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Ambientes Alagados
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E-book75 páginas58 minutos

Ambientes Alagados

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Sobre este e-book

Apesar das áreas úmidas cobrirem cerca de 20% do território brasileiro e da sua importância como ecossistema por apresentarem uma biodiversidade específica, pouco se conhece sobre os processos que envolvem os micronutrientes necessários às plantas desse ambiente. Esse livro apresenta os principais aspectos sobre a dinâmica dos micronutrientes no sistema sedimento-planta, as principais adaptações das plantas ao ambiente alagado, a composição química foliar de espécies nativas, incluindo as funções e estratégias para a nutrição mineral das plantas que habitam as áreas úmidas. Espera-se que esse livro possa contribuir com os profissionais das Ciências Agrárias e Ciências Biológicas no entendimento dos processos que envolvem a relação solo/sedimento-planta em áreas alagadas e, com isso, subsidiar o manejo desse ecossistema que se encontra em contínua degradação, no Brasil.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de set. de 2019
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    Ambientes Alagados - Carlos Bruno Reissmann, Maria Regina T. Boeger, Ana Paula L. M. Madi, Antonio C. V. Motta

    AMBIENTES ALAGADOS: micronutrientes e adaptações ecológicas das espécies arbóreas.

    Carlos Bruno Reissmann

    Maria Regina Torres Boeger

    Ana Paula Lang Martins Madi

    Antonio Carlos Vargas Motta

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO

    A fisiologia da produção vegetal tem intensificado as investigações no sentido de superar as limitações do estresse abiótico aos quais as plantas cultivadas estão sujeitas por ocasião do seu ciclo produtivo. Principalmente em função das demandas e ações antrópicas, as plantas cultivadas, ou não, estão expostas à poluição, saturação hídrica, seca, temperaturas extremas e salinidade. Todos esses aspectos representam desafios em diferentes partes do globo para instalação, cultivo, ou simples manutenção da cobertura vegetal pré-existente.

    Os estresses incidentes nos ecossistemas naturais têm sido superados a partir da plasticidade inerente aos organismos, permitindo sua adaptação nos ambientes afetados. De forma simples, ao longo da evolução terrestre e no âmbito dos fatores de formação do solo surgiram diferentes ecossistemas, entre os quais se situam as áreas de expressiva influência hídrica. Na língua inglesa, essas áreas úmidas são denominadas Wetlands. Embora o termo tenha reunido dificuldades em sua definição, engloba pântanos, charcos e planícies inundáveis, ocupando uma área global estimada entre 7 a 9 milhões de km² (MITSH & GOSSELINK, 2000). Neste ambiente, o alagamento e a consequente saturação do solo constituem elementos inerentes ao sistema, incidindo na heterogeneidade da vegetação de acordo com as variações na sua frequência, intensidade e duração (KOZERA et al., 2009).

    Muitas das espécies que ocorrem nos ambientes alagados, ou com efetiva saturação hídrica na zona radicial, apresentam adaptações ao meio e têm se revelado componentes importantes tanto para a produção, quanto para a conservação da natureza. De maneira bem simples é possível dizer que é um time que tem dado certo, desde que não sejam requeridas concessões absolutas para as atividades antrópicas. São inúmeros os benefícios das florestas fluviais, a flora melífera das várzeas, os recursos pesqueiros e a riqueza dos manguezais. Nesse sentido, uma resolução do IBAMA/SEMA/IAP de 2008, determina que as práticas empreendidas pelo setor produtivo devam ser ambientalmente sustentáveis (KOSERA et al., 2009). Portanto, nos casos da conversão de uma área úmida natural para um sistema de produção como os arrozais e florestamentos/reflorestamentos, um leque de interações ambientais deve ser considerado.

    Os benefícios proporcionados pelas espécies que habitam os ambientes alagados vão muito além da singular cobertura vegetal, ou hábitat para a diversidade da flora e fauna. Bastam alguns poucos exemplos para ilustrar essas considerações. As espécies tolerantes à saturação do solo são reconhecidas como recurso biotécnico para a estabilização das margens dos rios (SUTILI et al., 2004), a exemplo do sarandi-branco (Phyllanthus sellowianus Müll. Arg.) e do vime (Salix viminalis L.).

    As halófitas, atualmente, são reconhecidas como recursos estratégicos nos campos da engenharia de ecossistemas (FOGEL et al., 2004). Há, por exemplo, demandas pontuais como a fitorremediação de margens de rios contaminados com rejeitos contendo cádmio (Cd) e zinco (Zn), em que plantios de Salix sp se mostraram eficientes (MERTENS et al., 2006), ou em ambientes salinos com demandas para revegetação e remediação (FLOWERS et al., 2010). A suplementação mineral com cobalto (Co) enriquecido no folhedo (litter) de espécies de Nyssa, foi recomendada para a ovinocultura da Nova Zelândia. O folhedo coletado de três árvores e fornecido como forragem mostrou ser suficiente para suprir a deficiência do Co, para dez carneiros (ROBINSON et al., 1999).

    Adicionalmente, observou-se que a capacidade de bioacumulação do Co nas folhas de Nyssa aquatica e N. sinensis aumentava exponencialmente à medida que os teores no solo diminuíam, significando alta eficiência na absorção de formas insipientes do elemento. Dessa forma, essas espécies poderiam ser utilizadas para disponibilizar o teor de Co em solos empobrecidos, na medida em que a ciclagem deposita esse elemento na superfície.

    Os manguezais, somados às várzeas alagáveis, são outro exemplo de proteção de espécies, nichos de reprodução e ciclagem de nutrientes (BARBIER, et al., 1997). A incontestável importância ecológica destes ambientes (COOKE et al., 2013), funcionando como filtros, à semelhança de um rim na paisagem (MITSH & GOSSELINK, 2000), requer a devida ponderação no seu uso e manejo. No entanto, seus limites não são apenas restritos, mas cada vez mais reduzidos em área útil, além de constante exposição à agentes poluentes (BERNINI et al., 2006; 2010).

    Na exploração meramente extrativista das áreas

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