A casa inventada
De Lya Luft
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- Nota: 1 de 5 estrelas1/5A intenção da história é boa, mas é narrada de uma forma muito chata e entediante.
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A casa inventada - Lya Luft
1ª edição
2017
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
L975c
Luft, Lya
A casa inventada [recurso eletrônico] / Lya Luft. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record,
2017.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-85-01-11269-9 (recurso eletrônico)
1. Ficção brasileira. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
17-45527
CDD: 869.3
CDU: 821.134.3(81)-3
Copyright © Lya Luft, 2017
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Direitos exclusivos desta edição reservados pela
EDITORA RECORD LTDA.
Rua Argentina, 171 – Rio de Janeiro, RJ – 20921-380 – Tel.: (21) 2585-2000.
Produzido no Brasil
ISBN 978-85-01-11269-9
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À memória de minha mãe, Wally,
sua alegria e as rosas do seu jardim.
À memória de meu pai, Arthur,
que sem saber me ensinou quase tudo.
Às alegrias que me dão meus filhos
Susana, André e Eduardo
e suas famílias.
(Sempre escrevo para você, Vicente.)
Desatino
A vida, como a ficção,
é um teatro de desatino.
Meus personagens:
amantes, suicidas, sonhadores,
seres rastejantes, criaturas aladas,
simples humanos,
— crianças e seus segredos.
O bem, o mal, o riso, o esgar,
a procurada morte,
a sorte,
a sombra.
(Na beira do palco, como estrelas,
penduro palavras: esse
é o meu destino.)
A vida são escolhas
é um clichê, talvez ilusão. Acredito nisso, mas também acredito que apenas em parte somos responsáveis: não há só fatalidade e traição.
Este livro fala do ser humano muito além de mim, essa criatura que sonha, luta, sente medo, e mesmo assim vai até a última hora, o último suspiro e último degrau da misteriosa escada, frágil, mas essencial, encostada num velho muro, no fundo do jardim da casa que inventamos e que nos inventa.
Lá tudo é descoberta momentânea e eterno enigma.
Nessa aventura imprevisível, feliz e torta, aqui e ali paramos para refletir: por quê? Como? Quem? Com quem? Até quando — e por que não para sempre?
Nunca saberemos.
Pois nesse trabalho de viver não somos arquitetos, nem pedreiros: somos amadores.
•
Aqui não faço autobiografia, nem falo só em terceira pessoa: lembranças, incertezas, coisas que flutuam como destroços num mar revolvido pelas correntes da ficção.
Ora escrevo como eu, ora como uma criatura que me espia nos espelhos, e que aqui chamarei Pandora. Mais tarde direi como ela me chama.
Às vezes eu sou ela, outras vezes ela sou eu. Ao leitor, não importa: o bom da vida são os desafios, o não entendido, e por favor — como já escrevi há muitos anos — não queiram me prender no alfinete da interpretação.
Em geral, palavras são só... palavras. Nem quem as escolheu sabe tudo o que significam. Palavras têm franjas além dos contornos: por isso são tão sedutoras.
A vida seria muito mais divertida se dois mais dois pudesse não ser quatro
, eu disse ainda criança ao bondoso professor de matemática que anos a fio tentou me ensinar alguma coisa. Mas eu não queria nada exato: queria vagar sonhando, desaparecer nos livros, brincar nos espelhos.
Lya Luft, O Bosque, Gramado, 2017
Roteiro
1 | A porta de espiar
2 | O espelho de Pandora
3 | A sala da família (e o biombo do silêncio)
4 | O quarto das crianças
5 | O porão das aflições
6 | O pátio cotidiano
7 | O jardim dos deuses
1 | A porta de espiar
A vida precisa de uma porta
para espiar o que há dentro:
um corredor, o espelho e suas criaturas,
a sala da família
e um claro quarto de criança;
um porão de aflições que soluçam à noite
(mas dizemos: é o vento);
o pátio, simples, e o pequeno jardim
com três árvores esguias
que afinal são um bosque.
Num resto de muro, a escada de madeira
parece não levar a nada.
(Pousado no último degrau,
um pássaro de sombra nos observa:
seu bico é curvo e afiado.)
Uma casa se projeta com ciência e fantasia; e se constrói sobre um fundamento que deve ser firme. Uma boa casa, que durasse anos ou eternidades. Que perdurasse na memória até depois de desabar. Até se fechar a pálpebra da vida — e tudo ficar tranquilo. Os alicerces vêm de nós: construímos com nossa carne e pensamento cotidiano. Êxtases ou tragédias são tijolos frágeis, cuidado.
Pois essa é a casa da vida: sangue, lágrimas, risadas, esperanças, punhais enterrados no peito, tiros nas costas, carícias maternas ou sensuais, lucidez sem perder a alegria
, me dizia alguém. Será possível construir uma casa, a casa da vida, esfolando joelhos, rebentando as mãos, desmontando e remontando cabeça e coração — e não sucumbir?
Deve ser possível, porque todos fazemos isso. Com sorte superamos as fatalidades: o solo arenoso, o terremoto, o raio, a inundação, a enorme pedra no caminho, as falhas dos operários, nossos próprios erros