Anais TDAH PDF
Anais TDAH PDF
Anais TDAH PDF
1ª edição
ISBN: 978-85-68167-05-2
Brasília
Introdução: Um aspecto relevante que se faz presente no cotidiano do idoso com Alzheimer é
lidar com a perda da sua autonomia. Neste sentido, o avanço da dependência com cuidados,
cada dia mais complexos, leva o cuidador familiar a uma carga excessiva não somente física,
mas também emocional e mental, podendo interferir significativamente no cuidado e manejo
do idoso com a patologia. Objetivo: Realizar uma revisão da literatura acerca dos fatores
causadores da sobrecarga e estresse que interferem na qualidade de vida dos cuidadores
familiares de idosos com Doença de Alzheimer. Método: Trata-se de uma revisão de
literatura por meio das bases de dados: Lilacs e SciELO, entre os anos de 2010 e 2016,
utilizando os descritores Doença de Alzheimer, cuidador familiar, qualidade de vida.
Resultado e Discussão: Foram avaliados 15 artigos através de leitura na íntegra. Verificou-se
que na maioria dos estudos as limitações e dificuldades em cuidar de um idoso com essa
patologia são inúmeras, sejam elas pela falta de suporte de seus familiares ou pela evolução
da doença. Interferindo na maneira de executar as ações do cuidado e comprometendo
negativamente na qualidade de vida dos cuidadores familiares. Conclusão: É necessária a
assistência e intervenções educativas ao cuidador familiar, para o conhecimento da patologia
e compreensão do idoso, visto que a qualidade de vida do cuidador familiar interfere
diretamente no ato do cuidado.
A população idosa é a que mais cresce hoje no Brasil e no mundo. Este resultado traz sérios
desafios para a Saúde Pública e, consequentemente, para os profissionais que neste contexto
estão inseridos. A busca pela promoção do envelhecimento saudável tornou-se valiosa e
imprescindível dentro dos serviços médicos, sociais, educacionais e psicológicos. Dito isso, a
pesquisa objetivou avaliar as dificuldades encontradas dentro da realidade senil, buscando
promover por meio da estimulação melhoras na capacidade cognitiva e emocional em seus
participantes e, principalmente, em sua autonomia funcional. A experiência foi desenvolvida
em uma Unidade de Saúde da Família – Pirapora da cidade de São Luís – MA. Contou com a
participação de 20 idosos de ambos os sexos com idade superior a 60 anos. Foram realizadas
durante 4 (quatro) meses atividades de contação de história, oficinas de memória, exercícios
de raciocínio e cálculo. Para a coleta de dados foi utilizado o instrumento de avaliação
psicológica Escalas Beck, visando compreender e avaliar os indicativos de Depressão e
Ansiedade. Os resultados da primeira aplicação no início da experiência das escalas BDI e
BAI trouxeram resultados semelhantes, com respectivas porcentagens de 68% e 66% dos
participantes em indicativo leve e alterando-se na segunda aplicação para 75% e 73% como
indicativo mínimo, demonstrando uma redução nos indicativos de Ansiedade e Depressão.
Assim, conclui-se que com o efeito da estimulação cognitiva, o grupo de idosos demonstrou
melhoras no humor, fortalecimento dos vínculos com os cuidadores, aumento da capacidade
de leitura, compreensão e memorização. Sugere-se que a estimulação cognitiva possa ser
incluída aos programas de cuidados a pessoas idosas, a considerar sua eficácia e contribuição
para a preservação da capacidade cognitiva.
Introdução: No meio médico-hospitalar não existe consenso sobre como e quando as notícias
difíceis (ND) devem ser dadas. Há uma vasta literatura sobre o assunto, como o Protocolo
SPIKES de Buckman (1994). Absorver novas informações e processá-las no cérebro está
relacionado com várias áreas cognitivas: função executiva, memória, atenção. Objetivo:
Investigar quais as recomendações para se transmitir ND no contexto hospitalar. Método:
Revisão Sistemática de literatura nas bases de dados: Scielo, Bireme, Pepsic, PsicInfo e
PubMed, utilizando as palavras chaves: Bad News, Memory e SPIKES Protocol; considerou-
se as publicação após de 2010. Resultados: Não foram encontrados artigos com as três
palavras chaves simultaneamente, porém foram encontrados 25 artigos que relacionaram
“Protocol SPIKES” e “Bad News”. Em nenhum dos artigos foi encontrado a informação
sobre o tempo mínimo para a transmissão de ND. Todos os artigos concordaram que para tal
ato deve haver o preparo do profissional e do ambiente, sensibilidade para entender como a
pessoa se encontra, convidá-la ao diálogo, para então realizar a transmissão da notícia,
expressando suas emoções, resumindo e organizando as estratégias passadas e/ou futuras.
Discussão: Os artigos pesquisados concordam que ND devem ser dadas de forma empática;
corroboram ao dizer que há um déficit na formação médica sobre o assunto. A memória em
nenhum artigo foi relacionada com a temática, os resultados sugerem que o modo como a
notícia é transmitida influência nos processos cognitivos envolvidos. Uma notícia dada de
forma inadequada pode favorecer os processos de dissociação, confabulação e falsas
memórias. Conclusão: Deve-se investigar melhor no contexto da saúde a repercussão sobre o
modo mais adequado para veicular as ND para o cliente e sua família, pois quando realizada
de modo correto ela favorece a reorganização e readaptação do paciente ou familiar a
estruturar o processo de luto pela perda e nas memórias sobre evento.
INTRODUÇÃO: O cuidado ao paciente com Lesão Medular inclui um conjunto de ações que
engloba todo o processo de reabilitação, culminando na reintegração social. É considerado
lesão medular toda injúria às estruturas contidas no canal medular, desencadeando alterações
motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. O foco desse trabalho foi o cuidador, que
geralmente é um membro da família, a complexidade do acometimento afeta a pessoa e sua
família. Nesse sentido, a psicologia através do programa de atividades motoras para
deficientes- PROAMDE- UFAM, realizou grupos de apoio aos cuidadores desses pacientes
no período de julho a setembro de 2016. OBJETIVO: identificar a sobrecarga psicológica
presente e quais estratégias de resignificação subjetivas utilizadas pelo cuidador. MÉTODO:
Como técnica de intervenção, utilizada a psicoeducação, no decorrer de 6 encontros, com
duração de 50 minutos, uma vez por semana, e participarão de 4 acompanhantes, através de
exibição de vídeos com temáticas (conceito de lesão medular, impacto do diagnóstico/ luto/
expectativas e frustrações/ resiliência / preconceito da sociedade), e posteriormente aberto a
discussão. Os registros foram realizados pelo residente da área de psicologia a cada sessão de
grupo e discutidos com o supervisor/preceptor da área. RESULTADOS: Como resultado foi
possível observar a eficácia da estratégia de psicoeducação, visto que os cuidadores
utilizaram deste espaço para expor seus questionamentos, sanar dúvidas e compartilhar
experiências, possibilitando maior autonomia e independência dos pacientes, diminuindo o
risco de adoecimento dos cuidadores. CONCLUSÃO: Através das temáticas desenvolvidas
observou-se que algumas se relacionavam às dificuldades cuidadores, sugerindo a
necessidade de acolhimento e reflexão, diante das questões apresentadas. Durante os grupos,
os cuidadores apresentaram recursos e estratégias de enfrentamento pessoais, propiciando a
ajuda mútua e construção de novos olhares e possibilidades. Sendo assim, destaca-se a
importância de um espaço de troca de experiências entre os acompanhantes e da escuta
qualificada.
Introdução: O envelhecimento cognitivo faz parte dos problemas que requerem mais atenção
na atualidade e nem sempre os idosos têm acesso ao devido acompanhamento. Objetivo:
Desenvolver estratégias de reabilitação neuropsicológica com idosos para o enfrentamento da
demência de Alzheimer, envolvendo, a família/cuidador como contribuinte essencial do
processo. Método: Trata-se de um projeto realizado na Unidade de saúde da família –
Pirapora em São Luís – MA financiado pela FAPEMA. Foram desenvolvidas visitas
institucionais e encontros com aproximadamente uma hora e meia de duração cada,
participando das atividades em média quinze idosos e dois cuidadores por intervenção. No
início e ao término dos encontros utilizaram-se como método avaliativo, os instrumentos de
avaliação psicológica Escalas de Beck, testes de Raven, WAIS–III, além das observações
realizadas pelos estagiários da atuação dos idosos e cuidadores. Resultado e Discussão: Foi
possível realizar visitas domiciliares, palestras sobre o funcionamento do grupo, avaliações
utilizando testes e desenvolvimento de atividades com participantes com idades entre 55 e 87
anos. Foi observado, melhor entendimento sobre o Alzheimer, a importância das atividades
de reabilitação e a aprendizagem de exercícios para estimular o cérebro. Conclusão:
Orientações, atividades de psicoestimulação e aprendizagem de exercícios para estimular o
cérebro por meio de cálculos, memorização, contação de história e música podem ser uma
estratégia interventiva viável para a reabilitação cognitiva de idosos, que além de buscar a
melhora do funcionamento cognitivo, propicia também o ensino para o idoso e seus
familiares, do manejo das alterações emocionais e comportamentais, assim como elevação da
autoestima e melhora na socialização dos mesmos com o cuidador/comunidade, a fim de se
adquirir uma melhor qualidade de vida.
O uso de crack é um dos principais problemas de saúde pública, mas são poucos os dados
científicos acerca dos prejuízos cognitivos decorrentes do uso. Esta pesquisa objetivou avaliar
déficits nas funções executivas em usuários crônicos de crack e em usuários após sessenta
dias de abstinência, comparando-os com controles, e identificar os níveis de impulsividade e
agressividade nos indivíduos que fizeram uso de crack. Foi realizado um estudo quantitativo,
de natureza quasi-experimental. Para tanto, foi aplicado um questionário sociodemográfico
para a identificação do sujeito e o padrão de consumo do crack, posteriormente foi realizada a
avaliação neuropsicológica, para a identificação do desempenho das funções executivas, e
depois a avaliação dos níveis de impulsividade e agressividade. Foram utilizados
instrumentos padronizados, sendo eles o BETA-III (estimativa de QI), o BAI (avaliação de
ansiedade), o BDI (avaliação de depressão), a escala BROWN (avaliação de déficit de
atenção), o BIS-11 (avaliação de impulsividade), o questionário de BUSS-PERRY (avaliação
de agressividade), o Stroop Test (avaliação de atenção, controle inibitório e flexibilidade), o
WCST (avaliação de flexibilidade) e o IGT (avaliação de tomada de decisão). Foram
avaliados 102 sujeitos, divididos em três grupos com distribuição harmônica; o grupo G1
formado por 34 usuários de crack, o grupo G2 formado por 34 usuários de crack em
abstinência e o grupo G3, formado por 34 controles. Os sujeitos foram pareados por idade,
anos de escolaridade, nível socioeconômico e QI. Os usuários de crack, grupo G1, obtiveram
desempenho pior que os usuários em abstinência(p<0,05) e do que os controles (p<0,05) na
avaliação das funções executivas, e níveis mais elevados de impulsividade e agressividade; os
sujeitos do grupo G2 apresentaram pior performance nas avaliações realizadas em relação aos
sujeitos do grupo controle, G3, porém melhor do que os do grupo de usuários, G1. Os
resultados indicam que o consumo de crack se relaciona a déficits nas funções executivas e
interferem nos elevados níveis de impulsividade e agressividade, problemas associados às
regiões pré-frontais. A identificação dos prejuízos neuropsicológicos, bem como do
comportamento impulsivo e agressivo de indivíduos com experiência com o crack podem
auxiliar na elaboração de programas de tratamento com maior efetividade, diminuindo, assim,
as altas taxas de não adesão ao tratamento e as elevadas taxas de recaídas destes indivíduos.
Introdução: A demência por doença de Alzheimer (DA) é uma síndrome degenerativa que
compromete as funções cognitivas incluindo a linguagem. O discurso é uma forma natural de
comunicação que permite analisar o processamento da linguagem, organizado nas dimensões
microlinguísticas e macrolinguísticas, e que portanto, pode ser útil para avaliação na DA.
Objetivos: Identificar a ocorrência de alterações da dimensão macrolinguística no discurso
oral em pacientes com DA e; desenvolver uma ferramenta de avaliação do discurso oral
nestes pacientes que inclua as dimensões microlinguísticas e macrolinguísticas. Métodos: Foi
realizado um estudo transversal com 121 indivíduos idosos, com escolaridade igual ou
superior a 4 anos, divididos nos grupos DA e controle. Os sujeitos, submetidos ao Mini-
exame do Estado Mental (MEM) e a subescala cognitiva da Escala de Avaliação da doença
de Alzheimer (ADAS-cog), foram solicitados a emitir uma narrativa a partir de sete figuras
que formam uma história. Foi realizada uma análise dos aspectos macrolinguísticos e foi
proposto o Índice de Avaliação do Discurso Oral para DA, utilizando itens das dimensões
macrolinguísticas e microlinguísticas. Resultados: O grupo DA apresentou desempenho
inferior em relação aos controles para proposições completas relacionadas ao conteúdo,
proposições incompletas, macroproposições, unidades de informação principais, elos
coesivos, rupturas coesivas relativas aos aspectos macrolinguísticos. O Índice de Avaliação
do Discurso Oral para DA foi formado pelos cinco componentes que melhor diferenciaram os
grupos: alterações lexicais e complexidade sintática para a dimensão microlinguística e;
proposições completas relacionadas ao conteúdo, macroproposições e elos coesivos
referentes à dimensão macrolinguística. Conclusões: Foram verificadas alterações
macrolinguísticas no discurso oral em pacientes com DA e com este estudo, foi possível
propor uma metodologia de avaliação do discurso oral capaz de identificar alterações
discursivas em idosos com DA.
43 ANÁLISE NEUROPSICOLÓGICA DOS PRINCÍPIOS DO ENSINO
ESTRUTURADO BASEADO NA ABORDAGEM TEACCH
Reis, Liliane Góes Regis dos
Essa pesquisa tem como objetivo estudar os princípios do Ensino Estruturado baseado na
abordagem TEACCH fazendo uma relação com o desenvolvimento de áreas como funções
executivas, memória e atenção, em uma análise neuropsicológica desses princípios. Para
tanto foi realizada pesquisa bibliográfica sobre os aspectos neuropsicológicos do
desenvolvimento observando como o ensino estruturado intervém nessas áreas. Chegou-se à
conclusão de que o Ensino Estruturado atua de forma consistente na neuroplasticidade
cerebral atendendo às necessidades específicas do cérebro Autista, contribuindo para o seu
desenvolvimento e respectiva aprendizagem. Também se conclui que há uma escassez de
pesquisas na área, abrindo possiblidades para continuidade de estudos relacionando a
Neuropsicologia e o Autismo.
Tarefas de fluência verbal (FV) avaliam funções como linguagem, memória e funções
executivas (FE). Consistem em evocar o maior número de palavras durante um período
determinado, conforme critérios ortográficos (FVO) ou semânticos (FVS), medindo-se o
número total de palavras. Autores propõem a dissociação de componentes de clustering
(memória semântica) e switching (FE) como medidas dos processos cognitivos subjacentes
ao desempenho geral na FV. Este estudo objetiva comparar o desempenho de pacientes pós
Acidente Vascular Cerebral (AVC) e controles em duas tarefas de FV em medidas de
clustering e switching. Participaram três grupos: 1) 10 pacientes com lesão no hemisfério
cerebral esquerdo (LHE); 2) 10 com lesão no hemisfério cerebral direito (LHD); e 3) 20
controles (CT) pareados por sexo, idade e escolaridade. Todos os participantes apresentavam
compreensão da linguagem preservada e foram avaliados com tarefas de FVO (letra F) e FVS
(animais). As variáveis dependentes analisadas foram: número total de palavras evocadas, o
número de clusters, a média do tamanho de clusters e o número de switches. As análises de
comparações de grupos (Kruskal-Wallis) indicaram que na FVO o grupo CT apresentou
melhor desempenho do que o grupo LHE no total de palavras, número de clusters e número
de switches (p<0,05), não houve diferença com o grupo LHD. Na tarefa de FVS os resultados
foram semelhantes, mas no número de clusters tanto LHD como LHE obtiveram desempenho
inferior ao do grupo CT (p<0,05). Conclui-se que LHE prejudica o desempenho em ambas
modalidades de FV e de estratégias de evocação. Já a LHD prejudica o uso de estratégias de
clustering em tarefas de FVS, possivelmente devido ao déficit no processamento léxico-
semântico. Verificar os componentes subjacentes ao desempenho torna-se importante para
melhor compreensão dos déficits e planejamento de estratégias de reabilitação.
A depressão implica grande impacto na vida de muitas pessoas, expressa por humor
deprimido, perda do interesse nas atividades diárias, perda ou ganho de peso, insônia ou
hipersonia, retardo ou agitação psicomotora, fadiga, sentimentos negativos e desvalia, perda
da concentração e ideias de morte. Pode provocar prejuízos no funcionamento cognitivo do
indivíduo, como: memória, atenção, funções executivas, etc. A memória pode estar
prejudicada, envolvendo principalmente pacientes com histórico de episódios recorrentes de
depressão. Esta alteração está relacionada à desregulação do eixo Hipotálamo-Hipófise-
Adrenal, atuando de forma adversa de hormônios. Apresentando dificuldade de
memorização, falta da evocação de reconhecimento de material verbal e não verbal. Há
ocorrência de fases mistas de manias envolvendo a memória episódica, dificuldade de
organização de significados na rede semântica. O estudo teve por objetivo explicar o
envolvimento do avanço da depressão aos processos cognitivos da memória. Realizou-se uma
revisão bibliográfica no período de 2015 a 2016 estabelecendo o critério de inclusão a data de
publicação das referências entre 2010 e 2016. Foram consultadas as bases de dados SciELO,
LILACS, Biblioteca Virtual em Saúde e DSM-5 (APA, 2014). Pacientes com transtorno
depressivo maior que apresentam episódios recorrentes depressivos, tem demostrado mais
possibilidade de manifestação de déficits cognitivos do que aos quais apresentam episódio
único. O comprometimento cognitivo desses pacientes pode ser reduzido, caso seja
proporcionado melhoria na vida diária com estratégias compensatórias e preservação de
possíveis danos futuros. Pacientes com depressão possuem prejuízo da memorização de
informações, pelo que o processamento da memória se torna desgastante, limitando a
eficiência na execução, porém, não é a diminuição do material lembrado, sendo muitas destas
envolvidos a processos automáticos. Aspectos em torno dos transtornos de humor, incluindo
a pesquisa clínica têm sido encarados de forma positiva na busca de técnicas efetivas para o
diagnóstico, tratamento e prevenção de possíveis sequelas cognitivas.
A avaliação cognitiva de crianças com autismo tem sido realizada por medidas padronizadas
para a população normal. As especificidades do autismo são aspectos que influenciam o
desempenho destes em testes de inteligência tradicionais, dificultando uma avaliação mais
precisa. A elaboração desse instrumento tem como objetivo diminuir as carências na área da
avaliação cognitiva de crianças com autismo. Para a realização do instrumento utilizou-se a
Teoria Clássica dos Testes. Na primeira etapa foi definido o construto inteligência e o modelo
teórico utilizado. Na segunda etapa foi realizada a identificação das dimensões que compõe o
construto e sua operacionalização através de itens de tarefas com paradigma experimental. O
resultado desse estudo é a elaboração de um instrumento com a finalidade de avaliar a
inteligência de crianças autistas, com base nas dez dimensões do modelo de inteligência
CHC, sendo: Processamento Visual (tarefa de Construção e Percepção Visual); Memória de
Curto Prazo (Lista de Figuras e Baralho de Figuras); Velocidade de Processamento
(Completar Sequências); Conhecimento Quantitativo (Relógio e calendário, Conjunto e
Resolução de Problemas); Leitura e Escrita (Leitura de Palavras e Escrita de Palavras);
Inteligência Fluida (tarefa de Processamento Visuoespacial); Processamento Auditivo (tarefa
de Discriminação de Rimas); Inteligência Cristalizada (Associação Semântica e tarefa de
Atenção e Inferência); tarefa de Memória de Longo Prazo; tarefa Rapidez de Decisão. Para
avaliar competências além do que propõe o modelo CHC, foram elaboradas as tarefas de
Flexibilidade Cognitiva e do Labirinto. O instrumento passou por análise de juízes, com
parecer favorável. Essas tarefas são constituídas de estímulos pictoriais e sua manipulação
evita a execução em lápis e papel, possuindo instruções curtas e de fácil assimilação. O
modelo CHC apresentou convergência com as funções avaliadas indicando que a bateria
elaborada pode contribuir com a avaliação de componentes cognitivos mais específicos,
disponibilizando informações úteis sobre o perfil cognitivo desses indivíduos.
Introdução: A obesidade é uma das maiores causas de morte evitável. Estudos têm
demonstrado a associação desta condição com prejuízos neuropsicológicos. Os achados mais
consistentes referem, além de prejuízo na memória, associação de alto IMC a reduzidas
capacidades das funções executivas. Objetivo: Verificar se há alteração das funções
executivas após cirurgia bariátrica nos pacientes obesos. Comparar as funções executivas de
indivíduos obesos candidatos a cirurgia bariátrica ao desempenho de sujeitos de peso normal.
Método: Avaliação neuropsicológica dos sujeitos candidatos a cirurgia bariátrica pré e pós 6
meses da intervenção. Os sujeitos foram pareados em idade e grau de escolaridade com
sujeitos de peso normal. Os pacientes obesos não operados formaram o grupo controle na
avaliação das funções executivas, minimizando desta forma, o efeito aprendizado dos
testes neuropsicológicos. Foram utilizados os seguintes testes: Dígitos direto e indireto
WMS-III-Wechsler; Trail making, Stroop, MFFT, Figura de Rey, WSCT, IGT, RAVLT.
Resultados: Os sujeitos obesos testados antes da operação, se confrontados aos obesos
controle tiveram desempenho melhor no WCST (p<0.05) e MFFT (p<0.05). A amostra de
obesos operados em comparação aos magros apresentou pior perfomance nos testes de figura
de Rey (p<0.05) e WCST (p>0.05). Conclusão: Os sujeitos obesos que passaram pela
cirurgia, na avaliação pré-operatória, demonstraram melhor flexibilidade mental e menor
impulsividade ao responder questões quando comparados aos sujeitos obesos controle. Estas
podem ter sido medidas usadas intuitivamente na seleção médica daqueles pacientes que
teriam melhor capacidade de adaptação a uma nova realidade. Além disso, observou-se que,
em comparação aos magros, os sujeitos operados pioraram o planejamento após a cirurgia.
Esta piora pode ser explicada pelo "efeito guarda-chuva" esperado na cognição de sujeitos
obesos que passam por dietas restritivas e hipocalóricas. Considera-se que estes sujeitos
passam por uma piora cognitiva para em seguida melhorar seu desempenho.
Existem diversas evidências da existência de adultos com transtorno do espectro autista sem
diagnóstico. A ausência de identificação deste transtorno gera sofrimento psíquico como
estresse, depressão e episódios psicótico com auto e hétero agressão, bem como dificuldades
práticas como a inabilidade na inserção social e dificuldades na empregabilidade. Esse
quadro também é, muitas vezes, incompreensível para os que estão redor do autista,
sobrecarregando emocionalmente e financeiramente os familiares. O presente estudo teve
como objetivo a avaliação neuropsicológica de um paciente adulto do sexo masculino, de 38
anos, com queixa de dificuldade de socialização e de inserção em atividade laboral. Para isto
foi realizada entrevista inicial, avaliação neuropsicológica abrangendo as funções eficiência
intelectual, memória, atenção, funções executivas, linguagem, visuoconstrução, praxias e
percepção. Também foram avaliados aspectos comportamentais e de personalidade. Foi
utilizada a Escala de Quociente do Espectro de Autismo (AQ). Os principais resultados da
avaliação neuropsicológica apontam um desempenho na média superior para eficiência
intelectual, e desemprenho abaixo do esperado na memória episódica visual, atenção
sustentada, alternada e dividida, em velocidade de processamento e em fluência verbal
nominal. No AQ pontuou para transtorno autístico leve e na avaliação de personalidade com
o Inventário fatorial de Personalidade (IFP-II) demostrou nos fatores de segunda ordem
predominância das necessidades de controle e oposição sobre as necessidades afetivas e as
necessidades de ordem e organização. Os achados clínicos e da avaliação indicaram que o
paciente apresenta perfil neuropsicológico e comportamental característicos de Transtorno do
Espectro Autista sem comprometimento intelectual concomitante.
O acidente vascular encefálico (AVE) é uma das principais causas de morte ou incapacidades
no Brasil e no mundo, estimando 2 milhões de pessoas vítimas do acidente e 500 mil com
incapacidades graves. Nestes casos, a avaliação neuropsicológica é de fundamental
importância na investigação dos processos cognitivos do paciente, para identificação das
funções comprometidas e preservadas, buscando o auxílio no diagnóstico, prognóstico e
tratamento em Reabilitação. O AVE no hemisfério esquerdo está frequentemente associado a
déficits de linguagem e outros déficits cognitivos, como, por exemplo, a memória. Objetivos:
O presente estudo objetivou apresentar o perfil cognitivo de paciente do sexo masculino,
vítima de AVE em hemisfério esquerdo, apresentando afasia de expressão como sequela,
atendido no setor de neuropsicologia em ambulatório de reabilitação interdisciplinar no
interior do estado de São Paulo. Métodos: Paciente foi submetido a avaliação
neuropsicológica adaptada às suas condições de realização das tarefas, em atendimentos
semanais no setor de psicologia, utilizando-se instrumentos psicométricos e avaliação
ecológica. Resultados: Foram observados prejuízos em memória operacional e velocidade de
processamento; e memória visual, percepção viso espacial e raciocínio abstrato preservados.
Conclusão: O conhecimento da preservação da memória visual e do raciocínio, diagnosticado
pela avaliação neuropsicológica, permitiu melhor investimento na reabilitação interdisciplinar
do paciente, a exemplo: a estimulação do raciocínio tem influenciado positivamente na
melhora da velocidade de processamento, o que tem dado ao paciente possibilidades de voltar
a dirigir.
Resumo
O bilinguismo diz respeito à qualidade de um indivíduo que utiliza duas línguas
corriqueiramente para a comunicação. Na literatura são encontrados alguns efeitos dessa
condição no cenário cognitivo. Este trabalho teve por objetivo investigar as funções
cognitivas de um adolescente bilíngue - língua portuguesa e mandarim - de família chinesa,
com dificuldades importantes de aprendizagem e hipótese diagnóstica de deficiência
intelectual. Foi realizada uma avaliação neuropsicológica investigando a eficiência
intelectual, memória, atenção, funções executivas, habilidades percepto-motoras e espaciais,
aspectos afetivos, habilidades sociais e linguagem. Os resultados apontaram para uma
deficiência intelectual leve, contudo as funções de memória operacional, atencionais e de
controle inibitório encontravam-se ligeiramente preservadas, sugerindo que tal condição
atribui-se ao fator do bilinguismo. Foram encontrados na literatura, estudos mostrando que
pessoas bilíngues desenvolvem processos de controle ligados à memória operacional mais
rapidamente que monolíngues, devido à alternância dos códigos utilizados (linguagem).
Sendo assim, o achado do presente estudo corrobora com pesquisas encontradas. Não foram
encontrados estudos específicos com a população bilíngue apresentando deficiência
intelectual. De forma global, os estudos com bilíngues se referem à alternância de códigos,
memória operacional, e linguagem, enquanto os estudos com deficientes intelectuais em sua
maioria abordam aspectos educativos e inclusão. Sugerem-se estudos com essa população
vista à escassez desta temática na literatura.
A Mucopolissacaridose (MPS) é uma enfermidade genética causada pela falta da enzima alfa-
L-iduronidase. Trata-se de uma doença rara e difícil diagnóstico. O diagnóstico correto da
MPS pode propiciar melhor qualidade de vida aos pacientes, pois existem 07 tipos de MPS (I.
II, III, IV, V, VI, VII) que evoluem crônica e progressivamente, todas de natureza
multissistêmica e incluem: aumento do fígado e baço; deformidades ósseas; limitação
articular; face característica; infecções sucessivas do trato respiratório; hérnia umbilical e/ou
inguinal; problemas cardíacos; opacidade da córnea; apneia; e cabeça aumentada. Pode haver
ainda, o comprometimento do Sistema Nervoso Central (SNC), por se tratar de doença
degenerativa. OBJETIVO: Avaliar a cognição (inteligência, raciocínio, atenção, percepção) e
a qualidade de vida em crianças e adolescentes com MPS em um hospital público em
Manaus-AM, tratados com a enzima adequada foi o objetivo desta pesquisa. MÈTODO:
Aplicaram-se os testes NEUPSILIN e WHOQOL-Bref para mensurar aspectos cognitivos e
qualidade de vida, respectivamente. Foi necessário aderência do paciente e dos pais ou
responsáveis, por meio do TCLE, quanto ao fornecimento de dados à pesquisa. Tratou-se de
um estudo clínico descritivo e observacional que teve como universo 12 pacientes atendidos
entre junho a setembro/ 2016 que realizam tratamento enzimático. RESULTADOS: Dentre os
tipos de MPS avaliados (I, II, IV e VI), os pacientes que mais apresentaram prejuízos (ao
total 02) à cognição foram com MPS II (Síndrome de Hunter). Houve relatos por parte dos
cuidadores, de perdas funcionais e na aplicação do NEUPSILIN os pacientes apresentaram
baixo escore para as funções cognitivas e executivas. CONCLUSÃO: A avaliação
neuropsicológica auxilia a propor técnicas e estratégias para o tratamento da
mucopolissacaridose e podem ajudar a criança, adolescentes e responsáveis a lidar melhor
com a doença, auxiliando a melhora da qualidade de vida quanto à sociabilização e
aprendizagem.
79 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM DEPENDENTES QUÍMICOS DE
CUIABÁ – MT
Leite, Ariadine Ribeiro; Souza, Annelyse da Silva; Melo, Débora Adriano; Rodrigues,
Wellen Thaís da Silva; Bergamini, Gésica Borges.
As drogas psicoativas são substâncias químicas que agem principalmente no sistema nervoso
central, onde altera as funções cerebrais. As consequências causadas pelo uso de substâncias
psicoativas se retratam nos mais variados âmbitos da vida do ser humano, principalmente no
âmbito cognitivo na qual provoca alterações da consciência, do pensamento, a percepção da
realidade, memória e atenção. OBJETIVOS: Realizar avaliação com a Avaliação Rápida das
Funções Cognitivas – ARFC - em dependentes químicos em Cuiabá – MT. MÉTODO:
Através de um estudo de levantamento, avaliou-se 14 dependentes químicos, que estão
internados no centro de reabilitação. O critério de inclusão foi ter feito uso de alguma
substância química ilícita e concordar com os termos da presente pesquisa através de
assinatura do Termo de consentimento livre esclarecido (TCLE). A idade média dos sujeitos
foi de 34 anos (DP= 9). E o nível de escolaridade médio foi de 12 anos (DP= 2). Resultados:
Os dependentes químicos avaliados não tiveram um desempenho satisfatório no teste ARFC,
obtendo um resultado médio de 42,82 (DP= 2,68) em relação ao nível de escolaridade e
idade, demonstrando que esses sujeitos podem ter algum nível de comprometimento
cognitivo leve ou moderado, necessitando de uma avaliação mais ampla, uma vez que o
ARFC é considerado um teste de rastreio. CONCLUSÃO: Conclui-se que os dependentes
químicos de Cuiabá estão abaixo da média na Avaliação Rápida das Funções Cognitivas,
tendo danos significativos nas funções de atenção e memória.
Alterações na função cerebral de tomada de decisão (TD) tem sido associadas com
desenvolvimento da compulsão alimentar (CA). Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi
verificar se um teste de TD e perfis de ativação neuronal em áreas cerebrais específicas
(córtex pré-frontal, amígdala e hipocampo), poderiam ser relacionados a perfis de
comportamentos propenso (PRO) ou resistente (RES) para CA. Foram utilizados 16 ratos
Wistar no teste TD (5 PRO; 5 RES) e 32 para análise neuroquímica (8 controles; 8 PRO; 8
RES). Os animais foram classificados em PRO ou RES pelo maior ou menor consumo de
uma dieta palatável (Oreo®). O teste consiste de obstáculos (15, 20 e 25cm) e escaladas para
o consumo de uma grande recompensa (GR; 1 drágea de M&Ms), ou não se esforçar optando
pela pequena (¼). Após as fases de treinamento/testes os animais receberam acesso
intermitente à dieta palatável, sendo classificados em PRO e RES, com um reteste no final.
Para análise da ativação neuronal foi utilizada imunoistoquímica para proteína DeltaFosB.
Comparações foram realizadas através do teste ANOVA seguida do teste de Bonferroni
(GraphPad Prism 7.0), com p<0,05 e resultados em média+EPM. No teste de TD, a
porcentagem de escolhas para GR entre RES e PRO foi semelhante antes do oferecimento de
Oreo®, sem distinguir o perfil para compulsão alimentar. No reteste (após oferecimento de
Oreo®), os animais PRO tiveram diminuição nas escolhas pela GR em relação aos RES. Os
animais tratados com Oreo® (PRO/ RES) mostraram maior ativação no córtex pré e infra-
límbicos, núcleo accumbens, amígdalas central, medial e basomedial, e hipocampo no giro
denteado e CA1,3. Na comparação entre PRO e RES, o grupo PRO mostrou maior ativação
no núcleo accumbens em relação ao grupo RES, e este último maior ativação no córtex
cingulado e no hipocampo CA2 em relação ao grupo PRO.
Este trabalho tem como objetivo avaliar a percepção e atenção de crianças com queixas de
déficit de atenção e problemas de aprendizagem, a partir da análise de resultados dos testes
psicológicos Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA); Figuras Complexas de
Rey (FCR) e teste Gestáltico Visomotor de Bender (TGVB). O BPA avalia os três tipos de
atenção, atenção concentrada (AC); atenção dividida (AD) e atenção alternada (AA). O FCR
avalia as funções neuropsicológicas de percepção visual que busca compreender como o
sujeito percebe as informações visuais e as organiza visuoespacialmente. O TGVB avalia a
maturação perceptomotora. A amostra utilizada foi composta de seis crianças com idade entre
seis e dez anos. No teste FCR, as crianças tiveram uma média de escore de 9,1 e o desvio
padrão de 6,85. Todas elas obtiveram percentil menor ou igual a 20, o que é caracterizado
como inferior para sua faixa etária, No TGVB, os participantes tiveram ume escore com
média 16 e um desvio padrão der 3,46. Todos tiveram um percentil maior que 80 que indica
uma grande dificuldade na percepção visuoconstrutiva. Tais prejuízos na elaboração
perceptiva podem ocorrer por falta de aprendizado e treino ou por doença congênita ou
precoce do desenvolvimento intelectual. É importante ressaltar que um indivíduo com
dificuldade na codificação dos dados consequentemente terá complicações no
armazenamento dos mesmos, causando problemas na aprendizagem.
Grande parte dos testes neuropsicológicos são produzidos na língua inglesa e necessitam de
adaptação. O instrumento Boston Naming Test (BNT), avalia a capacidade de nomeação por
confronto visual, frequentemente utilizado na avaliação neuropsicológica da linguagem. A
adaptação transcultural é um processo complexo e fatores socioculturais podem influenciar
no desempenho do sujeito avaliado. Neste processo, deve-se considerar a familiaridade dos
itens em diversas populações do mesmo país, devido às diferenças culturais. O objetivo deste
trabalho foi identificar os itens com maior percentual de erro em pacientes avaliados com o
BNT completo, em um hospital escola do interior de São Paulo. Foram selecionados 30
prontuários de pacientes, com diagnóstico de epilepsia, conforme protocolo do serviço de
neuropsicologia, entre janeiro a outubro de 2016. Sendo retirado apenas o referido teste para
análise quantitativa e percentual. A amostra foi composta por 20 homens e 10 mulheres, com
idade M=33,5 13,08, a maioria procedente do interior de 8 estados brasileiros. Metade dos
sujeitos possuíam até 8 anos de estudo e a outra metade até 15 anos. Os itens que
apresentaram maior percentual de erro foram: gaita (56,6%), cactus (53,3%), lupa (76,6%),
pão de açúcar (70%), estribo (60%), treliça (66,6%) e ampulheta (96,6%). A baixa
escolaridade pode estar associada a dificuldades visuoperceptuais, influenciando o
desempenho no teste. Apesar dos sujeitos possuírem pelo menos oito anos de estudo,
observou-se alto índice de erros nos itens supracitados. Chama-se atenção que fatores
socioculturais, históricos e geográficos podem influenciar no repertório lexical. Deste modo
os erros podem estar relacionados a pouca familiaridade dos itens pela população avaliada e
não necessariamente aos anos de escolaridade. Portanto, sugere-se pesquisa com maior
número de participantes para uma análise qualitativa do teste, e assim, possibilitar uma
adaptação que considere as questões socioculturais da população brasileira.
Diabetes Insípidus Nefrogênica é uma doença genética que pode levar à danos neurológicos,
como deficiência intelectual e atraso no desenvolvimento. Contudo, pode aparecer em
comorbidade com outras patologias, com dificuldades quanto ao diagnóstico da co-
ocorrência. O objetivo deste estudo é descrever as características neuropsicológicas de um
caso de Diabetes Insípidus Nefrogênica com hipótese diagnóstica de Transtorno do Espectro
do Autismo. Foi avaliado um menino de 5 anos, com diagnóstico de Diabetes Insípidus
Nefrogênica antes do primeiro ano de vida, mantendo regulação hídrica. Foram utilizadas:
entrevista clínica, Escala de Traços Autísticos (ATA), Childhood Autism Rating Scale –
Versão Português, Escala de Maturidade Social Vineland, Teste de Denver II, Teste de Cópia
e de Reprodução de Figuras Geométricas Complexas, Escala de Maturidade Mental
Colúmbia, Teste de Fluência Verbal, Token Test. A pontuação na ATA e CARS
correspondem a Autismo Infantil. Na escala Vineland obtém um coeficiente social
correspondente a três anos. Na triagem de desenvolvimento Denver obtém desempenho
correspondente a 80% na área pessoal social, 89% no motor fino-adaptativo, 89% na
linguagem e 78% no motor grosso. Na avaliação de visuoconstrução pontua percentil 20 e na
recuperação mnemônica percentil inferior a 10. Eficiência intelectual não verbal situa-se no
percentil 67. Compreensão verbal abaixo do esperado e fluência verbal adequada. Essas
características sugerem potencial cognitivo preservado, com disfunções específicas na
visuoconstrução, memória visual, compreensão verbal, desenvolvimento pessoal-social e
motor. Os dados sugerem disfunções específicas e não condizentes com alterações
decorrentes da Diabetes, sugerindo possível comorbidade com Transtorno do Espectro do
Autismo. Dessa forma, a avaliação neuropsicológica é uma ferramenta importante para
contribuir para o diagnóstico diferencial e identificação de comorbidades.
A coerência local é caracterizada pela produção de inferências entre uma sentença e outra a
partir da leitura de um texto . Aplicou-se o Local Coherence Inferen - ce Test, traduzido para a
língua portuguesa, em 40 crianças normais do ensino fun - damental, de 10 a 13 anos, com o
objetivo de avaliar o desempenho delas . Considera- ram-se o número de acertos e o tempo
gasto na realização do teste , e avaliaram-se os seguintes aspectos : quociente intelectual (QI),
idade e nível escolar . Os resultados mos- traram que a escolaridade e a idade se
correlacionam significativamente com o maior número de acertos e a velocidade de execução
do teste. O nível intelectual se corre - lacionou significativamente com o número de acertos ,
porém não houve correlação significativa en tre QI e velocidade na execução do teste . Este
estudo contribui para o entendimento do processo de coerência local e sugere pesquisas
posteriores nessa área , como a elaboração de um instrumento que avalie mais processos
específicos en- volvidos na compreensão textual.
Introdução: A percepção de problemas de memória pode ter implicações para a vida para
mulheres grávidas. Evidências científicas consideram que a gravidez possui impactos na
memória de longo prazo declarativa. Estudos referem que existe diferença entre a informação
codificada verbalmente e visualmente; do ponto de vista evolutivo, gestantes necessitariam de
esquemas de memória visual mais preservados em comparação com a memória verbal, no
entanto, há uma lacuna na literatura em relação a comparação desses dois tipos de memória
em mulheres grávidas. Desta forma o objetivo do presente trabalho foi de avaliar se existe
diferença entre esquemas de memória episódica visual e verbal. Método: foram recrutadas 30
gestantes de alto risco, sendo 07 com Hipotireoidismo, 08 com Diabetes Gestacional, 14 com
Hipertensão e 01 com HIV. A idade média de 33 anos (DP=6,18), 67% das participantes
possuía segundo grau completo. Realizou-se apenas uma sessão, e os instrumentos utilizados
foram: Hopkins Verbal Learning Test (HVLT) que avalia memória verbal e “Brief Visual
Memory Test” (BVMT –R) que avalia memória visuo–espacial. Resultados: Utilizou-se o
Teste t para duas amostras, observou-se que há diferença entre a recordação imediata de
memória visual e memória verbal (p=0,000039), esta diferença permanece na recordação
tardia com vantagem da memória visual em relação à verbal (p=0,0098). Conclusão: Conclui-
se que a memória episódica de evocação visual se mostrou mais representativa quando
comparado com a memória verbal. Tal desempenho pode estar relacionado ao recurso de
utilização das vias visuais e motoras que exigiu uma habilidade grafo-motora, visuo-
construção e planejamento na evocação visual. Conclui-se que a memória visual possui efeito
facilitador em relação à codificação de esquemas verbais. Pode-se inferir que tal resultado
esteja relacionado com a complexidade da tarefa (BVMT mais simples que HVLT) ou que
exista uma melhor codificação visual em gestantes. Fato que facilitaria a adaptação ao meio,
uma vez que, guardar informações de caráter visual pode ser imprescindível em situações de
resposta ambiental. Entretanto, há necessidade de mais pesquisas que priorizem estudos e
análises funcionais, em relação às dificuldades de memória relacionadas à gravidez.
Introdução: A doença de Alzheimer (DA) cursa com alterações de comunicação que podem
chegar ao mutismo. Os procedimentos terapêuticos para reduzir as dificuldades de
comunicação dependem do tipo de alteração: distúrbios fonético-motores, como apraxia de
fala, ou linguísticos, como afasia. A terapia da afasia se distingue da apraxia de fala. Assim, a
identificação das manifestações da apraxia de fala e das parafasias fonêmicas da afasia é
fundamental para compreender os aspectos relacionados às alterações de comunicação e para
determinar o planejamento terapêutico. Objetivo: Identificar a distribuição das manifestações
fonético-fonológicas em idosos com DA e saudáveis e verificar se as manifestações indicam
a origem da alteração na DA, fonético-motora, fonológico-linguística ou ambas. Método:
estudo transversal que incluiu 90 pacientes com DA e 30 idosos voluntários saudáveis. Todos
foram submetidos à avaliação fonética e fonológica baseada na classificação atual das
manifestações que distinguem características exclusivas da apraxia de fala e outras exclusivas
da afasia. Análises por regressão binomial negativa foram utilizadas para comparar a
quantidade de manifestações apresentadas pelos dois grupos. Resultados: Das nove
manifestações que não ocorreram na fala dos idosos saudáveis, as frequências de substituição
de vogal e consoante (Teste exato de Fisher, p<0.001), intervalo prolongado (p=0.003),
prolongamento de vogal (p<0.001), substituição distorcida (p=.036) e adição (p=0.003) foram
significativamente maiores na DA. Em relação à quantidade das manifestações apresentadas
pelos dois grupos, pacientes com DA apresentaram significativamente mais manifestações de
afasia (autocorreção, RM 2.6, 95% IC (RM) 1.1; 11.8, p=0.007) e de apraxia ou afasia
(distorção, RM 4.1, 95% IC (RM) 2.8; 9.6, p<0.001, omissão, RM 6.9, 95% IC (RM) 3.3;
19.2, p<0.001, e ensaio em sílaba, RM 6.5, 95% IC (RM) 1.8; 32.5, p=0.036). Conclusão:
Idosos com DA apresentaram alteração fonético-fonológica da afasia e da apraxia de fala.
Assim, a terapia deve abranger tanto estratégias fonológico-linguísticas como fonético-
motoras.
98 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS EFEITOS DA NEUROMODULAÇÃO POR
ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA (tDCS) DO
TIPO CATÓDICA NO COMPORTAMENTO E NA ATIVIDADE
ELETROENCEFALOGRÁFICA DE UNIVERSITÁRIOS NO TESTE DE TEMPO DE
REAÇÃO
Santos, Priscilla Magalhães; Costa, Vanessa Ferreira; Paniago, Cássia Karolina; Sá, Ana
Garcia, Soraya Lage; Brasil-Neto, Joaquim Pereira; Tavares, Maria Clotilde H.
Introdução: A interação entre pais e filhos constitui o relacionamento mais intenso da criança
na infância e, com isso, as práticas educativas parentais contribuem para o seu
desenvolvimento afetivo e cognitivo. Esses aspectos relacionais tornam-se ainda mais
importantes em famílias de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH), pois, com frequência, estas crianças apresentam déficits nas funções executivas,
sendo mais dependentes do feedback e monitoração de seus pais para balizarem seus
comportamentos. Objetivo: O objetivo do trabalho foi correlacionar práticas educativas
parentais com desempenho em funções executivas de crianças com diagnóstico de TDAH.
Método: Os participantes foram selecionados de um protocolo de avaliação neuropsicológica,
comportamental e clínica para crianças e adolescentes com queixa de desatenção e
hiperatividade. A amostra foi composta por 26 participantes entre 6 e 16 anos, diagnosticados
com TDAH, e seus respectivos responsáveis. Foram aplicados o Inventário de Estilos
Parentais (IEP), o Teste de Classificação de Cartas Wisconsin (WCST) e o Conners’
Continuous Performance Test II (CPT-II). Foram realizadas análises de correlações de
Spearman entre os escores do IEP e os escores padronizados dos testes cognitivos.
Resultados: Verificou-se que o uso de práticas parentais positivas se associou
significativamente a menores pontuações em diversos indicadores de prejuízo no WCST
(respostas perseverativas, por exemplo) e no CPT-II (erros por comissões, por exemplo), ao
passo que o uso de práticas negativas se correlacionou com pior desempenho nestas tarefas
cognitivas, apesar de algumas exceções em que algumas práticas negativas foram
correlacionadas com melhor desempenho cognitivo, mas com alto custo emocional.
Conclusão: Com isso, esforços no sentido de compreender melhor a dinâmica familiar de
crianças com TDAH devem ser valorizados, pois dessa forma contribui-se para o
desenvolvimento de programas preventivos e interventivos focados nos pais de crianças com
o transtorno, como, por exemplo, treino de práticas parentais.
Atualmente vivemos numa era de popularização do uso da internet a qual se faz presente na
rotina das pessoas de forma intensa e isso acarreta mudanças comportamentais que podem
configurar um uso abusivo desta ferramenta. Assim, percebeu-se a necessidade de traçar um
panorama deste potencial transtorno a fim de analisar o uso problemático de internet no que
tange o detrimento das relações e prejuízos acadêmicos e no trabalho, dando base para a
elaboração de técnicas terapêuticas eficientes. Para isso, uma amostra de 90 pessoas
selecionada por conveniência dos pesquisadores respondeu a um questionário online
composto pelo Internet Addiction Test (IAT) e questões sociodemográficas. Os resultados
obtidos demonstram que, 48,5% das mulheres avaliadas apresentam algum grau de
dependência entre leve e moderada enquanto no sexo masculino, este número é de 54,2%. A
partir dos dados, também é possível construir um perfil médio de uso de internet do
universitário onde as mulheres exibem maior preferência por redes sociais e homens
demonstram consumir mais jogos. Índices baixos nas respostas que relacionam uso da
internet à vida social podem sugerir que esta dimensão do cotidiano dos sujeitos não seja tão
comprometida em consequência do uso da ferramenta, já as questões que exploram a
produtividade no trabalho obtiveram resultados superiores. Além disso, 76% da amostra
declarou que o uso de internet prejudicou seu desempenho acadêmico em algum nível. É
importante ressaltar que em alguns casos, o questionário sociodemográfico apresentou
discrepâncias em relação às respostas do IAT, onde perguntas a respeito do uso de internet
demonstraram um possível uso problemático não captado pelo teste. O prejuízo visualizado
nos fatores acadêmicos e do trabalho sugere que o uso patológico de internet aponta para uma
necessidade de elaboração de estratégias terapêuticas que auxiliem estes universitários com
relação a este potencial transtorno.
A similaridade fonológica tem sido estudada desde a década de 1970, tendo contribuído de
maneira essencial para a composição do Modelo Multi-Componente de memória de trabalho
proposto por Baddeley e colaboradores (Baddeley, 2010). Desde então, inúmeros trabalhos
têm se dedicado ao estudo da similaridade visual, sem, entretanto, chegar a um consenso
sobre a natureza de seu efeito sobre o desempenho em tarefas de reconhecimento/recordação.
Neste trabalho temos dois objetivos principais. Primeiro, buscar um procedimento único de
avaliação da similaridade; segundo, identificar o estágio de processamento no qual a
similaridade atua. Foi realizado um experimento inicial de avaliação de similaridade (10
participantes) para determinar a validade da classificação dos estímulos a serem utilizados no
Experimento 2. Tal classificação era composta de nove grupos de letras tipográficas, cada
grupo contendo dez fontes diferentes; as letras pertencentes ao mesmo grupo foram
consideradas “Similares” e as de grupos diferentes, “Dissimilares”. A validação da
classificação dos estímulos (p<0,001) permitiu a continuidade do trabalho proposto. Assim,
no segundo Experimento (16 participantes), as provas foram divididas em dois blocos
(intervalos de retenção curto e longo), entre quatro condições: Similar-Similar, Similar-
Dissimilar, Dissimilar-Similar e Dissimilar-Dissimilar. O desempenho demonstrou ser
superior na condição Similar-Dissimilar quando comparado às demais, não havendo
diferenças significativas entre os intervalos de retenção. A análise do tempo de resposta (TR)
apresentou diferenças significativas tanto entre os níveis de similaridade como nos intervalos
de retenção, com TRs menores na condição Similar-Dissimilar e no intervalo de retenção
curto. Uma hipótese para tais resultados é que possivelmente houve um agrupamento para
memorização, de forma que ao apresentar um conjunto de estímulos totalmente distintos na
recuperação, os participantes tenham escolhido aquele mais semelhante ao conjunto
memorizado. Além disso, TRs maiores em intervalos longos podem representar um
decaimento mais acentuado da informação armazenada ao longo do intervalo de retenção.
A influência dos comportamentos infantis é um fator relevante para a saúde mental do núcleo
familiar e, portanto, para o alcance de um melhor desenvolvimento psicossocial e cognitivo
da criança. Na literatura, os diagnósticos de Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) e
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças têm sido
extensamente associados a um aumento nos níveis de ansiedade e depressão das mães.
Objetivo: Verificar a relação entre o comportamento de desatenção e/ou
hiperatividade/impulsividade e do comportamento opositor das crianças com os níveis de
ansiedade e depressão das mães. Participaram desse estudo 86 sujeitos, sendo 43 crianças de
6 a 15 anos, todas com diagnóstico comórbido de TDAH e TOD e suas mães (idades entre 26
e 48 anos). O Inventário de Depressão de Beck (BDI) foi utilizado para identificar os
sintomas de depressão nas mães por meio do autorrelato e ansiedade foi medida pelo
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE). Como resultado, houve uma correlação
moderada (0,373, p= 0,025) entre os sintomas de hiperatividade da criança e a ansiedade-
estado das mães. Com relação aos efeitos da desatenção e dos sintomas opositores da criança
com a ansiedade das mães, assim como no que concerte aos sintomas de depressão nas mães,
a correlação não foi significativa. Concluímos com esse estudo que a influência dos sintomas
externalizantes aparece ao observarmos a correlação entre a hiperatividade dos filhos e a
ansiedade-estado das mães, o que pode ser explicado pela tensão causada por situações
sociais, por exemplo. Assim, fatores psicossociais demonstram relevância quando se trata da
saúde mental das mães das crianças com TDAH. Portanto, com orientação e atenção
psicológica à estrutura familiar de uma forma integrada, intervindo através de técnicas já
reconhecidas tais como a Terapia Cognitivo-Comportamental, as consequências pessoais e
sociais do TDAH e do TOD podem ser amenizadas.
Introdução: estudos recentes atestam como segura a prática de exercícios físicos por
gestantes, contrariamente a uma visão que os contraindicava para essa população, pois
acreditava-se que os riscos seriam mais incidentes que os benefícios. Contudo, pouco foi
investigado acerca dos efeitos psicofisiológicos desses exercícios sobre a qualidade do sono
de gestantes, vide a importância desse elemento vital. Objetivos: comparar o perfil do sono de
gestantes ativas e sedentárias (experimento 1) e; verificar os efeitos agudos de uma sessão de
hidroginástica de 30 min sobre a qualidade do sono de gestantes sedentárias (experimento 2).
Método: cinco gestantes sedentárias e 10 ativas, entre a XVI e a XXXIV semanas de
gestação, responderam voluntariamente o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, por
meio desse instrumento foram delimitados parâmetros psicofisiológicos do sono (subfatores):
qualidade, latência, duração, sonolência, distúrbios e dependência de medicamentos.
Resultados: no experimento 1 constatou-se que as sedentárias apresentaram maior incidência
de distúrbios de sono (p = 0,011), insônia por exemplo. Enquanto que no experimento 2,
houve alteração positiva na qualidade do sono (p = 0,046) e nos distúrbios de sono (p =
0,012), sendo que nenhuma alteração foi identificada nos demais subfatores. Conclusão: os
achados demonstram efeitos positivos e parciais do exercício sobre a qualidade do sono,
sendo bastante relevante o efeito agudo de uma única sessão de hidroginástica sobre a
qualidade do sono das sedentárias. Em especial, se considerado que a privação do sono
contribui para um aumento da manifestação do cansaço diário, o que dificulta a realização
das atividades do cotidiano por minimizar os efeitos restauradores do repouso.
Nos dias atuais a sociedade vem cada vez mais sendo acometida de uma série de sintomas
que resultam em depressão, que de acordo com os graus de complexidade causam muito
sofrimento para o indivíduo e todos os que estão a sua volta, e muitas vezes levando ao
afastamento do trabalho, e até ao suicídio. A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é
uma das abordagens que mais apresenta alternativas de técnicas para melhor tratar a
depressão. Esta pesquisa buscou identificar a eficácia da intervenção da terapia cognitivo
comportamental em quadros de depressão, sob a ótica de terapeutas. Para isto foi realizada
pesquisa qualitativa com entrevistas semiestruturadas com três terapeutas especialistas na
área de TCC abordando os conhecimentos e experiências vivenciadas com seus pacientes no
tratamento da depressão e a eficácia das técnicas aplicadas. Os resultados mostraram que para
o tratamento da depressão deve-se considerar os fatores psicológicos e biológicos, pois o
indivíduo pode apresentar uma predisposição genética que pode desencadear na depressão.
Só o psicológico não dá suporte, o ideal é a terapia em conjunto com psicofármacos. A TCC
utiliza-se para diagnóstico de conceituação e mapeamento das situações e dos pensamentos
para verificar como os pacientes funcionam e como suas crenças estão estruturadas. É
necessário adequar as técnicas para a necessidade de cada indivíduo. O indicado é averiguar a
função das crenças centrais antes da intervenção para modificação de comportamentos e só
depois trabalhar para diminuição do sofrimento do paciente. A reincidência sempre
acontecerá, só que a ativação das crenças centrais será mais fraca e o indivíduo reconhecerá
os sintomas e saberá como se comportar. Conclui-se que a TCC apresenta resultados
significativos no tratamento de pacientes com quadro de depressão, pois a curto e médio
prazo os pacientes mostram uma melhora gradual dos sintomas, embora alguns possam ter
recaídas com menor intensidade.
Introdução: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no último ano, o Brasil tem
vivido uma epidemia de Zika vírus. Sua relação com a microcefalia e outras alterações
neurológicas na prole de gestantes contaminadas pelo vírus levou a OMS a convocar reuniões
de emergência, decretando a infecção por Zika vírus como um problema relevante de saúde
pública. Estima-se mais de 5.000 casos de microcefalia relacionados ao vírus. Trata-se de um
cenário de incertezas, caracterizado por um prognóstico indeterminado. Nesse contexto,
gestantes que antes vivenciaram o medo de ter um bebê com microcefalia, hoje, não têm
consciência sobre o futuro desenvolvimento de seus filhos. Vivenciam muitas perguntas sem
respostas, tendo que encarar o luto da perda de um bebê idealizado. Muitas vezes, sentem-se
incapazes de lidar com um ser tão frágil. Para completar, vêem seus bebês passando por
procedimentos invasivos. Objetivos: Diante disso, o presente estudo visou investigar a
prevalência de estresse nessas mães, bem como em qual fase elas se encontram (alerta,
resistência, quase exaustão, exaustão). Método: Para tanto, 21 mães de bebês com
microcefalia foram convidadas para responderem o Inventário de Sintomas de Stress para
Adultos de Lipp (ISLL). O instrumento avalia se o participante apresenta ou não estresse, o
estágio em que ele se encontra e o tipo de sintomas predominantes (físico ou psicológico).
Resultados: 80% das mães apresentaram estresse. Destas, 70,59% estão na fase de resistência,
caracterizada pela queda da produtividade e aumento da vulnerabilidade a doenças; cerca de
17,65% estão na fase de exaustão, a qual é patológica. Além disso, há um predomínio de
sintomas psicológicos em 88% dessas mães. Conclusão: Tais achados ressaltam a
necessidade de intervenção psicológica.
A Doença de Parkinson (DP) é uma doença que tem como principal fator fisiológico a
diminuição de dopamina produzida na substância nigra. A saber, a dopamina é um
neurotransmissor responsável pela regulação do humor, além do controle motor; sendo esse
um dos critérios de diagnóstico da DP. Desta forma, é possível que pacientes com DP
apresentem depressão ou Transtorno de Depressão Maior (TDM) diante do seu estilo de vida,
evolução da DP e outros. Esse trabalho tem como objetivo apresentar o transtorno de
depressão maior em uma paciente portadora de DP. A princípio com o parecer do comitê de
ética de pesquisa (nº 1,082,156) solicitamos que a paciente assinasse o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Dado isso, foi iniciado o preenchimento do
questionário desenvolvido pelos pesquisadores que contém: idade, género, etnia e outros
além da Escala de Depressão Geriatria- Abreviado (GDS-15). Diante da aplicação do GDS-
15 na paciente exposta, a mesma apresentou em 15 questões pontuação maior que 5 pontos,
ou seja, (11>5 pontos), o que se faz possível caracterizar a mesma com TDM, porém, para
fidedignidade deste diagnóstico, utilizamos a entrevista e comparamos com os critérios de
diagnóstico do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais-5 (DSM-5), visto
que, são necessários 5 critérios de 9 apresentados no DSM-5 para diagnóstico do TDM e, no
caso, a paciente apresentou 6 itens. Diante do exposto, percebemos que pacientes portadores
de DP possam apresentar alguns critérios que lhe encaminham para TDM, mas alguns fatores
bastante essenciais podem retardar o acometido desta. Ou seja, pacientes com apoio familiar
e que aceitam a patologia pode retardar o acometimento da TDM, que não é o caso da
paciente estudada, uma vez que essa reside só, não tem apoio de amigos e familiares e passou
de um indivíduo ativo para passivo, fazendo com que tenha uma perda significativa no seu
dia-a-dia.
O desgaste emocional e físico que policiais militares são submetidos, tanto as falhas no
trabalho como as demandas que isto impõe podem criar condições favoráveis para o uso de
drogas socialmente aceitas, como álcool, os tranquilizantes e o tabaco. Este estudo tem como
foco os fatores que levam policiais militares ao uso abusivo de álcool levando em
consideração a influência de vários elementos negativos que podem gerar estresse na rotina
militar. Assim, buscou-se investigar as variáveis que influenciam o alcoolismo em policiais
militares em reabilitação. Para isto, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa com a
realização de grupo focal com 10 Policiais Militares do sexo masculino, internados em uma
clínica de reabilitação por abuso de álcool e entrevista semiestruturada com 01 psicóloga
clínica que atua com estes Policiais Militares em grupos terapêuticos. Os resultados
mostraram que o enfrentamento da violência diária que esses indivíduos são submetidos, a
cultura interna da Polícia Militar sobre a influência dos superiores numa escala hierárquica, o
incentivo do comércio, principalmente de bebidas alcoólicas que fornece bebidas, numa troca
de serviços e a carga horária exaustiva e estressante do trabalho, criam condições para o
consumo do álcool trazendo um suposto bem-estar e tranquilidade momentânea. 90% dos
participantes começaram o uso/abuso de álcool após entrar na Polícia Militar. A maioria por
influência da cultura interna dentro da corporação da polícia Militar. Outro dado relevante diz
respeito ao uso cruzado de drogas ilícitas para mascarar o efeito do álcool. Assim, afere-se
que as possíveis causas do abuso de álcool por policiais militares são combinações de fatores
individuais, organizacionais e sociais em que há exigência de inúmeros sacrifícios, incluindo
o da própria vida, em prol do outro, além da responsabilidade de serem “heróis” e
responsáveis por manter o bem-estar público, mantendo sempre o controle, tranquilidade,
para suprir essas expectativas.
O teste de Stroop consiste em um teste neuropsicológico clássico para avaliação das Funções
Executivas, tradicionalmente composto pelas etapas congruente (EC) e incongruente (EI).
Mesmo em sujeitos jovens e hígidos, costuma verificar-se a existência do efeito Stroop em EI
(aumento no tempo de reação-TR). Estudos recentes demonstraram uma intensificação nesse
efeito para palavras ameaçadoras/negativas em pessoas com sintomas de ansiedade. O
objetivo do presente estudo foi investigar se tal efeito seria replicado em universitários
saudáveis ao se acrescentar estímulos neutros e emocionais positivos. Foram avaliados 32
universitários (17 mulheres, média de idade: 20,9 anos, DP: 2,9) utilizando-se uma versão
adaptada de palavras emocionais do teste de Stroop. A primeira etapa foi congruente, sendo a
ordem das etapas incongruente e emocional (EE) contrabalanceada entre os sujeitos. As
palavras utilizadas em EE foram selecionadas da versão brasileira do Affective Norms for
English Words (ANEW-Br), de acordo com seu comprimento e níveis de valência e
alertamento. O desempenho dos sujeitos foi mensurado por meio da taxa de acertos (TA) e do
TR em cada etapa. A análise de variâncias revelou uma TA significativamente maior em EC
comparado com EI (p<0,05) e TR significativamente maior em EE e EI em relação à EC
(EC<EE,p<0,05; EC<EI;p<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas no TR
entre EI e EE (EI>EE;p>0,05). A EE apresentou apenas o efeito de Stroop, sem alterar a TA
dos sujeitos. Tais resultados sugerem dificuldade intermediária, aumentando o tempo
necessário para a inibição da leitura da palavra, porém permitindo que os sujeitos
mantivessem uma TA elevada. Desta forma, os resultados encontrados corroboram a
importância da seleção cautelosa das palavras utilizadas em versões alternativas do teste de
Stroop. Estudos adicionais são necessários para confirmar tais achados preliminares.
Background: Little is known about the cognitive signature of bipolar disorder (BD) in elderly
brains. The neuropsychological features of depressive elderly with early-onset BD are largely
unknown. This issue is relevant because cognitive impairment can produce an additional
impact on the already compromised functionality of elderly with BD. The aim of this study is
to assess executive functions in the depressive phase of elderly outpatients with early-onset
BD. Methods: Forty nine elderly outpatients with early-onset BD were assessed with several
neuropsychological tests for executive function in the depressive phase of the disorder.
Results: Executive dysfunction is very common in old age bipolar depression.Thirteen
patients (26.5%) had a pseudodementia presentation.The worst performances were observed
in the following tests: Trail Making B, Stroop Test 3, Backwards Digit Span and Wisconsin
Card Sorting Test.
Este estudo consistiu em uma revisão sistemática cujo objetivo foi a análise da
heterogeneidade neuropsicológica, na doença de Alzheimer. Para tanto foram selecionados
artigos que utilizaram análise de cluster para identificar esses fenótipos cognitivos da doença
de Alzheimer. Após análise nas principais bases de dados, oito artigos preencheram os
critérios de elegibilidade do estudo. Esses artigos foram arduamente analisados e seus
resultados mostraram grande variabilidade fenotípica. Stopford et al., por exemplo, encontrou
13 clusters na doença, que variavam desde de leve dissociações nos domínios cognitivos a
severas dissociações. Por outro lado, Vardy et al. (2013) encontrou apenas 3 variações
fenotípicas. Dentre os achados que perpassam todos os artigos analisados está o fato do gene
APOE e4 está associado ao subtipo amnéstico da doença. Entender essa variabilidade
cognitiva é um dos primeiros passos para trazer mais benefícios para os tratamentos
comportamentais da doença de Alzheimer, além do desenvolvimento de novos fármacos.
Além disso, entender essas variações pode melhorar a acurácia diagnóstica e alterar os
parâmetros diagnósticos da doença.
Introdução: Funções Executivas (FEs) são processos conscientes, deliberados e de alta ordem
responsáveis pelo nosso comportamento direcionado à metas. As FEs consideradas nucleares
são o controle inibitório, a memória operacional e a flexibilidade cognitiva, que serviriam de
alicerce para outras funções cognitivas tais como planejamento, solução de problemas e
tomada de decisão. Uma forma de estimular a atividade cortical é a estimulação transcraniana
por corrente contínua (do inglês, transcranial direct current stimulation, tDCS). Existem
fortes evidências de que a tDCS pode influenciar positivamente o funcionamento cognitivo
de indivíduos. Objetivo: No presente estudo investigamos se esta técnica pode auxiliar na
performance das Funções Executivas e se esta melhora poderia influenciar em melhor tomada
de decisão da nossa amostra. Método: Este estudo duplo cego investigou 30 voluntários,
universitários, classificados em três grupos: estimulação no córtex pré fontal dorso lateral
(CPFDL) esquerdo, direito, ou grupo placebo. Participantes realizaram uma avaliação
neuropsicológica de funções executivas e inteligência fluida, seguida de uma estimulação por
tDCS e uma outra avaliação neuropsicológica. Resultados: Nossos resultados indicaram que
os participantes alocados ao grupo de estimulação do CPFDL esquerdo apresentaram
melhoras estatisticamente significativas em flexibilidade cognitiva, memória operacional
visuoespacial e controle inibitório em relação aos grupos de estimulação do CPFDL direito e
placebo. Nenhum dos grupos apresentou melhora no processo de tomada de decisão afetiva.
Conclusão: Nossos resultados provém evidências de que, apesar das limitações do tipo de
tDCS utilizada neste estudo, é possível que existam melhoras nas Funções Executivas
nucleares. Mesmo essa melhora ter sido significativa, pode ainda não ter impacto na tomada
de decisão afetiva da amostra investigada apesar de evidências recentes indicarem que um
outra forma de tDCS pode ser utilizada para tal finalidade.
144 INFLUÊNCIA DA VIAGEM NA QUALIDADE DE SONO E ATENÇÃO EM
ATLETAS DE FUTEBOL UNIVERSITÁRIO DE NATAL-RN
de Almondes, Katie Moraes; da Cunha, George Klinger Barbalho; Ramirez, Pablo Valdez
O baixo rendimento escolar pode produzir impactos nas esferas individuais, familiares,
escolares e sociais das crianças. Para entender esse fenômeno, é necessário conhecer o
contexto familiar e o estabelecimento de práticas parentais, que podem atuar sobre o
desenvolvimento de mecanismos de auto regulação que influenciam o comportamento. O
presente estudo verificou o poder preditivo das variáveis familiares, como estilo parental e
clima familiar, e do comportamento sobre o desempenho escolar. Participaram da pesquisa
330 crianças de 6 a 11 anos (M = 8,21; DP = 1,49), do 1º ao 6º ano do ensino fundamental de
escolas públicas e particulares do município de Vitória da Conquista. Para avaliação do
desempenho escolar foi utilizado o Teste de Desempenho Escolar (TDE). O estilo parental foi
mensurado através do Inventário de Estilos Parentais (IEP), enquanto o Inventário de Clima
Familiar (ICF) foi utilizado para mensuração do clima do núcleo familiar. O Inventário de
Comportamentos da Infância e Adolescência Child Behavior Checklist (CBCL) foi utilizado
para avaliação dos perfis comportamentais das crianças. O tratamento estatístico foi realizado
através do software SPSS versão 22.0, utilizando-se da Regressão Linear Múltipla, método
stepwise. O desempenho acadêmico foi usado como variável dependente enquanto clima
familiar, estilo parental e comportamento internalizante e externalizante como variáveis
independentes. As análises demonstram que comportamento externalizante (β = - 0,322; p <
0,01), comportamento internalizante (β = 0,161; p < 0,01) e clima familiar negativo (β = -
0,120; p < 0,01) explicaram 8% (R² ajustado = 0,089) do desempenho escolar. Apesar da
importância das práticas parentais e do contexto familiar em que a criança se apresenta, o
comportamento infantil mostrou-se mais relevante para explicar o desempenho acadêmico.
Destaca-se então a importância de tais investigações para o contexto da neuropsicologia, uma
vez que problemas de comportamento podem indicar falhas nos mecanismos de auto
regulação.
Atualmente existem muitas crianças com intolerância às frustrações, essas crianças não
aceitam ouvir não, não seguem regras e não possuem limites, ao contrário, desejam impor
suas regras de não serem contrariadas e de obterem respostas imediatas. Os pais por sua vez
não sabem lidar com as atitudes de seus filhos e não conseguem falar não para os “nãos” das
crianças e acabam cedendo as suas vontades. A presente pesquisa propôs identificar as
variáveis dos comportamentos dos pais que influenciam os comportamentos desadaptativos
dos filhos. Foi realizada uma pesquisa quantitativa por meio de um questionário com
afirmações referentes aos comportamentos dos pais para com os filhos, aplicado em 100 pais
com idades variadas e com filho único em idade pré-escolar de 2 a 6 anos do Distrito Federal.
Os resultados mostraram que 75% dos participantes são do sexo feminino e 25% do sexo
masculino, as idades variam entre 17 e 49 anos. 30% dos entrevistados são solteiros e 45%
dos pais trabalham em horário integral. 14% dos pais tendem a discordar que é importante
não fazer tudo que os filhos querem, 38% afirmam que evitam ao máximo que seus filhos
sofram frustração, 27% dos pais acreditam que birra é coisa de criança e passa com o tempo.
10% dos participantes assumiram que chegam em casa cansados e por isso cedem as vontades
dos filhos. Conclui-se que evitar que o filho sofra frustração é algo presente na vida dos pais
pesquisados. Dizer não para os filhos não quer dizer que está sendo um pai/mãe ruim, dizer
não quando necessário ensina a criança que mesmo que seu desejo seja outro, regras e limites
existem e devem ser cumpridos. Compreender cada fase do desenvolvimento da criança,
agindo assertivamente quando necessário, promove o desenvolvimento emocional dos filhos
e o possibilita ser um adulto socialmente adaptado.
A partir da escuta da fala do emissor no processo de comunicação, o cego, que possui córtex
auditivo bem desenvolvido devido à plasticidade cerebral, consegue perceber informações
que vão além das ideias, pensamentos e conceitos expressos. O docente por meio da fala
transmite o conhecimento e ajuda o aluno cego a vencer suas limitações. A presente pesquisa
investigou, sob a perspectiva dos cegos, como a fala do docente interfere na aprendizagem,
motivação e interesse durante as aulas. Para isso, foi realizada pesquisa qualitativa com 10
entrevistas semiestruturadas com estudantes cegos do ensino superior em diversas áreas do
conhecimento, de ambos os sexos. Os resultados mostraram que os participantes possuem
idade média de 22,5 anos e estudam em oito instituições privadas do DF. Todos afirmaram
que é por meio do uso da voz que aprendem e se motivam a estudar. 80% consideram que
existem diferenças na voz do docente que interfere na aprendizagem, sendo que 40%
percebem pela velocidade e tom da voz do docente sua disponibilidade e vontade em ensiná-
los. Como interferências positivas da fala do docente citaram a descrição precisa dos
conteúdos, o tom de voz suave, cativante e empolgante. Como negativas a incapacidade de
explicar o conteúdo de outras formas e o descomprometimento em adaptar sua linguagem a
realidade do aluno. Como alternativas para a melhoria deste aprendizado, sugeriram o
planejamento das aulas com descrição e interpretação das imagens, diversificação da forma
de explanação e a utilização das técnicas de ensino para cegos. Conclui-se que para o
estudante cego a audição torna-se a principal porta de acesso a novas aprendizagens, sendo a
voz do docente o mediador entre este sujeito e o social que o cerca. Nesta perspectiva, a
interrelação entre audição e voz presente na interação de ensino-aprendizagem se tornam
elementos fundamentais para desenvolvimento acadêmico destes alunos.
O instrumento PCI tem sido utilizado em diferentes estudos com o objetivo de traçar o perfil
motivacional de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos com base nas respostas pessoais
quanto às suas aspirações e preocupações pessoais em diferentes áreas da vida (i.e. lazer,
finanças, trabalho, relacionamentos, entre outras). Com base nas respostas oferecidas pelos
sujeitos, que são avaliadas quanto a diferentes dimensões/categorias (i.e. o quanto esse
objetivo é algo que o sujeito deseja obter, o quanto de controle ele possuí,...), resultam dois
tipos de perfis: o “adaptativo” (quando os objetivos ou metas de um indivíduo são
considerados positivos e ele está comprometido em atingir esses objetivos) e o “não-
adaptativo” (quando há um déficit na estrutura motivacional de componentes necessários para
uma forte motivação em alcançar ou realizar o objetivo/meta). O objetivo deste trabalho foi
verificar a adequação de uma primeira tradução para o português do (PCI) e a aplicação do
instrumento em uma amostra de sujeitos brasileiros. Assim, foram feitas duas traduções
independentes do instrumento, que foram posteriormente comparadas a fim de se verificar a
adequação semântica e de estrutura de layout (análise de juízes). O segundo passo consistiu
em uma aplicação “piloto” da escala em um grupo de 20 voluntários (10 homens e 10
mulheres; 18-30 anos). Ao final da aplicação, foi realizada uma entrevista de modo a verificar
a percepção de cada sujeito quanto ao instrumento (adequação do idioma/linguagem, do
formato, e clareza das instruções), bem como das orientações fornecidas pelo aplicador. Os
resultados obtidos pela aplicação foram utilizados numa avaliação da versão em português,
sendo revistas as instruções (de aplicação e de preenchimento) e a adequação da tradução
para fins de uma melhor compreensão.
Memória de trabalho visual é definida por Baddeley, dentro de seu paradigma de memória,
como a capacidade de manutenção temporária de informação visual. Recentemente cunhou-
se o termo Binding para se compreender a capacidade visual de se juntar informações visuais
complexas (formas, cores e localização) na memória de trabalho. Objetivo: Realizar
levantamento bibliográfico nacional e internacional sobre binding na memória de trabalho em
crianças. Método: Consultou-se três bases de dados internacionais: BVS Saúde, Psyc INFO e
Pubmed, de todos os anos até o presente, usando as palavras-chave: short-term memory,
binding e children. A linguagem deveria ser inglês, português ou espanhol. Após a leitura dos
resumos dos artigos, foram descartados os que não falassem sobre binding em humanos.
Então, buscou-se realizar uma análise criteriosa a respeito da literatura apresentada até o
presente momento. Resultados: Em todas as bases de dados pesquisadas, foram encontrados
49 artigos no total (Pubmed: 29, Psyc INFO:3,BVS Saúde: 17), todos na língua inglesa. Não
foram encontrados artigos em português. Do total de artigos encontrados, ao separar as
duplicidades, restaram 34. Após a aplicação dos critérios de exclusão: retirando os trabalhos
que não falavam sobre humanos e os que versaram apenas sobre memória de trabalho,
restaram 16 estudos, sendo estes publicados nos últimos dez anos. Conclusão: O número de
estudos envolvendo a memória de trabalho espacial e o binding em crianças vem crescendo
nos últimos 10 anos, porém a produção ainda mostra-se tímida. Os estudos apontam para a
correlação entre binding, alterações genéticas e desempenho escolar, sugerindo perfil
cognitivo específico. Ao se buscar por estudos brasileiros, observou-se que estes ainda se
encontram inexistentes, indicando a importância de se desenvolver estudos no país, buscando
avaliar como o binding ocorre na população mundial e brasileira, assim como seus efeitos e
perfil cognitivo na população infantil.
Desde seu lançamento, os videogames têm atraído público e recebido diversas atualizações,
de modo que vêm chamando a atenção de diversos profissionais, com destaque para a área de
reabilitação e treino cognitivo. Assim, este estudo tem como objetivo verificar de que modo
os videogames têm sido usados no contexto do treino cognitivo, quais domínios cognitivos
são mais visados e quais são seus principais efeitos. Para tanto, foi feita uma revisão
bibliográfica de artigos que verificassem o uso do videogame no treino cognitivo, bem como
na reabilitação cognitiva. Os artigos foram coletados das bases de dados PubMed e
PsycINFO. Como resultados, foram encontrados 14 artigos e o principal domínio cognitivo
citado pelos autores foi o domínio das Funções Executivas. Além disso, verificou que 70,97%
das ocorrências indicaram benefícios do uso de videogame no contexto do treino cognitivo.
Desse modo, percebe-se um baixo número de pesquisas realizadas na área e um número
significativo de resultados que indicam o uso positivo do videogame no contexto cognitivo.
Introdução: A Interferência Retroativa (IR) ocorre quando novas informações interferem com
materiais aprendidos previamente, desregulando o processo de consolidação. Objetivo: O
presente estudo se propôs a investigar o quando o esforço cognitivo empreendido na
realização de diferentes tarefas pode afetar este processo. Métodos: Três experimentos foram
realizados, nos quais listas de palavras foram apresentadas a participantes e posteriormente
recordadas livremente após um intervalo de três minutos; durante os três minutos, os
participantes realizavam diferentes tarefas a depender do experimento (Geração Aleatória de
Números – lenta e rápida; Counting Span tasks em diversos níveis de carga cognitiva e uma
tarefa de Contagem simples). A pupila dos participantes foi recordada para medir o esforço
cognitivo durante a realização das tarefas. Resultados/Conclusão: Os nossos resultados
sugerem que o efeito do esforço cognitivo na consolidação da memória episódica parece
depender na efetividade de cada pessoa em manejar seus recursos cognitivos nas tarefas
realizadas. A sobrecarga cognitiva está intrinsecamente relacionada com a capacidade dos
indivíduos de manterem informações na Memória Operacional e este efeito sugere uma
estreita relação da capacidade dos indivíduos de manterem informações operacionais e
utilizarem seus recursos para consolidar esta informação, um “trade-off” que pode implicar
em novos direcionamentos para a psicologia cognitiva.
176 SUBSTRATOS NEURAIS DA APRENDIZAGEM IMPLÍCITA EM SUJEITOS
COM DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
Ardiles, Roseline Nascimento; de Custódio, Eda Marconi
A depressão é considerada a doença do século, e a cada dia mais pessoas desenvolvem este
quadro de sofrimento, que apresenta-se como uma tristeza absoluta, abatimento, falta ou
excesso de apetite, baixa autoestima e irritabilidade. O presente estudo teve o intuito de
demonstrar os benefícios da psicoterapia Analítico-Comportamental no tratamento de
pacientes em quadro de depressão. Para isso foi realizado uma pesquisa qualitativa com
elaboração de dois estudos de caso em 14 sessões cada um, ocorridas ao longo do primeiro
semestre de 2016 com dois pacientes da clínica-escola do Centro Universitário UDF, que
foram selecionados através de triagens feitas pelos alunos formandos do curso de Psicologia.
Os resultados obtidos ao final das sessões foram satisfatórios em ambos os pacientes,
possibilitando a identificação de mudanças acentuadas em alguns comportamentos
importantes para que cada um, em sua necessidade específica, começasse a apresentar
evolução no quadro depressivo. Os pacientes em questão finalizaram o processo terapêutico
com uma visão diferenciada das situações que estavam vivenciando e já conseguem distinguir
situações que os fazem ter recaídas e agir de forma diferente para que isto não mais aconteça.
Conclui-se com os presentes estudos de caso a efetividade da psicoterapia baseada na
abordagem analítico-comportamental, tendo em vista a melhora nos quadros depressivos dos
dois pacientes atendidos através de análises funcionais, definições de comportamentos a
serem alterados e atividades propostas para que tais alterações ocorressem, salientando a
necessidade de modificar situações que os colocavam em vulnerabilidade, onde cada um
deles a sua maneira conseguiu desenvolver-se bem e dentro das expectativas, controlando a
ansiedade e tomando decisões assertivas e producentes em relação as situações que lhes
causavam sofrimento. Foi possível desenvolver uma intervenção analítico comportamental de
forma coerente e eficaz para cada um dos casos, baseando-se nas diferenças sociais e
comportamentais de ambos os pacientes.
Há, no país, número ainda limitado de instrumentos disponíveis para avaliação da leitura e de
seus componentes. Um desses instrumentos é o Teste de Competência de Leitura de Palavras
e Pseudopalavras (TCLPP), publicado em 2010 e normatizado para estudantes da 1ª à 4ª série
(antigo sistema de séries), que avalia o reconhecimento de palavras (RP) por meio de
diferentes estratégias. Este estudo investigou o desempenho em RP ao longo do Ensino
Fundamental e o comparou com os dados normativos disponíveis do TCLPP. Participaram 57
estudantes do 1º ao 5º ano de uma escola pública, idades entre 6 e 11 anos, avaliados no
TCLPP. O teste possui 7 subtestes, cujo padrão de desempenho permite inferir as estratégias
de leitura utilizadas: palavras corretas regulares (CR) e irregulares (CI), palavras com trocas
semânticas (TS), visuais (TV), fonológicas (TF) e pseudopalavras homófonas (PH) e
estranhas (PE). Estatísticas descritivas mostraram desempenho crescente em função do nível
escolar no escore total. A mesma tendência foi observada nos subtestes, exceto para PH, com
maior flutuação, mantendo, porém, padrão de maior desempenho nos anos finais. Análise de
Wilcoxon, comparando os dados deste estudo (2º-5º anos) aos da amostra de normatização
(1ª- 4ª séries) não revelou diferença no escore total, porém diferenças significativas foram
observadas em CR, CI, TS, TF, PH e PE, com melhores desempenhos da amostra deste
estudo em CR e CI e melhor desempenho da amostra de normatização nos demais subtestes.
Essa diferença pode sugerir que a transposição de normas do sistema de séries ao atual
sistema de anos (1ªsérie = 2ºano e sucessivamente) parece não ser adequada. O resultado
sugere a necessidade de atualização das normas do teste no sentido de abarcar uma amostra
mais representativa e, sobretudo em termos de atualização ao sistema escolar de 9 anos.
Estudos estão em curso para suprir essa necessidade.
O modelo de integração neurovisceral proposto por Thayer aponta o córtex pré-frontal como
uma estrutura-chave da rede neural responsável pela regulação da variabilidade da frequência
cardíaca (HRV), um índice refletor da atividade vagal, medido pela variação do intervalo
entre batidas cardíacas. Nesta revisão sistemática, buscamos reunir as evidências científicas
da relação entre as medidas da HRV e o desempenho em tarefas que avaliam as funções
executivas. Para isto, seguimos as orientações propostas pelo PRISMA Statement. Três base
de dados foram utilizadas para pesquisa dos artigos, tais sendo “PsycINFO” (n = 38),
“PubMed” (n = 980) e “Web of Science” (n = 980), que retornaram 2108 artigos. 611
duplicatas foram encontradas, e então removidas. Na avaliação dos títulos e resumos, 1365
foram excluídos, resultando em 102 artigos, que tiveram seus textos integrais analisados
segundo os critérios pré-estabelecidos. Os resultados demonstram correlação entre a HRV e
funções executivas avaliadas por testes ou tarefas neuropsicológicas. Apesar disso, a
diversidade de métodos para testagem da HRV dificulta a comparação dos resultados.
Sugere-se que novos estudos sigam as instruções de medição da HRV da Task Force mais
rigorosamente, prezando pela viabilidade da comparação de seus resultados com outros
estudos sobre o tema. Também discute-se as implicações clínicas dos resultados.
Diante do atual cenário mundial, visualiza-se que as interações com o mundo são, em sua
maioria, mediadas pela tecnologia. Desde compras, transações bancárias, navegação e entre
outros, a era tecnológica tem moldado as formas de agir no cotidiano, onde, inclusive, novas
estratégias que se utilizam de jogos, aplicativos ou até mesmo aparelhagens mais sofisticadas
tem ganhado espaço no cenário terapêutico. Este trabalho tem como objetivo traçar um
panorama do uso de itens tecnológicos que estão sendo inseridos na clínica e evidenciar sua
eficiência nas práticas terapêuticas no tratamento de sujeitos com ansiedade. Para isso foi
realizada uma revisão sistemática da literatura, nas seguintes bases de dados: Psych Info,
Science Direct, Lilacs e PubMed, utilizando os descritores: anxiety, technology,
neuropsychology e therapeutic techniques. Foram encontrados 300.102 resultados, dos quais,
67 foram selecionados e 21 estavam de acordo com os critérios de inclusão da amostra.
Atualmente, entre as ferramentas utilizadas para tratamento de ansiedade, destacam-se
softwares como Cognitive Bias Modification (CBM), Internet-delivered transdiagnostic
cognitive behavioural therapy (iCBT). Além disso, é importante ressaltar o uso de ambientes
de realidade virtual e o uso de vídeo conferências. A partir da análise dos trabalhos foi
observado que o uso destas tecnologias no âmbito terapêutico já está bem difundido e
perpassa por diversas modalidades como o auto monitoramento, a psicoeducação, o
desenvolvimento de habilidades e o alcance de metas. Vê-se que os profissionais enxergam
este tipo de ferramenta com certo entusiasmo e os resultados de seu uso demonstram
qualidade significativa, quando comparada às terapias convencionais. Além disso, este tipo
de estratégia pode agregar mais rapidez e facilidade para o ingresso no processo terapêutico.
Introdução: Robert Sternberg compreende que a inteligência é composta por três unidades:
analítica, criativa e prática. Diferentes tipos de inteligência são requisitados no cotidiano,
porém, percebe-se que nem todos os instrume ntos que avaliam a inteligência contemplam
estas diferentes unidades. As Escalas Wechsler são mundialmente utilizadas para este fim,
entretanto, respostas fornecidas pelos avaliandos nos subtestes de compreensão verbal são por
vezes consideradas erradas ou insuficientes, visto que o instrumento não considera estratégias
utilizadas de acordo com a multiplicidade dos sistemas inteligentes. Objetivo: identificar o
uso de estratégias das inteligências prática, analítica e criativa em dois dos subtestes do índice
fatorial Compreensão Verbal do WISC-IV: Vocabulário e Compreensão. Método: Foram
analisados 35 protocolos de resposta do WISC-IV, aplicados entre 2014 e 2015 no Núcleo de
Práticas em Psicologia da PUCPR. Idade média dos participantes: 9,5 (DP=3,03) anos e 4
(DP=2,53) anos de escolaridade; 71,43% do sexo masculino e 57% estudantes da rede
pública. Resultados: 14,3% forneceu respostas consideradas analíticas, 85,10% práticas e
0,6% criativas. O Quociente de Inteligência Total (QIT): variou de 62 a 122 pontos, com
escore médio de 96,4 (DP=17,04) pontos. Índice de Compreensão Verbal (ICV): divergiu de
51 a 132 pontos, com média de 97,6 (DP=18,54) pontos. Através do Coeficiente de
Correlação de Pearson, encontrou-se correlação significativa, positiva e de alta magnitude
entre o QIT e o ICV (r=0,87), média magnitude entre a idade e as respostas analíticas
(r=0,52) e entre o nível de escolaridade e as respostas analíticas (r=0,66). Não encontrou-se
correlação significativa entre o tipo de escola e os tipos de resposta. Conclusão: Grande parte
dos participantes utilizou o raciocínio baseado no conhecimento adquirido através de suas
vivências. Apesar do resultado, percebe-se que a pontuação utilizada nas Escalas Wechsler,
nos subtestes verbais, privilegia o raciocínio analítico e o criativo, considerados minoria nesta
amostra.
A alteração no padrão de sono e vigília causa alterações que interferem nos processos saúde-
doença dos trabalhadores. No contexto de trabalho de urgências em saúde, embora a maioria
das decisões possa ser resolvida com a equipe preparada, o cenário de imprevisibilidade,
adicionado a problemas do sono frequentemente presentes na equipe médica, os expõe a
situações que prejudicam o desempenho cognitivo, como na tomada de decisão. Este estudo
objetivou avaliar a relação entre padrão de sono e tomada de decisão em médicos de unidades
móveis de atenção às urgências submetidos a turnos. Para avaliação do sono, utilizou-se o
Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh, o Questionário de Hábitos de Sono, a Escala de
Sonolência de Epworth e o Questionário de Identificação de Cronotipo de Horne-Ostberg.
Para avaliação da tomada de decisão utilizou-se o Iowa Gambling Task (IGT) e cenários
hipotéticos baseados na Técnica Policy-Capturing. Para critérios de inclusão/exclusão, foram
utilizados a Escala de Fadiga de Chalder, o Inventário de Ansiedade de Beck (BDI), o
Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de
Lipp (ISSL). Os participantes eram do turno diurno (N=6) e alternante (N=20). Resultados
mostraram boa qualidade de sono para o turno diurno e má qualidade do sono para o turno
alternante. A tomada de decisão avaliada pelo IGT não mostrou prejuízos no desempenho dos
médicos, porém quando avaliada pelos cenários ao longo do turno, mostrou-se prejudicada.
Uma pior tomada de decisão avaliada pelo IGT foi correlacionada a maiores prejuízos na
tomada de decisão avaliada pelos cenários, assim como a boa qualidade do sono foi
correlacionada com melhores desempenhos na tomada de decisão. Conclui-se que o esquema
de trabalho em turnos alternantes pode ser prejudicial para uma boa qualidade de sono e que
esta pode contribuir para melhores desempenhos na tomada de decisão.
Introdução: Saúde mental pode ser definida como uma condição de bem-estar em que há
autoconsciência de potencialidade e produtividade perante a comunidade. A detecção de
sofrimento mental e de ansiedade relaciona-se com essa autopercepção de bem-estar por isso
o conhecimento do quadro em pacientes pode auxiliar no processo da reabilitação
fisioterapêutica. Objetivo: Investigar a relação entre o diagnóstico clínico e a prevalência de
transtornos psíquicos em pacientes atendidos na Unidade de Reabilitação do Hospital
Universitário de Brasília. Método: Participaram 55 pacientes, sendo 38 adultos (média de
idade = 44 anos; DP=8,4) e 17 idosos (média de idade = 67 anos; DP=8,4). Para análise de
dados, a amostra foi subdividida em 5 grupos considerando o histórico clínico: traumatismo
nos membros, patologia do sistema neurológico periférico (SNP), problema na coluna
vertebral, problema reumatológico e distúrbio ortopédico. Após a assinatura do TCLE, foi
realizada anamnese seguida da aplicação dos instrumentos Self-Reporting Questionnaire - 20
(SRQ-20) e Inventário de Ansiedade de Beck (IAB). Resultados: Pacientes adultos com
patologia do SNP e problemas na coluna apresentaram pontuações acima do ponto de corte
no SRQ-20 e valores mais altos no IAB. Na amostra de idosos, pacientes com problemas na
coluna obtiveram pontuações acima do ponto de corte no SRQ-20 e todos os grupos
apresentaram no IAB escores indicativos de ansiedade leve. Conclusão: Resultados sugerem
que, de forma geral, os pacientes em tratamento fisioterapêutico apresentaram uma alta
prevalência de sintomas de ansiedade, afetando em alguns quadros clínicos a saúde mental
também. Tais resultados ressaltam a importância da identificação da presença de sofrimento
psíquico para a detecção de variação no tempo de tratamento, bem como para maior atenção à
necessidade de suporte psicoterapêutico e identificação de sintomas psicossomáticos, assim
como na elaboração de um plano de intervenção visando melhorar a qualidade de vida dos
pacientes.
Introdução: Sabe-se que o processo de aprendizagem sofre impactos de diferentes fatores, tais
como: desenvolvimento das funções cognitivas, questões afetivas, nível de estresse e
ansiedade, estimulação ambiental, dentre outros. O processo de avaliação neuropsicológica
pode contribuir para melhor compreensão das dificuldades a fim de propor medidas precisas
de tratamento. Objetivo: O presente trabalho objetivou relatar os resultados de uma avaliação
neuropsicológica realizada com um adolescente de treze anos com queixa de dificuldades de
aprendizagem e comportamentos infantilizados. Buscou-se esclarecer quais são os aspectos
cognitivos preservados e prejudicados, contribuindo para melhor compreensão da queixa,
bem como para melhor delineamento do tratamento. Método: Participou do estudo um
adolescente de treze anos. Foram utilizados técnicas e testes psicológicos, além de entrevistas
com o adolescente, a mãe e professores do adolescente. Resultados: Os resultados apontados
no estudo evidenciaram que há aspectos emocionais que estão interferindo na sua capacidade
de aprendizagem. Nota-se que há prejuízo moderado nas funções executivas. Discussão: Os
prejuízos emocionais e nas funções executivas trazem dificuldades acentuadas na execução
de tarefas diárias e acadêmicas, mas não significa que o aprendizado escolar não possa
ocorrer. Caso o adolescente receba o devido acompanhamento poderá apresentar melhorias
seu desempenho acadêmico.
Introdução: A síndrome Opitz G/BBB [OMIM 145410; 300000] é uma condição genética
rara caracterizada, principalmente, por: anomalia de sistema nervoso central, hipertelorismo
ocular, fissura de lábio e palato, fístula laringotraqueoesofágica, hipospádia e atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor. Estudos relatam atraso no desenvolvimento motor e
deficiência intelectual em mais de um terço dos indivíduos, sendo escassos os dados
relacionados ao perfil cognitivo-comportamental.
Objetivo: Investigar o perfil cognitivo-comportamental de quatro indivíduos com diagnóstico
clínico de síndrome Opitz G/BBB avaliados na Seção de Genética Clínica e Biologia
Molecular do HRAC-USP.
Método: Aplicação de anamnese psicossocial, Escala Wechsler Abreviada de Inteligência
(WASI), Figuras Complexas de Rey (FCR), Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey
(RAVLT), Fluência verbal semântica (FAS) e Categórica, Trail Making Test (TMT), Stroop.
Resultados: Os indivíduos eram do sexo masculino, com idade média de 22 anos; 3 com
Ensino Médio completo e 1 cursando. Na avaliação do WASI, 2 apresentaram nível cognitivo
médio, 1 deficitário e 1 limítrofe. Três indivíduos apresentaram QI verbal maior que o QI
execução. No teste FCR, em 3 indivíduos o desempenho situou na faixa média e média
inferior, tanto na cópia como reprodução de memória e, em 1, o percentil manteve- se na
faixa superior. Com relação à memória verbal (RAVLT), todos os indivíduos apresentaram
percentual médio a deficitário nas provas de evocação imediata, tardia e de reconhecimento.
Todos tiveram desempenho na faixa inferior para fluência verbal semântica, categórica e para
os subtipos de atenção avaliados, sustentada, alternada e dividida (TMT e Stroop).
Considerações finais: Os dados indicam prejuízo no processamento de informações, atenção,
fluência verbal, memória e visuoconstrução nos indivíduos com síndrome Opitz G/BBB
avaliados. No entanto a amostra ainda é pequena, mesmo sendo uma síndrome rara. Pretende-
se confirmar os achados, ou não, com a inclusão de mais participantes.
Introdução:A linguagem é uma função cognitiva que pode estar alterada em 21 a 38% das
pessoas que sofreram acidente vascular encefálico (AVE), sendo esta a etiologia mais
frequente da afasia – um distúrbio de linguagem. Considerando que o quadro cognitivo é
fator prognóstico funcional, o conhecimento do perfil de linguagem dos usuários do setor de
Fisioterapia poderá favorecer o trabalho da equipe de reabilitação.Objetivo:Caracterizar o
perfil de linguagem dos usuários atendidos no serviço de Fisioterapia
Neurofuncional.Métodos:Participaram indivíduos que sofreram AVE, usuários do setor de
Fisioterapia Neurofuncional da Unidade de Reabilitação de um hospital de Brasília. Foi
excluído quem apresentava doença neurológica ou psiquiátrica prévia ou quadro de
demência. Foi realizada anamnese e inventários neuropsiquiátrico,de funcionalidade e do
humor. Para o rastreio de linguagem foram utilizados os Subtestes de Compreensão Oral de
Ordens, Repetição de palavras e Narração do Roubo dos Biscoitos do Teste de Boston para
diagnóstico das afasias.
Resultados: Até o momento, nos últimos 10 meses, foram avaliados 15 pacientes, sendo 10
homens. O tempo de lesão variou de 5 a 31 meses e a idade dos participantes de 47 a 72 anos.
Três usuários evidenciaram alteração de compreensão oral de ordens e outros três de
repetição de palavras. Quanto à emissão oral, todos apresentaram fluência e manifestações de
linguagem, com exceção de dois usuários que apresentaram adequado desempenho de
linguagem na bateria aplicada. As manifestações de expressão foram predominantemente
anomias, autocorreções e ensaios em palavra, que evidenciam falhas lexicais.Assim, pôde-se
identificar dez (67%) casos de afasia subcortical e três (20%) de afasia discursiva. Nenhum
usuário passava por fonoterapia no momento da pesquisa.Conclusão: O estudo sugere
prejuízo leve no perfil da linguagem de pacientes pós-AVE usuários do serviço citado.
Portanto, orientações aos profissionais e usuários deste serviço poderão favorecer o
desempenho comunicativo e o encaminhamento ao fonoaudiólogo.
Introdução: O Transtorno Neurocognitivo Leve (TNC leve), trata-se de uma condição clínica
que geralmente progride para Demência. Este termo é utilizado segundo DSM-5 em
indivíduos que apresentam leves perdas cognitivas comparados com pessoas normais com a
mesma idade. Dentro dos aspectos cognitivos é possível identificar, nestes pacientes, queixas
referentes a memória episódica ou outras alterações cognitivas que são expressas pelo próprio
paciente, confirmadas pelos familiares e descritas de forma objetiva na avaliação
neuropsicológica. Para a identificação das habilidades cognitivas preservadas e alteradas e
necessário o uso de testes neuropsicológicos padronizados. O Five Digit Test (FDT) é um
instrumento de fácil aplicabilidade e possibilita a mensuração da atenção focada e alternada,
velocidade de processamento, inibição e flexibilidade. Como o TNC leve não corresponde
somente a disfunção mnemônica é importante avaliar com qualidade as demais funções
cognitivas, que podem interferir diretamente nas atividades de vida diária.Objetivo:
Descrever o desempenho atentivo e executivo de idosos com TNC leve através do
FDT.Método: Participaram do estudo nove pacientes com diagnóstico de TNC leve com e
sem comprometimento amnéstico. Estes pacientes foram avaliados individualmente por meio
do FDT nas tarefas de leitura, contagem, escolha e alternância. A partir do desempenho
destas tarefas também pode-se avaliar a habilidade destes pacientes em relação a flexibilidade
e inibição. Para análise de dados foi utilizado técnicas descritivas e não paramétrica de
comparação de média entre os grupos de pacientes com e sem comprometimento amnéstico.
Resultados: Os dados indicam diferenças significativas nas tarefas avaliadas pelo FDT e
maior prejuízo atentivo e executivo no grupo de pacientes com comprometimento amnéstico.
Conclusão: Conclui-se que o FDT é um instrumento válido e sensível para identificação de
comprometimento atentivo e executivo em pacientes com TNC leve e foi possível verificar
uma maior dificuldade cognitiva nos paciente com TNC leve com comprometimento
amnéstico.
Tendo como base a neuropsicologia, ciência que busca estabelecer relação entre o sistema
nervoso central e o comportamento humano, e a psicologia da religião, que estuda a
experiência religiosa e suas crenças, o presente trabalho teve como objetivo compreender as
atividades neurais envolvidas no comportamento religioso e as variáveis relacionadas com as
diferentes concepções religiosas. Tendo como grupo experimental a população evangélica,
terminologia empregada para nomeação dos cristãos protestantes, divididos em três grandes
ramificações do protestantismo: tradicionais (possuem características de erudição),
pentecostais (voltados a cura divina) e neopentecostais (relacionados ao bem-estar psicofísico
visando também quesitos financeiros). Além disso, o grupo controle foi determinado por
indivíduos arreligiosos, na qual possuem crença em algum ser Numinoso, mas nenhum
vínculo com instituições religiosas. Foi realizada uma pesquisa qualitativa com base em
observações e respostas obtidas através de questionário e quantitativa utilizando como
instrumento principal o teste neuropsicológico Wisconsin de Classificação de Cartas. Por
meio deste, realizou-se avaliação da flexibilidade cognitiva dos indivíduos inseridos nesses
diferentes contextos religiosos, ou seja, mensurou-se a capacidade que o sujeito possui de,
diante uma nova situação, reestruturar seu conhecimento para solucionar o problema.
Posterior a coleta, realizou-se a análise estatística dos dados obtidos. Estes confirmam em
parte a literatura existente na qual afirma que indivíduos religiosos apresentam inflexibilidade
cognitiva.
A esquizofrenia é marcada por uma complexidade na vida do indivíduo que possui esse
diagnóstico, trazendo prejuízos no que tange seu contato com o real, apresentando dificuldade
também na compreensão desses fenômenos, envolvendo-se aos prejuízos nas relações sociais.
Pacientes que recebem este diagnóstico tem mostrado uma diminuição média do volume
intracraniano, comparando aos indivíduos saudáveis. O declínio cognitivo causado pela
esquizofrenia pode ocorrer na fase da puberdade, podendo apresentar após anos os primeiros
episódios. Uma vez ocorrendo o primeiro episódio, o processo biológico subjacente já está
em curso a muito tempo, segundo estudos de neuroimagem. Por volta dos 13 anos de idade o
cérebro humano atinge seu crescimento máximo, pacientes com esquizofrenia sofrem de um
retardo de crescimento antes desse tempo. Além disso, supõe-se que existe uma perda
progressiva de substância cinzenta. O presente estudo teve por objetivo, apresentar o
envolvimento dos prejuízos cerebrais manifestados antes dos primeiros episódios psicóticos
que estão marcados no seu desenvolvimento. Realizou-se uma revisão bibliográfica no
período de 2015 a 2016 estabelecendo o critério de inclusão a data de publicação das
referências entre 2010 e 2016. Foram consultados 5 artigos nas bases de dados SciELO,
LILACS, Biblioteca Virtual em Saúde e DSM-5 (APA, 2014). Os primeiros sintomas
psicóticos são desencadeados após anos que já houveram alterações neurobiológicas
subjacentes, embora o aumento de dopamina seja o produto final desencadeador, estima-se
que já existe fatores envolvidos desde cedo na disfunção cognitiva subjacente. Além de
existir pesquisas que descrevem prejuízos cognitivos ao qual cercam esses pacientes,
apresentando desequilíbrio cerebral significativo, em quantidade cada vez mais avançada
após o início da psicose, o encéfalo continua seu desenvolvimento de forma anormal, durante
muitos anos. Mas não existe ainda uma concordância exata na apresentação da escassez
cognitiva, porém há alterações significativas na praticidade diária na vida do indivíduo
portador de esquizofrenia.
INTRODUÇÃO: A ansiedade afeta 33% da população (WHO), enquanto 62% dos adultos
consumem álcool, um depressor do SNC e agonista do GABA-A, sendo característica
psiconeurobiológica dominante na ansiedade uma baixa produção de neurotransmissores
inibitórios, entre eles o GABA. A literatura sugere um uso do álcool como automedicação
para a ansiedade tanto nas populações ansiosa clínica e não-clinica, porém com resultados
conflitantes sobre essa conclusão nos dois países. OBJETIVO: Reunir os dados dos principais
trabalhos do Brasil e EUA que apresentam relações entre consumo de álcool e ansiedade
METODOLOGIA: construir uma metanálise (abordagem quantitativa) reunindo com artigos
desde 1990, avaliando número de participantes, idade, consumo de álcool, ansiedade e
relação entre consumo de álcool e ansiedade. Buscou-se por artigos apresentando
simultaneamente consumo de álcool e ansiedade no Google Acadêmico (~36.000 artigos).
Após exclusão daqueles que sem dados quantitativos das duas variáveis ou muito poucos
citados, chegamos em 20 artigos (9 EUA + 11 Brasil). Cada um resultou num valor de Odds
Ratio (OR) relativo à variação de consumo de álcool entre não-ansiosos e ansiosos. Dados
demográficos foram correlacionadas com OR para encontrar variáveis confundidoras.
RESULTADOS: Nas populações dos EUA estimamos OR = 1,00±0,74 (30.046 pessoas) e no
Brasil OR = 1,78±0,73 (8.510 pessoas), p<0,0001 entre esses resultados. Variáveis
confundidoras foram idade e a ansiedade, porém apenas nos EUA. CONCLUSÕES: No
Brasil usa-se mais o álcool como automedicação para a ansiedade do que nos EUA, porém
nos EUA diferem os resultados de jovens (~19a) e adultos de meia-idade (30-40a), assim
como de baixa ansiedade (15-20 pts BDI) e alta ansiedade (~30 pts). O resultado brasileiro
sugere efeito médio da ansiedade como favorecedor do consumo de álcool, sustentando o
rastreio de ansiosos que consomem álcool para medidas preventivas, frente a possibilidade
destes se tornarem alcoolistas.
A qualidade de vida tem sido um aspecto cada vez mais almejado pelo indivíduo, que se
refere ao bem-estar físico e psicossocial, além de estilo de vida saudável. Especificamente
sobre a qualidade de vida do idoso aposentado brasileiro existem vários fatores que podem
ser analisados só pelo conceito amplo do tema. Assim, esta pesquisa buscou investigar os
aspectos relacionados à qualidade de vida do idoso após sua aposentadoria pelo Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS). Foi feita uma pesquisa qualitativa por meio de
entrevistas semiestruturadas com 10 aposentados, sendo cinco participantes ativos da
Associação Maria da Conceição - ASMAC, entidade social não governamental e sem fins
lucrativos de convivência do idoso e os outros cinco idosos que não frequentam a ASMAC
escolhidos aleatoriamente. Os entrevistados foram divididos em: grupo 1 que se refere aos
aposentados integrantes da ASMAC e grupo 2 que se refere aos outros entrevistados não
participantes da associação. De acordo com os resultados no grupo 1 os integrantes em sua
totalidade praticam atividades físicas, já no grupo 2 somente a minoria pratica alguma
atividade física. Dentre os resultados têm-se a predominância de estado emocional positivo
(alegre, feliz e bem) no grupo 1 enquanto que no grupo 2 há predominância de estado
emocional negativo (desânimo, preocupação e solidão). Sobre a percepção de sua qualidade
de vida, todos os integrantes do grupo 1 afirmaram possuir, enquanto que no grupo 2 a
maioria negou ter qualidade de vida. Assim pode-se concluir que há estreita relação entre o
envolvimento em atividades físicas e convívio social com uma boa qualidade de vida, quando
comparado àqueles que não estão envolvidos com tais dinâmicas. Destarte, acredita-se que
idosos aposentados devam frequentar entidades sociais regularmente para manter os vínculos
com outros da melhor idade e assim promover sua saúde e melhora de qualidade de vida.
A velhice é um período da vida em que estão atreladas mudanças e é esperado que o idoso
tenha uma perda gradual e lenta de suas habilidades cognitivas. As funções cognitivas sofrem
alterações devido a mudanças anatômicas e fisiológicas do cérebro, que podem interferir
significativamente em suas atividades funcionais.
No contexto atual, uma das principais queixas trazidas pelos idosos são os prejuízos na
memória, sendo esta um dos principais motivos de encaminhamentos médicos para avaliação
neuropsicológica.
O objetivo dessa pesquisa foi analisar os resultados obtidos no rastreio cognitivo e relacionar
ao envelhecimento normal ou patológico.
Foram selecionadas 15 guias de interconsultas médicas de pacientes encaminhados pela
geriatria (Grupo I) e 15 guias de pacientes avaliados no ambulatório de neurogeriatria (Grupo
II), para realizar avaliação neuropsicológica.
Os instrumentos utilizados para avaliação foram os da bateria breve cognitiva. No grupo I, a
idade M=73,2±5,87, escolaridade M=5,13±3,54, MEEM M=20,26±6,01, TDR M=2±1,89,
CERAD – Figuras M=5±3,60, Fluência semântica M=8,93±3,49, GDS M=3,53±3,68, GAI
M=4±5,29, Provérbios M=0,86±0,83, AVD´s M=5,73±6,84 e Resultado Clínico
M=2,06±0,79, com prevalência de provável demência, 40% dos pacientes. No grupo II, a
idade M=74,2±6,98, escolaridade M=1,93±2,98, MEEM M=18,4±6,74, TDR M=1,86±2,03,
CERAD – Figuras M=3,8±2,62, Fluência semântica M=9,6±4,45, GDS M=4,2±3,78, GAI
M=8,33±6,34, Provérbios M=1,06±0,79, AVD´s M=12,46±11,48 e Resultado Clínico
M=2,13±0,63, com prevalência de provável demência, 60% dos pacientes. Na análise dos
resultados, a variável escolaridade mostrou-se significante quando comparados os dois
grupos, p=0,012. Os resultados do GAI evidenciaram ser significantes, p=0,05, com piores
escores do grupo II. Os resultados sugerem que o padrão cognitivo em pacientes do
ambulatório neurogeriatria (Grupo II) foi pior e estão associados à baixa escolaridade e níveis
acentuados de ansiedade. Em análise geral, fica evidente a existência de comprometimento
cognitivo em ambos os grupos.
As funções executivas (FEs) envolvem processos e habilidades que são responsáveis pelo
monitoramento e manipulação de informações necessárias para a execução de tarefas
complexas. Neste sentido, é relevante conhecer sobre o funcionamento e desenvolvimento
dessas habilidades. Para que isso seja possível é necessário buscar instrumentos adequados
psicometricamente para avaliar e conhecer o desenvolvimento das FEs. O objetivo desse
estudo foi verificar evidências de validade e fidedignidade de uma bateria de Testes
Informatizados, o TAFE, desenvolvido em 2014 por Freitas e Seabra, que avaliam,
separadamente, três componentes das FEs (memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e
controle inibitório), em crianças de 4 a 10 anos de idade. O estudo foi dividido em duas
etapas. Na primeira etapa investigaram-se as evidências de validade por conteúdo, por meio
de um questionário remetido aos juízes, especialistas na área. Houve a concordância entre os
juízes quanto aos aspectos: coerência dos constructos, adequação das atividades para o
público infantil, o layout, o cadastro, o áudio, as instruções, as fases de treino, as regras de
interrupção e a forma de registro dos resultados. Na segunda parte buscaram-se evidências de
validade por relação asvariáveis internas e externas,com a participação de 51 crianças de 4 a
10 anos, matriculadas na rede regular na cidade de Goiânia. As crianças foram submetidas ao
teste informatizado (TAFE) e também aos testes: Bloco de Corsi, Subteste Dígitos ordem
direta e inversa, Teste de Trilhas, e Teste Stroop Semântico. As análises de Kruskal Wallis
para o efeito de idade apontaram resultados estatisticamente significativos nos testes de
memória de trabalho e controle inibitório e em algumas etapas do teste de flexibilidade
cognitiva. A correlação de Spearman entre os desempenhos nos testes informatizados e
tradicionais apontaram correlação significativa entre a maioria dos testes. As evidências
fidedignidades foram investigadas por meio de teste-reteste, em 10 crianças, submetidas
anteriormente aoTAFE, os resultados indicaram estabilidade dos escores ao longo do tempo.
As análises estatísticas realizadas indicaram adequação psicométricas do instrumento e ainda
a necessidade de continuidade da investigação psicométrica com o aumento da amostra para
maiores análises, como o estudo de normatização e o estudo de amostras de grupos clínicos.