Gardens and Human Agency in the Anthropocene. London: Routledge, 2019
This volume discusses gardens as designed landscapes of mediation between nature and culture, emb... more This volume discusses gardens as designed landscapes of mediation between nature and culture, embodying different levels of human control over wilderness , defining specific rules for this confrontation and staging different forms of human dominance. The contributing authors focus on ways of rethinking the garden and its role in contemporary society, using it as a crossover platform between nature, science and technology. Drawing upon their diverse fields of research, including History of Science and Technology, Environmental Studies, Gardens and Landscape Studies, Urban Studies, and Visual and Artistic Studies, the authors unveil various entanglements woven in the past between nature and culture, and probe the potential of alternative epistemologies to escape the predicament of fatalis-tic dystopias that often revolve around the Anthropocene debate. This book will be of great interest to those studying environmental and landscape history, the history of science and technology, historical geography, and the environmental humanities.
A booklet with essays and illustrations made by the participants of the 1st Soundscape Campus t... more A booklet with essays and illustrations made by the participants of the 1st Soundscape Campus that took place at the Faculty of Sciences and Technology of NOVA University of Lisbon.
The key idea this paper explores is that if climate change denial is relatively widespread, in sp... more The key idea this paper explores is that if climate change denial is relatively widespread, in spite of the continued efforts of researchers and journalists to debunk it, it is not only because of the ignorance of the average citizen and the powerful propaganda of the fossil fuel industry, but also – and perhaps mainly – because it is assumed as a form of resistance in defence of freedom and individual autonomy. A mistaken and paradoxical form of resistance, without doubt, which is precisely why it calls for careful examination.
Nesta entrevista, realizada por Davide Scarso e Nuno Pereira Castanheira entre os meses de novemb... more Nesta entrevista, realizada por Davide Scarso e Nuno Pereira Castanheira entre os meses de novembro e dezembro de 2020 via e-mail, o Professor Renzo Taddei (Unifesp) discute o significado do termo Antropoceno e as suas implicações, com base nas contribuições teóricas de Deborah Danowski, Eduardo Viveiros de Castro, Donna Haraway, Isabelle Stengers e Bruno Latour, entre outros. O entrevistado enfatiza a necessidade de evitarmos a redução do Antropoceno ou termos similares a conceitos científicos, assim preservando a sua capacidade indutora de novas perspectivas e transformações existenciais e resistindo à tentação de objetivação dominadora de um mundo mais complexo e bagunçado do que a epistemologia clássica gostaria de admitir.
A arquitetura fenomenológica não possui talvez a solidez e a homogeneidade de uma escola ou de um... more A arquitetura fenomenológica não possui talvez a solidez e a homogeneidade de uma escola ou de um movimento em sentido estrito, mas representa, no entanto, um vetor notável do pensamento arquitetônico contemporâneo. Juntamente com as obras de Heidegger, as obras de Merleau-Ponty são utilizadas com frequência por aqueles que se reconhecem como representantes de uma arquitetura de inspiração fenomenológica. Neste artigo será analisado o papel que o pensamento de Merleau-Ponty desenrola nas obras e no pensamento de Juhani Pallasmaa e Steven Holl, autores que se destacam pela força de seus trabalhos e pela determinação de suas posições teóricas. Particular atenção se prestará à dupla oposição que caracteriza a arquitetura fenomenológica, que se distancia com igual firmeza tanto do modernismo como do pós-modernismo. Estes autores, na reivindicação da primazia do corpo vivido e da experiência perceptiva, consideram ter encontrado um “antídoto” à ossificação produzida pela racionalidade mo...
Nesta entrevista, realizada por Davide Scarso e Nuno Pereira Castanheira entre os meses de novemb... more Nesta entrevista, realizada por Davide Scarso e Nuno Pereira Castanheira entre os meses de novembro e dezembro de 2020 via e-mail, o Professor Renzo Taddei (Unifesp) discute o significado do termo Antropoceno e as suas implicações, com base nas contribuições teóricas de Deborah Danowski, Eduardo Viveiros de Castro, Donna Haraway, Isabelle Stengers e Bruno Latour, entre outros. O entrevistado enfatiza a necessidade de evitarmos a redução do Antropoceno ou termos similares a conceitos científicos, assim preservando a sua capacidade indutora de novas perspectivas e transformações existenciais e resistindo à tentação de objetivação dominadora de um mundo mais complexo e bagunçado do que a epistemologia clássica gostaria de admitir. Palavras-chave: Ecologia. Sustentabilidade. Ontologia. Epistemologia. Política
Questões Ecológicas em Perspectiva Interdisciplinar, 2021
Consideramos viver numa sociedade que se orienta pela racionalidade e o conhecimento, uma socieda... more Consideramos viver numa sociedade que se orienta pela racionalidade e o conhecimento, uma sociedade que definimos com frequência como "moderna". Portanto, a manifestação de crenças que nos parecem francamente irracionais é recebida sempre com alguma surpresa, senão inquietação. Remetemos, aqui, especialmente à difusão de discursos de natureza negacionista, ou seja, que colocam em causa a realidade de fato tidos usualmente como verdadeiros, despertando quase diariamente reações de incredulidade e tentativas de desconstrução mais ou menos generosas.
Neste texto, pretendemos discutir não tanto a rejeição da noção de Antropoceno, mas de forma um p... more Neste texto, pretendemos discutir não tanto a rejeição da noção de Antropoceno, mas de forma um pouco mais específica, a rejeição da necessidade de revisar a distinção entre natureza e mundo humano, e faremos isso a partir de dois livros recentes: Half-Earth, do biólogo estadunidense Edward O. Wilson (2016) e The Progress of this Storm, do historiador sueco Andreas Malm (2018).
Desafios presentes no futuro (org: Paulo Alexandre e Castro), 2019
Pela sua estrutura distribuída e, pelo menos tendencialmente, horizontal, o aparecimento da Inter... more Pela sua estrutura distribuída e, pelo menos tendencialmente, horizontal, o aparecimento da Internet representou uma alternativa radical ao modelo centralizado e unidireccional da televisão. Web, chats, blogues e, mais tarde, redes sociais trouxeram possibilidades inéditas de autonomia e emancipação que nos permitiram abandonar o papel passivo de meros espectadores para nos tornarmos utilizadores intervindo activamente naquilo que lêem, vêem e escutam. Hoje, no entanto, o entusiasmo e a confiança deram lugar ao pessimismo e à preocupação perante as evidências de que a Internet permite não só “entregar pessoas” às campanhas de marketing, mas também estudá-las e geri-las – noutras palavras, governá-las – com uma eficácia absolutamente inédita. Se a rede permitiu aos seus utilizadores abandonar a passividade da fruição televisiva em favor de uma comunicação móvel, activa e partilhada, hoje são precisamente as nossas actividades, as nossas relações sociais e os nossos movimentos a serem objecto de análise, monetização e gestão (quando não de controlo puro e duro).
Historians of science and technology have already singled out how scholarships in these fields is... more Historians of science and technology have already singled out how scholarships in these fields is particularly suitable to deal with the narratives in the longue-durée concerning chances at the crossroad of science, technology, and the environment. We further argue that the challenges of the Anthropocene require us a deeper engagement with materiality, summoning historians and philosophers of science and technology to a wide debate in which the underpinnings and effects of crucial conceptual categories (nature, society and technology in the first place), and the subsequent disciplinary boundaries, are put into question.
A arquitetura fenomenológica não possui talvez a solidez e a homogeneidade de uma escola ou de um... more A arquitetura fenomenológica não possui talvez a solidez e a homogeneidade de uma escola ou de um movimento em sentido estrito, mas representa, no entanto, um vetor notável do pensamento arquitetônico contemporâneo. Juntamente com as obras de Heidegger, as obras de Merleau-Ponty são utilizadas com frequência por aqueles que se reconhecem como representantes de uma arquitetura de inspiração fenomenológica. Neste artigo será analisado o papel que o pensamento de Merleau-Ponty desenrola nas obras e no pensamento de Juhani Pallasmaa e Steven Holl, autores que se destacam pela força de seus trabalhos e pela determinação de suas posições teóricas. Particular atenção se prestará à dupla oposição que caracteriza a arquitetura fenomenológica, que se dis-tancia com igual firmeza tanto do modernismo como do pós-modernismo. Estes autores, na reivindicação da primazia do corpo vivido e da experiência perceptiva, consideram ter encontrado um " antídoto " à ossificação produzida pela racionalidade moderna, com seus espaços funcionais e inabitáveis, como também à celebração da autorreferencialidade de um certo pós-modernismo, com seus edifícios destinados essencialmente a serem contemplados pelos apreciadores. A partir dessa dupla oposição, a arquitetura fenomenológica parece procurar um plano mais sólido numa forte acentuação da positividade da experiência corpórea e perceptiva, quando Merleau-Ponty parece empenhado, pelo contrário, em uma progressiva revisão destes aspetos.
Entrevista com o antropólogo francês Philippe Descola sobre alguns dos elementos fundamentais de ... more Entrevista com o antropólogo francês Philippe Descola sobre alguns dos elementos fundamentais de seu "pluralismo ontológico" e as relações entre o seu trabalho e as obras de Claude Lévi-Strauss e Maurice Merleau-Ponty (partes da entrevista foram publicadas em italiano, inglês e francês, esta é a primeira edição integral).
Um dos projectos mais ambiciosos do Turner Endangered Species Fund liga-se à noção de «recoloniza... more Um dos projectos mais ambiciosos do Turner Endangered Species Fund liga-se à noção de «recolonização pleistocénica», ou seja, a exploração da possibilidade de restabelecer em algumas zonas da América do Norte os ecossistemas que ficaram comprometidos com a colonização humana do continente. Em particular, considera-se que a chegada do ser humano provocou a extinção dos animais de grande porte (a megafauna: mamutes, tigres-dente-de-sabre e preguiça gigantes, por exemplo), e que seria portanto recomendável, se pretendermos restaurar os antigos níveis de biodiversidade, favorecer a recolonização de espécies evolutivamente próximas (elefantes africanos e asiáticos, leões e chimpanzés). Turner, segundo maior proprietário terreiro do país, entusiasmou-se com a ideia e, por agora, reintroduziu a imponente tartaruga-de-bolson nos seus ranches do Novo México. A recolonização pleistocénica originou um grande debate entre os biólogos da conservação. Alguns consideram que nem mesmo a Fundação Turner estaria disposta a gastar a quantidade de dinheiro necessária para edificar quilómetros e quilómetros de cercas à prova de elefante. A questão é sem dúvida complexa, mas é difícil fugir à sensação de que, no final, não sabemos muito bem o que a natureza seja. Como dizia numa entrevista Neil Evernden, um dos mais sagazes autores na área dos environmental studies: «Natureza é uma palavra perigosa. Nunca é exactamente o que pensamos que seja.»
In this paper, we will analyze how anthropological thinking, in the last twenty years, has put th... more In this paper, we will analyze how anthropological thinking, in the last twenty years, has put the conceptual categories of Culture and Nature into radical questioning. Nature was “denaturalized” and deemed as a social construction that was specific to the history of Western world. But to avoid the alternative between nature and culture one should develop a “non-dualist” approach and, in this sense, we will then consider Tim Ingold's works. According to the British anthropologist, the nature and culture divide is usually the outcome of an assumption recurrent in anthropology, that according to which our cultural frames determine our perception of outside world. For Ingold, phenomenological thinking reversed the ontological priorities of Western rationalism.
Gardens and Human Agency in the Anthropocene. London: Routledge, 2019
This volume discusses gardens as designed landscapes of mediation between nature and culture, emb... more This volume discusses gardens as designed landscapes of mediation between nature and culture, embodying different levels of human control over wilderness , defining specific rules for this confrontation and staging different forms of human dominance. The contributing authors focus on ways of rethinking the garden and its role in contemporary society, using it as a crossover platform between nature, science and technology. Drawing upon their diverse fields of research, including History of Science and Technology, Environmental Studies, Gardens and Landscape Studies, Urban Studies, and Visual and Artistic Studies, the authors unveil various entanglements woven in the past between nature and culture, and probe the potential of alternative epistemologies to escape the predicament of fatalis-tic dystopias that often revolve around the Anthropocene debate. This book will be of great interest to those studying environmental and landscape history, the history of science and technology, historical geography, and the environmental humanities.
A booklet with essays and illustrations made by the participants of the 1st Soundscape Campus t... more A booklet with essays and illustrations made by the participants of the 1st Soundscape Campus that took place at the Faculty of Sciences and Technology of NOVA University of Lisbon.
The key idea this paper explores is that if climate change denial is relatively widespread, in sp... more The key idea this paper explores is that if climate change denial is relatively widespread, in spite of the continued efforts of researchers and journalists to debunk it, it is not only because of the ignorance of the average citizen and the powerful propaganda of the fossil fuel industry, but also – and perhaps mainly – because it is assumed as a form of resistance in defence of freedom and individual autonomy. A mistaken and paradoxical form of resistance, without doubt, which is precisely why it calls for careful examination.
Nesta entrevista, realizada por Davide Scarso e Nuno Pereira Castanheira entre os meses de novemb... more Nesta entrevista, realizada por Davide Scarso e Nuno Pereira Castanheira entre os meses de novembro e dezembro de 2020 via e-mail, o Professor Renzo Taddei (Unifesp) discute o significado do termo Antropoceno e as suas implicações, com base nas contribuições teóricas de Deborah Danowski, Eduardo Viveiros de Castro, Donna Haraway, Isabelle Stengers e Bruno Latour, entre outros. O entrevistado enfatiza a necessidade de evitarmos a redução do Antropoceno ou termos similares a conceitos científicos, assim preservando a sua capacidade indutora de novas perspectivas e transformações existenciais e resistindo à tentação de objetivação dominadora de um mundo mais complexo e bagunçado do que a epistemologia clássica gostaria de admitir.
A arquitetura fenomenológica não possui talvez a solidez e a homogeneidade de uma escola ou de um... more A arquitetura fenomenológica não possui talvez a solidez e a homogeneidade de uma escola ou de um movimento em sentido estrito, mas representa, no entanto, um vetor notável do pensamento arquitetônico contemporâneo. Juntamente com as obras de Heidegger, as obras de Merleau-Ponty são utilizadas com frequência por aqueles que se reconhecem como representantes de uma arquitetura de inspiração fenomenológica. Neste artigo será analisado o papel que o pensamento de Merleau-Ponty desenrola nas obras e no pensamento de Juhani Pallasmaa e Steven Holl, autores que se destacam pela força de seus trabalhos e pela determinação de suas posições teóricas. Particular atenção se prestará à dupla oposição que caracteriza a arquitetura fenomenológica, que se distancia com igual firmeza tanto do modernismo como do pós-modernismo. Estes autores, na reivindicação da primazia do corpo vivido e da experiência perceptiva, consideram ter encontrado um “antídoto” à ossificação produzida pela racionalidade mo...
Nesta entrevista, realizada por Davide Scarso e Nuno Pereira Castanheira entre os meses de novemb... more Nesta entrevista, realizada por Davide Scarso e Nuno Pereira Castanheira entre os meses de novembro e dezembro de 2020 via e-mail, o Professor Renzo Taddei (Unifesp) discute o significado do termo Antropoceno e as suas implicações, com base nas contribuições teóricas de Deborah Danowski, Eduardo Viveiros de Castro, Donna Haraway, Isabelle Stengers e Bruno Latour, entre outros. O entrevistado enfatiza a necessidade de evitarmos a redução do Antropoceno ou termos similares a conceitos científicos, assim preservando a sua capacidade indutora de novas perspectivas e transformações existenciais e resistindo à tentação de objetivação dominadora de um mundo mais complexo e bagunçado do que a epistemologia clássica gostaria de admitir. Palavras-chave: Ecologia. Sustentabilidade. Ontologia. Epistemologia. Política
Questões Ecológicas em Perspectiva Interdisciplinar, 2021
Consideramos viver numa sociedade que se orienta pela racionalidade e o conhecimento, uma socieda... more Consideramos viver numa sociedade que se orienta pela racionalidade e o conhecimento, uma sociedade que definimos com frequência como "moderna". Portanto, a manifestação de crenças que nos parecem francamente irracionais é recebida sempre com alguma surpresa, senão inquietação. Remetemos, aqui, especialmente à difusão de discursos de natureza negacionista, ou seja, que colocam em causa a realidade de fato tidos usualmente como verdadeiros, despertando quase diariamente reações de incredulidade e tentativas de desconstrução mais ou menos generosas.
Neste texto, pretendemos discutir não tanto a rejeição da noção de Antropoceno, mas de forma um p... more Neste texto, pretendemos discutir não tanto a rejeição da noção de Antropoceno, mas de forma um pouco mais específica, a rejeição da necessidade de revisar a distinção entre natureza e mundo humano, e faremos isso a partir de dois livros recentes: Half-Earth, do biólogo estadunidense Edward O. Wilson (2016) e The Progress of this Storm, do historiador sueco Andreas Malm (2018).
Desafios presentes no futuro (org: Paulo Alexandre e Castro), 2019
Pela sua estrutura distribuída e, pelo menos tendencialmente, horizontal, o aparecimento da Inter... more Pela sua estrutura distribuída e, pelo menos tendencialmente, horizontal, o aparecimento da Internet representou uma alternativa radical ao modelo centralizado e unidireccional da televisão. Web, chats, blogues e, mais tarde, redes sociais trouxeram possibilidades inéditas de autonomia e emancipação que nos permitiram abandonar o papel passivo de meros espectadores para nos tornarmos utilizadores intervindo activamente naquilo que lêem, vêem e escutam. Hoje, no entanto, o entusiasmo e a confiança deram lugar ao pessimismo e à preocupação perante as evidências de que a Internet permite não só “entregar pessoas” às campanhas de marketing, mas também estudá-las e geri-las – noutras palavras, governá-las – com uma eficácia absolutamente inédita. Se a rede permitiu aos seus utilizadores abandonar a passividade da fruição televisiva em favor de uma comunicação móvel, activa e partilhada, hoje são precisamente as nossas actividades, as nossas relações sociais e os nossos movimentos a serem objecto de análise, monetização e gestão (quando não de controlo puro e duro).
Historians of science and technology have already singled out how scholarships in these fields is... more Historians of science and technology have already singled out how scholarships in these fields is particularly suitable to deal with the narratives in the longue-durée concerning chances at the crossroad of science, technology, and the environment. We further argue that the challenges of the Anthropocene require us a deeper engagement with materiality, summoning historians and philosophers of science and technology to a wide debate in which the underpinnings and effects of crucial conceptual categories (nature, society and technology in the first place), and the subsequent disciplinary boundaries, are put into question.
A arquitetura fenomenológica não possui talvez a solidez e a homogeneidade de uma escola ou de um... more A arquitetura fenomenológica não possui talvez a solidez e a homogeneidade de uma escola ou de um movimento em sentido estrito, mas representa, no entanto, um vetor notável do pensamento arquitetônico contemporâneo. Juntamente com as obras de Heidegger, as obras de Merleau-Ponty são utilizadas com frequência por aqueles que se reconhecem como representantes de uma arquitetura de inspiração fenomenológica. Neste artigo será analisado o papel que o pensamento de Merleau-Ponty desenrola nas obras e no pensamento de Juhani Pallasmaa e Steven Holl, autores que se destacam pela força de seus trabalhos e pela determinação de suas posições teóricas. Particular atenção se prestará à dupla oposição que caracteriza a arquitetura fenomenológica, que se dis-tancia com igual firmeza tanto do modernismo como do pós-modernismo. Estes autores, na reivindicação da primazia do corpo vivido e da experiência perceptiva, consideram ter encontrado um " antídoto " à ossificação produzida pela racionalidade moderna, com seus espaços funcionais e inabitáveis, como também à celebração da autorreferencialidade de um certo pós-modernismo, com seus edifícios destinados essencialmente a serem contemplados pelos apreciadores. A partir dessa dupla oposição, a arquitetura fenomenológica parece procurar um plano mais sólido numa forte acentuação da positividade da experiência corpórea e perceptiva, quando Merleau-Ponty parece empenhado, pelo contrário, em uma progressiva revisão destes aspetos.
Entrevista com o antropólogo francês Philippe Descola sobre alguns dos elementos fundamentais de ... more Entrevista com o antropólogo francês Philippe Descola sobre alguns dos elementos fundamentais de seu "pluralismo ontológico" e as relações entre o seu trabalho e as obras de Claude Lévi-Strauss e Maurice Merleau-Ponty (partes da entrevista foram publicadas em italiano, inglês e francês, esta é a primeira edição integral).
Um dos projectos mais ambiciosos do Turner Endangered Species Fund liga-se à noção de «recoloniza... more Um dos projectos mais ambiciosos do Turner Endangered Species Fund liga-se à noção de «recolonização pleistocénica», ou seja, a exploração da possibilidade de restabelecer em algumas zonas da América do Norte os ecossistemas que ficaram comprometidos com a colonização humana do continente. Em particular, considera-se que a chegada do ser humano provocou a extinção dos animais de grande porte (a megafauna: mamutes, tigres-dente-de-sabre e preguiça gigantes, por exemplo), e que seria portanto recomendável, se pretendermos restaurar os antigos níveis de biodiversidade, favorecer a recolonização de espécies evolutivamente próximas (elefantes africanos e asiáticos, leões e chimpanzés). Turner, segundo maior proprietário terreiro do país, entusiasmou-se com a ideia e, por agora, reintroduziu a imponente tartaruga-de-bolson nos seus ranches do Novo México. A recolonização pleistocénica originou um grande debate entre os biólogos da conservação. Alguns consideram que nem mesmo a Fundação Turner estaria disposta a gastar a quantidade de dinheiro necessária para edificar quilómetros e quilómetros de cercas à prova de elefante. A questão é sem dúvida complexa, mas é difícil fugir à sensação de que, no final, não sabemos muito bem o que a natureza seja. Como dizia numa entrevista Neil Evernden, um dos mais sagazes autores na área dos environmental studies: «Natureza é uma palavra perigosa. Nunca é exactamente o que pensamos que seja.»
In this paper, we will analyze how anthropological thinking, in the last twenty years, has put th... more In this paper, we will analyze how anthropological thinking, in the last twenty years, has put the conceptual categories of Culture and Nature into radical questioning. Nature was “denaturalized” and deemed as a social construction that was specific to the history of Western world. But to avoid the alternative between nature and culture one should develop a “non-dualist” approach and, in this sense, we will then consider Tim Ingold's works. According to the British anthropologist, the nature and culture divide is usually the outcome of an assumption recurrent in anthropology, that according to which our cultural frames determine our perception of outside world. For Ingold, phenomenological thinking reversed the ontological priorities of Western rationalism.
Les relations sociales ne sont pas l’objet privilégié
de l’anthropologie de Lévi-Strauss, bien qu... more Les relations sociales ne sont pas l’objet privilégié de l’anthropologie de Lévi-Strauss, bien qu’à première vue cela puisse paraître paradoxal. Elles représentent sans doute une des premières sources de matériel d’étude, ainsi qu’une dimension incontournable de la vie humaine. Mais le nombre de comporte- ments possibles dans le monde social est tel qu’en se bornant au niveau factuel, aucune systématisation n’est envisageable [...]
On sait que la linguistique structurale est une
des sources d’inspiration principales de la pen... more On sait que la linguistique structurale est une
des sources d’inspiration principales de la pensée anthropologique
de Lévi—Strauss. Selon Saussure, la valeur d’un signe linguistique
n’est pas déterminée d’une façon positive et isolée, mais résulte
essentiellement du fait de différer de tous les autres termes qui
l’entourent....
CIVILISATION — Pendant les années de formation de Lévi-Strauss, l'objet de l'anthropologie était ... more CIVILISATION — Pendant les années de formation de Lévi-Strauss, l'objet de l'anthropologie était focalisé sur les peuples « primitifs » et « non civilisés». Le mot « civilisation » indiquait l'état considéré comme le plus développé d'une société humaine, c'est-à-dire essentiellement celui propre aux sociétés blanches occidentales. Il était d'ailleurs généreusement étendu à d'autres groupes humains pourvu qu'ils incluent quelque forme d'écriture, des technologies avancées, une organisation sociale formalisée, des systèmes religieux complexes et, éventuellement, des constructions monumentales. Dans toute son oeuvre Lévi—Strauss s'attache à critiquer cette vision ethnocentrique en montrant qu'on est en même temps tous des sauvages, parce qu'on utilise les mêmes procès logiques dans les forêts du Mato Grosso que sur les boulevards de Paris, et tous des civilisés, bien qu'on ait à faire à des formes différentes de civilisation. La formulation la plus accom-plie de sa position est proposée dans Race et Histoire (à l'origine d'une virulente polémique avec Roger Caillois en 1955). D'abord, on ne peut pas à proprement parler de sociétés primitives, c'est-à-dire de sociétés qui seraient restées comme bloquées dans une phase historique ancienne. Il y a plutôt des groupes sociaux dont l'histoire est inconnaissable, principalement parce qu'ils n'ont pas laissé de documents écrits ou de traces matérielles durables. Donc, c'est du point de vue de l'utilisation de l'écriture et de la richesse de leur culture matérielle qu'on pourrait distinguer les sociétés civilisées des non civilisées. Mais, en effet, ce n'est qu'un 21
The key idea this paper explores is that if climate change denial is relatively widespread, in sp... more The key idea this paper explores is that if climate change denial is relatively widespread, in spite of the continued efforts of researchers and journalists to debunk it, it is not only because of the ignorance of the average citizen and the powerful propaganda of the fossil fuel industry, but also – and perhaps mainly – because it is assumed as a form of resistance in defence of freedom and individual autonomy. A mistaken and paradoxical form of resistance, without doubt, which is precisely why it calls for careful examination.
More power to the Portuguese students and global Climate Strike movement! Everyone should go on s... more More power to the Portuguese students and global Climate Strike movement! Everyone should go on strike, not just students! When many of us protested against acid rain, whaling and nuclear weapons in the 70s and 80s, we knew these things were bad and needed changing, but that did seem at least doable. Climate change was almost not discussed then. Maybe it never seemed urgent enough-or perhaps it was just too complex, or as it turns out, a lot of evidence was being hidden from us. It must make you rightfully angry to have grown up now during a time when global climate change and all the terrible consequences associated with it have been known about for decades, yet the same old push for growth and use of fossil fuels has never really relented. It makes us angry too. On top of that, respectable, well-educated people in power seem to have been complicit in going along with it all for decades. It must be discouraging. And still you have politicians and administrators who openly say that if you go along with climate strikes and any form of antigrowth protests for a fairer world, a global justice agenda, you are pretty much an enemy of the state. As your José Saramago once said "There are plenty of reasons not to put up with the world as it is"-and wanting a less damaged planet to live on really should not be such a big ask. You are not alone! The undersigned support your right to draw attention to this global issue.
Mencionei recentemente, num comentário a um post no Facebook sobre o partido português Pessoas-An... more Mencionei recentemente, num comentário a um post no Facebook sobre o partido português Pessoas-Animais-Natureza (PAN) escrito por Zé Neves, a celebre frase do Sr. Theodor W. Adorno “Auschwitz começa sempre que alguém olha para um matadouro e pensa: são apenas animais”. Pouco depois outro participante na conversa, Francisco, observou que a famosa frase afinal é apócrifa (outros também diriam o mesmo pouco depois em outros comentários), e que alguns consideram derivar de um certo trecho do livro Minima Moralia. Fui verificar e é mesmo isso, a frase que já vi reproduzida milhares de vezes e nos contextos mais insuspeitáveis, entre os quais um anúncio da PETA, de facto não é do Sr. Adorno [...].
HoST-Journal of History of Science and Technology, 2021
HoST-Journal of History of Science and Technology, an open access, on-line peer-reviewed internat... more HoST-Journal of History of Science and Technology, an open access, on-line peer-reviewed international journal devoted to the History of Science and Technology, encourages submissions of original historical research exploring the cultural, social and political dimensions of science, technology, and medicine (STM), both from a local and a global perspective.The editors of HoST are looking for proposals for one thematic dossier to be published in December 2023 (HoST volume 17, issue 2). The thematic dossier should be prepared by the guest editor(s) and include four research papers along with an introduction.
« Penser le débat sur l'Anthropocène avec Merleau-Ponty
"Pensare il dibattito sull’Antropocene c... more « Penser le débat sur l'Anthropocène avec Merleau-Ponty
"Pensare il dibattito sull’Antropocene con Merleau-Ponty"
"Thinking the Anthropocene debate with Merleau-Ponty"
HoST - Journal of History of Science and Technology, 2021
HoST-Journal of History of Science and Technology is a peer-reviewed open access journal, publish... more HoST-Journal of History of Science and Technology is a peer-reviewed open access journal, published online in English by De Gruyter/Sciendo and results of a partnership between four Portuguese research units (CIUHCT, CIDEHUS, ICS e IHC).
CONTENTS OF VOLUME 15.1
Special issue "Global Flora: Mastering Exotic Plants (Eighteenth-Nineteenth Centuries)"
This special issue includes an introduction by the guest editors Lorelai Kury and Sara Albuquerque followed by three articles that contribute to an analysis of plant circulation from the viewpoint of the science and techniques that sought to use or examine exotic species, particularly within the European circuit.
We welcome applications for the Anthropocene Campus Lisboa: Parallax (ACL: Parallax), taking plac... more We welcome applications for the Anthropocene Campus Lisboa: Parallax (ACL: Parallax), taking place at Culturgest in Lisbon, Portugal, between 6 and 11 January 2020. The Campus is organised by the Portuguese research center CIUHCT and is part of the Anthropocene Curriculum initiated by the Haus der Kulturen der Welt (HKW) and the Max Planck Institute for the History of Science (MPIWG), which has generated two Anthropocene Campus in Berlin (2014, 2016) and several satellite events worldwide. Deadline: October 15, 2019.
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Books by Davide Scarso
Papers by Davide Scarso
enfatiza a necessidade de evitarmos a redução do Antropoceno ou termos similares a conceitos científicos, assim preservando a sua capacidade indutora de novas perspectivas e transformações existenciais e resistindo à tentação de objetivação dominadora de um mundo mais complexo e bagunçado do que a epistemologia clássica gostaria de admitir.
Palavras-chave: Ecologia. Sustentabilidade. Ontologia. Epistemologia. Política
de um certo pós-modernismo, com seus edifícios destinados essencialmente a serem contemplados pelos apreciadores. A partir dessa dupla oposição, a arquitetura fenomenológica parece procurar um plano mais sólido numa forte acentuação da positividade
da experiência corpórea e perceptiva, quando Merleau-Ponty parece empenhado, pelo contrário, em uma progressiva revisão destes aspetos.
enfatiza a necessidade de evitarmos a redução do Antropoceno ou termos similares a conceitos científicos, assim preservando a sua capacidade indutora de novas perspectivas e transformações existenciais e resistindo à tentação de objetivação dominadora de um mundo mais complexo e bagunçado do que a epistemologia clássica gostaria de admitir.
Palavras-chave: Ecologia. Sustentabilidade. Ontologia. Epistemologia. Política
de um certo pós-modernismo, com seus edifícios destinados essencialmente a serem contemplados pelos apreciadores. A partir dessa dupla oposição, a arquitetura fenomenológica parece procurar um plano mais sólido numa forte acentuação da positividade
da experiência corpórea e perceptiva, quando Merleau-Ponty parece empenhado, pelo contrário, em uma progressiva revisão destes aspetos.
de l’anthropologie de Lévi-Strauss, bien qu’à première vue cela
puisse paraître paradoxal. Elles représentent sans doute une des
premières sources de matériel d’étude, ainsi qu’une dimension
incontournable de la vie humaine. Mais le nombre de comporte-
ments possibles dans le monde social est tel qu’en se bornant au
niveau factuel, aucune systématisation n’est envisageable [...]
des sources d’inspiration principales de la pensée anthropologique
de Lévi—Strauss. Selon Saussure, la valeur d’un signe linguistique
n’est pas déterminée d’une façon positive et isolée, mais résulte
essentiellement du fait de différer de tous les autres termes qui
l’entourent....
"Pensare il dibattito sull’Antropocene con Merleau-Ponty"
"Thinking the Anthropocene debate with Merleau-Ponty"
CONTENTS OF VOLUME 15.1
Special issue "Global Flora: Mastering Exotic Plants (Eighteenth-Nineteenth Centuries)"
This special issue includes an introduction by the guest editors Lorelai Kury and Sara Albuquerque followed by three articles that contribute to an analysis of plant circulation from the viewpoint of the science and techniques that sought to use or examine exotic species, particularly within the European circuit.