A casa das noivas
De Jane Cockram
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Sobre este e-book
Jocelyn é a guardiã da Biblioteca de Saint-Malo, uma mulher órfã que se agarra à literatura e ao seu marido, Antoine. Mas ambos correm perigo: A chegada das tropas alemãs à cidade, em especial a do comandante Adolf Bauman que, empenhado em roubar alguns dos incunábulos que a bibliotecária guarda tão zelosamente, quer acabar com a sua felicidade.
O capitão Hermann von Choltiz, amante dos livros, é enviado pelas autoridades alemãs para expurgar as bibliotecas da região, mas resiste a destruí-los. Jocelyn e Hermann começarão uma amizade impossível: Os livros unem-nos, mas a violência e a guerra separam-nos.
Destinados a ser inimigos e obrigados a viver num mundo em que a loucura prevalece, os protagonistas inesquecíveis deste lindo romance transformar-se-ão em heróis cujo amor será capaz de vencer a guerra.
Os leitores que desfrutaram de Toda a luz que não podemos ver, de Anthony Doerr ou de O rouxinol, de Kristin Hannah, não poderão perder esta história de amor, paixão e suspense.
"Escobar revela esperança, bondade e fé na humanidade."
Publishers Weekly
"Mario Escobar utiliza a empatia e a humanidade para chegar ao grande público e conduzi-lo na história."
David Yagüe, 20 Minutos
"Um narrador excecional."
Manuel P. Villatoro, ABC
"Escreve histórias que chegam ao coração."
Jesús Alejo Santiago, Revista Milenio
Os leitores afirmaram:
"Mario Escobar supera-se cada vez mais no manejo de ferramentas narrativas. Isso faz com que você mergulhe na trama e literalmente devore o livro em muito pouco tempo."
"Um mestre da máquina do tempo, transporta-nos e faz-nos formar parte da história em cada página dos seus livros…"
"Gosto da sua escrita fluida e da intriga das suas obras até ao fim. Como todos os seus romances, suspense, intriga e surpresa no final. Recomendo."
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A casa das noivas - Jane Cockram
Editado por HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
A casa das noivas
Título original: The House of Brides
© 2019, Jane Cockram
© 2021, para esta edição HarperCollins Ibérica, S.A.
Publicado originalmente pela HarperCollins Publishers LLC, New York, U.S.A.
Tradutor: Mariana Mata
Reservados todos os direitos, inclusive os de reprodução total ou parcial em qualquer formato ou suporte.
Esta edição foi publicada com a autorização da HarperCollins Publishers LLC, New York, U.S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos comerciais, acontecimentos ou situações são pura coincidência.
Desenho da capa: Caroline Johnson
Imagens de capa: © Des Panteva/Arcangel (cadeira); © Andrzej Kwolek/Arcangel (sala)
1ª edição: Fevereiro 2020
ISBN: 978-84-9139-502-7
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Créditos
Prólogo
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Agradecimentos
Para a Alice e o Edward
A família…
aquele querido polvo a cujos tentáculos nunca conseguimos bem escapar, o que, de facto, nem sequer desejamos, no fundo do coração.
— DODIE SMITH
PRÓLOGO
ONTEM ENCONTREI um artigo sobre a Casa Barnsley numa velha revista. Levei algum tempo a reconhecê-la. Não só não estava preparada para tropeçar nela, como também só a tinha conhecido no inverno. Foi um choque ver o local fotografado em todo o seu fulgor, ao sol, e antes de sequer pensar no que estava a fazer, já tinha arrancado as páginas para saborear mais tarde, longe dos olhares indiscretos dos outros.
Numa fotografia, a curva azul do porto está cheia de barcos à vela e traineiras de pesca. É provável que tivessem tirado as fotografias há anos, quando o hotel abriu. Talvez na primavera, quando o tempo começava a aquecer e os campos em redor ainda não estavam queimados pelo calor do verão. O Max diz que, nessa altura do ano, o céu estava cheio de drones a tirarem fotografias das casas de campo prestes a entrar no mercado imobiliário e a capturarem imagens da famosa faixa costeira para programas de lifestyle na televisão.
Vejo essa paisagem de cada vez que fecho os olhos, mas é melhor tê-la diante de mim: a erva a inclinar-se de forma a que as falésias e a vila abaixo dela fiquem escondidas, a linha do mar a ocultar bancos de areia por debaixo de ondas traiçoeiras. A partir de Barnsley, não se consegue ver o porto calcetado ou o pontão a partir do qual o pequeno ferry parte a cada hora, se a maré o permitir, para fazer a excursão à linha costeira. Não se conseguem ver as lojas de peixe frito e batatas fritas e as galerias com os seus vidros martelados ou os cafés e esplanadas recônditos dos bed and breakfast. E ainda assim, estavam todos nas fotografias, como se fossem parte integrante do hotel.
É fácil de recordar a sensação de ver Barnsley pela primeira vez. Não em fotografia, mas ao vivo, com a grande casa a aparecer à minha frente. A beleza da pedra calcária é difícil de ver numa fotografia e ainda mais de explicar. A pedra é diferente da de outras casas da zona, mais macia, de certo modo, e no verão, ficava quente ao toque durante semanas a fio, contou o Max. Nalguns dias, quando o sol não estava suficientemente forte para aquecer os frios ossos das antípodas da Daphne, ela encostava-se à parede e esperava que o calor lhe trespassasse o vestido de verão e o casaco. Isso foi antes de eu ter chegado. Tem estado apenas frio, um frio gélido, desde que a conheço.
Será que o hotel vai voltar a ter sucesso? Ou será o artigo inútil, a direcionar turistas americanos ricos para uma casa de fantasmas? Um hotel que perdeu o rumo, e a mulher que o geria, e não por essa ordem. Tenho de ter esperança de que consigamos dar a volta a Barnsley, pois entrou-me de algum modo no sangue, tal como entrou no sangue das mulheres que me precederam.
1
— UM BRINDE À Miranda — disse o meu pai enquanto erguia o copo no ar, fazendo-o chocar de seguida com força contra o copo igualmente erguido da minha madrasta. — Que a tua carreira na Grant and Farmer seja longa e próspera!
Não era a primeira vez que ele brindava a uma nova direção na minha carreira — só deus sabe que houve algumas voltas e reviravoltas antes de me ter dado mal desta última vez —, mas foi a primeira em que ele se envolveu na missão de tentar arranjar-me um emprego. Depois de tudo o que aconteceu, eu não tinha outra hipótese senão aceitá-lo.
O meu pai teve de cobrar alguns favores. E quando isso não funcionou, acho que teve de começar a fazer promessas. Cedências. Acho que não chegou ao ponto de haver mesmo troca de dinheiro, mas não tenho a certeza. Não me pareceu estar a imaginar coisas quando lhe detetei uma ligeira ameaça na voz. Mais do que um ligeiro ênfase na palavra longa.
— Sim, querida Miranda. Boa sorte na Grace and Favour! — disse a minha madrasta Fleur, juntando-se ao brinde, mesmo já tendo terminado de beber o seu segundo copo de champanhe.
Ri-me, apesar de tudo. A Fleur só era verdadeiramente engraçada durante uma pequena parte do dia, algures entre a sua segunda e quarta bebida. E aquela janela era muito mais curta do que se poderia esperar, dada a sua habilidade em consumir champanhe e vinho branco seco.
Para além disso, eu queria apreciar esta celebração enquanto durasse; era a primeira vez que tínhamos alguma coisa para celebrar em muito tempo. A julgar pelo ar das minhas duas meias-irmãs mais novas, sentadas em silêncio e a abanar os cubos de gelo da limonada enquanto a alegria continuava em seu redor, também elas sabiam bem que as coisas rapidamente se podiam alterar. É só aguardar, diziam os seus rostos, ela também vai estragar isto.
— O que é que alguém com uma licenciatura em escrita criativa vai fazer numa empresa de relações públicas? — perguntou a minha madrinha Denise, virando-se para mim depois de o brinde ter acalmado. Como era hábito, a minha família tinha escolhido esquecer a minha pós-graduação em nutrição e dietética. À nossa volta, os empregados pousavam os tabuleiros das entradas: reluzentes pimentões vermelhos grelhados, rolos grossos de presunto, e carnudas azeitonas sicilianas. O meu restaurante italiano preferido era sempre o local para todas as celebrações familiares, e no que concerne a celebrações de família, eu ter finalmente conseguido arranjar outro emprego era bastante significativo. Pelo menos era o que parecia que o meu pai estava a tentar dizer-me ao convidar a família inteira, incluindo os meus padrinhos, para se juntarem ao jantar de celebração.
— O que é que alguém com uma licenciatura em escrita criativa vai fazer seja onde for? — disse bem alto o meu pai na ponta da mesa, rindo-se ruidosamente da própria piada, olhando em redor para se assegurar de que os clientes à volta também se estavam a rir. Lá se foi a minha tentativa de passar desapercebida.
— Não é tudo escrita criativa nas relações públicas? — interveio a Fleur. — Ou sou eu que estou a ficar confusa com as notícias falsas?
Eu estava preocupada que toda a conversa sobre escrita criativa pudesse descambar numa discussão sobre a escrita criativa que me lançou em sarilhos, por isso concentrei-me na Denise ao responder. — Acho que no começo vou ser só mais uma espécie de assistente executiva. Não terei nada a ver com clientes. Talvez acabe por poder trabalhar nalgum copy, coisas assim, imagino.
Não soei mais entusiástica do que me sentia. Trabalhar como copy estava tão longe daquilo que tinha andado a fazer. A gerir o meu próprio negócio. Um blogue famoso. Um contrato literário. A comunicação social dizia que eu era influenciadora.
— O que é uma assistente executiva? — perguntou uma das minhas meias-irmãs. Daquela vez, a Ophelia, mas podia facilmente ter sido a Juliet, dado que o conhecimento geral de ambas era igualmente não-existente. E sim, todas temos nomes saídos de Shakespeare. A minha mãe começou a tradição e a minha madrasta continuou-a. O meu nome tinha algum significado para a minha mãe, ao passo que suspeitava que a minha madrasta teve de usar o Google. Cérebro matemático, diz ela. Cérebro de ervilha, acho eu.
— Reservam voos, preparam as salas de reuniões, esse tipo de coisas — arrulhou a minha madrasta, acariciando suavemente o cabelo da Ophelia devido à natureza potencialmente perturbadora desta informação. — E é por isso que não quero que tirem uma licenciatura em artes. — A Ophelia e a Juliet acenaram solenemente, mesmo que estivessem a vários anos de distância de tomar quaisquer decisões sobre as suas formações universitárias.
Concentrei-me em encher o prato com uma seleção de entradas, prestando mais atenção do que era realmente necessária à colocação da comida, de forma a conseguir engolir as lágrimas que ameaçavam verter para cima dos pratos de barro.
— A mim parece-me ótimo — disse a Denise a apertar-me a mão, mas a compaixão na sua voz piorou as coisas. Ela estaria a pensar na minha mãe, a sua melhor amiga, e a perguntar-se como é que eu podia ter saído tão medíocre quando a minha mãe tinha sido tão extraordinária. Desejei que regressasse a Londres com a sua pequena família perfeita e me deixasse ali com as pessoas que não esperavam muito de mim. Era mais fácil assim.
A conversa mudou para uma viagem de esqui que a Denise e o Terence tinham planeado. Senti-me a desligar, a pensar em vez disso no casarecce com beringela e salsicha italiana que em breve estaria a vir na minha direção, e no tiramisu que se seguiria, se estivesse disposta a arriscar os comentários de desaprovação da Fleur.
— E é por isto que ela não consegue manter um emprego a sério — ouvi o meu pai a dizer quando me apercebi de que o empregado de mesa estava a tentar pousar-me o jantar à frente. — Sempre a sonhar acordada. — Era verdade, eu era uma sonhadora. O meu pai costumava achar isso engraçado, até encantador, mas ultimamente andava a fazer todo o tipo de observações irónicas. Não podes ser assim tão vaga a vida inteira, Miranda. Já tens vinte e seis anos. Não está na altura de encarares a realidade?
Eu conseguia perceber porque é que estava preocupado. Não me conseguia imaginar sentada a uma secretária o dia todo, a prestar atenção em reuniões intermináveis, a lembrar-me de números, nomes e datas, mas era isso que ia fazer assim que começasse na Grant and Farmer.
Havia risadas por todo o lado em redor: estridentes da parte da Fleur, educadas da Denise. Conseguia vê-la outra vez a observar-me e sorri-lhe debilmente para mostrar que estava bem.
O barulho do restaurante subia de tom à medida que a noite progredia. As cadeiras eram arrastadas para trás quando os clientes se levantavam para se cumprimentarem, o sommelier puxava as rolhas para fora de garrafas de prosecco e os empregados transportavam taças intermináveis de pasta a fumegar saídas da cozinha. O ambiente era leve, os aromas divinais e nas mesas à nossa volta as pessoas sorriam, riam e bebericavam Chianti e pinot grigio, inclinando-se para a frente para se ouvirem bem uns aos outros por cima do burburinho.
Todas as mesas à exceção da nossa. Se não fosse a comida e a conversa que surgia em função dela, estaríamos quase completamente em silêncio. O que é que pediste? Spaghetti alle vongole. Tem um aspeto delicioso, não é que tens gostos maduros? Este Barolo está delicioso, Bruce. Sim, é um dos teus favoritos. Este sítio nunca muda, pois não? É por isso que gostamos dele, Terence.
Tinha sido má ideia convidar os O’Halloran: de algum modo, a presença de estranhos realçou a inquietação a que me acostumei de alguma forma ao longo dos anos, e agora conseguia ver o que a nossa família composta devia parecer aos olhos deles. Se a minha mãe ali estivesse, a nossa mesa ia parecer exatamente igual às outras e tenho a certeza de que não era a única a pensar isso. O tiramisu ia ter de esperar por outra ocasião. Eu precisava de sair dali.
— Meninas? Querem que vos leve a casa? Não têm trabalhos de casa ou de ensaiar oboé?
O alívio nos rostos da Juliet e da Ophelia foi imediato. A noite desabrochou à frente delas: a loucura das redes sociais, a Netflix, e as chamadas telefónicas sem os pais em casa. Não era fácil crescer com o meu pai e todas as suas regras.
Não há chamadas após as 21h00.
Não há telefones no quarto.
Não há televisão durante a semana.
Não há dormidas em casas do sexo oposto.
Não há telefones à mesa.
Não há piercings.
Não há tatuagens.
Não há álcool.
Não há drogas.
Não. Não. Não.
Eu sei, vivi com ele durante muito tempo. Demasiado, na minha opinião. E na dele. E na da Fleur.
E agora estou de volta a casa.
No entanto, a Juliet e a Ophelia, ainda parecem pensar que eu sou fixe, nem que seja porque posso levá-las de carro a qualquer lado e mexer no meu telefone sempre que quiser. Até acham fixe que eu agora trabalhe numa loja de roupa desportiva e que lhes consiga arranjar desconto nas calças de compressão que elas e as amigas usam o tempo inteiro. Infelizmente, o meu pai não é assim tão fácil de impressionar.
— Leva o meu carro, pequerrucha. — O meu pai fez um grande alarido ao tirar a chave e fechar a sua mão à volta da minha. — Nós apanhamos um Uber. — Como se me estivesse a fazer um favor.
A Juliet e a Ophelia tagarelaram o caminho inteiro dentro do carro sobre a escola, os rapazes, os amigos, o The Voice.
— Porque é que vocês não estavam animadas no jantar? — perguntei após terem passado dez minutos até conseguir dizer uma palavra. — Agora parecem ter coisas a dizer.
— A Denise é estranha. Olha sempre para nós de uma forma esquisita quando falamos. Odeia-nos — explicou a Juliet.
— E odeia a mãe. — Portanto, a Ophelia sentia o mesmo.
— Isso não é verdade. — Não tinha pensado nisso dessa forma. Pensava apenas na Denise e no Terence como parte da família.
— É, sim. E está sempre a olhar fixamente para ti com uma expressão esquisita na cara. Reparaste?
Virei a esquina para a minha antiga rua, a prestar pouca atenção à estrada. Embora tivesse vivido fora de casa durante uns anos, ainda conseguia conduzir até ali em piloto automático.
Ainda pensava nela como a minha casa: a casa recuperada dos tempos da Federação que os meus pais tinham comprado quando se casaram e pensavam que tinham todo o tempo do mundo para estarem juntos. Afinal não tiveram assim tanto tempo e a casa só foi renovada anos mais tarde, quando a Fleur e a sua comitiva de arquitetos e empreiteiros caros apareceu em cena.
— Não — menti.
A Denise tinha passado imenso tempo nesta visita a olhar fixamente para mim. As pessoas sempre me tinham dito que eu não me parecia nada com a minha mãe, que eu era completamente parecida com o meu pai. A tua mãe era linda, diziam de um fôlego só, como se eu não pudesse entender a insinuação.
Mas talvez a Denise conseguisse ver algo em mim? Talvez eu me estivesse a parecer mais com a minha mãe à medida que envelhecia? Tentei ver o meu reflexo no espelho retrovisor enquanto estacionava ao pé da casa, mas não conseguia ver nada à luz do crepúsculo. Ouviu-se um raspar sonoro quando os pneus bateram na sarjeta. Praguejei entredentes quando percebi que os cantoneiros tinham deixado os nossos caixotes do lixo vazios no meio do caminho de entrada.
— Oh, o pai vai matar-te — sussurrou a Juliet. Alegria. Havia decididamente alegria no seu tom de voz. — Quantos champanhes é que bebeste, afinal? Borracholas! — Ambas se riram juntas, inebriadas pela liberdade, pela limonada e satisfação pelo meu infortúnio.
— Mal bebi um copo. — Era verdade, eu não bebia muito. Teria provavelmente pedido uma Coca-cola Light se a Denise e o Terence não estivessem ali. — Podem, por favor, ir tirar os caixotes do caminho?
O pedido foi recebido com o som das portas a bater. O par correu pelos degraus de pedra acima.
— Vá lá, Miranda, estou aflita. — A Ophelia deu um espetáculo a saltar de um pé para o outro, um movimento que se devia mais aos anos de aulas de teatro e oratória do que a quaisquer necessidades urgentes de bexiga. — Deixa aí o carro. O pai não se vai importar.
Olhei para cima, para a árvore acima do carro, cuja seiva tinha sido assunto de inúmeras discussões de família ao longo dos anos. O pneu estava mesmo encostado contra o passeio. Quaisquer danos seriam apenas visíveis quando se movesse.
— Está bem. — Suspirei. — Da próxima vez não bebam tanta limonada. — Era só por um instante, disse para mim. Regressaria e afastaria os caixotes e o carro assim que tratasse das miúdas. Subi as escadas para me juntar a elas a admirar o jardim pelo caminho.
Apesar de todas as falhas da Fleur, tinha de facto talento para a jardinagem. Ou para a arquitetura paisagista, como sempre me corrigiu. Nesta altura do ano, o jardim estava incrível e um foco de luz bem colocado realçava o jacarandá em flor em toda a sua glória. A minha mãe iria adorar. Uma das poucas coisas que tinha sido capaz de deduzir da sua escrita era o seu amor pelo mundo da natureza, a sua afinidade com o ar livre.
O cheiro da casa atingiu-me assim que abri a porta. Fechada o dia inteiro, pareceu ter manifestado a sua fragância: os restos das sempre presentes velas de figo da Fleur, as flores de gardénia a flutuarem numa taça na mesa do hall de entrada e o inconfundível cheiro de um pinheiro de Natal. Subjacente a tudo, o cheiro a lar. Algumas coisas não tinham mudado, apesar de tudo.
— Já há árvore de Natal? — perguntei à Ophelia enquanto me empurrava para passar, com a sua necessidade desesperada de ir à casa de banho aparentemente esquecida, enquanto eu via devagar algumas cartas pousadas na mesa do hall.
Durante muito tempo não tinha havido nenhuma para mim. Revistas da escola de tempos a tempos. Catálogos. Nada de interessante.
E depois, os envelopes grossos dos escritórios de advogados começaram a chegar. Nalguns dias havia maços deles. Noutros, só um ou dois. Mas durante alguns meses foi incessante.
Suspirei de alívio que não houvesse nada para mim naquele dia.
— Já sabes como é a mãe — disse a Ophelia ao longe. Ouvi-a a atirar-se para o sofá, com o som da televisão a acordar para a vida. Estava em casa e podia ligá-la. Do sítio onde estava parada, conseguia ver a Juliet através do conjunto de janelas envidraçadas nas traseiras da casa.
Quase passei pelo envelope sem o ver. De papel pardo com um canto completamente coberto de selos coloridos, todos impressos com a pequena cabeça da rainha de perfil. Exatamente o mesmo tipo de envelope que eu tinha passado a infância inteira à procura.
A morada tinha sido riscada e reescrita, novamente riscada e reescrita. Era como se tivesse andado no sistema postal durante algum tempo e tinha obviamente atravessado meio mundo. Mas essa não era a parte estranha. A parte estranha era a quem estava endereçada.
À minha mãe.
2
A CARTA TINHA sido aberta. A aba, outrora diligentemente colada com camadas de fita-cola grossa, agora à deriva do corpo principal da coisa, com a fita-cola seca e sem utilidade. O endereço do remetente era-me familiar: mais simbólico do que qualquer outra coisa, um sinal do passado mais do que um verdadeiro local. Casa Barnsley. Era como receber uma carta do Polo Norte ou do céu.
Claro que eu tinha procurado aquele endereço do remetente na minha juventude. Nas costas dos cartões de aniversário e em envelopes. De cada vez que chegava uma carta com um carimbo régio no canto, de cada vez que via a cabeça da rainha com o seu azul, roxo e azul petróleo de fundo, tinha esperado que dessa vez a carta fosse de Barnsley.
No final, o meu pai comprou-me um álbum filatélico. Tinha interpretado mal o meu interesse pelo correio como um grande interesse em filatelia. Durante anos, rasgava diligentemente os selos e humedecia-os para os tirar do papel numa frigideira cheia de água, embora não tivesse qualquer interesse neles, de todo. O meu único interesse era encontrar uma carta com a morada escrita no envelope que estava agora à minha frente.
Foi suficiente olhar apenas por um instante para a formação mística daquelas letras.
Inspirei profundamente, tentando entorpecer ligeiramente a minha expetativa. Passados vinte anos, tinha antecipado cenários mais do que suficientes para aquele momento. Um pequeno, mas significativo contacto. Uma mensagem de Natal. Uma oferta para adoção completa.
Mas aquilo era diferente. A carta estava endereçada à minha mãe. Não sabiam que estava morta?
A ouvir cuidadosamente os movimentos das minhas meias-irmãs, movi-me para dentro do escritório do meu pai, fechando a porta quase sem fazer um som sobre o tapete de pelúcia. O crepúsculo avançou rapidamente pela divisão, dificultando a leitura das palavras, por isso levei a carta para o banco da janela, forçando-me a sentar-me e a respirar, apesar do fluxo de sangue nos meus ouvidos.
Desdobrei devagar a carta, prestando especial atenção ao espesso papel creme, levando-o depois até perto do meu nariz. Bafiento, sim, mas com um ligeiro cheiro a humidade. De fumo, até. Tinha esperado um momento proustiano — uma baforada do perfume a água de rosas da minha mãe ou uma saudável colónia masculina —, mas fiquei desapontada. Não me fez lembrar de nada para além da lareira na cabana húmida de praia que costumávamos alugar no Wilsons Prom durante a Páscoa.
Li a carta, a primeira vez depressa, e a segunda devagar, a tentar encontrar detalhes que não estavam lá.
Querida Tessa,
Encontrei a tua fotografia por acaso. Não devia ter procurado. O pai diz sempre que eu sou demasiado curiosa para o meu próprio bem, mas é o que acontece quando nunca ninguém nos conta nada.
O problema neste lugar é que, quando se começa a procurar respostas a uma questão, acaba-se por encontrar um conjunto inteiramente separado de segredos.
Adiante. Encontrei uma fotografia tua e tinhas um ar amável, normal. Não como as pessoas nas fotografias antigas normalmente aparentam, com penteados esquisitos e camisolas engraçadas.
Quando virei a fotografia ao contrário, tinha escrito «Tessa, 19», em letra antiga com arabescos, como se quem quer que a tivesse escrito tivesse medo de carregar na esferográfica com força a mais.
Por alguma razão nunca pensei em ti como uma pessoa real. Quer dizer, sabia que escreveste O Livro. Sabia que te foste embora há muito tempo, mas nunca pensei que pudesses ser capaz de nos ajudar. Na verdade, nunca precisámos antes de ajuda.
Aconteceu uma coisa má. Passa-se alguma coisa com a minha mãe. O pai diz que alguém precisa de cuidar de nós, mas diz que precisamos de mantê-lo em família. Vai enviar-nos para um colégio interno depois do Natal. Até à Agatha. Apesar do que aconteceu.
Podes vir cá ajudar-nos? Por favor.
Com amor,
Sophia Summer (a tua sobrinha)
Foi um choque ouvir uma voz jovem e contemporânea vinda de Barnsley. Uma voz que podia ter pertencido a qualquer das jovens que eu conhecia — uma voz que soava como a da Ophelia, ou a da Juliet. Eu tinha lido A casa das noivas centenas de vezes. O livro da minha mãe foi um sucesso quando foi publicado e conseguiu vender centenas de milhares de exemplares antes de ter saído de catálogo no final dos anos 1990. Mas nunca tinha pensado no que o livro poderia representar para as pessoas que viviam atualmente em Barnsley. Que se lhe pudessem referir como O Livro da mesma forma singular e reverente do que eu.
A casa das noivas era a minha única ligação à minha mãe e ao seu passado, e mesmo assim, não era a mais pessoal. O que eu sabia da Casa Barnsley era o que todos os leitores sabiam sobre ela. E do que eu me lembrava sobre a minha mãe era basicamente o mesmo do que eles. Era mais do que isso: a minha mãe era o livro, e o livro era a razão de eu ter estudado escrita criativa na universidade.
A casa das noivas abordava profundamente a história da Casa Barnsley; as mulheres que tinham casado com um membro da família e que tinham trazido mais fama e prestígio com elas. Eram escritoras, arquitetas e socialites, mulheres que, invulgarmente naquele tempo, tinham ultrapassado os limites e encontrado o sucesso, a notoriedade. Sarah Summer. Beatrice Summer. Os seus nomes eram-me mais familiares do que os de alguns dos parentes do meu pai ainda com vida. Entre os exemplos dessas mulheres e o da minha mãe, eu sentia uma pressão imensa para fazer algo de especial com a minha vida.
A maioria do tempo andava a percorrer inutilmente o livro à procura de dicas sobre a minha mãe. Ao contrário da tendência moderna dos escritores se dedicarem à narrativa não ficcional, ela estava curiosamente ausente. Conseguia sentir a sua atenção pelo detalhe, a sua rápida mudança de expressão, mas não havia mais nada dela nele, nada para além da familiar fotografia de cabeça: o seu cabelo direito e macio, o largo sorriso inofensivo.
O seu livro era a história objetiva da Casa Barnsley e das mulheres que lá tinham vivido ao longo de várias gerações. Havia escândalos, sim: suicídios, ligações secretas e as obrigatórias alegorias góticas — quartos secretos, fantasmas e incêndios inexplicáveis —, mas era um livro de História. Um passado típico de uma casa de campo daquela era, mas sempre tinha imaginado Barnsley como um local agora benigno. Talvez estivesse enganada.
Todo este tempo tinha estado à espera de que alguém de Barnsley viesse à minha procura. Mas agora que alguém o tinha feito, já não tinha tanta certeza de ser aquilo que eu, afinal de contas, queria.
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CASA BARNSLEY. Teclei o nome e depois olhei para ele, a escutar os sons da casa em meu redor, à espera de alguma espécie de sinal de que era seguro continuar. Lá fora, a rua estava sossegada, à exceção do barulho ocasional de uma porta de automóvel a fechar ou o bater da bola de basquetebol contra a tabela na entrada no nosso vizinho. Havia um tempo limitado até o meu pai e a Fleur regressarem do jantar e eu ainda não queria responder às suas perguntas sobre o que estava a fazer. Ainda não sabia ao certo o que estava a fazer.
Wikipédia, Grandes Casas de Inglaterra, TripAdvisor; surgiu uma panóplia de resultados. Cliquei no link da Wikipédia, a pensar que um resumo geral seria o melhor sítio para começar.
Casa Barnsley
A Casa Barnsley, também conhecida por Casa Barnsley Hotel, situa-se numa localização geográfica única, na ponta de duas enseadas da costa escarpada da região oeste de Inglaterra. Continuamente sede da família Summer há mais de duzentos anos, passou para a posse de Maximilian Summer em 1987, sendo gerida como hotel rural que incluía o restaurante A Sala dos Summer, distinguido com uma estrela Michelin. Supõe-se que o jardim tenha sido projetado por Hugo Bostock, mas não há documentação que o ateste, sendo considerado pela maioria dos historiadores demasiado a sul da área habitual de Bostock podendo, por isso, muito provavelmente ser um derivado.
A casa, então conhecida como Barnslaigh, aparece pela primeira vez em mapas no século XVII. Por volta do século XVIII, era a base de um pequeno porto de ferry numa linha que corria nos meses de verão entre as povoações espalhadas ao longo dessa linha costeira. As águas eram reconhecidamente agitadas e o serviço de ferry agora só funciona nos meses mais quentes. Consequentemente, a terra e a pequena casa senhorial foram vendidas a um lavrador local, Montgomery Summer, que andava a expandir as suas já substanciais propriedades rurais. Summer construiu a casa que lá permanece até hoje.
De forma invulgar para a época, Barnsley foi construída em pedra trazida de Cotswolds, e em consequência, a casa é impressionante e única na zona. Os jardins, que nos seus tempos áureos eram tratados a tempo inteiro por dezoito jardineiros e pessoal da terra, foram restaurados e atualizados nos últimos anos pelo atual titular e devolvidos à sua antiga glória.
A Casa Barnsley tem uma longa e colorida história e é localmente conhecida como «A casa das noivas», em referência ao livro best-seller homónimo escrito por Tessa Summer. O título do livro refere-se ao carácter distinto das castelãs de Barnsley ao longo dos anos. Embora a casa tenha quase chegado a ser vendida uma série de vezes, foram sempre estas mulheres empreendedoras e engenhosas que evitaram que a propriedade saísse das mãos da família.
A primeira e mais notável «noiva» foi Elspeth Summer, que convenceu o marido a construir-lhe o anexo chamado Casa Summer numa ilha mesmo ao largo da costa da casa principal. Elspeth era uma eremita convicta e recusava-se a acompanhar o marido nas suas viagens ao estrangeiro. Ele trouxe-lhe uma coleção de plantas incomuns de todas as partes do mundo e ela foi muito bem-sucedida a instalar um jardim quase tropical no local. A sua paixão pelo vinho branco francês era bem conhecida e tentou começar uma vinha na ilha para plantar as uvas e produzir o seu próprio vinho. O projeto falhou devido às condições adversas, mas a ilha foi renomeada como Ilha Minerva pela família em honra de uma casta rara de uva de França (minervae). Ainda conhecida por esse nome, é privada, mas aberta a visitas de grupo durante os meses de verão.
A nora de Elspeth, Sarah Summer, de forma invulgar para a época, acompanhava o marido em muitas das suas viagens e desenvolveu um grande interesse pela arquitetura. Inspirada pelas suas grandes viagens, de forma controversa supervisionou a transformação da capela anglicana de St. John em Minton, nas redondezas, numa réplica quase exata de uma igreja minúscula italiana que tinha visitado na Toscânia.
Muito mais tarde, no início do século XX, a Casa Barnsley foi