Seminário de Tese apresentado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica do Instituto Tecnológico de
Aeronáutica, área Transporte Aéreo e Aeroportos.
Helen Feuser Fernandes
ANÁLISE DE REQUISITOS PARA OS AEROPORTOS
DESTINADOS À AVIAÇÃO REGIONAL
Cláudio Jorge Pinto Alves
Orientador
Alessandro V. M. Oliveira
Coordenador de Área
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2014
1. RESUMO
Observa-se, na última década: uma alta taxa de crescimento de demanda pelo
transporte aéreo, uma estagnação na capacidade instalada nos aeroportos brasileiros e um
consequente descompasso entre demanda e capacidade no setor. Uma das alternativas, dadas a
dificuldade e o tempo necessário para a ampliação dos grandes aeroportos, é a utilização de
aeroportos menores e que estejam ociosos. A Aviação Regional, instituída em 1975 e,
praticamente abandonada na década de 90, volta a ser considerada uma alternativa para
satisfazer as necessidades de ligação entre comunidades.
1.1 JUSTIFICATIVA
A reentrada de aeroportos de pequeno e médio porte na rede nacional pode
colaborar com o sistema aeroportuário brasileiro. A Aviação Regional se caracteriza por ser
integrada por aeronaves de pequeno e médio porte que podem exigir menores requisitos de
infraestrutura. Nesse cenário, o estabelecimento dos requisitos que caracterizem um aeroporto
voltado à Aviação Regional ganha relevância.
1.2 OBJETIVO
O objetivo é analisar um dos componentes geométricos, na área de
movimentação de aeronaves nos aeroportos que se destinem ao atendimento da Aviação
Regional, através de um modelo de risco e, como estudo de caso, aplicá-lo num sítio,
identificando os requisitos necessários para a infraestrutura.
1.3 CONTRIBUIÇÃO
Tem como contribuição, encetar uma discussão quanto aos parâmetros
geométricos atualmente exigidos pelos órgãos reguladores para a infraestrutura de aeroportos
regionais, à luz dos níveis de segurança a serem mantidos, mas considerando os avanços
tecnológicos nas aeronaves e a movimentação existente em aeroportos regionais.
2. EXPOSIÇÃO DO TEMA
Desde a antiguidade, cidades sempre se desenvolveram em torno das rotas de
comércio (rios, portos, ferrovias). Com isso, houve a expectativa de melhorias em relação aos
transportes. Uma alternativa relativamente nova, mas com uma expansão crescente, é o
transporte aéreo, juntamente com os aeroportos. A grande vantagem do avião, em relação aos
demais modos de transportes, é a flexibilidade das rotas por serem independentes das
condições topográficas do terreno, em vista da inflexibilidade das estradas e das ferrovias.
De acordo com Button (2010), em países geograficamente maiores, com a
população esparsa, o número de aeroportos menores é superior ao número de aeroportos de
grande porte, atendendo toda a população. Porém, os aeroportos não “surgem” simplesmente,
eles são planejados e regulados, e operados por organizações locais, estaduais ou federais e,
mais recentemente, são concessionados para entidades capitaneadas pela iniciativa privada.
No Brasil, tem-se a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), desenvolvendo
atividades antes de competência do Departamento de Aviação Civil (DAC), que faz o papel
de reguladora dessa atividade. A regulação pode ser dividida em duas vertentes, uma em
relação à regulação técnica, que tem como objetivo a garantia da segurança dos passageiros e
usuários da Aviação Civil através de requisitos de segurança e mão de obra qualificada. A
segunda vertente trata da regulação econômica, através de monitoramento e possíveis
intervenções no mercado (ANAC, 2014). Os requisitos para o projeto são assegurados por
regulamentações, como o RBAC 154 – Projeto de Aeródromos, que especifica toda a parte de
infraestrutura de um aeródromo (resistência do pavimento, declividades das pistas, dimensões
etc) até sinalizações necessárias para a navegação (ANAC, 2009).
Porém, o desenvolvimento de um aeroporto em uma região não traz benefícios
imediatos, é necessário atrair os serviços de companhias aéreas e que estes serviços possam
ser duradouros até certo período de tempo estimado. O que não se pode supor é que o
desenvolvimento de uma região irá ocorrer pelo fato isolado da implantação de uma
infraestrutura aeroportuária. A existência de prédios e pistas por si só demonstra-se ineficiente
se não houver uma manutenção adequada e um esforço de operar de forma eficiente
(BUTTON, 2010). Pelas características geográficas do Brasil, suas grandes extensões e
infraestrutura deficitária de estradas e ferrovias, deve-se destacar a aviação regional como
uma alternativa para o transporte. Além do estímulo na economia e na geração de empregos e
na movimentação de bens, há a interligação do país como um todo no âmbito cultural e na
unidade política nacional (RIBEIRO, FRAGA, SANTOS, 2011).
Diante do exposto pretende-se, neste trabalho:
- Identificar um elemento dentro do aeroporto a ser objeto de estudo na área de
movimentação das aeronaves;
- Analisar os requisitos para sua operação;
- Estudar uma metodologia que se adeque ao objeto de estudo garantindo os níveis
de segurança necessários;
- Desenvolver um estudo de caso;
- Avaliar os resultados da proposta.
3. SEMINÁRIO ANTERIOR
No seminário anterior foram apresentados alguns dados e características da
aviação regional no mundo, principalmente na Europa, Estados Unidos e sudeste asiático.
Estas informações podem ser encontradas, em sua maioria, em Postorino (2010).
Alguns países, como Austrália, Estados Unidos, União Europeia, já tem uma
definição estabelecida quanto a aeroportos regionais dentro de seus países (COLLINS,
HENSHER, ZHENG, 2010; POSTORINO, 2010). Porém, a dificuldade em definir a aviação
regional no Brasil, gera a possibilidade de diversas categorizações e aumenta a complexidade
da pesquisa nessa área dentro do país. Foram apresentados alguns conceitos existentes na
literatura quanto à movimentação de passageiros, densidade de tráfego e a utilizada pela
ABETAR- Associação Brasileira de Empresas de Transporte Aéreo Regional (ABETAR,
2008), tendo essa associação sido substituída pela ABEAR (Associação Brasileira das
Empresas Aéreas).
Como o objetivo dessa pesquisa é estudar um dos componentes da geometria do
lado ar de um aeroporto, foi apresentada uma breve introdução quanto à importância dessa
infraestrutura para os passageiros e para o entorno do sítio aeroportuário.
Foram, ainda, feitas comparações entre a norma brasileira RBAC 154 – Projeto de
Aeródromos (ANAC, 2009) e um estudo feito pelo antigo DAC (Departamento de Aviação
Civil) (DAC, 1980), sendo, ambos, documentos referentes à infraestrutura aeroportuária
brasileira. O primeiro é a norma vigente para a construção de aeródromos no Brasil, utilizada
para todos os portes de aeroportos, não havendo distinção, dentro da norma, de exigências
devido à existência de operações internacionais ou não, ou quantidade de movimentos anuais
(número de operações ou de passageiros). O segundo documento foi resultado de estudos na
época para caracterizar os aeroportos regionais brasileiros e impor restrições geométricas
diferenciadas a aeródromos de menor porte.
Finalmente, foi citada a metodologia utilizada por Fortes (2012), que utilizou os
relatórios ACRP 03 (HALL et al., 2008) e ACRP 50 (AYRES JR. et al., 2011), resultantes de
um convênio entre FAA (Federal Aviation Administration) e TRB (Transportation Research
Board).
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Como o objetivo principal dessa pesquisa é sugerir adequações aos requisitos já
existentes para os aeródromos, especificamente para os aeroportos regionais, há a necessidade
de observar a segurança (safety) dos componentes do lado ar. Como o RBAC 154 (ANAC,
2009) especifica os requisitos dos componentes para qualquer aeroporto, subentende-se que
para um aeroporto de pequeno e médio porte talvez pudessem ser relaxados alguns requisitos
sem que se comprometesse o nível de segurança. Pois esses aeródromos, normalmente, têm
uma movimentação menor de aeronaves e de passageiros, além da composição da frota ser de
porte menor.
Ainda no RBAC 154 (ANAC, 2009), é previsto uma possível isenção para uma
não conformidade (no caso, redução de medidas requeridas por norma), desde que sejam
garantidas as condições operacionais dentro de níveis de segurança aceitáveis, mediante um
estudo aeronáutico. Deve-se, portanto, cuidar para que as adequações sejam facilitadoras, mas
que mantenham os níveis de segurança. Assim, a ideia é calcular o nível de segurança do
aeroporto, correspondente às operações realizadas e analisar a possibilidade de se diminuir os
requisitos existentes para que essas operações ocorram. A diminuição dos requisitos, aqui
mencionada, refere-se à diminuição das dimensões exigidas do lado ar, sendo aqui escolhida a
faixa de pista, como mostrada na Figura 4.1.
FIGURA 4.1 – Faixa de pista.
Na Tabela 4.1 são apresentadas as dimensões requeridas, para a faixa de pista, de
acordo com o RBAC 154 (ANAC, 2009), essas dimensões dependem do tipo de operação,
podendo ser VFR (Visual Flight Rules) ou IFR (Instrument Flight Rules) e do código da pista.
TABELA 4.1 – Dimensionamento da faixa de pista.
A (m)
B(m)
VFR
Código de pista
1
2
3
60
80
150
30
60
IFR
Código de pista
1,2
3,4
150
300
60
FONTE: ANAC (2009).
Foram pesquisadas metodologias aplicadas à área de safety que pudessem ser
aplicadas ao caso brasileiro. Um dos modelos de análise de risco encontrado foi o de Janic
(2000). Além de exposições de exemplos de diversos tipos de causas de acidentes (erro
humano, erro da tripulação, falha mecânica etc.), o autor apresentou um modelo de avaliação
de risco global da aviação civil. A análise é realizada através de alguns modelos que avaliam
o risco da ocorrência de um acidente, de forma global, não especificamente em um aeroporto.
Logo, não existe, nas equações, nenhuma variável geométrica de algum componente referente
à pista de pouso e decolagem. O risco associado aos diferentes tipos de aeronaves é função do
tipo de aeronave, o número de voos realizados e a idade média de cada aeronave. O modelo
limita-se a calcular o risco dos modelos das aeronaves estudadas.
Já Shyur (2008) desenvolveu uma pesquisa com o objetivo de criar um método
analítico, através de dados históricos de acidentes e de operações normais (sem ocorrência de
acidentes), para a quantificação de risco nas operações. A base de dados foi composta por
acidentes e incidentes ocorridos na República da China (Taiwan), sendo um total de 61 dos
principais eventos ocorridos entre janeiro de 2003 e dezembro de 2004. Os eventos aqui
citados foram aqueles nos quais os ferimentos foram graves ou levaram a óbito e/ou a
aeronave sofreu danos substanciais. Todos os eventos relatados tiveram como causa o erro
humano. Esse indicador (erro humano) foi utilizado com o intuito de avaliar o desempenho
das companhias aéreas, pois se entende que os demais fatores (clima, infraestrutura) são
semelhantes a todas as empresas que operam nos mesmos aeródromos, o que as diferenciará
serão os fatores humanos. Por ter uma base histórica de acidentes de apenas um país, sendo
que esse país não é o Brasil, entende-se que esse modelo não seria aplicável ao propósito do
estudo a ser realizado aqui. Outro fator que não corrobora para a utilização desse modelo é a
aplicação dele na comparação entre desempenhos das companhias aéreas.
O mesmo grupo de pesquisa responsável pela elaboração do ACRP 03 (HALL et
al., 2008) e ACRP 50 (AYRES JR. et al., 2011), publicou a metodologia desses relatórios em
dois artigos. A primeira parte (WONG et al., 2009a) refere-se à coleta/tratamento de dados e
criação do modelo, na segunda parte (WONG et al., 2009b) é explicada a concepção dos
cenários de risco a serem analisados e a aplicação do modelo nos estudos de casos. Sendo essa
metodologia citada inúmeras vezes na literatura. Utiliza análise multivariada, com variáveis
na equação referentes à operação, à geometria da pista e às características climáticas do
aeródromo. Apesar de que na base de dados existe um histórico de países como Estados
Unidos, Canadá, Reino Unido, os quais têm características bem distintas do Brasil, de acordo
com o estudo de Santos (2009), essa metodologia pode ser aplicada ao Brasil. Pois o modelo
utilizado consegue imprimir as peculiaridades do aeródromo analisado sem diminuir a
precisão dos resultados.
Valdés et al. (2011) utilizaram como base metodológica o modelo de análise de
risco de Wong et al. (2009b). Com uma base histórica de dados de 660 acidentes, ocorridos
entre os anos de 1984 e 2007, obtidos através de relatórios oficiais de mais de 10 órgãos de
pesquisa de diferentes países, os autores desenvolveram um modelo de análise de risco. O
principal objetivo do trabalho foi desenvolver uma metodologia probabilística racional e
prática de avaliação e de tomada de decisão para construção/melhoria das áreas de segurança
da pista (pista, faixa de pista, RESA – Runway End Safety Area, Stopway, Clearway). A
justificativa para criação desse modelo baseia-se na dificuldade que alguns sítios
aeroportuários têm em cumprir as normas da ICAO (International Civil Aviation
Organization) para segurança da pista, limitando suas operações ou possíveis expansões. O
cálculo da probabilidade de risco é realizado para possíveis eventos tais como: Overrun
(ultrapassagem) para pouso e decolagem, Undershoot (toque antecipado) no pouso e possíveis
colisões em solo. Foi criado um modelo de análise da geometria da pista, que dificilmente é
estudada, isso pode ser contada como uma contribuição. Apesar disso, diferentemente de
Wong et al.(2009a), o modelo não apresenta variáveis quanto ao clima, as entradas nas
equações são dadas apenas pela geometria da pista, e a relação do tipo de frota e número de
movimentos correspondentes. Sendo, portanto, um modelo mais simplificado que a ACRP 03,
pois não imprime com tanta especificidade as características do aeroporto, da operação e do
clima. Os dados climáticos históricos dos acidentes serviram apenas para criação de cenários
para cada tipo de evento, onde esses fossem mais prováveis de ocorrer.
5. MÉTODO
5.1 JUSTIFICATIVAS DA ESCOLHA DO MÉTODO
O modelo que se mostrou mais adequado à proposta de estudo aqui exposta, foi a
da metodologia semelhante à de Fortes (2012). Esse método de análise de risco foi
desenvolvido por Hall et al. (2008) e Ayres Jr. et al. (2011).
Uma possível crítica quanto a esse método é a desconfiança quanto a sua
aplicabilidade no Brasil, por possuir dados históricos de vários países do mundo, tais como:
Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França e Austrália, contemplando, portanto,
características climáticas diferentes dos aeródromos brasileiros. O fenômeno climatológico
mais distinto desses países comparado ao Brasil é a neve. Porém, de acordo com a Epagri Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI, 2014),
mais de 120 municípios no sul do país (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul)
registraram ocorrência de neve no ano de 2013, em muitas dessas localidades, houve
precipitação apenas em um ponto do município (um bairro e/ou ponto mais alto da cidade).
Porém em algumas delas (Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urubici, Urupema) o fenômeno
é relativamente comum, nos dias mais frios de inverno. Na Figura 5.1 apresenta o mapa com
os três estados do sul do país (PR, SC, RS).
FIGURA 5.1 – Registro de neve no sul (PR, SC, RS) do país. Os pontos cinza-claros são todos os
municípios onde houve precipitação de neve em 2013, os pontos cinza-escuros, onde houve a ocorrência do
fenômeno e que tem algum aeródromo público no município e o triângulo mostra a cidade de Joinville.
FONTE: EPAGRI (2014).
Santos (2009), realizou um estudo com o objetivo principal de verificar a
aplicabilidade de modelos de análises de risco em aeródromos brasileiros, tendo concluído
que o modelo ACRP Report 3 (HALL et al., 2008), é o mais adequado. Chegou-se a essa
conclusão, pois o modelo analisado (ACRP Report 3) considera os fatores presentes, no
aeródromo avaliado, que contribuem para acidentes, através da utilização de variáveis
independentes definidas de acordo com: condições de teto, visibilidade, vento de través,
chuva, neve, gelo, tipo de aeronave (tamanho e peso máximo de decolagem), temperatura,
terreno, tipo do aeroporto (hub) e tipo de voo (internacional/doméstico). Sendo possível
desconsiderar aqueles fenômenos não presentes no aeródromo analisado, verificando que o
aeroporto fica bem caracterizado de acordo com suas peculiaridades.
5.2 MODELO DE ANÁLISE DE RISCO
Diversos dos requisitos existentes, dos elementos do lado ar do sítio
aeroportuário, foram impostos após muitos aeródromos já terem sido construídos. E essas
regras de dimensionamento (ex.: pistas), nem sempre são padrões de segurança (safety), pois
se baseiam no código referente à aeronave, levando em consideração a envergadura e a
distância entre os bordos externos do trem de pouso principal, não sendo considerados outros
fatores relevantes.
O modelo a ser aplicado pode ser encontrado nos relatórios ACRP 3 (HALL et al.,
2008) e ACRP 50 (AYRES JR. et al., 2011). A principal função do modelo de risco é avaliar
a probabilidade de eventos, sendo possível, através desse modelo, a análise de cinco tipos de
incidentes:
LDOR – Landing Overrun: Ultrapassagem no pouso;
LDUS – Landing Undershoot: Toque antecipado no pouso;
LDVO – Landing Veer-off: Desvio lateral no pouso;
TOOR – Take-off Overrun: Ultrapassagem na decolagem;
TOVO – Take-off Veer-off: Desvio lateral na decolagem.
A metodologia de cálculos é divida em três etapas, cálculo da probabilidade de
ocorrência, localização e consequências. Sendo baseadas em dados históricos de operações de
voos, condições climáticas e considerando a configuração da RSA (Runway Safety Area), que
é a área limpa (sem obstáculos) entorno da pista, preparada para reduzir o risco caso ocorra
algum incidente e caso haja obstáculos próximos ao RSA.
Os relatórios ACRP 3 (HALL et al., 2008) e ACRP 50 (AYRES JR. et al., 2011),
tem como diferencial de outros métodos a inserção de NOD (Normal Operation Data) dentro
dos dados históricos. Sem o NOD, os índices de acidentes relacionados à presença de fatores
de risco não pode ser estabelecida. É impossível saber quão crítico o fator é uma vez que
muitos outros voos também podem ter experimentado o fator sem incidentes. Por exemplo,
óleo na pista. Para saber se esse é um fator de risco, deve-se comparar dados das operações
(com e sem acidentes) contendo óleo na pista, e depois comparar esses dados com as
operações que não tiveram como fator de risco o óleo na pista. Dessa forma, pode-se
quantificar a criticidade do fator de risco. Muitos outros modelos de risco são simplificados
por não conterem esse tipo de informação. No método foi utilizada a técnica de normalização
de dados, possibilitando a comparação de dados de acidentes e NOD para as mesmas
condições de operação. O procedimento de normalização transforma o dado existente para um
aeroporto padrão, baseado em correções padrões para a distância requerida da aeronave.
5.2.1 Modelo de Probabilidade de Acidente/Incidente
Para examinar a probabilidade de ocorrência de um acidente/incidente, Ayres Jr.
et al. (2011) utilizou a regressão logit para desenvolver um modelo multivariado, por melhor
responder ao caráter dicotômico (acidente ou não acidente; 1 ou 0; sim ou não). A utilização
da regressão logit permite que a amostragem de acidentes e de não acidentes (NOD) sejam
diferentes sem ocasionar viés no resultado, Equação (1).
{
}
(1)
Onde:
P{Ocorrência de Acidente}: probabilidade (0-100%) de ocorrência de algum tipo
de evento (LDOR; LDUS; LDVO; TOOR; TOVO);
: Variáveis independentes (ex.: tipo de aeronave, visibilidade, chuva etc.);
: Coeficiente da regressão.
Na Tabela 5.1 são apresentados os coeficientes e variáveis independentes a serem
utilizados na Equação (1). Algumas das variáveis independentes foram transformadas em
binárias (1 ou 0) para evitar resultados adulterados, sendo que quando a variável é relevante o
valor será 1, caso seja irrelevante será 0. Pode-se observar também que, nos cinco possíveis
eventos, os parâmetros não são idênticos, a análise da regressão permitiu eliminar os
parâmetros que não estavam dentro de um intervalo de confiança de 95% para um
determinado incidente. Os sinais também podem ser diferentes para a mesma variável
independente, mas para incidentes diferentes. Por exemplo, rajada de vento é negativa para a
variável independente no desvio lateral no pouso (LDVO), mas é positiva na ultrapassagem
na decolagem (TOOR). Isso indica que o fator contribui para o risco de acidente no caso de
TOOR e tem o efeito oposto quando ocorre LDVO, porém, a maioria dos tipos de incidentes
possui o mesmo sinal para o mesmo parâmetro. Os valores dos coeficientes também diferem
entre os eventos, como por exemplo, no caso do vento de través para o LDVO (2,192), já para
o TOOR (0,219), demonstrando ser um fator de maior contribuição de risco para o desvio
lateral no pouso (WONG et al., 2009a).
TABELA 5.1 – Coeficientes e variáveis independentes para o modelo de probabilidade de acidente/incidente.
Classe de
Utilização
Classe da
Aeronave
Nível do Teto
Visibilidade
(Statute Mile)
Vento de
Través
Vento de Popa
Temperatura
Condições
Meteorológicas
Variável
Constante ajustada
F
G
T/C
A/B
D/E/F
menor que 200 ft
200 a 1000 ft
1000 a 2500 ft
menor que 2 SM
de 2 a 4 SM
de 4 a 8 SM
de 5 a 12 nós
de 2 a 5 nós
mais que 12 nós
de 5 a 12 nós
mais que 12 nós
menor que 5 °C
de 5 a 15 °C
Mais que 25 °C
Condições de gelo
Chuva
Neve
Granizo
Rajadas de vento
LDOR
-13,065
1,539
-0,498
-1,013
0,935
-0,019
-0,772
-0,345
2,881
1,532
0,200
-0,913
-1,342
-0,921
0,786
0,043
-0,019
-1,067
2,007
0,449
LDUS
-15,378
1,693
1,288
0,017
-0,778
0,138
0,070
-1,144
-0,721
3,096
1,824
0,416
-0,295
-0,698
-1,166
0,197
-0,710
-0,463
2,703
0,991
-0,250
0,041
LDVO
-13,088
TOOR
-14,293
1,266
1,682
TOVO
-15,612
2,094
-0,770
-0,252
-1,150
-2,108
0,792
-0,114
-0,852
-0,091
2,143
1,364
-0,334
0,652
-0,695
-1,045
0,219
2,042
0,808
-1,500
0,102
0,269
-0,544
0,315
3,324
0,355
0,721
0,988
-0,420
-0,921
0,653
-0,091
2,192
0,066
0,980
0,558
-0,463
0,291
2,670
-0,126
0,548
-0,103
-0,036
0,006
0,706
-1,541
0,963
Fatores de
Operação
Neblina
Tempestade
Turbo prop
Origem/Destino
Internacional
Aeroporto hub/não
hub
Fator de criticidade
Condições noturnas
1,740
-1,344
-2,517
0,929
1,334
9,237
1,354
1,629
0,560
-0,334
4,318
1,360
1,522
-0,236
-0,692
1,707
FONTE: AYRES JR. et al. (2011).
Para cada variável independente há valores de referências, sendo esses
correspondentes às condições que não afetam o modelo desenvolvido, como mostrado na
Tabela 5.2. O último item da tabela, fator de criticidade log, é um fator de ponderação entre o
comprimento da pista no aeroporto analisado e a distância necessária requerida por uma
aeronave. Valores positivos representam situações onde a distância disponível era menor que
a distância requerida, no caso, aumentaria o risco de acidentes. Quanto maior o valor, mais
crítica é a operação, pois a margem de segurança decresce. A variável é obtida através da
razão entre a distância requerida, no aeroporto, pela condição de máximo peso de decolagem
(MTOW – Maximum Take-off Weight) e a distância disponível declarada.
TABELA 5.2 – Descrição das variáveis independentes para modelo de probabilidade de ocorrência
de um acidente/incidente.
Ref. Acft C
Heavy Acft AB
Heavy jets of MTOW 255k lb+ (B777, A340 etc.)
Commuter Acft D
Large commuter of MTOW 41k-255k lb (regional
jets, ERJ-190, ATR 42 etc.)
Medium Acft E
Medium aircraft of MTOW 12,5k - 41k lb (biz
jets, Embraer 120, Learjet 35 etc.)
Small Acft F
Small aircraft of MTOW 12,5k or less (small,
Beech-90, Cessna Caravan etc.)
Ref.:
C = Comercial
F
Cargo
T/C
Taxi/Commuter
G
General Aviation
Classe do equipamento
Classe de Utilização
Large jet of MTOW 41k-255k lb (B737, A320
etc.)
Origem/Destino
Origem/Destino Internacional (sim/não) - Ref.: Doméstico
Nível do Teto(ft)
Ref.: Nível do Teto > 2.500 ft
Visibilidade (SM)
Vento de Través (nós)
Vento de Popa (nós)
Ref.: Visibilidade > 8 SM
Ref.: Vento de Través < 2 nós
Ref.: Vento de Popa < 5 nós
Rajadas de vento (nós)
Ref.: Sem rajadas de ventos
Tempestade (sim/não)
Condições de gelo
(sim/não)
Ref.: Sem tempestades
Ref.: Sem condições de gelo
Neve (sim/não)
Ref.: Sem neve
Chuva (sim/não)
Ref.: Sem chuva
Neblina (sim/não)
Temperatura (°C)
Aeroporto hub/não hub
(sim/não)
Ref.: Sem neblina
Fator de criticidade log
Ref.: Temperatura acima de 15°C e abaixo de 25°C
Ref.: Aeroporto Hub
Se Log (CF)>0, a distância de pista disponível é menor que a distância requerida.
Notas:
Ref.: Indica a categoria de referência contra os quais os coeficientes devem ser interpretados.
Aeroporto não hub: aeroporto com movimentação de passageiros embarcados menor que 0,05%.
FONTE: AYRES JR. et al. (2011).
Na Tabela 5.3 é apresentado o resumo das estatísticas quanto à precisão dos
modelos. O r² é uma medida de ajustamento de um modelo estatístico linear, em relação aos
valores analisados, esse coeficiente pode variar de 0 a 1, indicando, em porcentagem, o
quanto o modelo consegue explicar os valores observados. Quanto maior o r², mais
explicativo é o modelo, melhor ele se ajusta à amostra. Sabendo disso, poderia ter a impressão
errada quanto a Tabela 5.3, imaginado que a precisão dos modelos seja baixa, com uma
precisão média de 20%. Porém, para regressões logit os valores do R² são baixos comparados
com valores típicos encontrados nesse coeficiente para modelos de regressão linear bem
ajustados. Um melhor parâmetro para avaliar a capacidade preditiva de um modelo logit é a
estatística C (HOSMER, LEMESHOW, STURDIVANT, 2013). Um modelo perfeito tem o
valor C igual a 1.
TABELA 5.3 – Resumo das estatísticas dos modelos de probabilidades de ocorrência de um
acidente/incidente.
Evento
R²
C
LDOR
LDUS
LDVO
TOOR
TOVO
0,28
0,14
0,32
0,11
0,14
0,87
0,85
0,88
0,78
0,82
FONTE: AYRES JR. et al. (2011).
5.2.2 Probabilidade de Localização por Evento
A probabilidade de um evento não é a mesma para todos os locais dentro do sítio
aeroportuário, podendo ser um overrun, undershoot ou veer-off. A ocorrência desses depende
das condições de operação, das características do aeroporto, das condições climáticas e do
desempenho da aeronave. Sendo, portanto, determinada pela taxa de acidentes de dados
históricos. Como pode ser visto na Figura 5.2 e na Figura 5.3, a maioria das aeronaves irá
parar dentro dos limites da pista, representada pela área hachurada. No entanto, em poucos
casos, a aeronave não será capaz de parar antes do final da pista e irá parar no RSA ou mesmo
após. A maioria dos acidentes ocorre em locais mais próximos da borda da pista, sendo que a
probabilidade decresce conforme se afasta dessa.
FIGURA 5.2 – Distribuição da probabilidade de ocorrência de undershoot e overrun.
FONTE: HALL et al. (2008).
FIGURA 5.3 – Distribuição da probabilidade de ocorrência de veer-off.
FONTE: AYRES JR. et al. (2011).
Em casos de acidentes fora da pista, a medição da distância da aeronave é feita em
relação à borda da pista, e considera-se uma aeronave parada dentro da pista como operação
normal, portanto, não sendo medida (VALDÉS et al., 2011). Seria melhor para a distribuição
de probabilidade do modelo, se houvesse os dados do local de parada da aeronave dentro da
pista, mas a ausência de informações impossibilita isso. Uma simplificação feita por Valdés et
al.(2011) foi utilizar as distâncias necessárias para cada tipo de aeronave, o que muitas vezes
não corresponde com a realidade. Por exemplo, em uma pista de 3.000 metros com saída
apenas nas cabeceiras, a probabilidade de ultrapassem dos limites da pista, em se tratando de
aeronaves menores, na teoria seria baixa, pois o espaço disponível para pouso seria maior.
Mas se por algum motivo, for necessária a liberação da pista com maior rapidez e o pouso for
efetuado mais próximo da saída de pista (na cabeceira), a operação irá se tornar menos segura
do que de uma aeronave maior, que não arriscaria tanto por necessitar de maior comprimento
de pista. Logo, o modelo de Valdés et al. (2011) representa de forma simplista a
probabilidade de ocorrência de um evento.
Para suprir essa carência de dados, em relação às distâncias de parada dentro da
pista, é que AYRES JR. et al. (2011) avaliaram a probabilidade de uma aeronave tocar
antecipadamente no pouso ou ultrapassar os limites da pista, pois essa distância fora da pista é
medida. Para efetuar o cálculo, a probabilidade é dada pela Equação (2):
(2)
Onde:
: é a direção (X – longitudinal a pista ou Y – transversal a pista) que está sendo
analisada;
: a probabilidade que alguma aeronave irá exceder certa distância “d” da
pista, na direção analisada;
e : constantes que variam com o tipo de acidente;
: número neperiano.
Na Tabela 5.4 são apresentados os modelos de probabilidade para cada um dos
cinco tipos de evento.
TABELA 5.4 - Resumo dos modelos de probabilidade de localização.
Tipo de Tipo de
Acidente Dado
LDOR
LDUS
LDVO
TOOR
TOVO
X
Y
X
Y
Y
X
Y
Y
Modelo
{
{
{
{
{
{
{
{
}
}
}
}
}
}
}
}
R²
99,8%
93,9%
98,7%
98,6%
99,5%
99,2%
98,7%
94,2%
FONTE: AYRES JR. et al. (2011).
Normalmente as equações da Tabela 5.4 são utilizadas para calcular a ocorrência
de um evento de acordo com determinada distância até um obstáculo existente próximo da
pista, Figura 5.4. Logo, essas coordenadas “x” e “y” costumam ser fixas para cada obstáculo
que se deseja calcular. Porém, como a proposta desse trabalho é calcular a probabilidade de
um evento, caso seja diminuída a geometria da faixa de pista (Figura 4.1) então as
coordenadas “x” e “y” serão variáveis também, sendo calculado o risco de acidente para cada
variação dos comprimentos longitudinal e transversal desse elemento escolhido (faixa de
pista).
FIGURA 5.4 – Demonstração das distâncias “x” e “y” da pista até um obstáculo.
FONTE: AYRES JR. et al. (2011).
Na Figura 5.5, pode ser visto um exemplo do que se pretende calcular, sendo que
os valores de comprimento (100 ft) e de largura (500 ft) serão variáveis.
FIGURA 5.5 – Exemplo do modelo proposto com variação dos comprimentos da faixa de pista.
FONTE: HALL et al. (2008).
5.2.3 Consequências
Como não será calculado para nenhum obstáculo em específico, se calculará a
probabilidade da aeronave sair dos limites da faixa de pista. Logo, a resposta esperada é um
gráfico como apresentado na Figura 5.6, onde, quanto maior a faixa de pista menor a
probabilidade da ocorrência de um evento. O objetivo desse cálculo é encontrar um
comprimento e largura “ótimos” para a faixa de pista, onde a diminuição das dimensões (da
faixa de pista) não impacte significativamente na segurança (safety) existente no aeroporto
analisado.
FIGURA 5.6 – Gráfico resultante da probabilidade de ocorrência de um evento com a mudança de comprimentos
da faixa de pista.
FONTE: Adaptado de AYRES JR. et al. (2011).
No cálculo da probabilidade de risco deve-se levar em consideração o TLS
(Target Level of Safety). Esse é um critério de risco aceitável adotado por instituições
internacionais e nacionais, admitindo-se que qualquer atividade humana envolve algum risco.
Conforme apontado no Anexo 14 (ICAO, 2004), a taxa de ocorrência de um evento, em
relação ao número total de movimentos (operações de pouso e decolagem) não deve exceder a
, ou seja, um evento a cada 10 milhões de operações. Na Tabela 5.5 pode-se observar
o tempo (em anos) que diversos aeroportos brasileiros levariam para completar 10 milhões de
operações para possivelmente ocorrer um evento, de acordo com essa probabilidade de
segurança. Nota-se ainda a grande diferença entre os aeroportos mais movimentados do
Brasil, que levariam menos de 100 anos para a ocorrência de um incidente, comparados a
aeroportos de menor porte que levariam mais de 500 anos para a ocorrência de um evento.
TABELA 5.5 – Tempo (em anos) para a ocorrência de um evento de acordo com o número de
operações anuais (ano de 2013) e a probabilidade de ocorrência admitida.
Movimentação
Aeroporto
Anual - 2013 (pousos
Anos
TLS
+ decolagens)
Aeroporto de São Paulo: Congonhas
209.555
47,72
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro - Galeão
143.245
69,81
Aeroporto do Rio de Janeiro: Santos Dumont
127.328
78,54
Aeroporto Internacional de Confins
109.257
91,53
Aeroporto Internacional de Salvador
107.977
92,61
Aeroporto Internacional de Porto Alegre
94.409
105,92
Aeroporto Internacional de Curitiba
82.455
121,28
Aeroporto Internacional de Recife
81.824
122,21 1x10⁻⁷
Aeroporto de Belo Horizonte/ Pampulha - MG
65.487
152,7
Aeroporto Internacional de Belém
54.008
185,16
Aeroporto de Aracaju
22.845
437,73
Aeroporto Internacional de São José dos Campos
16.133
619,85
Aeroporto de Joinville
9.496
1053,07
Aeroporto de Criciúma
3.814
2621,92
Aeroporto Internacional de Bagé
414
24.154,59
6. ESTUDO DE CASO
O aeroporto a ser utilizado como estudo de caso será o Lauro Carneiro de Loyola,
localizado em Joinville/SC. Além de ser um aeroporto regional, de acordo com a definição da
ABETAR (2008), outro motivo da escolha desse aeroporto se deve ao clima peculiar. Por ter
como característica climática altos níveis de precipitação e constantes neblinas é que em 2012
o aeroporto Lauro Carneiro de Loyola foi o que mais fechou (163 vezes) entre os aeroportos
da rede Infraero (INFRAERO, 2014a). Logo, utilizá-lo como objeto de estudo de análise de
risco significa considerar o extremo dos casos dos aeroportos regionais brasileiros.
Para o cálculo da probabilidade de ocorrência de um incidente ou acidente, serão
utilizados dados meteorológicos e operacionais relativos ao aeroporto Lauro Carneiro de
Loyola, retirados, respectivamente, do METAR (Meteorological Aerodrome Report) e através
de um pedido formal ao DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), via ICEA
(Instituto de Controle do Espaço Aéreo).
Nos relatórios ACRP 3 (HALL et al., 2008) e ACRP 50 (AYRES JR. et al.,
2011), não cita a amostragem necessária para obter uma probabilidade estatisticamente
significante, porém, sugere que sejam calculadas observações referentes a todas as estações
do ano (verão, primavera, outono, inverno) por causa das diferenças climáticas nesses
períodos. É interessante também, obter uma amostra dos meses onde há picos e não picos de
movimentação de passageiros e aeronaves. Para atender às sugestões, entende-se que uma
amostra de um ano seja suficiente para obter resultados representativos.
O elemento do lado ar a ser analisado será a faixa de pista, atualmente o código da
pista do aeroporto Lauro Carneiro de Loyola é 4C (INFRAERO, 2013). De acordo com a
Tabela 4.1, as dimensões da faixa de pista para esse aeroporto são: A= 300 m (largura), B= 60
m (comprimento). Na Figura 6.1 pode ser vista a carta do aeródromo do aeroporto e suas
dimensões dos elementos de pista.
Outras características quanto as movimentações anuais (passageiros e aeronaves)
dos últimos 5 anos são apresentadas nas Tabelas 6.1 e 6.2. Esses dados foram retirados do
Anuário Estatístico Operacional de 2013 (INFRAERO, 2014b), publicado em maio de 2014.
Como pode ser visto nas tabelas, a movimentação anual de passageiros em 2013 foi de quase
400.000 passageiros. Com a instalação do ILS (Instrument Landing System) efetuada em
junho desse ano (2014), a tendência dessa movimentação é crescer. Tendo já alcançado
valores superiores, em julho, àqueles relatados no mesmo período do ano anterior
(INFRAERO, 2014a). Pode-se ainda observar que as movimentações anuais de passageiros e
de aeronaves correspondem, respectivamente, a 0,29% e 0,41% da malha total (63 aeroportos)
da rede Infraero.
FIGURA 6.1 – Carta ADC (2009) do Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola (SBJV).
FONTE:DECEA (2014).
TABELA 6.1 – Movimentação anual de passageiros (embarcados + desembarcados).
Movimentação Anual de Passageiros (Embarcados + Desembarcados)
Regular
Não Regular
Ano
2009
2010
2011
2012
2013
Doméstico Internacional Doméstico Internacional Executiva/Geral
204.120
284.601
480.511
416.640
391.857
0
0
0
0
0
455
467
676
1.458
523
0
0
0
0
0
FONTE: INFRAERO (2014b).
3.917
4.093
3.582
5.024
5.176
Total
208.492
289.161
484.769
423.122
397.556
Part.
na
Rede
%
0,23
0,27
0,38
0,31
0,29
TABELA 6.2 – Movimentação anual de aeronaves (pousos + decolagens).
Movimentação Anual de Aeronaves (Pousos + Decolagens)
Regular
Não Regular
Ano
2009
2010
2011
2012
2013
Doméstic Internacion Doméstic Internacion Executiva/Ger
o
al
o
al
al
3.234
5.209
6.627
6.895
5.255
0
0
0
0
0
364
442
482
712
401
1
4
0
0
0
2.232
2.660
2.794
2.499
3.840
Total
5.831
8.315
9.903
10.106
9.496
Part.
na
Rede
%
0,31
0,39
0,42
0,42
0,41
FONTE: INFRAERO (2014b).
Na Tabela 6.3 e na Figura 6.2 é apresentado o movimento de passageiros na horapico, em 2013, no aeroporto de Joinville. No primeiro é a hora-pico de projeto, já no segundo,
o movimento horário. Comparando as Figuras 6.2 e 6.3, pode-se observar que não há muita
mudança, apesar de um ser no dia da hora-pico e o outro, a movimentação horária em um dia
típico. Isso se deve, pelo fato de ser um aeroporto regional com poucos voos e movimentação
mediana. Dessa forma, os voos se concentrarão nos horários que normalmente são os mais
solicitados (começo da manhã, meio-dia e final da tarde) pelos passageiros.
TABELA 6.3 – Hora-pico de projeto do movimento de passageiros em 2013.
Hora-Pico de Projeto do Movimento de Passageiros em 2013
Tráfegos
Embarque
Desembarque
Simultâneo
Doméstico Regular
230
266
416
Doméstico Não Regular
11
11
13
Internacional Regular
0
0
0
Internacional Não Regular
0
0
0
Simultâneo
230
266
416
FONTE: INFRAERO (2014b).
FIGURA 6.2 – Movimento horário no dia da hora-pico de passageiros simultâneos (18/11/2013 – segunda-feira).
FONTE: INFRAERO (2014b).
FIGURA 6.3 – Movimentação horária de passageiros em 2013, dia típico.
FONTE: INFRAERO (2014b).
Na Figura 6.4 são apresentadas as operações atualmente realizadas no aeroporto
de Joinville (SBJV). Sendo feitas, portanto, apenas quatro possíveis ligações, Joinville/SC
(SBJV) - Porto Alegre/RS (SBPA), Joinville/SC (SBJV) – Campinas/SP (SBKP), Joinville/
SC (SBJV) – Guarulhos/SP (SBGR) e Joinville/SC (SBJV) – Congonhas/SP (SBSP). São três
as companhias aéreas a operarem no aeroporto, TAM, GOL e AZUL, e por volta de 8
operações regulares diárias.
FIGURA 6.4 – Voos realizados entre o aeroporto de Joinville (SBJV) e demais origens/destinos.
Nas Figuras 6.5 e 6.6 são apresentadas as cabeceiras (33 e 15) da pista do
aeroporto Lauro Carneiro de Loyola (SBJV). Podem-se observar as limitações no entorno da
pista, por causa das ruas, rios e interferências até mesmo da infraestrutura do próprio
aeroporto como o pátio das aeronaves dentro da faixa de pista. O plano diretor do aeroporto
(INFRAERO, 2013) aponta algumas não conformidades, como pode ser visto na Tabela 6.4.
TABELA 6.4 – Hora-pico de projeto do movimento de passageiros em 2013.
Elemento
RESA
RESA
Não conformidade
Detalhes
Ausência de RESA Cabeceira 15
Ausência de RESA Cabeceira 33
Ex.: Cab. 15 - Rio na porção
Obstáculos na Faixa nivelada da Faixa de Pista a
de Pista.
30 m da cabeceira.
Faixa de Pista Equipamentos de
Auxílio à
Deve-se substituí-los por
Navegação Aérea
equipamentos frangíveis.
não frangíveis.
Pátio encontra-se
Pátio das
dentro da Faixa de
Aeronaves
Pista.
FONTE: INFRAERO (2013).
FIGURA 6.5 – Pista do aeroporto Lauro Carneiro de Loyola (SBJV), cabeceira 33.
FONTE: GOOGLE MAPS (2014).
FIGURA 6.6 – Pista do aeroporto Lauro Carneiro de Loyola (SBJV), cabeceira 15.
FONTE: GOOGLE MAPS (2014).
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PLANO DE AÇÃO
Dados da pesquisa
Título da pesquisa: Análise de requisitos para os aeroportos destinados á aviação
regional.
Orientador: Cláudio Jorge Pinto Alves
Data do seminário: 19/09/2014
Nome do aluno: Helen Feuser Fernandes
Relator: Rogéria de Arantes Gomes Eller
Datas dos seminários anteriores: 09/08/2013 (alunos novos); 29/03/2014 (1º
Seminário)
Atividades acadêmicas
Disciplinas cursadas até o momento: IT-203, IT-210, IE-232; IT-200; IT-201
Disciplinas a serem cursadas: à definir
Congressos que participou ou submissões realizadas: ATRS 2014 (aceito mar/2014,
mas não apresentado); Submissão Revista Transportes (jun/2014, sob análise);
Submissão ANPET (jul/2014, sob análise).
Cumprimento de prazos
Créditos
14
2
1
1
-
Tese
ANO
MESTRADO ATIVIDADES
Matérias
Artigo
Estágio de Docência
Seminário de Tese
Exame de inglês
-Revisão Bibliográfica
-Conceitos "aeroportos
regionais"
-Identificar "objeto de
estudo"
-Analisar requisitos
-Desenvolvimento da
metodologia
-Avaliar resultados
2013
2014
2015
1º Semestre 2º Semestre 3º Semestre 4º Semestre
IT-203, IT- IT-200, IT210, IE-232
201
à definir
ATRS (não
apresentado)
Revista
Transportes
(submetido)
ANPET
(submetido)
em
andamento
Periódico almejado para submissão
Opção 1:
Nome do periódico: Safety Science
Qualis do periódico: A1 (Engenharias I)
URL do periódico: http://www.journals.elsevier.com/safety-science/
Justificativa da escolha do periódico: grande número de artigos e a quantidade de
artigos encontrados relacionados ao tema.
Opção 2:
Nome do periódico: Journal of Air Transport Management
management/
URL
do
periódico:
http://www.journals.elsevier.com/journal-of-air-transport-
Qualis do periódico: A2 (Engenharias I)
Justificativa da escolha do periódico: os temas abordados pela revista são parecidos ao
tema pesquisa.