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Viktor Frankl e a Logoterapia

2020, Revista Acadêmica Online

VIKTOR FRANKL E A LOGOTERAPIA Bruno MACEDO1 Renata MIKOSZEWSKI2 Suéli VALÉRIA3 Suely RUBINI4 Robson STIGAR5 RESUMO A proposta deste artigo é a de realizar uma revisão bibliográfica, assim como, propor conceitos básicos e algumas reflexões sobre a logoterapia, esta que, por sua vez, significa uma psicoterapia centrada no sentido da vida que se firmou pelo experimentum de Viktor E. Frankl nos campos de concentração, aonde viveu por três anos no holocausto. A partir disso, percebeu que o ser humano possui uma capacidade de suportar sofrimentos, quando se tem um sentido de vida. A logoterapia conhecida como “Terceira escola Vienense de Psicoterapia” é fundamentada em três alicerces: a liberdade de escolha, vontade de sentido e sentido da vida e tem como objetivo ajudar o ser humano a ser feliz, com a descoberta do sentido de sua própria existência. PALAVRAS-CHAVE: logoterapia, sentido, sofrimento ABSTRACT The proposal of this article is to carry out a bibliographic review, as well as propose basic concepts and some reflections on logotherapy, which, in turn, means a psychotherapy centered on the meaning of life that was established by viktor e's experimentum. Frankl in the concentration camps, where he lived for three years in the Holocaust. From this, he realized that the human being has an ability to endure suffering, when one has a meaning of life. The logo therapy known as the "Third Viennese School of Psychotherapy" is based on three foundations: freedom of choice, will of meaning and meaning of life and aims to help the human being to be happy, with the discovery of the meaning of his own Existence. KEYWORDS: logotherapy, meaning, suffering 1 Graduando de Psicologia da Faculdade Herrero. Graduanda de Psicologia da Faculdade Herrero. 3 Graduanda de Psicologia da Faculdade Herrero. 4 Graduanda de Psicologia da Faculdade Herrero. 5 Professor do curso de Psicologia da Faculdade Herrero 2 1. INTRODUCÃO Viktor Frankl médico psiquiatra, psicólogo e professor vienense de raízes judaicas quando se encontrou nos campos de concentração e foi condenado a morte assim como milhares de companheiros, em meio a intenso sofrimento e degradação teve a sensibilidade de observar que muitas pessoas se dirigiam ao crematório de cabeça erguida embora outros os que eram proibidos de se locomover se dedicaram a comportar aos mais atingidos pelas privações. Dessa forma, Viktor se dedicou aos doentes afim de dar sentido a própria morte refletindo dentro de si, com relação a questões de vida e morte buscando um sentido para a vida mesmo dentro dos campos de concentração nazistas, na Segunda Guerra Mundial, esse cenário de guerra motivou diversas interrogações profundas sobre o sentido da existência humana, nascendo assim a Logoterapia, uma nova teoria psicológica que vem revolucionando os pensamentos de Freud e Adler constituindo-se a terceira escola de psicoterapia de Viena. O termo” Logos” é de origem grega, e significa “sentido”, justificando o nome escolhido para sua teoria. A logoterapia conhecida como “Terceira escola Vienense de Psicoterapia” é fundamentada em três alicerces: a liberdade de escolha, vontade de sentido e sentido da vida e tem como objetivo ajudar o ser humano a ser feliz, com a descoberta do sentido de sua própria existência (Frankl, 2011). 2. VIKTOR EMIL FRANKL E DA LOGOTERAPIA Viktor E. Frank ex-discípulo de Freud e Adler, foi o criador e fundador, da assim chamada “Logoterapia”. Gomes (1995), na obra Logoterapia: a psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl, corrobora contribuições significantes sobre a vida e obra deste psicólogo: Frankl rompe com Freud, por não acreditar que a pessoa humana caminha pelo mundo sob a força dos impulsos, e começa a desenvolver alguns dos pontos mais importantes de sua teoria psicológica, ou seja, que o ser humano é livre e responsável e tem consciência de sua responsabilidade; que é incondicionado, busca um sentido para sua vida e traz dentro de si um Deus inconsciente (GOMES, 1995, p. 11). Desenvolvendo seus argumentos como o ser humano tende a buscar um sentido para vida, nasce a logoterapia, uma tentativa de humanizar as psicoterapias. “É conhecida como a 3ª Escola Vienense de Psicoterapia (a primeira foi a de Freud; a segunda, a de Adler e a terceira, de Frankl)”, segundo Gomes (19965, p. 11). Na obra intitulada, Frankl Comentado (2011, p. 07), Claudio García Pintos traz contribuições e argumentos importantes para o entendimento da logoterapia, terapia essa, criada por Viktor Frankl, definida como: “A Logoterapia deve ser considerada como uma psicoterapia centrada no sentido. Na realidade, sua terapia motivacional baseia-se no pressuposto que o homem é um ser incessante em busca de sentido”. Neste sentido, Gomes (1995) traz a seguinte contribuição para a definição de logoterapia: Estava descoberta uma das técnicas da logoterapia chamada de derreflexão. Com esta técnica, deixamos de nos preocupar com um sofrimento atual e nós projetamos no futuro em alguma missão que precisa ser concluída, seja ela qual for. Com isso temos um “para que” viver e um sentido para a vida, e como disse Nietzsche: Quem tem um “para que” viver, quase sempre encontra um “como” viver (GOMES, 1995, p.21). Outra fonte utilizada para formar um acervo significativo de conceitos foi o livro: Frankl por definición: Consultor temático de Logoterapia y Análisis Existencial, Pintos (2016): “Derreflexão: na psicoterapia interessa muito mais se desvincular (desligar) a atenção de algum sintoma ao redor do que ficar centrado focalmente e fragmentar o sintoma por sí próprio”, concluindo o pensamento “com a ajuda da derreflexao os sintomas podem ser ignorados” (Pintos, 2016, p.78). A busca de sentido para a logoterapia, a busca de sentido é o que motiva o ser humano a prosseguir. A busca do indivíduo por um sentido é uma força primordial e necessária, de modo que este sentido é único e exclusivo de cada ser visto que o ser humano é capaz de viver ou até morrer por seus valores e ideais. Dessa forma, o desejo do ser humano por uma vida dotada de sentido seria o combustível que o impulsiona a viver, conforme Frankl (2011). Logos, nesse sentido, constitui-se em algo que confronta a existência, pois o indivíduo teria autonomia necessária para decidir o que é melhor para si, o que lhe dá prazer e o faz feliz. De acordo com Jean-Paul Sartre é o ser humano que se inventa a si mesmo, ele é quem concebe a sua própria "essência", ou seja, aquilo que ele é essencialmente, incluindo o que ele deveria ser ou tornar-se. Blank (2008) em seu livro Encontrar sentido na vida: propostas filosóficas, contribui com essa fundamentação acima mencionada, sobre essa questão de agir com liberdade, da essência e existência “o homem deve constantemente e livremente “projetar” aquilo que é e, sem esse “projetar”, não é nada”. “Sendo assim, o homem encontra nesse “projetar” o seu próprio sentido, e é nisso, também, que consiste a sua responsabilidade” (Blank, 2008, p. 19). Esta busca incessante de encontrar um sentido para a vida, está relacionada com questões e reflexões sofre o sofrimento humano, o qual pode ser fundamentado em um otimismo trágico, conforme Pintos (2011, p.30) menciona sobre o que é essa busca de um sentido da vida, a busca do sentido se vê ameaçada pela tríade logica, sofrimento, culpa e mente. Frankl crê que é possível transformá-los em algo positivo. Gomes (1995) ainda retrata considerações pertinentes ao assunto conceitual de logoterapia: A logoterapia não é uma solução única e definitiva para o dilema da humanidade, mas uma tentativa de ajudar a encontrar um sentido para a vida de cada pessoa, na sua realidade, em seu sofrimento, em sua existência, muitas vezes desprovida de propósitos. A logoterapia gostaria de incentivar cada pessoa a encontrar o “para que” viver, um sentido para cada vida individual. A frágil e passageira vida para a qual não precisamos inventar tarefas para preencher o tempo, nem fabricar um sentido artificial. A vida já tem um sentido a partir do momento em que somos atirados neste mundo. Falta a cada um descobri-lo (GOMES, 1995, p. 28). Em busca de sentido, obra de Viktor E. Franl (2016, p. 124) “a logoterapia, de fato, confronta o paciente com o sentido da vida e o reorienta para o mesmo. E torná-lo consciente desse sentido pode contribuir em muito para sua capacidade de superar a neurose”. Frustração existencial é quando a vontade do indivíduo é frustrada, podendo resultar em neurose. Para este tipo de neurose criou-se o termo “neurose noogênica”, que surge de conflitos entre valores morais, e espirituais, como por exemplo o anseio de uma pessoa pelo sentido de sua existência. (Frankl, 2016). Entretanto, Frank (2011) retrata a preocupação com relação se a vida vale a pena ser vivida não deve ser vista pelo terapeuta como uma doença mental, visto que são preocupações inerentes a cada ser e a função do terapeuta é auxiliar o paciente a pilotar suas crises existenciais na busca de um crescimento e desenvolvimento pessoal. Gomes (1995), menciona sobre essa dimensão na ética ou espiritual humana: Por esta crença no homem como ser espiritual, nasce a logoterapia, que percebe o ser humano como um ser bio-psico-sócio-espiritual [...] a logoterapia tem quatro pilares fundamentais: acredita que o homem é biológico, sociológico, psicológico e espiritual [...] Na pessoa humana vocacionada para a liberdade e que, por ter consciência de sua responsabilidade para com a vida, deve ser tratada como capaz de ser livre, de pilotar seu destino nas condições mais adversas (GOMES, 1995, p. 31). Dessa forma, a logoterapia visa auxiliar o paciente a encontrar sentido em sua vida, conscientizando-o sobre a importância de se encontrar, tornando-o consciente daquilo que realmente anseia na profundidade do seu ser, libertando-se de toda e qualquer opressão e repressão que faz com que seus desejos e vontades não sejam consideradas. De acordo com Frankl, 2011, essa busca por sentido e valores, pode por muitas vezes causar tensão e um certo desconforto no paciente, visto que neste momento diversos paradigmas podem ser quebrados e crenças mantidas a anos podem ser abandonadas por serem advindas de forte influência social e cultural, tornando essa busca ainda mais conflituosa. Pode-se dizer assim que, a saúde mental está de certa forma associada a um determinado grau de tensão, tensão entre ao que já se alcançou e aquilo que ainda se almeja alcançar, ou até mesmo a distância entre o que se é o que se quer ser. O homem tem necessidade de uma tensão específica, ou seja, daquele tipo de tensão que se estabelece entre o ser humano, de um lado, e, do outro, o sentido que ele deve realizar. [...] É claro que o homem não procura as tensões pelas tensões, mas, em particular, procura mais realizações que confiram sentido à sua existência. (FRANKL, 2005, p. 87) Assim sendo, tal tensão é inerente ao ser humano, pois na busca de equilíbrio, vivemos em constante desequilíbrio, o que é indispensável para saúde mental e bem estar. Nesse sentido, o que o ser humano precisa não é de uma vida livre de tensões, que são de certa forma inevitáveis e necessárias para o nosso desenvolvimento, mas, sim da compreensão da necessidade de se descobrir o que se quer, para assim poder em busca de seus sonhos e objetivos. Seguindo essa linha de pensamento, o terapeuta não deveria ter receio de reorientar o paciente e atentá-lo para o sentido de sua existência, instigando-o a se descobrir e redescobrir. Frankl (2011) uma vez observado pelo paciente o impacto benéfico de se encontrar sentido, estes, sentem-se instigados a ampliar suas reflexões e indagações, pois carecem da consciência sobre a existência de algo em que se valesse a pena viver. Tornando-os conscientes desse vácuo existencial que muitos se encontram. Vácuo este, tão comum atualmente, decorrente do abandono de algumas tradições seculares que serviam de apoio para a conduta do indivíduo que, agora tornou-se mais reflexivo quanto ao fato de ser ou não controlado por aquilo que querem que ele seja ou faça. Em decorrência disso, as pessoas se sentem perdidas e aflitas quanto ao futuro e que caminho seguir, pois já não se adaptam com facilidade a padrões previamente estipulados pela sociedade em que estão inseridos. Essas neuroses noógenas, segundo Gomes (1995, p. 46) são “conflitos morais, e não enfermidades mentais. As doenças psicológicas acontecem na dimensão psíquica enquanto as noéticas ou espirituais se dão na esfera de dimensão na ética, que aliás é incorruptível e jamais pode ser atingida por qualquer força” Neste contexto, um estado de tédio e angústia fazem parte do cotidiano das pessoas que se questionam sobre o sentido da vida. Não são poucos os casos de suicídio decorrentes desse vácuo existencial, nos momentos em que precisam encarar o abismo dentro de si, e se conscientizam da falta de conteúdo em suas vidas ou se deparam com a realidade nua e crua, que por muitas vezes está muito distante ou nem ao menos se aproxima da vida que se gostaria de ter, tornando-se reféns da sua própria angústia, medos e anseios (Frankl, 2011). Após acompanhamento terapêutico com a logoterapia, no instante em que o paciente preenche o vácuo existencial que havia previamente, o paciente estará prevenido contra relapsos, e sentirá um certo conforto. Entretanto, não cabe ao terapeuta indicar ao paciente qual caminho seguir para essa autorealização e descoberta do que o inspira e o motiva a estar vivo. Dessa forma, Frankl (2011) considera que o papel do terapeuta é intermediar e auxiliar o paciente nessa jornada de descoberta, isso porque o sentido da vida se difere de pessoa para pessoa. E como somos seres inconstantes e nossos valores e objetivos sofrem modificações ao longo de nossa evolução, a questão a ser levantada é, a busca do sentido específico da vida de uma determinada pessoa em um dado momento, pois ao longo dos anos a maturidade nos faz enxergar a vida com outros olhos, de modo que objetivos, metas, crenças e valores não são intactos, sofrem interferências internas e externas. 3. A ESSÊNCIA DA EXISTÊNCIA O questionamento sobre a essência de existência e sobre a vida é individual, pois somente a pessoa pode resolver tal questão, sendo responsável pela resolução dessas indagações. Desse modo, a Logoterapia vê na responsabilidade a essência da existência humana. O ser humano é, em essência, ser responsável e a responsabilidade está na ação no momento presente (“aqui e agora”), na “concretude de determinada pessoa numa determinada situação” (FRANKL, 2017, p.15). A logoterapia procura nesse sentido, estimular o paciente a refletir sobre a responsabilidade sobre seus atos e escolhas. Dessa maneira, a Logoterapia não deve impor julgamento de valores aos seus pacientes não sendo sua função transmitir valores ou instruir a pessoa com relação a crenças e propósitos de vida. O papel da Logoterapia consiste em ampliar o campo de visão do paciente fazendo o enxergar a vida por diversos ângulos. Segundo Frankl (2016), vale salientar que, o verdadeiro alvo da existência humana não se é encontrado na autorealização, pelo simples fato de que quanto mais a pessoa a buscar, menos ela a alcançará, visto que, o sentido da vida sempre se modifica, mas jamais para de existir. Na Logoterapia, além de praticar um ato que venha dar sentido a sua existência, uma das formas de se descobrir o sentido da vida é experimentando um valor, isso pode ser vivenciado por exemplo, quando se encontra alguém para amar. 4. O SENTIDO DO AMOR Há muitas controvérsias e diferentes pontos de vista quando o assunto é amor ou o sentido do amor. Entretanto, vale destacar que o amor é uma das únicas maneiras de se conectar com outro ser, no mais íntimo da sua personalidade, sendo praticamente impossível compreender e respeitar a essência do outro sem amá-lo, segundo Frankl (2016). Através dessa conexão entre ambos, o indivíduo é capaz de observar as potencialidades mesmo que reprimidas do outro, suas características e feições mais intimas, conseguindo enxergar além do que nossos olhos podem ver. Além disso a pessoa que é amada consegue estimular e motivar o ser amado a aprimorar essas potencialidades talvez nunca antes vista por ele mesmo, colaborando assim, para a realização do outro que em contrapartida refletira na sua própria auto realização dando significado e sentido a sua existência por poder colaborar com o sucesso e o progresso de alguém, no caso o ser amado. Frankl (2011) destacava que as principais preocupações das pessoas não são: felicidade, sucesso, poder ou reconhecimento, mas sim, basicamente o desejo de encontrar um sentido em sua vida. Ele ainda ressalta que “A verdade é que o amor é a meta última e mais alta a que pode aspirar o ser humano.” (Viktor Frankl). Na Logoterapia o amor não é interpretado como mero reflexo de impulsos e instintos sexuais, não sendo apenas efeito colateral do sexo, e sim o sexo é entendido como um meio de expressar a experiência amorosa daquela união. 5. O SENTIDO DO SOFRER Uma outra forma de encontrar o sentido da vida está no sofrer, pois a atitude que se é tomada em relação ao sofrimento, ou o ângulo pelo qual é visto buscando algum sentido ou aprendizado na superação de determinada situação que primeiramente era de muita dor, mas que após enfrentada pode vir a proporcionar diversos tipos de sentimentos positivos, como por exemplo confiança, esperança e um certo empoderamento diante das situações difíceis e por muitas vezes inaceitáveis, conforme Frankl (2011). Dessa forma, sobreviver a situações dolorosas, superar a dor, ou até mesmo aprender a lidar com ela de modo que se reconquiste a sua capacidade de sofrer, caso necessário considerando que o sofrimento faz parte da vida humana e algumas situações de dor são inevitáveis. É preciso deixar perfeitamente claro, no entanto, que o sofrimento não é de modo algum necessário para encontrar sentido. Insisto apenas que o sentido é possível mesmo a despeito do sofrimento – desde que, naturalmente, o sofrimento seja inevitável. Se ele fosse evitável, no entanto, a coisa significativa a fazer seria eliminar sua causa, fosse ela psicológica, biológica ou política. Sofrer desnecessariamente é ser masoquista, e não heroico (FRANKL, 2016, p. 138). Assim sendo, encontrar um significado para o sofrimento, permite ao indivíduo ampliar e desenvolver um potencial para enfrentar determinado desafio e superá-lo. Além do sofrimento, dor e angústia dentre as coisas que potencialmente podem abalar o sentido da vida humana, está a morte e a consciência de que ela, cedo ou tarde, chegará. Gomes (1995, p. 41) corrobora com a seguinte reflexão e entendimento: “Frankl descobriu que as pessoas buscam encontrar o sentido. Pode ser que passem a vida tentando achar a razão de ser da missão pessoal, do “para que”, e não a encontrem, mas tem um desejo de busca e lutam até o último instante para encontrá-la” 6. FINITUDE E MORTE A morte é, sem dúvida, a maior adversidade com que o homem se defronta. Não tanto a morte em si, mas o simples conhecimento de que sua vida se extinguirá irreversível e inescapavelmente. (Rodrigues, 1991, p. 181) Frankl (2011) apresenta que a pessoa quando se depara diante de uma situação traumática quanto esta, em meio a dor, começa a se questionar sobre o real sentido de tudo que se é vivido, podendo despertar neste momento, um pensamento reflexivo no que diz respeito a razão ou motivo para tal sofrimento. Diante da finitude de nossa vida e tendo consciência da vida e da morte, lidamos com a nossa fragilidade como pessoas e aprendemos a cultivar o hábito do cuidado. Descobrimos a necessidade de ser fraternos, de cuidar da nossa vida e da frágil vida de nossos companheiros existências, mesmo de cada transeunte que encontramos na rua. Com esta fragilidade consciente, descobrimos que a vida, por não ser eterna, cobra atitudes responsáveis (GOMES, 1995, p. 29). Ao passar do tempo, a superação desse conflito interno, proporciona um amadurecimento em diversos âmbitos de sua vida, pois por muitas vezes, as situações em que mais crescemos e nós desenvolvemos são as quais somos colocados a prova, sendo testadas a nossa capacidade de superação. Entretanto, segundo Frankl, com o surgimento do vazio existencial, contrariamente ao que esperávamos, há um desaparecimento das neuroses, que se atrofiam. A preocupação do mundo em relação à produtividade, a saúde mental, a fiscalização do meio sobre o indivíduo, as cobranças reforçadas pelo grupo social desenvolvem a “hiper-reflexão”, que não é considerada um enfermidade mental, mas o ponto de partida para as neuroses obsessivas (GOMES, 1995, p. 44). A análise existencial tem demonstrado que o sofrimento tem sim um sentido, e considera que além do sofrimento, a necessidade, o destino e a morte são fatores inerentes a vida humana. "Nenhum desses elementos se pode separar da vida sem se lhe destruir o destino. Privar a vida da necessidade e da morte, do destino e do sofrimento, seria como tirar-lhe a configuração, a forma" (Frankl, 2003, p. 154). Assim sendo, esses elementos são o que dá forma a vida. Um medo realista como o medo da morte não é algo incomum. Muitos de nós nos deparamos em algum momento com situações que podem despertar esse tipo de sentimento. O logo terapeuta ao atender pacientes que estão em luto ou passaram por períodos de luto deve ficar atento quanto a necessidade de se trabalhar questões específicas relacionadas a morte, que em muitos casos não estão muito bem resolvidas. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Viktor foi um psicólogo “voluntario” no campo de concentração, auxiliando os que ali se encontravam a minimizar o sofrimento, fazendo com que este ganhasse um sentido, tornando a dor mais suportável e conseguindo ressuscitar a esperança dos prisioneiros. Para a logoterapia, a busca de sentido é o que motiva o ser humano a prosseguir. A busca do indivíduo por um sentido é uma força primordial e necessária, de modo que este sentido é único e exclusivo de cada ser visto que o ser humano é capaz de viver ou até morrer por seus valores e ideais. Dessa forma, o desejo do ser humano por uma vida dotada de sentido seria o combustível que o impulsiona a viver. Logos, nesse sentido, constitui-se em algo que confronta a existência, pois o indivíduo teria autonomia necessária para decidir o que é melhor para si, o que lhe dá prazer e o faz feliz, tendo poder de conceber sua própria “essência”, basta detectar o que se quer para si como um todo. Sendo assim ao que parece, essa técnica é utilizada para auxiliar os indivíduos nessa busca de sentido, podendo revelar aquilo que representa a força propulsora que há dentro de cada um de nós. Apenas valores, entretanto, não podem impulsionar uma pessoa, devido ao fato de que somos seres complexos com desejos e anseios que devem ser respeitados e considerados. Quando se tem um sentido para vida sua missão torna-se intransferível. 8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BLANK, Renold. Encontrar sentido na vida: propostas filosóficas. São Paulo: Paulus, 2008. Coleção Como ler filosofia. GOMES, José Carlos Vitor. Logoterapia: a psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. 2ª edição. Editora Loyola: 1995. FRANKL, Viktor E. Conceitos básicos de logoterapia: Sede de Sentido. Texto original: “Basic Concepts of Logotherapy” Tradução: Tradução de: Walter O. Schlupp. Transcrição e Reprodução Eletrônica: Luiz Edgar de Carvalho. Mens Sana Publicações Eletrônicas Para Ler e Pensar. Março, 2011. Disponível em: file:///C:/Users/renat/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bb we/TempState/Downloads/Conceitos%20Basicos%20de%20Logoterapia%20ViktorE.F rankl%20(1).pdf, acesso em novembro 2019. FRANKL, Viktor E. A presença ignorada de Deus. 18 ed. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes: 2017. FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido. 40 ed. São Leopoldo: Sinodal; Petropolis: Vozes, 2016. FRANKL, Viktor E. Psicoterapia para todos: uma psicoterapia coletiva para contraporse à neurose coletiva. Petrópolis: Vozes. 3ª ed, 2018. FRANKL, Viktor E. Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo. Aparecida: Idéias e Letras, 2005. Rodrigues, R. Fundamentos da logoterapia na clínica psiquiátrica e psicoterápica. Petrópolis: Vozes, 1991. PINTOS, Cláudio García. Frankl Comentado. 1ª ed. Buenos Aires: San Pablo, 2011. PINTOS, Cláudio García et al. Frankl por definición: Consultor temático de Logoterapia y Análisis Existencial. 1ª ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: San pablo, 2016.