Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar n... more Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos vanguardistas do século XX, transformaram a forma conhecida por poesia em território do heterogêneo: grotesco e sublime, temas elevados e temas cotidianos, linguagem polida e palavreado chulo, tudo convive na poesia contemporânea, nem de longe pacificamente, pois que o estranhamento e o (des)entendi-mento que assomam à alma de quem lê dão conta de que a atual poesia não veio para repousar (nem deixar repousar) em margens plácidas. Claro que essa não é uma prerrogativa da moderníssima poe sia – moderno aqui no sentido de atual. Não. O uso da lingua-gem como ferramenta para transpor o real, ir além do mimetismo aristotélico, tem raízes muito mais profundas. O desconhecido – que é incomum e estranho para a tradição – é o campo de indagação para o alargamento da experiência sensível do poeta moderno (aqui, com moderno me refiro ao poeta de fins do século X...
Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar n... more Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos vanguardistas do século XX, transformaram a forma conhecida por poesia em território do heterogêneo: grotesco e sublime, temas elevados e temas cotidianos, linguagem polida e palavreado chulo, tudo convive na poesia contemporânea, nem de longe pacificamente, pois que o estranhamento e o (des)entendi-mento que assomam à alma de quem lê dão conta de que a atual poesia não veio para repousar (nem deixar repousar) em margens plácidas. Claro que essa não é uma prerrogativa da moderníssima poe sia – moderno aqui no sentido de atual. Não. O uso da lingua-gem como ferramenta para transpor o real, ir além do mimetismo aristotélico, tem raízes muito mais profundas. O desconhecido – que é incomum e estranho para a tradição – é o campo de indagação para o alargamento da experiência sensível do poeta moderno (aqui, com moderno me refiro ao poeta de fins do século XIX e começo do XX). Esse poeta moderno é o que assume a criação poética como " um contínuo exercício de pesquisa formal " (Cabañas: 2000, 17).
O terceiro livro de Teolinda Gersão, Os guarda-chuvas cintilantes, publicado em 1984, constitui-s... more O terceiro livro de Teolinda Gersão, Os guarda-chuvas cintilantes, publicado em 1984, constitui-se em um jogo de desafios que se inicia com o paratexto “diário” logo abaixo do título. Ainda que conformado pelo modelo diarístico, com entradas (aparentemente) datadas, o livro da escritora portuguesa viola o principal paradigma daquele modelo – o de que o diário seria um lugar de desnudamento sincero do “eu” que o redige – na medida em que sua autora ficcional aparentemente não se mostra nas linhas que vai traçando. Embora a estrutura do diário imponha uma natural fragmentação do texto, pressupõe-se um enredo, mesmo mínimo, da vida de quem o escreve; tal expectativa também é quebrada, dado o nexo muito frágil, ou quase inexistente, entre as diversas entradas. Tendo em vista esse silêncio, já que o diário parece pouco dizer, propomos sua análise à luz proposição de número 7 do Tractatus logico-philosophicus, de Ludwig Wittgenstein, segundo a qual o que não pode ser dito deve ser calado, uma vez que, ainda segundo o filósofo, toda tentativa de expressar pela linguagem aquilo que é inefável redunda em absurdo. Esse calar, entretanto, não é absoluto, porquanto a filosofia tractatiana considera que o absurdo, ultrapassando o limite da língua, mostra o que não pode ser dito. Pretende-se, por meio da observação da estrutura de Os guarda-chuvas cintilantes, demonstrar como, apesar de heterodoxo, o diário de Teolinda Gersão desnuda o ser humano de uma forma que a lógica da palavra jamais poderia.
In this paper, the narrator of Eva, Germano Almeida's novel, is observed under Silviano Santiago'... more In this paper, the narrator of Eva, Germano Almeida's novel, is observed under Silviano Santiago's post-modern narrator concepts, according to which that narrator is characterized by a movement of distance from the narrated object, for it is much more interested in others and their stories than in itself. Eva, published in 2006 and placed in the postcoloniality context – which means that it can also be considered from the perspective of postmodern aesthetics – there is a narrator that uses the first person and proclaims himself the protagonist lover and confidant, facts that seem to contradict Silviano Santiago's position. However, despite those personal aspects, the narrator
GALVÃO, D. O homem inacabado. São Paulo: Portal, 2010. 72 p. O homem inacabado, mais recente trab... more GALVÃO, D. O homem inacabado. São Paulo: Portal, 2010. 72 p. O homem inacabado, mais recente trabalho do poeta mineiro Donizete Galvão, publicado em 2010, caracteriza-se por manter um intenso – e profícuo – diálogo com o mundo, levado a cabo por meio do recurso da intertextualidade, que estabelece uma série de relações, tanto internas, entre os poemas do próprio volume, quanto com a obra pregressa do autor e com a de outros artistas – poetas, romancistas, pintores. A quebra da linearidade da leitura – propiciada pelas ligações intertextuais desvendadas pelo leitor –, associada aos temas cantados pelos cinquenta poemas que constituem o volume, recriam no universo poético o mundo que produz o homem inacabado a que o título do livro alude e que o poeta tenta captar. Esse homem, cujo reflexo o leitor cuidadoso pode vislumbrar em meio ao caos imagético produzido pelos poemas do livro, é o homem contemporâneo, principalmente o que vive no meio urbano, e que se angustia diante da necessidade de lidar com as complexas relações impostas por seu mundo e por seu tempo: relações que, de uma forma ou de outra, exigem dele, sempre, uma tomada de posição, uma escolha. Não poder, nunca, possuir ou alcançar o que quer que seja sem que algo tenha de ser preterido; daí esse homem ser incompleto, inacabado: há sempre uma parte dele que ficou para trás e há sempre uma parte dele a ser construída, porque cada escolha impõe um recriar-se a si próprio. O projeto temático do livro – bem como sua estrutura multilinear – pode ser resumido em dois símbolos: a epígrafe de Aníbal Machado, retirada do livro Cadernos de João, e as ilustrações do artista plástico Rogério Barbosa. Dispostas nas páginas iniciais (há também uma ilustração de Barbosa no final do livro) tanto a epígrafe quanto as imagens antecipam a viagem ao interior do homem e a
Partindo da constatação de que a narrativa do romance baseia-se nas lembranças de sua narradora, ... more Partindo da constatação de que a narrativa do romance baseia-se nas lembranças de sua narradora, as quais se ancoram não nos acontecimentos, mas na forma como ela se sentia em relação a eles e, tendo em vista a concepção freudiana que relaciona a memória ao inconsciente e atribui ao material mnêmico a capacidade de mudança contínua, empreendemos a interpretação do conteúdo latente de suas lembranças, por meio da análise de seu conteúdo manifesto, para trazer à luz a forma como o olhar da narradora alinhavou os retalhos da memória, como ela os selecionou e coseu, dando origem à teia textual que, em última análise, é a (re)escrita de si mesma.
Resumo Embora, no decorrer dos séculos, o entendimento do acervo mitológico das antigas civilizaç... more Resumo Embora, no decorrer dos séculos, o entendimento do acervo mitológico das antigas civilizações tenha sido reorganizado pelas sociedades ocidentais, que passaram a vê-los como algo próximo da ficção, o mito bíblico, pelo contrário, apesar de seus mais de dois mil anos, chegou à contemporaneidade ainda com a força de um relato histórico. Largamente difundido no Ocidente pelas religiões cristãs, os relatos que compõem as Escrituras, ou pelo menos grande parte deles, são aceitos como espécies de verdades sagradas. A questão de por que ou como tais relatos se mantiveram tão arraigados na crença de milhares de pessoas, resistiram às ondas de ceticismo, de cientificismo e de racionalismo que, ao longo destes vinte séculos, modificaram e conformaram as civilizações é o motivo em torno do qual se erige o romance Caim, de José Saramago, uma releitura do Velho Testamento. Neste artigo, analisamos os procedimentos discursivos com que o narrador do romance coloca em xeque a lógica dessa crença. Abstract Although, over the centuries, the understanding of the body of myths of the old civilizations has been reorganized by the western societies, that now see it as something like fiction, the biblical myth, on the contrary, in spite of its more than two thousand years, has reached the contemporaneity with the power of a historical report. Spread over Occident by Christian religions, the reports that compose the Scriptures or at least a great part of them are accepted as sort of sacred truths. The subject of why, or how, such reports remain so ingrained in thousands of people, resisted to the waves of skepticism, of scientism and of rationalism that, along these twenty centuries, have modified and conformed the civilizations is the reason which with Portuguese writer José Saramago's novel, Cain, is built around, a re-reading of the Old Testament. In this paper, we analyze the discursive procedures, which with its narrator explores to defy the logic of that faith.
RESUMO: O homem que adentrou o século XXI é um homem fragmentado, dividido entre as milhares de p... more RESUMO: O homem que adentrou o século XXI é um homem fragmentado, dividido entre as milhares de possibilidades de sua época e suas amarras históricas, como o trabalho, a velhice, a dor. É um homem em constante processo de conhecimento e de construção de si mesmo. Por meio de uma série de relações intertextuais e do encadeamento quase vertiginoso de ideias e imagens, O homem inacabado, de Donizete Galvão, procura apreender esse homem. O objetivo deste artigo é analisar como as infindáveis relações suscitadas pelos poemas quebram a linearidade da leitura, ao modo do hiperlink na internet, e reproduzem, em certa medida, o mosaico de sentidos que o homem é capaz de gerar em sua forma atomizada de relacionar-se com o mundo.
Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar n... more Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos vanguardistas do século XX, transformaram a forma conhecida por poesia em território do heterogêneo: grotesco e sublime, temas elevados e temas cotidianos, linguagem polida e palavreado chulo, tudo convive na poesia contemporânea, nem de longe pacificamente, pois que o estranhamento e o (des)entendi-mento que assomam à alma de quem lê dão conta de que a atual poesia não veio para repousar (nem deixar repousar) em margens plácidas. Claro que essa não é uma prerrogativa da moderníssima poe sia – moderno aqui no sentido de atual. Não. O uso da lingua-gem como ferramenta para transpor o real, ir além do mimetismo aristotélico, tem raízes muito mais profundas. O desconhecido – que é incomum e estranho para a tradição – é o campo de indagação para o alargamento da experiência sensível do poeta moderno (aqui, com moderno me refiro ao poeta de fins do século X...
Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar n... more Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos vanguardistas do século XX, transformaram a forma conhecida por poesia em território do heterogêneo: grotesco e sublime, temas elevados e temas cotidianos, linguagem polida e palavreado chulo, tudo convive na poesia contemporânea, nem de longe pacificamente, pois que o estranhamento e o (des)entendi-mento que assomam à alma de quem lê dão conta de que a atual poesia não veio para repousar (nem deixar repousar) em margens plácidas. Claro que essa não é uma prerrogativa da moderníssima poe sia – moderno aqui no sentido de atual. Não. O uso da lingua-gem como ferramenta para transpor o real, ir além do mimetismo aristotélico, tem raízes muito mais profundas. O desconhecido – que é incomum e estranho para a tradição – é o campo de indagação para o alargamento da experiência sensível do poeta moderno (aqui, com moderno me refiro ao poeta de fins do século XIX e começo do XX). Esse poeta moderno é o que assume a criação poética como " um contínuo exercício de pesquisa formal " (Cabañas: 2000, 17).
O terceiro livro de Teolinda Gersão, Os guarda-chuvas cintilantes, publicado em 1984, constitui-s... more O terceiro livro de Teolinda Gersão, Os guarda-chuvas cintilantes, publicado em 1984, constitui-se em um jogo de desafios que se inicia com o paratexto “diário” logo abaixo do título. Ainda que conformado pelo modelo diarístico, com entradas (aparentemente) datadas, o livro da escritora portuguesa viola o principal paradigma daquele modelo – o de que o diário seria um lugar de desnudamento sincero do “eu” que o redige – na medida em que sua autora ficcional aparentemente não se mostra nas linhas que vai traçando. Embora a estrutura do diário imponha uma natural fragmentação do texto, pressupõe-se um enredo, mesmo mínimo, da vida de quem o escreve; tal expectativa também é quebrada, dado o nexo muito frágil, ou quase inexistente, entre as diversas entradas. Tendo em vista esse silêncio, já que o diário parece pouco dizer, propomos sua análise à luz proposição de número 7 do Tractatus logico-philosophicus, de Ludwig Wittgenstein, segundo a qual o que não pode ser dito deve ser calado, uma vez que, ainda segundo o filósofo, toda tentativa de expressar pela linguagem aquilo que é inefável redunda em absurdo. Esse calar, entretanto, não é absoluto, porquanto a filosofia tractatiana considera que o absurdo, ultrapassando o limite da língua, mostra o que não pode ser dito. Pretende-se, por meio da observação da estrutura de Os guarda-chuvas cintilantes, demonstrar como, apesar de heterodoxo, o diário de Teolinda Gersão desnuda o ser humano de uma forma que a lógica da palavra jamais poderia.
In this paper, the narrator of Eva, Germano Almeida's novel, is observed under Silviano Santiago'... more In this paper, the narrator of Eva, Germano Almeida's novel, is observed under Silviano Santiago's post-modern narrator concepts, according to which that narrator is characterized by a movement of distance from the narrated object, for it is much more interested in others and their stories than in itself. Eva, published in 2006 and placed in the postcoloniality context – which means that it can also be considered from the perspective of postmodern aesthetics – there is a narrator that uses the first person and proclaims himself the protagonist lover and confidant, facts that seem to contradict Silviano Santiago's position. However, despite those personal aspects, the narrator
GALVÃO, D. O homem inacabado. São Paulo: Portal, 2010. 72 p. O homem inacabado, mais recente trab... more GALVÃO, D. O homem inacabado. São Paulo: Portal, 2010. 72 p. O homem inacabado, mais recente trabalho do poeta mineiro Donizete Galvão, publicado em 2010, caracteriza-se por manter um intenso – e profícuo – diálogo com o mundo, levado a cabo por meio do recurso da intertextualidade, que estabelece uma série de relações, tanto internas, entre os poemas do próprio volume, quanto com a obra pregressa do autor e com a de outros artistas – poetas, romancistas, pintores. A quebra da linearidade da leitura – propiciada pelas ligações intertextuais desvendadas pelo leitor –, associada aos temas cantados pelos cinquenta poemas que constituem o volume, recriam no universo poético o mundo que produz o homem inacabado a que o título do livro alude e que o poeta tenta captar. Esse homem, cujo reflexo o leitor cuidadoso pode vislumbrar em meio ao caos imagético produzido pelos poemas do livro, é o homem contemporâneo, principalmente o que vive no meio urbano, e que se angustia diante da necessidade de lidar com as complexas relações impostas por seu mundo e por seu tempo: relações que, de uma forma ou de outra, exigem dele, sempre, uma tomada de posição, uma escolha. Não poder, nunca, possuir ou alcançar o que quer que seja sem que algo tenha de ser preterido; daí esse homem ser incompleto, inacabado: há sempre uma parte dele que ficou para trás e há sempre uma parte dele a ser construída, porque cada escolha impõe um recriar-se a si próprio. O projeto temático do livro – bem como sua estrutura multilinear – pode ser resumido em dois símbolos: a epígrafe de Aníbal Machado, retirada do livro Cadernos de João, e as ilustrações do artista plástico Rogério Barbosa. Dispostas nas páginas iniciais (há também uma ilustração de Barbosa no final do livro) tanto a epígrafe quanto as imagens antecipam a viagem ao interior do homem e a
Partindo da constatação de que a narrativa do romance baseia-se nas lembranças de sua narradora, ... more Partindo da constatação de que a narrativa do romance baseia-se nas lembranças de sua narradora, as quais se ancoram não nos acontecimentos, mas na forma como ela se sentia em relação a eles e, tendo em vista a concepção freudiana que relaciona a memória ao inconsciente e atribui ao material mnêmico a capacidade de mudança contínua, empreendemos a interpretação do conteúdo latente de suas lembranças, por meio da análise de seu conteúdo manifesto, para trazer à luz a forma como o olhar da narradora alinhavou os retalhos da memória, como ela os selecionou e coseu, dando origem à teia textual que, em última análise, é a (re)escrita de si mesma.
Resumo Embora, no decorrer dos séculos, o entendimento do acervo mitológico das antigas civilizaç... more Resumo Embora, no decorrer dos séculos, o entendimento do acervo mitológico das antigas civilizações tenha sido reorganizado pelas sociedades ocidentais, que passaram a vê-los como algo próximo da ficção, o mito bíblico, pelo contrário, apesar de seus mais de dois mil anos, chegou à contemporaneidade ainda com a força de um relato histórico. Largamente difundido no Ocidente pelas religiões cristãs, os relatos que compõem as Escrituras, ou pelo menos grande parte deles, são aceitos como espécies de verdades sagradas. A questão de por que ou como tais relatos se mantiveram tão arraigados na crença de milhares de pessoas, resistiram às ondas de ceticismo, de cientificismo e de racionalismo que, ao longo destes vinte séculos, modificaram e conformaram as civilizações é o motivo em torno do qual se erige o romance Caim, de José Saramago, uma releitura do Velho Testamento. Neste artigo, analisamos os procedimentos discursivos com que o narrador do romance coloca em xeque a lógica dessa crença. Abstract Although, over the centuries, the understanding of the body of myths of the old civilizations has been reorganized by the western societies, that now see it as something like fiction, the biblical myth, on the contrary, in spite of its more than two thousand years, has reached the contemporaneity with the power of a historical report. Spread over Occident by Christian religions, the reports that compose the Scriptures or at least a great part of them are accepted as sort of sacred truths. The subject of why, or how, such reports remain so ingrained in thousands of people, resisted to the waves of skepticism, of scientism and of rationalism that, along these twenty centuries, have modified and conformed the civilizations is the reason which with Portuguese writer José Saramago's novel, Cain, is built around, a re-reading of the Old Testament. In this paper, we analyze the discursive procedures, which with its narrator explores to defy the logic of that faith.
RESUMO: O homem que adentrou o século XXI é um homem fragmentado, dividido entre as milhares de p... more RESUMO: O homem que adentrou o século XXI é um homem fragmentado, dividido entre as milhares de possibilidades de sua época e suas amarras históricas, como o trabalho, a velhice, a dor. É um homem em constante processo de conhecimento e de construção de si mesmo. Por meio de uma série de relações intertextuais e do encadeamento quase vertiginoso de ideias e imagens, O homem inacabado, de Donizete Galvão, procura apreender esse homem. O objetivo deste artigo é analisar como as infindáveis relações suscitadas pelos poemas quebram a linearidade da leitura, ao modo do hiperlink na internet, e reproduzem, em certa medida, o mosaico de sentidos que o homem é capaz de gerar em sua forma atomizada de relacionar-se com o mundo.
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Papers by Audrey Mattos
PALAVRAS-CHAVE: Poesia brasileira contemporânea; Donizete Galvão; Relações intertextuais.
PALAVRAS-CHAVE: Poesia brasileira contemporânea; Donizete Galvão; Relações intertextuais.