O Museu da Amazônia (MUSA), em Manaus, é uma instituição que se propõe a contar a história ... more O Museu da Amazônia (MUSA), em Manaus, é uma instituição que se propõe a contar a história da Amazônia a partir da perspectiva de diferentes áreas do conhecimento, dentro da própria floresta. Desde sua fundação, além dos seres que abriga em suas dependências, o museu também acumulou um acervo de objetos variados, sendo que o interesse na pesquisa arqueológica permitiu o cadastramento do museu enquanto instituição de guarda e pesquisa para o endosso de pesquisas arqueológicas. Desenvolvendo então as ações necessárias para a preservação e divulgação desse acervo, a instituição avançou com um projeto para sua organização. Neste artigo, inserimos o MUSA no contexto histórico dos museus e apresentamos a história de formação das coleções arqueológicas, discutindo a importância social que os diferentes modos de aquisição e tratamento revelam sobre esses objetos. Apresentamos algumas de nossas escolhas práticas em torno do software para a criação do banco de dados e da catalogação, que permitiram que as informações relevantes possam ser acessadas por todas as pessoas interessadas, cumprindo então o papel do museu na divulgação do patrimônio cultural.
Abstract: Several objects produced by the Wai Wai, a Cariban speaking people from the northern Am... more Abstract: Several objects produced by the Wai Wai, a Cariban speaking people from the northern Amazon, are currently kept in museums as part of ethnographic collections. Created by several persons at different periods and for different purposes, these collections can be studied as historical documents that testify to the Wai Wai relations with collectors and other peoples, as well as specific ways of making that are maintained or transformed over time. This article presents the diversity of plaitwork and ceramic objects in museums and their production techniques, so as to reflect on the interactions between these objects in museums and in Wai Wai lives and thought. Related to each other in different moments of their production sequence and use, both artefact categories make it possible to understand materiality in different social, cosmological, and ontological interaction spheres of the Wai Wai.
Nos últimos vinte anos, a formação acadêmico-científica arqueológica cresceu exponencialmente no ... more Nos últimos vinte anos, a formação acadêmico-científica arqueológica cresceu exponencialmente no Brasil, culminando com o reconhecimento da profissão em 2018. No entanto, pouco sabemos sobre os perfis das pessoas atuantes na área, assim como de estudantes em processo de formação, em nível de graduação e pós-graduação. Ao atualizar alguns dados de estudos anteriores, neste manuscrito apresentamos os resultados de um levantamento inicial sobre o perfil profissional na arqueologia brasileira, que inclui informações sobre a trajetória de formação, gênero, nacionalidade e temas de pesquisa. Esta iniciativa nos possibilita delinear os desafios da inclusão e da representatividade no exercício da profissão, cujas reflexões nos auxiliarão na concepção de medidas práticas para uma mudança desse quadro, no futuro.
Nos últimos vinte anos, a formação acadêmico-científica arqueológica cresceu exponencialmente no ... more Nos últimos vinte anos, a formação acadêmico-científica arqueológica cresceu exponencialmente no Brasil, culminando com o reconhecimento da profissão em 2018. No entanto, pouco sabemos sobre os perfis das pessoas atuantes na área, assim como de estudantes em processo de formação, em nível de graduação e pós-graduação. Ao atualizar alguns dados de estudos anteriores, neste manuscrito apresentamos os resultados de um levantamento inicial sobre o perfil profissional na arqueologia brasileira, que inclui informações sobre a trajetória de formação, gênero, nacionalidade e temas de pesquisa. Esta iniciativa nos possibilita delinear os desafios da inclusão e da representatividade no exercício da profissão, cujas reflexões nos auxiliarão na concepção de medidas práticas para uma mudança desse quadro, no futuro.
Resumo: Este artigo discute e reflete sobre a criação e consolidação da Semana Internacional de A... more Resumo: Este artigo discute e reflete sobre a criação e consolidação da Semana Internacional de Arqueologia Discentes (SIA), do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), que surgiu em 2007 e ocorre com frequência bianual. Organizada de forma aberta e colaborativa por discentes do Museu, a SIA se tornou um espaço de articulação, troca de conhecimentos e experiências, que desempenha papel fundamental na formação de futuros profissionais engajados com a ciência e a gestão do patrimônio arqueológico no cenário nacional da Arqueologia. Ao longo das várias edições, o evento se profissionalizou e ganhou marca internacional, com a criação de um protocolo dinâmico e democrático para que estudantes possam realizar trabalhos conjuntos e de maior inserção institucional. Organizada por discentes e voltada para pessoas interessadas em geral, a SIA potencializou seu espírito aberto e o diálogo crescente com diferentes grupos que demandam novas práticas e posturas do fazer arqueológico. Por meio de entrevistas, questionários, análises de documentação e de nossa experiência pessoal, trazemos um olhar sobre a história da SIA e seu papel na trajetória acadêmica de discentes e no Museu como um todo. Esperamos que essa reflexão possa contribuir com o estímulo para a continuidade e o surgimento de outros eventos semelhantes pelo país.
O uso de observações e relatos etnográficos na Arqueologia é um fato comum na história da di... more O uso de observações e relatos etnográficos na Arqueologia é um fato comum na história da disciplina. No entanto, a exploração de questões arqueológicas através de análises de coleções etnográficas tem sido feita de maneira incipiente no Brasil, apesar da importância desses conjuntos de objetos na construção de uma história indígena de longa duração por meio da materialidade. Este artigo discute as relações entre objetos etnográficos e arqueológicos, ressaltando o potencial que os primeiros possuem no desenvolvimento de problemas relacionados aos segundos. A partir das abordagens de estudos de tecnologia, são apresentadas análises de coleções etnográficas de cerâmicas e trançados de povos falantes de línguas Karib na Amazônia guianense. Por fim, as contribuições desse aporte teórico-metodológico são discutidas para essa área do conhecimento.
ARCHAEOLOGY AND ANTHROPOLOGY JOURNAL OF THE WALTER ROTH MUSEUM OF ANTHROPOLOGY, 2019
This report presents an overview of the chaîne operatoire of the ceramic production among the Ca... more This report presents an overview of the chaîne operatoire of the ceramic production among the Carib in Guyana. The information regarding this production sequence comes from the analyses of ceramic vessels in museum collections and anthropological studies. As part of an ongoing research over the styles of ceramic production among Cariban speaking peoples in the Amazon, this report highlights the importance of using ethnographic sources and museum collections to better understand archaeologi- cal oriented questions, such as the relationship between identities, language, and material culture.
Este trabalho apresenta os resultados do estudo inicial das características tecnológicas do mater... more Este trabalho apresenta os resultados do estudo inicial das características tecnológicas do material cerâmico arqueológico coletado na Terra Indígena (T. I.) Kaiabi, localizada na região do baixo rio Teles Pires (Mato Grosso/Pará). Esta área ainda é bastante desconhecida do ponto de vista arqueológico, inserindo-se em um contexto que se relaciona tanto com o Brasil Central como com a Amazônia Meridional, tendo sido palco de ocupações e deslocamentos de diferentes populações indígenas ao longo do tempo. Para compreender melhor o que siginificam os conjuntos cerâmicos neste contexto, analisamos o material cerâmico com base na noção de cadeia operatória de produção cerâmica (Lemonnier) e nas características de performance dos materiais e objetos (Schiffer e Skibo), entendendo que para cada operação dentro da sequência de produção existe uma escolha feita pela ceramista que é determinada a partir de princípios culturalmente definidos, revelando diferentes modos de se fazer cerâmica, os chamados estilos tecnológicos.
Esta pesquisa visa contruibuir para o debate arqueológico sobre as relações entre povos, línguas e cultura material, ao analisar o caso específico dos povos falantes de línguas Karib na Amazônia brasileira e guianense e suas produções cerâmicas. Existem conjuntos artefatuais cerâmicos arqueológicos que são comumente atribuídos aos povos da família linguística Karib (e.g. Tradição Inciso-Ponteado, Série Arauquinóide e Fase Koriabo), no entanto, pouco se sabe sobre a cerâmica produzida por esses povos, atualmente e em um passado recente, ou se suas características se conectam ao longo do tempo de modo que se possa falar em uma tradição tecnológica. Por meio do estudo museológico e bibliográfico da tecnologia de produção cerâmica de povos falantes de línguas Karib, principalmente a partir do século XIX, este trabalho propõe caminhos para pensar como as diferentes etapas das cadeias operatórias de produção e as características visuais das vasilhas cerâmicas podem configurar diferentes estilos tecnológicos de cada povo. Desse modo, a análise de vasilhas cerâmicas em coleções etnográficas em museus (no Brasil, Europa e Guianas) e o uso de dados sobre a produção desses materiais em relatos históricos, linguísticos, etnológicos e etnoarqueológicos são a base para este trabalho. Ao analisar os processos de produção cerâmica em diferentes camadas, é possível discutir como aspectos das trajetórias sócio-históricas desses povos podem ser lidos por meio dos distintos estilos tecnológicos aqui propostos. Ao final, é discutida a possibilidade de que esses estilos se relacionem, de modo que a se conectar em uma tradição tecnológica que possa ser associada a uma identidade etnolinguística Karib.
O Museu da Amazônia (MUSA), em Manaus, é uma instituição que se propõe a contar a história ... more O Museu da Amazônia (MUSA), em Manaus, é uma instituição que se propõe a contar a história da Amazônia a partir da perspectiva de diferentes áreas do conhecimento, dentro da própria floresta. Desde sua fundação, além dos seres que abriga em suas dependências, o museu também acumulou um acervo de objetos variados, sendo que o interesse na pesquisa arqueológica permitiu o cadastramento do museu enquanto instituição de guarda e pesquisa para o endosso de pesquisas arqueológicas. Desenvolvendo então as ações necessárias para a preservação e divulgação desse acervo, a instituição avançou com um projeto para sua organização. Neste artigo, inserimos o MUSA no contexto histórico dos museus e apresentamos a história de formação das coleções arqueológicas, discutindo a importância social que os diferentes modos de aquisição e tratamento revelam sobre esses objetos. Apresentamos algumas de nossas escolhas práticas em torno do software para a criação do banco de dados e da catalogação, que permitiram que as informações relevantes possam ser acessadas por todas as pessoas interessadas, cumprindo então o papel do museu na divulgação do patrimônio cultural.
Abstract: Several objects produced by the Wai Wai, a Cariban speaking people from the northern Am... more Abstract: Several objects produced by the Wai Wai, a Cariban speaking people from the northern Amazon, are currently kept in museums as part of ethnographic collections. Created by several persons at different periods and for different purposes, these collections can be studied as historical documents that testify to the Wai Wai relations with collectors and other peoples, as well as specific ways of making that are maintained or transformed over time. This article presents the diversity of plaitwork and ceramic objects in museums and their production techniques, so as to reflect on the interactions between these objects in museums and in Wai Wai lives and thought. Related to each other in different moments of their production sequence and use, both artefact categories make it possible to understand materiality in different social, cosmological, and ontological interaction spheres of the Wai Wai.
Nos últimos vinte anos, a formação acadêmico-científica arqueológica cresceu exponencialmente no ... more Nos últimos vinte anos, a formação acadêmico-científica arqueológica cresceu exponencialmente no Brasil, culminando com o reconhecimento da profissão em 2018. No entanto, pouco sabemos sobre os perfis das pessoas atuantes na área, assim como de estudantes em processo de formação, em nível de graduação e pós-graduação. Ao atualizar alguns dados de estudos anteriores, neste manuscrito apresentamos os resultados de um levantamento inicial sobre o perfil profissional na arqueologia brasileira, que inclui informações sobre a trajetória de formação, gênero, nacionalidade e temas de pesquisa. Esta iniciativa nos possibilita delinear os desafios da inclusão e da representatividade no exercício da profissão, cujas reflexões nos auxiliarão na concepção de medidas práticas para uma mudança desse quadro, no futuro.
Nos últimos vinte anos, a formação acadêmico-científica arqueológica cresceu exponencialmente no ... more Nos últimos vinte anos, a formação acadêmico-científica arqueológica cresceu exponencialmente no Brasil, culminando com o reconhecimento da profissão em 2018. No entanto, pouco sabemos sobre os perfis das pessoas atuantes na área, assim como de estudantes em processo de formação, em nível de graduação e pós-graduação. Ao atualizar alguns dados de estudos anteriores, neste manuscrito apresentamos os resultados de um levantamento inicial sobre o perfil profissional na arqueologia brasileira, que inclui informações sobre a trajetória de formação, gênero, nacionalidade e temas de pesquisa. Esta iniciativa nos possibilita delinear os desafios da inclusão e da representatividade no exercício da profissão, cujas reflexões nos auxiliarão na concepção de medidas práticas para uma mudança desse quadro, no futuro.
Resumo: Este artigo discute e reflete sobre a criação e consolidação da Semana Internacional de A... more Resumo: Este artigo discute e reflete sobre a criação e consolidação da Semana Internacional de Arqueologia Discentes (SIA), do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), que surgiu em 2007 e ocorre com frequência bianual. Organizada de forma aberta e colaborativa por discentes do Museu, a SIA se tornou um espaço de articulação, troca de conhecimentos e experiências, que desempenha papel fundamental na formação de futuros profissionais engajados com a ciência e a gestão do patrimônio arqueológico no cenário nacional da Arqueologia. Ao longo das várias edições, o evento se profissionalizou e ganhou marca internacional, com a criação de um protocolo dinâmico e democrático para que estudantes possam realizar trabalhos conjuntos e de maior inserção institucional. Organizada por discentes e voltada para pessoas interessadas em geral, a SIA potencializou seu espírito aberto e o diálogo crescente com diferentes grupos que demandam novas práticas e posturas do fazer arqueológico. Por meio de entrevistas, questionários, análises de documentação e de nossa experiência pessoal, trazemos um olhar sobre a história da SIA e seu papel na trajetória acadêmica de discentes e no Museu como um todo. Esperamos que essa reflexão possa contribuir com o estímulo para a continuidade e o surgimento de outros eventos semelhantes pelo país.
O uso de observações e relatos etnográficos na Arqueologia é um fato comum na história da di... more O uso de observações e relatos etnográficos na Arqueologia é um fato comum na história da disciplina. No entanto, a exploração de questões arqueológicas através de análises de coleções etnográficas tem sido feita de maneira incipiente no Brasil, apesar da importância desses conjuntos de objetos na construção de uma história indígena de longa duração por meio da materialidade. Este artigo discute as relações entre objetos etnográficos e arqueológicos, ressaltando o potencial que os primeiros possuem no desenvolvimento de problemas relacionados aos segundos. A partir das abordagens de estudos de tecnologia, são apresentadas análises de coleções etnográficas de cerâmicas e trançados de povos falantes de línguas Karib na Amazônia guianense. Por fim, as contribuições desse aporte teórico-metodológico são discutidas para essa área do conhecimento.
ARCHAEOLOGY AND ANTHROPOLOGY JOURNAL OF THE WALTER ROTH MUSEUM OF ANTHROPOLOGY, 2019
This report presents an overview of the chaîne operatoire of the ceramic production among the Ca... more This report presents an overview of the chaîne operatoire of the ceramic production among the Carib in Guyana. The information regarding this production sequence comes from the analyses of ceramic vessels in museum collections and anthropological studies. As part of an ongoing research over the styles of ceramic production among Cariban speaking peoples in the Amazon, this report highlights the importance of using ethnographic sources and museum collections to better understand archaeologi- cal oriented questions, such as the relationship between identities, language, and material culture.
Este trabalho apresenta os resultados do estudo inicial das características tecnológicas do mater... more Este trabalho apresenta os resultados do estudo inicial das características tecnológicas do material cerâmico arqueológico coletado na Terra Indígena (T. I.) Kaiabi, localizada na região do baixo rio Teles Pires (Mato Grosso/Pará). Esta área ainda é bastante desconhecida do ponto de vista arqueológico, inserindo-se em um contexto que se relaciona tanto com o Brasil Central como com a Amazônia Meridional, tendo sido palco de ocupações e deslocamentos de diferentes populações indígenas ao longo do tempo. Para compreender melhor o que siginificam os conjuntos cerâmicos neste contexto, analisamos o material cerâmico com base na noção de cadeia operatória de produção cerâmica (Lemonnier) e nas características de performance dos materiais e objetos (Schiffer e Skibo), entendendo que para cada operação dentro da sequência de produção existe uma escolha feita pela ceramista que é determinada a partir de princípios culturalmente definidos, revelando diferentes modos de se fazer cerâmica, os chamados estilos tecnológicos.
Esta pesquisa visa contruibuir para o debate arqueológico sobre as relações entre povos, línguas e cultura material, ao analisar o caso específico dos povos falantes de línguas Karib na Amazônia brasileira e guianense e suas produções cerâmicas. Existem conjuntos artefatuais cerâmicos arqueológicos que são comumente atribuídos aos povos da família linguística Karib (e.g. Tradição Inciso-Ponteado, Série Arauquinóide e Fase Koriabo), no entanto, pouco se sabe sobre a cerâmica produzida por esses povos, atualmente e em um passado recente, ou se suas características se conectam ao longo do tempo de modo que se possa falar em uma tradição tecnológica. Por meio do estudo museológico e bibliográfico da tecnologia de produção cerâmica de povos falantes de línguas Karib, principalmente a partir do século XIX, este trabalho propõe caminhos para pensar como as diferentes etapas das cadeias operatórias de produção e as características visuais das vasilhas cerâmicas podem configurar diferentes estilos tecnológicos de cada povo. Desse modo, a análise de vasilhas cerâmicas em coleções etnográficas em museus (no Brasil, Europa e Guianas) e o uso de dados sobre a produção desses materiais em relatos históricos, linguísticos, etnológicos e etnoarqueológicos são a base para este trabalho. Ao analisar os processos de produção cerâmica em diferentes camadas, é possível discutir como aspectos das trajetórias sócio-históricas desses povos podem ser lidos por meio dos distintos estilos tecnológicos aqui propostos. Ao final, é discutida a possibilidade de que esses estilos se relacionem, de modo que a se conectar em uma tradição tecnológica que possa ser associada a uma identidade etnolinguística Karib.
Uploads
Esta pesquisa visa contruibuir para o debate arqueológico sobre as relações entre povos, línguas e cultura material, ao analisar o caso específico dos povos falantes de línguas Karib na Amazônia brasileira e guianense e suas produções cerâmicas. Existem conjuntos artefatuais cerâmicos arqueológicos que são comumente atribuídos aos povos da família linguística Karib (e.g. Tradição Inciso-Ponteado, Série Arauquinóide e Fase Koriabo), no entanto, pouco se sabe sobre a cerâmica produzida por esses povos, atualmente e em um passado recente, ou se suas características se conectam ao longo do tempo de modo que se possa falar em uma tradição tecnológica. Por meio do estudo museológico e bibliográfico da tecnologia de produção cerâmica de povos falantes de línguas Karib, principalmente a partir do século XIX, este trabalho propõe caminhos para pensar como as diferentes etapas das cadeias operatórias de produção e as características visuais das vasilhas cerâmicas podem configurar diferentes estilos tecnológicos de cada povo. Desse modo, a análise de vasilhas cerâmicas em coleções etnográficas em museus (no Brasil, Europa e Guianas) e o uso de dados sobre a produção desses materiais em relatos históricos, linguísticos, etnológicos e etnoarqueológicos são a base para este trabalho. Ao analisar os processos de produção cerâmica em diferentes camadas, é possível discutir como aspectos das trajetórias sócio-históricas desses povos podem ser lidos por meio dos distintos estilos tecnológicos aqui propostos. Ao final, é discutida a possibilidade de que esses estilos se relacionem, de modo que a se conectar em uma tradição tecnológica que possa ser associada a uma identidade etnolinguística Karib.
Esta pesquisa visa contruibuir para o debate arqueológico sobre as relações entre povos, línguas e cultura material, ao analisar o caso específico dos povos falantes de línguas Karib na Amazônia brasileira e guianense e suas produções cerâmicas. Existem conjuntos artefatuais cerâmicos arqueológicos que são comumente atribuídos aos povos da família linguística Karib (e.g. Tradição Inciso-Ponteado, Série Arauquinóide e Fase Koriabo), no entanto, pouco se sabe sobre a cerâmica produzida por esses povos, atualmente e em um passado recente, ou se suas características se conectam ao longo do tempo de modo que se possa falar em uma tradição tecnológica. Por meio do estudo museológico e bibliográfico da tecnologia de produção cerâmica de povos falantes de línguas Karib, principalmente a partir do século XIX, este trabalho propõe caminhos para pensar como as diferentes etapas das cadeias operatórias de produção e as características visuais das vasilhas cerâmicas podem configurar diferentes estilos tecnológicos de cada povo. Desse modo, a análise de vasilhas cerâmicas em coleções etnográficas em museus (no Brasil, Europa e Guianas) e o uso de dados sobre a produção desses materiais em relatos históricos, linguísticos, etnológicos e etnoarqueológicos são a base para este trabalho. Ao analisar os processos de produção cerâmica em diferentes camadas, é possível discutir como aspectos das trajetórias sócio-históricas desses povos podem ser lidos por meio dos distintos estilos tecnológicos aqui propostos. Ao final, é discutida a possibilidade de que esses estilos se relacionem, de modo que a se conectar em uma tradição tecnológica que possa ser associada a uma identidade etnolinguística Karib.