Papers by Vinícius Masseroni
Semina - Revista Dos Pós-Graduandos Em História Da UPF, 2024
O artigo que se segue busca realizar um levantamento bibliográfico sobre as organizações que enca... more O artigo que se segue busca realizar um levantamento bibliográfico sobre as organizações que encabeçaram a luta armada contra a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). No trabalho incluímos tanto obras acadêmicas (dissertações, teses, artigos e livros), bem como trabalhos memorialísticos e biográficos. O enfoque dos trabalhos, no texto ora apresentado, foi o estudo de uma organização de luta armada em específico, excluindo-se trabalhos “gerais” sobre as organizações de luta armada. O levantamento se deu, majoritariamente, nas plataformas “Catálogo de Teses & Dissertações – CAPES” e, para artigos, na “Scielo.org”. Como buscaremos evidenciar, trabalhos com essa temática começaram a ser desenvolvidos ainda em 1990, ganhando regularidade na primeira década deste século (anos 2000) e, na década recém findada, houve um aumento sensível na produção de dissertações e teses com o enfoque aqui proposto. Buscamos discutir, com base noutros trabalhos sobre a historiografia da Ditadura, o motivo desse aumento de produção. Por fim, como segundo objetivo, buscamos centralizar em um único local a grande massa de trabalho produzidos pela historiografia especializada, dessa forma, novos pesquisadores interessados pelo tema poderão, de maneira mais fácil, encontrar em nosso trabalho grande parte dos estudos sobre as diversas organizações armadas. A partir disso, cremos, poderão ter contato com os diversos estudos sobre uma determinada organização e/ou localizar lacunas na produção bibliográfica
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Nov 26, 2020
Entre os anos de 1968 e 1974 alguns brasileiros, indignados com a Ditadura Civil-militar e crente... more Entre os anos de 1968 e 1974 alguns brasileiros, indignados com a Ditadura Civil-militar e crentes do ideal revolucionário – inspirados entre outros, pela Revolução Cubana – resolveram que a única forma de efetuar as mudanças necessárias para o Brasil era através das armas. Em um curto espaço de tempo, porém, a luta armada foi esmagada pelos órgãos da repressão. Desde o final da década de 1980 houve uma profusão de trabalhos sobre as esquerdas que atuaram no país, as esquerdas armadas não ficaram de foram. Nossos objetivos gerais, com nosso trabalho, foram dois: realizar um levantamento bibliográfico sobre os estudos que tiveram por objeto uma organização armada em específico, que se preocuparam com as diferentes trajetórias das diferentes organizações armadas; o segundo objetivo foi analisar as memórias – por meio de entrevistas realizadas por Marcelo Ridenti – dos militantes revolucionários. Para o segundo objetivo nos municiamos das diversas contribuições dos autores que se dedicaram à História Oral (Alessandro Portelli e Luísa Passerini) e/ou aos estudos sobre a memória (Hallbawcs, Fentress e Wickham, Ricouer, Nora entre outros). Ao trabalharmos com entrevistas que já contam com trinta anos desde sua realização, nos perguntamos e quisemos fazer emergir como aparecem questões ligadas às questões como: Gênero; Melancolia de esquerda; o papel de resistência que as organizações de luta armada teriam desenvolvido e, também, a problemática do suicídio – lembrando que essa questão foi “inaugurada” por um militante da luta armada, Renato Tapajós. Com nosso primeiro objetivo buscamos mostrar quais organizações que participaram de ações armadas ainda não foram exploradas, sendo assim, as lacunas na nossa historiografia. Já no trabalho com as fontes orais buscamos evidencias como as memórias da esquerda armada, ao contrário do que usualmente se pensa, é muito mais diversa e dissonante do que unívoca.
História: Espaço Fecundo para Diálogos, 2019
Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, 2020
O artigo que apresentamos busca mostrar as possibilidades de interseccao entre a Historia e Liter... more O artigo que apresentamos busca mostrar as possibilidades de interseccao entre a Historia e Literatura, por meio do romance, de autoria de Gabriel Garcia Marquez, Cem anos de solidao. Sem aderirmos aos pressupostos da nao diferenciacao entre discurso historiografico e discurso literario, valemo-nos das contribuicoes da Historia Cultural (Roger Chartier), em especial o conceito de representacao. Dentro dessa perspectiva realizamos uma analise de algumas passagens do texto de Garcia Marquez, com o intento de mostrar como, por meio de sua obra, Gabo tentou retratar a historia da America Latina e quem eram os latino-americanos. Nao foi possivel realizar tal objetivo sem inserir o escritor colombiano dentro de seu contexto historico e literario, ou seja, na decada de 1960 – e a influencia da Revolucao Cubana – e, tambem, inseri-lo dentro da estetica do realismo magico. Por obvio o texto nao procura exaurir as possibilidades de analises continuando, o texto de Garcia Marquez, uma obra abe...
Durante o periodo da Ditadura (1964-85) os militares, ao chegarem em uma situacao limite , lancav... more Durante o periodo da Ditadura (1964-85) os militares, ao chegarem em uma situacao limite , lancavam mao de atos institucionais a fim de manter o poder independente das prerrogativas da Constituicao Federal (1946 e 1967), deste modo, este artigo busca analisar as relacoes entre os atos institucionais (AI’s) e o Supremo Tribunal Federal (STF). Os embates politicos, o jogo de forcas, as aproximacoes e distanciamentos do STF com o governo militar, e como, ao longo da ditadura, este sofreu intervencoes e foi moldado para cumprir seu papel de reprodutor das vontades governamentais, sao tambem objeto de problematizacao e analise deste artigo, ja que em algumas oportunidades o STF parece ter se oposto, mesmo que de modo velado, as discricionariedades do Regime. Para alem da discussao geral sobre os atos institucionais, abordaremos o AI-5, de forma a desmistificar a premissa de que as esquerdas armadas foram responsaveis pela edicao do ato mais repressivo do governo ditatorial. O AI-5 servi...
Múltiplas possibilidades da História Oral, 2022
Revista Brasileira de História & Ciências Sociais
Resenha do livro: EVANS, Richard J. Eric Hobsbawm: uma vida na história. São Paula: Planeta, 2021.
Dissertação de mestrado, 2020
Entre os anos de 1968 e 1974 alguns brasileiros, indignados com a Ditadura Civil-militar e crente... more Entre os anos de 1968 e 1974 alguns brasileiros, indignados com a Ditadura Civil-militar e crentes do ideal revolucionário – inspirados entre outros, pela Revolução Cubana – resolveram que a única forma de efetuar as mudanças necessárias para o Brasil era através das armas. Em um curto espaço de tempo, porém, a luta armada foi esmagada pelos órgãos da repressão. Desde o final da década de 1980 houve uma profusão de trabalhos sobre as esquerdas que atuaram no país, as esquerdas armadas não ficaram de foram. Nossos objetivos gerais, com nosso trabalho, foram dois: realizar um levantamento bibliográfico sobre os estudos que tiveram por objeto uma organização armada em específico, que se preocuparam com as diferentes trajetórias das diferentes organizações armadas; o segundo objetivo foi analisar as memórias – por meio de entrevistas realizadas por Marcelo Ridenti – dos militantes revolucionários. Para o segundo objetivo nos municiamos das diversas contribuições dos autores que se dedicaram à História Oral (Alessandro Portelli e Luísa Passerini) e/ou aos estudos sobre a memória (Hallbawcs, Fentress e Wickham, Ricouer, Nora entre outros). Ao trabalharmos com entrevistas que já contam com trinta anos desde sua realização, nos perguntamos e quisemos fazer emergir como aparecem questões ligadas às questões como: Gênero; Melancolia de esquerda; o papel de resistência que as organizações de luta armada teriam desenvolvido e, também, a problemática do suicídio – lembrando que essa questão foi “inaugurada” por um militante da luta armada, Renato Tapajós. Com nosso primeiro objetivo buscamos mostrar quais organizações que participaram de ações armadas ainda não foram exploradas, sendo assim, as lacunas na nossa historiografia. Já no trabalho com as fontes orais buscamos evidencias como as memórias da esquerda armada, ao contrário do que usualmente se pensa, é muito mais diversa e dissonante do que unívoca.
Trabalho de Conclusão de Curso, 2017
Em meados do século XX o marxismo teve uma de suas mais importantes contribuições ao campo histor... more Em meados do século XX o marxismo teve uma de suas mais importantes contribuições ao campo historiográfico com o grupo de historiadores do Partido Comunista Inglês (1946-1956). Os historiadores que fizeram parte do grupo estavam interessados na história dos homens e mulheres simples,inaugurando a chamada “história vista de baixo”. Contudo desde o a década de 1940 o movimento denominado estruturalismo vinha ganhando adeptos devida a influência de Lévi-Strauss e, do marxismo especificamente, de Louis Althusser. Dessa
maneira esse estudo visa contribuir para o melhor entendimento dos conceitos que estavam em discussão na época. Nos detivemos nas contribuições teóricas do historiador britânico Edward Palmer Thompson, devido à grande influência que seus estudos sobre a classe operária tiveram no mundo inteiro e, no Brasil de maneira particular. Dessa forma buscamos evidenciar como Thompson se insere na tradição marxista e qual foi sua contribuição, especialmente os conceitos de luta de classe, classe, experiência e cultura na discussão com o estruturalismo.
Revista Brasileira de História & Ciências Sociais –RBHCS, 2020
Resumo: O artigo que apresentamos busca mostrar as possibilidades de intersecção entre a História... more Resumo: O artigo que apresentamos busca mostrar as possibilidades de intersecção entre a História e Literatura por meio do romance de autoria de Gabriel García Márquez, Cem anos de solidão. Sem aderirmos aos pressupostos da não diferenciação entre discurso historiográfico e discurso literário, valemo-nos, para esta reflexão, das contribuições da História Cultural, em especial do conceito de representação. Dentro dessa perspectiva, realizamos uma análise de algumas passagens do texto do autor colombiano com o intento de mostrar como, por meio de sua obra, García Marques refletiu sobre a história da América Latina e sobre quem eram os latino-americanos. Não foi possível realizar tal objetivo sem inserir o escritor colombiano dentro de seu contexto histórico e literário, ou seja, a década de 1960-e a influência da Revolução Cubana-e, também, dentro da estética do realismo mágico. Por óbvio o texto não procura exaurir as possibilidades de análises continuando, o texto de García Márquez, uma obra aberta a novas problematizações e interpretações. Palavras-chave: Cem anos de solidão; América Latina; Gabriel García Márquez; História e Literatura.
Revista Sillogés, 2020
Resumo: Durante o período da Ditadura (1964-1985) os militares, ao chegarem em uma situação limit... more Resumo: Durante o período da Ditadura (1964-1985) os militares, ao chegarem em uma situação limite, lançavam mão de atos institucionais a fim de manter o poder independente das prerrogativas da Constituição Federal (1946 e 1967). Deste modo, este artigo busca analisar as relações entre os atos institucionais (AI's) e o Supremo Tribunal Federal (STF). Os embates políticos, o jogo de forças, as aproximações e distanciamentos do STF com o governo militar, e como, ao longo da ditadura, este sofreu intervenções e foi moldado para cumprir seu papel de reprodutor das vontades governamentais, são também objeto de problematização e análise deste artigo, já que em algumas oportunidades o STF parece ter se oposto, mesmo que de modo velado, às discricionariedades do Regime. Para além da discussão geral sobre os atos institucionais, abordaremos o AI-5, de forma a desmistificar a premissa de que as esquerdas armadas foram responsáveis pela edição do ato mais repressivo do governo ditatorial. O AI-5 serviu, no entanto, para reprimir setores da sociedade civil que deram apoio ao golpe civil-militar e que ao longo do período 1964-1968, tornam-se críticos a repressão. Palavras-chave: Atos Institucionais. Supremo Tribunal Federal. Ditadura Civil-Militar. Abstract: During the dictatorship period (1964-1985), the military, when reaching a limit situation, would use institutional acts to maintain power although the Federal Constitution prerogatives. Therefore, this article seeks to analyze the relationships between the institutional acts and the Federal Court of Justice. The political contests, the power struggle, the approaches and distances of that same Court with the military government and how, along the dictatorship era, it went through interventions and was arranged to keep the governmental wills, are also analyzed and problematized in this article-since, at some moments, the Court appears to have, even in a veiled way, opposed the Regime. Beyond general debate over the institutional acts, we shall approach the Institutional Act number 5, in order to desmystify the idea of an armed left-wing group as being responsible for the most repressive act in the dictatorial government. However, the IA-5 made it possible to repress sections from the civil society who supported the coup and, over the 1964-68 period, became critics of repression.
Esse trabalho é uma parte de nossa pesquisa de mestrado que se encontra em andamento. Buscamos aq... more Esse trabalho é uma parte de nossa pesquisa de mestrado que se encontra em andamento. Buscamos aqui avaliar as (re)construções da memória dos militantes que tiveram participação na esquerda armada durante a ditadura civil-militar brasileira. O recorte temporal, 1968-1974, contempla o auge das ações armadas urbanas, realizadas pelas organizações – autointituladas – revolucionárias, mais a experiência de guerrilha no Araguaia. As esquerdas da década de 1960 vêm sendo objeto de estudo de diversos pesquisadores. Os primeiros trabalhos como, por exemplo, de Jacob Gorender (1987), Daniel Aarão Reis (1990) e Marcelo Ridenti (1993), buscaram, de diferentes formas, dar respostas para o fracasso da experiência armada brasileira em busca da Revolução social. Tais pesquisadores deram diferentes respostas e, na medida que o tema foi se ampliando, novos historiadores/sociólogos buscaram novos enfoques, novos temas sobre as esquerdas revolucionárias. Contudo, qual teria sido a contribuição da experiência da luta armada para nossa história recente? Na busca dessa resposta que enquadramos o presente trabalho. Ao estudarmos as entrevistas realizadas, entre 1985-1986, por Marcelo Ridenti para realização de sua tese de doutoramento, essa questão – doravante, “qual a contribuição da luta armada para história do Brasil?” – foi recorrente nas entrevistas, recebendo as mais variáveis respostas. Essa questão torna-se mais relevante tendo em vista que, ao longo da redemocratização do país, as esquerdas armadas foram assimiladas como uma força radical da resistência democrática – aquilo que Aarão Reis chamou de deslocamentos de sentido. Contudo, nos últimos anos a sociedade brasileira tem sido solapada por interpretações heterodoxas sobre o período ditatorial (1964-1985), onde, em casos extremos, tem sido negado o caráter de exceção daquele regime. O golpe civil-militar tornou-se justificável, dentro dessas interpretações, pelo reavivamento – que nunca esteve totalmente desaparecido – do anticomunismo. Logo, cabe analisar qual é/foi a interpretação dos próprios militantes políticos da esquerda armada sobre sua luta. Para realização desse estudo nos apoiamos nas contribuições da História Oral (Alessandro Portelli) e, também, nas reflexões sobre as questões, que vários filósofos e historiadores, têm discutido em relação à memória (Walter Benjamin, Paul Ricoeur e Maurice Halbwachs).
Anais do IV Congresso Internacional História, Regiões e Fronteiras (CIHRF), 2018
Esse trabalho busca compreender como os militantes, da autorreferida, esquerda revolucionária
con... more Esse trabalho busca compreender como os militantes, da autorreferida, esquerda revolucionária
construíram, ao longo do tempo, suas memórias do tempo da luta aramada contra a ditadura civil-militar no
Brasil (1968-1972). Elegendo como um dos marcos possíveis a Lei nº 6.683 de 1979 – doravante, Lei da
Anistia –, a sociedade brasileira entrou em um processo de (re)construção da memória, com vistas a
acomodação de seu passado recente e tentando, assim, desfazer-se de seu pregresso apoio ao regime
instaurado em 1964, ficando apenas com as memórias da resistência democrática. Desta maneira, as
esquerdas e seus projetos revolucionários – de combate ao capitalismo – perderam, nesse novo discurso
onde emerge uma memória democrática, sua retórica mais acentuada e de enfrentamento ao regime. Isso se
deu tanto na memória coletiva da sociedade, como nas memórias daqueles militantes. Dessa maneira, os
combatentes da causa revolucionária foram integrados, de maneira difusa, numa grande e vitoriosa
resistência democrática. Porém, devemos lembrar que a memória não é “eleita” na sociedade, ela é
construída, e não sem disputas. Dessa forma, almejamos mostrar, também, como há uma disputa dessas
memórias, onde dentro de um amálgama de indivíduos, algumas construções da memória se sobrepujaram a
outras. Muitos desses militantes afirmam que faziam e lutaram na resistência democrática. Outros tantos
afirmam que estavam em busca da revolução socialista, onde seria instaurada uma ditadura revolucionária
(do proletariado). No entanto, na sociedade brasileira, durante muito tempo grassou apenas a ideia de jovens
radicais – até errados em suas adesões armadas, talvez? – mas, democratas. É importante, em nosso ver, essa
questão, já que, atualmente, há uma parte da sociedade que tende a, não só negar o autoritarismo do regime,
como o glorificar, fazendo-o a partir das “evidências” do autoritarismo das esquerdas, esse revisionismo
histórico é, também, uma construção da memória. Dessa forma, nosso principal objetivo é deslindar como se
deu esse processo de (re)construção da memória nos militantes revolucionários. Nosso principal aporte
teórico-metodológico provém dos estudos sobre a memória (Michael Pollak, Paul Ricouer, Jeanne Marie
Gagnebin), e, também, da História Oral (Alessandro Portelli). As entrevistas aqui trabalhadas foram
realizadas por outros pesquisadores – e encontram-se acessíveis ao público –, que se enquadram em nossas
perspectivas para o desenvolvimento dessa pesquisa – a saber, o período imediatamente após a
redemocratização, entrevistas sobre o exílio durante a ditadura e, também, demais entrevistas consideradas
pertinentes à pesquisa. Desta forma buscarei compreender “como” e “por quê?” das mudanças da
compreensão e avaliação da contribuição da luta armada na memória destes militantes.
Books by Vinícius Masseroni
História: Espaço Fecundo para Diálogos, 2019
Na disputa das memórias: a caracterização dos objetivos da luta armada na memória de seus militan... more Na disputa das memórias: a caracterização dos objetivos da luta armada na memória de seus militantes (1968-1972)
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Papers by Vinícius Masseroni
maneira esse estudo visa contribuir para o melhor entendimento dos conceitos que estavam em discussão na época. Nos detivemos nas contribuições teóricas do historiador britânico Edward Palmer Thompson, devido à grande influência que seus estudos sobre a classe operária tiveram no mundo inteiro e, no Brasil de maneira particular. Dessa forma buscamos evidenciar como Thompson se insere na tradição marxista e qual foi sua contribuição, especialmente os conceitos de luta de classe, classe, experiência e cultura na discussão com o estruturalismo.
construíram, ao longo do tempo, suas memórias do tempo da luta aramada contra a ditadura civil-militar no
Brasil (1968-1972). Elegendo como um dos marcos possíveis a Lei nº 6.683 de 1979 – doravante, Lei da
Anistia –, a sociedade brasileira entrou em um processo de (re)construção da memória, com vistas a
acomodação de seu passado recente e tentando, assim, desfazer-se de seu pregresso apoio ao regime
instaurado em 1964, ficando apenas com as memórias da resistência democrática. Desta maneira, as
esquerdas e seus projetos revolucionários – de combate ao capitalismo – perderam, nesse novo discurso
onde emerge uma memória democrática, sua retórica mais acentuada e de enfrentamento ao regime. Isso se
deu tanto na memória coletiva da sociedade, como nas memórias daqueles militantes. Dessa maneira, os
combatentes da causa revolucionária foram integrados, de maneira difusa, numa grande e vitoriosa
resistência democrática. Porém, devemos lembrar que a memória não é “eleita” na sociedade, ela é
construída, e não sem disputas. Dessa forma, almejamos mostrar, também, como há uma disputa dessas
memórias, onde dentro de um amálgama de indivíduos, algumas construções da memória se sobrepujaram a
outras. Muitos desses militantes afirmam que faziam e lutaram na resistência democrática. Outros tantos
afirmam que estavam em busca da revolução socialista, onde seria instaurada uma ditadura revolucionária
(do proletariado). No entanto, na sociedade brasileira, durante muito tempo grassou apenas a ideia de jovens
radicais – até errados em suas adesões armadas, talvez? – mas, democratas. É importante, em nosso ver, essa
questão, já que, atualmente, há uma parte da sociedade que tende a, não só negar o autoritarismo do regime,
como o glorificar, fazendo-o a partir das “evidências” do autoritarismo das esquerdas, esse revisionismo
histórico é, também, uma construção da memória. Dessa forma, nosso principal objetivo é deslindar como se
deu esse processo de (re)construção da memória nos militantes revolucionários. Nosso principal aporte
teórico-metodológico provém dos estudos sobre a memória (Michael Pollak, Paul Ricouer, Jeanne Marie
Gagnebin), e, também, da História Oral (Alessandro Portelli). As entrevistas aqui trabalhadas foram
realizadas por outros pesquisadores – e encontram-se acessíveis ao público –, que se enquadram em nossas
perspectivas para o desenvolvimento dessa pesquisa – a saber, o período imediatamente após a
redemocratização, entrevistas sobre o exílio durante a ditadura e, também, demais entrevistas consideradas
pertinentes à pesquisa. Desta forma buscarei compreender “como” e “por quê?” das mudanças da
compreensão e avaliação da contribuição da luta armada na memória destes militantes.
Books by Vinícius Masseroni
maneira esse estudo visa contribuir para o melhor entendimento dos conceitos que estavam em discussão na época. Nos detivemos nas contribuições teóricas do historiador britânico Edward Palmer Thompson, devido à grande influência que seus estudos sobre a classe operária tiveram no mundo inteiro e, no Brasil de maneira particular. Dessa forma buscamos evidenciar como Thompson se insere na tradição marxista e qual foi sua contribuição, especialmente os conceitos de luta de classe, classe, experiência e cultura na discussão com o estruturalismo.
construíram, ao longo do tempo, suas memórias do tempo da luta aramada contra a ditadura civil-militar no
Brasil (1968-1972). Elegendo como um dos marcos possíveis a Lei nº 6.683 de 1979 – doravante, Lei da
Anistia –, a sociedade brasileira entrou em um processo de (re)construção da memória, com vistas a
acomodação de seu passado recente e tentando, assim, desfazer-se de seu pregresso apoio ao regime
instaurado em 1964, ficando apenas com as memórias da resistência democrática. Desta maneira, as
esquerdas e seus projetos revolucionários – de combate ao capitalismo – perderam, nesse novo discurso
onde emerge uma memória democrática, sua retórica mais acentuada e de enfrentamento ao regime. Isso se
deu tanto na memória coletiva da sociedade, como nas memórias daqueles militantes. Dessa maneira, os
combatentes da causa revolucionária foram integrados, de maneira difusa, numa grande e vitoriosa
resistência democrática. Porém, devemos lembrar que a memória não é “eleita” na sociedade, ela é
construída, e não sem disputas. Dessa forma, almejamos mostrar, também, como há uma disputa dessas
memórias, onde dentro de um amálgama de indivíduos, algumas construções da memória se sobrepujaram a
outras. Muitos desses militantes afirmam que faziam e lutaram na resistência democrática. Outros tantos
afirmam que estavam em busca da revolução socialista, onde seria instaurada uma ditadura revolucionária
(do proletariado). No entanto, na sociedade brasileira, durante muito tempo grassou apenas a ideia de jovens
radicais – até errados em suas adesões armadas, talvez? – mas, democratas. É importante, em nosso ver, essa
questão, já que, atualmente, há uma parte da sociedade que tende a, não só negar o autoritarismo do regime,
como o glorificar, fazendo-o a partir das “evidências” do autoritarismo das esquerdas, esse revisionismo
histórico é, também, uma construção da memória. Dessa forma, nosso principal objetivo é deslindar como se
deu esse processo de (re)construção da memória nos militantes revolucionários. Nosso principal aporte
teórico-metodológico provém dos estudos sobre a memória (Michael Pollak, Paul Ricouer, Jeanne Marie
Gagnebin), e, também, da História Oral (Alessandro Portelli). As entrevistas aqui trabalhadas foram
realizadas por outros pesquisadores – e encontram-se acessíveis ao público –, que se enquadram em nossas
perspectivas para o desenvolvimento dessa pesquisa – a saber, o período imediatamente após a
redemocratização, entrevistas sobre o exílio durante a ditadura e, também, demais entrevistas consideradas
pertinentes à pesquisa. Desta forma buscarei compreender “como” e “por quê?” das mudanças da
compreensão e avaliação da contribuição da luta armada na memória destes militantes.