Em uma das viagens de explorações e descobertas de outras realidades, nos aproximamos da ilha (praia) de Quatipurú Mirim, onde por casualidade chegamos a conviver uma semana com uma familia praiana que vive da pesca artesanal. Assim este...
moreEm uma das viagens de explorações e descobertas de outras realidades, nos aproximamos da ilha (praia) de Quatipurú Mirim, onde por casualidade chegamos a conviver uma semana com uma familia praiana que vive da pesca artesanal. Assim este ensaio objetiva reconhecer o conhecimento local, a cultura e a voz da comunidade a partir da aproximação dessa realidade social para compreender as dinâmicas comunitárias. As ruas de areia, as casas de madeira, as crianças na beira e no horizonte o mar, esse "ente orgânico" e ator principal pelo qual se constroem uma série de imaginários que forman representações socioambientais. Assim, nos aproximamos e chegamos à casa de "Seu Bodinho" e Dona Marilene (esposa), que nos envolveram com todo seu complexo cultural mediante o compartilhar de momentos e de seus conhecimentos, das suas epistemologias materializadas nas práticas cotidianas. Assim o dia a dia dos comunitários acontece nesse espaço, onde se encontravam materiais de pesca pela casa, como a rede e o óleo para manter o motor do barco do pescador. Aquele dia por exemplo Seu Bodinho estava consertando sua rede, preparando-se para ir pescar como de costume. Ele vai deixando tudo pronto. Sai pela manhã cedo de casa, prepara seu barco de pequeno porte e vai pescar no seu curral ou no seu rancho nas praias próximas. Acordo cedinho…deixo a maré baixar, pego peixe, logo cuido do peixe. Quando vou pescar é só relaxar, a noite a mesma coisa as vezes vou para o rancho…….a praia aqui, é igual a pesca, eu penso assim. Na arte da pesca, o pescador sempre ele inventa um tipo de armadilha para matar o peixe e mata mais. (Seu bodinho, pescador artesanal, 51 anos) Depois da pescaria, que durou toda a manhã, ele retorna para casa na hora do almoço trazendo os peixes, caranguejos, siris e arraias que foram pescados, logo dona Marilene trata e cozinha, seja frito, assado ou preparado em um caldo. Naquele dia ela compartilhou conosco seu conhecimento sobre o tratar dos peixes, cada peixe é um tipo diferente de cuidado e também um tipo diferente de técnica no preparo. Assim as práticas, os costumes dão voz aos comunitários, o que evidencia uma dinâmica social intrínseca ao desenvolvimento do entorno, como nesse caso, que a pesca vem da praia. Todas essas práticas que nós pudemos perceber se baseiam nos recursos que oferece o mar, enquanto elemento principal que suporta toda essa estrutura e de acordo com Diegues (1998, p. 42), 1 Comunidade localizada no Município de Tracuateua. 2 Estudante do curso de graduação em Ciências Naturais da UFPA, campus Bragança. 3 Estudante do Programa de Pós Graduação em Biologia Ambiental da UFPA, campus Bragança.