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A Educação Física e o Esporte no Contexto Escolar
A Educação Física e o Esporte no Contexto Escolar
A Educação Física e o Esporte no Contexto Escolar
E-book227 páginas2 horas

A Educação Física e o Esporte no Contexto Escolar

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Sobre este e-book

Na obra discute-se questões presentes nas relações entre a Educação Física e o esporte no contexto escolar, considerando os aspectos educacionais, focando o esporte enquanto fenômeno social e multicultural, bem como sua repercussão na sociedade e na escola.
Aborda-se sobre a crise da Educação Física identificando-a com um contexto maior; discute-se sobre as possibilidades de educação, evidenciando a escola como principal instituição formal. Destaca-se o esporte como elemento de educação em algumas instituições não formais, apontando-se as limitações para seu desenvolvimento. Buscam-se subsídios para discutir e relacionar Educação Física e esporte, apontam-se fatos históricos que indicam diferenças na sua escolarização. Destaca-se o esporte como conteúdo predominante da Educação Física escolar, evidenciando-se as formas "pedagógicas" opostas efetivadas pelo professor.
Apontam-se os pressupostos, avanços e retrocessos, da legislação e dos documentos oficiais que permeiam a Educação Física escolar. Destacam-se aspectos da legislação esportiva sobre o esporte no contexto escolar; evidenciam-se aspectos dos documentos oficiais, em nível nacional e no estado do Paraná, sobre a Educação Física escolar.
Aborda-se o esporte como fenômeno social e multicultural, a partir do âmbito escolar, considerando suas manifestações, relacionando-as com a Educação Física escolar. Evidenciam-se questões, controvérsias e possibilidades que delineiam as interfaces do esporte na escola. Aborda-se sobre as concepções e possibilidades para o desenvolvimento da Educação Física escolar, a partir das relações entre esporte e mídia. Considera-se o cotidiano, questões e possibilidades da Educação Física escolar, a partir da necessidade do repensar do corpo e da democratização no ensino do esporte na escola. Evidencia-se a escola pública como o espaço democrático para a prática e a vivência do esporte nas aulas de Educação Física e treinamentos esportivos. Destaca-se a necessidade de uma abordagem pedagógica do esporte que inclua todos os alunos. Evidencia-se a necessidade de desenvolver o esporte na escola de forma ampla, significativa, democrática e prazerosa, considerando suas finalidades educativas e possibilidades de contribuir para a formação integral dos escolares.
A obra destina-se, principalmente, aos profissionais e acadêmicos de Educação Física, e aos educadores, que visam ampliar o entendimento sobre a Educação Física e o esporte no contexto escolar e de formação de professores.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de mai. de 2021
ISBN9786525000558
A Educação Física e o Esporte no Contexto Escolar

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    A Educação Física e o Esporte no Contexto Escolar - Silvia Christina de Oliveira Madrid

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA

    Dedico esta obra aos professores e às professoras deste país, que, apesar de dificuldades, obstáculos e descaso do poder público, ainda acreditam no poder transformador da educação para uma sociedade mais humana, justa e igualitária.

    APRESENTAÇÃO

    Esta obra resulta da vivência da autora como professora de Educação Física e técnica desportiva na escola, bem como de estudos realizados sobre questões presentes nas relações entre a Educação Física escolar e o esporte enquanto elemento de educação.

    Reconhece-se a importância da Educação Física para o desenvolvimento integral do indivíduo no período escolar, e o esporte como importante elemento educacional. Destaca-se que o esporte é priorizado enquanto conteúdo nas aulas de Educação Física, porém nem todos os alunos têm acesso à sua aprendizagem.

    O texto possibilita visualizar a escola enquanto o espaço que pode democratizar o ensino do esporte, pois um grande número de crianças e jovens a frequentam, embora muitos ainda estejam fora desse espaço formal de educação.

    O esporte é desenvolvido em algumas instituições não formais, como no clube socioesportivo e nos programas e projetos esportivos públicos, que o utilizam como elemento educativo, embora com objetivos diferenciados. O desenvolvimento do esporte nessas instituições é um tanto limitado, quer seja pela elitização que se dá de diferentes formas (clube socioesportivo), quer seja pelo excesso de informalidade com que é objetivado e ensinado (programas e projetos esportivos públicos), não atendendo muitas vezes às expectativas de grande parte dos participantes.

    Acredita-se que há possibilidade de alguns elementos característicos do jogo serem utilizados para o ensino do esporte na escola, assim sua prática seria democratizada, significativa e prazerosa. Desse modo, as oportunidades da aprendizagem dos alunos seriam maiores nas aulas de Educação Física, nessa direção indica-se os pressupostos do jogo para o desenvolvimento do esporte numa perspectiva lúdica.

    Diante disso, destaca-se a necessidade de o professor de Educação Física redimensionar o ensino do esporte na escola, revendo a metodologia utilizada, de maneira que todos os alunos tenham acesso à sua aprendizagem.

    Evidencia-se a importância da Educação Física para a formação do indivíduo, no período escolar, bem como o valor educativo do esporte, e destaca-se que a maioria dos escolares deve ter acesso à sua aprendizagem.

    Revela-se que, num primeiro momento, há um grande interesse por parte dos alunos em participar das aulas de Educação Física. Com o decorrer do processo de ensino e aprendizagem, os alunos afastam-se das aulas, principalmente a partir últimos anos do ensino fundamental.

    No cotidiano escolar, percebe-se que as aulas acabam sendo privilégio de uma minoria de alunos, quando deveria ser um direito da clientela majoritária que frequenta a escola. Num primeiro momento, a maioria dos alunos participa das aulas de Educação Física e posteriormente os praticantes são uma minoria. Por quê? Os procedimentos e estratégias utilizadas pelo professor têm colaborado para que os alunos possam adquirir e ampliar os conhecimentos sobre o esporte? Será que as aulas têm sido motivantes para a maioria dos alunos? Não deveria a escola ser o principal local para a aprendizagem do esporte?

    Para se discutir tais questões, nesta obra organizou-se o seguinte plano de abordagem:

    No Capítulo 1, destaca-se parte das contribuições acadêmicas, do século XX, sobre a educação, a Educação Física e o esporte. Abordam-se alguns aspectos da crise da Educação Física, a qual gerou a instalação de polêmica pela classe acadêmica e científica a partir de 1980. Evidencia-se que tal crise não foi específica da Educação Física, mas sim da escola, dos diferentes sistemas e da sociedade. Apresenta-se a escola enquanto importante instituição social, onde se dá a educação das pessoas e aparecem as contradições. Acredita-se que é possível por meio desse espaço intervir na sociedade buscando sua melhoria e possível transformação. Consideram-se algumas instituições não formais, especificamente o clube socioesportivo e os programas e projetos esportivos públicos, como veiculadoras da prática do esporte com enfoques educativos. Analisam-se aspectos referentes à limitação da prática do esporte nessas instituições. Evidencia-se a escola como principal local para sua democratização. Apontam-se alguns subsídios para a discussão da relação Educação Física e esporte, e ainda como se deu a escolarização da Educação Física, do esporte, e a esportivização da Educação Física.

    No Capítulo 2, apontam-se os pressupostos, avanços e retrocessos da legislação e dos documentos oficiais que permeiam a Educação Física escolar. Primeiramente destacam-se aspectos da legislação esportiva sobre o esporte no contexto escolar, na sequência evidencia-se o conteúdo dos documentos oficiais, em nível nacional e no estado do Paraná, sobre a Educação Física escolar, e o que a legislação e os documentos oficiais apresentam como subsídios para fundamentar a proposta curricular para as escolas no que se refere à Educação Física.

    No Capítulo 3, aborda-se o esporte no âmbito escolar, consideram-se suas manifestações enquanto fenômeno social e multicultural, relacionando-as com a Educação Física escolar. Na sequência, evidenciam-se questões, controvérsias e possibilidades que delineiam as interfaces do esporte na escola. Finalizando o capítulo, a partir das relações entre esporte e mídia, aborda-se sobre as concepções e possibilidades para o desenvolvimento da Educação Física escolar.

    No Capítulo 4, relata-se o contexto da Educação Física escolar, considerando o cotidiano, observado e vivenciado por meio da experiência profissional na educação básica e no ensino superior, campos de atuação da autora. Aponta-se para a necessidade de reflexão, análise e transformação da prática pedagógica da Educação Física na escola, perspectivam-se também algumas possibilidades de mudanças para o ensino do esporte enquanto conteúdo da Educação Física escolar, visando à democratização dos seus conhecimentos e vivências.

    Agradeço aos professores, professoras, alunos e alunas que participaram e partilharam da minha trajetória profissional, no âmbito da educação básica e do ensino superior. Aprendi muito com vocês!

    Agradeço aos integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar e Formação de Professores – Gepefe (UEPG/CNPq) –, os quais têm contribuído com conhecimentos e experiências docentes para as atividades acadêmicas desenvolvidas no grupo. Nosso aprendizado tem sido coletivo e profícuo.

    Muito obrigada!

    A autora

    Sumário

    1

    SÉCULO XX: CONTRIBUIÇÕES ACADÊMICAS SOBRE A EDUCAÇÃO, A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE 13

    1.1. DA CRISE GERAL PARA ALGUMAS CRISES PARTICULARES 13

    1.2. A ESCOLA ENQUANTO INSTITUIÇÃO FORMAL DE EDUCAÇÃO 26

    1.3. O DESENVOLVIMENTO DO ESPORTE EM INSTITUIÇÕES

    NÃO FORMAIS 30

    1.4. ALGUNS SUBSÍDIOS PARA A DISCUSSÃO DA RELAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE 38

    1.5. A ESCOLARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 56

    1.6. A ESCOLARIZAÇÃO DO ESPORTE 66

    1.7. A ESPORTIVIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 71

    2

    EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, A LEGISLAÇÃO E OS DOCUMENTOS OFICIAIS 79

    2.1. PRESSUPOSTOS, AVANÇOS E RETROCESSOS 79

    2.2. ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO ESPORTIVA SOBRE O ESPORTE

    NO CONTEXTO ESCOLAR 94

    2.3. O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS OFICIAIS? 104

    2.3.1. Em nível nacional 104

    2.3.2. No estado do Paraná 111

    3

    O ESPORTE EM FOCO NA ESCOLA 117

    3.1. MANIFESTAÇÕES DO ESPORTE E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 117

    3.2. AS INTERFACES DO ESPORTE NA ESCOLA: QUESTÕES, CONTROVÉRSIAS E POSSIBILIDADES 124

    3.3. ESPORTE E MÍDIA: CONCEPÇÕES E POSSIBILIDADES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 134

    4

    EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: COTIDIANO, QUESTÕES

    E POSSIBILIDADES 147

    4.1. AS AULAS NAS ESCOLAS (PÚBLICAS) 147

    4.2. O REPENSAR DO CORPO NA EDUCACÃO FÍSICA ESCOLAR 152

    4.3. A DEMOCRATIZAÇÃO NO ENSINO DO ESPORTE NA

    ESCOLA PÚBLICA 154

    CONSIDERAÇÕES FINAIS 165

    REFERÊNCIAS 171

    1

    SÉCULO XX: CONTRIBUIÇÕES ACADÊMICAS SOBRE A EDUCAÇÃO, A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE

    ¹

    1.1. DA CRISE GERAL PARA ALGUMAS CRISES PARTICULARES

    A sociedade é formada por diferentes sistemas, entre os quais, o educacional, o econômico e o social, e como um todo sofre constantes transformações, de modo que ocorrem melhorias, mas também problemas. Tais sistemas estão inter-relacionados e dependem uns dos outros, tendo cada qual sua complexidade específica, assim como suas necessidades e problemas.

    O sistema educacional, na sua complexidade, depende do sistema econômico e social que o geram e o determinam. Os problemas de cada um refletem nos demais, como uma engrenagem, em que as partes têm que funcionar para que o todo funcione. A educação não pode ser analisada abstratamente, mas sim condicionada e condicionante de uma sociedade determinada (CUNHA, 1985, p. 15).

    A Educação dos indivíduos de uma sociedade interfere no seu desenvolvimento, sendo que, nos indicadores de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), é amplamente reconhecido que existe uma ligação estreita entre educação, progresso econômico e social.

    É falsa a afirmação de que nada é possível fazer na educação enquanto não houver uma transformação da sociedade, porque a educação é dependente da sociedade. A educação não é, certamente, a alavanca da transformação social. Porém, se ela não pode fazer sozinha a transformação, essa transformação não se consolidará sem ela (GADOTTI, 1984, p. 63 apud OLIVEIRA; BETTI; OLIVEIRA, 1988, p. 4).

    A Educação, enquanto fenômeno social, tem evidenciado duas funções opostas: de um lado a conservadora, de outro a renovadora. A função conservadora da Educação torna-se evidente, consistindo num processo de transmissão das tradições ou da cultura de um grupo, de uma geração à outra. Por outro lado, a função renovadora da Educação visa à promoção do ser humano e, portanto, são suas necessidades que determinam os objetivos educacionais, as quais devem ser consideradas de forma concreta, pois a ação educativa é sempre desenvolvida num contexto existencial (AZEVEDO, 1964; SAVIANI, 1982 apud OLIVEIRA; BETTI; OLIVEIRA, 1988, p. 2-3).

    Assim sendo, de acordo com a função renovadora da Educação, as necessidades e a realidade de cada comunidade deveriam ser levadas em consideração, na elaboração e execução do planejamento educacional, para que a Educação realmente tivesse significância e cumprisse sua função, a qual está relacionada com a modificação e o enriquecimento da realidade do indivíduo, suprindo necessidades diferenciadas e específicas.

    A ação educativa se dá nas relações entre as pessoas, nas mais diferentes formas, nos mais diferentes lugares, acontecendo de forma constante na sociedade. Não se pode deixar de lado o fato de que não existe um modelo único de Educação, a escola não é o único lugar onde se educa e o professor não é o único educador. Independentemente de quem e onde se educa, é possível dizer que a Educação é uma ação eminentemente humana e social.

    Considerando a Educação num sentido amplo, uma multiplicidade de instâncias sociais legítimas envolve o sistema educacional, interfere na sua efetivação, sendo responsável pela transformação da sociedade, entre elas: a família, a religião, a empresa, o clube, os partidos políticos e os meios de comunicação.

    Segundo Dias (1984, p. 80 apud OLIVEIRA; BETTI; OLIVEIRA, 1988, p. 5), o sistema escolar [...] cuida de um aspecto especial da educação a que se poderia chamar escolarização. À escola compete maior parte da orientação para o saber sistematizado, cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade (historicamente), e apresenta-se constituída por classes com interesses divergentes.

    A prática escolar apresenta condicionantes sociopolíticos que caracterizam e revelam diferentes concepções de homem e de sociedade. Portanto, em cada formação social e em cada época, a prática educacional apresenta características próprias e cumpre funções específicas.

    Para Freitag [...], todos os autores que tratam da educação num contexto social concordam que a educação sempre expressa uma doutrina pedagógica, a qual, implícita ou explicitamente, se baseia em uma filosofia de vida, concepção de homem e sociedade (OLIVEIRA; BETTI; OLIVEIRA, 1988, p. 31).

    Uma boa escolarização pode contribuir para que o educando adquira uma visão de mundo menos mística e folclórica, tornando-se assim um ponto de partida para um conhecimento crítico da sociedade. O profissional da Educação desempenha um papel importante nessa questão e sua competência (formação, consciência política, comprometimento com a maioria dos educandos) está diretamente relacionada com a garantia de uma boa escolarização.

    Seria muita pretensão afirmar que é competência apenas da escola e da Educação a transformação da sociedade, pois é ao conjunto da sociedade que se confere esse poder, porém o que se pode e deve-se fazer, enquanto educador compromissado, é sintonizar a escola com o movimento social mais amplo de transformação da sociedade. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da sociedade (LIBÂNEO, 1990, p. 39)

    A escola sofreu nas últimas décadas do século XX e tem sofrido inúmeras críticas, tanto por parte da sociedade quanto por parte dos educadores. Por meio de dados comprovados é evidenciado que não tem correspondido às necessidades da sociedade. Aquilo que é transmitido e considerado como essencial, muitas vezes, está distante do que a comunidade escolar espera e precisa, certamente por não se considerar [...] que o processo educacional se dá numa situação concreta, dirige-se a indivíduos particulares, num determinado contexto histórico (OLIVEIRA; BETTI; OLIVEIRA, 1988, p. 31).

    O enorme índice de evasão escolar, a repetência em massa, a péssima qualidade

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