Comparação Entre Métodos Magistrais de Homogeneização para A Preparação de Cápsulas e Alendronato de Sódio: Saco Plástico X Almofariz
Comparação Entre Métodos Magistrais de Homogeneização para A Preparação de Cápsulas e Alendronato de Sódio: Saco Plástico X Almofariz
Comparação Entre Métodos Magistrais de Homogeneização para A Preparação de Cápsulas e Alendronato de Sódio: Saco Plástico X Almofariz
26, Nº 1, 2014
ABSTRACT
Homogenization using mortar and pestle is a traditional method for powder mixing of drugs formulations. Com-
pounding pharmacies have used a method of homogenization using plastic bags inflated with air in order to improve
the production of capsules. In this work the efficiency of this method compared to the mortar and pestle one, for the
production of sodium alendronate capsules, was evaluated. Batches of capsules containing 70 mg of alendronic acid
(equivalent to 91.42 mg of sodium alendronate trihydrate) were produced using, for the homogenization of powder
blend, the mortar and pestle technique (ALE-MP) and the plastic bag method with or without the previous sieving
of the bulk materials (ALE-PB-S and ALE -PB, respectively). Acid-base titration method was used for the quantita-
tive determination of alendronate in the capsules. Each batch was evaluated with respect to drug content, uniformity
of mass and content uniformity and presented results according to the pharmacopeial specifications. However, after
analysis of the content uniformity data, we found a statistically significant difference in the variance of the ALE-PB
batch compared to the other batches, mainly the ALE-MP batch (P < 0.0001, for α = 0.05). This result suggests poor
homogenization efficiency for the plastic bag method without sieving.
RESUMO
A homogeneização em almofariz é o método tradicional de mistura de pós, usado na manipulação magistral de cápsu-
las. Para melhorar o processo de produção, farmácias magistrais tem utilizado um método de mistura alternativo uti-
lizando sacos plásticos inflados com ar. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência desta técnica em comparação
ao método do almofariz, para a produção de cápsulas de alendronato de sódio. Foram produzidas cápsulas contendo
70 mg de ácido alendrônico por unidade (equivalentes a 91,42 mg de alendronato de sódio triidratado), empregando,
para a mistura dos pós, o método de homogeneização em almofariz (ALE-A) e o método do saco plástico com tamisa-
ção prévia (ALE-SP-T) e sem tamisação prévia dos componentes (ALE-SP). Para a análise quantitativa da substância
ativa nas cápsulas foi utilizado método titulométrico ácido-base. Cada lote foi avaliado com relação ao teor médio,
peso médio e uniformidade de conteúdo, apresentando resultados de acordo com as especificações farmacopeicas.
No entanto, após análise estatística dos dados de uniformidade de conteúdo, encontramos uma diferença significativa
entre a variância do lote ALE-SP e a dos outros lotes, principalmente em comparação ao lote ALE-A (P < 0,0001, para
α = 0,05). Este resultado sugere baixa eficiência de homogeneização para o método do saco plástico sem tamisação
prévia das matérias-primas.
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Não há especificação de teor para cápsulas de alen- ma ou abaixo desta especificação. No entanto, nenhuma
dronato de sódio. Com isso, foi levada em consideração cápsula deve estar acima ou abaixo do dobro da porcen-
a especificação adotada para comprimidos, a qual reco- tagem indicada, ou seja, 15 % (23).
menda não menos que 90% e não mais que 110% de Os valores de peso médio encontrados para as for-
alendronato de sódio na formulação (24). Sendo assim, mulações analisadas e os valores extremos obtidos, em
todos os lotes encontraram-se dentro do especificado e comparação aos limites farmacopeicos, estão relaciona-
os valores de DPR obtidos entre as determinações foram dos na Tabela 3.
relativamente baixos (menores que 3%). Estes resulta-
Os resultados para os pesos individuais das cáp-
dos sugerem que as matérias-primas utilizadas para o
sulas encontraram-se dentro das especificações, pois
preparo das cápsulas foram pesadas de acordo com as
somente a formulação ALE-SP apresentou apenas uma
quantidades indicadas na Tabela 1, não evidenciando er-
unidade acima do limite superior de 7,5%, sem, no en-
ros no preparo das formulações.
tanto, superar o dobro deste porcentual (Tabela 3).
Determinação do peso médio das cápsulas O desvio padrão relativo dos valores de peso en-
contrados para as formulações ALE-A, ALE-SP-T e
Para cápsulas duras que apresentam peso médio de
ALE-SP também foi determinado, apresentando os se-
300 mg ou mais deve ser considerado o limite variação
guintes valores, respectivamente: 2,4%, 2,9% e 3,8%.
de ± 7,5%, podendo ser aceitas até duas unidades aci-
Tabela 3 - Valores de peso (em mg) obtidos para as cápsulas em cada método de homogeneização.
Formulação Peso médio ± DP Menor valor obtido (LI) Maior valor obtido (LS)
ALE-A 324,0 ± 7,7 301,9 (299,7) 336,4 (348,3)
ALE-SP-T 327,5 ± 9,6 305,8 (302,9) 344,7 (352,0)
ALE-SP 325,1 ± 12,2 300,9 (300,7) 350,5* (349,5)
Onde n = 40 para cada formulação; DP = Desvio Padrão; LI e LS: Limite Inferior e Limite Superior, respectivamente, calculados com base no limite
de variação de ± 7,5% em relação ao peso médio (Farmacopeia Brasileira 5ª edição). *Único valor experimental acima do limite farmacopeico.
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O limite máximo permitido para o valor de aceita- Tabela 4. Valores de aceitação encontrados
ção é de 15,0. Além disto, nenhuma unidade individual para cápsulas de alendronato de sódio, em
deve ultrapassar os limites estabelecidos pelas fórmulas: diferentes métodos de homogeneização.
325,1
Tais resultados sugerem que ocorre uma baixa efi-
ciência de homogeneização quando as matérias-primas
300,7
são diretamente adicionadas ao saco plástico e mistura-
das. Entretanto, a homogeneização em saco plástico uti-
276,3 lizando matérias-primas previamente tamisadas parece
0 5 10 15 20 25 30 35 40
proporcionar uma uniformidade semelhante à obtida em
Unidades testadas homogeneização com auxílio de gral e pistilo.
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