Resumo: As considerações que faremos neste artigo são pautadas na possibilidade de discutir um en... more Resumo: As considerações que faremos neste artigo são pautadas na possibilidade de discutir um enfoque antropológico na filosofia das Investigações Filosóficas de Ludwig Wittgenstein. O texto se divide em duas partes: a primeira apresenta a concepção de linguagem no Tractatus Logico-Philosophicus que é a concepção tradicional de linguagem na filosofia no ocidente. Tratamos especificamente sobre as categorias estruturais do mundo, a teoria da figuração e a doutrina do isomorfismo. A segunda apresenta o texto de Investigações no intuito de mostrar que a linguagem do cotidiano é uma linguagem entendida numa perspectiva pragmática pois é expressa a partir de objetos, gestos e ações concretas. Os contextos práticos de ação do homem são fundamentais para entender sua nova abordagem sobre a linguagem, uma vez que defendemos ser o enfoque antropológico engendrado a partir de sua abordagem pragmática da linguagem. Palavras-chave: Filosofia. Linguagem. Antropologia. Wittgenstein. Abstract: The comments hereby made are based on the possibility of discussing an anthropological scope in Ludwig Wittgenstein's Philosophical Investigations. The essay is twofold: the first part presents the concept of language found in the author's Tractatus Logico-Philosophicus, which comes from Western Philosophy. The discussion will delve deeper into world structuring categories, a theory of figuration and a proposition of isomorphism. The second part rests upon Investigations to show that everyday language is analysed from a pragmatic perspective, as it is expressed by objects, gestures and concrete actions. The tactical settings on which human activity develops are key to understand his anew approach to language, since we stand by the idea of an anthropological bias underlying his pragmatic view of language. Introdução Somos, quando filosofamos, como seres selvagens, homens primitivos que ouvem o modo de expressão de homens civilizados, interpretam-no mal e tiram as mais estranhas conclusões de sua interpretação (Ludwig Wittgenstein-Investigações Filosóficas, § 194). A discussão que faremos neste texto é pautada na possibilidade de defender 1 Professor da Universidade Estadual do Paraná e Doutorando em Filosofia pela PUC-PR.
Resumo: Este artigo tem como objetivo mostrar como a análise lógica de Ockham elimina o problema ... more Resumo: Este artigo tem como objetivo mostrar como a análise lógica de Ockham elimina o problema a respeito da existência dos termos universais na realidade e trás à tona a sua doutrina semântica nominalista. A argumentação tem como escopo a tese de que o trabalho de redução ontológica dos entes evidencia uma realidade composta de mônadas – entidades essenciais, simples e de caráter singular. A ontologia do filósofo, contudo, só é explicitada a partir do princípio metodológico da parcimônia, isto é, a não multiplicação dos entes desnecessariamente – a Navalha de Ockham. Palavras-chave: análise lógica; doutrina semântica; mônada, navalha de Ockham. Abstract: This article has as its objective to show how Ockham's logical analysis eliminates the problem despite the existence of the universals terms in the reality and brings to light his nominalist semantic doctrine. The argumentation has as scope the thesis that the work of the ontological reduction of beings puts in evidence a reality composed from monads – essential entities, simple and of singular character. The philosopher's ontology, however, is only made explicit from the methodological principle of parsimony, that is, the non-multiplication of the beings unnecessarily – the Occam's Razor. Introdução A redescoberta do pensamento de Guilherme de Ockham deu-se recentemente graças ao trabalho de inúmeros especialistas que se debruçaram sobre seus textos no intuito de dissolver controvérsias e reconstruir uma leitura coerente de suas teses. Tal empenho dissociou o pensamento de Ockham do ockhamismo, bem como de equívocos interpretativos a que sua filosofia fora alvo e, ao mesmo tempo em que o pensador é (re)colocado adequadamente dentro
RESUMO: As considerações que faremos neste artigo vai analisar como o metabolismo se torna um mec... more RESUMO: As considerações que faremos neste artigo vai analisar como o metabolismo se torna um mecanismo que representa o primeiro gesto de liberdade da vida na filosofia de Hans Jonas. A centralidade da discussão está no fato de que a vida é um processo de manutenção de si onde a liberdade está presente desde as estruturas mais simples do organismo às mais desenvolvidas. O nosso objetivo é o de mostrar, a partir de uma análise das ideias de liberdade e necessidade, como a vida se abre para uma transcendência ou, tecnicamente falando, para uma nova ontologia. ABSTRACT: The considerations that will do in this article are going to analyze how the metabolism becomes mechanism that represents the first gesture of freedom of life, in Hans Jonas' philosophy. From this perspective this discution is in fact that life is a self-maintenance process where freedom shows up since the simplest structures of the organism to the most developed ones. Our goal is showing, from analyzes of the ideia of freedom and necessity, how life open it self to transcendence or, technically speaking, to new ontology.
Resumo Afirmar uma ciência antropológica na filosofia de Ludwig Wittgenstein é um equívoco. Este ... more Resumo Afirmar uma ciência antropológica na filosofia de Ludwig Wittgenstein é um equívoco. Este artigo vai apresentar algumas considerações que nos permitirá evidenciar um enfoque antropológico em sua filosofia da linguagem, especificamente em seus textos tardios. O texto desloca-se da filosofia tractatiana, com a doutrina da correspondência lógica entre linguagem e mundo, à filosofia de Investigações, com o seu contexto pragmático; onde os usos que fazemos de nossa linguagem são emoldurados pelos acordos estabelecidos em uma comunidade de fala. Ao homem é permitido falar não somente sobre o mundo, mas sobre si mesmo. Vemos, com isso, a possibilidade de refletir sobre a questão antropológica em seu pensamento, quando o filósofo assume a tarefa de reconduzir a nossa linguagem de " seu uso metafísico ao seu uso cotidiano. " Palavras-chave: linguagem; semântica; pragmática; antropologia. Abstract To say that there is such a thing as an anthropological science in Ludwig Wittgenstein's philosophy is a mistake. The present article will bring evidence to light that will enable us to show an anthropological insight in his philosophy of language, especially when it comes to his later works. The text moves from the Tractatus philosophy, with a doctrine stating there is a logical correspondence between language and the world, to that of Investigations, with its pragmatic context; where the uses of how language is used are framed by the compliance of the members of a given speech community. To the Man it is allowed to speak not only about the world, but about Himself. Therefore, it will be possible to reflect upon the anthropological aspect of Wittgenstein's work, when the author starts to bring language from metaphysics back to its day-today uses.
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo analisar a reinterpretação do fenômeno vida na biologia fi... more RESUMO: Este trabalho tem por objetivo analisar a reinterpretação do fenômeno vida na biologia filosófica de Hans Jonas. Para tanto, vamos analisar a teoria da evolução do naturalista e biólogo Charles Darwin e entender como a seleção natural contribui para o desenvolvimento das espécies. Em seguida, vamos adentrar propriamente na biologia filosófica de Jonas e apresentar como, a partir do evolucionismo, o pensador reinterpreta a noção de vida na contemporaneidade. Hans Jonas, por meio de sua teoria filosófica, aponta que a doutrina darwinista, sobre a origem das espécies, rompeu com o monismo materialista recolocando o cogitans no percurso da vida. Dessa maneira, ela passa a ser reconhecida como matéria e espírito simultaneamente ABSTRACT: The purpose of the present article is to examine the reinterpretation of the phenomena called "life" in Hans Jonas philosophical biology. To do so, Charles Darwin's Theory of Evolution will be analised to help us understand how natural selection plays a role in the way species develop. Then, we will delve into Jonas' philosophical biology and show how, coming from Evolutionism, such scholar shed new light on the notion of "life" in contemporary thinking. Through his works, Hans Jonas points out that the darwinist theory on the origin of species broke the mold put forth by Material Monism, putting "cogitans" back on the track of life. Thus "life" starts to be seen as both matter and spirit at the same time.
Deus Morreu! A famosa afirmação de Nietzsche em Gaia Ciência (A Ciência Alegre) suscitou e ainda ... more Deus Morreu! A famosa afirmação de Nietzsche em Gaia Ciência (A Ciência Alegre) suscitou e ainda suscita inúmeras discussões acerca da real intenção do filósofo com ela. Aparentemente essa expressão pode soar forte para ouvidos religiosos e, por outro lado, para aqueles não são tão simpáticos ao Criador, soa de maneira interessante. No entanto, os desavisados podem não notar que há um paradoxo nesta afirmação: Ora, se Deus existe ele não pode morrer, porque ele é Deus. Se Deus não existe Ele não pode morrer, porque ele não existe. A minha ideia é explorar brevemente por meio dessas considerações o fenômeno do retorno ao sagrado a partir do postulado da morte de Deus entendida como o fim da metafísica. Os aspectos envolvidos nesse evento são vistos como o fim da crença em uma ordem fundada, estável, necessária e objetivamente cognitiva do ser, isto é, o século XXI vem à tona explicitando a impossibilidade da sobrevivência de qualquer fundamento epistemológico para as coisas. Se por um lado, no campo do conhecimento, temos essa situação, por outro, vemos um forte e crescente retorno ao sagrado. Em tempos de grandes descobertas e avanços significativos nas ciências, o que poderia explicar ou justificar essa volta do sagrado? Devemos ter em mente que o anúncio da morte de Deus, entendida como superação do Deus moral, da racionalização, não encerra em absoluto o discurso sobre a religião, tampouco implica o término de qualquer experiência religiosa. O anúncio nietzschiano é o carro chefe, ainda que genericamente, apontando para a experiência do fim da modernidade quando da dissolução dos sistemas filosóficos e da falência na crença do progresso da ciência em vias da razão. A crença em Deus se mostrou como um poderoso dispositivo de racionalização e disciplina que permitiu ao homem deixar a selva primitiva do homem lobo do homem, a luta de todos contra todos, além de favorecer o desenvolvimento científico e técnico como formas de assegurar a sua existência. Em Gaia Ciência Nietzsche denuncia ser o homem o responsável pela morte de Deus pelo fato de que ele não precisa mais da Crença em Deus, pois Ele não é o ser Supremo que garante, dá fundamento e muito menos dá a finalidade última ao mundo. A racionalização da existência foi o que tornou a crença em Deus obsoleta e inútil. Não há, no entanto, uma metafísica ateísta na doutrina de Nietzsche, pois o que está em jogo na crítica é a fé na verdade, personificada na figura do Deus moral, fundador e garantidor de uma ordem do mundo.
Resumo: As considerações que faremos neste artigo são pautadas na possibilidade de discutir um en... more Resumo: As considerações que faremos neste artigo são pautadas na possibilidade de discutir um enfoque antropológico na filosofia das Investigações Filosóficas de Ludwig Wittgenstein. O texto se divide em duas partes: a primeira apresenta a concepção de linguagem no Tractatus Logico-Philosophicus que é a concepção tradicional de linguagem na filosofia no ocidente. Tratamos especificamente sobre as categorias estruturais do mundo, a teoria da figuração e a doutrina do isomorfismo. A segunda apresenta o texto de Investigações no intuito de mostrar que a linguagem do cotidiano é uma linguagem entendida numa perspectiva pragmática pois é expressa a partir de objetos, gestos e ações concretas. Os contextos práticos de ação do homem são fundamentais para entender sua nova abordagem sobre a linguagem, uma vez que defendemos ser o enfoque antropológico engendrado a partir de sua abordagem pragmática da linguagem. Palavras-chave: Filosofia. Linguagem. Antropologia. Wittgenstein. Abstract: The comments hereby made are based on the possibility of discussing an anthropological scope in Ludwig Wittgenstein's Philosophical Investigations. The essay is twofold: the first part presents the concept of language found in the author's Tractatus Logico-Philosophicus, which comes from Western Philosophy. The discussion will delve deeper into world structuring categories, a theory of figuration and a proposition of isomorphism. The second part rests upon Investigations to show that everyday language is analysed from a pragmatic perspective, as it is expressed by objects, gestures and concrete actions. The tactical settings on which human activity develops are key to understand his anew approach to language, since we stand by the idea of an anthropological bias underlying his pragmatic view of language. Introdução Somos, quando filosofamos, como seres selvagens, homens primitivos que ouvem o modo de expressão de homens civilizados, interpretam-no mal e tiram as mais estranhas conclusões de sua interpretação (Ludwig Wittgenstein-Investigações Filosóficas, § 194). A discussão que faremos neste texto é pautada na possibilidade de defender 1 Professor da Universidade Estadual do Paraná e Doutorando em Filosofia pela PUC-PR.
Resumo: Este artigo tem como objetivo mostrar como a análise lógica de Ockham elimina o problema ... more Resumo: Este artigo tem como objetivo mostrar como a análise lógica de Ockham elimina o problema a respeito da existência dos termos universais na realidade e trás à tona a sua doutrina semântica nominalista. A argumentação tem como escopo a tese de que o trabalho de redução ontológica dos entes evidencia uma realidade composta de mônadas – entidades essenciais, simples e de caráter singular. A ontologia do filósofo, contudo, só é explicitada a partir do princípio metodológico da parcimônia, isto é, a não multiplicação dos entes desnecessariamente – a Navalha de Ockham. Palavras-chave: análise lógica; doutrina semântica; mônada, navalha de Ockham. Abstract: This article has as its objective to show how Ockham's logical analysis eliminates the problem despite the existence of the universals terms in the reality and brings to light his nominalist semantic doctrine. The argumentation has as scope the thesis that the work of the ontological reduction of beings puts in evidence a reality composed from monads – essential entities, simple and of singular character. The philosopher's ontology, however, is only made explicit from the methodological principle of parsimony, that is, the non-multiplication of the beings unnecessarily – the Occam's Razor. Introdução A redescoberta do pensamento de Guilherme de Ockham deu-se recentemente graças ao trabalho de inúmeros especialistas que se debruçaram sobre seus textos no intuito de dissolver controvérsias e reconstruir uma leitura coerente de suas teses. Tal empenho dissociou o pensamento de Ockham do ockhamismo, bem como de equívocos interpretativos a que sua filosofia fora alvo e, ao mesmo tempo em que o pensador é (re)colocado adequadamente dentro
RESUMO: As considerações que faremos neste artigo vai analisar como o metabolismo se torna um mec... more RESUMO: As considerações que faremos neste artigo vai analisar como o metabolismo se torna um mecanismo que representa o primeiro gesto de liberdade da vida na filosofia de Hans Jonas. A centralidade da discussão está no fato de que a vida é um processo de manutenção de si onde a liberdade está presente desde as estruturas mais simples do organismo às mais desenvolvidas. O nosso objetivo é o de mostrar, a partir de uma análise das ideias de liberdade e necessidade, como a vida se abre para uma transcendência ou, tecnicamente falando, para uma nova ontologia. ABSTRACT: The considerations that will do in this article are going to analyze how the metabolism becomes mechanism that represents the first gesture of freedom of life, in Hans Jonas' philosophy. From this perspective this discution is in fact that life is a self-maintenance process where freedom shows up since the simplest structures of the organism to the most developed ones. Our goal is showing, from analyzes of the ideia of freedom and necessity, how life open it self to transcendence or, technically speaking, to new ontology.
Resumo Afirmar uma ciência antropológica na filosofia de Ludwig Wittgenstein é um equívoco. Este ... more Resumo Afirmar uma ciência antropológica na filosofia de Ludwig Wittgenstein é um equívoco. Este artigo vai apresentar algumas considerações que nos permitirá evidenciar um enfoque antropológico em sua filosofia da linguagem, especificamente em seus textos tardios. O texto desloca-se da filosofia tractatiana, com a doutrina da correspondência lógica entre linguagem e mundo, à filosofia de Investigações, com o seu contexto pragmático; onde os usos que fazemos de nossa linguagem são emoldurados pelos acordos estabelecidos em uma comunidade de fala. Ao homem é permitido falar não somente sobre o mundo, mas sobre si mesmo. Vemos, com isso, a possibilidade de refletir sobre a questão antropológica em seu pensamento, quando o filósofo assume a tarefa de reconduzir a nossa linguagem de " seu uso metafísico ao seu uso cotidiano. " Palavras-chave: linguagem; semântica; pragmática; antropologia. Abstract To say that there is such a thing as an anthropological science in Ludwig Wittgenstein's philosophy is a mistake. The present article will bring evidence to light that will enable us to show an anthropological insight in his philosophy of language, especially when it comes to his later works. The text moves from the Tractatus philosophy, with a doctrine stating there is a logical correspondence between language and the world, to that of Investigations, with its pragmatic context; where the uses of how language is used are framed by the compliance of the members of a given speech community. To the Man it is allowed to speak not only about the world, but about Himself. Therefore, it will be possible to reflect upon the anthropological aspect of Wittgenstein's work, when the author starts to bring language from metaphysics back to its day-today uses.
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo analisar a reinterpretação do fenômeno vida na biologia fi... more RESUMO: Este trabalho tem por objetivo analisar a reinterpretação do fenômeno vida na biologia filosófica de Hans Jonas. Para tanto, vamos analisar a teoria da evolução do naturalista e biólogo Charles Darwin e entender como a seleção natural contribui para o desenvolvimento das espécies. Em seguida, vamos adentrar propriamente na biologia filosófica de Jonas e apresentar como, a partir do evolucionismo, o pensador reinterpreta a noção de vida na contemporaneidade. Hans Jonas, por meio de sua teoria filosófica, aponta que a doutrina darwinista, sobre a origem das espécies, rompeu com o monismo materialista recolocando o cogitans no percurso da vida. Dessa maneira, ela passa a ser reconhecida como matéria e espírito simultaneamente ABSTRACT: The purpose of the present article is to examine the reinterpretation of the phenomena called "life" in Hans Jonas philosophical biology. To do so, Charles Darwin's Theory of Evolution will be analised to help us understand how natural selection plays a role in the way species develop. Then, we will delve into Jonas' philosophical biology and show how, coming from Evolutionism, such scholar shed new light on the notion of "life" in contemporary thinking. Through his works, Hans Jonas points out that the darwinist theory on the origin of species broke the mold put forth by Material Monism, putting "cogitans" back on the track of life. Thus "life" starts to be seen as both matter and spirit at the same time.
Deus Morreu! A famosa afirmação de Nietzsche em Gaia Ciência (A Ciência Alegre) suscitou e ainda ... more Deus Morreu! A famosa afirmação de Nietzsche em Gaia Ciência (A Ciência Alegre) suscitou e ainda suscita inúmeras discussões acerca da real intenção do filósofo com ela. Aparentemente essa expressão pode soar forte para ouvidos religiosos e, por outro lado, para aqueles não são tão simpáticos ao Criador, soa de maneira interessante. No entanto, os desavisados podem não notar que há um paradoxo nesta afirmação: Ora, se Deus existe ele não pode morrer, porque ele é Deus. Se Deus não existe Ele não pode morrer, porque ele não existe. A minha ideia é explorar brevemente por meio dessas considerações o fenômeno do retorno ao sagrado a partir do postulado da morte de Deus entendida como o fim da metafísica. Os aspectos envolvidos nesse evento são vistos como o fim da crença em uma ordem fundada, estável, necessária e objetivamente cognitiva do ser, isto é, o século XXI vem à tona explicitando a impossibilidade da sobrevivência de qualquer fundamento epistemológico para as coisas. Se por um lado, no campo do conhecimento, temos essa situação, por outro, vemos um forte e crescente retorno ao sagrado. Em tempos de grandes descobertas e avanços significativos nas ciências, o que poderia explicar ou justificar essa volta do sagrado? Devemos ter em mente que o anúncio da morte de Deus, entendida como superação do Deus moral, da racionalização, não encerra em absoluto o discurso sobre a religião, tampouco implica o término de qualquer experiência religiosa. O anúncio nietzschiano é o carro chefe, ainda que genericamente, apontando para a experiência do fim da modernidade quando da dissolução dos sistemas filosóficos e da falência na crença do progresso da ciência em vias da razão. A crença em Deus se mostrou como um poderoso dispositivo de racionalização e disciplina que permitiu ao homem deixar a selva primitiva do homem lobo do homem, a luta de todos contra todos, além de favorecer o desenvolvimento científico e técnico como formas de assegurar a sua existência. Em Gaia Ciência Nietzsche denuncia ser o homem o responsável pela morte de Deus pelo fato de que ele não precisa mais da Crença em Deus, pois Ele não é o ser Supremo que garante, dá fundamento e muito menos dá a finalidade última ao mundo. A racionalização da existência foi o que tornou a crença em Deus obsoleta e inútil. Não há, no entanto, uma metafísica ateísta na doutrina de Nietzsche, pois o que está em jogo na crítica é a fé na verdade, personificada na figura do Deus moral, fundador e garantidor de uma ordem do mundo.
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