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Carla Baiense

As mulheres encarceradas representam cerca de 8% da população prisional brasileira e, mesmo sendo considerado baixo, esse é o grupo em que a taxa de encarceramento mais sobe. Utilizando o conceito “imagens de controle” de Collins (2019),... more
As mulheres encarceradas representam cerca de 8% da população prisional brasileira e, mesmo sendo considerado baixo, esse é o grupo em que a taxa de encarceramento mais sobe. Utilizando o conceito “imagens de controle” de Collins (2019), que problematiza o uso de sentidos atribuídos às mulheres negras na manutenção de estruturas racistas, inclusive aquelas ligadas ao aparelho penal, objetivamos identificar como são representadas as mulheres encarceradas no Brasil a partir de produções audiovisuais da TV Globo. No mapeamento realizado, encontramos 63 resultados em que foi possível observar a formação de três representações tipificadas, que podem funcionar como imagens de controle no discurso televisivo sobre esse grupo.
Este artigo propõe uma reflexão sobre a “espetacularização” da pobreza na mídia e suas implicações éticas e sociais. Amparado pelos conceitos de espetáculo (DEBORD, 1997 [1967]) e pseudoconcreticidade (KOSIK, 1976), analisa a exposição de... more
Este artigo propõe uma reflexão sobre a “espetacularização” da pobreza na mídia e suas implicações éticas e sociais. Amparado pelos conceitos de espetáculo (DEBORD, 1997 [1967]) e pseudoconcreticidade (KOSIK, 1976), analisa a exposição de sujeitos miseráveis em três reportagens publicadas nos anos 1960 pela revista norte-americana Life e pela brasileira O Cruzeiro. Buscamos entender os objetivos da mídia ao fazer com que marginalizados sociais sejam retirados da invisibilidade e apontar as possíveis consequências do “feixe de luz” (FOUCAULT, 2006 [1977]) sobre corpos marcados pela pobreza. Para tanto, o trabalho discute o “universo carcerário” (BENJAMIN, 1987 [1985]) em que esses personagens são encerrados nas narrativas e o papel da midiatização (SODRÉ, 2002) na sua constituição social.
Neste artigo, procura-se discutir o papel do telejornalismo brasileiro no enfrentamento da cultura do encarceramento em massa no Brasil. A partir da definição crítica de Lefebvre (1991) sobre o cotidiano, o trabalho observa na junção... more
Neste artigo, procura-se discutir o papel do telejornalismo brasileiro no enfrentamento da cultura do encarceramento em massa no Brasil. A partir da definição crítica de Lefebvre (1991) sobre o cotidiano, o trabalho observa na junção entre a dimensão socializadora da TV em Martín-Barbero (1997) e a função de esclarecimento do jornalismo discutida por Moretzshon (2007), uma alternativa capaz de sensibilizar e mobilizar mudanças a partir de reportagens comprometidas com esses conceitos, apontando, em especial, as dinâmicas da cultura do aprisionamento, que segundo Borges (2010) relacionam-se diretamente com o racismo e a criminalização das relações.
Entre o comunitário, o popular e o contra-hegemônico: limites teóricos e aproximações cotidianas Between the community, the popular and the counter-hegemonic: Theoretical limits and everyday approaches Resumo Sob a pressão das intensas... more
Entre o comunitário, o popular e o contra-hegemônico: limites teóricos e aproximações cotidianas Between the community, the popular and the counter-hegemonic: Theoretical limits and everyday approaches Resumo Sob a pressão das intensas transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, nas áreas de habitação e segurança pública, diversos coletivos de comunicação comunitária locais criam novas formas de produção e circulação de mensagens que buscam assegurar a permanência no terri-tório e os direitos básicos dos moradores de favelas. Essa comunicação do cotidiano, que se utiliza das redes, mas também do espaço público, não se limita às classificações tradicionais, que restringem as frontei-ras do comunitário. Neste artigo, problematizamos a diferenciação en-tre a comunicação comunitária, popular e contra-hegemônica a partir de reflexões que surgem da prática de dois desses novos movimentos, confrontando-as com as teorizações do campo. Palavras-chave: comunicação comunitária, comun...
As ameaças e xingamentos racistas direcionados à parlamentar Talíria Petrone, no exercício do seu mandato, expressam a especificidade dos riscos de adoecimento e morte que as mulheres negras enfrentam na política institucional. Partindo... more
As ameaças e xingamentos racistas direcionados à parlamentar Talíria Petrone, no exercício do seu mandato, expressam a especificidade dos riscos de adoecimento e morte que as mulheres negras enfrentam na política institucional. Partindo do reconhecimento desse fenômeno como uma realidade traumática, como demonstra Kilomba, analisamos os episódios de racismo cotidiano (idem), numa perspectiva interseccional, a partir de uma publicação da deputada no Instagram, e seu significado dentro da herança colonial escravagista brasileira. A análise corrobora a necessidade de plataformas que contemplem e governos que implementem ações efetivas para coibir este tipo de crime e assegurar os direitos políticos e a saúde plena dessas mulheres.
A partir da compreensão da pandemia de Covid-19 como trauma global, investigamos como jovens das cinco regiões brasileiras lidam com a crise sanitária e suas consequências, a partir de suas interações com o noticiário. Em um ambiente... more
A partir da compreensão da pandemia de Covid-19 como trauma global, investigamos como jovens das cinco regiões brasileiras lidam com a crise sanitária e suas consequências, a partir de suas interações com o noticiário. Em um ambiente marcado por perdas materiais e simbólicas, e atravessado pelo excesso de informações e desinformação, buscamos entender de que maneira nossos informantes reagem à exposição midiática ao evento traumático e que sentidos produzem para o que consideramos um trauma geracional (Edmunds, Turner, 2005). Para isto, realizamos uma revisão bibliográfica sobre mídia e trauma, letramento midiático e infodemia, e apresentamos os resultados de uma pesquisa online, conduzida nos dois últimos meses de 2020, com a participação de 855 pessoas, entre 15 e 29 anos
O presente trabalho analisa as transformacoes no discurso midiatico a respeito da favela a partir dos anos 1980 a partir do estudo comparativo de reportagens publicadas em O Globo e no Jornal do Brasil. O levantamento mostra que, ate... more
O presente trabalho analisa as transformacoes no discurso midiatico a respeito da favela a partir dos anos 1980 a partir do estudo comparativo de reportagens publicadas em O Globo e no Jornal do Brasil. O levantamento mostra que, ate meados da decada de 1990, as materias enquadravam a favela como lugar de ausencia, enderecando os favelados como vitimas de uma sociedade injusta e construindo o combate a pobreza como questao publica. Esta concepcao modificou-se apos o desencapsulamento do trafico de drogas (Machado da Silva, 2004) e o crescimento da criminalidade violenta (Misse, 2006) na cidade. A cobertura cada vez mais espetacular dos crimes cometidos por traficantes e sua associacao com areas faveladas produziu um enquadramento a partir do qual estes territorios passaram a ser vistos e tratados politicamente: o de areas de risco.
In this article, we seek to recover the history of the debate around the relationship between Media and Education, starting in the 1980s, through a bibliographic review of the documents produced by UNESCO and the European Community, as... more
In this article, we seek to recover the history of the debate around the relationship between Media and Education, starting in the 1980s, through a bibliographic review of the documents produced by UNESCO and the European Community, as well as those affiliated with Educommunication. Considering the new configurations of communication, culture and politics, we also point out the current challenges in the field. Finally, we reflect on the difficulties for the implementation in Brazil of curricula focused on media and information literacy, in the perspective of the new National Common Curricular Base, in view of the lack of policies aimed at teacher training in this discipline and the low reliability of professional media in a polarization scenario.
Este artigo pretende estabelecer uma aproximacao entre dois conceitos – preconceito e estigma – a partir de autores que investigam as interacoes cotidianas. Busca-se, atraves do “preconceito” e da desconsideracao da razao, obter um melhor... more
Este artigo pretende estabelecer uma aproximacao entre dois conceitos – preconceito e estigma – a partir de autores que investigam as interacoes cotidianas. Busca-se, atraves do “preconceito” e da desconsideracao da razao, obter um melhor entendimento sobre a visao estigmatizada de certos grupos. Alem disso, pretende-se associar esta reflexao teorica com as estrategias de narrativas do jornal O Globo, em relacao a politica nacional de drogas. Por fim, a conclusao tentara relacionar estas narrativas, enquanto instâncias produtoras de sentido, com as recentes decisoes politicas sobre drogas no Brasil.
A Comunicação Comunitária trata-se de um processo de luta popular não só por espaços de fala, mas por transformação social e influência política. Tendo em vista os avanços tecnológicos e a apropriação popular dos aparelhos de telefone... more
A Comunicação Comunitária trata-se de um processo de luta popular não só por espaços de fala, mas por transformação social e influência política. Tendo em vista os avanços tecnológicos e a apropriação popular dos aparelhos de telefone móveis, é necessário  refletir sobre as novas maneiras de comunicar. Este artigo tem como objeto de pesquisa a autorrepresentação audiovisual tensionada pela atuação da Rede Mocoronga de Comunicação Popular. Parte-se da hipótese de que, ao olhar para si e para o cotidiano de suas próprias comunidades, produz-se subjetividades, que constroem e circulam mensagens a partir “de dentro”. Utilizando como aporte teórico os conceitos da Comunicação Comunitária, fizemos uma análise a partir das ondas ou gerações em que se construiu esse campo de ação e reflexão. E traçamos um paralelo com o histórico da Rede. Recorremos, como técnicas de coleta de dados, à observação participante e à pesquisa bibliográfica. 
Este artigo analisa as relacoes de um grupo de jovens estudantes de jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) com a midia, tendo como corpus as reflexoes produzidas ao longo de tres grupos focais, realizados na propria... more
Este artigo analisa as relacoes de um grupo de jovens estudantes de jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) com a midia, tendo como corpus as reflexoes produzidas ao longo de tres grupos focais, realizados na propria universidade, em Niteroi, regiao metropolitana do Rio de Janeiro, entre setembro e outubro de 2017. A partir dos dados, pudemos observar como se constituem as configuracoes midiaticas de seus mundos midiatizados (HEPP, 2014) e o que nos dizem sobre a mutacao cultural contemporânea (JACKS; SCHMITZ, 2017). PALAVRAS-CHAVE: JUVENTUDE; CULTURA; MIDIATIZACAO; COTIDIANO.
A pandemia de Covid-19 escancarou as desigualdades atreladas ao gênero. São as mulheres que estão à frente dos cuidados em casa e nos hospitais, sofrem com o aumento da violência doméstica e são atingidas de maneira mais severa pela crise... more
A pandemia de Covid-19 escancarou as desigualdades atreladas ao gênero. São as mulheres que estão à frente dos cuidados em casa e nos hospitais, sofrem com o aumento da violência doméstica e são atingidas de maneira mais severa pela crise econômica. A estas assimetrias somam-se as produzidas em razão de raça e classe, cujos efeitos só se tornam visíveis a partir de uma perspectiva interseccional. É basilar que as mulheres, sobretudo as negras e pobres, deveriam estar entre as prioridades da comunicação pública em tempos de pandemia. Neste artigo, com base em noções semióticas, analisaremos as campanhas sobre Covid-19 veiculadas pelo Governo Federal no site do Ministério da Saúde em 2020. O objetivo é compreender se e como essas mulheres ganham visibilidade nas peças e em que medida esta comunicação, que deveria se pautar pelo interesse público, contribui para enfrentar os problemas cotidianos.
Este artigo condensa algumas reflexões a respeito da condição juvenil (DAYRREL, 2007), a partir das interações com estudantes do 8º ano de uma escola pública do município de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Durante uma... more
Este artigo condensa algumas reflexões a respeito da condição juvenil (DAYRREL, 2007), a partir das interações com estudantes do 8º ano de uma escola pública do município de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Durante uma oficina de produção e leitura crítica da mídia, em que se propunham discussões sobre o funcionamento e as funções do jornalismo na sociedade, pudemos observar como os estudantes pautam suas demandas frente à escola e expressam, de diferentes formas, sua maneira particular de “produzir a juventude” (DUBET, 1994), nas próprias narrativas.
O artigo examina aspectos discursivos e políticos do medo em sua singularidade histórica, a partir da exposição do sofrimento de estranhos no espaço público. A relação entre cultura e sofrimento privilegia quatro tópicos: i) a... more
O artigo examina aspectos discursivos e políticos do medo em sua singularidade histórica, a partir da exposição do sofrimento de estranhos no espaço público. A relação entre cultura e sofrimento privilegia quatro tópicos: i) a transformação do sofrimento em questão política na cultura ocidental; ii) a seleção dos estados e condições considerados para uma dada época histórica como sofrimentos relevantes e evitáveis através da ação política; iii) atribuição de responsabilidade pelo sofrimento de estranhos e, iv) o modo de endereçar a audiência. A base empírica reúne matérias de jornais e telejornais sobre crimes, catástrofes e epidemias, produzidas a partir de 1980, e permite refletir sobre as repercussões éticas da política do medo contemporânea, conceituada como política da vítima virtual.
Este trabalho analisa o uso da expressão Guerra do Rio como elemento estruturante das narrativas jornalísticas sobre o tráfico de drogas de varejo nas favelas do Rio de Janeiro. A partir de reportagens publicadas em dois jornais cariocas... more
Este trabalho analisa o uso da expressão Guerra do Rio como elemento estruturante das narrativas jornalísticas sobre o tráfico de drogas de varejo nas favelas do Rio de Janeiro. A partir de reportagens publicadas em dois jornais cariocas – O Globo e Jornal do Brasil -, em dez diferentes anos, ao longo de quatro décadas (dos anos 1980 a 2010)i, busca-se recuperar as condições de emergência desta representação e os sentidos postos em circulação, bem como problematizar suas consequências. Utilizando a teoria da agenda (Mc Combs e Shaw) e a análise do enquadramento (Entmann) pretendemos compreender como a construção de uma cidade em guerra nos discursos jornalísticos influenciou a agenda pública em diferentes períodos, justificando a militarização do cotidiano da população moradora de favelas, submetendo-a a uma sociabilidade violenta (Machado da Silva).