A poesia na precariedade do existir
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A poesia na precariedade do existir - Lygia Caselato
Catalogação
Copyright by © 2020
Vários autores
Projeto editorial/organização
Lygia Caselato
Conselho Editorial:
Haron Gamal
Joel Cardoso
Josina Nunes Drumond
Imagem de capa:
Fogo na lua cheia [ Paul Klee ]
Preparação dos originais:
Lygia Caselato
Diagramação:
Editora Cajuína
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou qualquer meio eletrônico ou mecânico, sem permissão expressa da editora (Lei 9.610, de 19/02/98).
[CIP]
Dados Internacionais da Catalogação na Publicação
337 CaseP Caselato, Lygia.-
A poesia na precariedade do existir. Lygia Caselato [Organizadora]. 1a edição - Cotia, São Paulo: Editora Cajuína, 2020.
ISBN: 978-65-86270-26-6
1. Literatura 2. Crítica literária. 3. Ensaios
I. Lygia Caselato II. Título
CDD B869.4
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:
1. Literatura: ensaios
2. Literatura: crítica
LogoCajuinaEbookEstrada Velha de Sorocaba, 763 / c 428 - 06709-320 - Cotia, SP
Home page: www.editoracajuina.com.br
Email: contato@editoracajuina.com.br
(11) 4777-0123 - 97360-1609
Sumário
Catalogação
Epígrafe
1 Poesia e (des)esperança em Minimal lâmina: despoesia
2 A poesia sob o olhar gris de Wilbett Oliveira
3 Entrelaçando palavras, entretecendo seres: análise do poema Tear
4 Entre silêncios e escombros
5 A poesia na precariedade do existir
6 Sêmen: poesia e magia
7 As desandanças e os descaminhos na poesia de Wilbett Oliveira
8 Sobre Palavrares e poesia
9 Pretextos, textos, contextos em desarrumação
10 Dizeres filosóficos na/da poesia de Wilbett Oliveira
11 Hermenêutica e ontologia em Salignalinguagem
12 Tantas vozes na existência do poeta: dizeres filosóficos na poesia wilbettiana
13 Peripécias de um camaleão: sobre a poesia de Wilbett Oliveira
14 A chama da lamparina, o tempo embalsamado e a solidão do mundo: embate contra cronos em Palavrares
15 Trilogia da consagração: Sêmen, Salignalinguagem e Gris
Notas
Epígrafe
em vão faço um poema
como se estivesse gris
e elaborasse vozes
no silêncio de um instante
[Wilbett Oliveira, Gris, 2012]
1 Poesia e (des)esperança em Minimal lâmina: despoesia
Lygia Caselato
USP
É corrente a afirmação de que a crítica engrandece os bons artistas, enquanto permanece temida pelos maus. Uma obra que já foi analisada e comentada por diversos estudiosos e escritores respeitados e continua inspirando novas leituras é no mínimo fértil do ponto de vista da crítica. De onde se presume que também seja fecunda em termos artísticos, pois a arte sempre precede a crítica. A crítica reflete, reverbera e amplia os significados profundos da arte, e se põe como uma revelação
dela, para o benefício do público. Pode-se afirmar que a arte se realiza duplamente quando planta sementes na intelectualidade e também alimenta os anseios poéticos do homem comum. Assim é Minimal lâmina: despoesia, de Wilbett Oliveira.
A grade teórica que pode ser utilizada aqui como fundamento para uma crítica filosófica da poesia deve ser uma filosofia da arte direcionada ao universo poético que permita interpretar os poemas e explorar as ressonâncias internas do texto de forma não arbitrária.
Entende-se que a literatura que satisfaz o ser humano é a que se apresenta como a forma possível do sonho. O sonho encontra no poeta a sua expressão ou realização, e o poeta encontra no sonho a sua sublimação ou elevação. O sonho desce
, enquanto o poeta sobe
, e ambos se encontram no caminho, na menor superfície possível de contato entre o real e o ideal.
O poeta busca o sonho, o ideal, mas só pode expressá-lo no mundo real. Entre as palavras concretas e os pensamentos abstratos, haverá sempre um hiato e, no limite, é sempre possível que este contato não ocorra. O poeta precisa procurar o ideal, persegui-lo, desvendá-lo, como se observa nesses versos de Minimal lâmina: despoesia:¹
digo menos cada vez mais
nos limites extremos do impossível (ML, p. 182)
O paradoxo da expressão, que implica sempre a sua impossibilidade, alimenta e orienta o percurso do poeta. A expressão é impossível porque assim que uma ideia é posta em palavras deixa de ser a ideia tal como havia sido pensada, e adquire uma concretude palpável que pode apenas aludir indiretamente ao seu significado real, atuando na melhor das hipóteses como uma metáfora.
O poeta contemporâneo, tanto quanto o clássico, é obrigado a lidar com essa dualidade, com a existência quase platônica de dois mundos distintos e separados (o real e o ideal), com a seguinte diferença, que o poeta clássico conhecia o ponto de inflexão entre os dois mundos aparentemente desconexos e poetava a partir dele, mas não revelava o segredo ao seu leitor, enquanto o poeta contemporâneo conhece também esse ponto secreto, mas explicita em sua obra os meios utilizados, revela a pincelada e desconstrói o sentido pleno ou unívoco da poesia, tornando-a definitivamente aberta e relativa, embora não sem referência à dualidade (forma / conteúdo). As palavras do poeta contemporâneo são porosas e deixaram de apontar para algum sentido previamente estabelecido pelo artista.
Despoesia — subtítulo do livro em análise — pode significar, então, a tentativa de desfazer o sentido gasto da poesia que apresenta o milagre, mas não revela o santo
. Despoetar significa revelar a superfície mínima de contato entre o real e o ideal (a lâmina minimal), ao invés de utilizá-la sem a ela mencionar. Mostrar que a aparente impossibilidade da expressão se resolve com a própria expressão que, ao abandonar a rima e o ritmo convencionais, instaura outra lógica interna resultante do próprio movimento de elevação do poeta.
A poesia fala de algo que diz respeito a todos os homens. O poeta alcança esse ponto de contato entre absoluto e o relativo, e vem mostrá-lo ao leitor comum, que por si mesmo não alçaria essas alturas.
Wilbett Oliveira convida o leitor a se colocar nesse ponto de vista, nesse ponto de contato entre o real e o ideal, sabendo que a poesia é um estado de espírito
(Andrade, 2017, p. 10).
O poeta vivencia esse estado de espírito, tenta refleti-lo em suas palavras, e aplica alguma magia capaz de desprender o significado dessas palavras na mente do leitor, que vislumbra então o mesmo estado de espírito:
quanta solidão
desprende-se do desvazio (ML, p. 99)
O paradoxo das palavras, o des-vazio, que nos induz a pensar sobre a impossibilidade de alcançar um sentido pleno e satisfatório para elas, faz com que também sintamos a solidão que se desprende do paradoxo.
Sentimentos como angústia, solidão, melancolia, alienação e tristeza são o sal que tempera a linguagem do poeta
(Andrade, 2017, p. 13). Contudo, em contraposição a esse grupo de sentimentos cor de cinza
(MN, p.