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O jogo perfeito
O jogo perfeito
O jogo perfeito
E-book301 páginas4 horas

O jogo perfeito

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Sobre este e-book

Ele é o tipo de jogo que ela nunca pensou em jogar.
Ela é a virada no jogo que ele nunca soube que precisava.

O jogo perfeito conta a história de dois jovens universitários, Cassie Andrews & Jack Carter. Quando Cassie percebe o olhar sedutor e insistente de Jack, o astro do beisebol em ascensão, ela sente o perigo e decide manter distância dele e de sua atitude arrogante.
Mas Jack tem outras coisas em mente ... Acostumado a ser disputado pelas mulheres, faz tudo para conseguir ao menos um encontro com Cass.
Porém, todas as suas investidas são tratadas com frieza. Ambos passaram por muitos desgostos, viviam prevenidos, cheios de desconfianças, antes de encontrar um ao outro, (e a si mesmos) nesta jornada afetiva que envolve amor e perdão.
E criam uma conexão tão intensa que não vai apenas partir o seu coração, mas restaurá-lo, devolvendo inteiro novamente.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de jun. de 2014
ISBN9788562409172
O jogo perfeito

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    O jogo perfeito - J. Sterling

    cover.jpg

    J. STERLING

    O JOGO

    PERFEITO

    Tradução de CARLOS SZLAK

    logo_capa_faro.jpg

    Este livro é dedicado a todo garoto que já gostou de um esporte...

    E para toda garota que já amou esse garoto.

    Capítulo 1

    vinheta.gif

    — CASSIE, VOCÊ ESTÁ PRONTA? — Melissa, a amiga com quem eu dividia o apartamento, perguntou do corredor.

    — Quase, Melis. Só mais um minuto — respondi.

    Pela última vez, ajeitei meus cabelos lisos e loiros, tentando, em vão, avolumá-los. Realmente, a regata roxa combinava com o verde dos meus olhos. Uma última camada de rímel nos cílios e pronto!

    — Perfeito — disse, admirando o modo como o jeans de cintura baixa acentuava as curvas do meu bumbum.

    — Se você está tão perfeita, então vamos! — Melissa estava agora parada na porta do meu quarto.

    — Meu Deus, garota. Não vamos a uma festa de formatura. — Comecei a caminhar na direção de minha amiga nervosinha, que já se afastava. Parei à porta, decidida a não me apressar. — É só uma festa do centro acadêmico. Não tem hora marcada, sabe?

    — Não vai sobrar nenhum cara descolado pra nós. — Melissa fez beicinho.

    Não consegui deixar de rir.

    — É uma festa do grêmio, Melis. Não tem caras descolados.

    — Eu odeio você! — Melissa fechou a cara, jogando para trás os ondulados cabelos castanhos.

    — Vamos. — Sorrindo, eu a abracei.

    Conhecia Melissa desde a escola secundária. Ela se mudou para cá logo depois de nossa formatura no Ensino Médio, mas eu fui obrigada a cursar a faculdade comunitária.

    — Você tem de fazer algumas matérias nos dois primeiros anos. É mais barato — minha mãe insistira.

    Assim, fiquei perto de casa, enquanto os pais de Melissa pagavam com muita alegria todas as suas despesas na Fullton State.

    Após os dois anos do curso básico, candidatei-me a três universidades do sul da Califórnia, e fui aceita em todas elas. De imediato, soube para qual preferia me transferir. Não só minha melhor amiga estava na Fullton, mas ela também oferecia os melhores cursos de fotojornalismo do estado, com uma revista e um jornal estudantis premiados. E como minha especialização era fotografia, a escolha foi fácil.

    Os pais de Melissa disseram que devíamos dividir um apartamento e que eles faziam questão de arcar com todas as despesas. Afinal, embora meus pais não fossem tão pobres, não tinham a mesma condição financeira dos pais dela. Eles alegaram que a faculdade já era cara sem todas as despesas extras, e, então, pagaram o aluguel do apartamento antecipadamente, incluindo os meses das férias de verão. Lembro-me de que meu pai prometeu ressarci-los durante uma das diversas discussões anteriores à mudança, Melissa e eu nos entreolhamos, sabendo que o reembolso jamais se tornaria realidade.

    Os pais de Melissa sempre foram muito generosos comigo. Mas, nessa ocasião, de novo se inteiraram das muitas vezes em que meu pai me prometera algo e não cumprira. Em mais de uma oportunidade, a mãe de Melissa foi o ombro em que chorei e os ouvidos para os quais desabafei minhas decepções e frustrações. Eu tinha a intenção de começar a reembolsá-los assim que me formasse e abrisse meu negócio de fotografia.

    Durante nossa caminhada de cinco quarteirões até a sede do centro acadêmico, sentia o calor da noite sobre minha pele.

    — Essa regata de alcinha ficou linda em você — Melissa elogiou com um sorriso delicado.

    — Ficou, não é? — Sorri também, olhando para baixo, para a regata justa que realçava minha cintura fina. — E você parece tão incrível como sempre. — Pisquei para Melissa e dei um tapinha no traseiro dela, protegido por uma minissaia preta.

    Melissa era bonita de verdade. Os cabelos castanho-escuros contrastavam com o azul dos olhos, chamando muita atenção. Apesar da estatura baixa, parecia uma modelo de capa de revista, com traços faciais impecáveis e um corpo de tirar o fôlego. Éramos justamente o oposto, por causa de meu um metro e setenta e dois de altura e da desproporcionalidade do meu corpo. Traseiro, cintura e seios... Uma total incompatibilidade de tamanhos.

    Mas o conjunto funcionava em mim. E eu tirava proveito.

    O som do hip-hop tomou conta do ambiente.

    — Ah, eu adoro essa música. Vamos dançar! — Agarrei a mão de Melissa e arrastei minha amiga para mais perto do som.

    — Você sempre quer dançar — disse Melissa, denotando aborrecimento.

    — Eu danço bem. E esse meu traseiro... você sabe do que ele é capaz. — Comecei a remexer meus quadris no caminho de acesso para a sede do centro acadêmico, que estava lotado de gente.

    — Ah, não. Pare, por favor.

    Ri e, então, reduzi o ritmo do rebolado quando percebi a quantidade de olhares provocativos na minha direção. Odiava ser observada daquele jeito. Eu sei, eu sei. Sou uma maldita hipócrita.

    Examinei a multidão e me detive, de repente, num par de olhos deliciosos, cor de chocolate. O fato de que os olhos pertenciam a um dos rostos mais belos que já vi era meramente um bônus. O rapaz passou os dedos pelos cabelos negros até que eles alcançassem o rosto bronzeado. Sorriu de forma preguiçosa para mim, e eu senti um arrepio percorrer meu corpo.

    — Você não está olhando para ele, está? — Melissa parou na minha frente, quebrando o contato visual.

    — Ei, sai daí! — pedi, mas em vão.

    — Você não sabe quem ele é, Cassie?

    — Não faço a menor ideia. Do contrário, estaríamos namorando.

    — Jack Carter não namora. Ele transa com as garotas e com todas as amigas delas.

    — Então, esse é o famoso Jack Carter? — perguntei, fascinada. O nome dele era comentado em toda a faculdade.

    — O próprio — Melissa respondeu.

    — Ele é tão bom quando dizem?

    Todos falavam que Jack seria contratado por algum time das ligas de beisebol profissional.

    — Sem dúvida o ego dele acha isso — afirmou Melissa.

    — Típico.

    Se há algo que conheço são atletas. Todos são iguais. Supersticiosos, convencidos, inseguros, egocêntricos. Sim, reconheço que as palavras são contraditórias. Em sua maioria, são garotos um tanto normais, mas simplesmente se escondem atrás de um muro de tijolos, construído inteiramente sobre o ego. Além disso, não conseguem se comportar de outra maneira. Foram jogadores de beisebol durante toda a vida; não sabem ser outra coisa.

    — Jack Carter é um pegador, Cass. Você precisa ficar longe dele. Do contrário, acabará se dando mal.

    — Não se eu ferrá-lo primeiro — disse.

    — Você não vai conseguir. Nenhuma garota é capaz de ferrar Jack Carter. Fique longe dele. Prometa. — Melissa me fuzilou com o olhar, para demonstrar que falava sério.

    — Prometo que ficarei longe dele — obedeci, com um tom de voz pouco sincero.

    — Depois não diga que não avisei — Melissa advertiu, começando a se mover entre a multidão.

    Vi quando Jack estendeu o braço na direção dela, tentando detê-la. Mas Melissa seguiu em frente, pisando firme, do jeito que sempre fazia quando estava irritada. Jack abriu um sorriso largo quando Melissa alcançou a porta da sede do centro acadêmico e entrou.

    Então, Jack começou a vir na minha direção. A bermuda cargo preta e a camiseta cinza justa combinavam bem com seu porte físico de um metro e oitenta de altura. Os músculos dos braços marcavam o tecido, acentuando os ombros bem definidos. Ele inclinou a cabeça para baixo e estreitou os olhos como se eu fosse alguém muito pequena e indefesa, que não tinha a menor ideia de que estava prestes a ser devorada viva pelo animal mais belo e perigoso da selva.

    Quase me senti violentada. Suja. Com a necessidade de tomar um banho para limpar meu corpo daquele olhar.

    Só quando Jack chegou bem perto consegui ler o que estava escrito em sua camiseta No Glove, No Love*, com a imagem de uma luva de beisebol no meio.

    Que cara marrento.

    — Então, você é a amiga de Melissa? — Jack indagou, com a voz grave e sexy.

    — Você é um gênio — disse, buscando minha entonação mais desinteressada.

    — Ei, calma! Só quero conhecê-la. — Ele me encarou. — Você tem belos olhos.

    — Bela camiseta. — Olhei-o rapidamente de cima a baixo, tentando encobrir o fato de que queria rir. Era uma frase inteligente, mas entraria numa fria se admitisse isso para um sujeito como ele.

    Jack olhou para baixo e deu um sorriso forçado.

    — Ah, você gostou? Acho que estou transmitindo uma mensagem responsável, não?

    Fiquei calada, questionando se algo dito por ele era verdadeiro ou não.

    — O que houve? Ficou muda? Você não acredita em sexo seguro?

    — O que você quer? — Fui mais dura do que pretendia.

    — Já lhe disse: só quero conhecer você. Sou Jack Carter. — Ele estendeu a mão e eu não correspondi, mantendo meus braços firmemente cruzados.

    — Sei quem você é. — Fingi desinteresse.

    Ele era belo e encantador. E um machista da pior espécie. Meu Deus, o que há de errado comigo?

    — Bem, o que você sabe a meu respeito, gatinha?

    — Não me chame de gatinha. Pareço uma stripper para você? — falei, sentindo certo asco.

    Ele me observou de cima a baixo e, depois, repetiu o gesto.

    — Bem, agora que você disse isso...

    — Você é um imbecil. — Fiz menção de me afastar dele, mas Jack me agarrou.

    Soltei-me com força.

    — Cada vez que você encostar a mão em mim, vai lhe custar cinquenta centavos. Não faça isso de novo.

    — Ah, então você não é uma stripper. Você é uma prostituta.

    — Além de imbecil, você é um bosta. — E fui me afastando dali.

    — Gostei de você — Jack disse.

    — Então, você também é um otário. — Virei na direção dele e lhe lancei um olhar furioso. — Acrescentarei isso na lista de suas diversas qualidades.

    Escutei-o dar uma risada antes de eu entrar no prédio em busca de Melissa. Finalmente, encontrei-a no quintal, bebendo algo num copo de plástico vermelho e conversando com algumas pessoas que eu não conhecia. Apareci ao lado dela de modo sutil mas repentino.

    — Meu Deus, Cass, o que ele disse para você? — Melissa quis saber, levando-me a um canto vazio, no quintal.

    Peguei uma bebida numa mesa próxima e olhei em volta, expressando impaciência.

    — Nada. O sujeito é um babaca.

    — Eu lhe disse. — Melissa sorriu e deu de ombros. — Bem, Jack já se esqueceu de você. Veja.

    Melissa apontou para uma janela aberta onde se podia ver que Jack beijava uma loira escassamente vestida. Uma das mãos dele pegava o traseiro dela, enquanto a outra puxava a cabeça da garota para si. Fiz uma expressão de desgosto diante dessa exibição obscena.

    — E daí? Ele nunca mais voltará a conversar com ela? — perguntei, procurando entendê-lo.

    — Não, ele vai conversar. — Melissa se voltou para mim. — Quer dizer, a menos que ela fique de saco cheio dele... Mas Jack não vai querer ficar com ela de novo. Jack jamais fica com a mesma garota duas vezes.

    — E as garotas... sabem disso? — Estava chocada. Sem brincadeira, aquelas garotas não tinham autoestima?

    — Elas sabem.

    — Patético. — Fechei a cara e olhei na direção de Jack, no exato instante em que ele levava a garota sorridente pela mão.

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    Foi assim que conheci Jack Carter. O maldito Jack Carter.

    A próxima grande estrela do beisebol. Consta que ele era capaz de arremessar a bola a cento e cinquenta quilômetros por hora. É uma velocidade e tanto. Ainda mais para um canhoto. E isso não se aprende. Você tem o dom ou não.

    Pelo visto, Jack tinha esse dom. Tanto no campo de beisebol quanto em outros.

    vinheta.gif

    Dois dias depois, fui até o centro acadêmico, dando uma olhada rápida e panorâmica entre as pistas de boliche e o bar, em busca de Melissa. Todos do campus pareciam se reunir ali, pois era onde ficava a única pizzaria. Quando se tratava de faculdade e alunos de faculdade, pizza parecia ser a opção preferida de todos.

    Melissa me viu e acenou com as mãos de modo frenético. Ela parecia uma louca, e isso me fez gargalhar. Acenei de volta e, em seguida, peguei uma bandeja, paguei meu almoço e comecei a me dirigir até a mesa onde Melissa estava sentada.

    — Gatinha.

    A voz grave e provocante deteve meus passos. Meu sorriso sumiu. Virei-me na direção da origem do comentário com repulsa e, fuzilando Jack com o olhar, disse:

    — Não gosto de gatos.

    Jack colocou o boné de beisebol sobre a cabeça e enfiou os cabelos negros debaixo dele. Fiquei quase hipnotizada quando ele deslizou os dedos distraidamente pelo bordado branco das iniciais de nossa faculdade. Peguei-me observando a maneira pela qual a camiseta azul se ajustava aos músculos de seus braços e ombros. Odiava o fato de ele ser tão bonito.

    — Não sabia. Mas fico satisfeito de saber. — Jack sorriu, revelando as covinhas das bochechas, que quase me fizeram perder o fôlego.

    Tentei seguir na direção de Melissa, que me observava com curiosidade, mas Jack se interpôs no meu caminho com seu corpo másculo. Rapidamente, desviei-me para a direita, mas ele se deslocou também e impediu meu avanço. Então, dei um passo para a esquerda, e ele voltou a me bloquear.

    — O que você quer, Jack? — perguntei com uma raiva que surpreendeu tanto a mim quanto a ele.

    — Você é sempre tão hostil? — Jack respondeu com outra pergunta, mas com um sorriso bem provocador.

    — Só em relação a caras como você.

    — Então me diga, gatinha, o que é um cara como eu?

    — Não vou perder meu tempo tentando responder à sua pergunta. — Forcei a passagem, empurrando minha bandeja contra o corpo dele, evitando derramar meu refrigerante.

    Quando Jack deixou escapar um ooof, passei por ele.

    — Você vai mudar de ideia — Jack afirmou em voz alta.

    — Eu não teria tanta certeza.

    Corri até a mesa onde estava Melissa, depositei minha bandeja de comida sobre a mesa e me sentei.

    — Bela cena. — Minha amiga tentava controlar a risada.

    — Quê?

    — Olhe em volta. — Melissa apontou as pessoas com um gesto de mão.

    Percorri com os olhos o bar e as demais mesas. Todos olhavam para mim ou para Jack. Beleza. A última coisa que eu queria era que toda a faculdade achasse que eu era a última conquista de Jack Carter.

    — Ele é sempre tão insolente? — Abri o pote de meu iogurte de framboesa.

    — Não sei, Cass. Nunca o vi agindo dessa maneira antes, se é isso o que você quer saber.

    — Não sei o que quero saber. — Irritada e aborrecida, examinei o recinto com o olhar, em busca de Jack.

    Sentado a uma mesa, ele estava cercado por algumas garotas bobinhas, que jogavam os cabelos para trás, tocavam em seus músculos e riam de qualquer coisa que ele dizia. Por instantes, nossos olhares se cruzaram, e eu senti o coração bater um pouco mais rápido.

    — Meu Deus! Como nunca percebi esse espetáculo antes? — comentei.

    — Sinceramente, não sei. Acontece todos os dias. — Melissa deu risada.

    — Essas garotas não têm vergonha. Sinto-me quase constrangida por elas.

    — Todas torcem para ser aquela pela qual ele realmente vai se apaixonar — Melissa disse, enquanto cortava um pedaço de sua fatia de pizza de mussarela.

    — Boa sorte, garotas! — Fingi uma saudação e, em seguida, dirigi a atenção ao meu iogurte.

    A curiosidade venceu quando escutei gritos e o ruído de cumprimentos espalhafatosos. Olhei para a mesa de Jack e vi um garoto quase da mesma altura e físico de Jack sentando-se perto dele.

    — Quem é ele? — perguntei para Melissa.

    — O que acabou de se sentar? É Dean... O irmão mais novo de Jack. Ele é calouro.

    — Como você sabe disso? Você está parecendo um quem é quem da escola — caçoei.

    — Dean faz uma matéria comigo.

    — Ei, como isso é possível se ele é um calouro?

    — Ainda faço duas aulas do nível básico. Dean é muito legal. Nada parecido com o irmão — Melissa revelou, com um sorriso e um olhar sonhador.

    — Ah, meu Deus, você gosta dele!

    — Eu não — Melissa murmurou, na defensiva. — Mal o conheço. Só estou dizendo que ele não tem nada a ver com o irmão.

    — Certo, acalme-se. Tudo bem gostar do irmão mais novo de Jack Carter. — Olhei para Dean, admirando seu sorriso, mas percebendo a falta das covinhas que embelezavam o rosto do irmão. — Ele é bonitinho. — Cutuquei o ombro de Melissa.

    — Também acho — Melissa afirmou, também olhando para Dean.

    — Menos mal que você goste do irmão gente boa — disse, sorrindo.

    — Como se eu fosse gostar de Jack... Ele é nojento!

    — Já sei disso — garanti, pegando outra colherada de iogurte.

    — Juro por Deus, Cassie, se você acabar se apaixonando por esse babaca, não quero ficar sabendo. Você acabou de chegar aqui, e eu já conheço Jack há dois anos. Ele é um mulherengo da pior espécie. — Melissa se calou e deu uma mordida em sua banana.

    — Tudo bem, Melis. Já sei: evite Jack Carter. Mas nem precisava me dizer. Não pretendo chegar perto dele.

    Sorrimos, momentaneamente satisfeitas com minha promessa.

    * Em tradução livre: Sem proteção, sem amor. Numa alusão à camisinha. (N. do E.)

    Capítulo 2

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    O SOL ME AQUECEU QUANDO SAÍ do prédio da Escola de Comunicações e Artes. Uma leve brisa me alcançou enquanto observava os estudantes circulando. Alguns se dirigiam para as salas de aula, e outros procuravam áreas ensolaradas sobre o gramado. Sorri ao passar por um garoto de cabelos longos, tocando violão. Todos os dias ele tocava sob a mesma árvore, e comecei a me perguntar se era um estudante ou se simplesmente gostava de frequentar o campus.

    Passei ao lado da livraria da universidade, anotando mentalmente a necessidade de adquirir dois livros para os exames que eu teria pela frente.

    O centro acadêmico estava cheio de gente quando entrei. Logo percebi a presença de Jack e seu harém de fanzocas. Não conseguia entender como nunca percebera aquilo antes, mas, agora, era só o que eu notava. Ele flexionava os músculos para duas garotas, que soltavam gritinhos histéricos quando pegavam em seu bíceps. Escutei Jack dizer Segurem-se! quando ele as ergueu no ar. Fechei a cara quando Jack demonstrou, em câmera lenta, seu movimento de arremesso de uma bola de beisebol, para o deleite das meninas.

    — Ele tem a mania de querer ser o centro das atenções — comentei, sentando-me na frente de Melissa.

    — Então, pare de prestar atenção nele.

    — Isso é muito difícil. Jack está sempre promovendo um espetáculo. — Indiquei com a mão o bando ruidoso das garotas que acompanhavam cada movimento dele.

    Uma voz grave interrompeu minhas críticas contra Jack:

    — Oi, Melissa.

    — Ah... Oi, Dean — Melissa respondeu, com a voz suave e doce.

    Dei uma rápida e discreta espiada em minha amiga e sorri para mim mesma.

    — Posso me sentar com vocês? — Dean perguntou, sem tirar seus olhos castanho-claros de Melissa.

    — Lógico! Somos uma companhia muito melhor do que a da mesa de seu irmão — Melissa caçoou.

    Ele deu uma olhada na direção de Jack, fazendo um gesto negativo com a cabeça.

    — Às vezes enche o saco, sabe? — Dean colocou um prato com uma fatia de pizza sobre a mesa e se sentou. — Oi, sou Dean.— Estendeu a mão para mim.

    — Sou Cassie, amiga de Melissa. Dividimos um apartamento — apresentei-me, apertando a mão dele.

    — É um prazer...

    — Dean! O que você está fazendo aqui?— A voz quente de Jack ecoou pelo recinto.

    Senti o estômago revirar, ergui o

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