My research is on international migration, migration policies, Portuguese migration flows, immigrant’s integration, migrants transnational practices, highly skilled migration, and immigrants integration in the Portuguese society.
Resumo Neste artigo analisamos os regressos da emigração portuguesa a Portugal numa perspetiva hi... more Resumo Neste artigo analisamos os regressos da emigração portuguesa a Portugal numa perspetiva histórica, com base na literatura científica de maioria portuguesa produzida desde os anos 1980 sobre o tema. Com este conjunto dos trabalhos disponíveis é possível reconstituir o padrão dos regressos através do volume contabilizado nos censos (ou de outras formas), conhecer perfis de regressados e avaliar algum do impacto dos regressos no desenvolvimento das regiões de origem, atendendo a que a quase totalidade dos regressados se dirige para a mesma região de onde havia saído. Reconstruímos o padrão dos regressos e analisamos o perfil dos regressados com informação dos fluxos entre os anos 1980 e 2011 a partir de revisão da literatura existente; os indicadores do Eurostat permitem análise do volume mais recente das migrações de regresso. Constatamos uma relativa homogeneidade no perfil e dos regressos do passado, ao contrário da diferenciação dos regressos posteriores, resultantes de uma ...
EnglishReturning home after living abroad? Return intentions among recent Portuguese skilled migr... more EnglishReturning home after living abroad? Return intentions among recent Portuguese skilled migrants. Resarch on the return of recent Portuguese emigrants is scarce. In this paper, we present a study on return intentions based on a sample of 1,100 high-skilled Portuguese emigrant residents abroad, who answered an online survey carried out in 2017. The study presents contexts, protagonists, and the historical moment in which the intentions are revealed and the returns may occur. The analysis is centered on the return intentions according to age, residence country, period of immigration in the reception country, and other factors that, both in Portugal and in the destination country, contribute to explain the intentions of return by respondents. portuguesFicar ou voltar? Intencoes de regresso entre portugueses qualificados emigrados a partir do ano 2000. E escassa a investigacao sobre o regresso de emigrantes portugueses recentes. Neste artigo, apresentamos um estudo sobre intencoes ...
In Portugal, Eastern European immigrants only become numerically significant at the end of the 19... more In Portugal, Eastern European immigrants only become numerically significant at the end of the 1990s. Until that time, the Portuguese immigration landscape was mainly characterized by the presence of citizens from former Portuguese colonies in Africa and from Brazil. The study of this phenomenon is particularly interesting because it allows to analyse the constitution and development of a new immigration flow and of new immigrant communities in the country and, since the 2008 crisis, to investigate the strategies that immigrants use to face an economic situation that seems to hinder the fulfilment of their initial motivations for migration. Considering the importance of economic motives, it should be expected that, if the reason that justified migration can no longer be satisfied in Portugal, migrants would adopt strategies to attain their economic wellbeing elsewhere. By focusing on the possibilities that migrants consider when planning their future trajectories in a context marked...
This article intersects three concepts: migration, cooperation and development. The authors descr... more This article intersects three concepts: migration, cooperation and development. The authors describe contemporary Portuguese migration and the direct and indirect influence that cooperation has on these migrations. They attempt to show that the strategy of cooperation has not gone through migration (only indirectly and by means of a post-colonial era) forgetting the countries of origin of non-Lusophone immigration. On the other hand, Portuguese emigration is not taken into account in the cooperation strategy. Good examples arise, however, from cooperation between Portuguese institutions and countries of origin of migrants to Portugal. The authors realize that research is needed that allows assessing the impact of policies of cooperation in education (e.g. the brain drain) and health (to stay in the country for evacuated patients and their family members after the period of convalescence). On the interrelations between the Portuguese cooperation strategy and migrations, the authors c...
Resumo Neste artigo analisamos os regressos da emigração portuguesa a Portugal numa perspetiva hi... more Resumo Neste artigo analisamos os regressos da emigração portuguesa a Portugal numa perspetiva histórica, com base na literatura científica de maioria portuguesa produzida desde os anos 1980 sobre o tema. Com este conjunto dos trabalhos disponíveis é possível reconstituir o padrão dos regressos através do volume contabilizado nos censos (ou de outras formas), conhecer perfis de regressados e avaliar algum do impacto dos regressos no desenvolvimento das regiões de origem, atendendo a que a quase totalidade dos regressados se dirige para a mesma região de onde havia saído. Reconstruímos o padrão dos regressos e analisamos o perfil dos regressados com informação dos fluxos entre os anos 1980 e 2011 a partir de revisão da literatura existente; os indicadores do Eurostat permitem análise do volume mais recente das migrações de regresso. Constatamos uma relativa homogeneidade no perfil e dos regressos do passado, ao contrário da diferenciação dos regressos posteriores, resultantes de uma ...
EnglishReturning home after living abroad? Return intentions among recent Portuguese skilled migr... more EnglishReturning home after living abroad? Return intentions among recent Portuguese skilled migrants. Resarch on the return of recent Portuguese emigrants is scarce. In this paper, we present a study on return intentions based on a sample of 1,100 high-skilled Portuguese emigrant residents abroad, who answered an online survey carried out in 2017. The study presents contexts, protagonists, and the historical moment in which the intentions are revealed and the returns may occur. The analysis is centered on the return intentions according to age, residence country, period of immigration in the reception country, and other factors that, both in Portugal and in the destination country, contribute to explain the intentions of return by respondents. portuguesFicar ou voltar? Intencoes de regresso entre portugueses qualificados emigrados a partir do ano 2000. E escassa a investigacao sobre o regresso de emigrantes portugueses recentes. Neste artigo, apresentamos um estudo sobre intencoes ...
In Portugal, Eastern European immigrants only become numerically significant at the end of the 19... more In Portugal, Eastern European immigrants only become numerically significant at the end of the 1990s. Until that time, the Portuguese immigration landscape was mainly characterized by the presence of citizens from former Portuguese colonies in Africa and from Brazil. The study of this phenomenon is particularly interesting because it allows to analyse the constitution and development of a new immigration flow and of new immigrant communities in the country and, since the 2008 crisis, to investigate the strategies that immigrants use to face an economic situation that seems to hinder the fulfilment of their initial motivations for migration. Considering the importance of economic motives, it should be expected that, if the reason that justified migration can no longer be satisfied in Portugal, migrants would adopt strategies to attain their economic wellbeing elsewhere. By focusing on the possibilities that migrants consider when planning their future trajectories in a context marked...
This article intersects three concepts: migration, cooperation and development. The authors descr... more This article intersects three concepts: migration, cooperation and development. The authors describe contemporary Portuguese migration and the direct and indirect influence that cooperation has on these migrations. They attempt to show that the strategy of cooperation has not gone through migration (only indirectly and by means of a post-colonial era) forgetting the countries of origin of non-Lusophone immigration. On the other hand, Portuguese emigration is not taken into account in the cooperation strategy. Good examples arise, however, from cooperation between Portuguese institutions and countries of origin of migrants to Portugal. The authors realize that research is needed that allows assessing the impact of policies of cooperation in education (e.g. the brain drain) and health (to stay in the country for evacuated patients and their family members after the period of convalescence). On the interrelations between the Portuguese cooperation strategy and migrations, the authors c...
O desemprego em Portugal tem vindo a aumentar, de forma contínua desde o início do milénio, e com... more O desemprego em Portugal tem vindo a aumentar, de forma contínua desde o início do milénio, e com especial intensidade, desde a crise económica e financeira de 2008. A par do desemprego, o trabalho precário é, hoje em dia, uma realidade para muitos trabalhadores (pobres) no nosso país. A ausência de um emprego digno e que garanta o acesso aos mecanismos de proteção social existentes numa situação de risco (e.g. de doença, desemprego, maternidade) pode ser considerado o “espectro” que ensombra as sociedades de capitalismo avançado como é a nossa. Depois de ter sido apontado como um caso de sucesso em três áreas que se entrecruzam e assumem um papel central nas sociedade atuais, o emprego (Portugal chegou a ser apontado como um dos países que mais se aproximava das metas da Estratégia de Lisboa em 2000), o modelo de Estado-Providência (na mesma altura peritos internacionais e académicos reconheciam sinais de recuperação do atraso em matéria de proteção social) e a(s) política(s) de integração de imigrantes, Portugal está hoje numa situação mais frágil. Em 2014, 726 000 indivíduos estavam incluídos na categoria estatística “desempregados”. De entre estes, muitos são aqueles que, por não se encontrarem numa situação de emprego estável ou regular, não têm acesso aos mecanismos de proteção social assegurados pelo Estado português (e.g. subsídios de desemprego). De entre os grupos que se encontram numa situação de maior vulnerabilidade, encontramos os imigrantes. O desemprego dos imigrantes é um tema social e sociológico recente na sociedade portuguesa já que, reconhecido durante muito tempo como um “país de emigrantes”, Portugal registou um aumento considerável da população estrangeira sobretudo a partir dos anos 90 do século passado. Esta veio, em grande parte, ocupar empregos em setores económicos (e.g. hotelaria e restauração, serviços pessoais e domésticos, construção e obras públicas) onde existia carência de mão de obra. Alguns destes setores foram especialmente afetados pela crise económica, o  que aumentou a vulnerabilidade dos imigrantes perante o emprego. Também o facto de estes, como acontece em muitos outros países, estarem inseridos, simultaneamente, no mercado formal e informal de trabalho, coloca-os numa condição mais desprotegida em termos de acesso aos mecanismos de proteção social quando estão desempregados. A situação de vulnerabilidade laboral deste grupo social nunca foi, no entanto, devidamente enquadrada e prevenida nos dispositivos legais, nem nas estratégias políticas existentes, desde logo porque, sobretudo até à grande recessão, a dimensão do desemprego era reduzida, e praticamente inexistente junto dos imigrantes. Apesar de a sua integração na sociedade portuguesa ser orientada maioritariamente por via da inserção no mercado de trabalho, o peso do trabalho informal e a precariedade laboral de muitos imigrantes não foi devidamente verificada nem acautelada. O Estado português preferiu, durante muito tempo, uma política de laissez-faire a enfrentar os lobbies que necessitavam da mão-de-obra imigrante para manter os custos de produção muito baixos. Para além disso, as leis laborais foram construídas tendo como referência os trabalhadores portugueses e não os imigrantes ou as suas especificidades. Perante o relativo desconhecimento, político e académico, acerca da situação de desemprego dos imigrantes em Portugal este trabalho constitui-se como um estudo exploratório e prospetivo. Com o objetivo de caracterizar quem são os imigrantes desempregados, quais as suas dificuldades específicas na (re)inserção no mercado de trabalho e no acesso ao sistema de proteção social, quais as estratégias que utilizam para enfrentar a situação de desemprego, foram escolhidos os três grupos com maior peso, i.e. os imigrantes provenientes do Brasil, Cabo Verde e da Ucrânia. Este estudo pretende ainda retomar o tema da imigração em Portugal e alertar para que não se cometa com a investigação sobre imigração o que aconteceu com a investigação sobre a emigração portuguesa: fingir que desapareceu. O primeiro capítulo traça a evolução recente dos principais fluxos imigratórios para Portugal desde o início do novo milénio, compilando os resultados de uma análise estatística exaustiva acerca das características sociais e económicas, em especial, dos imigrantes provenientes da Ucrânia, do Brasil e de Cabo Verde. Esta análise, é completada no capítulo subsequente pelo estudo das especificidades da inserção destes imigrantes no mercado de trabalho (e.g. qual o nível de habilitações que possuem, quais os setores de atividade que escolhem, qual o tipo de relação contratual em que estão envolvidos). Os capítulos 3 e 4 são dedicados à caracterização mais específica da situação de desemprego dos imigrantes. Os dados apresentados baseiam-se numa análise das principais bases de dados e organismos estatísticos que disponibilizam dados sobre emprego e segurança social em Portugal (e.g. IEFP, INE, Segurança Social, Pordata) e dos mecanismos de proteção social existentes em situações de desemprego (e.g. subsídios de desemprego, rendimento social de inserção, medidas de formação profissional e criação de emprego).  O capítulo 5 compila os resultados do trabalho empírico realizado junto da população imigrante, através do recurso a entrevistas focalizadas de grupo (focus group) e de um inquérito disponibilizado on line. Com base na informação recolhida, é proposta uma tipologia que delimita situações de desemprego distintas e diferentes estratégias relativamente ao modo como o desemprego é encarado e (pretende ser) ultrapassado pelos grupos de imigrantes em estudo. O conhecimento mais profundo desta realidade, enquadrado numa visão mais alargada em termos teóricos e também empíricos sobre as migrações de e para a Europa e dos efeitos da crise sobre o (des)emprego, leva-nos no último capítulo da obra a apresentar uma sistematização de ideias e a propor um conjunto de recomendações que poderão, no futuro próximo, ser convertidas em boas práticas e cuja implementação carece do envolvimento integrado de vários intervenientes (e.g. entidades governamentais, mas também membros da sociedade civil e representantes do setor privado). Para além da desconstrução de certas pré-noções tão cara à análise sociológica (como seria, desde logo, a ideia da não existência de desemprego entre os imigrantes ou, como demonstraram os autores de outro estudo recente, os imigrantes não têm acesso à proteção social garantida pelo Estado), este estudo revela a existência de diferentes situações e obstáculos na forma como o desemprego é vivenciado entre os imigrantes em Portugal. Neste sentido, há um conjunto sucinto de orientações que, na perspectiva dos autores, deverá ser testado: 1) a superação/resolução dos problemas deve ser ancorada numa percepção “mais fina” das diferentes realidades; 2) é crucial pôr em prática formas de atuação concertadas - enquanto problema social complexo, as carências e dificuldades associadas a uma situação de desemprego apenas podem ser superadas graças ao envolvimento de múltiplos setores e atores (e.g. o emprego, a educação, a habitação); 3) a pequena escala e a visão dos problemas num “espaço social” mais alargado e multi-facetado (influenciado, desde logo, pela pertença de Portugal ao espaço da UE, da lusofonia, etc.) devem conjugar-se na procura de soluções para problemas globais, que assumem especificidades locais/regionais e cujas respostas necessitam de englobar (também) uma dimensão internacional.
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Depois de ter sido apontado como um caso de sucesso em três áreas que se entrecruzam e assumem um papel central nas sociedade atuais, o emprego (Portugal chegou a ser apontado como um dos países que mais se aproximava das metas da Estratégia de Lisboa em 2000), o modelo de Estado-Providência (na mesma altura peritos internacionais e académicos reconheciam sinais de recuperação do atraso em matéria de proteção social) e a(s) política(s) de integração de imigrantes, Portugal está hoje numa situação mais frágil. Em 2014, 726 000 indivíduos estavam incluídos na categoria estatística “desempregados”. De entre estes, muitos são aqueles que, por não se encontrarem numa situação de emprego estável ou regular, não têm acesso aos mecanismos de proteção social assegurados pelo Estado português (e.g. subsídios de desemprego). De entre os grupos que se encontram numa situação de maior vulnerabilidade, encontramos os imigrantes.
O desemprego dos imigrantes é um tema social e sociológico recente na sociedade portuguesa já que, reconhecido durante muito tempo como um “país de emigrantes”, Portugal registou um aumento considerável da população estrangeira sobretudo a partir dos anos 90 do século passado. Esta veio, em grande parte, ocupar empregos em setores económicos (e.g. hotelaria e restauração, serviços pessoais e domésticos, construção e obras públicas) onde existia carência de mão de obra. Alguns destes setores foram especialmente afetados pela crise económica, o

que aumentou a vulnerabilidade dos imigrantes perante o emprego. Também o facto de estes, como acontece em muitos outros países, estarem inseridos, simultaneamente, no mercado formal e informal de trabalho, coloca-os numa condição mais desprotegida em termos de acesso aos mecanismos de proteção social quando estão desempregados.
A situação de vulnerabilidade laboral deste grupo social nunca foi, no entanto, devidamente enquadrada e prevenida nos dispositivos legais, nem nas estratégias políticas existentes, desde logo porque, sobretudo até à grande recessão, a dimensão do desemprego era reduzida, e praticamente inexistente junto dos imigrantes. Apesar de a sua integração na sociedade portuguesa ser orientada maioritariamente por via da inserção no mercado de trabalho, o peso do trabalho informal e a precariedade laboral de muitos imigrantes não foi devidamente verificada nem acautelada. O Estado português preferiu, durante muito tempo, uma política de laissez-faire a enfrentar os lobbies que necessitavam da mão-de-obra imigrante para manter os custos de produção muito baixos. Para além disso, as leis laborais foram construídas tendo como referência os trabalhadores portugueses e não os imigrantes ou as suas especificidades.
Perante o relativo desconhecimento, político e académico, acerca da situação de desemprego dos imigrantes em Portugal este trabalho constitui-se como um estudo exploratório e prospetivo. Com o objetivo de caracterizar quem são os imigrantes desempregados, quais as suas dificuldades específicas na (re)inserção no mercado de trabalho e no acesso ao sistema de proteção social, quais as estratégias que utilizam para enfrentar a situação de desemprego, foram escolhidos os três grupos com maior peso, i.e. os imigrantes provenientes do Brasil, Cabo Verde e da Ucrânia. Este estudo pretende ainda retomar o tema da imigração em Portugal e alertar para que não se cometa com a investigação sobre imigração o que aconteceu com a investigação sobre a emigração portuguesa: fingir que desapareceu.
O primeiro capítulo traça a evolução recente dos principais fluxos imigratórios para Portugal desde o início do novo milénio, compilando os resultados de uma análise estatística exaustiva acerca das características sociais e económicas, em especial, dos imigrantes provenientes da Ucrânia, do Brasil e de Cabo Verde. Esta análise, é completada no capítulo subsequente pelo estudo das especificidades da inserção destes imigrantes no mercado de trabalho (e.g. qual o nível de habilitações que possuem, quais os setores de atividade que escolhem, qual o tipo de relação contratual em que estão envolvidos).
Os capítulos 3 e 4 são dedicados à caracterização mais específica da situação de desemprego dos imigrantes. Os dados apresentados baseiam-se numa análise das principais bases de dados e organismos estatísticos que disponibilizam dados sobre emprego e segurança social em Portugal (e.g. IEFP, INE, Segurança Social, Pordata) e dos mecanismos de proteção social existentes em situações de desemprego (e.g. subsídios de desemprego, rendimento social de inserção, medidas de formação profissional e criação de emprego).

O capítulo 5 compila os resultados do trabalho empírico realizado junto da população imigrante, através do recurso a entrevistas focalizadas de grupo (focus group) e de um inquérito disponibilizado on line. Com base na informação recolhida, é proposta uma tipologia que delimita situações de desemprego distintas e diferentes estratégias relativamente ao modo como o desemprego é encarado e (pretende ser) ultrapassado pelos grupos de imigrantes em estudo.
O conhecimento mais profundo desta realidade, enquadrado numa visão mais alargada em termos teóricos e também empíricos sobre as migrações de e para a Europa e dos efeitos da crise sobre o (des)emprego, leva-nos no último capítulo da obra a apresentar uma sistematização de ideias e a propor um conjunto de recomendações que poderão, no futuro próximo, ser convertidas em boas práticas e cuja implementação carece do envolvimento integrado de vários intervenientes (e.g. entidades governamentais, mas também membros da sociedade civil e representantes do setor privado).
Para além da desconstrução de certas pré-noções tão cara à análise sociológica (como seria, desde logo, a ideia da não existência de desemprego entre os imigrantes ou, como demonstraram os autores de outro estudo recente, os imigrantes não têm acesso à proteção social garantida pelo Estado), este estudo revela a existência de diferentes situações e obstáculos na forma como o desemprego é vivenciado entre os imigrantes em Portugal.
Neste sentido, há um conjunto sucinto de orientações que, na perspectiva dos autores, deverá ser testado: 1) a superação/resolução dos problemas deve ser ancorada numa percepção “mais fina” das diferentes realidades; 2) é crucial pôr em prática formas de atuação concertadas - enquanto problema social complexo, as carências e dificuldades associadas a uma situação de desemprego apenas podem ser superadas graças ao envolvimento de múltiplos setores e atores (e.g. o emprego, a educação, a habitação); 3) a pequena escala e a visão dos problemas num “espaço social” mais alargado e multi-facetado (influenciado, desde logo, pela pertença de Portugal ao espaço da UE, da lusofonia, etc.) devem conjugar-se na procura de soluções para problemas globais, que assumem especificidades locais/regionais e cujas respostas necessitam de englobar (também) uma dimensão internacional.