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Fazendo iniciação científica na escola
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E-book335 páginas3 horas

Fazendo iniciação científica na escola

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Sobre este e-book

A leitura do presente estudo, que é resultado de uma pesquisa rigorosa e de práticas em sala de aula, nos permite perceber o entrosamento profissional, tão necessário, entre os professores pesquisadores que o elaboraram, e a interdisciplinaridade, tão desejada, quanto aos assuntos abordados nas pesquisas desenvolvidas pelas/os jovens pesquisadores.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de nov. de 2022
ISBN9788546220960
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    Pré-visualização do livro

    Fazendo iniciação científica na escola - Victor Hugo Nedel Oliveira

    PREFÁCIO

    Questões sobre o fazer ciência na Educação Básica

    O presente livro trata do desenvolvimento da Iniciação Científica na escola e traz importantes contribuições para os/as profissionais envolvidos/as com a Educação. É resultado de uma pesquisa desenvolvida pelos professores pesquisadores com atuação na Educação Básica, Victor Hugo Nedel Oliveira e Daniel Giordani Vasques, que ensinam, respectivamente, Geografia e Educação Física no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Com esta publicação os autores manifestam o desejo de apresentar formas de fazer ciência e promover a reflexão sobre a Iniciação Científica em espaços escolares. A/O leitora/or encontrará nesta obra relatos de pesquisas que, certamente, muito contribuirão para a inserção da Iniciação Científica na escola.

    Ao longo dos anos em que tenho atuado como professor na Educação Básica, inclusive na EJA, pude me deparar com várias iniciativas voltadas ao desenvolvimento da pesquisa nos currículos do Ensino Fundamental e Médio. Muitas dessas práticas apresentavam pontos exitosos e outros nem tanto. Em alguns casos, quando surgiam dificuldades, a solução encontrada era mudar a forma como a Iniciação Científica estava sendo trabalhada. O problema, a meu ver, não estava na busca por mudanças, que visavam corrigir rumos, mas no fato de que não se avaliava e não se registrava aquilo que a equipe de professoras/es verificava como um empecilho para o desenvolvimento das aulas de iniciação científica. Além disso, quando se decidia mudar o método de ensino, também não era comum que as/os estudantes fossem ouvidas/os e que suas críticas e sugestões, que sempre existiam, fossem levadas em consideração na elaboração do novo modelo de ensino proposto.

    É aqui que se verifica uma das grandes contribuições do presente estudo. Ele rompe com a lógica de ensinar ciência sem refletir sobre as razões dos acertos e erros e sem contemplar os pontos de vista e interesses das/os estudantes. Isso pode ser verificado já no primeiro capítulo onde os autores descrevem e analisam uma avaliação diagnóstica que visou conhecer o pensamento dos/as estudantes sobre o que as/os mesmas/os entendiam por conhecimento científico. Estas informações orientaram os autores no planejamento dos passos seguintes. No segundo capítulo, são apresentados, na forma de artigos científicos, os resultados das pesquisas empreendidas pelas/os estudantes. Por fim, no terceiro, os autores avaliam suas práticas, apontam os limites e as impossibilidades para a implementação da Iniciação Científica na Educação Básica. Também reforçam o desejo de que o conhecimento científico seja reconhecido como um dos princípios basilares de uma sociedade democrática.

    A leitura do presente estudo, que é resultado de uma pesquisa rigorosa e de práticas em sala de aula, nos permite perceber o entrosamento profissional, tão necessário, entre os professores pesquisadores que o elaboraram, e a interdisciplinaridade, tão desejada, quanto aos assuntos abordados nas pesquisas desenvolvidas pelas/os jovens pesquisadores. Acreditamos ser de extrema relevância que a/o professora/or orientadora/or de Iniciação Científica seja também um/a pesquisador/a. Para isso é importante que os gestores de escolas púbicas e privadas desenvolvam políticas voltadas para a formação continuada de docentes em nível de mestrado e doutorado. A trajetória acadêmica dos autores deste livro reforça nossa crença. Certamente, a atuação como pesquisadores muito tem contribuído para o desempenho exitoso no desenvolvimento da Iniciação Científica na escola.

    Assim como o incentivo para a formação continuada e o desenvolvimento de pesquisas, destaca-se a necessidade de que as/os professoras/es orientadoras/es tenham, em suas cargas horárias, um tempo adequado para a preparação das aulas de IC e para a orientação das/os estudantes. Esse tempo é fundamental, por exemplo, para que as/os orientadoras/es possam refletir sobre suas práticas e divulgá-las através de eventos acadêmicos e da publicação de suas experiências pedagógicas na Iniciação Científica. A divulgação de boas práticas sobre o desenvolvimento do pensamento científico na escola fortalecerá esse campo de atuação.

    O/A professor/a pesquisador/a encontrará maior facilidade para desenvolver um ensino de Iniciação científica de qualidade quanto maior for a sua familiaridade com diferentes metodologias científicas e os passos necessários para se realizar uma pesquisa. Concordamos com os autores quando eles afirmam que o desenvolvimento da Iniciação Científica na escola concorrerá para

    a formação de cidadãos críticos e que estejam atentos às mudanças que ocorrem na sociedade, de modo a que tenham o entendimento de que a ciência constitui-se de importante instituição pra o avanço da sociedade como um todo.

    Outra marca presente na obra é o diálogo com a produção bibliográfica atual sobre a Iniciação Científica na Educação Básica. O levantamento bibliográfico realizado pelos autores nos mostra, além da excelência dos trabalhos já realizados sobre o ensino da ciência nas escolas, que ainda se fazem necessários investimentos, dos gestores das escolas públicas e privadas, na elaboração e divulgação de novas pesquisas sobre o tema aqui apresentado.

    Os pontos por nós destacados sobre o presente livro, que ora chega na sua escola e nas mãos do/a professor/a que acredita no potencial do ensino de ciência nas Educação Básica, nos fazem recomendar fortemente a leitura do mesmo.

    Prof. Dr. Vanderlei Machado

    Doutor em História do Brasil

    Professor Titular do Departamento de Humanidades da UFRGS

    APRESENTAÇÃO

    Prezada leitora, prezado leitor!

    Esse livro é uma produção que concretizou, na prática, fazeres pedagógicos sobre Iniciação Científica na escola básica. Apresentamos aqui a toda comunidade escolar e acadêmica e demais interessados, resposta a uma questão que recorrentemente somos indagados: o quê?. O que é a Iniciação Científica na escola? Eis, aqui, algumas possibilidades para explorar esse entendimento de que é possível fazer ciência e ensinar sobre o universo científico para estudantes do Ensino Fundamental e Médio.

    Vivemos em um momento bastante delicado de nossa história enquanto humanidade, em especial, ao atravessarmos a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, a pandemia da Covid-19. Esse acontecimento colocou em evidência a urgente necessidade de promovermos um debate sobre a ciência e seus métodos, de modo a que a população em geral possa conhecer o que se faz para dentro dos muros das universidades e centros de pesquisa. Os movimentos negacionistas, além de nos deixarem perplexos com seus discursos e ações, nos colocam frente a um desafio: construir uma sociedade que valorize a ciência, a pesquisa e os pesquisadores, de modo a garantir que os fantasmas dos períodos mais tristes de nossa história não ressurjam.

    Acreditamos, portanto, que uma forma importante de construção desse entendimento sobre ciência e seus processos deva começar, desde já, na formação escolar de todas e todos. É nesse sentido que organizamos, em 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19, o projeto de pesquisa Iniciação Científica na Escola Básica: concepções, formas e métodos, que vem sendo desenvolvido em nosso espaço de trabalho e pesquisa, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O principal objetivo da pesquisa é propor reflexões sobre as concepções, as formas e os múltiplos métodos de ensino utilizados na Iniciação Científica na educação básica. Com isso, já temos clareza de que não existe apenas um único caminho para se chegar ao que se deseja. É a partir dessa rede de possibilidades que desenvolvemos nossa investigação.

    Um dos objetivos específicos da investigação diz respeito ao planejamento e intervenção pedagógica, além da proposição de estratégias e métodos de ensino sobre Iniciação Científica. É nesse ponto que o presente livro começa-se a materializar-se. Entre os anos de 2020 e 2021, fomos orientadores de Iniciação Científica Júnior de 13 bolsistas, todas e todos os estudantes do ensino regular, no Colégio de Aplicação da UFRGS. É de destacar e parabenizar tanto o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), quanto a Pró-Reitoria de Pesquisa da UFRGS por oportunizarem essa possibilidade de inserção de jovens estudantes da escola básica no mundo da pesquisa, através da Iniciação Científica Júnior.

    Como se pode ver pelos anos, todo o trabalho aqui apresentado foi desenvolvido durante a pandemia. Em outras palavras, toda a produção acadêmica escrita, orientações, reuniões e demais afazeres foram realizados de modo virtual, o que acrescentou maiores desafios tanto aos orientadores quanto aos bolsistas de IC Júnior. Em resumo, a estratégia de trabalho foi desenvolvida da seguinte forma: ocorreram reuniões de estudo e orientação quinzenais com todo o grupo; além do envio de textos semanais, elaborados pelos orientadores, com explicações e perguntas sobre as etapas da investigação que foi desenvolvida com cada bolsista. O conjunto de textos apresentados como exemplo e possibilidade de atuação pedagógica sobre Iniciação Científica na escola básica é um dos importantes resultados desse processo.

    No capítulo Quem são os estudantes bolsistas de iniciação científica júnior e o que pensam sobre ciência?, apresentamos um estudo que realizamos como estratégia de sondagem, para conhecer quem eram os 13 bolsistas de Iniciação Científica Júnior e o que pensavam sobre ciência, quando iniciaram o período de trabalho junto aos orientadores. Nesse capítulo, encontramos o perfil desse grupo de estudantes e suas principais percepções sobre ciência, pesquisa e iniciação científica. Entendemos ser importante trazer tais análises e informações para o presente livro, para que as leitoras e leitores pudessem conhecer os sujeitos que produziram investigações científicas já na escola básica.

    O capítulo Iniciação Científica na escola na prática, por sua vez, apresenta, a partir de 13 textos em formato de artigos científicos, o resultado das produções de cada uma e cada um desses bolsistas por nós orientados. Aqui, é importante destacar que os orientadores, quando da produção da presente obra, optaram por realizar poucas e pequenas intervenções nos textos elaborados pelos estudantes, de modo a que se pudesse perceber o estilo de escrita de cada um, bem como as potencialidades e desafios que estudantes da educação básica encontram na produção de texto em formato acadêmico. Essa foi uma das produções desenvolvidas no período de 12 meses que estiveram conosco. Além disso, todos apresentaram seus trabalhos no XVI Salão UFRGS Jovem, evento científico de apresentação de trabalhos de pesquisa desenvolvidos por estudantes da escola básica. Nesse espaço, manifestamos nossa profunda gratidão para com Carolina, Eduarda Silva, Eduarda Soares, Jorge, Julianne, Laura Crasnievicz, Laura Fraga, Layla, Maria Eduarda, Marthin, Melissa e Victória, com quem, mais do que ensinar, muito pudemos aprender.

    Por fim, o capítulo Considerações para seguir fazendo IC na escola, a título de conclusão da obra, retoma o trabalho feito e promove reflexão sobre futuras pistas e possibilidades para atuação pedagógica sobre a Iniciação Científica em espaços escolares. É um convite aos leitores para continuar seguir pensando e fazendo conosco. É um pedido de atuação em conjunto em prol da ciência, desde a educação básica. É um clamor pela construção de uma sociedade mais justa e que reconheça a ciência.

    Não podemos deixar de agradecer imensamente à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), pela concessão de financiamento de pesquisa através do Edital ARD 10/2020, que possibilitou a construção do presente livro. A Fapergs é uma das instituições que enchem de orgulho as gaúchas e gaúchos, além de demonstrar, por meio de ações, diversos exemplos práticos de fomento à pesquisa, nas múltiplas áreas do saber. Por isso, agradecemos na pessoa do Prof. Dr. Odir Dellagostin, Diretor-presidente da Fapergs, e ao Prof. Dr. Luís Lamb, Secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul, pelos empenhos incansáveis em promover a pesquisa do RS e por terem aceitado participar da produção dessa obra, nos brindando com o prefácio e o posfácio, respectivamente.

    Que essa obra impulsione a que mais professores da educação básica produzam pesquisas com seus estudantes e que, para isso, encontrem espaços adequados tanto em termos de infraestrutura e currículo, quanto em condições de trabalho. Nosso desejo de boa leitura vai além da leitura em si. Vai ao sentido de convidar as e os professores a embarcarem conosco nessa trajetória de busca de um porvir, de uma sociedade mais esclarecida e sem medo de ser feliz.

    Boa leitura!

    Contem conosco!

    Com admiração,

    Victor Hugo Nedel Oliveira

    Daniel Giordani Vasques

    Os autores.

    QUEM SÃO OS ESTUDANTES BOLSISTAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA JÚNIOR E O QUE PENSAM SOBRE CIÊNCIA?¹

    1. Introdução

    A ciência e seu debate contemporâneo vieram ganhando força nos últimos meses, principalmente com a chegada da pandemia da Covid-19, que escancarou uma importante tensão: o negacionismo científico. Para que se possa aprofundar o debate sobre a ciência e os múltiplos elementos que dela provém e para ela convergem, se faz necessário debruçar os olhares para os estudos sociais da ciência (Latour, 2000), que colaboram na tentativa de entender os fazeres, os processos e as associações envolvidas no cotidiano da pesquisa. A partir desse entendimento, verifica-se que os fazeres da ciência não se encontram separados dos seus interesses e de suas motivações, o que permite assumir que não existe uma ciência pura, isenta ou ingênua, mas sim uma ação híbrida entre ciência e política, a partir das decisões que se tomam, ou não, em relação ao fazer científico.

    A escola, nesse sentido, pode ser considerada como um dos espaços privilegiados de popularização da ciência, na medida em que os conhecimentos construídos com os estudantes a partir dos diversos componentes curriculares têm sua origem, em algum grau, nos processos científicos das múltiplas áreas do saber (Demo, 1995). A noção de que os conhecimentos trabalhados com os estudantes são conhecimentos científicos ou acadêmicos não inviabiliza o papel da escola enquanto espaço produtor de conhecimento, inclusive, e, por isso, reconhecem-se as estratégias de ensino da ciência da escola básica, a partir de atividades vinculadas à iniciação científica, seja como componente curricular ou como projeto pedagógico complementar. O trabalho com o método científico no seio da escola, nessa leitura, possibilita a formação de cidadãos críticos e que estejam atentos às mudanças que ocorrem na sociedade, de modo a que tenham o entendimento de que a ciência constitui-se de importante instituição pra o avanço da sociedade como um todo.

    Para que fosse possível desbravar os diferentes cenários da iniciação científica no âmbito escolar, propor ações pedagógicas que fomentem e incentivem as práticas educativas sobre e com a temática e, ao mesmo tempo, reconhecer as investigações que vêm tratando do tema no país, optou-se pela criação de um projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido, institucionalmente, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), espaço privilegiado para a pesquisa e a prática do assunto na escola básica. Na instituição em tela, os estudantes possuem contato com a iniciação científica desde o primeiro ano do Ensino Fundamental, passando pelos anos finais dessa etapa de ensino e pelo ensino médio – com a possibilidade de bolsas de IC Júnior, e também na Educação de Jovens e Adultos (EJA), com disciplina relativa à iniciação científica. No ano de 2020, o referido projeto de pesquisa conta com significativo número de bolsistas de IC Júnior, que desenvolvem investigações sobre temas relacionados à ciência, educação e sociedade.

    O principal objetivo do presente texto foi analisar as percepções e as representações sobre ciência e sobre iniciação científica na escola de bolsistas de iniciação científica júnior, estudantes do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da UFRGS, vinculados ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior Pibic, com financiamento da Pró-Reitoria de Pesquisa da UFRGS. A partir do ano de 2003, quando ocorreu a criação do programa Pibic Júnior (Massi; Queiroz, 2015), a iniciação científica vem sendo reunida, a partir de elementos e escopos diversos, à educação básica. Nesse entendimento, o trabalho diz respeito ao conhecimento inicial que os orientadores da investigação na qual estão inseridos os bolsistas necessitam para reconhecer os elementos já construídos nos sujeitos sobre ciência e seus processos. Mais do que uma sondagem, tratou-se de instrumento de reconhecimento, de pensar sobre si, seus interesses e suas motivações. Os resultados da investigação associam-se, portanto, às aproximações e possibilidades daqueles que a constroem, tornando a pesquisa ao mesmo tempo uma ação de reflexão e uma forma de descoberta do novo.

    Diversos autores têm debruçado seus esforços em ampliar a compreensão dos processos de iniciação científica na educação básica e, a partir de suas investigações, vêm constatando as potencialidades e os desafios enfrentados na busca por uma educação científica de qualidade (Krüger et al., 2013; Bocasanta, Knijnik, 2016), da mesma forma que outros detém seus empenhos em pensar o desenvolvimento da criticidade e da autonomia dos estudantes da educação básica a partir de aproximações com a ciência (Gewehr et al., 2016, Silveira; Cassiani, 2016). É oportuno, por sua vez, retomar o apontado por Mazzei (2013, p. 47) quando intenciona afirmar que a ciência e o conhecimento científico são pontos de vista em relação à abundância de opções que a natureza nos oferece e, nesse sentido, encontra-se a iniciação científica presente no âmbito da escola, como aquela que traz contribuições relevantes para a formação dos estudantes de nível médio (Damielli, 2018, p. 230).

    Existem importantes desafios para a efetivação das práticas de ensino de iniciação científica na educação básica, e, dentre esses, se coloca a necessidade de que os docentes orientadores dessas investigações estejam em sintonia com o campo da pesquisa, uma vez que, segundo Lima (2017, p. 247), o professor para planejar práticas pedagógicas inovadoras nesse macrocampo, precisa pensar cientificamente, ser crítico e criativo, bem como dispor de domínio de conhecimentos sobre a educação científica. Ainda, decorrente de múltiplos motivos, em especial as defasagens de proventos e a consequente necessidade de que os professores da educação básica da escola pública tenham que ampliar sua jornada semanal em até três turnos, a inserção no campo da pesquisa torna-se, em tantos casos, um plano cada dia mais afastado. Nesse sentido, Oliveira (2017), aponta que

    orientar iniciação científica para estudantes do Ensino Médio requer formação pedagógica e epistemológica no que se refere às relações entre os sujeitos, às orientações como processo e às interferências da ciência no processo civilizatório" (p. 271)

    E, para isso, a luta por condições dignas de trabalho também necessita ser alavancada a partir dessa leitura. Oliveira (2015, p. 254), por sua vez, ao tratar de investigação que estuda as bolsas de iniciação científica Pibic-EM – voltadas para os estudantes do ensino médio – coloca que os jovens bolsistas e suas famílias percebem o Pibic-EM como uma porta de entrada no campo acadêmico, possibilitando o ingresso e a permanência na universidade e o acesso ao saber mais qualificado, ou seja, é possível pensar que para além das práticas e das vivências com iniciação científica no Ensino Médio, a possibilidade de que esses estudantes sejam bolsistas, potencializa ainda mais as condicionantes de acesso e permanência no ensino superior, por exemplo. Uma das possibilidades de inserção dos estudantes bolsistas de iniciação científica júnior no campo e no mundo da universidade trata-se da participação desses sujeitos em eventos científicos, como os salões de iniciação científica destinados para as escolas. Nesse sentido, Oliveira (2013), nos apresenta a reflexão sobre como a participação desses estudantes motiva-os a seguir na busca pelo conhecimento: ao dizerem da participação em eventos acadêmicos nas mostras científicas, por exemplo, os estudantes demonstram se sentir competentes para aplicar socialmente os conhecimentos adquiridos sob novas formas (p. 208). É inegável que, a partir desses processos de inserção, mesmo que inicial, no campo da pesquisa,

    esses estudantes foram motivados pela curiosidade e possibilidade de ingressarem em um mundo onde a investigação oportuniza vivências, movimentando e

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