Thesis Chapters by Joana Isabel Duarte
A cultura cinematográfica transcende o visionamento e a produção fílmica. É crucial abordá-la de ... more A cultura cinematográfica transcende o visionamento e a produção fílmica. É crucial abordá-la de forma holística, em conjunto com outras práticas cinéfilas, indo além da criação cinematográfica em si. Este estudo concentra-se nos vários componentes que orbitam em torno do cinema, como a imprensa periódica especializada, a edição de livros e o movimento cineclubista em Portugal entre 1948 e 1971. Estes eram, muitas vezes, os substitutos possíveis à ausência de fitas e do seu visionamento que, por razões de censura ou de desinteresse das distribuidoras, não chegavam aos écrans portugueses. Associados a estes fenómenos, coexistem formas de pensamento e de envolvimento com o cinema, seja por intermédio da crítica, da divulgação, reflexão e educação em torno da sétima arte, seja em expressões mais populares da cultura cinéfila, como é o culto das estrelas.
Esta abordagem abrangente oferece uma multiplicidade de contributos na identificação de agentes comuns à produção fílmica e à cultura cinematográfica nacional e internacional. Com efeito, cineastas e técnicos do cinema português possuem ligações à cultura de cinema escrita e social que merecem ser desenvolvidas, tendo em conta que a existência de uma cultura cinematográfica sólida se reporta essencial para a renovação do cinema nacional. Bem assim, este estudo traz contribuições no estabelecimento de ligações do cinema português a outras cinematografias europeias, não só a nível institucional e/ou de criação de filmes, mas particularmente no intercâmbio entre atores e estrelas, cineclubes, críticos e revistas.
Tirando partido de um corpus de estudo diversificado – que incluiu a análise da imprensa especializada, das monografias de cinema e dos boletins dos cineclubes – pretende-se assim alargar a compreensão das cinefilias e da cultura cinematográfica portuguesas em relação a vários períodos da história do cinema, como o Neorrealismo e os Novos cinemas.
Palavras-chave: cultura cinematográfica e cinefilia em Portugal; Imprensa de cinema; Cineclubismo; Edição de livros; Estrelas de cinema.
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Film culture is a broad phenomenon that transcends the circles of production and viewership of films. It is crucial to approach it holistically, taking into account other cinephile practices and going beyond cinematographic creation itself. This study focuses on various phenomena that orbit the sphere of cinema and thus occupy a space that is adjacent to it, such as the specialised periodical press, book publishing and the film club movement in Portugal between 1948 and 1971. These para-cinematic phenomena often played a compensatory role due to the absence of movies, film censorship or lack of interest on the part of distributors. For those reasons, many films often did not reach Portuguese screens. Although viewers could not watch certain movies, that did not prevent them from engaging in activities such as criticism, dissemination, reflection, and education about the seventh art, or in more popular expressions of cinephile culture, such as the general public's fascination with movie stars. This comprehensive approach contributes in multiple ways to the identification and assessment of the relations between those agents who participated in film production, as well as in national and international film culture. Indeed, Portuguese filmmakers and technicians maintained certain connections to written and social cinema culture that deserve to be developed, taking into account that the existence of a solid film culture is essential for the renewal of national cinema. Thus, this study contributes to establishing connections between Portuguese cinema and European cinematography at large, not only at the institutional and/or film creation levels, but particularly in what regards the interchanges between actors and stars, film clubs, critics and magazines. Given that this project's diverse corpus of study is one of its main strengths – it comprises an analysis of the specialized press, cinema monographs and film club bulletins – I tried to utilize the materials I found and analyse them to broaden the understanding of how Portuguese cinephilia and cinematographic culture worked in various periods in the history of cinema, such as Neorealism and the period of the so-called New Cinemas.
DUARTE, Joana Isabel Fernandes (2018). «Se não se podem ver filmes, leiam-se as revistas»: Uma abordagem da imprensa cinematográfica em Portugal (1930-1960). Porto: [edição de autor]. Vol. II, 2018
[PT]
Desenvolvido a partir de uma investigação no âmbito do Mestrado em História da Arte, Patrimó... more [PT]
Desenvolvido a partir de uma investigação no âmbito do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual e de um estágio na Biblioteca Pública Municipal do Porto, o presente trabalho consiste num estudo das revistas de cinema portuguesas, em particular as publicadas ao longo das décadas de 30 a 60 do século XX. Concedeu-se atenção ao seu conteúdo textual e aos respetivos aspetos visuais. Assim, a partir do levantamento e conhecimento do objeto de estudo, vieram a ser definidas as evoluções técnicas, as diretrizes teóricas e estéticas, e os agentes – redatores, cineastas, artistas – destas publicações nos anos assinalados.
Foi concedido especial enfoque à década de 50 e 60, no propósito de demonstrar a emergência de “novas revistas” associadas à necessidade de um cinema novo que se começa a sentir neste período. A par da fundamentação teórica e da reflexão que o tema propicia, optou-se por tirar partido das tarefas do estágio realizado para criar um instrumento de consulta hemerográfico.
[EN]
The present investigation was developed during the MA in Art History, Heritage and Visual Culture and the internship at the Municipal Public Library of Porto. This work consists in the study of Portuguese film magazines and pays attention to its textual contents and its visual aspects, particularly those published between the 1930s and the 1960s. Upon understanding the object of study, it was therefore possible to define the technical evolutions, the theoretical and aesthetical guidelines, as well as the participants – writers, directors, artists – of these periodicals within the referred years. Special emphasis was given to the 1950s and the 1960s in order to demonstrate the emergence of “new magazines” associated with the need of a “new cinema” and a “New Wave” that was beginning to appear in this period. Alongside the theoretical substantiation and the reflection that the theme allows, an hemerographic reference tool was created based on the experience and data acquired during the internship.
DUARTE, Joana Isabel Fernandes (2018). «Se não se podem ver filmes, leiam-se as revistas»: Uma abordagem da imprensa cinematográfica em Portugal (1930-1960). Porto: [edição de autor]. Vol. I, 2018
[PT]
Desenvolvido a partir de uma investigação no âmbito do Mestrado em História da Arte, Patrimó... more [PT]
Desenvolvido a partir de uma investigação no âmbito do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual e de um estágio na Biblioteca Pública Municipal do Porto, o presente trabalho consiste num estudo das revistas de cinema portuguesas, em particular as publicadas ao longo das décadas de 30 a 60 do século XX. Concedeu-se atenção ao seu conteúdo textual e aos respetivos aspetos visuais. Assim, a partir do levantamento e conhecimento do objeto de estudo, vieram a ser definidas as evoluções técnicas, as diretrizes teóricas e estéticas, e os agentes – redatores, cineastas, artistas – destas publicações nos anos assinalados.
Foi concedido especial enfoque à década de 50 e 60, no propósito de demonstrar a emergência de “novas revistas” associadas à necessidade de um cinema novo que se começa a sentir neste período. A par da fundamentação teórica e da reflexão que o tema propicia, optou-se por tirar partido das tarefas do estágio realizado para criar um instrumento de consulta hemerográfico.
[EN]
The present investigation was developed during the MA in Art History, Heritage and Visual Culture and the internship at the Municipal Public Library of Porto. This work consists in the study of Portuguese film magazines and pays attention to its textual contents and its visual aspects, particularly those published between the 1930s and the 1960s. Upon understanding the object of study, it was therefore possible to define the technical evolutions, the theoretical and aesthetical guidelines, as well as the participants – writers, directors, artists – of these periodicals within the referred years. Special emphasis was given to the 1950s and the 1960s in order to demonstrate the emergence of “new magazines” associated with the need of a “new cinema” and a “New Wave” that was beginning to appear in this period. Alongside the theoretical substantiation and the reflection that the theme allows, an hemerographic reference tool was created based on the experience and data acquired during the internship.
Papers by Joana Isabel Duarte
Cinema: espaços, estudos, instituições e património, 2021
Ernesto de Sousa 1921-2021 : uma criação consciente de situações / uma situação consciente de criações, 2023
Rotura: A imprensa cinematográfica ao tempo do cinema silencioso em Portugal: geografias, temáticas e debates, 2022
Herança, 2019
O cinema, uma das expressões artísticas mais populares e influentes do século XX, era, durante es... more O cinema, uma das expressões artísticas mais populares e influentes do século XX, era, durante esses anos, objeto de fascinação. A tentativa de preservar a experiência cinematográfica e de a estender para lá do ecrã foi desde cedo um ensejo de muitos cinéfilos, e o star system tirou partido dessa necessidade mítica e afetiva para criar produtos materiais que recordassem ou substituíssem o que se vira na sala de cinema. O presente artigo reflete sobre memorabilia cinematográfica como revistas, programas de sessões, fotografias (distribuídas nos mais variados formatos, desde cartonados, cromos, postais), publicidade fílmica (cartazes, cartonados, standees) e outros objetos perecíveis a que as imagens do cinema foram associadas para instigar o consumo e coleção por parte dos cinéfilos. Pretende-se, ainda, chamar à atenção para o cariz patrimonial destes objetos. Outrossim, propuseram-se categorias para organizar esta memorabilia e tentou-se compreender de que forma se espelham nestes i...
Aniki : Revista Portuguesa da Imagem em Movimento
Revelar: Revista de Estudos da Fotografia e da Imagem, 2019
[PT]:
O presente artigo versa sobre um lugar sem lugar, nomeado Innisfree, a partir da análise d... more [PT]:
O presente artigo versa sobre um lugar sem lugar, nomeado Innisfree, a partir da análise de dois filmes – The quiet man (John Ford, 1952) e Innisfree (José Luis Guerin, 1990). No primeiro filme, Innisfree é o topónimo adotado para designar a região onde decorre a ação do The quiet man. Esse espaço ficcional corresponde, na realidade, à vila de Cong (Irlanda) e respetivas imediações, onde a película foi rodada, e é trabalhado por Ford como um sítio utópico e próximo do mítico. Já no filme Innisfree, Guerín revisita os espaços filmados por Ford e atende às histórias dos habitantes de Cong, volvidos quase 40 anos desde The quiet man.
É nosso intento demonstrar como The quiet man logrou criar um espaço idílico através do tratamento da paisagem e da mise-en-scène, beneficiando de uma designação geograficamente impossível de localizar – Innisfree – com raízes etimológicas e literárias poéticas (Innis, do gaélico, corresponde a prado; free, do anglo-saxónico, livre) e confrontá-lo com uma visão mais próxima da realidade. Essa outra perspetiva é a de José Luis Guerín em Innisfree, que demonstra como a história de Ford foi incorporada pelas gerações coevas e pelas que nasceram sob o signo daquele filme. Guerín retorna às paisagens que Ford filmou e põe em evidência essa comunidade marcada de forma indelével pelo The quiet man, quer seja por razões de memória e identidade, quer seja por motivos turísticos. O cruzamento dos dois filmes expõe a complexidade na distinção entre o real e o ficcional no cinema.
[ENG]
The present article aims to understand a placeless place, named Innisfree, by analysing two films – The quiet man (John Ford, 1952) and Innisfree (José Luis Guerin, 1990). In the first film, Innisfree is the toponym used to refer to the region where the action of The quiet man takes place. This fictional space corresponds, in fact, to the village of Cong (Ireland) and its surroundings, where the film was shot, and it is portraited as a utopian and a mythical location in Ford’s film. On the other hand, in the film Innisfree Guerín revisits, after almost 40 years since The quiet man, the places filmed by Ford and listens to the stories of the residents of Cong.
It is our intention to demonstrate how The quiet man accomplished the creation of an idyllic space through the treatment of the landscape and the mise-en-scène, using a term – Innisfree – which stems from etymological and literary roots (for instance, innis is the Gaelic word for meadow), and confront it with Guerin’s vision of reality in Innisfree. Innisfree highlights how deeply assimilated is Ford’s picture in the old generations and in those born under the sign of The quiet man. Guerín rediscovers Ford’s landscapes and exposes the community marked by The quiet man due to memory, identity and touristic reasons. The study of these films highlights the complexity of the distinction between real and fictional in cinema.
CEM: cultura, espaço & memória, 2019
Duarte, Joana Isabel (2019). "A cinepedagogia enquanto «grande função do cinema». Discursos, mode... more Duarte, Joana Isabel (2019). "A cinepedagogia enquanto «grande função do cinema». Discursos, modelos e experiências do cinema educativo em Portugal (1920-1950): o caso do Porto." CEM: cultura, espaço & memória, N.º 10.
Dossiê temático: Imagem em movimento e cultura visual
Editores: Hugo Barreira e Pedro Alves
ISSN: 2182‑1097‑10
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Resumo: O presente artigo incide na análise de alguns dos discursos e das experiências do cinema educativo em Portugal durante a primeira metade do século XX. A cinepedagogia-como se apelida em fontes de época-refere-se às atividades de caráter pedagógico que tiram partido das imagens em movimento, tendo ganho acolhimento logo nas primeiras décadas de existência do cinematógrafo. Foi, contudo, a partir dos anos 20 que se desenvolveu uma verdadeira discussão em torno do cinema educativo, e que se prolongou na imprensa especializada com especial intensidade, grosso modo, até aos anos 50. A par de uma contextuali-zação geral deste movimento, definiu-se como caso de estudo a cidade do Porto, onde precocemente se instigaram esforços na associação do cinema à educação. Esta investigação tira partido de fontes habitualmente relegadas para segundo plano na análise da referida temática: as publicações especializadas em cinema. Estas fontes evidenciam não só o debate de ideias em prol do cinema educativo, como também noticiam concretizações neste âmbito. Assim, a par dos recursos bibliográficos revistos, a consulta da quase totalidade dos periódicos cinematográficos portugueses foi fundamental para traçar um percurso do cinema educativo em Portugal nas décadas de 1920 a 1950. Palavras-chave: cinema educativo em Portugal; história do cinema português; pedagogia e cinema, revistas de cinema.
Aniki, 2020
Recensão crítica da exposição “O Caso Caligari”, integrada no Festival “Curtas Vila do Conde”. A ... more Recensão crítica da exposição “O Caso Caligari”, integrada no Festival “Curtas Vila do Conde”. A exposição apresentou quatro trabalhos de Daniel Blaufuks, Eduardo Brito, Rainer Kohlberger e Jonathan Uliel Saldanha, em torno do filme “O gabinete do dr. Caligari” (Robert Wiene, 1920).
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Aniki vol.7, n.º 1 (2020): 225-231 | ISSN 2183-1750
Duarte, Joana Isabel (2019) - "Memorabilia cinematográfica: as materialidades do cinema como refl... more Duarte, Joana Isabel (2019) - "Memorabilia cinematográfica: as materialidades do cinema como reflexo de "cinefilias"". Herança - Revista de História, Património e Cultura. Vol. 1, N.º2 (maio de 2019).
Resumo: O cinema, uma das expressões artísticas mais populares e influentes do século XX, era, durante esses anos, objeto de fascinação. A tentativa de preservar a experiência cinematográfica e de a estender para lá do ecrã foi desde cedo um ensejo de muitos cinéfilos, e o star system tirou partido dessa necessidade mítica e afetiva para
criar produtos materiais que recordassem ou substituíssem o que se vira na sala de
cinema.
O presente artigo reflete sobre memorabilia cinematográfica como revistas, programas de sessões, fotografias (distribuídas nos mais variados formatos, desde cartonados, cromos, postais), publicidade fílmica (cartazes, cartonados, standees) e outros objetos perecíveis a que as imagens do cinema foram associadas para instigar o consumo e
coleção por parte dos cinéfilos. Pretende-se, ainda, chamar à atenção para o cariz patrimonial destes objetos. Outrossim, propuseram-se categorias para organizar esta memorabilia e tentou-se compreender de que forma se espelham nestes itens duas cinefilias distintas: uma popular e outra mais intelectualizada.
Palavras Chave: memorabilia cinematográfica, revistas de cinema, cinefilia, fotografia de estrelas, publicidade fílmica
Atas do VIII Encontro Anual da AIM, 2019
****ADENDA****: na página 269, deve-se ler "contacto" em vez de "contato".
Referência:
Duarte, ... more ****ADENDA****: na página 269, deve-se ler "contacto" em vez de "contato".
Referência:
Duarte, Joana. 2019. “City Lights: Publicidade Fílmica em Contexto Urbano (1930-1950)”. In Atas do VIII Encontro Anual da AIM, editado por Daniel Ribas, Manuela Penafria e Sérgio Dias Branco, 269-282. Aveiro:
AIM. ISBN 978-989-98215-9-0.
BARREIRA, Hugo; ROSAS, Lúcia Maria Cardoso & BOTELHO, Maria Leonor (Coord.). Passeio e Jardim das Virtudes: uma Paisagem Histórica Urbana, 2017
Revelar: revista de estudos de fotografia e de imagem, 2018
[PT]
A fotografia das vedetas de cinema – em particular a dos retratos publicitários criados por ... more [PT]
A fotografia das vedetas de cinema – em particular a dos retratos publicitários criados por still photographers (fotógrafos de cena), no âmbito de estúdios, para promover a “estrela” e/ou os filmes que protagoniza – constituiu, entre as décadas de 20 a 50 do século XX, uma parte fundamental da complexa rede do star system, impulsionando um culto crescente às “estrelas” e espoletando processos de identificação e emulação face aos retratados.
Com inegável presença na cultura visual do século XX, por ter sido veiculada através de capas de revistas, livros, cartazes, cartonados ou cartões impressos comercializáveis, a fotografia da “estrela” chama à reflexão temáticas como a receção destas imagens nos espectadores e a formulação do retrato enquanto “objeto de culto” e ersatz da pessoa retratada, ao ponto de algumas fotografias das “estrelas” se revelarem muito mais icónicas (porque efetivamente vistas e conhecidas) do que os próprios filmes.
O presente artigo pretende, assim, refletir sobre os retratos das “estrelas”, e sobre o papel e contribuição desse género fotográfico na formação de uma admiração, “idolatria” e mimetização das vedetas, a partir da análise das fontes da imprensa especializada de época, estudos da história da fotografia, do cinema e da antropologia. Compreender de que forma somos induzidos por estes retratos, e refletir, nos dias de hoje, sobre o cumprimento do seu papel primitivo – o de encantar e fazer sonhar –, é, pois, um dos objetivos deste trabalho.
Passeio e Jardim das Virtudes: uma Paisagem Histórica Urbana, Jun 2017
A Quinta das Virtudes, localizada na freguesia de Miragaia, remonta ao século XVII, e é hoje sede... more A Quinta das Virtudes, localizada na freguesia de Miragaia, remonta ao século XVII, e é hoje sede da Árvore — Cooperativa de Atividades Artísticas. Originalmente quinta de recreio e de exploração agrícola, é de realçar o elevado valor paisagístico que a sua implantação sobranceira ao rio Douro propicia. Os espaços da quinta albergaram diversos usos ao longo dos séculos, consolidando assim um testemunho de transformações e permanências.
O presente artigo pretende traçar uma leitura em retrospetiva da Quinta das Virtudes, inserida no contexto das transformações dos espaços circundantes — como a rua dos Fogueteiros — e dos equipamentos públicos — a Fonte das Virtudes — com que dialoga continuamente.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “As Virtudes: a Quinta, a Fonte e a Rua dos Fogueteiros”. In Passeio e Jardim das Virtudes: uma Paisagem Histórica Urbana, coordinated by Hugo Barreira, Maria Leonor Soares and Lúcia Cardoso Rosas. Porto: CITCEM, 13-24. ISBN 978-989-8351-72-2.
MemoriaMedia: RITUALS – PRACTICES, PLACES and OBJECTS, Dec 2017
Bell traditions bring together traditional practices of know‐how and a striking ethnographic scen... more Bell traditions bring together traditional practices of know‐how and a striking ethnographic scenario from the point of view of labour regulation and the popular imaginary. For being an integral part of cultural landscape and soundscape of Portugal, it is presented in this paper from an intangible perspective. The artisanal character within the traditional techniques of foundry and manual bell ringing are scarcely preserved as these practices have been losing expression, presenting a high risk of disappearance due to its automation since the 1980s.
This article aims to reflect on the intangibility of the manual bell ringing, the resultant imaginary, means for its dissemination, public awareness and the safeguard of this heritage. In this sense, was developed the virtual exhibition «Bell Traditions: between the tangible and the intangible», in partnership with the Google Arts & Culture.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “Bell Traditions: between the tangible and the intangible”. In MemoriaMedia Review (2), «Rituals: Practices, Places and Objects», 1-7. ISSN 2183‐3753
MemoriaMedia: RITUALS – PRACTICES, PLACES and OBJECTS, Dec 2017
A tradição sineira congrega práticas tradicionais de saber fazer e um cenário etnográfico marcant... more A tradição sineira congrega práticas tradicionais de saber fazer e um cenário etnográfico marcante sob o ponto de vista da regulação laboral e do imaginário popular. Por ser parte integrante das paisagens cultural e sonora portuguesas, apresenta‐se, neste artigo, sob uma perspetiva intangível. O cunho artesanal nas técnicas tradicionais de fundição e no toque manual dos sinos encontra‐se parcamente preservado, pois estas práticas
têm perdido expressão, apresentando um elevado risco de desaparecimento devido à sua automatização a partir dos anos de 1980.
Com este artigo pretende‐se refletir sobre a intangibilidade do toque manual dos sinos, o imaginário daí resultante, os meios de divulgação, a consciencialização do público e a salvaguarda deste bem patrimonial.
Neste sentido, foi desenvolvida a exposição virtual «Tradição Sineira: entre o tangível e o intangível», em parceria com a Google Arts & Culture.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “Tradição Sineira: entre o tangível e o intangível”. In MemoriaMedia Review (2), «Rituals: Practices, Places and Objects», 1-7. ISSN 2183‐3753
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Thesis Chapters by Joana Isabel Duarte
Esta abordagem abrangente oferece uma multiplicidade de contributos na identificação de agentes comuns à produção fílmica e à cultura cinematográfica nacional e internacional. Com efeito, cineastas e técnicos do cinema português possuem ligações à cultura de cinema escrita e social que merecem ser desenvolvidas, tendo em conta que a existência de uma cultura cinematográfica sólida se reporta essencial para a renovação do cinema nacional. Bem assim, este estudo traz contribuições no estabelecimento de ligações do cinema português a outras cinematografias europeias, não só a nível institucional e/ou de criação de filmes, mas particularmente no intercâmbio entre atores e estrelas, cineclubes, críticos e revistas.
Tirando partido de um corpus de estudo diversificado – que incluiu a análise da imprensa especializada, das monografias de cinema e dos boletins dos cineclubes – pretende-se assim alargar a compreensão das cinefilias e da cultura cinematográfica portuguesas em relação a vários períodos da história do cinema, como o Neorrealismo e os Novos cinemas.
Palavras-chave: cultura cinematográfica e cinefilia em Portugal; Imprensa de cinema; Cineclubismo; Edição de livros; Estrelas de cinema.
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Film culture is a broad phenomenon that transcends the circles of production and viewership of films. It is crucial to approach it holistically, taking into account other cinephile practices and going beyond cinematographic creation itself. This study focuses on various phenomena that orbit the sphere of cinema and thus occupy a space that is adjacent to it, such as the specialised periodical press, book publishing and the film club movement in Portugal between 1948 and 1971. These para-cinematic phenomena often played a compensatory role due to the absence of movies, film censorship or lack of interest on the part of distributors. For those reasons, many films often did not reach Portuguese screens. Although viewers could not watch certain movies, that did not prevent them from engaging in activities such as criticism, dissemination, reflection, and education about the seventh art, or in more popular expressions of cinephile culture, such as the general public's fascination with movie stars. This comprehensive approach contributes in multiple ways to the identification and assessment of the relations between those agents who participated in film production, as well as in national and international film culture. Indeed, Portuguese filmmakers and technicians maintained certain connections to written and social cinema culture that deserve to be developed, taking into account that the existence of a solid film culture is essential for the renewal of national cinema. Thus, this study contributes to establishing connections between Portuguese cinema and European cinematography at large, not only at the institutional and/or film creation levels, but particularly in what regards the interchanges between actors and stars, film clubs, critics and magazines. Given that this project's diverse corpus of study is one of its main strengths – it comprises an analysis of the specialized press, cinema monographs and film club bulletins – I tried to utilize the materials I found and analyse them to broaden the understanding of how Portuguese cinephilia and cinematographic culture worked in various periods in the history of cinema, such as Neorealism and the period of the so-called New Cinemas.
Desenvolvido a partir de uma investigação no âmbito do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual e de um estágio na Biblioteca Pública Municipal do Porto, o presente trabalho consiste num estudo das revistas de cinema portuguesas, em particular as publicadas ao longo das décadas de 30 a 60 do século XX. Concedeu-se atenção ao seu conteúdo textual e aos respetivos aspetos visuais. Assim, a partir do levantamento e conhecimento do objeto de estudo, vieram a ser definidas as evoluções técnicas, as diretrizes teóricas e estéticas, e os agentes – redatores, cineastas, artistas – destas publicações nos anos assinalados.
Foi concedido especial enfoque à década de 50 e 60, no propósito de demonstrar a emergência de “novas revistas” associadas à necessidade de um cinema novo que se começa a sentir neste período. A par da fundamentação teórica e da reflexão que o tema propicia, optou-se por tirar partido das tarefas do estágio realizado para criar um instrumento de consulta hemerográfico.
[EN]
The present investigation was developed during the MA in Art History, Heritage and Visual Culture and the internship at the Municipal Public Library of Porto. This work consists in the study of Portuguese film magazines and pays attention to its textual contents and its visual aspects, particularly those published between the 1930s and the 1960s. Upon understanding the object of study, it was therefore possible to define the technical evolutions, the theoretical and aesthetical guidelines, as well as the participants – writers, directors, artists – of these periodicals within the referred years. Special emphasis was given to the 1950s and the 1960s in order to demonstrate the emergence of “new magazines” associated with the need of a “new cinema” and a “New Wave” that was beginning to appear in this period. Alongside the theoretical substantiation and the reflection that the theme allows, an hemerographic reference tool was created based on the experience and data acquired during the internship.
Desenvolvido a partir de uma investigação no âmbito do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual e de um estágio na Biblioteca Pública Municipal do Porto, o presente trabalho consiste num estudo das revistas de cinema portuguesas, em particular as publicadas ao longo das décadas de 30 a 60 do século XX. Concedeu-se atenção ao seu conteúdo textual e aos respetivos aspetos visuais. Assim, a partir do levantamento e conhecimento do objeto de estudo, vieram a ser definidas as evoluções técnicas, as diretrizes teóricas e estéticas, e os agentes – redatores, cineastas, artistas – destas publicações nos anos assinalados.
Foi concedido especial enfoque à década de 50 e 60, no propósito de demonstrar a emergência de “novas revistas” associadas à necessidade de um cinema novo que se começa a sentir neste período. A par da fundamentação teórica e da reflexão que o tema propicia, optou-se por tirar partido das tarefas do estágio realizado para criar um instrumento de consulta hemerográfico.
[EN]
The present investigation was developed during the MA in Art History, Heritage and Visual Culture and the internship at the Municipal Public Library of Porto. This work consists in the study of Portuguese film magazines and pays attention to its textual contents and its visual aspects, particularly those published between the 1930s and the 1960s. Upon understanding the object of study, it was therefore possible to define the technical evolutions, the theoretical and aesthetical guidelines, as well as the participants – writers, directors, artists – of these periodicals within the referred years. Special emphasis was given to the 1950s and the 1960s in order to demonstrate the emergence of “new magazines” associated with the need of a “new cinema” and a “New Wave” that was beginning to appear in this period. Alongside the theoretical substantiation and the reflection that the theme allows, an hemerographic reference tool was created based on the experience and data acquired during the internship.
Papers by Joana Isabel Duarte
O presente artigo versa sobre um lugar sem lugar, nomeado Innisfree, a partir da análise de dois filmes – The quiet man (John Ford, 1952) e Innisfree (José Luis Guerin, 1990). No primeiro filme, Innisfree é o topónimo adotado para designar a região onde decorre a ação do The quiet man. Esse espaço ficcional corresponde, na realidade, à vila de Cong (Irlanda) e respetivas imediações, onde a película foi rodada, e é trabalhado por Ford como um sítio utópico e próximo do mítico. Já no filme Innisfree, Guerín revisita os espaços filmados por Ford e atende às histórias dos habitantes de Cong, volvidos quase 40 anos desde The quiet man.
É nosso intento demonstrar como The quiet man logrou criar um espaço idílico através do tratamento da paisagem e da mise-en-scène, beneficiando de uma designação geograficamente impossível de localizar – Innisfree – com raízes etimológicas e literárias poéticas (Innis, do gaélico, corresponde a prado; free, do anglo-saxónico, livre) e confrontá-lo com uma visão mais próxima da realidade. Essa outra perspetiva é a de José Luis Guerín em Innisfree, que demonstra como a história de Ford foi incorporada pelas gerações coevas e pelas que nasceram sob o signo daquele filme. Guerín retorna às paisagens que Ford filmou e põe em evidência essa comunidade marcada de forma indelével pelo The quiet man, quer seja por razões de memória e identidade, quer seja por motivos turísticos. O cruzamento dos dois filmes expõe a complexidade na distinção entre o real e o ficcional no cinema.
[ENG]
The present article aims to understand a placeless place, named Innisfree, by analysing two films – The quiet man (John Ford, 1952) and Innisfree (José Luis Guerin, 1990). In the first film, Innisfree is the toponym used to refer to the region where the action of The quiet man takes place. This fictional space corresponds, in fact, to the village of Cong (Ireland) and its surroundings, where the film was shot, and it is portraited as a utopian and a mythical location in Ford’s film. On the other hand, in the film Innisfree Guerín revisits, after almost 40 years since The quiet man, the places filmed by Ford and listens to the stories of the residents of Cong.
It is our intention to demonstrate how The quiet man accomplished the creation of an idyllic space through the treatment of the landscape and the mise-en-scène, using a term – Innisfree – which stems from etymological and literary roots (for instance, innis is the Gaelic word for meadow), and confront it with Guerin’s vision of reality in Innisfree. Innisfree highlights how deeply assimilated is Ford’s picture in the old generations and in those born under the sign of The quiet man. Guerín rediscovers Ford’s landscapes and exposes the community marked by The quiet man due to memory, identity and touristic reasons. The study of these films highlights the complexity of the distinction between real and fictional in cinema.
Dossiê temático: Imagem em movimento e cultura visual
Editores: Hugo Barreira e Pedro Alves
ISSN: 2182‑1097‑10
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Resumo: O presente artigo incide na análise de alguns dos discursos e das experiências do cinema educativo em Portugal durante a primeira metade do século XX. A cinepedagogia-como se apelida em fontes de época-refere-se às atividades de caráter pedagógico que tiram partido das imagens em movimento, tendo ganho acolhimento logo nas primeiras décadas de existência do cinematógrafo. Foi, contudo, a partir dos anos 20 que se desenvolveu uma verdadeira discussão em torno do cinema educativo, e que se prolongou na imprensa especializada com especial intensidade, grosso modo, até aos anos 50. A par de uma contextuali-zação geral deste movimento, definiu-se como caso de estudo a cidade do Porto, onde precocemente se instigaram esforços na associação do cinema à educação. Esta investigação tira partido de fontes habitualmente relegadas para segundo plano na análise da referida temática: as publicações especializadas em cinema. Estas fontes evidenciam não só o debate de ideias em prol do cinema educativo, como também noticiam concretizações neste âmbito. Assim, a par dos recursos bibliográficos revistos, a consulta da quase totalidade dos periódicos cinematográficos portugueses foi fundamental para traçar um percurso do cinema educativo em Portugal nas décadas de 1920 a 1950. Palavras-chave: cinema educativo em Portugal; história do cinema português; pedagogia e cinema, revistas de cinema.
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Aniki vol.7, n.º 1 (2020): 225-231 | ISSN 2183-1750
Resumo: O cinema, uma das expressões artísticas mais populares e influentes do século XX, era, durante esses anos, objeto de fascinação. A tentativa de preservar a experiência cinematográfica e de a estender para lá do ecrã foi desde cedo um ensejo de muitos cinéfilos, e o star system tirou partido dessa necessidade mítica e afetiva para
criar produtos materiais que recordassem ou substituíssem o que se vira na sala de
cinema.
O presente artigo reflete sobre memorabilia cinematográfica como revistas, programas de sessões, fotografias (distribuídas nos mais variados formatos, desde cartonados, cromos, postais), publicidade fílmica (cartazes, cartonados, standees) e outros objetos perecíveis a que as imagens do cinema foram associadas para instigar o consumo e
coleção por parte dos cinéfilos. Pretende-se, ainda, chamar à atenção para o cariz patrimonial destes objetos. Outrossim, propuseram-se categorias para organizar esta memorabilia e tentou-se compreender de que forma se espelham nestes itens duas cinefilias distintas: uma popular e outra mais intelectualizada.
Palavras Chave: memorabilia cinematográfica, revistas de cinema, cinefilia, fotografia de estrelas, publicidade fílmica
Referência:
Duarte, Joana. 2019. “City Lights: Publicidade Fílmica em Contexto Urbano (1930-1950)”. In Atas do VIII Encontro Anual da AIM, editado por Daniel Ribas, Manuela Penafria e Sérgio Dias Branco, 269-282. Aveiro:
AIM. ISBN 978-989-98215-9-0.
A fotografia das vedetas de cinema – em particular a dos retratos publicitários criados por still photographers (fotógrafos de cena), no âmbito de estúdios, para promover a “estrela” e/ou os filmes que protagoniza – constituiu, entre as décadas de 20 a 50 do século XX, uma parte fundamental da complexa rede do star system, impulsionando um culto crescente às “estrelas” e espoletando processos de identificação e emulação face aos retratados.
Com inegável presença na cultura visual do século XX, por ter sido veiculada através de capas de revistas, livros, cartazes, cartonados ou cartões impressos comercializáveis, a fotografia da “estrela” chama à reflexão temáticas como a receção destas imagens nos espectadores e a formulação do retrato enquanto “objeto de culto” e ersatz da pessoa retratada, ao ponto de algumas fotografias das “estrelas” se revelarem muito mais icónicas (porque efetivamente vistas e conhecidas) do que os próprios filmes.
O presente artigo pretende, assim, refletir sobre os retratos das “estrelas”, e sobre o papel e contribuição desse género fotográfico na formação de uma admiração, “idolatria” e mimetização das vedetas, a partir da análise das fontes da imprensa especializada de época, estudos da história da fotografia, do cinema e da antropologia. Compreender de que forma somos induzidos por estes retratos, e refletir, nos dias de hoje, sobre o cumprimento do seu papel primitivo – o de encantar e fazer sonhar –, é, pois, um dos objetivos deste trabalho.
O presente artigo pretende traçar uma leitura em retrospetiva da Quinta das Virtudes, inserida no contexto das transformações dos espaços circundantes — como a rua dos Fogueteiros — e dos equipamentos públicos — a Fonte das Virtudes — com que dialoga continuamente.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “As Virtudes: a Quinta, a Fonte e a Rua dos Fogueteiros”. In Passeio e Jardim das Virtudes: uma Paisagem Histórica Urbana, coordinated by Hugo Barreira, Maria Leonor Soares and Lúcia Cardoso Rosas. Porto: CITCEM, 13-24. ISBN 978-989-8351-72-2.
This article aims to reflect on the intangibility of the manual bell ringing, the resultant imaginary, means for its dissemination, public awareness and the safeguard of this heritage. In this sense, was developed the virtual exhibition «Bell Traditions: between the tangible and the intangible», in partnership with the Google Arts & Culture.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “Bell Traditions: between the tangible and the intangible”. In MemoriaMedia Review (2), «Rituals: Practices, Places and Objects», 1-7. ISSN 2183‐3753
têm perdido expressão, apresentando um elevado risco de desaparecimento devido à sua automatização a partir dos anos de 1980.
Com este artigo pretende‐se refletir sobre a intangibilidade do toque manual dos sinos, o imaginário daí resultante, os meios de divulgação, a consciencialização do público e a salvaguarda deste bem patrimonial.
Neste sentido, foi desenvolvida a exposição virtual «Tradição Sineira: entre o tangível e o intangível», em parceria com a Google Arts & Culture.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “Tradição Sineira: entre o tangível e o intangível”. In MemoriaMedia Review (2), «Rituals: Practices, Places and Objects», 1-7. ISSN 2183‐3753
Esta abordagem abrangente oferece uma multiplicidade de contributos na identificação de agentes comuns à produção fílmica e à cultura cinematográfica nacional e internacional. Com efeito, cineastas e técnicos do cinema português possuem ligações à cultura de cinema escrita e social que merecem ser desenvolvidas, tendo em conta que a existência de uma cultura cinematográfica sólida se reporta essencial para a renovação do cinema nacional. Bem assim, este estudo traz contribuições no estabelecimento de ligações do cinema português a outras cinematografias europeias, não só a nível institucional e/ou de criação de filmes, mas particularmente no intercâmbio entre atores e estrelas, cineclubes, críticos e revistas.
Tirando partido de um corpus de estudo diversificado – que incluiu a análise da imprensa especializada, das monografias de cinema e dos boletins dos cineclubes – pretende-se assim alargar a compreensão das cinefilias e da cultura cinematográfica portuguesas em relação a vários períodos da história do cinema, como o Neorrealismo e os Novos cinemas.
Palavras-chave: cultura cinematográfica e cinefilia em Portugal; Imprensa de cinema; Cineclubismo; Edição de livros; Estrelas de cinema.
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Film culture is a broad phenomenon that transcends the circles of production and viewership of films. It is crucial to approach it holistically, taking into account other cinephile practices and going beyond cinematographic creation itself. This study focuses on various phenomena that orbit the sphere of cinema and thus occupy a space that is adjacent to it, such as the specialised periodical press, book publishing and the film club movement in Portugal between 1948 and 1971. These para-cinematic phenomena often played a compensatory role due to the absence of movies, film censorship or lack of interest on the part of distributors. For those reasons, many films often did not reach Portuguese screens. Although viewers could not watch certain movies, that did not prevent them from engaging in activities such as criticism, dissemination, reflection, and education about the seventh art, or in more popular expressions of cinephile culture, such as the general public's fascination with movie stars. This comprehensive approach contributes in multiple ways to the identification and assessment of the relations between those agents who participated in film production, as well as in national and international film culture. Indeed, Portuguese filmmakers and technicians maintained certain connections to written and social cinema culture that deserve to be developed, taking into account that the existence of a solid film culture is essential for the renewal of national cinema. Thus, this study contributes to establishing connections between Portuguese cinema and European cinematography at large, not only at the institutional and/or film creation levels, but particularly in what regards the interchanges between actors and stars, film clubs, critics and magazines. Given that this project's diverse corpus of study is one of its main strengths – it comprises an analysis of the specialized press, cinema monographs and film club bulletins – I tried to utilize the materials I found and analyse them to broaden the understanding of how Portuguese cinephilia and cinematographic culture worked in various periods in the history of cinema, such as Neorealism and the period of the so-called New Cinemas.
Desenvolvido a partir de uma investigação no âmbito do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual e de um estágio na Biblioteca Pública Municipal do Porto, o presente trabalho consiste num estudo das revistas de cinema portuguesas, em particular as publicadas ao longo das décadas de 30 a 60 do século XX. Concedeu-se atenção ao seu conteúdo textual e aos respetivos aspetos visuais. Assim, a partir do levantamento e conhecimento do objeto de estudo, vieram a ser definidas as evoluções técnicas, as diretrizes teóricas e estéticas, e os agentes – redatores, cineastas, artistas – destas publicações nos anos assinalados.
Foi concedido especial enfoque à década de 50 e 60, no propósito de demonstrar a emergência de “novas revistas” associadas à necessidade de um cinema novo que se começa a sentir neste período. A par da fundamentação teórica e da reflexão que o tema propicia, optou-se por tirar partido das tarefas do estágio realizado para criar um instrumento de consulta hemerográfico.
[EN]
The present investigation was developed during the MA in Art History, Heritage and Visual Culture and the internship at the Municipal Public Library of Porto. This work consists in the study of Portuguese film magazines and pays attention to its textual contents and its visual aspects, particularly those published between the 1930s and the 1960s. Upon understanding the object of study, it was therefore possible to define the technical evolutions, the theoretical and aesthetical guidelines, as well as the participants – writers, directors, artists – of these periodicals within the referred years. Special emphasis was given to the 1950s and the 1960s in order to demonstrate the emergence of “new magazines” associated with the need of a “new cinema” and a “New Wave” that was beginning to appear in this period. Alongside the theoretical substantiation and the reflection that the theme allows, an hemerographic reference tool was created based on the experience and data acquired during the internship.
Desenvolvido a partir de uma investigação no âmbito do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual e de um estágio na Biblioteca Pública Municipal do Porto, o presente trabalho consiste num estudo das revistas de cinema portuguesas, em particular as publicadas ao longo das décadas de 30 a 60 do século XX. Concedeu-se atenção ao seu conteúdo textual e aos respetivos aspetos visuais. Assim, a partir do levantamento e conhecimento do objeto de estudo, vieram a ser definidas as evoluções técnicas, as diretrizes teóricas e estéticas, e os agentes – redatores, cineastas, artistas – destas publicações nos anos assinalados.
Foi concedido especial enfoque à década de 50 e 60, no propósito de demonstrar a emergência de “novas revistas” associadas à necessidade de um cinema novo que se começa a sentir neste período. A par da fundamentação teórica e da reflexão que o tema propicia, optou-se por tirar partido das tarefas do estágio realizado para criar um instrumento de consulta hemerográfico.
[EN]
The present investigation was developed during the MA in Art History, Heritage and Visual Culture and the internship at the Municipal Public Library of Porto. This work consists in the study of Portuguese film magazines and pays attention to its textual contents and its visual aspects, particularly those published between the 1930s and the 1960s. Upon understanding the object of study, it was therefore possible to define the technical evolutions, the theoretical and aesthetical guidelines, as well as the participants – writers, directors, artists – of these periodicals within the referred years. Special emphasis was given to the 1950s and the 1960s in order to demonstrate the emergence of “new magazines” associated with the need of a “new cinema” and a “New Wave” that was beginning to appear in this period. Alongside the theoretical substantiation and the reflection that the theme allows, an hemerographic reference tool was created based on the experience and data acquired during the internship.
O presente artigo versa sobre um lugar sem lugar, nomeado Innisfree, a partir da análise de dois filmes – The quiet man (John Ford, 1952) e Innisfree (José Luis Guerin, 1990). No primeiro filme, Innisfree é o topónimo adotado para designar a região onde decorre a ação do The quiet man. Esse espaço ficcional corresponde, na realidade, à vila de Cong (Irlanda) e respetivas imediações, onde a película foi rodada, e é trabalhado por Ford como um sítio utópico e próximo do mítico. Já no filme Innisfree, Guerín revisita os espaços filmados por Ford e atende às histórias dos habitantes de Cong, volvidos quase 40 anos desde The quiet man.
É nosso intento demonstrar como The quiet man logrou criar um espaço idílico através do tratamento da paisagem e da mise-en-scène, beneficiando de uma designação geograficamente impossível de localizar – Innisfree – com raízes etimológicas e literárias poéticas (Innis, do gaélico, corresponde a prado; free, do anglo-saxónico, livre) e confrontá-lo com uma visão mais próxima da realidade. Essa outra perspetiva é a de José Luis Guerín em Innisfree, que demonstra como a história de Ford foi incorporada pelas gerações coevas e pelas que nasceram sob o signo daquele filme. Guerín retorna às paisagens que Ford filmou e põe em evidência essa comunidade marcada de forma indelével pelo The quiet man, quer seja por razões de memória e identidade, quer seja por motivos turísticos. O cruzamento dos dois filmes expõe a complexidade na distinção entre o real e o ficcional no cinema.
[ENG]
The present article aims to understand a placeless place, named Innisfree, by analysing two films – The quiet man (John Ford, 1952) and Innisfree (José Luis Guerin, 1990). In the first film, Innisfree is the toponym used to refer to the region where the action of The quiet man takes place. This fictional space corresponds, in fact, to the village of Cong (Ireland) and its surroundings, where the film was shot, and it is portraited as a utopian and a mythical location in Ford’s film. On the other hand, in the film Innisfree Guerín revisits, after almost 40 years since The quiet man, the places filmed by Ford and listens to the stories of the residents of Cong.
It is our intention to demonstrate how The quiet man accomplished the creation of an idyllic space through the treatment of the landscape and the mise-en-scène, using a term – Innisfree – which stems from etymological and literary roots (for instance, innis is the Gaelic word for meadow), and confront it with Guerin’s vision of reality in Innisfree. Innisfree highlights how deeply assimilated is Ford’s picture in the old generations and in those born under the sign of The quiet man. Guerín rediscovers Ford’s landscapes and exposes the community marked by The quiet man due to memory, identity and touristic reasons. The study of these films highlights the complexity of the distinction between real and fictional in cinema.
Dossiê temático: Imagem em movimento e cultura visual
Editores: Hugo Barreira e Pedro Alves
ISSN: 2182‑1097‑10
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Resumo: O presente artigo incide na análise de alguns dos discursos e das experiências do cinema educativo em Portugal durante a primeira metade do século XX. A cinepedagogia-como se apelida em fontes de época-refere-se às atividades de caráter pedagógico que tiram partido das imagens em movimento, tendo ganho acolhimento logo nas primeiras décadas de existência do cinematógrafo. Foi, contudo, a partir dos anos 20 que se desenvolveu uma verdadeira discussão em torno do cinema educativo, e que se prolongou na imprensa especializada com especial intensidade, grosso modo, até aos anos 50. A par de uma contextuali-zação geral deste movimento, definiu-se como caso de estudo a cidade do Porto, onde precocemente se instigaram esforços na associação do cinema à educação. Esta investigação tira partido de fontes habitualmente relegadas para segundo plano na análise da referida temática: as publicações especializadas em cinema. Estas fontes evidenciam não só o debate de ideias em prol do cinema educativo, como também noticiam concretizações neste âmbito. Assim, a par dos recursos bibliográficos revistos, a consulta da quase totalidade dos periódicos cinematográficos portugueses foi fundamental para traçar um percurso do cinema educativo em Portugal nas décadas de 1920 a 1950. Palavras-chave: cinema educativo em Portugal; história do cinema português; pedagogia e cinema, revistas de cinema.
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Aniki vol.7, n.º 1 (2020): 225-231 | ISSN 2183-1750
Resumo: O cinema, uma das expressões artísticas mais populares e influentes do século XX, era, durante esses anos, objeto de fascinação. A tentativa de preservar a experiência cinematográfica e de a estender para lá do ecrã foi desde cedo um ensejo de muitos cinéfilos, e o star system tirou partido dessa necessidade mítica e afetiva para
criar produtos materiais que recordassem ou substituíssem o que se vira na sala de
cinema.
O presente artigo reflete sobre memorabilia cinematográfica como revistas, programas de sessões, fotografias (distribuídas nos mais variados formatos, desde cartonados, cromos, postais), publicidade fílmica (cartazes, cartonados, standees) e outros objetos perecíveis a que as imagens do cinema foram associadas para instigar o consumo e
coleção por parte dos cinéfilos. Pretende-se, ainda, chamar à atenção para o cariz patrimonial destes objetos. Outrossim, propuseram-se categorias para organizar esta memorabilia e tentou-se compreender de que forma se espelham nestes itens duas cinefilias distintas: uma popular e outra mais intelectualizada.
Palavras Chave: memorabilia cinematográfica, revistas de cinema, cinefilia, fotografia de estrelas, publicidade fílmica
Referência:
Duarte, Joana. 2019. “City Lights: Publicidade Fílmica em Contexto Urbano (1930-1950)”. In Atas do VIII Encontro Anual da AIM, editado por Daniel Ribas, Manuela Penafria e Sérgio Dias Branco, 269-282. Aveiro:
AIM. ISBN 978-989-98215-9-0.
A fotografia das vedetas de cinema – em particular a dos retratos publicitários criados por still photographers (fotógrafos de cena), no âmbito de estúdios, para promover a “estrela” e/ou os filmes que protagoniza – constituiu, entre as décadas de 20 a 50 do século XX, uma parte fundamental da complexa rede do star system, impulsionando um culto crescente às “estrelas” e espoletando processos de identificação e emulação face aos retratados.
Com inegável presença na cultura visual do século XX, por ter sido veiculada através de capas de revistas, livros, cartazes, cartonados ou cartões impressos comercializáveis, a fotografia da “estrela” chama à reflexão temáticas como a receção destas imagens nos espectadores e a formulação do retrato enquanto “objeto de culto” e ersatz da pessoa retratada, ao ponto de algumas fotografias das “estrelas” se revelarem muito mais icónicas (porque efetivamente vistas e conhecidas) do que os próprios filmes.
O presente artigo pretende, assim, refletir sobre os retratos das “estrelas”, e sobre o papel e contribuição desse género fotográfico na formação de uma admiração, “idolatria” e mimetização das vedetas, a partir da análise das fontes da imprensa especializada de época, estudos da história da fotografia, do cinema e da antropologia. Compreender de que forma somos induzidos por estes retratos, e refletir, nos dias de hoje, sobre o cumprimento do seu papel primitivo – o de encantar e fazer sonhar –, é, pois, um dos objetivos deste trabalho.
O presente artigo pretende traçar uma leitura em retrospetiva da Quinta das Virtudes, inserida no contexto das transformações dos espaços circundantes — como a rua dos Fogueteiros — e dos equipamentos públicos — a Fonte das Virtudes — com que dialoga continuamente.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “As Virtudes: a Quinta, a Fonte e a Rua dos Fogueteiros”. In Passeio e Jardim das Virtudes: uma Paisagem Histórica Urbana, coordinated by Hugo Barreira, Maria Leonor Soares and Lúcia Cardoso Rosas. Porto: CITCEM, 13-24. ISBN 978-989-8351-72-2.
This article aims to reflect on the intangibility of the manual bell ringing, the resultant imaginary, means for its dissemination, public awareness and the safeguard of this heritage. In this sense, was developed the virtual exhibition «Bell Traditions: between the tangible and the intangible», in partnership with the Google Arts & Culture.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “Bell Traditions: between the tangible and the intangible”. In MemoriaMedia Review (2), «Rituals: Practices, Places and Objects», 1-7. ISSN 2183‐3753
têm perdido expressão, apresentando um elevado risco de desaparecimento devido à sua automatização a partir dos anos de 1980.
Com este artigo pretende‐se refletir sobre a intangibilidade do toque manual dos sinos, o imaginário daí resultante, os meios de divulgação, a consciencialização do público e a salvaguarda deste bem patrimonial.
Neste sentido, foi desenvolvida a exposição virtual «Tradição Sineira: entre o tangível e o intangível», em parceria com a Google Arts & Culture.
DIOGO, Andréa M.; DUARTE, Joana Isabel; GONÇALVES, Ana Patrícia & SANTOS, Marisa Pereira. 2017. “Tradição Sineira: entre o tangível e o intangível”. In MemoriaMedia Review (2), «Rituals: Practices, Places and Objects», 1-7. ISSN 2183‐3753