R. Bras. Zootec., v.31, n.3, p.1307-1314, 2002
Desempenho de Cordeiros Alimentados com Diferentes Níveis Protéicos1
Marilice Zundt2, Francisco de Assis Fonseca de Macedo3, Elias Nunes Martins3,
Alexandre Agostinho Mexia4, Sandra Mari Yamamoto4
RESUMO - O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar níveis crescentes de proteína bruta (PB) na dieta de cordeiros
em confinamento, por meio de seus efeitos sobre o desempenho animal. Trinta e dois cordeiros “tricross” (1/2 Texel + ¼ Bergamácia +
¼ Corriedale), sendo 16 machos inteiros e 16 fêmeas, com idade média de 5 meses e peso vivo de 30 kg , foram alimentados durante 57
dias com dietas isoenergéticas (72% NDT), variando os níveis protéicos (12, 16, 20 e 24 % PB). Os animais foram identificados, pesados
e distribuídos nos quatro tratamentos. Os cordeiros permaneceram em baias individuais, cobertas, com piso ripado e suspenso. Os
parâmetros estudados foram ganho de peso, consumo de matéria seca, conversão alimentar e o custo de produção do quilograma de carcaça.
A utilização de dietas, com diferentes níveis protéicos na terminação de cordeiros, mostrou efeito linear positivo para ganho de peso e
negativo para conversão alimentar. Verificou-se que a utilização de dietas com níveis protéicos crescentes não influenciou o consumo
de matéria seca dos cordeiros. Observou-se viabilidade econômica na terminação de cordeiros, utilizando-se dietas entre 12 e 24% de PB,
entretanto, o maior retorno foi obtido com a ração contendo 12% PB. Não houve efeito de sexo para os parâmetros analisados.
Palavras-chave: consumo, conversão alimentar, custo de produção, ganho de peso, ovinos, proteína
Performance of Lambs Fed with Different Protein Levels
ABSTRACT - The experiment was carried out to evaluate increasing crude protein (CP) levels in drylot lambs diet, and its effects
on animal performance. Thirty two tricross lambs (1/2 Texel + ¼ Bergamácia + ¼ Corriedale), being 16 males and 16 females, with average
age 5 months and live weight 30 kg, were fed for 57 days, with isoenergetic diets (72% TDN), but with different protein levels (12, 16,
20 and 24% PB). The animals were identified, weighted and distributed in the four treatments. The lambs were kept underroof in individual
pens with lathing and a suspended floor. The studied parameters were weight daily gain, dry matter intake, feed efficiency, and cost per
kilogram of carcass. The use of diets with different protein levels in lamb termination, showed a positive linear effect for weight daily
gain and negative feed efficiency. It was verified that the use of diets with increasing protein levels did not influence the dry matter intake
of the lambs. It was concluded that the diets between 12 and 24% crude protein were economical for finishing lambs in drylot, however,
the largest return were gotten with the ration contends 12% CP. There were no sex effects for the analyzed parameters.
Key Words: cost carcass kilogram, dry matter intake, feed efficiency, protein, sheep, weight gain
Introdução
O consumo de alimentos é fundamental para o
organismo, por determinar o nível de nutrientes ingeridos e, conseqüentemente, a resposta animal (Van
Soest, 1994). Este consumo é controlado por um
mecanismo físico, que reflete a distensão do retículorúmem, e outro fisiológico, que reflete a homeostase
(Conrad et al., 1964).
A concentração e a qualidade da proteína na
dieta podem modificar o consumo pelos ruminantes,
alterando tanto o mecanismo físico, como o fisiológico. Redução no teor de proteína bruta (PB) da
dieta para níveis abaixo de 12%, ou na disponibilida-
de de nitrogênio, poderá reduzir a digestão da fibra
e, conseqüentemente, restringir o consumo (Roseler
et al., 1993).
Vários autores observaram aumentos no consumo de alimentos, à medida que o nível de proteína
bruta era elevado de 8 a 9% para 13 a 14% (Meherez
& Orskov, 1978; Vieira et al., 1980).
Para os trópicos, pode-se considerar o consumo
de matéria seca (MS) pelos ruminantes em torno de
3 a 5% do peso vivo (PV), dependendo do estado
fisiológico do animal (Devendra, 1978, citado por
Lizieire et al., 1990).
O efeito da adição de proteína sobre o consumo
se faz sentir mais nitidamente, quando ela se encontra
1 Parte da dissertação de Mestrado do primeiro autor. Projeto financiado pela CAPES. UEM-Maringá-PR
2 Doutoranda em Zootecnia – UEM- Maringá-PR E.mail: mzundt@uol.com.br
3 Professores do Departamento de Zootecnia – UEM – Av. Colombo 5790, CEP: 87020 – 900, Maringá- PR, e-mail: fafmacedo@uem.br
4 Mestrandos em Zootecnia-UEM, Maringá-PR,Endereço para correspodência: Av. Tiradentes, 84, apto 124, Maringá PR, CEP 87013-
260. e-mail: aamex@bol.com.br; smyamamoto@bol.com.br
1308
ZUNDT et al.
em níveis muito baixos, uma vez que a deficiência de
proteína degradável na dieta limitaria a atividade
microbiana, afetando assim, a ingestão e a digestibilidade
dos nutrientes (Orskov & Robinson, 1981).
As principais fontes de proteína para os ruminantes são a microbiana e a dietética que escapa da
degradação no rúmen, as quais, digeridas no abomaso
e intestino delgado, suprem os aminoácidos para o
ruminante (Broderick et al., 1991).
Storm et al. (1983) indicaram a eficiente utilização da proteína microbiana ruminal de cordeiros em
crescimento mantidos pela nutrição intragástrica.
Porém, a proteína fornecida pela síntese microbiana
ruminal é inadequada para sustentar a alta taxa de
crescimento, requerido nos sistemas intensivos de
produção.
A melhoria do nível nutricional pode proporcionar aumento no custo de produção, o que pode
tornar a atividade de baixa rentabilidade. Dessa
forma, o consumo, o ganho de peso, a conversão
alimentar e o rendimento de carcaça, são importantes parâmetros na avaliação do desempenho animal
(Ferreira et al., 1998).
Trabalhando com cordeiros alimentados com rações, contendo cereais e farelo de soja, Andrews &
Ørskov (1970) recomendam de 100 a 200 g de PB/kg
MS, para animais de 16 a 40 kg peso vivo. As
respostas para taxa de crescimento foram curvilíneas
para o conteúdo de proteína dietética e para o rápido
crescimento de cordeiros, ganhando 300 g/dia. Foi
concluído pelos autores que um ótimo conteúdo de
proteína bruta dietética estaria ao redor de
160-170 g/kg MS.
Ørskov et al. (1971) alimentaram cordeiros com
rações, contendo cevada e farinha de peixe em níveis
de 110, 157 e 194 g de PB/kg MS ad libitum, tendo
encontrado os seguintes ganhos de peso diários:
0,191; 0,270 e 0,330 kg para machos e 0,177; 0,225 e
0,301 kg para fêmeas. A taxa de crescimento, o
consumo de alimento e a eficiência alimentar foram
melhorados com o aumento do conteúdo de proteína
dietética. As diferenças no consumo de ração foram
menores nos níveis de proteína mais altos.
Titi et al. (2000), comparando o desempenho de
cordeiros Awassi e cabritos Black, alimentados com
dietas contendo diferentes níveis protéicos, 12, 14, 16
e 18% de PB, verificaram para os cordeiros Awassi,
ganhos de peso de 0,099; 0,171; 0,208 e 0,189 kg/dia.
Uma hipótese do bom desempenho, com o nível de 16
e 18% de PB, poderia ser a idade dos animais usados
R. Bras. Zootec., v.31, n.3, p.1307-1314, 2002
no experimento (entre 110 e 150 dias). Normalmente,
os animais depositam mais proteína no corpo durante
o crescimento, indicando que podem utilizar rações
com níveis de proteína mais altos (Widdowson &
Lister, 1991).
Ely et al. (1979), utilizando cordeiros 3/4 Suffolk
+ 1/4 Rambouillet, recebendo dietas com 13 e 16% de
PB, em confinamento, encontraram ganhos de peso
de 0,284 e 0,267 kg, respectivamente, para peso
médio ao abate de 49,9 kg.
Hussein & Jordan (1991) verificaram efeito do
nível de proteína sobre o ganho de peso dos cordeiros,
terminados com dietas contendo 13,3 e 14,9% de PB,
observando-se ganhos de 0,235 e 0,250 kg, respectivamente, em que se constatou conversão alimentar
média de 6,0.
No sistema de terminação de cordeiros em
confinamento, a alimentação (concentrado e
forrageiras conservadas) aumenta o custo da carcaça produzida. Em estudos conduzidos por Macedo
(1998), o custo de produção do quilograma da carcaça foi de R$2,26/kg para os cordeiros em pastagem e
R$ 2,31 para os cordeiros confinados. Macedo (1995)
e Otto et al. (1996), verificaram custos de R$ 1,42 e
R$1,79/kg de carcaça produzida.
Existem vários trabalhos mostrando as alternativas
para a produção de carne dos cordeiros, dentre elas o
confinamento. Porém, são escassos os estudos de viabilidade econômica, os quais são fundamentais para que
o criador possa fazer sua opção de maneira objetiva.
Assim, esse trabalho teve como objetivo acompanhar o ganho de peso, consumo, conversão alimentar
e custo do quilograma de carcaça de cordeiros em
confinamento, recebendo dietas com diferentes níveis (12, 16, 20 e 24%) de proteína bruta.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no setor de
Ovinocultura da Fazenda Experimental de Iguatemi,
pertencente à Universidade Estadual de MaringáPR. Foram utilizados 32 cordeiros "tricross" (½ Texel
+ ¼ Bergamácia + ¼ Corriedale), sendo 16 machos
inteiros e 16 fêmeas, com idade média de 5 meses e
peso vivo médio de 30 kg. Dez dias antes do início do
experimento, os animais foram everminados com
vermífugo à base de ivermectina. Todos os animais
foram identificados, pesados e distribuídos em quatro
tratamentos, cada um com oito cordeiros (quatro
machos e quatro fêmeas), recebendo dietas
1309
Desempenho de Cordeiros Alimentados com Diferentes Níveis Protéicos
isoenergéticas com 72% NDT (NRC, 1985), variando os níveis de proteína bruta (12, 16, 20 e 24%). Os
animais permaneceram em baias individuais, cobertas, com piso ripado e suspenso, recebendo água à
vontade, durante todo o período experimental.
O ensaio de alimentação teve duração de 57 dias.
O período experimental foi precedido de um período
de adaptação de 10 dias. As composições das dietas
utilizadas em cada tratamento estão especificadas na
Tabela 1.
Foram avaliados o ganho de peso médio por
animal, o consumo de matéria seca, a conversão
alimentar e o custo de produção (R$/kg de carcaça).
Os animais foram pesados no início do experimento
e a cada 14 dias. As rações eram fornecidas uma vez
ao dia, totalizando, em média, 5,0% do PV, de maneira
a proporcionar sobras diárias de aproximadamente
20%. A proporção volumoso: concentrado foi de 30:70.
As quantidades fornecidas eram pesadas diariamente
e ajustadas de acordo com o peso médio dos animais.
O consumo de matéria seca foi determinado pela
diferença entre o oferecido e as sobras.
O animais foram abatidos com idade média de 7
meses e peso vivo médio de 40 kg.
Os dados de consumo de matéria seca (MS) e
ganho de peso diário (GPD) foram submetidos à
análise de variância, utilizando-se o sistema de análises estatísticas e genéticas (SAEG) de acordo com
o seguinte modelo:
Yijk = µ + S i + N j + SN ij + b1 PI ijk − PI + e ijk
em que: Yijk é o valor observado da variável estudada
no indivíduo j recebendo o tratamento i; µ é a constante geral; Si é o efeito do sexo i; 1 = macho, 2=fêmea;
N j é o efeito do nível de proteína bruta na dieta j, j=12;
16; 20; 24; SNij é o efeito da interação entre o sexo
e o nível de proteína bruta na dieta; b1 é o coeficiente
(
)
Tabela 1 - Composição química e percentual das rações experimentais (% MS)
Table 1 - Chemical and percentage composition of experimental diets (% DM)
Nível protéico
Protein level
Nutrientes
12%PB
16%PB
20%PB
24%PB
Nutrients
12%CP
16% CP
20% CP
24% CP
98,50
98,20
98,40
98,10
12,54
16,77
20,44
24,45
2,94
2,83
2,91
2,87
36,14
29,84
29,27
37,10
14,52
13,34
14,23
17,94
4,98
7,43
7,28
5,38
0,92
1,46
1,35
1,02
0,7
1,0
0,91
0,70
59,71
48,41
36,90
25,38
7,17
18,03
28,97
39,89
30,00
30,00
30,00
30,00
2,35
2,33
2,03
1,87
0,77
0,77
0,77
0,77
---
0,56
1,32
2,09
Matéria seca (MS)
Dry matter (DM)
Proteína bruta (PB)
Crude protein (CP)
Extrato etéreo (EE)
Ethereal extract (EE)
Fibra detergente neutro (FDN)
Neutral detergent fiber (NDF)
Fibra detergente ácido (FDA)
Ácid detergent fiber (ADF)
Matéria mineral (MM)
Mineral matter (MM)
Cálcio
Calcium
Fósforo
Phosphorus
Ingredientes
Ingredients
Milho
Corn grain
Farelo de soja
Soya bean meal
Feno de aveia
Oat hay
Fosfato bicálcico
Dicalcium phosphate
Calcário
Limestone
Óleo vegetal
Soybean oil
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1310
ZUNDT et al.
de regressão linear da variável estudada, em função
do peso inicial; PI é o peso inicial (usado como
covariável no modelo inicial); eijk é o erro aleatório
associado a cada observação Yijk.
Os dados de conversão alimentar foram submetidos à análise de variância, utilizando o sistema de
análises estatísticas e genéticas, SAEG (Euclydes,
1993), seguindo-se o modelo acima, retirando-se a
covariável PI.
Para determinação do comportamento das variáveis dependentes, em função dos níveis de proteína
bruta na dieta, procedeu-se ao desdobramento dos
efeitos em polinômios ortogonais.
Resultados e Discussão
As médias para ganho de peso diário, consumo
médio diário de ração e conversão alimentar apresentam-se na Tabela 2.
A análise de variância revelou diferença significativa (P=0,0742) para ganho de peso, indicando que
houve efeito linear dos níveis protéicos. Não houve
efeito (P=0,1183) de sexo para as variáveis analisadas. Foi observado efeito linear (P=0,00001) do peso
corporal sobre o ganho de peso. A média geral
observada para ganho de peso foi de 0,162 kg/dia.
A
equação
de
regressão
ajustada
(Ŷ = 0,1361+0,0015x) para ganho de peso mostra
aumento de 0,0015 kg/dia para cada 1% de aumento
no nível de proteína dietética (Figura 1).
Os valores de ganho de peso estimados de acordo
com a equação de regressão para os níveis de 12, 16,
20 e 24% de PB são, respectivamente: 0,154; 0,160;
0,166; e 0,172 kg.
As dietas experimentais neste trabalho proporcionaram, de acordo com os dados obtidos na equação de
regressão, ganhos de peso inferiores aos observados por
Macedo (1995), Pérez et al. (1998), Garcia et al. (1998)
e Titi et al. (2000). Sabe-se que os ovinos apresentam
maior velocidade de ganho de peso antes dos 5 meses,
atingindo 30 kg, quando criados em pastagem, próximo
a esta idade. Entretanto, em várias regiões do Brasil, os
consumidores preferem ovinos com carcaças mais pesadas. Isso poderá ser conseguido terminando-se os
cordeiros no confinamento, evitando assim, abate de
ovinos com idade mais avançada.
Da mesma forma que neste trabalho, em pesquisa realizada pela EMBRAPA (1998), foi observado
baixo ganho de peso em cordeiros, após os 5 meses
de idade.
Tabela 2 - Médias e erros-padrão para ganho de peso diário (GPD), consumo de matéria seca (CMS) e conversão
alimentar (CA), em função do nível protéico e do sexo
Table 2 - Means and standard errors of weight daily gain (WDG), dry matter intake (DMI) and feed: gain ratio (F:G) according to
the protein level and sex
Nível protéico
Protein level
Sexo
12%PB
16%PB
20%PB
24% PB
Sex
12% CP
16%CP
20%CP
24%CP
0,160 + 0,0101
0,162 + 0,0097
0,183 + 0,0097
0,166 + 0,0098
0,149 + 0,0096
0,147 + 0,0097
0,160 + 0,0096
0,169 + 0,0096
1,24 + 0,0513
1,28 + 0,0492
1,32 + 0,0491
1,24 + 0,0497
1,18 + 0,0490
1,19 + 0,0492
1,20 + 0,0489
1,26 + 0,0490
8,21 + 0,4236
8,03 + 0,4236
7,33 + 0,4236
7,56 + 0,4236
8,16 + 0,4236
8,23 + 0,4236
7,64 + 0,4236
7,54 + 0,4236
GPD (kg)
WDG
Machos
Males
Fêmeas
Females
CMS(kg)
DMI
Machos
Males
Fêmeas
Females
CA
xF:G
Machos
Males
Fêmeas
Females
Machos (Males) ; Fêmeas (Females) .
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Desempenho de Cordeiros Alimentados com Diferentes Níveis Protéicos
0,16
R2=0,68
0,15
0,14
Feed:gain ratio
Y=0,1361+0,0015x
Corriedale (0,869 ) e Pires (1999), que observou
CMS (kg) de 0,733 para Ideal, 0,853 para ½Texel +
½ Ideal e 0,887 para ¾ Texel + ¼ Ideal.
A análise de variância mostrou efeito linear
(P=0,0693) da conversão alimentar, em função dos
níveis protéicos (Figura 2). Não houve efeito significativo (P≥1) de sexo sobre a conversão alimentar.
A equação de regressão ajustada (Yˆ = 8,940,06065x) para conversão alimentar mostra redução
de 0,060 para cada 1% de aumento no nível de
proteína dietética. Orskov & McDonald et al. (1971)
também verificaram uma melhor eficiência de conversão alimentar, com o aumento da proteína dietética.
Os índices de conversão alimentar, de acordo
com a equação de regressão acima para os níveis de
12, 16, 20 e 24% de PB são, respectivamente: 8,21;
7,97; 7,73 e 7,48.
Vários pesquisadores avaliaram a conversão alimentar de dietas com diferentes níveis de proteína bruta, para
cordeiros. Destacam-se Silva et al. (1994), que encontraram 5,95 para cordeiros Santa Inês, com dieta contendo
16% de PB; Monteiro et al. (1998) que registraram 3,87
para cordeiros mestiços Suffolk em dieta com 17% PB;
Pérez et al. (1998) obtiveram conversão de 6,26 e 6,05
para cordeiros Santa Inês e Bergamácia, respectivamente, com dieta contendo 23% PB e Pires et al. (1999),
observando valor de 8,82, para cordeiros da raça Ideal,
confinados com dieta contendo 13,8% PB.
Substituindo-se, respectivamente, o nível utilizado
por Monteiro et al. (1998), Pérez et al. (1998) e Pires
et al. (1999), na equação de regressão do presente
trabalho, encontraram-se valores de conversão alimentar de 7,90; 7,55 e 8,10.
Conversão alimentar
0,17
Daily weight gain
Ganho de peso (kg)
O baixo ganho de peso pode ser atribuído a idade
fisiológica dos cordeiros que participaram do experimento, pois a capacidade máxima para esta variável
ocorre até as 20 semanas de idade, conforme
demostrado por Sainz (2000).
O consumo de matéria seca (CMS) pode ser
afetado pelo nível de proteína da dieta (Meherez &
Orskov, 1978; Huston et al., 1988), entretanto, a
análise de variância apresentada não revelou diferenças para esta variável (P≥1), indicando não haver
efeito dos níveis protéicos sobre o CMS. Este comportamento pode ser atribuído ao estágio de desenvolvimento dos cordeiros, pois o requerimento protéico
diminui com o avançar da idade.
Também não foi observado efeito significativo da
interação entre sexo e níveis protéicos. A diferença
sexual dos animais na idade que participaram do
experimento ainda é pouco pronunciada, para que a
interferência hormonal pudesse provocar diferença
do CMS entre sexos.
Houve aumento linear do consumo de ração
(P=0,00001), à medida que se elevou o peso corporal
dos animais, corroborando Valadares et al. (1997).
O consumo diário estimado de matéria seca dos
cordeiros (1,26 kg/animal/dia), se encontra próximo
da média recomendada pelo NRC (1985), para ovinos
desta categoria que é de 1,3 kg de MS animal/dia.
O CMS observado no presente trabalho, foi semelhante ao encontrado por Pérez et al. (1998) e
Orskov et al. (1971) e inferiores aos observados por
Pilar et al. (1994), para os genótipos Hampshire
Downv (1,093), Texel (0,828), Corriedale (0,874),
Suffolk x Corriedale (0,924 ) e Ile de France x
9
8,5
8
7,5
7
Y=8,94-0,06065x
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Níveis de proteína (%)
Levels protein
Níveis de proteína (%)
Levels protein
Figura 1 - Ganho de peso em função dos níveis protéicos
na dieta de cordeiros confinados.
Figura 2 - Conversão alimentar em função dos níveis
protéicos nas dietas de cordeiros confinados.
Figure 1 - Daily weight gain as function of Protein Levels in the
diet of lambs in drylot.
Figure 2 - Feed:gain ratio as function of protein levels in the
diet of lambs in drylot.
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1312
ZUNDT et al.
Os valores do custo de produção apresentam-se
na Tabela 3.
O custo médio do quilograma da carcaça produzida foi de R$ 2,53, sendo comercializado a R$ 4,50,
verificando-se retorno econômico para machos e
fêmeas em qualquer um dos níveis utilizados na
terminação dos cordeiros.
A margem de lucro foi decrescente, à medida que
se elevou o teor de proteína na dieta a despeito do
Os índices de conversão alimentar, observados
neste estudo, encontram-se dentro de uma amplitude
aceitável, considerando que os animais utilizados já
haviam ultrapassado o período de maior desempenho.
A planilha de cálculo para análise econômica da
produção de carne de cordeiros foi montada com os
dados colhidos no experimento, entretanto, considerou-se o módulo de 100 cordeiros para melhor comparação dos dados.
Tabela 3 - Análise econômica (R$) da produção de carne de cordeiros confinados durante 57 dias, de acordo com o
nível protéico e sexo (módulo de 100 cordeiros)
Table 3 - Economic analysis of lamb production in drylot, according to the protein level and sex (module 100 lambs)
12% PB
16%PB
20%PB
24%PB
12% CP
16%CP
20%CP
24%CP
Variáveis
M
F
M
F
M
F
M
F
Variables
M
F
M
F
M
F
M
F
PV inicial (kg)
30
30
30
30
30
30
30
30
44,75
39,65
38,85
38,00
41,37
38,25
37,55
39,10
48,50
47,75
48,25
49,50
47,75
48,25
48,50
48,00
21,70
18,93
18,75
18,81
19,75
18,46
18,21
18,77
1085,19
946,64
937,26
940,50
987,71
922,78
910,59
938,40
4883,34
4259,90
4217,65
4232,25
4444,69
4152,52
4097,64
4222,80
IBW
PV final (kg)
FBW
RCC (%)
CCY
PCF (kg)
WCC
Carcaça total (kg)
Total carcass
Receita*
Revenue
Despesas
Expenses
Formação/Instalação (R$)
750
750
750
750
750
750
750
750
25
25
25
25
25
25
25
25
2100
2100
2100
2100
2100
2100
2100
2100
205,38
178,75
198,125
185,125
243,63
217
219,63
234,25
34
34
34
34
34
34
34
34
2,25
2,25
2,25
2,25
2,25
2,25
2,25
2,25
53,44
53,44
53,44
53,44
53,44
53,44
53,44
53,44
2393,44
2412,82
2399,82
2,53
2,57
2,55
Formation/Installation
Amortização **
Amortization
Compra animais
Animals buy
Alimentação
Feeding
Vermífugo
Vermifuge
Vacina polivalente
Vaccinates versatile
Mão-de-obra
Labor
Despesas totais
2420,1
2458,3
2431,7
2434,3
2448,94
Total expenses
Custo kg carcaça
2,23
2,49
2,64
2,67
2,61
kg carcass cost
Lucro total
Total profit
M (machos [males] ); F (fêmeas [females]).
PV = peso vivo (IBW = initial body weight, FBW = final body weight) , RCC = rendimento comercial da carcaça (CCY = commercial carcass yield) ,
PCF = peso da carcaça fria (WCC= weight cold carcass).
* Preço do quilograma da carcaça = R$4,50.
** Amortização em 10 anos = R$ 600/ 3 ciclos de utilização da instalação = R$200,00.
** Amnortization in 10 years = R$ 600/3 utilization cycles of installation = R$200,00.
R. Bras. Zootec., v.31, n.3, p.1307-1314, 2002
Desempenho de Cordeiros Alimentados com Diferentes Níveis Protéicos
comportamento crescente do ganho de peso médio
diário e decrescente da conversão alimentar. Este
fato é reflexo da razão custo/benefício no acréscimo
de proteína bruta na dieta, comprovando que a proteína é o nutriente mais caro da ração.
Os custos de produção das carcaças (R$/kg)
obtidos neste trabalho mostram-se superiores aos
1,42 encontrados por Macedo (1995), terminando
cordeiros em confinamento, utilizando-se resíduo de
destilaria de álcool, o que explica o baixo custo da
alimentação, baixando conseqüentemente as despesas totais; aos 1,79 observados por Otto et al. (1996)
e próximo aos 2,31, encontrado por Macedo (1998),
confinando cordeiro com dieta contendo 18% de PB
e 72% de NDT.
Conclusões
O ganho de peso dos cordeiros aumentou com os
níveis de proteína na dieta.
O consumo de matéria seca da dieta não foi
modificado em função do aumento nos níveis protéicos.
A conversão alimentar foi melhorada com o
aumento dos níveis protéicos.
Todos os níveis de proteína bruta testados (12,
16, 20 e 24%) mostraram viabilidade econômica na
terminação de cordeiros, entretanto o maior retorno
foi conseguido com a ração contendo 12% PB, devendo ser o nível recomendado.
Literatura Citada
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Recebido em: 24/07/01
Aceito em: 03/12/01