo filtrado usandose papel de filtro Whatman nº 1. Em seguida,
concentrado em evaporador rotativo sob pressão
reduzida, à temperatura entre 42 e 45 ºC e, então,
liofilizado. Utilizou-se em média 1,3 L de etanol
para cada extração realizada. O extrato aquoso foi
obtido através de cocção, ou seja, 50g de matéria
vegetal (pó) para 500 mL de água destilada e, em
seguida, deixou-se ferver por dois minutos e, após
o resfriamento à temperatura ambiente, a solução
obtida foi filtrada, obtendo-se então uma solução a
10%.
Foi retirada uma alíquota de 1 mL de cada
extrato, colocada em estufa de circulação forçada de
ar, a uma temperatura de 45 ºC (± 1), até a obtenção
de um peso constante, procedimento realizado em
triplicata. A massa média obtida referente a 1mL foi
relacionada ao respectivo volume total, obtendo-se
então a massa total em mg.mL-1. Esse procedimento
foi realizado para o extrato aquoso com o objetivo
de determinar o peso seco e, para o extrato etanólico,
para avaliar o rendimento aproximado após a
evaporação do etanol.
Manutenção das aves: Durante o experimento,
foram adquiridas em granjas da zona rural, da
cidade de Teresina-PI, galinhas poedeiras em fase
de descarte e que não recebiam vermífugo há pelo
menos três meses. Foram colocadas em um galpão
composto por uma área coberta, com bebedouros
e comedouros, além da cama de maravalha. Os
animais tiveram acesso a uma área descoberta e de
chão batido, capinada, evitando-se que os animais
tivessem acesso a outras plantas. Para determinar
o grau de infecção do plantel, foram realizados
exames de fezes, pela técnica Willis modificada
(WILLIS APUD UENO; GONÇALVES, 1994).
Atividade anti-helmíntica in vitro: Foi
determinada em helmintos adultos, machos e fêmeas
de H. gallinarum, coletados nos cecos de aves
necropsiadas. Os parasitos foram lavados em solução
salina (NaCl 0,9%), e aqueles considerados ativos
foram transferidos para placas de Petri descartáveis
(90x15mm), contendo solução Tyrode (KALEYSA
RAJ, 1975) pré-aquecida (37 ºC), totalizando 20
nematoides por placa. A seguir, foram adicionados
os extratos nas seguintes concentrações: 1,69; 3,37;
6,74; 13,48 e 26,96 mg.mL-1 do extrato aquoso; e
4,17; 8,34; 16,68; 33,36 e 66,72 mg.mL-1 do extrato
etanólico. Os nematoides foram mantidos em estufa
BOD, à temperatura de 37° C (±1), e examinados
6, 24 e 48 horas após o tratamento. Os nematoides
imóveis, mesmo após breve pressão com estilete,
foram considerados mortos (SHILASKAR;
PARASAR, 1985). O experimento foi repetido 3
vezes para cada dose, e a porcentagem de parasitas
mortos em cada grupo foi calculada. Esse teste
foi acompanhado de dois controles negativos
constituídos por água e diluente (Tween 80 a 17,5%
acrescido de DMSO a 12,5%) e um controle positivo
com a droga referência, citrato de piperazina (50
mg.mL-1), administrada de acordo com o fabricante
(Proverm Tortuga).
Atividade anti-helmíntica in vivo: Os grupos
(n=6) compostos de aves com peso médio de
1,5 kg, foram constituídos por controle positivo
(piperazina, 50 mg.mL-1), controles negativos
(água e diluente idêntico ao teste in vitro) e grupos
tratados com os extratos aquoso e etanólico de
M. citrifolia, nas doses de 50,1 mg.mL-1 e 24,6
mg.mL-1, respectivamente. . Os extratos aquoso e
etanólico foram administrados, durante três dias
consecutivos, no volume de 10 mL/kg, utilizandose uma sonda intragástrica (FERNANDES et
al., 2005). Diagnosticada a infecção por exame
de fezes, as aves foram transferidas para gaiolas
individuais galvanizadas, com fundo removível,
onde passaram por um período de adaptação de 72
horas, recebendo diariamente 50g de ração (16%
de PB) e água ad libitum. Antes do início dos
testes, as aves foram submetidas a um período de
jejum de 6 horas, tendo disponível água à vontade.
Em todos os grupos as fezes foram coletadas
durante quatro dias. Em seguida, foram levadas ao
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horas, recebendo diariamente 50g de ração (16% de P
Ação anti-helmíntica da Morinda citrifolia (noni) sobre Heterakis gallinarum
laboratório, lavadas em água corrente e peneiradas de 20/06/2002 do Conselho Federal de Medicina
em tamis USBS-50, abertura 0,297 mm e tyler 48 Veterinária. Durante a necropsia parasitológica
sob outro tamis de malha USBS-40, abertura 0,42 a mucosa do trato gastrintestinal foi raspada e
mm e tyler 35 colocado no fundo da pia, de modo o conteúdo colocado em frascos contendo AFA
a reter o resíduo do primeiro tamis. Posteriormente, quente para posterior contagem e identificação dos
foram acondicionadas em frascos contendo uma helmintos remanescentes. O efeito do tratamento
solução de Ácido Acético, Formol e Álcool (AFA) foi avaliado pelo método crítico controlado
a quente (AMATO; BOEGER; AMATO, 1991) (STEWARD, 1955), adaptado ao presente modelo
para conservação, a fim de preservar os helmintos experimental e expresso em percentual médio de
eliminados para posterior contagem. No quinto eliminação de H. gallinarum, conforme a fórmula
dia de tratamento, as aves foram sacrificadas
abaixo:
adoe (STEWARD,
1955), adaptado ao presente modelo
necropsiadas de acordo com a Resolução nº 714
% de atividade
Anti-helmíntica
=
N° total de nematoides eliminados nas fezes após o tratamento x 100
N° total de nematoides eliminados + N° total de nematoides recuperados
nas fezes após o tratamento
Cálculo semelhante foi aplicado aos grupos
controles negativos.
extrato aquoso do fruto de M. citrifolia, no intervalo
de 48 horas de exposição do parasito ao extrato, está
disposta na Tabela 1.
Análise estatística: Os dados obtidos foram
Considerando as duas maiores concentrações
analisados estatisticamente, utilizando-se o teste
(13,48
e 26,96 mg.mL-1), após1987).
seis horas de exposição
Student-Newman-Keuls, com auxílio do programa
foi p<0,05
(PIMENTEL-GOMES,
InStat (Graphpad Instat: GraphPad Software do H. gallinarum, o extrato aquoso do fruto da M.
Oberlin, San Diego – CA, USA). O nível de citrifolia apresentou percentual de mortalidade
significância adotado foi p<0,05 (PIMENTEL- superior ao controle positivo (piperazina), diferindo
estatisticamente. Após 24h nas concentrações 13,48
GOMES, 1987).
O pH do extrato etanólico do fruto do noni foi de 4
e 26,96 mg.mL-1, o percentual de mortalidade não
foi significativamente superior ao controle positivo.
Resultados e Discussão
Com 48 horas de tratamento, o extrato aquoso do
O pH do extrato etanólico do fruto do noni foi de fruto da M. citrifolia, levando em consideração
4,40 e, do extrato aquoso, de 3,86. O peso seco do as duas maiores concentrações (13,48 e 26,96
-1
extrato aquoso do fruto do noni foi de 50,1 mg.mL-1 mg.mL ), apresentou a mesma eficácia quando
comparado ao controle positivo, não diferindo
e, do extrato etanólico, de 24,6 mg.mL-1.
estatisticamente (100% para ambos tratamentos).
A percentagem média de mortalidade nos testes
Porém quando comparado com controle negativo
in vitro, usando-se diferentes concentrações do
(28,67%), houve diferença estatística.
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Brito, D. R. B.; Fernandes, R. M.
Tabela 1. Percentual (média ± desvio padrão) de mortalidade de Heterakis gallinarum no teste in vitro com extrato
aquoso do fruto de Morinda citrifolia, ao longo de 48 horas de incubação.
Concentração
(mg.mL-1)
Extrato
Aquoso do
Noni
Piperazina
Água
1,69
3,37
6,74
13,48
26,96
50
6
Tempo (horas)/Taxa de Mortalidade (%)
24
48
0ª
11,67±7,64ª
28,33±2,89ª
51,67±10,41b
88,33±5,77b
25±13,23ª
0ª
40±5 b
55±5 b
66,67±12,58c
86,67±2,89c
100±0c
83,33±12,58c
4±1,73a
66,67±7,64 b
86,67±2,89bc
91,67±7,64c
100±0c
100±0 c
100±0 c
28,67±7,64 a
Médias com letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Student-Newman-Keuls (P>0,05).
Fonte: Elaboração dos autores.
Brito et al. (2009), estudando a eficiência da
M. citrifolia sobre A. galli, encontraram menor
eficácia. Observaram percentual de mortalidade
inferior a 5% após 48h de tratamento. A maior
concentração utilizada foi também de 26,96
mg.mL-1, demonstrando possivelmente uma maior
sensibilidade por parte de H. gallinarum ao extrato
aquoso do fruto da M. citrifolia no teste in vitro,
bem como para piperazina na concentração de 50
mg.mL-1.
A ação do extrato etanólico do fruto M.
citrifolia sobre H. gallinarum apresentou resultados
semelhantes ao extrato aquoso, conforme mostra
a Tabela 2. Após 48h de tratamento, levando em
consideração as duas maiores concentrações (33,36
e 66,72 mg.mL-1), o extrato etanólico apresentou
o mesmo percentual de mortalidade do controle
positivo (piperazina), sendo o mesmo fato observado
com o extrato aquoso. As concentrações 8,34; 16,68;
33,36 e 66,72 mg.mL-1, após 24 e 48h de tratamento,
apresentaram diferença significativa (P<0,05),
considerando o extrato etanólico do fruto do noni,
controle positivo (piperazina) e o controle negativo
(diluente). Nas três maiores concentrações (16,68;
33,36 e 66,72 mg.mL-1) , após 48h de tratamento, não
houve diferença significativa entre extrato etanólico
e o controle positivo. Considerando todos os
tempos de exposição (6, 24 e 48h) e as três maiores
concentrações (16,68; 33,36 e 66,72 mg.mL-1 ), o
extrato etanólico do noni diferiu estatisticamente do
controle negativo.
Tabela 2. Percentual (média ± desvio padrão) de mortalidade de Heterakis gallinarum no teste in vitro com extrato
etanólico do fruto de Morinda citrifolia, ao longo de 48 horas de incubação.
Extrato
Etanólico do
noni
Piperazina
Diluente*
Concentração
(mg.mL-1)
4,17
8,34
16,68
33,36
66,72
50
6
0a
0a
10±10ªb
23,33±7,64b
73,33±7,64c
25±13,23b
4,33±1,73 a
Tempo (horas)/Taxa de Mortalidade (%)
24
48
10±5ª
45±5 b
35±5b
78,33±2,89c
48,33±2,89b
93,33±2,89d
c
80±10
100±0d
c
100±0
100±0d
c
83,33±12,58
100±0d
9,67±5ª
22,67±10,41a
Médias com letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Student-Newman-Keuls (P>0,05).
* (Tween 80 a 17,5% acrescido de DMSO a 12,5%).
Fonte: Elaboração dos autores.
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Ação anti-helmíntica da Morinda citrifolia (noni) sobre Heterakis gallinarum
A atividade anti-helmíntica dos extratos aquosos
e etanólico do fruto da M. citrifolia foi avaliada no
teste in vivo e seu percentual de eliminação está
contido na Tabela 3. O percentual de eliminação
considerando o extrato aquoso foi muito baixo,
sendo inferior a 2%. A eliminação utilizando o
extrato etanólico da M. citrifolia foi semelhante
ao do controle positivo (piperazina), sendo ambos
inferiores a 25%, não havendo diferença significativa
(P>0,05). Esse baixo percentual de eliminação do
H. gallinarum descrito para os extratos testados
(aquoso e etanólico) e controle positivo, pode ter
ocorrido devido à localização desse nematoide
nas aves, uma vez que se encontram geralmente
na porção final do ceco. Isso pode ter dificultado a
ação do medicamento ou dos extratos no combate
ao H. gallinarum. Sobral (2010), ao avaliar galinhas
caipiras, testou a atividade anti-helmíntica da
Operculina hamiltonii e descreveu a ineficiência
dessa planta como ovicida e larvicida sobre H.
gallinarum.
Tabela 3. Atividade anti-helmíntica dos extratos aquoso e etanólico obtidos do fruto de Morinda citrifolia na
eliminação de Heterakis gallinarum em aves poedeiras (n=6) naturalmente infectadas.
Tratamentos
Extrato Aquoso
(50,1 mg.mL-1)
Extrato Etanólico
(24,6 mg.mL-1)
Água
Diluente*
Piperazina
(50 mg.mL-1)
Número de helmintos
Exame de fezes
Necropsia
Eliminação (%)
07
361
1,90ª
35
137
20,35b
11
06
396
113
2,70ª
5,04ª
18
69
20,68b
Médias com letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Student-Newman-Keuls (P>0,05).
* (Tween 80 a 17,5% acrescido de DMSO a 12,5%).
Fonte: Elaboração dos autores.
Conclusões
No teste in vitro, as concentrações mais elevadas
dos extratos aquoso e etanólico da M. citrifolia
apresentaram elevada eficácia contra H. gallinarum,
com percentual de mortalidade superior a 90%. No
entanto, uma baixa eficiência no teste in vivo foi
observada, havendo necessidade de estudos com
maiores concentrações.
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