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Revista de Vinhos

PONTE DE LIMA

A vila mais antiga de Portugal, terra mágica de encantamentos, tem no rio que lhe dá o nome a sua veia pulsante. Mas Ponte de Lima tem muito mais – tem história, património, um receituário invejável, para além dos vinhos frescos, vibrantes e alegres.

É na ponte romana sobre o rio, com os seus quinze arcos grandes e doze pequenos, que bate verdadeiramente o coração de Ponte de Lima, que lhe dá o nome e atesta a presença antiquíssima de povos nesta localidade. Deste rio, o Lethes, um dos cinco rios do Hades, dizia-se provocar o esquecimento a quem o atravessasse. O episódio foi assim imortalizado: “Corria o ano de 137 a.C. quando legiões romanas, comandadas por Decimus Junius Brutus, se deslocavam da Lusitânia para a Galiza, para aí procederem à sua conquista. Ao chegarem às margens do Lima, deslumbrados com a beleza e a calma das suas águas, os soldados temeram ter chegado às margens do Rio Lethes ou Rio do Esquecimento[…] Desobedeceram por isso às ordens do seu comandante, quando este lhes ordenou que atravessassem para a outra margem. Nenhum soldado quis correr o risco de esquecer a sua vida passada, a sua família ou a sua terra natal. Assim, Decimus Junius Brutus viu-se obrigado a fazer a travessia sozinho. Uma vez chegado à margem norte, chamou os seus homens um a um, pelos seus nomes, provando desta forma que o contacto com as águas do Lima não conduzia ao esquecimento do passado.” (Conde de Bertiandos, 1898).

Ponte de Lima é terra de lendas e história, não fosse a vila mais antiga de Portugal. O primeiro foral foi-lhe concedida em 1125 por D. Teresa, a mãe de D. Afonso Henriques, antes ainda da fundação do reino. Ao longo dos quase 900 anos de história, Ponte de Lima foi construindo um rico património arquitetónico, histórico e cultural, de que podemos destacar o pelourinho, considerado monumento nacional; a Capela do Anjo da Guarda, de estrutura gótica; a Praça de Camões e chafariz do séc. XVII; o Paço dos Marqueses de Ponte de Lima, do século XV; ou a igreja matriz, dos séculos XIV a XVI, entre outros. Ao redor da vila, a rede de solares de enorme valia patrimonial é também de realçar.

E conhece a história dos Carecas de Ponte de Lima, notórios bandidos e assaltantes, que… nunca existiram, senão na pena de António Feijó? Em 1880, este autor preencheu as páginas do Commércio do Lima com a história de uma misteriosa quadrilha de carecas

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