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Cão Guia: Anjo De Patas
Cão Guia: Anjo De Patas
Cão Guia: Anjo De Patas
E-book154 páginas1 hora

Cão Guia: Anjo De Patas

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Sobre este e-book

Este livro fala sobre o Basher, meu cão guia, que, de forma bem humorada e divertida, colabora comigo na redação desta obra e conta sobre sua “vida de cão” guia. Somos um. Sinto como se ele fizesse parte de mim. E minha outra parte, que sou eu mesma, diz como cheguei até ele. A perda da visão, o aprendizado que ela trouxe, o trabalho pela inclusão social de pessoas com deficiência. Falo sobre a cegueira, o medo do escuro e a força que me ajuda a conquistar o impossível: a liberdade. Conto sobre a importância da vaidade, mesmo sem enxergar o espelho e a lição de amor incondicional que esse anjo de patas me ensinou, além de histórias engraçadas do cotidiano. Feche os olhos e imagine não se ver. Será que o externo não perderia a importância para você? Vamos descobrir juntos?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de nov. de 2016
Cão Guia: Anjo De Patas

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    Pré-visualização do livro

    Cão Guia - Daniela Kovács

    CÃO GUIA: ANJO DE PATAS

    Descrição da capa: a capa, com fundo preto, é ilustrada pela fotografia colorida em primeiro plano e de lado, de Daniela Kovács, sorridente, abraçada a seu cão guia Basher. Daniela é uma jovem de pele clara, rosto redondo, cabelos castanhos claros longos, com mechas mais claras nas pontas, penteados de lado, olhos verdes ligeiramente amendoados delineados com sombra e máscara para cílios, boca bem desenhada destacada por batom vermelho. Ela usa blusa preta com mangas compridas de renda e pulseira multicolorida. Basher é um cão labrador, com pelo curto bege amarelado e porte grande, orelhas triangulares e focinho alongado, nariz rosado. Ele olha para frente com a boca entreaberta. O título do livro: CÃO GUIA: ANJO DE PATAS, escrito em branco, encontra-se abaixo da foto, com a palavra cão guia sobre faixa vermelha. O nome da autora, escrito com letras brancas, está no canto superior direito.

    DANIELA KOVÁCS

    CÃO GUIA: ANJO DE PATAS

    1ª edição

    São Paulo

    Daniela Ferrari Kovács

    2016

    Copyright 2016 por Daniela Ferrari Kovács

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito da autora.

    CAPA E FOTOGRAFIA

    Carlos Augusto Asanuma

    AUDIODESCRIÇÃO

    Lívia Motta , Ver com Palavras

    REVISÃO

    Clarissa Sanches Croisfelt, Maria Helena da Silva e Wagner Gilberto Ortelan

    DIAGRAMAÇÃO

    Wagner Gilberto Ortelan

    2

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Deficientes visuais : Memórias autobiográficas

    920.75

    Dedicatória

    Queria ter escrito sobre você.

    O que eu mais queria era ter dito que lhe amava.

    Por que nos tornamos tão distantes?

    Quis fugir da sua dor.

    E num dia triste, de chuva, você foi embora.

    Ainda me assusto com o toque do telefone pela manhã.

    Tanto ficou por dizer, também o exemplo, a integridade, o esforço, o dicionário, jogar bola...

    Dor pelo que não fomos, pela impossibilidade, que se pensava intransponível, só com a morte experimentada.

    Às vezes, num sonho, mesmo que de olhos abertos, um sorriso, como que para avisar que nada há para temer.

    Pai.

    Agradecimento

    Agradeço a Deus a oportunidade de poder compartilhar experiências que me trouxeram muito sofrimento, mas também muita sabedoria e, com um sorriso no rosto e lágrimas nos olhos, inspirada no amor mais puro que fui capaz de sentir, o amor traduzido no olhar mais meigo que já se viu: o de Jesus. Peço que, neste relato, consiga deixar de lado meu orgulho, minha vaidade, e que, com firme propósito de ajudar, possa revelar o mais íntimo da minha alma, para que outras pessoas não sofram tanto quanto eu.

    Agradeço ao Dr. Chan, pela orientação para que eu concluísse esta obra e à Obreiros de Amor e Misericórdia, pela oportunidade redentora do trabalho santificante de amor ao próximo, amor que cura e transforma a Terra num lugar melhor.

    Sumário

    Prefácio

    1. Como vi um beijinho que ela deu no namorado?

    2. Quando acordei, não via

    3. O sonho de todos os pais

    4. Vamos à confissão

    5. Noite sem estrelas

    6. Ninguém sabia: eu não enxergava

    7. Estudar sem enxergar a lousa

    8. Entre iguais: o nascimento do amor

    9. Posso chamá-la de amiga bengala ou Gianecchini, por que não?

    10. Incerteza do escuro

    11. Outra confissão

    12. Apenas um segundo

    13. Aprendendo a lidar com as diferenças

    14. Tecnologia assistiva: recursos que facilitam a nossa vida!

    15. Ler e escrever: tudo sem ver

    16. Consigo o inimaginável: a liberdade

    17. Imagine não se ver: será que o externo não perderia a importância para você?

    18. O trabalho é possível

    19. Garantindo informação

    20. Quem é deficiente de verdade...

    21. A cegueira

    22. E daí?

    23. Todos anjos

    24. No Brasil

    25. Um sonho

    26. Basher, anjo, vem e me liberta!

    27. Até o Basher chegar...

    28. Supercães

    29. Como num casamento arranjado

    30. Meu treinamento

    31. Um mundo novo!

    32. Aprendendo a agradecer

    33. Intromissão social, ops, inclusão social!

    34. Anjos da guarda

    35. Cuidado! Cão trabalhando!

    36. Uma história

    37. Marley e eu, ops, Basher e eu...

    38. Um brinquedinho parecido com meu cachorro

    39. Ele não é cachorro!

    40. Somos um

    41. Se meu cão guia falasse...

    42. Sabe, a Dani cuida de mim!

    43. Meu final de semana...

    44. Meu brinquedo novo

    45. Você sabe por que não posso me distrair?

    46. Ginástica é coisa de humano

    47. Vida de cão guia

    48. Um amigo segurança

    49. Meu papel de guia

    50. O nosso papel transformador!

    Prefácio

    Penso que a mais bela característica das pessoas é a aceitação da vida como ela se apresenta. A compreensão de que não é feio o que nos é adverso; não é ruim aquilo que é diferente; não é triste a falta de algo que nos parecia imprescindível.

    A condição humana traz em si a fragilidade dos seres da natureza, bem como a potência da capacidade de ter fé e a partir dela CRIAR. Nisto reside a doce divindade humana. Daniela é uma das pessoas mais meigas que conheço porque nunca deixa de sorrir mesmo quando fala de suas dores. Este livro é um sorriso, um sábio sorriso que nos ensina a lidar com a vida sem medo de ter coragem, com a coragem de assumir o medo e fazer dele uma força transformadora.

    A relação de Daniela com o Basher revela a comunhão entre os seres de Deus. A humanidade de um cão e o amor instintivo de uma moça por si mesma, pelo seu amigo canino e pela vida. Dani abriu seu coração para amar todos e tudo. Quão divino é esse amor? Quão humano também é?

    Ao falar do mundo registrado em sua memória visual, mesmo depois de ter perdido a visão dos olhos, Daniela traduz uma percepção poética que mantém da vida. Por outro lado, ao descrever o que sabe sobre as outras deficiências sensoriais, físicas, mentais ou intelectuais, demonstra enxergar mais do que qualquer um. Demonstra compreender solidariamente as qualidades e deficiências que engradecem a condição humana. É um livro agradável de ler, mas acima de tudo leve e profundo.

    Basher assume o protagonismo que merece nesse livro. Que divertido ouvi-lo falar. O que mais impressiona é a credibilidade de seu discurso, que só se viabiliza porque a Dani tem uma capacidade inacreditável de, humildemente, ouvir o coração de seu amigo e nos contar o que escuta. Esse Basher é um cara legal, sério e bem humorado. Profissional e menino. Bela comunhão. Dani e Basher. Basher e Dani.

    Isto é muito mais do que uma autobiografia. Temos aqui uma lição de humanidade canina e caninidade humana. Nós do Direito precisamos de leis e muitas palavras ao explicá-las. Defendemos os direitos humanos, a dignidade humana, o meio ambiente, preservando-os dos interesses egoístas de alguns que se esqueceram da importância daqueles valores. A Dani e o Basher são diferentes. Eles não precisam falar dos Direitos. Suas vidas se fundem e materializam, nessa fusão, de forma sensível e artística, direitos e ética, estética poética.

    Vocês adorarão este livro. Um beijo, Dani e uma coçadinha na orelha, Basher.

    Ricardo Tadeu Marques da Fonseca

    Curitiba, 29 de maio de 2015.

    1

    Como vi um beijinho que ela deu no namorado?

    Antes de qualquer assunto, queria contar a vocês como eu enxergo. Ah, sim, só para esclarecer, enxergo um pouquinho.

    Sempre vi pouco, desde a infância. É como se eu visse o mundo através do olho mágico de uma porta, ou de um canudinho, porque eu não tenho campo de visão, ou seja: não enxergo uma série de coisas de uma vez só, então olho através desse canudinho ou olho mágico, um pedacinho da imagem de cada vez.

    Bom, uma pessoa enxerga normalmente cento e cinquenta graus, graus de matemática, como aprendemos na escola. Há uns anos atrás eu enxergava vinte graus, depois a doença foi evoluindo e passei a ver dez graus e depois apenas cinco.

    Fora o reduzido campo de visão, o quanto eu consigo enxergar não é muito nítido. É como se a imagem fosse embaçada, sem contraste. Costumo dizer que é como se fosse uma televisão fora de foco, o que parece até meio antigo, já que hoje elas são todas modernas. Também confundo as cores e não tenho noção de profundidade, o que me faz não perceber degraus, nem ter certeza quanto a objetos em movimento. Ainda não enxergo à noite ou em ambientes escuros, é o que se chama de cegueira

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