Papers by Rebeca Furtado de Melo
Resumo: O presente artigo pretende discutir o significado filosófico do conceito nietzschiano da ... more Resumo: O presente artigo pretende discutir o significado filosófico do conceito nietzschiano da morte de Deus como um acontecimento histórico incontornável. Para tanto, parte da análise do conhecido aforismo 125 de A Gaia Ciência, discutindo detidamente diversas formulações que explicitam o papel ocupado por "Deus" na filosofia nietzschiana e, para além disso, o significado sua morte. Nessa descrição vem à tona a relação da morte de Deus e da experiência do niilismo, enquanto desvalorização de todos os valores e supressão da própria possibilidade da verdade. Nesse sentido, discute-se ainda, a essência niilista da metafísica, na medida em que a mesma surge da necessidade da vontade de verdade de postular um mundo verdadeiro para além do mundo fenomênico. Palavras-chave: "Morte de Deus"; metafísica; niilismo. Abstract: This paper intends to discuss the philosophical meaning of Nietzsche's concept death of God as a historical and unavoidable event. In order to ...
Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, Apr 9, 2020
Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, 2020
Entrevista com a filósofa Djamila Ribeiro elaborada por Christiane Costa de Matos Fernandes, Debo... more Entrevista com a filósofa Djamila Ribeiro elaborada por Christiane Costa de Matos Fernandes, Deborah Moreira Guimarães, Juliana Lira Sampaio e Rebeca Furtado de Melo. As perguntas foram enviadas por e-mail à filósofa Djamila Ribeiro, que as respondeu por escrito (abril de 2020).
Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, 2021
O presente artigo parte de uma distinção entre duas compreensões de pensamento decolonial, uma ma... more O presente artigo parte de uma distinção entre duas compreensões de pensamento decolonial, uma mais abrangente e a outra que se refere especialmente ao trabalho desenvolvido pelo grupo Modernidade/colonialidade. A partir desta distinção, se articula algumas propostas deste grupo com a necessidade de desenvolvermos hermenêuticas topológicas a fim de sermos capazes, por um lado, de compreendermos nosso próprio lugar de enunciação e o acontecimento geohistórico que o instaura e atravessa e, por outro, de realizarmos a tarefa de descolonizarmos nosso pensamento e fazer filosófico.
Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia
Entrevista elaborada por Christiane Costa de Matos Fernandes e Deborah Moreira Guimarães. As perg... more Entrevista elaborada por Christiane Costa de Matos Fernandes e Deborah Moreira Guimarães. As perguntas foram enviadas por e-mail à professora e pesquisadora Rebeca Furtado, que as respondeu por escrito.
Em Construção, 2019
Este artigo (com exceção do “posfácio”) foi publicado como o segundo capítulo do livro Objectivit... more Este artigo (com exceção do “posfácio”) foi publicado como o segundo capítulo do livro Objectivity and Diversity: Another Logic of Scientific Research [Objetividade e Diversidade: outra lógica para a pesquisa científica]. Chicago: University of Chicago Press, 2015. Autora: Sandra Harding. Tradução: Rebeca Furtado de Melo. Revisão: Ana Carolina Dantas.
Em Construção, 2017
Este artigo pretende apresentar, em linhas gerais, um panorama histórico da filosofia alemã do sé... more Este artigo pretende apresentar, em linhas gerais, um panorama histórico da filosofia alemã do séc. XIX. Deseja-se problematizar como a consolidação tardia das ciências naturais neste país permitiu um diálogo mais profícuo entre filosofia e ciências. O trabalho discute como na segunda metade do séc. XIX o pensamento alemão realiza um retorno à filosofia kantiana, levado a cabo por cientistas e filósofos, como tentativa de superar uma crise de legitimidade que ameaçava não apenas a filosofia, mas também as ciências humanas e naturais. Na terceira parte do trabalho se debate, de maneira mais detida, o caso da filosofia de Nietzsche, a fim de resgatar e discutir a influência de Kant para o pensamento de tal autor, problematizando a relação de sua filosofia com o pensamento de Lange.
Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, 2019
[Apresentação do Dossiê Feminismos] Hoje, ao finalizarmos mais esse dossiê, sinto vontade de fala... more [Apresentação do Dossiê Feminismos] Hoje, ao finalizarmos mais esse dossiê, sinto vontade de falar sobre a alegria de ver nossos trabalhos frutificarem. E, aqui, “nossos trabalhos” se refere a muito mais que a organização propriamente dita deste dossiê. Essa expressão fala sobre nossos esforços e a dedicação com que durante anos, individual e coletivamente, muitas mulheres, em redes distintas e plurais, em conexões múltiplas e variantes, têm desenvolvido projetos, seja a partir da docência, seja por meio de suas pesquisas, militâncias, nos cuidados mútuos, nos grupos de apoio e acolhimento e nos mais diversos tipos de editoração, publicação e divulgação de nossas vozes, pensamentos e sentimentos, e de tantas outras vozes que o patriarcado branco, cishétero normativo insiste em tentar silenciar.
Ekstasis: revista de hermenêutica e fenomenologia, 2017
O presente trabalho busca fornecer argumentos a favor da tese de que o pensamento hermenêutico qu... more O presente trabalho busca fornecer argumentos a favor da tese de que o pensamento hermenêutico quando se mantém atento à espacialidade própria do lugar no qual os acontecimento compreensivo e fenômenos hermenêuticos se dão, se torna mais esclarecedor para tratar de situações hermenêuticas limites. O texto investiga como o conceito de lugar pode lançar luz sobre os principais problemas da tradição hermenêutica e sobre os fenômenos que ela tem em vista, propondo uma hermenêutica topológica que busca compreender o lugar a que pertencemos e a partir do qual somos. Para tanto, a discussão recorre a alguns dos trabalhos sobre lugar e situação publicados por Jeff Malpas nos últimos anos, a fim de trazer novas perspectivas para essa questão.
(MELO, R.. Lugar e espacialidade: contribuições para uma hermenêutica topológica. Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, Rio de Janeiro, 6, ago. 2017. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/Ekstasis/article/view/30219/21729>. Acesso em: 17 Fev. 2018..)
The question of whether Nietzsche should or at least could be incorporated into the hermeneutical... more The question of whether Nietzsche should or at least could be incorporated into the hermeneutical tradition has been a debate for many scholars is the last decades. Differing claims, both for and against, have been advanced by people such as Vattimo, Davey, Babich and Grondin. This work attempts to discuss some of these claims, addressing the hermeneutical background to Nietzsche’s thought focusing on two key concepts of his philosophy: finitude and truth. I argue that Nietzsche’s philosophy can be understood as hermeneutical thinking since it assumes the radical purpose to think our finite situation (in both epistemological and existential senses) in a way that is very close to the hermeneutical circularity of human understanding. I also argue that this interpretation allows such polemical theses as the will to power, perspectivism, and “theory of errors” to become comprehensive as a whole, and mutually compatible.
FURTADO DE MELO, Rebeca. NIETZSCHE AND HERMENEUTICAL THINKING: FINITUDE AND TRUTH. Philósophos - Revista de Filosofia, [S.l.], v. 22, n. 2, p. 211, fev. 2018. ISSN 1982-2928. Disponível em: <https://revistas.ufg.br/philosophos/article/view/46011>. Acesso em: 17 fev. 2018. doi:https://doi.org/10.5216/phi.v22i2.46011.
Comunicação apresentada na IV Jornadas Internacionales de Hermenéutica 2015.
Publicado como: Acta... more Comunicação apresentada na IV Jornadas Internacionales de Hermenéutica 2015.
Publicado como: Actas. Compilado por Lucas Bidon-Chanal y Nicolás Fernández Muriano.
1a ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires
Ediciones Proyecto Hermenéutica, 2015.
E-Book.
ISBN 978-987-27903-3-2
Thesis Chapters by Rebeca Furtado de Melo
The present thesis intends to discuss the relationship between the concepts of truth, finitude an... more The present thesis intends to discuss the relationship between the concepts of truth, finitude and place in hermeneutical thinking. It defends that there is a fundamental co-requisition between them; in this sense, the definition of hermeneutics should arise from the internal relationship between those concepts. This research studies the work of the main authors of hermeneutical tradition like Schleiermacher, Dilthey, Gadamer, and, mainly, Nietzsche and Heidegger. The thesis has three parts: the first one discusses the concept of truth and shows how philosophy brings to light some fundamental aspects on the way that
hermeneutics deals with the truth. The second questions whether hermeneutics carries out a radicalization of the critical project through its inquiry about finitude. Finally, the third investigates how the concept of place helps us to think about the main problems of hermeneutical tradition, proposing a topological hermeneutics that aims to understand the place where we belong to and from where we are.
Books by Rebeca Furtado de Melo
Moderna em Formação - Filosofia, 2021
"Carta às/aos docentes
Estimado/a professor/a,
Ao abraçar esse projeto de elaborar um livr... more "Carta às/aos docentes
Estimado/a professor/a,
Ao abraçar esse projeto de elaborar um livro para a formação docente continuada em filosofia nos deparamos com o desafio que isso significava, em especial nesse momento de transformações na educação básica institucionalizada, com ênfase na etapa do ensino médio, fase em que a inserção da filosofia e de seu ensino está, esperamos, consolidada.
O que nos motivou nesse projeto? O que desejávamos realizar nessa obra? Um livro capaz de dialogar com a diversidade de subjetividades que, nos diferentes contextos de um Brasil plural, ensinam filosofia, para uma heterogeneidade de estudantes de diferentes faixas etárias, gêneros, geografias, religiões, sexualidades, classes sociais. Docentes com trajetórias variadas, com maior ou menor experiência acumulada, pouco ou muito afeitos a mudanças, todos e todas no desafio de fazer o mesmo, tecer as tramas do ensino-aprendizagem, mas de um jeito diferente.
Assim como o mestre Aristóteles nos ensinou que o ser se diz de muitos modos, assim como filosofar se diz de muitos modos, ensinar também é ação que se pratica de muitos modos e há uma infinidade de modos de ser docente de filosofia. É importante que cada professor/a agregue à sua prática seu estilo, suas características singulares que fazem de cada um/a única/o nesse processo de tornar-se o docente que se é.
Assim, nos colocamos no início de todo processo, a nos perguntar: o quê? Como? O contexto é de mudanças na educação brasileira a partir da BNCC, fundamentada nos direitos de aprendizagem, e da reforma da estrutura do ensino médio, com a lei 13.415/17, definindo uma nova organização curricular, mais flexível, organizada em áreas do conhecimento.
Como obra de formação continuada, também nos orientou a questão: quais lacunas, ausências, fragilidades identificamos na formação docente em geral e na formação docente em filosofia, especificamente? Quais delas sentimos maior premência e priorizaremos nesta obra de formação continuada? Algumas respostas a essas perguntas deram origem à estrutura deste livro, com a valorização da imbricação entre teoria e prática, a crítica aos silenciamentos do cânone filosófico e seu efeito epistemicida, a valorização da filosofia em sua diversidade, entendida como filosofias que, na geografia de reflexões e proposições filosóficas de diferentes culturas, agrega aportes para pensarmos os problemas, temas e questões que nos desafiam hoje.
É esse o convite que fazemos nesta obra, para realizarmos juntas/os um percurso duplo: na exterioridade, trilhar o caminho da interdisciplinaridade, em estreito diálogo com a área de ciências humanas e sociais aplicadas, a partir de referenciais teóricos atentos à diversidade (de gênero, étnico-racial, geográfica), com a teoria e a prática indissociadas e, na interioridade, uma trajetória de auto-percepção e realização de si enquanto docente.
Lecionar inclui trabalho corporal e intelectual, a dimensão afetiva sempre presente, a comunidade na qual estamos inseridas/os, atuamos e onde a produção de conhecimento se dá, as escolhas que fazemos, na construção de um projeto de vida pessoal, de docência e de sociedade. Para professoras e professores que estão no chão da escola a mais tempo, com mais experiência, talvez seja um convite já feito outrora, quando no momento de sua formação docente primeira e então este será o convite para repensar e renovar sua prática filosófica docente, na tessitura de outras tecidos, tecendo novas redes, diálogos e conexões.
As/Os Autoras/es"
Uploads
Papers by Rebeca Furtado de Melo
(MELO, R.. Lugar e espacialidade: contribuições para uma hermenêutica topológica. Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, Rio de Janeiro, 6, ago. 2017. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/Ekstasis/article/view/30219/21729>. Acesso em: 17 Fev. 2018..)
FURTADO DE MELO, Rebeca. NIETZSCHE AND HERMENEUTICAL THINKING: FINITUDE AND TRUTH. Philósophos - Revista de Filosofia, [S.l.], v. 22, n. 2, p. 211, fev. 2018. ISSN 1982-2928. Disponível em: <https://revistas.ufg.br/philosophos/article/view/46011>. Acesso em: 17 fev. 2018. doi:https://doi.org/10.5216/phi.v22i2.46011.
Publicado como: Actas. Compilado por Lucas Bidon-Chanal y Nicolás Fernández Muriano.
1a ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires
Ediciones Proyecto Hermenéutica, 2015.
E-Book.
ISBN 978-987-27903-3-2
Thesis Chapters by Rebeca Furtado de Melo
hermeneutics deals with the truth. The second questions whether hermeneutics carries out a radicalization of the critical project through its inquiry about finitude. Finally, the third investigates how the concept of place helps us to think about the main problems of hermeneutical tradition, proposing a topological hermeneutics that aims to understand the place where we belong to and from where we are.
Books by Rebeca Furtado de Melo
Estimado/a professor/a,
Ao abraçar esse projeto de elaborar um livro para a formação docente continuada em filosofia nos deparamos com o desafio que isso significava, em especial nesse momento de transformações na educação básica institucionalizada, com ênfase na etapa do ensino médio, fase em que a inserção da filosofia e de seu ensino está, esperamos, consolidada.
O que nos motivou nesse projeto? O que desejávamos realizar nessa obra? Um livro capaz de dialogar com a diversidade de subjetividades que, nos diferentes contextos de um Brasil plural, ensinam filosofia, para uma heterogeneidade de estudantes de diferentes faixas etárias, gêneros, geografias, religiões, sexualidades, classes sociais. Docentes com trajetórias variadas, com maior ou menor experiência acumulada, pouco ou muito afeitos a mudanças, todos e todas no desafio de fazer o mesmo, tecer as tramas do ensino-aprendizagem, mas de um jeito diferente.
Assim como o mestre Aristóteles nos ensinou que o ser se diz de muitos modos, assim como filosofar se diz de muitos modos, ensinar também é ação que se pratica de muitos modos e há uma infinidade de modos de ser docente de filosofia. É importante que cada professor/a agregue à sua prática seu estilo, suas características singulares que fazem de cada um/a única/o nesse processo de tornar-se o docente que se é.
Assim, nos colocamos no início de todo processo, a nos perguntar: o quê? Como? O contexto é de mudanças na educação brasileira a partir da BNCC, fundamentada nos direitos de aprendizagem, e da reforma da estrutura do ensino médio, com a lei 13.415/17, definindo uma nova organização curricular, mais flexível, organizada em áreas do conhecimento.
Como obra de formação continuada, também nos orientou a questão: quais lacunas, ausências, fragilidades identificamos na formação docente em geral e na formação docente em filosofia, especificamente? Quais delas sentimos maior premência e priorizaremos nesta obra de formação continuada? Algumas respostas a essas perguntas deram origem à estrutura deste livro, com a valorização da imbricação entre teoria e prática, a crítica aos silenciamentos do cânone filosófico e seu efeito epistemicida, a valorização da filosofia em sua diversidade, entendida como filosofias que, na geografia de reflexões e proposições filosóficas de diferentes culturas, agrega aportes para pensarmos os problemas, temas e questões que nos desafiam hoje.
É esse o convite que fazemos nesta obra, para realizarmos juntas/os um percurso duplo: na exterioridade, trilhar o caminho da interdisciplinaridade, em estreito diálogo com a área de ciências humanas e sociais aplicadas, a partir de referenciais teóricos atentos à diversidade (de gênero, étnico-racial, geográfica), com a teoria e a prática indissociadas e, na interioridade, uma trajetória de auto-percepção e realização de si enquanto docente.
Lecionar inclui trabalho corporal e intelectual, a dimensão afetiva sempre presente, a comunidade na qual estamos inseridas/os, atuamos e onde a produção de conhecimento se dá, as escolhas que fazemos, na construção de um projeto de vida pessoal, de docência e de sociedade. Para professoras e professores que estão no chão da escola a mais tempo, com mais experiência, talvez seja um convite já feito outrora, quando no momento de sua formação docente primeira e então este será o convite para repensar e renovar sua prática filosófica docente, na tessitura de outras tecidos, tecendo novas redes, diálogos e conexões.
As/Os Autoras/es"
(MELO, R.. Lugar e espacialidade: contribuições para uma hermenêutica topológica. Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, Rio de Janeiro, 6, ago. 2017. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/Ekstasis/article/view/30219/21729>. Acesso em: 17 Fev. 2018..)
FURTADO DE MELO, Rebeca. NIETZSCHE AND HERMENEUTICAL THINKING: FINITUDE AND TRUTH. Philósophos - Revista de Filosofia, [S.l.], v. 22, n. 2, p. 211, fev. 2018. ISSN 1982-2928. Disponível em: <https://revistas.ufg.br/philosophos/article/view/46011>. Acesso em: 17 fev. 2018. doi:https://doi.org/10.5216/phi.v22i2.46011.
Publicado como: Actas. Compilado por Lucas Bidon-Chanal y Nicolás Fernández Muriano.
1a ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires
Ediciones Proyecto Hermenéutica, 2015.
E-Book.
ISBN 978-987-27903-3-2
hermeneutics deals with the truth. The second questions whether hermeneutics carries out a radicalization of the critical project through its inquiry about finitude. Finally, the third investigates how the concept of place helps us to think about the main problems of hermeneutical tradition, proposing a topological hermeneutics that aims to understand the place where we belong to and from where we are.
Estimado/a professor/a,
Ao abraçar esse projeto de elaborar um livro para a formação docente continuada em filosofia nos deparamos com o desafio que isso significava, em especial nesse momento de transformações na educação básica institucionalizada, com ênfase na etapa do ensino médio, fase em que a inserção da filosofia e de seu ensino está, esperamos, consolidada.
O que nos motivou nesse projeto? O que desejávamos realizar nessa obra? Um livro capaz de dialogar com a diversidade de subjetividades que, nos diferentes contextos de um Brasil plural, ensinam filosofia, para uma heterogeneidade de estudantes de diferentes faixas etárias, gêneros, geografias, religiões, sexualidades, classes sociais. Docentes com trajetórias variadas, com maior ou menor experiência acumulada, pouco ou muito afeitos a mudanças, todos e todas no desafio de fazer o mesmo, tecer as tramas do ensino-aprendizagem, mas de um jeito diferente.
Assim como o mestre Aristóteles nos ensinou que o ser se diz de muitos modos, assim como filosofar se diz de muitos modos, ensinar também é ação que se pratica de muitos modos e há uma infinidade de modos de ser docente de filosofia. É importante que cada professor/a agregue à sua prática seu estilo, suas características singulares que fazem de cada um/a única/o nesse processo de tornar-se o docente que se é.
Assim, nos colocamos no início de todo processo, a nos perguntar: o quê? Como? O contexto é de mudanças na educação brasileira a partir da BNCC, fundamentada nos direitos de aprendizagem, e da reforma da estrutura do ensino médio, com a lei 13.415/17, definindo uma nova organização curricular, mais flexível, organizada em áreas do conhecimento.
Como obra de formação continuada, também nos orientou a questão: quais lacunas, ausências, fragilidades identificamos na formação docente em geral e na formação docente em filosofia, especificamente? Quais delas sentimos maior premência e priorizaremos nesta obra de formação continuada? Algumas respostas a essas perguntas deram origem à estrutura deste livro, com a valorização da imbricação entre teoria e prática, a crítica aos silenciamentos do cânone filosófico e seu efeito epistemicida, a valorização da filosofia em sua diversidade, entendida como filosofias que, na geografia de reflexões e proposições filosóficas de diferentes culturas, agrega aportes para pensarmos os problemas, temas e questões que nos desafiam hoje.
É esse o convite que fazemos nesta obra, para realizarmos juntas/os um percurso duplo: na exterioridade, trilhar o caminho da interdisciplinaridade, em estreito diálogo com a área de ciências humanas e sociais aplicadas, a partir de referenciais teóricos atentos à diversidade (de gênero, étnico-racial, geográfica), com a teoria e a prática indissociadas e, na interioridade, uma trajetória de auto-percepção e realização de si enquanto docente.
Lecionar inclui trabalho corporal e intelectual, a dimensão afetiva sempre presente, a comunidade na qual estamos inseridas/os, atuamos e onde a produção de conhecimento se dá, as escolhas que fazemos, na construção de um projeto de vida pessoal, de docência e de sociedade. Para professoras e professores que estão no chão da escola a mais tempo, com mais experiência, talvez seja um convite já feito outrora, quando no momento de sua formação docente primeira e então este será o convite para repensar e renovar sua prática filosófica docente, na tessitura de outras tecidos, tecendo novas redes, diálogos e conexões.
As/Os Autoras/es"